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Aula 4 - Caracteristicas de abordagens pluralistas de política externa Bibliografia: MILANI, Carlos R. S.; PINHEIRO, Letícia. Política Externa Brasileira: os desafios de sua caracterização como política pública. Contexto Internacional, v. 35, n. 1, 2013, p. 11-41. FPA - Foreign Policy Analisis (esse nome não pegou, e, além disso, não serão abordadas todas as linhas da FPS, então serão denominadas abordagens pluralistas). Textos: O texto é uma grande revisão bibliográfica. Letícia Pinheiro (vem da ciência política) e Carlos Milani (vem do Direito, passou pelo Rio Branco e depois saiu e foi para a carreira acadêmica). Ambos são da nova geração da política externa (as gerações mais antigas de análise da política externa eram diplomatas, agora o objetivo é realmente produzir conhecimento acadêmico e não apenas diplomático). Nome do texto: Política Externa Brasileira: Os Desafios de sua Caracterização como Política Pública. No Brasil, não se fala muito em política externa, consideram ela como política pública (veem como política de governo, ou seja, que muda de acordo com o governo e com o momento e não de Estado, como os realistas analíticos vêem). É muito comum no Brasil analistas dizerem que política externa é política de Estado e quando analisam como política pública (de governo) dizem que deixou de ser de Estado após os anos 80. FHC, Lula, Ernesto Araújo, etc, dizem que a política externa é de Estado, mas é necessário diferenciar discurso de prática, bem como o contexto em que defendem esse argumento. Diplomatas quando dizem isso, muitas vezes, usam esse argumento para se credibilizar, mostrar que estão seguindo o que sempre foi feito, assim como todos os políticos dizem que estão seguindo um interesse nacional. Perguntas sobre o texto: Como aparecem as três características do realismo analítico na escola revista? Quais são as características da escola revista no texto? Diferença entre alta e baixa política como desafio; Não a possibilidade de atribuir a um único indivíduo a decisão; Abertura no campo das RI com a FPA; Com abertura do Brasil pós-88, um maior número de ministérios; Mais atores domésticos influenciando a PEB; PEB como política pública inclui outros atores; Nova abordagem metodológica para análise de realidade mais complexa. Modelos pluralistas: ➔ Estado como estrutura composta por diversos atores de diferentes capacidades decisórias; ➔ A política externa tem um caráter interméstico (pode ser muito ou pouco atrelada à política doméstica, mas sempre será); ➔ O que outros atores chamam de "interesse nacional" é, na prática, o resultado dos interesses particulares em conflito; ➔ Destaca os fatores positivos da política e descentralização dos temas de política externa. "A política externa é, portanto, mais e menos do que as "relações externas" que os estados geral continuamente sobre todas as frentes. Tenta coordenar e é a maneira pela qual - pelo menos a princípio - as prioridades são estabelecidas entre interesses concorrentes projetados externamente. Deve também projetar os valores que a sociedade em questão considera universais [...]. Temas domésticos nunca serão tema de política externa para os realistas, mas para os pluralistas ele pode ser. ➔ 1954 - Richard Snyder, Henry Bruck e Burton Sapin - Adotou o processo decisório no plano doméstico como variável - Decision Making as an Approach to the Study of International Politics. ➔ 1956-7 - Sprout e Sprout - Percepções subjetivas dos atores envolvidos no processo de tomada de decisão - Man-Milieu Relationship Hypotheses in the Context of International Politics. ➔ 1967 - James Rosenau - Atores e fatores domésticos em interconexão - Pre-theories and Theories of Foreign Policy. ➔ 1971 - Graham Allison - Política externa como processo decisório (estudo de caso sobre a crise dos mísseis soviéticos em Cuba de 1962). ➔ 1988 - Robert Putnam - Jogo de dois níveis. ➔ 1997 - Helen Milner - Interests, institutions, and information: domestic politics and international relations. ➔ 2003 - Christopher Hill - Nova política externa. Nos EUA, as análises positivistas fazem mais sucesso, com métodos quantitativos e focados em casos dos EUA. Na Europa são mais comuns métodos históricos, de reconstrução de processos, análise de casos da Europa e de outras regiões (especialmente onde fizeram colonialismo). Cada um influenciou o Brasil de uma forma. Ressignificação da Análise de Política Externa no Brasil: "Nos dias de hoje, entretanto, seria equivocado atribuirmos à pesquisa sobre o impacto do processo decisório no contexto da política externa como o único objeto de investigação para o qual se volta a APE. Ao nosso entender, os estudos do processo decisório constituem hoje um, dentre outros, dos focos desse amplo campo de estudos, que inclui todos os aspectos (influências, contextos e práticas sociais, entre outros) que incidem em todas as fases (desde a formação da agenda até a implementação) de uma política externa)" (Salomón; Pinheiro, 2013, p.42). A discussão que começa nos anos 50 nos EUA, começa só nos 90 aqui, com a abertura e fim da ditadura. Em produções de diplomatas, sempre dizem que a formação da política externa brasileira foi baseada em consensos, o único não consenso foi na redemocratização. Insuficiência das teorias clássicas, discutindo a natureza da política externa: Milani e Pinheiro, no texto, identificam tanto análises qualitativas quanto quantitativas (muito características do CAENI). Inter e intra burocráticas: existem também disputas entre o próprio governo, mas não se pode achar que só existem conflitos, a tendência é que haja mais convergências do que divergências, por terem uma base comum por estarem no mesmo governo (ainda que seja pela indiferença, por exemplo, Paulo Guedes não se importa com as pautas de Damares e deixa passar). Há muitas análises pluralistas, mas há pontos em comum entre elas: ➔ Política externa como política pública (e não política de Estado); ➔ Verificação da participação de outros atores (estatais, para além do Executivo e mesmo dentro do Executivo e não estatais); ➔ Rompimento com a ideia de interesse nacional (da Escola Realista); ➔ Política externa como uma política de governo. Trabalham com a politização da política externa, a vendo como política de governo e não a vendo apenas como influenciada pelo internacional. Qual a importância da diferença entre high politics e low politics para os estudiosos: Realistas: só é objeto de política externa a high politics (por exemplo, temas relacionados à segurança e poder, enquanto low seria temas como cultura e educação). Uma política externa que envolve temas de low politics é irracional e não contribui para o interesse do Estado. Identificam política externa pelo objeto, e essa posição é comum até mesmo em acadêmicos não realistas, pois muitos não se formam com conhecimento em FPA. FPA: dizem que o foco só no high deixar de ver temas que são considerados low são também temas de política externa para outros estados. Eles reconhecem a diferença entre os temas, mas não vê nenhum como tema exclusivo ou menos importante de política externa. Para os países emergentes, por exemplo, a low politics é o foco da política externa. Não se identifica o que é política externa pelo objeto, e sim pelo ator e pelo impacto.
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