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Trabalho - BIOÉTICA GENÉTICA

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FACULDADE SÃO LUIZ
Ética Especial
Professor: Dr. Aléssio da Rosa
Acadêmico: Alexandre Amorim, Tobias Ribeiro Garcia
Data: 24 ago. 2018
GENÉTICA
1 O QUE É?
A genética é um ramo da ciência que estuda o fenômeno da hereditariedade, da variação dos seres e da evolução. Ela nasceu, como a maioria das ciências empíricas, da observação da natureza e com o decorrer dos anos o processo da genética cresceu ainda mais graças ao abade agostiniano Gregor Mendel, cujos experimentos conduziram à descoberta das leis da hereditariedade, consagrado como o pai da genética.[footnoteRef:1] [1: Cf. CUNHA, Jorge Teixeira da; LEONE, Salvino; PRIVITERA, Salvatore (Coord.). Dicionário de bioética. Aparecida: Editora Santuário, 2001, p. 509. ] 
2 PROBLEMAS ÉTICOS
Os problemas éticos com que se deparam os geneticistas são, em geral, de três categorias: os que ocorrem na prática da medicina genética; os que são suscitados pelo desenvolvimento da nova genética; e os que são de natureza socioética. Esses problemas dizem respeito principalmente à justiça (abortos por questões genéticas, proteção do paciente, etc); à manutenção da confidencialidade da relação médico-paciente; bem como à decisões do que é benéfico ao paciente ou não.[footnoteRef:2] [2: Cf. PESSINI, Leocir; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Problemas atuais de bioética. 6. ed. São Paulo: Loyola: Centro Universitário São Camilo, 2002, P. 205.] 
2.1 Diagnóstico pré-matrimonial e pré-concepcional
Neste caso, o exame genético é indicado para pessoas que são portadoras de genes recessivos (gene cuja característica não está expressa) e que possivelmente, casar-se-iam com outras pessoas portadoras desses mesmos genes, correndo o risco de 25% de possuir uma prole afetada, em outras palavras, de transmitir a mutação aos filhos ocasionando uma deficiência. Sendo assim, o problema reside no fato de que ocorre uma espécie de aborto seletivo, onde casais que correm o risco de terem os filhos deficientes sejam impedidos de os terem.[footnoteRef:3] [3: Cf. SGRESSIA, Elio. Manual de bioética: Fundamentos e ética biomédica. Tradução de Orlando Soares Moreira, 2. ed. vol. 1. São Paulo: Editora Loyola, 2002, p. 239.] 
Bioéticamente é lícito o diagnóstico pré-matrimonial e pré-concepcional. No entanto, tal diagnóstico deve respeitar a liberdade do casal em optar, ou não, pelo mesmo. Sendo assim, o casal assume total responsabilidade pelas consequências.[footnoteRef:4] [4: Cf. SGRESSIA, 2002, p. 239.] 
2.2 Os problemas éticos acerca do projeto genoma humano
No início dos anos 2000, com o avanço da genética, a mesma atingira níveis inimagináveis, que permitiu a possibilidade de um mapeamento de todos os genes dos cromossomas humano, essa iniciativa ficou conhecida como projeto genoma. Graças ao mesmo, seria possível identificar e alterar genes anômalos, bem como fazer cópias numerosas de um determinado gene, ou ainda transplantar uma célula anômala.[footnoteRef:5] [5: Cf. CUNHA; LEONE; PRIVITERA, 2001, p. 510.] 
Todavia, um dos problemas referentes ao projeto genoma humano é o banco de dados provenientes da pesquisa. Esses dados deveriam ser restritos apenas à pesquisas científicas e à justiça, em casos de necessidade, e não aberta ao público.[footnoteRef:6] Outros problemas que surgem da manipulação do DNA humano, é a abertura a questionamentos de grande profundidade moral, teológica e filosófica sobre a possibilidade humana de ultrapassar as barreiras da natureza, postergando os processos naturais de permuta do material genético.[footnoteRef:7] [6: Cf. Ibid., p. 244.] [7: Cf. Ibid., p. 511.] 
2.3 Os problemas éticos referentes à clonagem humana
Um outro problema genético é a clonagem, que consiste em manipular um ovócito, substituindo seu núcleo, por outro de uma célula somática de qualquer tecido do organismo. Contudo, essa célula somática já contém os 46 cromossomos, recebendo assim, o aspecto total do doador do núcleo. Existem dois tipos de clonagem: A clonagem reprodutiva e clonagem terapêutica. A clonagem reprodutiva consiste em produzir uma duplicata de um indivíduo existente, baseando-se na remoção do núcleo de um óvulo e o substituindo por um outro núcleo de outra célula somática. Já a clonagem terapêutica se trata de um procedimento cujos estágios iniciais são idênticos aos da clonagem para fins reprodutivo, divergindo somente no fato do blastocisto não ser introduzido em um útero, mas sendo utilizado em laboratório para produção de células-tronco, que auxiliarão na produção de quaisquer tipos de tecidos celular.[footnoteRef:8] [8: Cf. LEITE, Leonardo. GHENTE. Clonagem "Reprodutiva" X Clonagem "Terapêutica". Disponível em: <http://www.ghente.org/temas/clonagem/index_txr.htm>. Acesso em: 16 ago. 2018.] 
 Há benefícios que se podem extrair desse fenômeno como a clonagem de animais em série para extinguir a fome, ou ainda a manipulação genética de filhos de pais anômalos, etc.[footnoteRef:9] Entretanto, ainda assim, hoje existem muitas leis fundadas na proteção da dignidade da pessoa humana, fazendo referência a sua vida, saúde, liberdade, segurança, etc. Isso no entanto, não impede a clonagem para fins terapêuticos a partir de células tronco, na prevenção de doenças, clonagem de órgãos para transplante. Já no caso da clonagem como meio reprodutivo, apresenta-se um grande problema, tendo em vista que programar o nascimento sob medidas científicas, negando sua identidade, acarretaria em grandes problemas na relação com os familiares, etc. Além do mais, toda pessoa possui a proteção de seu patrimônio genético que tem em vista a proteção do meio ambiente ecologicamente equilibrado, dispondo ao homem uma natureza íntegra de pessoa humana.[footnoteRef:10] [9: Cf. CUNHA; LEONE; PRIVITERA, 2001, p. 153.] [10: Cf. BRAUNER, Maria Claudia Crespo. UFRGS. Clonagem humana: algumas premissas para o debate jurídico. Disponível em: < https://www.ufrgs.br/bioetica/clobrau.htm>. Acesso em: 13 ago. 2018.] 
2.3.1 Posições e seus respectivos autores
2.3.1.1 Steve Jones
Steve Jones é professor de genética e diretor do departamento de biologia da universidade de Londres. Para ele a clonagem não passa de reprodução sem sexo, todas as pessoas são clones provindos de uma divisão celular simples. A clonagem, portanto, para fins terapêuticos, pode se tornar a transformação de técnicas de transplantes, que dependem de doadores de órgãos.[footnoteRef:11] [11: Cf. BBC BRASIL. Tecnologia traz novas possibilidades e dilemas éticos. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2001/010123_clonagem2.shtml>. Acesso em 16 ago. 2018.] 
2.3.1.2 Leo Pessini
Pós-doutor em bioética, posicionado contra a clonagem humana, cita a declaração universal do genoma humano e dos direitos humanos onde relata não serem permitidas práticas contrárias a dignidade humana, como a clonagem reprodutiva. Quanto a clonagem terapêutica, existe o problema da utilização de células tronco-embrionárias que findam na destruição do embrião, não se tratando de um aglomerado de células, mas de um ser humano constituído em dignidade. [footnoteRef:12] [12: Cf. PESSINI, Leocir. PARCERIAS ESTRATÉGICAS. Genética, clonagem e dignidade humana. Disponível em: <http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/viewFile/227/221>. Acesso em 16 ago. 2018. p. 149.] 
REFERÊNCIAS
BBC BRASIL. Tecnologia traz novas possibilidades e dilemas éticos. Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2001/010123_clonagem2.shtml>. Acesso em 16 ago. 2018.
BRAUNER, Maria Claudia Crespo. UFRGS. Clonagem humana: algumas premissas para o debate jurídico. Disponível em: < https://www.ufrgs.br/bioetica/clobrau.htm>. Acesso em: 13 ago. 2018.
CUNHA, Jorge Teixeira da; LEONE, Salvino; PRIVITERA, Salvatore (Coord.). Dicionário de bioética. Aparecida: Editora Santuário, 2001.
LEITE, Leonardo. GHENTE. Clonagem "Reprodutiva" X Clonagem "Terapêutica". Disponível em: <http://www.ghente.org/temas/clonagem/index_txr.htm>. Acesso em: 16 ago. 2018.
PESSINI, Leocir. PARCERIAS ESTRATÉGICAS. Genética, clonageme dignidade humana. Disponível em: <http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrategicas/article/ viewFile/227/221>. Acesso em 16 ago. 2018.
PESSINI, Leocir; BARCHIFONTAINE, Christian de Paul de. Problemas atuais de bioética. 6. ed. São Paulo: Loyola: Centro Universitário São Camilo, 2002.
SGRESSIA, Elio. Manual de bioética: Fundamentos e ética biomédica. Tradução de Orlando Soares Moreira, 2. ed. vol. 1. São Paulo: Editora Loyola, 2002.

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