Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Origem e diversificação dos Chordata Prof. Dimila Mothé Disciplina de Paleontologia Aula 09 – 2012/01 Este grupo possui uma série de características derivadas, comuns a todos os seus membros em pelo menos um dos estágios da vida. Filo Chordata | Subfilo Urochordata Filo Chordata | Subfilo Cephalochordata | Subfilo Vertebrata Abordagem moderna: Cladística Ocorrência: Pré-Cambriano Superior ao Recente •Notocorda ou eixo de sustentação corporal (um bastonete endurecido que dá o nome ao filo Chordata) •Tubo nervoso dorsal oco •Endóstilo (urocordados, cefalocordados e larvas de lampréia; vertebrados → tireóide) •Fendas faríngeas em alguma fase da vida •Cauda muscular pós-anal Filo Chordata Atualmente, há apenas dois grupos de animais cordados não-vertebrados existentes, todos constituídos por pequenos animais marinhos. • Pode ter havido mais cordados não-vertebrados no passado, mas devido a seu corpo mole, são de difícil preservação fossilífera. • Existem vários exemplares de Pikaia, um provável cefalocordado do Cambriano médio (≈ 550 m. a.), cujos aspectos cordados mais evidentes são os miômeros e uma notocorda ao longo de 2/3 posteriores do corpo. Cordados não-vertebrados (não-Craniata) Urochordata 2000 spp. marinhas Tunicados: Ascídias, etc. • Larvas semelhantes a girinos – notocorda – tubo nervoso dorsal – cauda muscular pós-anal • Fendas faríngeas • Endóstilo Cordados não-vertebrados (não-Craniata) Cephalochordata 22 spp. marinhas “Anfioxos” (duas pontas) Branchiostoma • Aparência de pequenos peixes • Notocorda por toda a vida • Miômeros segmentares em “V” • Fendas faríngeas apenas para alimentação • Átrio Cordados não-vertebrados (não-Craniata) Comparação estrutural resumida Ciclóstomos (agnatos atuais) Agnatos atuais não possuem osso, mas são conhecidos apenas de registros do Carbonífero. “Agnatha” não é um grupo natural, sendo que os agnatos atuais – os ciclóstomos - possuem feições desde muito primitivas a muito derivadas. Evolução dos vertebrados - Agnatha Lampréias e peixes-bruxa. Ciclóstomos (agnatos atuais) Os primeiros vertebrados inequívocos (craniados exceto as feiticeiras e talvez os conodontes) conhecidos datam do Cambriano Superior. Eram animais aquáticos denominados genericamente de Ostracodermos (ostra=concha, derma=pele). Parafilético. Foram muito abundantes no Siluriano e Devoviano Ostracodermos Eram organismos aquáticos e filtradores, que contavam com uma importante inovação em relação aos demais cordados: bombeamento muscular para movimentar a água no lugar dos movimentos ciliares. Isso propiciou um aumento considerável de tamanho (a maioria tinha cerca de 20cm). Outra inovação foi o desenvolvimento de uma forma particular de mineralização do tecido: o osso (como placas ósseas formando uma armadura). Ostracodermos Os grupos melhor conhecidos são os Pteraspida (ptera=asa, aspid=escudo) e os Cephalaspida (cephal=cabeça, aspid=escudo). Pteraspida Cephalaspida Ostracodermos Eram agnatos, não tinham apêndices pares com cintura e possuíam câmaras branquiais em número variável que se comunicavam com o exterior por poros ou um duto comum. Ostracodermos Como nunca foi encontrada uma vértebra nos ostracodermos, provavelmente a notocorda persistia no adulto. Ostracodermos Alguns não possuíam carapaça, mas escamas dispersas ou corpo nu: Anaspida Ostracodermos Esses animais compartilham características em comum com os Agnatha atuais (feiticeiras e lampréias), mas características primitivas, que não oferecem informações consistentes em relação ao grau de parentesco, colocando o táxon Agnatha em discussão. Este seria um conjunto de vertebrados basais relacionados como sucessivos grupos-irmãos. Ostracodermos Os mais basais provém do Ordoviciano da Bolívia (Saccabambaspis). Ainda não foram encontrados no Brasil. Ostracodermos Evidências mais recentes estenderam a origem dos vertebrados mais antiga, para o Cambriano, (500 m.a.): os Conodontes. • microfósseis • pequenas estruturas de apatita (semelhante ao esmalte ou dentina) • Cambriano ao Triássico Pareciam possuir: • crânio • notocorda • miômeros Evolução dos vertebrados - Gnathostomata Gnathostomata = com maxilas e mandíbula •presença de dentes •presença de nadadeiras pares O surgimento das maxilas ocorreu com a incorporação dos primeiros pares de arcos branquiais à cabeça.. Um maior número de possibilidades potencializou a ação da seleção natural, agilizando o processo evolutivo dos vertebrados (aprimoramentos evolutivos: locomoção, predação, sensoriais, circulação) Gnatostomado generalizado Diversidade dos peixes Primeiros Gnatostomados: Classe Placodermi Ocorrência: do Siluriano ao Devoniano. Corpo recoberto com placas dérmicas ósseas (armadura cefálica e armadura torácica). Mandíbulas com dentes. Podem ser ancestrais de tubarões (possuíam clásper) e acantódios. Devido à caracteres das maxilas, os placodermos são isolados de todos os outros vertebrados mandibulados. Os dentes não correspondem aos dos outro gnatostomados, sendo ossos dérmicos modificados que não eram substituídos. O arco hióide não está diretamente envolvido na suspensão da mandíbula. Primeiros Gnatostomados: Classe Placodermi Os primeiros placodermos foram os Arthrodira (Arths=articulação, dira=pescoço), que se assemelhavam aos ostracodermes na aparência e hábitat. Dunkleosteus terrelli Poderiam chegar a 9 metros de comprimento e algumas placas tinham até 5cm de espessura. Classe Placodermi Chondrichthyes Tubarões e raias. Ocorrência: do Devoniano ao Recente. São considerados fósseis-vivos de vertebrados primitivos. A notocorda contínua foi substituída por centros vertebrais cartilaginosos. O esqueleto é cartilaginoso, sem ossos verdadeiros. Órgão reprodutor externo masculino: clásperes. Os primeiros fósseis de tubarões apareceram nos sedimento do Devoniano Inicial. Desde então alguns dos seus sistemas alcançaram níveis de refinamento morfológico só ultrapassados por poucos vertebrados viventes. São identificados por possuírem um esqueleto cartilaginoso e pela ausência de bexiga natatória. No Brasil, Chondrichthyes da primeira irradiação (principalmente dentes) ocorrem nas bacias do: Amazonas (Carbonífero, Formação Itaituba), Parnaíba (Permiano, Formação Pedra de Fogo), e na Bacia do Paraná (Permiano-Triássico, Formação Tatuí, Irati, Formação Corumbataí, Formação Estrada Nova e Formação Rio do Rastro). Chondrichthyes Primeira irradiação (Paleozóico): A mandíbula era sustentada pelo 2o arco visceral, o arco hióide, de modo anfistílico (anfi = duplo; styl = suporte). Apresentavam um avanço significativo nos mecanismos de alimentação comparados com os seus contemporâneos placodermos - a troca dos dentes desgastados. A irradiação moderna, a dos cações atuais e raias, provavelmente evoluiu a partir de uma linhagem semelhante àquelas da primeira irradiação. A suspensão da mandíbula é do tipo hiolística (apenas um ponto de articulação com o hiomandibular),oque dá mobilidade à mandíbula, permitindo que ela assuma várias posições diferentes, associadas à diferentes oportunidades alimentares. Chondrichthyes Chondrichthyes Acanthodii* Ocorrência: do Siluriano ao Permiano. *Mosaico de características de grupos de Gnatostomados. Inicialmente de ambientes marinhos e posteriormente encontrados em todos os ambientes aquáticos. São encontrados na Form. Manacapuru (Dev. Bacia do Amazonas), Form. Itaituba (Carb. Bacia do Amazonas), Form. Pimenteiras (Dev. Bacia do Parnaíba). Osteichthyes “Peixes” Ocorrência: do Siluriano ao Recente. Esqueleto ósseo. Inclui os tetrápodes e descendentes (anfíbios, répteis, etc). Nadadeiras medianas e pares sustentadas por raios cartilaginosos (Actinopterygii) ou ósseos (Sarcopterygii). Maxila e mandíbula bem desenvolvidas, articuladas com o crânio. A respiração é através de brânquias ou pulmões. No Brasil, os vestígios mais antigos de actinopterígios provém da Formação Manacapuru (Devoniano Inferior, Grupo trombetas, Bacia do Amazonas. Muitos gêneros e espécies de Teleósteos têm sido descritos, procedentes de várias bacias paleozóicas, mesozóicas e cenozóicas. Destacam-se a ictiofauna da Bacia do Araripe (principalmente da Formação Santana) e da Bacia de Taubaté (Oligoceno). Osteichthyes Cladocyclus Vinctifer No Brasil, sarcopterígios (dipnóicos e celacantos) ocorrem nos seguintes depósitos: Bacia do Acre: Formação Solimões, Mioceno; Bacia do Parnaíba: Formação Pedra de Fogo (Permiano), Formação Codó e Itapecuru (Cretáceo); Bacia do Araripe: Formação Brejo Santo, Missão Velha e Santana (Cretáceo); Bacia do Recôncavo: Formação Ilhas (Cretáceo) Bacia Sanfranciscana: Formação Quiricó (Cretáceo) Bacia do Paraná: Formação Rio do Sul, Corumbataí e Estada Nova (Permiano). Osteichthyes Axelrodichthys araripensis Devoniano: a Idade dos Peixes No Devoniano, uma grande variedade de novos ambientes aquáticos e terrestres se desenvolveram (ambientes de floresta, mais pantanosos e alagados). Estes ambientes geraram novos nichos e recursos alimentares, além de serem locais de refúgio tanto para indivíduos jovens e imaturos quanto para adultos (presas). Devoniano: a Idade dos Peixes Existem várias características derivadas compartilhadas que aproximam os osteolepiformes dos tetrápodes terrestres. Evolução dos vertebrados - Tetrapoda (Devoniano Superior 360 m.a.) A divisão da caixa craniana nas porções anterior e posterior (neurocrânio), articulados de forma móvel atrás das órbitas. Este tipo de caixa craniana que os Osteolepiformes compartilham com os tetrápode basais como Ichthyostega e Acanthostega é visível nestes pela presença de uma sutura entre as porções anterior e posterior do crânio. Tetrápodas basais e Osteolepiformes apresentam dentes com um padrão labirintodonte (com invaginações na dentina e esmalte). Homologia dos ossos dos membros. A estrutura óssea da nadadeira lobada dos Osteolepiformes é a mesma dos tetrápodas, com um osso proximal (úmero), dois ossos mediais (rádio e ulna) e uma série de ossos do pulso e tornozelo e dedos articulados. Este fato conferiu a ambos uma significativa sustentação do corpo e capacidade de locomoção na transição de um ambiente de margem para o ambiente terrestre. O ambiente terrestre naquele momento propiciava a abertura de novos nichos ecológicos a um organismo que apresentasse "pré-adaptações" à vida terrestre: pulmões, nadadeiras com eixo ósseo, separação da cintura escapular do crânio (que libera o osso hiomandibular para captação de sons no ouvido interno, originando o estribo) e ureotelia (excreção de uréia, que permite economia de água). Numa terra invadida por vários artrópodes terrestres e por diversas plantas, novas relações ecológicas poderiam ser estabelecidas. Evolução dos vertebrados - Tetrapoda (Devoniano Superior 360 m.a.) Primeiros tetrápodes e invasão do ambiente terrestre Os mais antigos tetrapodas conhecidos provém de sedimentos devonianos da Laurásia, especialmente da Groelândia. Os gêneros mais bem conhecidos são Acanthostega e Ichthyostega, superficialmente similares, que apresentavam membros bem desenvolvidos, com até oito dedos. Retinham algumas características pisciformes, como sustentação da cauda por raios dorsais e ventrais e brânquias nos adultos (estas ausentes já em Ichthyostega). Amphibia Temnospondyli: Foram os anfíbios que apresentaram mais especializações para a vida terrestre, o que provavelmente justifica a sua grande diversificação no Paleozóico. Podem estar próximos da linhagem da qual derivaram os anuros. Paratorosaurus Anthracosauria: sugere-se que sejam mais relacionados aos amniotas, mas não existe uma sinapomorfia que suporte este agrupamento. Possuíam patas e cinturas bem ossificadas, coluna vertebral sólida e alguns possuíam dentição especializada, sugerindo a herbivoria. Diadectes Tetrápodes fósseis do Brasil: formas basais (Fm. Pedra de Fogo, Tatuí e Rio do Rastro-Permiano) e derivadas (Mb. Crato, Fm. Adamatina, Fm. Tremebé- Cretáceo, Oligoceno): Australerpeton cosgriffi, Fm Rio do Rasto (Permiano) Paraná. Anura não-descrito do Mb. Crato, Fm. Santana, (Cretáceo) Ceará. Amphibia Amphibia Amphi = duplo bios = vida Reprodução ainda era dependente da água. No Carbonífero, vários grupos de tetrápodes vinham desenvolvendo especializações para a vida terrestre. Um evento que exerceu grande influência no curso da sua evolução foi a irradiação dos insetos nos habitats terrestres (insetos gigantes = muito alimento): a evolução de um mecanismo mandibular mais eficiente à insetivoria e modificações na estrutura do corpo que permitiram a locomoção terrestre mais eficaz. Tetrápodes e o ambiente terrestre: os Amniotas Uma diferença fundamental entre anfíbios e os demais tetrápodes foi chave na conquista definitiva do ambiente terrestre: o advento do ovo amniótico. •Domínio total do ambiente terrestre •diversificação no Mesozóico – répteis •diversificação no Cenozóico – aves e mamíferos Ovo amniótico No Carbonífero e Permiano, os amniotas apresentaram uma diversidade morfológica e ecológica mais ou menos simultânea à redução na diversidade de não-amniotas terrestres. Mesosaurus Pareiasauria Synapsidas basais Amniotas Os amniotas podem ser divididos em dois clados principais: os Sauropsida (incluem os répteis e afins) e os Synapsida (linhagem dos mamíferos, incluído os “répteis mamaliformes”). Amniotas Classificação dos Tetrapoda Os primeiros tetrápodes são os Amphibia, que são anamnióticos. A interpretação filogenética dos Amniota está em grande parte baseada nos padrões de fenestração temporal. Os amniotas originaram os répteis basais, os quais originaram inicialmente os sinápsidos, bem como o grupo que deu origem aos anápsidos, aos mamíferos (“terápsidos”) e diápsidos. Classificação resumida dos Tetrapoda • Synapsida → Therapsida mamíferos • Anapsida → Testudines (tartarugas) • Diapsida – Archosauria • Dinossauros † • Crocodilos • Aves – Lepidosauria • Sphenodon (tuatara) • lagartos & cobras Bibliografia POUGH, H.F.; JANIS, C.M.; HEISER, J.B. A vida dos vertebrados. 4.ed., São Paulo: Atheneu Editora, 2008.
Compartilhar