Buscar

INTELIGÊNCIA COLETIVA PARA EDUCADORE1

Prévia do material em texto

INTELIGÊNCIA COLETIVA PARA EDUCADORES
Pierre Lévy
Para tentarmos entender o que é inteligência coletiva é necessário primeiro fazermos uma retrospectiva histórica, porque se nos concentrarmos somente na situação atual não poderemos entender o que está passando, pois, para entender uma situação, somente olhando uma fotografia não é possível, mas precisamos do filme inteiro, precisamos entender a situação anterior ao estágio atual para entender a situação atua. Qual foi a situação anterior que gerou a situação atual? 
As quatro revoluções culturais.
	Algorítmica 
	Tipográfica 
	Alfabetizado 
	Escriba 
	Economia da informação, humanidades digitais
	Estados-nação, indústria, ciências naturais
	Impérios, regiões universais, filosofia, dinheiro.
	Palácios-templos, agricultura em grande escala, conhecimento sistemático. 
Esse quadro é estático, no entanto devem vê-lo como algo dinâmico, que foi sendo desenvolvido ao longo dos anos. Meu ponto de partida a capacidade do ser humano de manipular símbolos, em contraponto aos animais que apesar de se comunicar, não podem falar, não criam uma história, não falam da arte, não tem uma política, ou seja, não tem um universo simbólico. 
Então se consideramos o que realmente é do ser humano, ou seja, a capacidade de pensar, de criar, de falar, de manipular símbolos, da forma como manipulamos os símbolos, na opinião de Pierre Levy é a chave para compreender a evolução cultural da humanidade. Então a primeira grande mutação na manipulação dos símbolos foi a invenção da escrita, mas não somente a escrita, mas também a arquitetura e a agricultura. Então, quando aconteceu esta primeira revolução cultural, os símbolos foram capazes de conservar-se a si mesmos. Quando falo minhas palavras são levadas pelo vento, mas quando escrevo, a minha ideia, são guardadas para a posteridade, inclusive depois de minha morte. A segunda grande mutação da revolução cultural foi a capacidade de produzir símbolos mais fáceis de se manipular, como por exemplo as primeiras formas de escrita como os hieroglíficos, o alfabeto que somente com 26 signos, nos permite dizer, ou escrever tudo o que queiramos. Ou a criação do sistema numérico indu-arabico que com somente dez cifras, podemos escrever qualquer numeral somente alterando a posição das cifras. Também podemos fazer qualquer operação matemática com essas dez cifras. A terceira grande invenção foi a invenção da imprensa, da fotografia, do rádio, da televisão e de todas as tecnologias que multiplicam ou copiam e ainda distribuem os signos de forma automática. E agora nos encontramos, de fato, no início de uma nova revolução na manipulação dos símbolos, ou seja, uma habilidade que nos permite transformar automaticamente os símbolos. Não só copiá-los, mas transforma-los automaticamente. 
A cada uma dessas etapas corresponde convenções humanas, econômicas, políticas e epistemológicas. O que eu quero dizer é que há uma correspondência entre a etapa básica na qual nos encontramos, na capacidade de manipularmos os símbolos e o tipo de cultura ou civilização na qual vivemos. Então a etapa atual inclui todas as etapas anteriores. O que quero dizer é que nossos símbolos se conservam a si mesmos. Ou seja, ao mesmo tempo que usamos tecnologias muito poderosas que que ajudam copiar e disseminar símbolos, ainda usamos o sistema numérico hindu-arábico. Mas além de todas essas propriedades temos agora uma nova habilidade, a de transformar os símbolos de forma automática. Então o novo espaço comunicacional é ubíquo, contém toda a informação possível, toda a informação real, toda essa informação está interconectada e todas as pessoas se comunicam entre si por meio dessa esfera ubíqua, por meio desta memória coletiva, denominada por Pierre Levy de infoesfera que se encontra em toda as partes. Então, a cada etapa da evolução da história da humanidade corresponde uma etapa da educação. 
Como sabem nas culturas orais não existiam e ainda não existem escolas, as pessoas aprendem por imitação, por observação, por identificação, por viver com as demais pessoas em uma mesma tribo. A escola foi inventada por escribas, que eram a casta profissional, que trabalhavam para os templos e para os palácios da antiguidade e que eram responsáveis por ler e escrever, na antiguidade. Outro detalhe é que estas escolas estavam localizadas próximas dos templos e dos palácios. 
Estas primeiras escolas eram para um grupo muito pequeno de pessoas, para formar profissionais especializados. 
	Vida Real
200.00 anos a.C. até 5.000 a.C.
	Escriba
5000 a.C até 500 d.C
	Liberal 
500 d.C até 1500 d.C.
	Obrigatória 1500 d.C. até 2000 d.C.
	Social
2000 d.C. até ...
	Inteligência emocional e social. Identificação, imitação dos hábitos dos outros membros da tribo
	Pedagogia fundida. Exercícios escolares repetitivos, disciplinas estritas. Escritura, leitura, compreensão, sabedoria e escola primária. Instituições os templos. 
	Pedagogia universalista de elite. Pensamento crítico. Meditação das virtudes. Estudo dos clássicos. Formação teológico-político. Gramatica, dialética, retorica. Instituições acadêmicas monásticas e clericais. 
	Pedagogia de massas. História nacional, literatura e artes. Adaptação as necessidades das indústrias e dos estados-nação. Aprendizagem das ciências naturais. Instituições estatais. 
	Pedagogia social. Aprendizagem permanente de colaboração aberta. Investigação distribuída, interconectada e reflexiva das ciências humanas. Patrimônio comum do conhecimento. 
O seguinte passo com o uso do alfabeto foi nos grandes impérios alfabéticos como o grego, o latino, o arábico ou na Europa da Idade Média, foi o que Pierre Levy, denomina de educação liberal. Neste caso a educação não era para um grupo de profissionais especializados mas para uma elite política, religiosa e econômica. As pessoas estudavam os clássicos eram educadas no pensamento crítico, podiam desenhar, estudavam e proferiam discursos persuasivos, é mais ou menos o mesmo ideal da educação secundaria atual. 
Na época da imprensa que foi também a época do Estado Nação, da econômica industrial, a escola estava destinada a toda a população, era obrigatória para todos e tinha um programa, um currículo homogêneo. Na situação atual, diz Pierre Levy que a pedagogia deveria ser completamente diferente, porque sabemos que o conhecimento evolui muito rapidamente. Há um acesso direto ao conhecimento criado em forma colaborativa na infoesfera, e digamos que o processo de aprendizagem será por toda a vida, de forma colaborativa e não estará necessariamente relacionada com a presença física em uma sala de aula. Também podemos dizer que não existe nenhuma razão na atualidade para que devamos pagar para ter um livro impresso, por exemplo. Isto se dá pelo fato de que na atualidade o conhecimento se reproduz sem gerar praticamente nenhum custo. Outra forma de pensar na mudança atual é refletir, por exemplo, o que seria uma universidade. Na universidade um grupo de pessoas se reuniam ao redor de uma grande e boa biblioteca para aprender todo o conhecimento que estava “depositado” naquele acervo. Mas hoje, esta limitação que forçava as pessoas estarem ao redor dessa “fonte” do conhecimento, ou próximos da tradição, na forma de uma memória física, já não é relevante. Então a relação com o espaço é distinta. A relação social também é distinta. Considerando que a aprendizagem tem sido colaborativa, mas agora podemos colaborar, interagir e trabalhar com pessoas com as quais não temos uma proximidade geográfica. 
Basicamente a situação atual é:
Hiperesfera Pública Mundial
Algoritmos 
Dados 
Novo entorno:
Analises de nuvem e dados massivos
Novo Poder: 
Todas as pessoas podem ser...
Autor 
Bibliotecário 
Critico 
Curador
Leitor
Analista de dados
Novas Práticas:
Ciência Livre 
Propriedade intelectual livre 
Software livre
Humanidades digitais 
Tecnologias educativas 
Colaboração aberta e distribuído 
Jornalismo cidadão 
Empresas sociais
Marketing social
A busca e filtro social
Categorização e evolução social
	Basicamentenossa situação atual é muito semelhante à das universidades da antiguidade, pois nos reunimos ao redor de uma espécie de acervo de dados e interagimos com este acervo comum de dados através das tecnologias digitais, dos softwares, aplicativos ou qualquer nomenclatura que queiramos dar. Então a comunicação atualmente, é claro que podemos nos comunicar de pessoa para pessoa, eu falo com vocês, vocês falam comigo, recebemos e enviamos tweter, e-mail, esta é a comunicação de pessoa para pessoa, mas a maior parte da comunicação atual acontece através da memória comum. 
Nos transformamos esta memoria comum e esta transformação envia uma mensagem para as demais pessoas que também interagem com esta memoria comum que também tem esta oportunidade de interagir com a memória comum modifica-la. Então, cada vez que enviamos um tweet, cada vez que damos um “curtir” em uma publicação, cada vez que adicionamos uma publicação ao nosso blog, cada vez que compramos um livro no amazon, etc. etc. transformamos a relação entre os dados, na memória comum. 
Então nesta nova situação comunicacional todos somos autores. Podemos escrever textos, publicar fotografias, criar vídeos, criar música, etc. Então na situação atual não precisamos de aprovação de gravadora, de uma editora, de uma rede de TV, de rádio, ou de um jornal para publicar algo queiramos. Digamos que temos o poder como autores, além de ao mesmo tempo somos bibliotecários, pois quando etiquetamos uma publicação, quando colocamos uma hasteg em nossos twetes, quando marcamos algo no YouTube, ou quando curtimos algo no facebook estamos sendo bibliotecários. O que fazemos é categorizar a informação igual um bibliotecário. Além de autores e bibliotecários, podemos ser críticos de algo que foi escrito, sobre um livro, uma publicação, uma fotografia, um vídeo, haja visto que temos a oportunidade de comentar essa publicação. 
Assim há uma democratização cultural dessas funções, ou seja, todas as pessoas podem exercer livremente essas funções. Segundo Pierre Levy, mesmo a função de analista de grande quantidade de dados, que hoje está nas mãos de poucos especialistas, que conseguem extrair de uma grande quantidade de dados, conhecimento, em pouco anos poderá, com o auxílio de ferramentas, aplicativos que estarão nas mãos de todos, sem feito de forma democrática, por qualquer pessoa com um mínimo de conhecimento sobre essas tecnologias. 
	Essa democratização das tecnologias está sendo feita de forma mais rápida do que alguns anos atrás, basta lembrar que nos anos 60 e 70 os computadores eram, além de caros, complexos que só poderiam sem manipulados por especialistas em grandes centros universitários ou de pesquisas. No entanto, 30 anos depois um computador ou outra tecnologia digital é acessível para a grande maioria das pessoas. 
	Outra grande vantagem dessa democratização cultural por meio das tecnologias digitais é o compartilhamento de dados em nuvens por pesquisadores, que estão disponibilizando seus conhecimentos para 	que seja acessado, analisado e discutido por todas as pessoas que possuem uma conexão com a grande rede, pois muitos autores disponibilizam suas pesquisas de forma gratuita para qualquer pessoa acessar e utilizar os dados. Assim há um trabalho colaborativo entre os pesquisadores e produtores de dados que buscam de forma coletiva melhorar e ampliar suas pesquisas e seus resultados. Essa tendência de que o trabalho seja cada vez mais colaborativo e aberto está se estendo cada vez mais para todas as áreas das atividades humanas. Acontece com a notícia, com a indústria editorial, com o marketing, acontece com quase todos os dados. Agora a grande questão é repensar a educação dentro dessa conjuntura. 
O LETRAMENTO DIGITAL: HABILIDADE DE ANÁLISE DE DADOS
	
	CONCIENCIA 
	SIGNIFICADO
	MEMÓRIA
	Inteligência Pessoal
	Manejo de Atenção
Priorizar temas selecionar fontes. 
	Interpretação
Produzir hipóteses e analisar dados
	Manejo de memória 
Manter categorizações
Manejar nuvens
	Inteligência Critica das fontes
	Crítica externa 
Diversificar fontes
Verificar dados 
	Critica interna 
Identificar categorias 
Identificar narrativas
	Critica pragmática
Avaliar transparência
Identificar agenda
	Inteligência Coletiva
	Comunicação estigmatizada
Em memoria mundial;
Em memória local 
	Liberdade
Assumir responsabilidade
Assumir o poder
	Aprendizagem colaborativa
Externar Conhecimento Tácito
Externar conhecimento explicito
 
	A primeira coisa que temos que perceber é que já não há uma autoridade absoluta que nos diga o que é bom ou o que é ruim, o que é verdadeiro ou o que é falso, etc. Porque todo mundo pode escrever, todo mundo pode ler, todo mundo pode criticar. Então de alguma forma tudo isso é um pouco assustador. Mas deveríamos explorar esta nova situação para dela tirar o que há de melhor. Então a ideia é ensinar os jovens estudantes para serem capazes de trabalhar e aprender em toda a sua vida. Pois a aprendizagem permanente é algo inerente a essa nova situação que estamos vivendo. Nesta nova situação que estamos vivendo, devemos dar aos estudantes ferramentas intelectuais para que sejam capazes de julgar por si mesmos as informações que recebem, ou seja, essas ferramentas devem dar a esses jovens a capacidade da autonomia. 
Com isso não se quer dizer que a inteligência coletiva vá se sobrepor a inteligência individual ou pessoal para nada. Porque a colaboração, a criação do conhecimento, a colaboração da aprendizagem guia a inteligência pessoal, guia a autonomia individual. Isso não quer dizer que seja um caso de colocar autonomia contra colaboração. Uma colaboração é apoiada por pessoas que são autônomas. Segundo Pierre Levy o letramento digital está relacionada com a conexão com os dados. 
	Assim estão entrelaçados o indivíduo, a coletividade e os dados, todos conectados com as nuvens. Então podemos dizer que há basicamente três etapas: uma inteligência pessoal, uma inteligência crítica das fontes e dos dados e uma inteligência coletiva. Então quando falamos da nova forma de letramento ou letramento digital, não se trata tanto da forma de usar um computador, um aplicativo ou um programa, mas a forma como nos relacionamos com os com os dados em nuvens, a colaboração e a disponibilização de informações no meio digital. Então o letramento digital são as habilidades que devemos criar ou cultivar em nossos estudantes. 
INTELIGÊNCIA PESSOAL 
Primeiro devemos ensiná-los a administrarem a atenção. Logicamente que isto inclui que o aluno deve deixar de ver a sua página do facebook e prestar atenção no que o professor está falando. Mas o letramento digital é um pouco mais que isso. Devemos em primeiro lugar selecionar nossos temas de interesse. O que queremos aprender? Se não decidirmos o que queremos aprender, não aprenderemos nada. Por que poderíamos dizer que a aprendizagem é autônoma. Mas justamente por isso devemos ter uma disciplina para podermos estudar de forma autônoma. Devemos eleger nossas prioridades. E logo devemos aprender a selecionar as fontes de informação relevantes ou adequadas. 
Mas o que significa dizer que uma informação é relevante? Podemos perceber de antemão que isto não é algo real ou objetivo, mas tão somente que algo subjetivo, algo relativo, cuja relevância está ligada diretamente às prioridades de cada indivíduo, depende do que queremos aprender. A partir de nossas prioridades deveremos elencar quais são as fontes mais relevantes ou mais importantes para atender as nossas necessidades ou prioridades. 
Outro detalhe que devemos ter sempre em mente com relação ao que elencamos como sendo fontes de informação é que as mesmas não são as plataformas, mas as pessoas ou instituições que geram as informações e usam as plataformas para divulgar suas informações. Assim Twitter, facebook, ou Wikipédia, por exemplo não são fontes de informação, mas tão somente plataformas nas quais os geradores de conhecimentos postam o que considera relevante. Então é incorreto dizer por exemplo que o “twitter não é uma fonte confiável”. Fonte são pessoas,são instituições e não plataformas. Assim não confiamos em pessoas ou em instituições e não em plataformas. 
Uma vez que sabemos o que queremos aprender; uma vez que já selecionamos nossas fontes, começamos a receber dados, devendo interpretar esses dados. 
Certamente que podemos usar dados estatísticos para analisar os dados, que é algo que se faz com frequência no campo das humanidades digitais, por exemplo: historiadores e jornalistas ou pessoas que trabalham com marketing, entre outras. Eles usam softwares especializados para analisar grande quantidade de dados e gerar conhecimento. Mas para analisar os dados, para interpreta-los corretamente não necessitamos somente de métodos quantitativos. Necessitamos também de hipóteses, necessitamos de teorias sobre a forma como funcionam as coisas. Necessitamos de hipóteses causais. “Isto é a causa disto”. Por que se analisar os dados para compreender uma situação, mas não só para compreendermos a situação, mas para agir sobre essa situação, se queremos atuar sobre ela, devemos compreender como funciona, ou seja, devemos saber o que é a causa de que. Assim necessitamos de teorias causais.
 	Finalmente, devemos manter nossa memória, a qual, atualmente se encontra sempre na nuvem, pois já armazenamos nossos dados em um disco rígido, mas em nuvem. Para Levy os dados já deveriam estar em nuvem a muito tempo, pois é preciso compartilhar nossos conhecimentos e nossas informações, dando acesso a eles a pessoas com as quais trabalhamos, ou com pessoas com as quais aprendemos ou ensinamos, por exemplo. 
	Não só devemos manter essa memória em forma física, mas também devemos mate-la intelectualmente ao categorizarmos os dados de forma consistente, por que uma memória que não está categorizada é mais difícil de ser usada, haja visto que há uma maior dificuldade em encontrarmos o que queiramos já que os dados estão embaralhados e não separados por categorias. 
No quadro acima estão elencadas habilidades pessoais necessárias para interagirmos e sermos eficientes nesta nova situação comunicacional. 
ANÁLISE CRÍTICA DAS FONTES E DOS DADOS. 
	O segundo nível desta nova situação comunicacional e educacional é a análise crítica das fontes de informação, que segundo Pierre Levy, é muito importante porque em última instancia o que queremos não é a informação, mas a fonte da informação e a informação nos dá sinais que nos possilita conhecer quem é a fonte de uma determinada informação. Então a fonte pode ser uma pessoa, um grupo social, uma instituição, pode ser muitas coisas. Assim conhecer a fonte da informação é muito mais importante do que a informação em si mesma, porque posso eleger determinada fonte de informação como sendo a “verdadeira”, de acordo com meus interesses, de acordo com aquilo que quero conhecer.
	A primeira coisa que devemos fazer é diversificar as fontes de informação sobre um determinado assunto que queiramos pesquisar, pois quanto maior for o leque de opções de fontes confiáveis que tenhamos, tão mais enriquecida será a pesquisa que estamos ou que pretendemos fazer. Isto faz com que multipliquemos os pontos de vistas que temos ou que venhamos a ter sobre algo. O quero dizer é que não podemos dar ouvido a apenas a uma voz, mas a várias vozes. Não podemos seguir apenas um caminho, mas vários caminhos. 
Em suma, nossas fontes devem ser as mais variadas e heterogêneas possíveis. Devemos multiplicar, e não subtrais os pontos de vistas. Pois isso possibilita que comparemos as informações vindas de fontes diferentes e ver se as mesmas se contradizem ou confirmam-se mutuamente. Isso permite que as fontes critiquem-se a si mesmas. No entanto antes de buscarmos diferentes fontes de informação devemos entender qual a narrativa que está por traz da informação dessa determinada fonte. A que ou a quem serve aquela determinada fonte, pois somente conhecendo a narrativa, na qual se embasa a fonte, é que entenderemos porque a informação dessa fonte é complementar ou antagônica a de uma outra fonte. Ou seja, precisamos saber qual é a história dessa fonte, em que bases culturais, éticas, politicas ela está calcada. E então podemos comparar a narrativa da fonte e as ações reais que esta fonte pratica. E talvez poderá haver uma tremenda incoerência entre o que a fonte diz o que faz. Para Pierre Lévy essa incoerência, pode ser denominado de aspecto pragmático da crítica. 
	É a fonte transparente? Sobre, por exemplo a forma com que se financia? É transparente com respeito a suas fontes de referência? Ou as fontes de sua fonte? De onde obteve ou obtém tais informações? Cita as fontes de uma informação? 
E em última instancia, que buscamos? Que queres fazer? O que está fazendo aqui? Quais são os efeitos práticos do discurso que está fazendo, da informação que nos envia? Portanto isso é a crítica da fonte.
INTELIGÊNCIA COLETIVA.
E finalmente quando temos a capacidade de administrar nossa inteligência pessoal, quando temos a capacidade de criticar as fontes, somente então podemos participar da inteligência coletiva. Dessa forma a inteligência coletiva não é uma ferramenta que seja fácil de usar, não é algo que halle alli, mas uma meta que devemos alcançar. É o que queremos fazer, mas para isso devemos construí-lo na mente das pessoas. Então essa comunicação estigmérgica, que para Levy, quer dizer uma comunicação entre pessoas por meio de uma memória comum. No entanto como participamos de uma comunicação através de uma memória comum disponibilizada em nuvem, devemos cumprir com algumas regrinhas básicas que ajudarão que a discussão ou o desenvolvimento de um determinado conhecimento possa evoluir, ser ampliado. Para tanto é necessário que os participantes não façam a mesma pergunta que já foi feita uma dezena de vezes. Que os participantes leiam tudo o que os outros participantes já escreveram para não cairmos no erro de falar, ou escrever o que já foi dito, ou escrito. Ou seja, todos os participantes precisam estar atentos para não falar mais do mesmo, expor conhecimentos redundantes e por vezes obsoletas. Precisamos dessa forma sermos críticos e conscientes dessa nova forma de se fazer comunicação e educação. 
Precisamos estarmos conscientes de nosso poder como autores, como bibliotecários, como críticos e cônscios desse poder devemos entender que nossa ação envolve uma espécie de dimensão moral, haja vista que temos, pela primeira vez a oportunidade de fazermos inúmeras coisas que as gerações anteriores não tinham. Então a INFOESFERA, ou MEMÓRIA COMUM é o resultado de todas as ações de todas as pessoas que participam nela. É o resultado de um processo onde inúmeras pessoas interagem. Assim deveríamos nos responsabilizarmos por ela. Deveríamos nos dar conta de que o que fazemos ao comprar algo, ao criarmos um vínculo, ao curtirmos algo, ou colarmos uma hasteg, enfim tudo o que fazemos na internet contribui para criarmos esta memória comum, assim somos responsáveis por aquilo que auxiliamos ou contribuímos em sua criação. 
				APRENDIZAGEM COLABORATIVA
TRÊS MOVIMENTOS 
1) centrípeto 
Transforma o tácito em explicito
2) centrifugo
Transforma o explicito em tácito
3) Circular 
Melhora a inteligência pessoal (IP) implícita em aprendizagem colaborativa (AC). 
Temos as inteligências pessoais e todas as pessoas que possuem habilidades diferencias, inteligências especificas podem trabalhar juntas para criar uma memória comum. Pode ser na escala de uma pequena equipe, pode ser uma grande administração, pode ser uma cidade, pode ser inúmeras coisas que as pessoas desejam fazer. Ou seja, há inúmeras escalas distintas possíveis, desde as menores às maiores que se queira, neste processo de aprendizagem coletiva. E essa memória comum, Levy denomina de repositório de conhecimento explícito, porque os dados são colocados em categorias distintas e avaliados pelas pessoas que participar dessa memória e não por especialistas ou alguma autoridade externa, que não participa daquela memoria comum emergente. Então devemos imaginar que temos um domínio especifico da prática, seja ela qualfor, química, filosofia, história, biologia, e, as pessoas compartilham conhecimentos comuns que fazem parte de sua prática. 
E neste domínio da prática há muitos conhecimentos que fazem parte da constituição interna da pessoa, que vem de sua experiência. Um conhecimento que é difícil de explicar. Um conhecimento que se relaciona muito intimamente com um entorno cultural determinado. Dessa forma, o grande desafio é transformar este conhecimento tácito em conhecimento explícito. Geralmente não se consegue transformar todo o conhecimento tácito em conhecimento explícito. Sempre há mais conhecimento tácito que conhecimento explícito. De toda forma, é possível transformar parte do conhecimento tácito em algum tipo de conhecimento explícito. No entanto, devemos descontextualizar, despersonalizar este conhecimento tácito e transforma-lo em conhecimento o mais abstrato possível para podermos compartilha-lo na memória comum. Para que então as pessoas participantes da memória comum poderem se apropriar do mesmo, readequando e recontextualizando aos seus próprios contextos, à suas próprias práticas. Assim transformarão este conhecimento explícito em seu próprio conhecimento tácito. Podemos perceber dessa forma que isto é um ciclo que não tem fim. É um processo dinâmico. 
A inteligência coletiva é então, na visão de Pierre Levy, uma estrutura dinâmica. Temos no centro a memória comum e temos o processo social que cria o conhecimento, através de uma espécie de interação entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito. Tudo isso usando as novas ferramentas das mídias digitais. Como podem perceber não é o modelo comum de ensino e aprendizagem usados nas escolas atuais, mas talvez se conseguíssemos ensinar os estudantes e os professores a usarem as ferramentas de colaboração existentes nas tecnologias digitais de informação e comunicação necessárias para adquirir a autonomia que nos leve a uma inteligência coletiva emergente eficiente, certamente teríamos um modelo de educação diferente do que aí está.

Continue navegando