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Arthur Bernardes de Oliveira – 2020053661 RESENHA CRÍTICA 1 FIGUEIRA, Ariane. O que é política externa? In: _____. Introdução à Análise de Política Externa. São Paulo: Saraiva, 2011. p. 3-11. GONÇALVES, Fernanda Nanci; PINHEIRO, Letícia. Fundamentos da Análise de Política Externa. In: _____. Análise de Política Externa: o que estudar e por quê? 1. ed. Curitiba: Editora Intersaberes, 2020. p. 19-46. Primeiramente, é de suma relevância destacar a importância da Análise de Política Externa (APE) para os estudos de relações internacionais, principalmente em um contexto mundial em que os Estados estão cada vez mais interdependentes e que suas tomadas de decisão afetam todo o sistema internacional. Nesse sentido que, Ariane Figueira, doutora e mestre em Ciência Política pela USP, escreveu seu livro “Introdução à Análise de Política Externa”, com o objetivo de introduzir às pessoas interessadas no tema, como estudantes e pesquisadores, aos estudos da APE. Dando ênfase ao seu capítulo de introdução “O que é política externa?”, a autora apresenta a APE como uma subdisciplina das Relações Internacionais (RI) e que vem adquirindo relevância nas últimas décadas, devido a acelerada formação de redes complexas transnacionais durante este período. Figueira inicia o capítulo explicando a evolução histórica do Estado, o conceito de poder e a relação existente entre os dois. É dado destaque para o fato de que os elementos que fundamentaram as principais características do Estado contribuíram para além da dinâmica de seu poder interno, como também para a relação desta unidade com os demais do sistema internacional. Neste sentido, um dos elementos chaves destacados pela autora é o da soberania, que seria o responsável por reger as relações internacionais modernas e tem relevância nas dinâmicas de poder. Em outro momento da introdução, é apresentada a relação existente entre a APE e as principais teorias das RI. Com o decorrer da formação das RI como disciplina, surgiram diferentes escolas de pensamento que dedicaram grande parte de seus estudos para explicar os fundamentos que regem as relações entre os Estados e o que diferencia politicamente os agentes do sistema internacional. Destas teorias, dentro da subdisciplina de APE, surgiu o debate entre tradicionalistas e pluralistas. No entendimento tradicionalista, associada com a corrente realista, os Estados são atores unitários e as decisões de política externa estão centradas exclusivamente nas mãos do Executivo. Já no entendimento pluralista, o Estado não pode ser considerado o único ator das relações internacionais, pois é levado em consideração a interação e a influência de outros atores nas decisões internacionais adotadas pelos Estados, formando uma rede complexa de relações transnacionais. Dessa maneira, nasceram duas visões analíticas diferentes importantes para a APE, Nesta mesma perspectiva, de introduzir o leitor à APE, Fernanda Nanci Gonçalves, mestre em Relações Internacionais pela PUC-RJ e doutora em Ciência Política pelo Instituto de Estudos Sociais e Políticos da UERJ, e Letícia Pinheiro, mestre em Relações Internacionais pela PUC-RJ e doutora em Relações Internacionais pela London School of Economics and Political Science, escreveram conjuntamente o livro “Análise de Política Externa: o que estudar e por quê?”. Da mesma forma que Figueira, as autoras utilizaram do primeiro capítulo, “Fundamentos da Análise de Política Externa”, para fazer uma breve introdução ao tema de sua obra, situando-os da temática a ser discutida. Na primeira parte do capítulo, as autoras destacam três principais premissas da APE, que resumidamente seriam: “a política externa deve ser entendida como mais uma dinâmica da atividade política em geral; a política externa não resultado tão somente de oportunidades e restrições presentes no sistema internacional; e toda ação política deve ser pensada como potencialmente constitutiva da agenda política externa de um país”. Na segunda parte do capítulo, as autoras buscaram explicar o processo de constituição da APE enquanto subárea das Relações Internacionais. A APE teria a função de investigar o impacto das decisões domésticas dos Estados, principais atores do sistema internacional, no sistema internacional. Para isso foram criadas diferentes vertentes, como a Política Externa Comparada e outras teorias de “médio alcance”, que através de um determinado método de pesquisa buscam entender de forma mais clara o processo de tomada de decisões. No último momento do texto introdutório do livro, é abordado o processo de formação e consolidação da APE no Brasil. A partir da década de 1980, com o vetor da redemocratização, intrigados com o comportamento em certo grau autônomo do país nas últimas décadas, pesquisadores brasileiros motivados a compreender o papel e a atuação brasileira no sistema internacional, buscaram nos modelos teóricos da APE para entender o comportamento brasileiro. Ao analisarem os diferentes processos de tomada de decisão de política externa, os estudiosos identificaram diferentes estratégias na agenda política externa brasileira, com uma grande diversidade temática que levou a APE a dialogar com outras disciplinas das Ciências Sociais. Em ambas as obras discutidas, apesar de uma abordagem parecida ao utilizar do primeiro capítulo para fazer uma introdução sobre o campo da APE, foram apresentados diferentes panoramas acerca da subdisciplina. A despeito de tratarem do mesmo assunto, os capítulos são complementares, uma vez que diferentes informações são abordadas em cada um. Figueira, por exemplo, explica o processo de formação do Estado e o conceito de poder até o debate existente entre tradicionalistas e pluralistas, conhecimentos que não são encontrados no texto introdutório das outras autoras. Por outro lado, o primeiro capítulo de Gonçalves e Pinheiro além de abordar os principais fundamentos da APE, também é apresentado o processo de desenvolvimento da APE no Brasil, tópico de grande relevância para quem pretende entender melhor o processo nacional e que não é exposto na introdução de Figueira. Dito os diferentes assuntos abordados em cada texto, ambas as obras são de fácil leitura e de relevância para estudantes de Relações Internacionais como também de outras disciplinas das Ciências Sociais.
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