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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL ALEXANDRE DE CASTRO INFLUÊNCIA DAS ADIÇÕES MINERAIS NA DURABILIDADE DO CONCRETO SUJEITO À CARBONATAÇÃO Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil Goiânia 2003 UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE ENGENHARIA CIVIL CURSO DE MESTRADO EM ENGENHARIA CIVIL ALEXANDRE DE CASTRO INFLUÊNCIA DAS ADIÇÕES MINERAIS NA DURABILIDADE DO CONCRETO SUJEITO À CARBONATAÇÃO Dissertação apresentada ao curso de Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás para obtenção do título de Mestre em Engenharia Civil Área de Concentração: Estruturas e Materiais Orientador: Prof. Dr. Oswaldo Cascudo Goiânia 2003 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (GPT/BC/UFG) Castro, Alexandre de C355i Influência das adições minerais na durabili- dade do concreto sujeito a carbonatação / Alexandre de Castro. – Goiânia, 2003. xviii, 215f. : il. Dissertação (Mestrado) – Universidade Fede- ral de Goiás, Engenharia Civil, 2003. . Bibliografia: f. 209-215 1. Concreto - Durabilidade 2. Concreto – Adi- ções minerais 3. Concreto – Corrosão das armadu- ras I. Universidade Federal de Goiás. Escola de Engenharia Civil II. Título. CDU: 624.012.45:551.3.053 ii Aos meus pais, Trajano e Rosa, por sua história de sucesso na educação dos filhos... iii AGRADECIMENTOS Ao Professor Oswaldo Cascudo e à Professora Helena Carasek, pelos ensinamentos transmitidos e pela inquestionável orientação deste trabalho. Muito obrigado pela confiança em mim depositada. Ao Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas Centrais Elétricas S.A., a seus diretores Walton Pacelli de Andrade, Rubens Bittencourt e Moacir A. Souza de Andrade e, em especial, à coordenadora desta pesquisa, Engª Anne Neiry de Mendonça Lopes, pelo inestimável apoio na realização deste trabalho. Aos Engenheiros Reynaldo Machado Bittencourt, Elizabeth Leopoldina Batista e Luciana dos Anjos Farias, pelo apreço e boa vontade sempre demonstrados. A todo corpo técnico dos Laboratórios de Furnas, pelo esforço e auxílio durante a produção dos concretos e na realização dos ensaios. À ANEEL, por meio de Furnas, pelo indispensável apoio financeiro. Também à CAPES, pelo suporte financeiro na forma de bolsa de pesquisa. À Neusa e a todos os colegas do mestrado, muito obrigado pelo carinho e amizade. Em especial aos companheiros de jornada: Adriane, Ricardo e Victor; a ajuda de vocês foi essencial para execução deste trabalho. Aos meus irmãos Sandro, Ana Cristina, Karla, Júnior e a toda minha família; obrigado pelo estímulo, confiança, generosidade, paciência... obrigado por tudo. Alexandre iv SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS vii LISTA DE TABELAS xv RESUMO xviii ABSTRACT xix INTRODUÇÃO 1 CAPÍTULO 1 REVISÃO DA LITERATURA 6 1.1 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO 7 1.1.1 O FENÔMENO DA CARBONATAÇÃO 7 1.1.2 FATORES INTERVENIENTES NA CARBONATAÇÃO 12 1.1.2.1 FATORES LIGADOS ÀS CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO 12 1.1.2.2 FATORES LIGADOS À MICROESTRUTURA DO CONCRETO 14 1.1.3 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO 16 1.1.4 DETERMINAÇÃO DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO 19 1.1.5 CARBONATAÇÃO COMO AGENTE DA CORROSÃO DE ARMADURAS 23 1.2 INFLUÊNCIA DAS ADIÇÕES MINERAIS NO CONCRETO 26 1.2.1 AÇÃO QUÍMICA DAS ADIÇÕES MINERAIS 26 1.2.2 AÇÃO FÍSICA DAS ADIÇÕES MINERAIS 27 1.2.3 ALTERAÇÕES NA MICROESTRUTURA DO CONCRETO 28 1.2.4 ALTERAÇÕES QUÍMICAS NO SISTEMA 31 1.3 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO COM ADIÇÕES MINERAIS 33 CAPÍTULO 2 PROGRAMA EXPERIMENTAL MATERIAIS E MÉTODOS 36 2.1 VARIÁVEIS 37 2.2 MATERIAIS UTILIZADOS 41 2.3 CONCRETOS ESTUDADOS 44 2.4 CORPOS-DE-PROVA 49 2.4.1 PREPARAÇÃO DAS BARRAS DE AÇO 50 2.4.2 PREPARAÇÃO DAS FÔRMAS 51 2.4.3 MOLDAGEM, CURA E ARMAZENAGEM DOS CORPOS-DE-PROVA 52 2.5 MÉTODOS 55 2.5.1 CARACTERIZAÇÃO DO CONCRETO ENDURECIDO 57 v 2.5.2 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO - INDUÇÃO DA CORROSÃO 58 2.5.3 AVANÇO DA FRENTE DE CARBONATAÇÃO 60 2.5.4 ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO ELETROQUÍMICA DA CORROSÃO 62 2.5.5 RESISTIVIDADE ELÉTRICA APARENTE SUPERFICIAL DO CONCRETO 64 2.5.6 ABSORÇÃO/PERMEABILIDADE À ÁGUA - MÉTODO DO CACHIMBO 65 2.5.7 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA 66 2.5.8 DIFRATOMETRIA DE RAIOS X 68 2.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA 69 CAPÍTULO 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 71 3.1 CARACTERÍSTICAS DO CONCRETO ENDURECIDO 72 3.1.1 RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO 72 3.1.2 MÓDULO DE DEFORMAÇÃO 78 3.1.3 ABSORÇÃO DE ÁGUA POR IMERSÃO 82 3.1.4 ABSORÇÃO DE ÁGUA POR CAPILARIDADE 87 3.1.5 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS RESULTADOS DA CARACTERIZAÇÃO 90 3.2 CARBONATAÇÃO ACELERADA DO CONCRETO 93 3.2.1 AVALIAÇÃO DA FRENTE DE CARBONATAÇÃO 93 3.2.2 COEFICIENTES DE CARBONATAÇÃO ACELERADA 96 3.2.2.1 ANÁLISE DOS CONCRETOS DE CURA ÚMIDA 100 3.2.2.2 ANÁLISE DOS CONCRETOS DE CURA AO AR 103 3.2.2.3 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE AS ANÁLISES 106 3.2.3 RELAÇÃO ENTRE A CARBONATAÇÃO ACELERADA E A CARBONATAÇÃO NATURAL 108 3.3 POTENCIAL ELETROQUÍMICO DE CORROSÃO 111 3.3.1 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,40 111 3.3.2 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,55 115 3.3.3 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,70 117 3.3.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS RESULTADOS DE POTENCIAL DE CORROSÃO 120 3.4 RESISTIVIDADE ELÉTRICA SUPERFICIAL DO CONCRETO 121 3.4.1 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,40 122 3.4.2 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,55 125 3.4.3 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,70 127 3.4.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS RESULTADOS DE RESISTIVIDADE ELÉTRICA 129 3.5 ABSORÇÃO/PERMEABILIDADE PELO MÉTODO DO CACHIMBO 131 3.5.1 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,40 131 3.5.2 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,55 133 3.5.3 CONCRETOS DE RELAÇÃO A/AG 0,70 134 vi 3.5.4 CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE OS RESULTADOS DO MÉTODO DO CACHIMBO 135 3.6 ANÁLISE DA MICROESTRUTURA DO CONCRETO 137 3.6.1 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA - MEV 137 3.6.1.1 CONCRETO DE REFERÊNCIA 140 3.6.1.2 CONCRETO COM ADIÇÃO DE CINZA VOLANTE 145 3.6.1.3 CONCRETO COM ADIÇÃO DE ESCÓRIA DE ALTO-FORNO 146 3.6.1.4 CONCRETO COM ADIÇÃO DE CINZA DE CASCA DE ARROZ 149 3.6.1.5 CONCRETO COM ADIÇÃO DE SÍLICA ATIVA 151 3.6.1.6 CONCRETO COM ADIÇÃO DE METACAULINITA 153 3.6.2 DIFRATOMETRIA DE RAIOS X - DRX 156 CAPÍTULO 4 ANÁLISE E DISCUSSÃO GLOBAL DOS RESULTADOS 164 4.1 RELAÇÃO ÁGUA/AGLOMERANTE 165 4.2 CURA 166 4.3 ADIÇÕES MINERAIS 167 4.3.1 CINZA VOLANTE 168 4.3.2 ESCÓRIA DE ALTO-FORNO 169 4.3.3 CINZA DE CASCA DE ARROZ 171 4.3.4 SÍLICA ATIVA 172 4.3.5 METACAULINITA 173 4.4 VIDA ÚTIL 174 CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 176 5.1 CONSIDERAÇÕES SOBRE A METODOLOGIA 176 5.2 CONCLUSÕES 177 5.3 SUGESTÕES PARA FUTURAS PESQUISAS 179 ANEXO A 180 ANEXO B 190 ANEXO C 204 ANEXO D 206 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 209 vii LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO 1 Figura 1.1 – Micrografias de cristais de CH: (a) superfície lisa do cristal de CH antes da carbonatação e (b) cristal de CH rodeado de C-S-H; nota-se a formação de produtos sobre a superfície do cristal (HÄUßLER et al., 2000). 9 Figura 1.2 – Micrografias de carbonatação dos compostos do cimento: (a) camada de CaCO3 (espessura de 26 nm) sendo formada sobre o CH (expostoem ambiente com 0,03% de CO2, por 38 dias) e (b) cimento hidratado, completamente carbonatado (exposto em ambiente úmido com 0,03% de CO2, por 5 dias) (HÄUßLER et al., 2000). 9 Figura 1.3 – Grau de carbonatação em função da umidade relativa do ambiente (ROSENBERG et al. citado por CASCUDO, 1997). 13 Figura 1.4 – Interferência das características microestruturais e das condições de umidade no mecanismo de difusão através do concreto. Adaptado de TUUTTI (1982). 15 Figura 1.5 – Relação entre as profundidades de carbonatação determinadas por fenolftaleína (eCO2,F) e por timolftaleína (eCO2,T), em ensaio de carbonatação natural KAZMIERCZAK (1995). 23 Figura 1.6 – Esquema do avanço da frente de carbonatação (MEDEIROS & HELENE, 2001). 24 Figura 1.7 – Diagrama de Pourbaix para o sistema ferro-água; etapas do equilíbrio termodinâmico: (a) relação de equilíbrio entre regiões de domínio: imunidade (ferro sólido), passivação (óxidos de ferro) e corrosão (ferro em solução); (b) caminhos da reação de formação do filme de passivação e (c) destruição do filme de passivação pela acidez do meio. Adaptado de COLLINS et al. (2001). 25 Figura 1.8 – Descrição esquemática da formação da zona de transição: (a) e (b) mistura contendo apenas cimento Portland, respectivamente antes e após a hidratação e (c) e (d) mistura contendo cimento Portland e sílica ativa, respectivamente antes e após as reações de hidratação e pozolânicas (BENTUR & ODLER, 1996). Onde: c – grão de cimento e sa – partícula de sílica ativa. 28 CAPÍTULO 2 Figura 2.1 – Fluxograma das variáveis do programa experimental. 40 Figura 2.2 – (a) Modelo do corpo-de-prova (com unidade em centímetro) e (b) protótipo destinado ao estudo experimental. 49 Figura 2.3 – Preparação das barras de aço para execução do monitoramento eletroquímico. 50 Figura 2.4 – (a) Apresentação da fôrma e dos tipos de barra; (b) fôrma pronta para receber o concreto. 51 viii Figura 2.5 – Local de preparo do concreto. 52 Figura 2.6 – (a) e (b) Introdução de água e materiais na betoneira; (c) descarga do concreto fresco. 53 Figura 2.7 – (a) Determinação da consistência do concreto pelo abatimento do tronco de cone; (b) determinação da massa específica e (c) determinação do teor de ar. 53 Figura 2.8 – (a) Fôrmas preparadas para receber o concreto e (b) concreto moldado. 54 Figura 2.9 – Corpos-de-prova mantidos em câmara úmida por 28 dias. 55 Figura 2.10 – Armazenagem e empilhamento dos corpos-de-prova. 55 Figura 2.11 – Fluxograma de distribuição dos corpos-de-prova e do tamanho da amostra do programa experimental. 56 Figura 2.12 – (a) Ensaio de resistência à compressão e (b) ensaio de módulo de deformação mediante o uso de extensômetro do tipo LVDT. 57 Figura 2.13 – (a) Ensaio de absorção de água por imersão e (b) ensaio de absorção de água por capilaridade. 58 Figura 2.14 – (a) Câmara de carbonatação utilizada e (b) corpos-de-prova acondicionados na câmara. 59 Figura 2.15 – (a) Indicadores de pH utilizados e medidas da profundidade de carbonatação realizadas mediante o emprego de soluções à base de amarelo de alizarina GG (b) e de fenolftaleína (c). 61 Figura 2.16 – (a) Equipamentos necessários para execução do ensaio e (b) realização do ensaio de potencial eletroquímico de corrosão. 63 Figura 2.17 – (a) Aparelho utilizado para medição da resistividade do concreto e (b) execução do ensaio de resistividade superficial do concreto. 64 Figura 2.18 – (a) Dispositivos utilizados e (b) execução do ensaio de absorção/ permeabilidade pelo método do cachimbo. 65 Figura 2.19 – Microscópico eletrônico de varredura (MEV): (a) coluna óptico-eletrônica; (b) câmara para amostra com sistema de vácuo e (c) sistema de obtenção de imagem. 66 Figura 2.20 – Região do corpo-de-prova (camada de cobrimento) extraída para análise no MEV. 67 Figura 2.21 – (a) Amostra pronta para análise e (b) amostra com as marcações das imagens (micrografias) capturadas. 68 CAPÍTULO 3 Figura 3.1 – Estimativa da média global dos valores de resistência à compressão, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, (a) para cada relação a/ag e (b) para cada idade de ensaio. As linhas tracejadas verticais definem os grupos. 75 Figura 3.2 – Estimativa da média global dos valores de resistência à compressão, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, para cada adição mineral utilizada na produção dos concretos. 77 ix Figura 3.3 – Estimativa da média global dos valores de módulo de deformação, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, (a) para cada relação a/ag e (b) para cada idade de ensaio. 80 Figura 3.4 – Estimativa da média global dos valores de módulo de deformação, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, para cada adição mineral utilizada no concreto. As linhas horizontais delimitam os grupos. 81 Figura 3.5 – Estimativa da média global dos valores de absorção de água por imersão, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, (a) para cada relação a/ag e (b) para cada idade de ensaio. 84 Figura 3.6 – Estimativa da média global dos valores de absorção de água por imersão, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, para cada adição mineral utilizada no concreto. 86 Figura 3.7 – Estimativa da média global dos valores de absorção de água por capilaridade, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, (a) para cada relação a/ag e (b) para cada idade de ensaio. 88 Figura 3.8 – Estimativa da média global dos valores de absorção de água por capilaridade, com seu desvio padrão e intervalo de confiança de 95%, para cada adição mineral utilizada no concreto. 89 Figura 3.9 – Correlação entre os tempos de leitura da frente de carbonatação estabelecidos neste estudo. 93 Figura 3.10 – Correlação entre as profundidades medidas com o uso dos indicadores de pH, fenolftaleína e amarelo de alizarina GG. 95 Figura 3.11 – Características superficiais dos concretos: (a), (b) e (c) visão geral das faces de estudo dos concretos de relação a/ag 0,40, 0,55 e 0,70, respectivamente; e (d) detalhe da face do concreto de relação a/ag 0,70 com fissuras no cobrimento. 97 Figura 3.12 – Coeficientes de carbonatação médios, para cada relação a/ag, destacando o comportamento dos concretos que passaram por cura úmida. 99 Figura 3.13 – Coeficientes de carbonatação médios, para cada relação a/ag, destacando o comportamento dos concretos que passaram por cura ao ar. 99 Figura 3.14 – Disposição dos grupos definidos pela comparação múltipla de médias, com os fatores ordenados de forma crescente quanto às médias globais dos coeficientes de carbonatação acelerada dos concretos de cura úmida. 101 Figura 3.15 – Estimativa de média dos coeficientes de carbonatação acelerada, para cada tipo adição mineral empregada na produção dos concretos (concretos de cura úmida). 102 Figura 3.16 – Disposição dos grupos definidos pela comparação múltipla de médias, com os fatores ordenados de forma crescente quanto às médias globais dos coeficientes de carbonatação acelerada dos concretos de cura ao ar. 104 Figura 3.17 – Estimativa de média dos coeficientes de carbonatação acelerada, para cada tipo de concreto composto por adições minerais (concretos de cura ao ar). 105 Figura 3.18 – Correlações entre os valores das médias globais dos coeficientes de carbonatação acelerada e natural, considerados todos os concretos do estudo. 109 x Figura 3.19 – Correlações entre os valores das médias globais dos coeficientes de carbonatação acelerada e natural, considerados todos os concretos exceto o referência e o com sílica ativa. 109 Figura 3.20 – Acompanhamento dos potenciais de corrosão para os concretos de relação a/ag 0,40. Período anterior à indução da corrosão por carbonatação acelerada. São observados os critérios da ASTM C 876:1991 para a probabilidade de corrosão. 112 Figura 3.21 – Acompanhamento dos potenciais de corrosão para os concretosde relação a/ag 0,40. Período de indução da corrosão por carbonatação acelerada (ciclos). São observados os critérios da ASTM C 876:1991 para a probabilidade de corrosão. 114 Figura 3.22 – Acompanhamento dos potenciais de corrosão para os concretos de relação a/ag 0,55. Período anterior à indução da corrosão por carbonatação acelerada. São observados os critérios da ASTM C 876:1991 para a probabilidade de corrosão. 115 Figura 3.23 – Acompanhamento dos potenciais de corrosão para os concretos de relação a/ag 0,55. Período de indução da corrosão por carbonatação acelerada (ciclos). São observados os critérios da ASTM C 876:1991 para a probabilidade de corrosão. 116 Figura 3.24 – Acompanhamento dos potenciais de corrosão para os concretos de relação a/ag 0,70. Período anterior à indução da corrosão por carbonatação acelerada. São observados os critérios da ASTM C 876:1991 para a probabilidade de corrosão. 118 Figura 3.25 – Acompanhamento dos potenciais de corrosão para os concretos de relação a/ag 0,70. Período de indução da corrosão por carbonatação acelerada (ciclos). São observados os critérios da ASTM C 876:1991 para a probabilidade de corrosão. 119 Figura 3.26 – Acompanhamento da resistividade elétrica superficial para os concretos de relação a/ag 0,40. Período anterior à indução da corrosão por carbonatação acelerada. 122 Figura 3.27 – Acompanhamento da resistividade elétrica superficial para os concretos de relação a/ag 0,40. Período de indução da corrosão por carbonatação acelerada. 124 Figura 3.28 – Acompanhamento da resistividade elétrica superficial para os concretos de relação a/ag 0,55. Período anterior à indução da corrosão por carbonatação acelerada. 125 Figura 3.29 – Acompanhamento da resistividade elétrica superficial para os concretos de relação a/ag 0,55. Período de indução da corrosão por carbonatação acelerada. 126 Figura 3.30 – Acompanhamento da resistividade elétrica superficial para os concretos de relação a/ag 0,70. Período anterior à indução da corrosão por carbonatação acelerada. 127 Figura 3.31 – Acompanhamento da resistividade elétrica superficial para os concretos de relação a/ag 0,70. Período de indução da corrosão por carbonatação acelerada. 128 Figura 3.32 – Acompanhamento da absorção/permeabilidade à água, pelo método do cachimbo, dos concretos de relação a/ag 0,40: (a) concretos não carbonatados xi com cura úmida e (b) cura ao ar; (c) concretos carbonatados com cura úmida e (d) cura ao ar. 132 Figura 3.33 – Acompanhamento da absorção/permeabilidade à água, pelo método do cachimbo, dos concretos de relação a/ag 0,55: (a) e (b) concretos não carbonatados, com cura úmida e cura ao ar, e (c) e (d) concretos carbonatados, com cura úmida e cura ao ar. 133 Figura 3.34 – Acompanhamento da absorção/permeabilidade à água, pelo método do cachimbo, dos concretos de relação a/ag 0,70: (a) e (b) concretos não carbonatados, com cura úmida e cura ao ar, e (c) e (d) concretos carbonatados, com cura úmida e cura ao ar. 134 Figura 3.35 – Concreto de referência (sem adição mineral). Imagem da região interna do cobrimento (ampliação de 100 x). 138 Figura 3.36 – Concretos com adições: (a) cinza volante e (b) escória de alto-forno. Imagens da região interna do cobrimento (ampliação de 100 x). 138 Figura 3.37 – Concretos com adições: (a) cinza de casca de arroz e (b) sílica ativa. Imagens da região interna do cobrimento (ampliação de 100 x). 138 Figura 3.38 – Concreto com adição de metacaulinita: (a) região externa e (b) região interna do cobrimento. Nota-se as diferenças de densidade das regiões de estudo (ampliação de 100 x). 139 Figura 3.39 – Concreto de referência – verificação da presença de cristais de calcita. Detalhes: (I) morfologia romboédrica e (II) morfologia tetraédrica. Nota-se camadas sobrepostas de cristais. 140 Figura 3.40 – Concreto de referência – região carbonatada com superfície coberta por cristais de CaCO3 e C-S-H carbonatado. A região destacada pode obervada na figura a seguir. 141 Figura 3.41 – C-S-H carbonatado com aspecto de fibras dissolvidas ou fundidas pela reação com CO2. 142 Figura 3.42 – Espectro da estrutura de C-S-H carbonatado. 142 Figura 3.43 – Espectro da estrutura calcita. 143 Figura 3.44 – Concreto de referência – região não carbonatada: (a) poro na interface armadura-pasta, com detalhe dos cristais de CH; (b) morfologia típica do cristal de CH, disperso na pasta hidratada. 143 Figura 3.45 – Concreto de referência – região não carbonatada com produtos de morfologia típica de C-S-H, compostos fibrosos e placas irregulares. 144 Figura 3.46 – Concreto com cinza volante – região carbonatada. Detalhe: cristais de carbonato de cálcio (calcita). 145 Figura 3.47 – Concreto com cinza volante - interface armadura-pasta. Observa-se estrutura de C-S-H na região não carbonatada. 146 Figura 3.48 – Concreto com escória de alto-forno – poro na região carbonatada. Detalhe: cristais de calcita impregnados na parede do poro. 147 Figura 3.49 – Concreto com escória de alto-forno: poro encontrado na região carbonatada. Detalhe: (I) composto carbonatado de CASH e (II) cristais de CaCO3. 147 xii Figura 3.50 – Espectro do possível CASH carbonatado, ilustrado no detalhe I da imagem anterior. 148 Figura 3.51 – Espectro das placas irregulares, ilustrado no detalhe II da imagem anterior. Cristais de carbonato de cálcio compostos com outros elementos. 148 Figura 3.52 – Concreto com escória de alto-forno - poro encontrado na região não carbonatada, praticamente vazio, com placas irregulares de C-S-H. 149 Figura 3.53 – Concreto com cinza de casca de arroz – região carbonatada com a presença de cristais de calcita. Detalhe: morfologia tetraédrica de CaCO3. 150 Figura 3.54 – Concreto com cinza de casca de arroz, destacando composto formado por CASH (hidrato de gelenita) carbonatado. 150 Figura 3.55 – Concreto de cinza de casca de arroz – região não carbonatada. Observam-se cristais de portlandita e material fibroso típico de C-S-H. 151 Figura 3.56 – Concreto com sílica ativa – região carbonatada com compostos carbonatados dentro do poro. Detalhe: cristais de carbonato de cálcio. 152 Figura 3.57 – Concreto com sílica ativa – região não carbonatada, com poros vazios e algumas placas irregulares de C-S-H dispersas na superfície. 152 Figura 3.58 – Concreto com sílica ativa – região não carbonatada. Interface armadura- pasta, exibindo áreas mais porosas próxima à circunferência da interface, onde também se observam fraturas na região de descolamento da armadura e partículas de C-S-H com aspecto desagregado (detalhe). 153 Figura 3.59 – Concreto com metacaulinita – aspecto geral de um poro localizado na região carbonatada. 154 Figura 3.60 – Concreto com metacaulinita – estruturas semelhantes às encontradas nos concretos de escória de alto-forno e cinza de casca de arroz. 154 Figura 3.61 – Concreto com metacaulinita - aspecto geral de um poro localizado na região não carbonatada. 155 Figura 3.62 – Difratograma do concreto de referência (sem adição mineral), antes do processo de carbonatação acelerada. 158 Figura 3.63 – Difratograma do concreto de referência (sem adição mineral), após processo de carbonatação acelerada. 158 Figura 3.64 – Difratograma do concreto com adição de cinza volante, antes do processo de carbonatação acelerada. 159 Figura 3.65 – Difratograma do concreto com adição de cinza volante, após processo de carbonatação acelerada. 159 Figura 3.66 – Difratograma do concreto com adição de escória de alto-forno, antes do processo de carbonatação acelerada. 160 Figura 3.67 – Difratograma do concreto com adição de escória de alto-forno, após processo de carbonatação acelerada. 160 Figura 3.68 – Difratograma do concreto com adição de cinza de casca de arroz, antes do processo de carbonatação acelerada. 161 xiii Figura 3.69 – Difratograma do concreto com adição de cinza de casca de arroz, após processode carbonatação acelerada. 161 Figura 3.70 – Difratograma do concreto com adição de sílica ativa, antes do processo de carbonatação acelerada. 162 Figura 3.71 – Difratograma do concreto com adição de sílica ativa, após processo de carbonatação acelerada. 162 Figura 3.72 – Difratograma do concreto com adição de metacaulinita, antes do processo de carbonatação acelerada. 163 Figura 3.73 – Difratograma do concreto com adição de metacaulinita, após processo de carbonatação acelerada. 163 CAPÍTULO 4 Figura 4.1 – Efeito da variação da relação água/aglomerante no aspecto geral da camada de cobrimento (concreto de sílica ativa com cura úmida): (a) concreto de relação a/ag 0,40; (b) concreto de relação a/ag 0,55 e (c) concreto de relação a/ag 0,70. 165 Figura 4.2 – Influência do tipo de cimento na permeabilidade do concreto (CEB, 1993). 166 Figura 4.3 – Difratograma de raios X da cinza volante. 169 Figura 4.4 – Difratograma de raios X da escória de alto-forno. 170 Figura 4.5 – Difratograma de raios X da cinza de casca de arroz. 172 Figura 4.6 – Difratograma de raios X da sílica ativa. 173 Figura 4.7 – Difratograma de raios X da metacaulinita. 174 ANEXO A Figura A.1 – Curva de distribuição granulométrica do agregado miúdo. 181 Figura A.2 – Curva de distribuição granulométrica do agregado graúdo. 183 Figura A.3 – Difratograma de raios X do cimento Portland CPII-F. 185 ANEXO B Figura B.1 – Disposição dos grupos definidos pela comparação múltipla de médias pelo método de Duncan, com os fatores ordenados de forma crescente quanto às médias globais dos coeficientes de carbonatação acelerada, considerando os efeitos das variáveis relação a/ag e cura. 201 Figura B.2 – Estimativa de média dos coeficientes de carbonatação acelerada, para cada tipo adição mineral empregada na produção dos concretos (considerando os efeitos das variáveis relação a/ag e cura). 202 Figura B.3 – Disposição dos grupos definidos pela comparação múltipla de médias pelo método de Duncan, com os fatores ordenados de forma crescente quanto às médias globais dos coeficientes de carbonatação natural, considerando os efeitos das variáveis relação a/ag e cura. 203 Figura B.4 – Estimativa de média dos coeficientes de carbonatação natural, para cada tipo adição mineral empregada na produção dos concretos (considerando os efeitos das variáveis relação a/ag e cura). 203 xiv ANEXO D Figura D.1 – Levantamento dos dados de temperatura ambiente do ano 2002. Centro Tecnológico de FURNAS/Goiânia. 207 Figura D.2 – Levantamento dos dados de umidade relativa do ar do ano 2002. Centro Tecnológico de FURNAS/Goiânia. 208 xv LISTA DE TABELAS CAPÍTULO 1 Tabela 1.1 – Principais indicadores de pH usados no estudo de carbonatação do concreto. 21 CAPÍTULO 2 Tabela 2.1 – Caracterização do agregado miúdo. 41 Tabela 2.2 – Caracterização do agregado graúdo. 42 Tabela 2.3 – Caracterização do cimento Portland. 42 Tabela 2.4 – Principais características das adições minerais utilizadas. 43 Tabela 2.5 – Caracterização dos aditivos químicos. 44 Tabela 2.6 – Caracterização dos concretos de relação água/aglomerante 0,40, no estado fresco. 46 Tabela 2.7 – Caracterização dos concretos de relação água/aglomerante 0,55, no estado fresco. 47 Tabela 2.8 – Caracterização dos concretos de relação água/aglomerante 0,70, no estado fresco. 48 CAPÍTULO 3 Tabela 3.1 – Valores médios de resistência à compressão. 73 Tabela 3.2 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de resistência à compressão, para os fatores considerados no modelo estatístico. 74 Tabela 3.3 – Valores médios do módulo de deformação. 78 Tabela 3.4 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de módulo de deformação, para os fatores considerados no modelo estatístico. 79 Tabela 3.5 – Valores médios da absorção total de água por imersão. 82 Tabela 3.6 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de absorção de água por imersão, para os fatores considerados no modelo estatístico. 83 Tabela 3.7 – Valores médios da absorção de água por capilaridade. 87 Tabela 3.8 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de absorção de água por capilaridade, para os fatores considerados no modelo estatístico. 88 Tabela 3.9 – Médias globais e índices de desempenho. 91 Tabela 3.10 – Valores médios dos coeficientes de carbonatação acelerada. 98 xvi Tabela 3.11 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de coeficientes de carbonatação, para os concretos de cura úmida. 100 Tabela 3.12 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de coeficientes de carbonatação, para os concretos de cura ao ar. 103 CAPÍTULO 4 Tabela 4.1 – Concretos com estimativa de vida útil superior a 50 anos. 175 ANEXO A Tabela A.1 – Distribuição granulométrica do agregado miúdo. 181 Tabela A.2 – Análise petrográfica* do agregado miúdo. 182 Tabela A.3 – Distribuição granulométrica do agregado graúdo. 183 Tabela A.4 – Análise petrográfica* do agregado graúdo. 184 Tabela A.5 – Resultados individuais de resistência à compressão. 186 Tabela A.6 – Resultados individuais de módulo de deformação. 187 Tabela A.7 – Resultados individuais de absorção de água por imersão. 188 Tabela A.8 – Resultados individuais de absorção de água por capilaridade. 189 ANEXO B Tabela B.1 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação acelerada para concretos de relação a/ag 0,40, com leituras utilizando-se o indicador de pH amarelo de alizarina GG. 191 Tabela B.2 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação acelerada para concretos de relação a/ag 0,55, com leituras utilizando-se o indicador de pH amarelo de alizarina GG. 192 Tabela B.3 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação acelerada para concretos de relação a/ag 0,70, com leituras utilizando-se o indicador de pH amarelo de alizarina GG. 193 Tabela B.4 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação acelerada para concretos de relação a/ag 0,40, com leituras utilizando-se o indicador de pH fenolftaleína. 194 Tabela B.5 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação acelerada para concretos de relação a/ag 0,55, com leituras utilizando-se o indicador de pH fenolftaleína. 195 Tabela B.6 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação acelerada para concretos de relação a/ag 0,70, com leituras utilizando-se o indicador de pH fenolftaleína. 196 Tabela B.7 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação natural para todos os concretos estudados; com as leituras realizadas após 10 minutos e utilizando-se o indicador de pH amarelo de alizarina GG. 197 Tabela B.8 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação natural para todos os concretos estudados; com as leituras realizadas após 24 horas e utilizando-se o indicador de pH amarelo de alizarina GG. 198 xvii Tabela B.9 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação natural para todos os concretos estudados; com as leituras realizadas após 10 minutos e utilizando-se o indicador de pH fenolftaleína. 199 Tabela B.10 – Resultados individuais do coeficiente de carbonatação natural para todos os concretos estudados; com as leituras realizadas após 24 horas e utilizando-se o indicador de pH fenolftaleína. 200 Tabela B.11 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de coeficiente de carbonatação acelerada, para os fatores considerados no modelo estatístico. 201 Tabela B.12 – Resultados da análise de variância realizada com os dados individuais de coeficiente de carbonatação natural, para os fatores considerados no modelo estatístico. 202 ANEXO C Tabela C.1 – Distribuição de Fisher - valores de F tabelado (Ftab) para α = 0,05. 205 xviii RESUMO A corrosão da armadura pode ser iniciada quando a barreiraquímica, decorrente da alta alcalinidade do concreto, perde sua eficácia. Isto pode ocorrer pela penetração do gás carbônico na camada de cobrimento, que reduz o pH da solução do poro e desestabiliza a película de passivação da armadura. Neste sentido, o presente trabalho investiga a influência das adições minerais na durabilidade do concreto de cobrimento sujeito à carbonatação. Assim, concretos compostos com adições minerais, tais como sílica ativa, metacaulinita, cinza de casca de arroz, escória de alto-forno e cinza volante, foram submetidos a uma avaliação experimental, desenvolvida no Centro Tecnológico de Engenharia Civil de Furnas Centrais Elétricas S.A., em Goiânia, visando conhecer a capacidade de proteção do cobrimento frente à corrosão da armadura induzida por carbonatação do concreto. Para tanto, corpos- de-prova de concretos com essas cinco adições minerais e mais a situação de referência (sem adição), sob três relações água/aglomerante (0,40, 0,55 e 0,70) e dois procedimentos de cura (cura úmida e cura ao ar), foram objeto de um estudo de desempenho frente à ação de carbonatação, mediante processo acelerado ao longo do tempo em câmara climática com teor de CO2 em torno de 5%. Deste estudo, procedeu-se uma avaliação comparativa de desempenho dos diversos concretos contendo adições minerais, tendo-se como base os valores calculados dos coeficientes de carbonatação, que a rigor representam a taxa ou velocidade do avanço da frente carbonatada no concreto de cobrimento. Foram também analisados os comportamentos dos concretos quanto à resistência à compressão, módulo de deformação, absorção de água por imersão e absorção de água por capilaridade, além de monitoramento do potencial eletroquímico de corrosão, resistividade elétrica superficial e absorção/permeabilidade pelo método do cachimbo, durante o estudo de carbonatação. Por último realizou-se uma análise da microestrutura dos concretos por microscopia eletrônica de varredura e por difratometria de raios X. Os resultados mostraram que existem diferenças significativas de comportamento entre os concretos com adições e que nem sempre as adições minerais causam prejuízo de desempenho no que se refere à carbonatação; ao contrário, foi verificado que as adições minerais metacaulinita e sílica ativa proporcionaram ganhos de desempenho aos concretos. xix ABSTRACT Corrosion of reinforcing steel may initiate if the chemical barrier (as a result of high alkalinity of the concrete) ceases to be effective. This can occur when the concrete cover is penetrated by carbon dioxide, which decreases the pH values of the pore solution and the passivating film becomes unstable. From this point of view, the present work deals with the influence of mineral additions on the concrete cover durability subject to carbonation phenomenon. Thus, concretes incorporating silica fume, metakaolin, rice husk ash, blast-furnace slag or fly ash underwent an experimental research (developed at the Civil Engineering Technologic Center of Furnas Centrais Elétricas S.A., in Goiânia, Brazil), whose purpose was to verify the protection capacity of the covercrete against carbonation. To this end, concrete specimens, featuring with those supplementary cementitious materials, with different water/binder ratios (0,40, 0,55 and 0,70) and under two curing conditions (moist-cured for 28 days and dry-cured), were analyzed in relation to carbonation after a period of 91 days of age. They were introduced in a climatic control chamber of about 5% CO2 concentration, with the purpose of accelerating the concrete carbonation. A comparative evaluation was carried out concerning the performance of the concrete blended with mineral additions by means of calculated carbonation coefficients, which represent the carbonation rate. The concretes behaviors were analyzed so for the compressive strength, static modulus of elasticity, immersion water absorption and capillary water absorption, as for the half-cell potentials, superficial apparent electrical resistivity and water absorption/permeability by the “pipe” method. Also, the concrete microstructure was analyzed by using the scanning electronic microscopy (SEM) and X-ray diffraction (XRD) methods. The general results have shown that there are significant differences among the concrete blended with mineral additions and, with regard to carbonation, the mineral additions neither always cause damages of performance; on the contrary, it was verified that metakaolin and silica fume have increased the concrete performance. INTRODUÇÃO Esta pesquisa teve origem em um projeto integrado sobre as “características do concreto de cobrimento e o seu papel na durabilidade das estruturas de concreto armado” (CARASEK & CASCUDO, 2001), desenvolvido pela Universidade Federal de Goiás em conjunto com Furnas Centrais Elétricas; tendo como tema geral a durabilidade do concreto de cobrimento e como variáveis as adições minerais (em substituição parcial ao cimento), os procedimentos de cura e a relação água/aglomerante. O projeto em referência corresponde a quatro dissertações de mestrado que englobam a influência das condições de moldagem na camada de cobrimento (BRAUN, 2003), a influência das condições de cura nas características do cobrimento (PAULA COUTO, 2003), a influência das adições minerais e seu efeito na corrosão de armaduras induzidas por cloreto (FERREIRA, 2003), além da presente pesquisa, sobre a influência das adições minerais na durabilidade do concreto sujeito à carbonatação. Estes trabalhos são orientados pelos professores Dra. Helena Carasek e Dr. Oswaldo Cascudo, que, juntamente com os autores das dissertações, formam o Grupo de Estudos em Durabilidade (GEDUR) ligado ao Curso de Mestrado em Engenharia Civil da Universidade Federal de Goiás (CMEC - UFG). I N T R O D U Ç Ã O 2 Justificativa e Importância do Tema A durabilidade das estruturas de concreto tem sido uma das principais preocupações das pesquisas atuais tendo em vista a predição da vida útil. Entre os temas mais pesquisados que integram os modelos de durabilidade e de vida útil das estruturas de concreto destaca-se a corrosão das armaduras, seja por carbonatação ou ataque de cloretos, por ser a manifestação patológica que mais danos causa, não só pelos aspectos econômicos envolvidos como pelas dificuldades das técnicas de recuperação e sua eficácia em longo prazo. Nesse contexto, a carbonatação tem sido um assunto bastante pesquisado atualmente por se tratar de um processo que pode levar à despassivação da armadura e propiciar o início da sua corrosão (ISAIA et al., 1998). Quanto ao uso de adições minerais no concreto, sabe-se que elas influenciam significativamente a resistência do concreto ao ataque químico, em conseqüência não apenas de alterações de natureza química na pasta de cimento hidratada, mas também de modificações em sua microestrutura. No caso específico da carbonatação, estas alterações químicas da pasta acelerariam o processo de carbonatação, podendo prejudicar a durabilidade das estruturas. Entretanto, quando analisadas conjuntamente com as alterações microestruturais, torna-se muito difícil predizer o comportamento do concreto, pois as adições minerais conferem-lhe uma permeabilidade substancialmente reduzida, influenciando assim os mecanismos de transporte, entre eles a absorção de água e difusão de gás carbônico e oxigênio, agentes diretamente ligados à despassivação e corrosão das armaduras. Ainda sobre o uso de adições, SABIR et al. (2001) destacam que o mais importante passo do desenvolvimento do concreto, neste último século, foi o início da utilização de subprodutos industriais na produção do concreto, como a cinza volante, escória de alto-forno e sílica ativa. Esta utilização é agora estendida a outros resíduos, como acinza de casca de arroz e a metacaulinita. Hoje em dia é usualmente aceito que, ao serem projetadas estruturas de concreto, as características de durabilidade devam ser avaliadas com o mesmo cuidado que os outros aspectos de projeto, tais como as propriedades mecânicas e o custo inicial. O aumento no custo de reparos e reposições de estruturas e a ênfase crescente em objetivar o custo das estruturas ao longo de sua vida útil, não apenas seu custo inicial, I N T R O D U Ç Ã O 3 estão forçando os engenheiros a tomarem consciência dos aspectos de durabilidade. Segundo MEHTA & MONTEIRO (1994), estima-se que acima de 40% do total dos recursos da indústria de construção sejam aplicados no reparo e manutenção de estruturas já existentes. Neste contexto, a durabilidade é uma meta buscada por praticamente todos os grupos de pesquisa espalhados em universidades, institutos de pesquisa e demais instituições que atuam na área de ciência e tecnologia do concreto. Entretanto, conforme CARASEK & CASCUDO (2001), esses estudos têm explorado muito pouco as características do concreto de cobrimento, elemento de fundamental importância para a conservação das estruturas, uma vez que regerá, em primeira instância, os mecanismos de transporte que levam líquidos, íons e gases para o interior do material. Sabe-se que o cobrimento assume características peculiares que o diferem do concreto confinado nas partes mais internas dos elementos estruturais. Estas diferenças se dão em função de vários aspectos, dentre os quais pode-se citar a absorção promovida pelas fôrmas, a evaporação de água para o ambiente e o efeito parede. Neste sentido, torna- se muito importante que os estudos se aprofundem nas características e propriedades do concreto de cobrimento e que as relacionem com desempenho e vida útil dos elementos estruturais (CARASEK & CASCUDO, 2001). Especificamente voltado ao combate da corrosão de armaduras, o cobrimento exerce um papel de enorme relevância, pois além de representar uma proteção física, por barreira, contra a entrada de agentes agressivos, ele fornece, dada a elevada alcalinidade da pasta de cimento, condições favoráveis à formação da película de passivação do aço, propiciando assim a proteção química das armaduras. No entanto, durante a vida útil de serviço de uma estrutura de concreto o gás carbônico presente na atmosfera pode reagir com os compostos da pasta de cimento formando produtos de menor alcalinidade que os compostos originais e, em conseqüência, a película de proteção pode ser removida, deixando a armadura vulnerável à corrosão. Esse processo se caracteriza pela existência de uma “frente” de avanço, que separa duas zonas com pH diferentes, de modo que apenas quando essa frente atinge as proximidades da superfície do aço é que a proteção química do cobrimento é eliminada. Destaca-se, então, a grande importância do estudo do concreto de cobrimento sujeito à ação da carbonatação. Mediante o acompanhamento do efeito das adições minerais e do tipo de cura sobre as características microestruturais do concreto de cobrimento, espera-se obter um I N T R O D U Ç Ã O 4 melhor entendimento sobre o comportamento das adições em relação ao fenômeno da carbonatação do concreto. Objetivos da Pesquisa Esta pesquisa tem como objetivo geral estudar as características e propriedades do concreto de cobrimento ligadas à durabilidade, avaliando principalmente a influência das adições minerais, da relação água/aglomerante e da cura. Considerando estas variáveis, o estudo visa verificar a capacidade de proteção do cobrimento frente à corrosão de armaduras induzida por carbonatação do concreto. São objetivos específicos: • Avaliar o desempenho de diferentes concretos quanto à carbonatação, tendo em vista as adições minerais e o tipo de cura, com variação da relação água/aglomerante; • Avaliar qualitativamente a corrosão da armadura no concreto pelas técnicas de potencial de corrosão e resistividade elétrica, relacionando-as com os tipos de adições, cura e efeito da carbonatação; • Promover uma caracterização consistente dos diferentes concretos, enfocando tanto as propriedades mecânicas como aquelas relacionadas aos mecanismos de transporte e de durabilidade, de modo a dar suporte à discussão do estudo de desempenho quanto à carbonatação; • Verificar as alterações microestruturais da pasta de cimento em decorrência das adições minerais, bem como em função da carbonatação. I N T R O D U Ç Ã O 5 Estrutura do Trabalho Este trabalho encontra-se estruturado em cinco capítulos, de modo que o Capítulo 1 apresenta uma revisão da literatura sobre os principais aspectos do fenômeno de carbonatação do concreto, discutindo o mecanismo e as reações, bem como os principais fatores intervenientes no processo. É feita, também, uma breve abordagem sobre a estimativa da profundidade da frente de carbonatação e a mensuração dessa frente pela técnica de aspersão de indicadores de pH. Em seguida é apresentada uma revisão concisa sobre as principais alterações promovidas pelas adições minerais ao concreto, destacando- se as alterações na microestrutura do sistema de poros, na quantidade de hidróxido de cálcio da pasta hidratada e no potencial hidrogeniônico da água de poro. O Capítulo 2 apresenta a metodologia empregada no programa experimental, abrangendo as variáveis de estudo, a descrição dos materiais utilizados, o preparo do concreto, o corpo-de-prova e os métodos estabelecidos para avaliar as propriedades do concreto. No Capítulo 3 são apresentados os resultados da pesquisa e as discussões referentes a eles. Este capítulo aborda, primeiramente, as análises referentes às propriedades de caracterização do concreto endurecido, quais sejam, resistência à compressão, módulo de deformação, absorção de água por imersão e absorção de água por capilaridade. Em seguida tem-se a avaliação da velocidade de carbonatação dos diversos concretos contendo adições minerais, mediante processo acelerado de carbonatação em câmara climática. Também são apresentados e discutidos os resultados dos ensaios de monitoramento, a saber: potencial eletroquímico de corrosão, resistividade elétrica superficial e absorção/permeabilidade pelo método do cachimbo. Por último, são analisados os resultados da microscopia eletrônica de varredura e da difratometria de raios X, promovendo-se a inter-relação destes resultados com o comportamento verificado no estudo da carbonatação. No Capítulo 4 é procedida uma análise e discussão global dos resultados, com o intuito de fornecer uma visão consolidada dos vários estudos realizados, buscando razões e explicações plausíveis para os resultados obtidos, principalmente no que concerne ao efeito das adições. Por fim, no Capítulo 5 são apresentadas as conclusões, bem como as sugestões para futuras pesquisas extraídas do trabalho realizado. CAPÍTULO 1 - REVISÃO DA LITERATURA Neste capítulo é apresentada uma revisão da literatura sobre o processo de carbonatação do concreto, ressaltando-se a importância da carbonatação dentro do estudo da durabilidade do concreto armado. Este capítulo se divide em três itens principais: carbonatação do concreto; influência das adições minerais no concreto e carbonatação do concreto com adições minerais. No primeiro item é feita uma revisão acerca do fenômeno de carbonatação, destacando os principais fatores intervenientes e as principais alterações provocadas no concreto. Comenta-se, também, a adequação de modelos matemáticos como estimativa da profundidade de carbonatação, citando alguns dos principais trabalhos realizados nessa área. Além disso, é dado um destaque à técnica de aspersão de indicadores de pH, apresentando os principais indicadores utilizados. No segundo item são discutidas as alterações das propriedades do concretopelo uso de adições minerais, sendo, inicialmente, apresentada uma breve explicação das reações ocorridas entre as adições minerais e os produtos de hidratação do cimento e, subseqüentemente, apresentadas as principais alterações causadas pelas adições minerais, quais sejam, refinamento microestrutural, alteração no potencial hidrogeniônico (pH) da água dos poros e redução da reserva alcalina1 da pasta hidratada. Por último, é discutida a influência das alterações promovidas pelas adições minerais no processo de carbonatação do concreto. 1 O termo reserva alcalina, utilizado nesta revisão bibliográfica, refere-se à quantidade de hidróxido de cálcio (CH) da pasta hidratada, considerando o efeito das reações de hidratação e pozolânicas. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 7 1.1 CARBONATAÇÃO DO CONCRETO 1.1.1 O FENÔMENO DA CARBONATAÇÃO Diversos pesquisadores - KAZMIERCZAK (1995), NEVILLE (1997) e ROY et al. (1999) - explicam a carbonatação do concreto como sendo um fenômeno natural decorrente da existência de gás carbônico (CO2) na atmosfera, em concentrações que variam da ordem de 0,03%, em ambientes rurais, a 0,30%, em grandes cidades e em lugares fechados e pouco ventilados (como, por exemplo, garagens de edifícios). Assim, a carbonatação do concreto assume maior importância nos centros urbanos e regiões industrializadas, devido aos maiores teores de CO2 ambiente. O fenômeno da carbonatação envolve diversos processos físico-químicos, a saber: difusão do CO2 gasoso nos poros do concreto; dissolução e difusão do hidróxido de cálcio na água dos poros; dissolução do CO2 na água dos poros e a reação com o hidróxido de cálcio. Também ocorre a reação do CO2 com os álcalis dissolvidos e com os outros produtos de hidratação do cimento, fases silicatos e aluminatos hidratadas, que são menos solúveis (PAPADAKIS et al., 1991; PAPADAKIS, 2000a). Essas reações são apresentadas a seguir. a) Reação de dissolução do CO2 na água dos poros. Nesta reação (Equação 1.1) ocorre a formação e ionização do ácido carbônico, que na primeira etapa libera o íon bicarbonato e na segunda etapa libera o íon carbonato. Como simplificação, considera-se que apenas o íon carbonato participa do processo de carbonatação. CO2 + H2O ⇔ H2CO3 ⇔ H+ + HCO3- ⇔ 2H+ + CO32- (1.1) b) Reação de dissolução do hidróxido de cálcio (Ca(OH)2) na água dos poros e posterior reação com os íons carbonato (íon CO32-). Estas reações estão apresentadas nas Equações 1.2 e 1.3, respectivamente (ISHIDA & MAEKAWA, 2001), tendo-se como produto a precipitação do carbonato de cálcio (sal de baixa solubilidade). Ca(OH)2 + H2O ⇔ Ca2+ + 2OH- (1.2) Ca2+ + CO32- CaCO3 (1.3) H2O R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 8 As equações apresentadas anteriormente explicam a reação entre o Ca(OH)2 e o CO2, que é considerada a reação principal da carbonatação do concreto. Isto se deve à grande quantidade de CH2 na pasta hidratada, que constitui entre 20% e 25% do volume de sólido, conforme MEHTA & MONTEIRO (1994), e também à sua maior solubilidade em comparação a outros produtos da pasta hidratada, como o silicato de cálcio hidratado (C-S-H). Em geral esse conjunto de reações é comumente representado pela Equação 1.4. Ca(OH)2 + CO2 CaCO3 + H2O (1.4) Contudo, a ação do CO2 sobre os constituintes do cimento é complexa, pois não se limita ao hidróxido de cálcio, atacando também os silicatos e os aluminatos de cálcio hidratados, segundo as reações apresentadas pelas Equações 1.5 e 1.6 (SIERRA & SOUZA, 1998). 3CaO.2SiO2.3H2O + 3CO2 3CaCO3 + 2SiO2 + 3H2O (1.5) 4CaO.Al2O3.13H2O + 4CO2 4CaCO3 + 2Al(OH)3 + 10H2O (1.6) TAYLOR (1997) descreve que a carbonatação dos produtos de hidratação do cimento resulta, além do carbonato de cálcio, em géis de sílica e alumina. O C-S-H é inicialmente descalcificado, diminuindo sua relação Ca/Si, e posteriormente é convertido em sílica gel. Os aluminatos hidratados C4AHx são convertidos rapidamente em x4 HCAC e posteriormente em alumina gel, enquanto que a etringita e o monossulfato produzem alumina gel e gipsita. Na solução dos poros do concreto estão presentes ainda os álcalis do cimento (sódio e potássio) que também são passíveis de carbonatação, conforme apresentado nas Equações 1.7 e 1.8. 2NaOH + CO2 Na2CO3 + H2O (1.7) 2KOH + CO2 K2CO3 + H2O (1.8) 2 Notação abreviada utilizada na química do cimento, onde: CH - hidróxido de cálcio. Outras abreviaturas comumente usadas são: H - água; C - óxido de cálcio; S - óxido de silício; A - óxido de alumínio; F - óxido de ferro; S - óxido de enxofre; C - óxido de carbono. Além dos compostos: C-S-H - silicato de cálcio hidratado de composição não especificada; CxAHy - aluminato de cálcio hidratado; yx HCAC - carboaluminato de cálcio hidratado e outras combinações. H2O H2O H2O H2O H2O R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 9 SATO (1998) menciona que a solubilidade do CH é limitada pela quantidade de íons hidroxila (OH-) na solução de poros e, que em razão da maior solubilidade dos álcalis, eles limitam a dissolução do CH, reduzindo com isto, a velocidade de carbonatação deste composto. Entretanto, segundo STEFFENS (2000), os álcalis formam carbonatos solúveis que se dissociam facilmente, liberando o íon carbonato para reações posteriores, como pode ser observado na Equação 1.9, que exemplifica a dissociação do carbonato de potássio. K2CO3 + 2OH- ⇔ 2KOH + CO32- (1.9) As Figuras 1.1 e 1.2 ilustram aspectos da pasta de cimento sob efeito da carbonatação, em especial micrografias de alguns compostos de hidratação do cimento atacados pelo gás carbônico. Figura 1.1 – Micrografias de cristais de CH: (a) superfície lisa do cristal de CH antes da carbonatação e (b) cristal de CH rodeado de C-S-H; nota-se a formação de produtos sobre a superfície do cristal (HÄUßLER et al., 2000). Figura 1.2 – Micrografias de carbonatação dos compostos do cimento: (a) camada de CaCO3 (espessura de 26 nm) sendo formada sobre o CH (exposto em ambiente com 0,03% de CO2, por 38 dias) e (b) cimento hidratado, completamente carbonatado (exposto em ambiente úmido com 0,03% de CO2, por 5 dias) (HÄUßLER et al., 2000). a b b a R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 10 Quanto a eventuais prejuízos de durabilidade provocados pelo processo de carbonatação, pode-se afirmar que a carbonatação por si mesma não causa deterioração do concreto, mas ocasiona efeitos importantes. A principal conseqüência em relação à durabilidade do concreto, mais precisamente do concreto armado, é a redução do potencial hidrogeniônico (pH) da pasta, que passa de pH normalmente acima de 12 para pH abaixo ou em torno de 9. Uma característica desse processo é a existência de uma “frente de carbonatação”, que separa essas duas zonas de pH. Essa frente avança progressivamente para a interior do concreto e deve ser sempre mensurada com relação à espessura do concreto de cobrimento da armadura, pois caso atinja a armadura, provocará a alteração das condições de estabilidade química da película passivadora do aço e, conseqüentemente, sua despassivação (CASCUDO, 1997). A despassivação e o risco de corrosão da armadura são tratados no subitem 1.1.5 com maiores detalhes. Outra conseqüência da carbonatação é a alteração da permeabilidade e do volume de poros do concreto, em razão das alterações microestruturais causadas pelas reações químicas descritas anteriormente. Nos trabalhos de NGALA & PAGE (1997), CLAISSE et al. (1999) e JOHANNESSON & UTGENANNT (2001), foram observadas reduções da porosidade total da pasta de cimento, causadas pela precipitação do CaCO3. Este composto possui volume maior que dos hidratos responsáveispor sua formação; sendo aproximadamente 11% maior que o CH, de modo que com a carbonatação normalmente há uma colmatação dos poros, conforme LEA (1970). NGALA & PAGE (1997), entretanto, mesmo verificando a redução da porosidade total, observaram também um aumento da porosidade capilar (poros de diâmetros maiores que 30 nm) em conseqüência da decomposição do C-S-H, talvez causado pela exposição prolongada ao CO2 na câmara de carbonatação; no caso do processo natural de carbonatação, este efeito seria detectado em ambientes com teores muito elevados de CO2. JOHANNESSON & UTGENANNT (2001) alertam para uma possível microfissuração na zona carbonatada, causada pela expansão volumétrica do produto da carbonatação, devido à conversão do CH em CaCO3. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 11 No estudo de DIAS (2000), sobre o efeito da carbonatação na sortividade3 do concreto, observa-se uma redução da porosidade capilar e da sortividade, justificadas pelo aumento do volume dos sólidos da pasta. CLAISSE et al. (1999) apresentam um quadro resumo sobre os efeitos da carbonatação, no qual prevêem uma redução dos coeficientes dos mecanismos de transporte, o que reduziria significativamente a entrada de íons sulfato, cloreto e do próprio CO2. Nos trabalhos mencionados observam-se ressalvas e divergências sobre os efeitos da carbonatação; com isso torna-se muito difícil predizer as alterações na porosidade, bem como nos mecanismos de transporte, quando ocorre a carbonatação do concreto. Existem ainda outros efeitos da carbonatação, os quais não são objetos dessa pesquisa, sendo portanto mencionados de forma sucinta. A carbonatação provoca também retração no concreto. A retração por carbonatação é causada por dois mecanismos: (1) perda de moléculas de água na reação principal de carbonatação; (2) diminuição de volume na pasta de cimento endurecida, com a dissolução do Ca(OH)2 em zonas onde ele está sob tensão e a precipitação do CaCO3 em espaços não sujeitos a tensão. A retração por carbonatação aumenta a parcela de retração irreversível e pode contribuir para a fissuração generalizada da superfície exposta do concreto (LEA, 1970; NEVILLE, 1997). Lembrando que, como mencionado anteriormente, o composto CaCO3 possui maior volume que o Ca(OH)2; todavia aqui se refere a outro processo, o de redução do volume da pasta hidratada, conforme o mecanismo explicado. NEVILLE (1997) cita que a água liberada pela reação de carbonatação pode ajudar na hidratação do cimento, o que resultaria numa maior dureza superficial, menor permeabilidade superficial e menor movimentação de umidade. Ele comenta ainda que o uso de “pré-carbonatação” em elementos pré-moldados constitui-se em uma aplicação prática visando à obtenção dos referidos efeitos. A carbonatação ainda é responsável pela variação de massa no concreto, em que para cada mol de Ca(OH)2 que se transforma em CaCO3 ocorre um ganho de massa de 35% (DIAS, 2000), implicando, desta forma, em aumento de massa da região carbonatada. 3 Tradução do termo sorptivity, propriedade da sorption. Sorção é o fenômeno simultâneo de adsorção e absorção, que é o resultado dos movimentos de massa (principalmente vapor d´água) nos poros capilares abertos ao ambiente (NEVILLE, 1997). Sortividade, por sua vez, é o índice ou taxa de transporte de umidade dentro de um espécime não saturado (DIAS, 2000), ou seja, é a sorção ao longo do tempo. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 12 Outro efeito da carbonatação é a alteração da resistividade elétrica do concreto, originando uma camada de alta resistividade, em decorrência da colmatação dos poros e da redução de pH da fase líquida intersticial (CASCUDO, 1997). Este efeito altera a cinética de corrosão das armaduras, dificultando a movimentação iônica no eletrólito e, conseqüentemente, diminuindo a taxa de corrosão. 1.1.2 FATORES INTERVENIENTES NA CARBONATAÇÃO Conforme explicado, a carbonatação se dá progressivamente das camadas mais externas para o interior do concreto. Este processo ocorre a uma velocidade decrescente, pois o CO2 tem que se difundir através do sistema de poros, incluindo a região já carbonatada da superfície do concreto. Os fatores que intervêm na velocidade de carbonatação são todos aqueles ligados às condições de exposição, quais sejam, concentração de CO2 e umidade relativa (os quais estão diretamente ligados ao mecanismo de difusão); bem como aqueles relacionados às características microestruturais do concreto, quais sejam, composição química do aglomerante (cimento e adição mineral, se for o caso), composição do concreto (relações água/aglomerante e agregado/cimento) e cura do concreto. São, na seqüência, apresentadas considerações sobre essas duas categorias de fatores que intervêm na velocidade de carbonatação. 1.1.2.1 FATORES LIGADOS ÀS CONDIÇÕES DE EXPOSIÇÃO Conforme mencionado anteriormente, os principais fatores ligados às condições de exposição do concreto são: umidade do concreto, decorrente da umidade relativa do ambiente onde se encontra a estrutura; e concentração de gás carbônico, seja a concentração ambiente ou um teor mais elevado no caso de ensaios acelerados. SATO (1998) explica que a quantidade de água retida pelo concreto é resultado da umidade adsorvida e condensada nos vazios interlamelares e da umidade apenas adsorvida nos poros maiores. Essa quantidade de umidade, adquirida pelo concreto quando exposto a uma determinada umidade relativa ambiente, é denominada “umidade de equilíbrio”. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 13 A influência da umidade na carbonatação do concreto pode ser explicada por três situações básicas. No caso de um concreto muito úmido, com seus poros totalmente preenchidos com água, a difusão torna-se um processo bastante lento, pois a difusão do CO2 através da água é quatro ordens de grandeza mais lenta do que através do ar. Por outro lado, se a água dos poros for insuficiente, sistema com poros secos, o CO2 não se dissocia e portanto não reage com o cimento hidratado (NEVILLE, 1994). Finalmente, se os poros estiverem apenas parcialmente preenchidos com água, que é normalmente o que ocorre próximo à superfície do concreto, a frente de carbonatação avança até profundidades onde os poros do concreto apresentarem essa condição favorável (CASCUDO, 1997). PAPADAKIS et al. (1991; 1992) analisaram o avanço da carbonatação em concretos sob diversas condições de umidade ambiente (entre 40% e 80%) e observaram as maiores profundidades de carbonatação para as umidades entre 50% e 65%. ROY et al. (1999) realizaram estudos semelhantes e observaram que o aumento da umidade de 52% para 75% aumentou significativamente a profundidade de carbonatação. ROSENBERG et al., citados por CASCUDO (1997), estudaram a influência da umidade relativa do ambiente na taxa de carbonatação e apresentaram a relação exibida pela Figura 1.3. Nela pode-se observar uma maior percentagem de carbonatação para as umidades relativas entre 50% e 70%. Figura 1.3 – Grau de carbonatação em função da umidade relativa do ambiente (ROSENBERG et al. citado por CASCUDO, 1997). Quanto à influência da concentração de CO2, ISAIA (1995) reuniu em sua revisão bibliográfica várias pesquisas de diversos autores (realizadas entre 1983 e 1994) e verificou, por meio de regressão linear, a existência de uma grande correlação (coeficiente de determinação de 93%) entre a profundidade de carbonatação e a raiz quadrada do R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 14 produto entre a concentração molar do CO2 e o tempo de exposição. Deve ser destacado que uma maior concentração de CO2, por si só, não é responsável pela maior profundidade de carbonatação, pois ela depende, assim como os demais fatores, do tempo de exposição. De acordo com KAZMIERCZAC (1995) e TEIXEIRA(2002), a concentração de gás carbônico passa a ter uma influência significativa nos ensaios de carbonatação acelerada, gerando controvérsias quanto ao seu emprego, principalmente se consideradas as concentrações geralmente usadas (entre 4% e 100%), que acabam destoando muito do que se encontra no ambiente. MEHTA & MONTEIRO (1994) alertam para possíveis alterações na microestrutura da pasta hidratada em decorrência de elevados teores de gás carbônico. Concentrações muito altas possibilitariam a transformação de carbonato de cálcio (insolúvel) em bicarbonato de cálcio (solúvel), gerando, assim, microestruturas diferentes daquelas apresentadas sob condições normais de exposição. 1.1.2.2 FATORES LIGADOS À MICROESTRUTURA DO CONCRETO PARROT citado por MITRE et al. (2002) resume bem a influência da estrutura física da pasta de cimento na carbonatação do concreto; ele relata que quanto maior o tamanho médio dos poros e maior a interconectividade entre eles, maior será a facilidade de difusão do CO2 e, conseqüentemente, a velocidade de carbonatação. Sabe-se que esses fatores são definidos principalmente pela relação água/cimento (a/c), grau de hidratação, tipo de cimento e adições. PAPADAKIS et al. (1991) concluem que a distribuição dos tamanhos de poros depende principalmente da relação a/c e que a presença de agregados não afeta significativamente os valores da difusividade efetiva do CO2 (cuja barreira formada pelas partículas dos agregados se contrapõe à maior porosidade decorrente da presença da interface pasta-agregado). PAPADAKIS (2000a) menciona que relações a/c menores que 0,45 apresentam sistema de poros finos e pouco conectados, o que leva a menores taxas de difusão de íons e moléculas. CHAUSSADENT et al. (2000) analisando o efeito da relação a/c entre 0,25 e 0,60 nas características microestruturais da pasta de cimento, observaram que, para um mesmo grau de hidratação (obtido por análise de imagens e quantidade de água quimicamente combinada), quando a relação a/c aumenta ocorre uma redução da relação R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 15 Ca/Si do C-S-H e que o cálcio precipita-se em CH mais facilmente. Observaram ainda que as pastas com relação a/c igual a 0,60 resultaram uma elevada porosidade total e que o hidróxido de cálcio destas pastas apareceu na forma de grandes cristais (80 µm a 120 µm). No tocante à relação agregado/cimento, quanto maior o seu valor, menor a quantidade de compostos passíveis de carbonatação no concreto, conseqüentemente, a profundidade de carbonatação aumenta (PAPADAKIS et al., 1991). Em relação à influência da composição do aglomerante, ou seja, tipos e teores de cimento e adição mineral, sabe-se que esse fator interfere na microestrutura (porosidade, distribuição dos tamanhos de poros e interconectividade dos poros) e também altera a quantidade de compostos passíveis de carbonatação (resultantes da hidratação do cimento e das reações pozolânicas). Este fator interveniente e sua complexidade são tratados nos itens 1.2 e 1.3. Um outro fator de grande influência na carbonatação é a cura do concreto. BALAYSSAC et al. (1995) concluem que as condições de cura, particularmente o tempo de cura, têm larga influência na durabilidade dos concretos. Observaram que o aumento do período de cura de 1 dia para 3 dias aumentou o desempenho contra o avanço da carbonatação em 10%, para concretos com teor de cimento de 300 kg/m³, e em 50%, para concretos com teor de cimento de 420 kg/m³. É importante mencionar que há uma inter-relação muito forte dos fatores ligados à estrutura de poros e às condições de exposição (umidade), conforme ilustrado na Figura 1.4. Figura 1.4 – Interferência das características microestruturais e das condições de umidade no mecanismo de difusão através do concreto. Adaptado de TUUTTI (1982). R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 16 De acordo com SATO (1998), os concretos com estrutura de poros mais refinada (maior proporção de poros menores) retêm maior quantidade de água que os concretos com maior proporção de poros maiores. Por outro lado, sabe-se que os concretos de microestrutura menos compacta (com maior porosidade aberta ao meio) possuem maior facilidade de entrada e saída de água. Outro ponto relevante do trabalho de SATO (1998) diz respeito ao conceito de raio crítico, dimensão do poro em que ocorre a coalescência dos filmes de água adsorvida nas paredes do poro. Este fato implica em alteração do mecanismo de difusão e, conseqüentemente, do processo de carbonatação. Portanto, as características microestruturais do concreto (intrínsecas a cada tipo de concreto) resultam em comportamentos complexos, sendo que concretos sob uma mesma condição de umidade ambiente podem desenvolver umidades internas diferentes e, dependendo do grau de refinamento de suas microestruturas, pode ocorrer ou não a saturação dos poros. 1.1.3 ESTIMATIVA DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO O mecanismo de transporte do dióxido de carbono através do concreto e a taxa de movimento da frente de carbonatação (velocidade de carbonatação) são baseados na lei de difusão de Fick, a qual define que a taxa de movimento é inversamente proporcional à distância da superfície (para geometria unidimensional), expressa pela Equação 1.10 (BROOMFIELD, 1997). x D dt dx 0= , (1.10) onde: dx/dt = taxa de movimento; x = distância da superfície; t = tempo; D0 = constante de difusão, determinada pela qualidade do concreto. Conseqüentemente, o modelo clássico da carbonatação é também baseado nessa definição de difusão, dado pela Equação 1.11. De acordo com KAZMIERCZAK R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 17 (1995), a simplicidade dessa equação contrasta com a dificuldade de determinar o valor de k, fator que contempla simultaneamente as características do concreto e do ambiente. tk xC = , (1.11) onde: xC = profundidade de carbonatação (geralmente em mm); k = coeficiente de carbonatação (geralmente em mm/ano0,5); t = tempo de exposição (geralmente em anos). Na bibliografia encontram-se diversos estudos com estimativas (modelagens matemáticas) do processo de carbonatação, os quais visam contemplar mais objetivamente a ação dos principais fatores intervenientes no mecanismo da carbonatação, como os trabalhos de TUUTTI (1982), PAPADAKIS et al. (1991; 1992), COMITÉ EURO- INTERNATIONAL DU BETÓN (CEB 238, 1997), BRIEGER & WITTMANN citados por BOULFIZA et al. (s.d.), PAPADAKIS (2000a; 2000b) e ISHIDA & MAEKAWA (2001), além dos diversos modelos propostos por PARROT citado por BROOMFIELD (1997). Dentre estes trabalhos destacam-se os estudos de PAPADAKIS et al. (1991; 1992) e PAPADAKIS (2000a; 2000b), nos quais foram desenvolvidos modelos para concretos de cimento Portland, cimento pozolânico e com adições minerais, sempre considerando a quantidade de compostos passíveis de carbonatação (CH, C-S-H e compostos do cimento anidro) e o efeito das adições minerais (quando presentes). A título de exemplificação, uma das equações propostas por esses autores é a expressada pela Equação 1.12. t S] 2[C S] 3[C 3[CSH] [CH] ][CO2D x 23 2CO2 C +++ = , (1.12) onde: xC = profundidade de carbonatação; DCO2 = difusividade efetiva do CO2, função do grau de saturação dos poros; [CO2] = concentração de CO2. t = tempo de exposição. [C3S], [C2S], [CH] e [CSH] = respectivas concentrações dos compostos do cimento e dos originados das reações de hidratação e pozolânica. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 18 Outro trabalho que merece destaque é o desenvolvido pelo COMITÉ EURO- INTERNATIONAL DU BETÓN (CEB 238, 1997), também pela abrangência dos fatores intervenientes considerados, cuja Equação 1.13 expressa o modelo recomendado pelo boletim de informação número 238. n = t t t a D ∆ckk2k x 0nom321C , (1.13) onde: xC =profundidade de carbonatação; k1, k2, k3 = parâmetros dependentes das condições do microclima (principalmente a umidade do concreto), do procedimento de cura e da relação a/c, respectivamente; ∆c = variação entre as concentrações de CO2 no ambiente e na frente de carbonatação; Dnom = coeficiente de difusão para concreto seco, com ambiente de exposição ao CO2 definido (20oC e UR 65%); a = quantidade de CO2 necessária para carbonatação completa; n = parâmetro dependente das condições de umidade do microclima (dependente das condições de exposição: ambiente interno ou externo); t0 e t = tempo de referência (1 ano) e tempo de exposição. Essas modelagens vêm comprovar a validade do modelo clássico, porque, assim como as equações exibidas anteriormente, praticamente todos os modelos podem ser reduzidos à Equação 1.11, na qual o coeficiente k resume a influência dos diversos fatores intervenientes da microestrutura da pasta e das condições de exposição do concreto. KAZMIERCZAK (1995), no entanto, alerta que geralmente esses modelos não contemplam adequadamente o efeito da saturação dos poros, que pode ocorrer pela incidência direta da chuva ou das variações do grau de saturação, em decorrência das oscilações sazonais de umidade relativa do ar e temperatura; nem contemplam as variações de concentrações de CO2 existentes ao longo do tempo. Ele menciona que as estimativas feitas por esses modelos são, normalmente, superiores à profundidade de carbonatação real (decorrente do processo natural). R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 19 1.1.4 DETERMINAÇÃO DA PROFUNDIDADE DE CARBONATAÇÃO No trabalho de KAZMIERCZAK & ZARA (1996) são discutidos os principais métodos utilizados para a determinação da profundidade de carbonatação, quais sejam, aspersão de indicadores químicos de pH, variação de massa, microscopia óptica, análise térmica diferencial e termogravimetria. As técnicas de análise térmica diferencial (ATD) e termogravimetria (TG) são métodos utilizados para a determinação quantitativa da carbonatação. Para essas análises, uma pequena amostra de argamassa extraída de uma profundidade conhecida é triturada e, em seguida, submetida a um aumento progressivo de temperatura (normalmente até 1000oC). Ao longo desse ensaio são registrados os acréscimos de temperatura e as respectivas perdas de massa (TG), além da diferença de temperatura da amostra em relação ao material de referência (ATD). A análise das curvas geradas permite a determinação dos diversos compostos pela identificação dos picos característicos de cada decomposição (como exemplo, destaca-se a temperatura de decomposição do CaCO3, situada entre 650oC e 850oC) (KAZMIERCZAK, 1995; KAZMIERCZAK & ZARA, 1996). O acompanhamento da variação de massa, resultante da reação de carbonatação (explicado no subitem 1.1.1), também é um método eficiente na mensuração da frente de carbonatação, conforme MANNS & WESCHE e ANDRADE et al., citados por KAZMIERCZAK & ZARA (1996). Todavia, esse método não encontra aplicação em estruturas correntes, ou nas velocidades usuais de carbonatação, em razão de não existir balanças com capacidade e sensibilidade adequadas às massas dos objetos de análise e nem às variações de umidade que eles estão sujeitos (KAZMIERCZAK, 1995). Outra técnica, a microscopia óptica, consiste na observação direta, sob luz polarizada, de lâminas delgadas feitas a partir de seções extraídas do elemento em estudo. A maioria dos compostos da pasta hidratada apresenta cor escura sob a luz polarizada, em virtude da configuração cristalina isótropa, enquanto que o carbonato de cálcio apresenta sua cor natural, cuja configuração cristalina é anisótropa. Portanto, esse método permite a visualização da interface entre as regiões carbonatadas e não carbonatadas do objeto analisado (KAZMIERCZAK & ZARA, 1996). R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 20 KAZMIERCZAK (1995) ainda cita as técnicas de difração de raios X, espectrofotometria com infravermelho e determinação do pH da amostra como recursos complementares utilizados por alguns pesquisadores. Finalmente, tem-se a técnica de aspersão de indicadores químicos de pH, que é o processo mais comum para a determinação da profundidade de carbonatação, em conseqüência de sua praticidade e seu baixo custo. A seguir é feita uma abordagem mais ampla sobre essa técnica. Indicadores de pH, ou indicadores de neutralização, são substâncias que mudam de cor conforme a concentração de íon hidrogênio na solução. A principal característica dos indicadores é a mudança gradual de cor em um pequeno intervalo de pH (usualmente em cerca de duas unidades de pH), denominado intervalo de mudança de cor ou zona de viragem do indicador (JEFFERY et al., 1992). A posição da zona de viragem de cor, na escala de pH, varia em função dos diferentes indicadores; com isto, torna-se necessário a escolha do indicador mais adequado a cada tipo de estudo. No caso da carbonatação do concreto, o indicador mais utilizado é a fenolftaleína, podendo ser utilizados, também, os indicadores timolftaleína e amarelo de alizarina. Na Tabela 1.1 são apresentadas as zonas (faixas) de viragem de cor, o preparo das soluções e algumas características dos indicadores. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 21 Tabela 1.1 – Principais indicadores de pH usados no estudo de carbonatação do concreto. Indicador de pH Fórmula química (estrutural) do reagente Intervalo de mudança de cor a Preparo da solução Fenolftaleína incolor/vermelho carmim faixa de pH 8,3 – 10,0 dissolver 10 g do reagente em 700 cm3 de etanol e diluir em 300 cm3 de água destilada b Timolftaleína incolor/azul faixa de pH 9,3 – 10,5 dissolver 0,4 g do reagente em 600 cm3 de etanol e diluir em 400 cm3 de água destilada c Amarelo de alizarina GG (ácido meta-nitrobenzeno- azo-salicílico) C.I. 14025 amarelo claro/amarelo escuro faixa de pH 10,1 – 12,0 dissolver 1 g do reagente em 100 cm3 de etanol e diluir em 900 cm3 de água destilada d* Amarelo de alizarina R (ácido para-nitrobenzeno- azo-salicílico) C.I. 14030 amarelo/vermelho alaranjado faixa de pH 10,1 – 12,0 dissolver 0,5 g do reagente em 800 cm3 de etanol e diluir em 200 cm3 de água destilada c Referências: a GENERAL CHEMISTRY ONLINE! (s.d.); b RILEM (1988); c JEFFERY et al. (1992); d SOURCERER (s.d.). *Acredita-se que uma menor diluição em água, ou o preparo de solução semelhante a do amarelo de alizarina R, seja mais adequado. Isso permitiria uma evaporação mais rápida da solução excedente aspergida no corpo-de-prova, facilitando o processo de verificação da frente de carbonatação. R E V I S Ã O D A L I T E R A T U R A 22 A técnica, então, consiste na aspersão do indicador em região recém fraturada do concreto, realizada antes que a face exposta pela fratura venha a se carbonatar ao reagir com o CO2 do ar. O contato da solução com o concreto irá evidenciar a região não carbonatada, onde o pH é muito alcalino (ocorrerá a coloração típica do indicador ao valor de pH do concreto próximo a 13), diferenciando-a da região carbonatada (que resultará em aspecto incolor, estando o pH do concreto próximo a 8). Então, realiza-se a mensuração da frente de carbonatação pela observação visual da área carbonatada, utilizando-se preferencialmente um equipamento de precisão (paquímetro). KAZMIERCZAK & ZARA (1996) alertam para alguns cuidados que devem ser tomados durante o processo de execução da fratura e mensuração da frente de carbonatação, e ressaltam que a superfície não deve ser serrada, molhada ou apresentar excesso de poeira, pois estes fatores prejudicam a visualização e podem falsear os resultados; sendo recomendada a limpeza da fratura com pincel ou jato de ar comprimido e a aspersão do indicador em um período não superior a um minuto após a fratura. TEIXEIRA
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