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CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA

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FACULDADE ESTÁCIO DE SÃO LUÍS
CURSO DE DIREITO BACHARELADO
CULTURA A PARTIR DE UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
ALLANA WALLESKA
ANDRESSA MIGUENS
CHRISTIAN GABRIEL
CÍNTIA DE OLIVEIRA
CLENILTON SERRA
INGRID MYLENA
IRLENE
JOÃO BATISTA
KASSIA CILENE
LILIAN SILVA
LUZIVÂNIA
MARCOS
MYCHELLE SOUZA
RAFAELLE MOREIRA
ROGÉRIO JOSÉ
TIAGO OLIVEIRA
São Luís
2015
ALLANA WALLESKA
ANDRESSA MIGUENS
CHRISTIAN GABRIEL
CÍNTIA DE OLIVEIRA
CLENILTON SERRA
INGRID MYLENA
IRLENE
JOÃO BATISTA
KASSIA CILENE
LILIAN SILVA
LUZIVÂNIA
MARCOS
MYCHELLE SOUZA
RAFAELLE MOREIRA
ROGÉRIO JOSÉ
TIAGO OLIVEIRA
CULTURA A PARTIR DE UM CONCEITO ANTROPOLÓGICO
Trabalho apresentado a disciplina Fundamentos das Ciências sociais do curso de bacharelado em direito da Faculdade Estácio de São Luís para demonstrar a pesquisa bibliográfica feita a respeito de cultura em uma visão antropológica.
São Luís
2015
LISTA DE ANEXOS
	ANEXO 1: QUESTIONÁRIO...................................................................................
	25
	ANEXO 2: GABARITO DO QUESTIONÁRIO.......................................................
	27
	ANEXO 3: ROTEIRO DE APRESENTAÇÃO ORAL.............................................
	28
SUMÁRIO
	1.
	INTRODUÇÃO.............................................................................................
	5
	2.
	CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA...................................
	7
	3.
	ETNOCENTRISMO E RELATIVISMO CULTURAL............................
	7
	3.1.
	IDEOLOGIAS ETNOCENTRISTA...............................................................
	8
	3.2.
	RELATIVISMO CULTURAL........................................................................
	9
	3.3.
	NOÇÃO DE RELATIVISMO CULTURAL EM TRÊS SIGNIFICADOS....
	10
	3.4.
	CONSEQUÊNCIAS E REPERCUSSÕES DO RELATIVISMO CULTURAL.................................................................................................................
	
10
	4.
	CRÍTICA AO DETERMINISMO BIOLÓGICO......................................
	11
	5.
	ENDOCULTURAÇÃO.................................................................................
	12
	6.
	CRÍTICA AO DETERMINISMO GEOGRÁFICO..................................
	13
	7.
	MÉTODOS NAS PESQUISAS EM ANTROPOLOGIA...........................
	15
	8.
	CONCEITO DE CULTURA........................................................................
	17
	9.
	DIVERSIDADE CULTURAL......................................................................
	19
	10.
	CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................
	22
	REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................
	24
	ANEXOS....................................................................................................................
	25
INTRODUÇÃO
As problemáticas que circundam os temas da diversidade e diferença culturais não são tão recentes. No entanto, nas últimas décadas do século XX e início do século XXI ganharam maior visibilidade e atualidade nas instituições de ensino e nos debates antropológicos, com o crescente acirramento das lutas identitárias, culturais, étnicas e raciais, bem como das políticas afirmativas no que tange ao Brasil e, por que não dizer, ao mundo. Pode-se afirmar que a problemática relacionada à identidade é unificadora de algumas das disputas entre ocidente e oriente, repensando, que nos vemos muitas vezes obrigados a escolher um ou outro, um campo ou outro.
Os conceitos de gênero, de etnia e de situação socioeconômica têm sido discutidos como se fossem naturais na sociedade, como se não estivessem relativizadas em uma perspectiva histórica. Assim, pretende-se, nesta pesquisa, sem eliminar todas as possibilidades, buscar conceituar a diversidade cultural, ou a própria cultura em si, buscando conceitos antropológicos. 
Atualmente, a Antropologia, que tem como objeto de estudo o homem em sua evolução cultural, desprendeu-se dos estudos de etnografia descritiva e da etnologia histórica, passando a ser uma ciência de observação participativa. A partir desse ponto, veremos como é determinada a cultura em sua evolução histórica.
Iniciaremos o trabalho apresentando conceitos importantes para a melhor compreensão do que vem a ser cultura numa visão antropológica. Entenderemos o que é o etnocentrismo, suas ideologias e como ele é avaliado na ciência antropológica. Em seguida aprenderemos os conceitos e exemplos de relativismo cultural e sua influencia em nossa vida.
No próximo capítulo, será trabalhada uma crítica ao determinismo biológico, trazendo o seu conceito e a visão de estudiosos da área. Logo após, conceituaremos a endoculturação e sua aplicação prática. No seguinte, será trabalhada uma crítica ao determinismo geográfico bem como seu conceito e sua aplicação nas sociedades. No próximo, veremos os diversos métodos utilizados pelos antropólogos em suas pesquisas observacionais. Assim, chegaremos ao conceito de cultura em uma visão antropológica, sem esgotar as possibilidades de estudos novos, uma vez que, pela sua dinamização e falta de padronização, não possui um consenso na construção conceitual. E por fim, encerramos o trabalho apresentando o conceito e os exemplos de diversidade cultural, e a conclusão da pesquisa.
O trabalho será fundamentado, entre tantos outros autores, especialmente, pelo Roque de Barros Laraia. A partir do estudo de sua obra “Cultura: um conceito antropológico” que destrincha de forma clara e objetiva este tema que já vem sendo trabalhado e polemizado por teóricos e antropólogos por vários séculos.
Enfim, diante de todos os estudos feitos, buscamos sancionar um pouco as dúvidas e questionamentos sobre a cultura e sua evolução na história das sociedades, com base nos mais renomados autores entre tantos outros estudiosos da área.
CONCEITO ANTROPOLÓGICO DE CULTURA
Desde os tempos antigos, estudiosos de várias áreas do conhecimento têm tentado explicar de forma coerente as diferenças existentes nos homens entre si e entre as sociedades genéticas ou geográficas em todo o mundo. Contudo, podemos depreender que o conceito de cultura, apesar de ser um tema pesquisado por diversas ciências, tem a Antropologia, por excelência, como a área principal de debate sobre esta questão. O conceito de cultura atravessa séculos de pesquisa por diversos teóricos, e, de acordo com Roque de Barros Laraia (2001, p. 10) vemos que Confúcio já trazia um conceito desde o século IV a.C.: “Um dilema que permanece como tema central de numerosas polêmicas, apesar de Confúcio ter, quatro séculos antes de Cristo, enunciado que “A natureza dos homens é a mesma, são os seus hábitos que os mantêm separados”.” Porém, antes de aprofundarmos o conceito de cultura, vamos, a priori, ver outros conceitos importantes na definição desse tema.
ETNOCENTRISMO E RELATIVISMO CULTURAL
O etnocentrismo é um conceito dentro da Antropologia demonstrado a partir do momento em que um determinado ser humano ou um determinado grupo de seres humanos, uma sociedade, que possuem entre si hábitos, costumes e caráter sociais iguais, discrimina outro, julgando-se melhor ou pior, tanto pela sua condição social ou pela forma de vestir-se como pela sua cultura no geral. Laraia conceitua etnocentrismo da seguinte forma:
“O fato de que o homem vê o mundo através de sua cultura tem como consequência a propensão em considerar o seu modo de vida como o mais correto e o mais natural. Tal tendência, denominada etnocentrismo, é responsável em seus casos extremos pela ocorrência de numerosos conflitos sociais.
O etnocentrismo, de fato, é um fenômeno universal. É comum a crença de que a própria sociedade é o centro da humanidade, ou mesmo a sua única expressão.” (LARAIA, 2001, p. 74 – 75)
Segundo Everardo Rocha, no livro “O que é etnocentrismo” (1984):“Etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo hostilidade e etc” (ROCHA, 1984, p. 1)
Assim, depreendemos que essa avaliação feita a partir do etnocentrismo é preconceituosa em sua definição, pois é feita partindo de um ponto de vista específico. Ou melhor, basicamente encontramos em tal posicionamento um grupo étnico que se considera superior a outro. Reafirmando o que Rocha falou, em uma visão intelectual, o etnocentrismo é a dificuldade de pensar a diferença, de ver o mundo com os olhos dos outros. Como exemplos, citamos o idioma estrangeiro parece ‘enrolado’ e ridículo; seus alimentos são asquerosos; sua maneira de se trajar é extravagante ou indecente; seus deuses, demônios; seus cultos; abominações; sua moral, uma perversão e etc.
IDEOLOGIAS ETNOCENTRISTAS
Durante todo o período histórico mundial o etnocentrismo, para se justificar na consciência humana passou por várias linhagens de ideologias, como por exemplo na época dos descobrimentos. Nesse período a religião, em especial a cristã, era o caráter supremo de um indivíduo, e este tinha a missão de divulga-la a outros povos. Nessa época, acreditava-se que os pagãos estavam sob o domínio de satanás e que precisavam ser libertos. Junto a essa obra missionária, os evangelistas levavam o poder do império, e transformavam esses pagãos em súditos reais e escravos de colonizadores como promessa de libertação do cárcere infernal. Houve os que se levantassem contra essa situação, mas os poderosos da época não eram ouvidos. 
Esse momento foi sucedido pela Época das luzes. Nessa época já não se importavam tanto com a incredulidade alheia, mas com os retardatários à civilização ocidental autoproclamada a supremacia do espírito humano. Os colonizadores dessa época pretendiam expandir as luzes do racionalismo triunfante e do cientismo deslumbrado. Eles invadiam as terras bárbaras provocando massacres, rebeliões e banhos de sangue, opressões políticas e econômicas e destruição cultural. Tudo isso para o triunfo da burguesia europeia.
Outra ideologia etnocentrista é o eurocentrismo, disfarçado em uma supremacia espiritual ocidental. Essa ideologia tinha como principal aliado o racismo, que, nessa época, ditava a supremacia branca sobre todas as outras raças, colocando-as no meio do caminho entre os primatas superiores e o homem europeu. Essa ideologia chegou a influenciar até a mente de alguns filósofos e teólogos europeus.
O evolucionismo cultural, outra ideologia, sugere uma supremacia por meio de uma escala em que o topo é ocupado pelos europeus e o wasp americano, por se considerarem com uma cultura perfeita.
RELATIVISMO CULTURAL
O relativismo cultural é um método de observação dos sistemas culturais, totalmente separado de uma visão etnocêntrica da sociedade vigente, isto é, observar uma determinada sociedade sem se utilizar de algum meio ou parâmetro pré concebido, realizando, assim, um estudo ou uma observação do sistema cultural sem algum preconceito. Dessa forma, a avaliação não irá privilegiar os valores a partir apenas de um ponto de vista, e poderá estruturar o corpo social partindo de suas próprias características. Assim, se adquire seus sistemas de valores próprios e sua integridade cultural.
Laraia afirma que: “...a idéia de relativismo cultural está implicitamente associada à de evolução multilinear. A unidade da espécie humana, por mais paradoxal que possa parecer tal afirmação, não pode ser explicada senão em termos de sua diversidade cultural.” (2001, p. 36)
Assim, vemos que o relativismo cultural parte do pressuposto que cada cultura se expressa de forma diferente. Enquanto por um lado o etnocentrismo tem um conceito preconceituoso, o relativismo cultural traz um conceito científico. Esse conceito surgiu a partir do momento em que a Antropologia decidiu buscar termos além da etnografia descritiva e da etnologia histórica e passou a adotar como método a observação participante, e a partir de então tratou de compreender, isto é, produzir conceitos, construir modelos que definissem as diversidades das sociedades e culturas.
Roque de Barros traz mais um exemplo sobre o relativismo cultural, quando expõe:
“Imbuído de um pioneiro sentido de relativismo cultural, Montaigne assim comentou a antropofagia Tupinambá:
Não me parece excessivo julgar bárbaro tais atos de crueldade, mas que o fato de condenar tais defeitos não nos leva a cegueira a cerca dos nossos. Estimo que é mais bárbaro comer um homem vivo do que o comer depois de morto; e é pior esquartejar um homem entre suplícios e tormentos e o queimar aos poucos, ou entregá-lo a cães e porcos, a pretexto de devoção e fé, como não somente o lemos mas, vimos ocorrer entre vizinhos, nossos conterrâneos.
E terminou, ironicamente, após descrever diversos costumes daqueles índios Tupi: “Tudo isso é interessante, mas, que diabo, essa gente não usa calças.”.” (LARAIA, 2001, p. 13)
NOÇÃO DE RELATIVISMO CULTURAL EM TRÊS SIGNIFICADOS
Todo e qualquer elemento de uma cultura é relativo aos elementos que compõe aquela cultura, ou seja, só tem sentido em função do conjunto;
As culturas são relativas, pois não existe uma cultura ou parte de uma cultura com um caráter absoluto. Ela será boa e certa para a sociedade que a vivencia, não havendo um padrão para julgá-la como certa ou errada entre as culturas, pois elas têm seu padrão em si próprias;
As culturas são equivalentes, e assim não se pode fazer uma escala avaliativa das culturas. O relativismo suspende o juízo em relação às culturas, pois não se podem encontrar critérios decisivos para classifica-las.
CONSEQUÊNCIAS E REPERCUSSÕES DO RELATIVISMO CULTURAL
As consequências do relativismo se opõem as do etnocentrismo, e suas repercussões são múltiplas. Entre elas destacamos o respeito sincero pela cultura e sociedade dos outros povos, pois considera os comportamentos distintos dos nossos tão dignos como outro qualquer, e tão mais interessante e capaz de ensinar algo novo. Outra consequência é o cuidado extremo com a objetividade, ou seja, é estudar cada traço cultural no contexto da cultura a que pertencem sem referência da cultura do observador, é imergir na cultura diferente, captando o sentido que a organiza. E ainda tem a recusa de interferir e de modificar costumes e tradições de um povo, isto é, deve-se apenas aprender com a determinada sociedade sua cultura diferente sem querer ensinar-lhes o modo que seria correto na cultura do observador.
Mas o relativismo também possui alguns efeitos colaterais, entre estes destacamos o anti-colonialismo, que foi o entendimento da ilegitimidade da dominação colonial dando origem a lutas ideológicas que foram bases para as lutas políticas. Daí surgem também as minorias étnicas. Iniciam também os movimentos contra as discriminações abrindo portas para as subculturas e contraculturas, onde os padrões da sociedade ocidental são questionados. Também a luta pela libertação da mulher, esta que buscou atingir urgentemente sua conquista da plena igualdade e do respeito por sua diversidade. E o novo rumo das missões, fazendo com que missionários católicos se influenciassem pelo proselitismo e adotassem a enculturação.
CRÍTICA AO DETERMINISMO BIOLÓGICO
Podemos conceituar determinismo biológico como sendo o fato de entender que as diferenças genéticas são que determinam as diferenças culturais, isto é, todas as características que diferem entre duas pessoas seriam estabelecidas por meio dos genes. Laraia (2001, p. 17) nos traz como exemplo:
“São velhas e persistentes as teorias que atribuem capacidades específicas inatas a “raças” ou a outros grupos humanos. Muita gente ainda acredita que os nórdicos são mais inteligentes do que os negros; que os alemães têm mais habilidadepara a mecânica; que os judeus são avarentos e negociantes; que os norte-americanos são empreendedores e interesseiros; que os portugueses são muito trabalhadores e pouco inteligentes; que os japoneses são trabalhadores, traiçoeiros e cruéis; que os ciganos são nômades por instinto, e, finalmente, que os brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria dos portugueses”
Os antropólogos afirmam que as características de cada ser humana são influenciadas pela cultural a qual ele está inserido. Exemplo disso são os nissei e os sansei filhos e netos, respectivamente, de japoneses nascidos no Brasil. Apesar de possuírem origem japonesa, foram criados na cultura brasileira, aprenderam a língua e os costumes de nossa nação. Roque Laraia (2010, p.19) diz que o ser humano possui uma diferenciação anatômica e fisiológica determinada pelo ‘dimorfismo sexual’, e que é falsa a ideia de que as diferenças em seus comportamentos existentes sejam determinadas biologicamente.
Ainda no livro “Cultura: um conceito antropológico”, o autor traz o trecho de uma declaração redigida em 1950 por antropólogos e outros teóricos, após o terror do nazismo, dizendo:
“10. Os dados científicos de que dispomos atualmente não confirmam a teoria segundo a qual as diferenças genéticas hereditárias constituíram um fator de importância primordial entre as causas das diferenças que se manifestam entre as culturas e as obras das civilizações dos diversos povos ou grupos étnicos. Eles nos informam, pelo contrário, que essas diferenças se explicam, antes de tudo, pela história cultural de cada grupo. Os fatores que tiveram tini papel preponderante na evolução do homem são a sua faculdade de aprender e a sua plasticidade. Esta dupla aptidão é o apanágio de todos os seres humanos. Ela constitui, de fato, uma das características específicas do Homo sapiens”
Assim, detectamos que homens e mulheres são capazes de exercer as mesmas funções, sendo esta definida pela cultura da sociedade em que vivem. Meninos e meninas agem de formas diferentes por causa da educação recebida e da cultura influenciadora em sua região e não pela genética hormonal. Podemos afirmar que as características biológicas não são determinantes nas diferenças culturais. Se uma criança brasileira, por exemplo, for criada na França ela crescerá como uma francesa, aprendendo os valores e costumes dessa terra. Outro exemplo é o fato de algumas atividades de caráter feminino em uma cultura, possuírem caráter masculino em outra.
ENDOCULTURAÇÃO
A antropologia tem demonstrado que muitas das atividades atribuídas às mulheres em uma determinada cultura podem ser atribuídas aos homens em outra. De modo que, o comportamento do indivíduo depende do aprendizado adquirido desde a infância até a idade adulta, a que chamamos de endoculturação.
A endoculturação é o permanente processo de se aprender uma cultura determinada. Esse aprendizado se inicia com a assimilação de valores e experiências a partir do nascimento de um indivíduo e que se completa com a sua morte. Roque Laraia nos traz o seguinte conceito: 
“...o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de uni processo que chamamos de endoculturação. Um menino e uma menina agem diferente não em função de seus hormônios, mas em decorrência de uma educação diferenciada” (LARAIA, 2001, p. 22)
Os antropólogos Keesing, Hoebel e Frost chamam este conceito de Enculturação. Laraia e Herskovts usam o termo endoculturação, que significa, além do já dito, o processo que estrutura o condicionamento da conduta, dando estabilidade à cultura. Assim, cada ser humano aprende as crenças, o comportamento, os modos de vida da sociedade a que pertence. Porém, ninguém aprende toda a cultura, mas está condicionado a aspectos particulares de transmissão de seu grupo.
As sociedades não permitem que seus membros ajam de forma diferenciada, todos os atos, comportamentos, atitudes de seus membros são controlados por ela. Laraia nos traz como exemplos de endoculturação o seguinte:
"O transporte de água para aldeia é uma atividade feminina do Xingu (como nas favelas cariocas). Carregar cerca de vinte litros de água sobre a cabeça implica, na verdade, um esforço físico considerável, muito maior do que o necessário para o manejo de um arco, arma de uso exclusivo dos homens (...) O exército de Israel demonstrou que a sua eficiência bélica continua intacta, mesmo depois da maciça admissão de mulheres soldados"
Como você pode perceber as mulheres podem assumir atribuições tidas como masculina desde que sejam educadas e preparadas para isso.
CRÍTICA AO DETERMINISMO GEOGRÁFICO
O determinismo geográfico é a ideia segundo a qual a fisiologia e a psicologia humana são fortemente influenciadas e definidas pelo meio ambiente, de forma a ser possível explicar as histórias das sociedades em função das relações que se estabeleceriam na interação da natureza com o homem. Para Roque de Barros Laraia “O determinismo geográfico considera que as diferenças do ambiente físico condicionam a diversidade cultural” (2001, p. 23). No processo de formação da geografia científica, o determinismo geográfico foi utilizado como perspectiva teórico-metodológica, a princípio, por alguns seguidores de Friedrich Ratzel, que simplificaram e exageraram a visão de Ratzel sobre as influências do ambiente sobre a história até o ponto de distorcê-la.
Em 1920, Boas, Wissler, Krober entre tantos outros antropólogos se posicionaram contra esta teoria afirmando que existe uma limitação nesse conceito do determinismo geográfico e que em um único ambiente pode-se observar uma grande variedade ou diversidade cultural. Assim, o ambiente físico, também não pode ser considerado como fator explicador da diversidade cultural. Os lapões e os esquimós são exemplo disso. Ambos vivem na mesma região fria do norte, porém possuem estilos de vida bem diferentes. Os esquimós constroem iglus com blocos de gelo empilhados e forrados por dentro com peles de animais, aquecem o ambiente com fogo e, quando se mudam, levam apenas seus pertences e constroem um novo iglu. Os lapões, por sua vez, vivem em tendas feitas de pele de rena, quando se mudam, desmontam o acampamento e o remontam em outro lugar. Os esquimós caçam as renas, enquanto os lapões as criam em seus terrenos.
Outro crítico dessa teoria é o antropólogo Felix Keesing, que em sua obra Antropologia cultural faz apreciações e análises sobre este assunto e refuta o determinismo geográfico afirmando:
“a afirmação de que a cultura está sujeita aos limites do habitat significa, portanto, mais especificamente, que o comportamento de um povo deve processar-se dentro dos limites do mundo externo, como é definido e percebido pela experiência adquirida por esse povo até aquele momento. Podemos acrescentar aqui a proposição de que, quanto mais adequada é a tecnologia de um povo, mais ele pode manipular o habitat para criar um ambiente secundário artificial que o liberte das pressões e dos controles diretos do habitat.” (1972, p. 187).
Diante do exposto, podemos concluir que o comportamento dos indivíduos depende de um aprendizado, de um processo denominado endoculturação. Pessoas de raças ou sexos distintos possuem comportamentos distintos, que não dependem de uma transmissão genética ou do ambiente em que vivem, mas pela educação diferenciada recebida. Então, é a cultura que determina a diferença de comportamento entre os homens, pois o homem age de acordo com seus padrões culturais, e é resultado do meio em que foi socializado.
MÉTODOS NA PESQUISA EM ANTROPOLOGIA 
Considerando os dois campos de pesquisa de investigação da Antropologia (o biológico e o cultural), é necessário distinguir entre método e técnicas pertinentes a cada um deles. Método é um conjunto de regras úteis para a investigação, é um procedimento cuidadosamente elaborado, visando provocar respostas na natureza e na sociedade gradativamente. Sintetizaremos os métodos da seguinte maneira:
MÉTODO HISTÓRICO:
Consiste em investigareventos do passado, a fim de compreender os modos de vida do presente, que só podem ser explicados a partir da reconstrução da cultura e da observação das mudanças ocorridas ao longo do tempo. Nessa análise histórica, a cultura do homem é desvendada. Por exemplo, a origem e mudança da sociedade Xavante.
MÉTODO ESTATÍSTICO:
Método muito utilizado tanto no campo biológico, verificando as variabilidades das populações, quanto no campo cultural, levantando diversificações nos aspectos culturais. Os dados, depois de coletados, são reduzidos a termos quantitativos, demonstrados em tabelas, gráficos, quadros etc. Dessa maneira, podem-se verificar a natureza, a ocorrência e os significados dos fenômenos e das relações entre eles, tanto de natureza biológica quanto cultural. Por exemplo, dimensão do corpo humano, grupos sanguíneos, variedades de religiões, diversificações de habitações.
MÉTODO ETNOGRÁFICO: 
Refere-se à análise das sociedades, principalmente das primitivas, ou ágrafas e de pequena escala. Mesmo o estudo descritivo requer alguma generalização e comparação implícita ou explícita. Tem a finalidade de conhecer melhor o estilo de vida ou a cultura específica de determinados grupos. Exemplo é o estudo dos índios do Alto Xingu e dos Yanomami de Roraima.
MÉTODO ETNOLÓGICO OU COMPARATIVO:
Amplamente empregado tantos pelos antropólogos físicos quanto pelos culturais. Este método permite verificar diferenças e semelhanças apresentadas pelos materiais coletados. A Antropologia Física compara aspectos físicos, populações extintas, através dos fósseis, ou grupos humanos existentes, analisando características anatômicas: Cor da pele, dos cabelos, grossura dos lábios etc. Através do estudo dos fósseis, é possível verificar a evolução dos hominídeos, a distinção entre o homem e o primata. A análise de populações vivas possibilita constatar as diferenças raciais.
O método comparativo, utilizado pelo antropólogo cultural, compara padrões, costumes, estilos de vida, cultura do passado e do presente, ágrafas ou letradas. (para obter melhor compreensão desses grupos). Citamos como exemplos as populações indígenas, rurais e urbanas e a instituição (família, religião, política, economia), usos e costumes, linguagem, habitações, meios de transportes etc.
MÉTODO GENEALÓGICO:
Permite o estudo do parentesco com todas as suas implicações sociais: Estrutura familiar, relacionamento de marido e mulher, pais e filhos, e demais parentes; informações sobre o cotidiano, a vida cerimonial (nascimento, casamento, morte) etc.
Através do levantamento genealógico, não apenas o pesquisador terá a confirmação dos dados já observados, mas também novas informações poderão vir à luz.
É necessária a presença de um informante que revele nomes das pessoas, a filiação clânica, sua posição dentro da estrutura social, o relacionamento entre as pessoas, indivíduos ausentes ou já falecidos.
A observação participante é o método mais amplamente utilizado na pesquisa antropológica, e é por vezes referido como o mergulho. A observação participante normalmente envolve o pesquisador participar na cultura, subcultura, ou da comunidade em estudo e fazer observações a partir do interior. A vantagem deste método é que os pesquisadores foram capazes de observar em primeira mão as interações humanas que desejam estudar. O risco é que a objetividade de um determinado pesquisador pode ser comprometida pelas relações formadas com membros da comunidade.
A abordagem etnográfica é outro método popular entre os antropólogos. O significado das mudanças etnografia dentro da comunidade das ciências sociais, mas é geralmente aceita que inclui documentos, obras de arte e filmes que podem lançar luz sobre a cultura. Estes podem incluir a literatura, diários, jornais, filmes e até mesmo grafite. Etnografia também pode se referir ao processo de entrevista com os membros da comunidade/cultura que pode fornecer uma visão geral de alguns segmentos das atividades da população ou na comunidade.
As pesquisas são um método comum de coleta de dados nas ciências sociais. As investigações podem vir de uma variedade de formas, mas a concepção exata é determinada pelas necessidades da pesquisa. Dados básicos, como idade, sexo e grupo de renda podem ser gerenciados com exames simples que usam fill-in círculos ou caixas de seleção e são rapidamente concluído. As investigações que buscam informações mais detalhadas, como a criação de tendências de uma pessoa para atitudes racistas, geralmente requerem o uso de longas investigações que podem representar questões abertas que exigem respostas por escrito. Análise secundária é um método em que o pesquisador chega a conclusões com base no trabalho de outros pesquisadores.
Esta é uma ocorrência frequente nas ciências sociais, como uma pessoa não pode fazer todas as investigações necessárias para a compreensão de uma cultura. Além disso, a repetição realizada corretamente, a pesquisa anterior pode ser um desperdício de tempo e recursos. Por exemplo, um pesquisador pode utilizar os dados recolhidos a partir de um hospital no número de casos de overdose de drogas que são permitidos em um ano, para ajudar a tirar conclusões sobre a cultura local da droga.
CONCEITO DE CULTURA
A palavra cultura é de origem latina, deriva do verbo colere (cultivar ou instruir) e do substantivo cultus (cultivo ou instrução). Em estudo etimológico, percebemos que tem muito haver com a questão agrária no que tange ao trabalho de preparar a terra para o plantio e produção de frutos. Atualmente, o termo cultura ainda é usado para designar a posição social ou educacional de uma pessoa na sociedade. Segundo José Lisboa Moreira de Oliveira, no artigo “O conceito antropológico de cultura” (OLIVEIRA, p. 1):
“...se costuma usar a palavra cultura para se designar o desenvolvimento da pessoa humana por meio da educação e da instrução. Disso vêm os termos culto e inculto, usados no jargão popular como uma carga de preconceito e discriminação, considerando uma cultura (especialmente a letrada) superior às outras.”.
Destacamos, também, que não existe uma sociedade ou indivíduo que não possua cultura. O termo cultura possui um conceito vasto e complexo que envolve as mais diversas características dos comportamentos dos grupos humanos, por isso, os antropólogos ainda não chegaram a um consenso da definição de cultura. Marina Marconi e Zélia Pressotto (2010, p. 21 – 22) afirmam:
“Desde o final do século passado os antropólogos vêm elaborando inúmeros conceitos sobre cultura. Apesar de a cifra ter ultrapassado 160 definições, ainda não chegaram a um consenso sobre o significado exato do termo. Para alguns, cultura é comportamento aprendido; para outros, não é comportamento, mas abstração do comportamento; e para um terceiro grupo, a cultura consiste em ideias”.
Entre todos os antropólogos que buscaram conceituar cultura citamos como pioneiro nesse trabalho Edward Tylor. De acordo com Laraia (2001, p. 27) Tylor sintetizou em seu livro Primitive Culture (1871) os termos Kultur de origem germânica, que simbolizava os aspectos espirituais de uma sociedade, e Civilization de origem francesa, que se referia ao materialismo da sociedade, no termo inglês Culture, e trouxe como seu significado: “tomado em seu amplo sentido etnográfico é este todo complexo que inclui conhecimentos, crenças, arte, moral, leis, costumes ou qualquer outra capacidade ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”. (1871, p. 1).
Laraia afirma que com esse conceito Tylor sintetizou em uma única palavra ‘todas as possibilidades de realização humana’, trazendo como traço marcante o ‘caráter do aprendizado da cultura’ que seria um conceito opositor ao caráter de ‘aquisição inata’, o conceito de determinismo biológico trazido por outros autores. Roque Laraia ainda nos apresenta outros conceitos de outros autores tais como John Locke que no Ensaio acerca do entendimento humano de 1690 afirma que “a mente humana não é mais do que uma caixa vazia por ocasião do nascimento,dotada apenas da capacidade ilimitada de obter conhecimento, através (...) de endoculturação”. Marvin Harris, em 1969, reafirma Locke, dizendo: “nenhum ordem social é baseada em verdades inatas, uma mudança no ambiente resulta numa mudança no comportamento”. Jacque Turgot em Plano para dois discursos sobre história universal, afirmou:
“Possuidor de um tesouro de signos que tem a faculdade de multiplicar infinitamente, o homem é capaz de assegurar a retenção de suas idéias eruditas, comunica-las para outros homens e transmiti-las para os seus descendentes como uma herança sempre crescente.” (Grifo do Laraia)
Seguindo na mesma linha de Locke e Turgot, Jean Jacques Rousseau no Discurso sobre a origem e o estabelecimento sobre a desigualdade entre os homens deu à educação o papel de aquisição da cultura. A partir de então e por diante, foram surgindo inúmeros outros conceitos, mas sem chegar a um verdadeiro consenso.
DIVERSIDADE CULTURAL
A diversidade cultural é uma dos temas centrais e recorrentes na obra de Laraia, contanto que ele inicia afirmando que a discussão proposta é “a conciliação da unidade biológica e a grande diversidade cultural da espécie humana” (2001, p. 10). Baseando-se em Tylor, Laraia afirma que a diversidade cultural “é explicada por ele como o resultado da desigualdade de estágios existentes do processo de evolução” (2001, p. 34). Mais adiante, ele explica o relativismo cultural associando-o a evolução multilinear dizendo que “A unidade da espécie humana (...) não pode ser explicada senão em termos de sua diversidade cultural” (2001, p. 36). Ele ainda afirma que para o grupo de antropólogos que refutam o determinismo geográfico “é possível e comum existir uma grande diversidade cultural localizada em um mesmo tipo de ambiente físico” (2001, p. 23).
Conceituando diversidade cultural de acordo com Anete Abramowicz “diversidade pode significar variedade, diferença e multiplicidade. A diferença é qualidade do que é diferente; o que distingue uma coisa de outra, a falta de igualdade ou semelhança” (2006, p . 12).
Assim, a diversidade cultural é a área que responde sobre a existência de uma grande variedade de culturas antrópicas, ou seja, resultantes da atuação humana. A pluralidade das manifestações culturais é grande e se revelam de diversas formas, tais como a linguagem, as danças, o vestuário, a religião entre outras tradições como a organização social. A diversidade cultural está associada à dinâmica do processo de aceitação da sociedade. Os indivíduos que preferem viver pautados em normas pré-estabelecidas, por algum motivo, tendem a esquecer das suas próprias idiossincrasias. 
O mundo atual é considerado diverso a partir da observação dos mitos, das moedas, do comércio, das artes, das técnicas, dos instrumentos, da língua, das ciências, das religiões, das raças, dos ideais, existentes em todo o globo terrestre. E a globalização, que se espalhou pelo mundo a partir da década de 80 do século passado, trouxe a oportunidade de se experimentar essa diversidade com trocas culturais através da rapidez dos meios de transportes e pelos avanços tecnológicos.
Este cenário possibilitou a cada Estado o interesse em explorar e valorizar a sua cultura diante do outro. Com isso, a cultura ao redor do mundo não se padronizou, surgindo, assim, movimentos de antiglobalização, levantando-se disputas de quem pode mais e trazendo prejuízos a níveis globais como destruição de culturas naturais e diversidades artísticas bem como guerras. Diante dessa situação, após as duas guerras mundiais, os Estados resolveram criar tratados internacionais. Entre eles destacamos a criação da UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) – criada em 1946 com a função de dirimir as dificuldades e estabelecer uma filosofia de ação comum aos temas que ela discute.
Retornando a Laraia, vejamos a multiplicidade de exemplos que ele traz no que tange a diversidade cultural no mundo:
“Essa comparação pode começar pelo sentido no trânsito na Inglaterra, que segue a mão esquerda; pelos hábitos culinários franceses, onde rãs e escargot (...) são considerados como iguarias, (...) No Japão, por exemplo, era costume que o devedor insolvente praticasse o suicídio na véspera do ano-novo, como uma maneira de limpar o seu nome e o de sua família (...) Entre os ciganos da Califórnia a obesidade é considerada como um indicador de virilidade (...) A carne de vaca é proibida aos hindus, da mesma forma que a de porco e interditada aos mulçumanos. O nudismo é uma prática tolerada em certas praias européias, enquanto nos países islâmicos, de orientação xiita, as mulheres mal podem mostrar o rosto em público. (...) em algumas regiões do Norte do Brasil a gravidez é considerada como uma enfermidade, e o ato de parir é denominado “descansar”. Esta palavra é utilizada, no Sul do país, para se referir a morte...” (LARAIA, 2001, p. 15 – 16).
A origem da diversidade cultural não está somente baseada na imensidão do planeta Terra, mas em sua história, na história da humanidade. Entre os antropólogos há um consenso de que o primeiro homem surgiu em terras africanas a mais de dois milhões de anos. Daí por diante, a descendência desse homem foi se espalhando por toda a face da Terra obtendo sucesso em se adaptar às diferentes condições, como as mudanças climáticas, por exemplo. As múltiplas sociedades que surgiram e se formaram separadas por todo o globo são sensivelmente diferentes uma das outras, e a maior parte dessas diferenças estão vivas até os dias atuais, surgindo, assim, as diversidades culturais. Dessa forma, podemos concluir que a diversidade cultural pode ser vital para a sobrevivência da humanidade a longo prazo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do conteúdo exposto podemos concluir que pensar em um conceito de cultura parte de um dilema entre a identidade biológica e a diversidade humana. Essa preocupação existe desde quatro séculos antes de Cristo quando Confúcio dizia que a diferença entre os homens não é a sua questão biológica, mas sim os seus costumes, por isso um provável conceito de cultura seria esse conjunto de conhecimento, crenças, leis, hábitos que as pessoas aprendem, que não é um elemento natural.
As teorias modernas sobre cultura, dentre elas a teoria de Benedict, afirmam que a cultura é a lente através da qual o homem vê o mundo. Então se a pessoa vê o mundo através dessa lente, ela vai partir de um pressuposto da cultura que ela tem, que ela aprendeu socialmente. Então, existe uma dificuldade nas pessoas em aceitarem o diferente, o outro. Esse processo gera um elemento denominado etnocentrismo, que é essa dificuldade de aceitar a diferença e que muitas vezes causam hostilidades entre os povos e chegam a guerras, escravidões e etc. pensar na superação do etnocentrismo passa pela aceitação da diversidade, de conhecer a diversidade e respeitar as diferenças.
Em contra partida ao etnocentrismo, surge a teoria do relativismo social, segundo o qual a sociedade que possui uma cultura diferente pode ser observada sem ser discriminada. O relativismo vem trazer essa ideia da observação dos sistemas culturais sem se utilizar de parâmetros que julguem certo ou errado as atitudes sociais diferente em outros povos. Partindo dessa teoria, nasce a possibilidade do bem viver entre as nações de culturas diferentes, onde não há superiores, mas uma equivalência.
Uma das teorias importantes nesse processo de construção do conceito de cultura é o determinismo biológico. O determinismo biológico prega que as pessoas nascem com hábitos que são inatos. Então, ideias tais como ‘os nórdicos são mais inteligentes que os negros, os judeus são bons comerciantes e são avarentos, os portugueses são muito trabalhadores, mas são pouco inteligentes e que os brasileiros herdaram a preguiça dos negros, a imprevidência dos índios e a luxúria dos portugueses’ ainda são muito comuns na sociedade atual.Além desses elementos preconceituosos que o determinismo biológico traz, as relações de gênero também tiveram grande perda dentro dessa teoria, por que se naturaliza o que é próprio para o homem e próprio para as mulheres. Assim, na nossa sociedade existem cores para homens e cores para mulheres, trabalhos para homens e trabalhos para as mulheres. Muitas pessoas acreditam que o sexo determina as aptidões, e isso faz com que aja um grande preconceito contra o grupo que é biologicamente mais frágil, em termos de força física, que seriam, no caso, as mulheres. E durante um longo período na história as mulheres foram vistas como inferiores nessa perspectiva do pensamento do determinismo biológico.
Outra importante abordagem histórica sobre o conceito de cultura é o determinismo geográfico. Essas teorias foram pesquisadas principalmente por geógrafos no final do século XIX e início do século XX e fala que o meio determina a ação do homem. O determinismo geográfico também causa uma série de processos racistas, onde pessoas que vivem nos trópicos são tidas como preguiçosas, pouco produtivas, enquanto as pessoas que vivem em países de clima frio são pessoas com um estilo mais inteligente, civilizadas e produtivas. Assim, essa perspectivo gera escravidão, gera uma série de conflitos e foi utilizada durante um período histórico muito longo e ainda hoje existem pessoas que utilizam dessa ideia para justificar discriminações. Os antropólogos refutam essa teoria dizendo que em regiões que tem clima e meio ambiente parecidos, as pessoas têm culturas e comportamentos diferentes.
Partindo dessas teorias, depois de refutadas, surge o conceito da endoculturação, que é o processo permanente de aprendizado da cultura em uma sociedade, mais uma vez, afirmando que a cultura não é algo inato, mas aprendido. A cultura depende da sociedade em que o indivíduo está inserido.
No que tange ao método antropológico, depreendemos que este é o trabalho de observação do antropólogo feito em campo, o que se denomina de etnografia. Através desse método é que se pode chegar a conceitos fundados sobre as diversidades culturais.
E por fim, a diversidade cultural a partir da qual compreendemos que são as diferenças encontradas nas culturas que existem entre os seres humanos. Essa diversidade cultural pode ser representada a partir das diferentes línguas, danças, vestes, saberes entre tantas outras tradições na organização cultural. É uma variedade na convivência de ideias.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAMOWICZ. Anete. Trabalhando a diferença na educação infantil. São Paulo: Moderna, 2006.
KEESING, Felix. Antropologia Cultural. Rio de Janeiro: Fundo de cultura, 1961.
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 14 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1993.
MARCONI, Marina de Andrade; PRESSOTTO, Zélia Maria Neves. Antropologia uma introdução. 7 ed. São Paulo: Atlas S.A., 2010.
OLIVEIRA, José Lisboa Moreira de. O conceito antropológico de cultura. Disciplina: Antropologia da religião. Brasília, 2010.
ROCHA, Everardo. O que é etnocentrismo?. São Paulo: Brasiliense.1984.
ANEXOS
ANEXO 1: QUESTIONÁRIO
Qual foi o primeiro antropólogo a sistematizar o conceito de cultura?
Clyde Kluckhohn
Edward Tylor
Margareth Mead 
Bronislaw Malinowski
O método dos antropólogos é o trabalho de campo, através do qual se produz a análise e descrição do grupo desejado. Sobre o trabalho de campo assinale a alternativa correta:
Para o antropólogo o trabalho de campo é uma espécie de iniciação, de rito de passagem, ou seja, de transição de um status social para outro.
De acordo com esse método, o pesquisador vai até o local só para investigar os costumes.
O antropólogo converte-se, assim, no principal instrumento de coleta de dados. Neste sentido, o trabalho de campo não pode ser considerado como uma situação metodológica de encontro intercultural.
N.D.A
“Toda a sociedade acredita que ela própria é o centro do mundo e olha para os outros grupos humanos somente a partir de seus próprios valores. ” Essa afirmação está ligada ao:
Relativismo cultural
Etnocentrismo
Diversidade cultural
Método antropológico 
Analise as assertivas a abaixo e em seguida marque a alternativa correta:
Etnocentrismo é a área da antropologia que estuda as diferenças existentes entre as culturas, com observação em campo e com adequação do observado a cultura estudada.
Se uma criança, nascida na China, for levada ao Brasil e for criada por pais do sertão brasileiro, ela crescerá a prendendo e vivendo de acordo com a cultura local, sem influências diretas de sua cultura de origem. Isso é um exemplo de endoculturação.
O determinismo geográfico foi refutado pelos antropólogos que afirmam que povos que vivem em ambientes parecidos podem ter culturas distintas.
O determinismo biológico ainda está presente nas culturas atuais, em especialmente quando se vê uma pessoa aprendendo uma cultura diferente desde a sua infância.
Estão corretas somente as assertivas:
a) I e II
b) II e III
c) III e IV
d) I, II, III e IV
A maioria dos antropólogos afirma que o primeiro homem surgiu em terras africanas e a partir dele se espalharam por toda a face da terra criando novas sociedades com características próprias e culturas diversificadas. Esse fato história explica o surgimento do (a):
Determinismo geográfico
Determinismo biológico
Etnografia
Diversidade cultural
Qual o conceito antropológico de cultura, segundo Edward Tylor?
Quais são as duas ordens de transformação do antropólogo ao decorrer do trabalho de campo?
Em que se baseia o multiculturalismo?
Qual a diferença entre etnocentrismo e relativismo cultural?
Comente sobre método antropológico.
ANEXO 2: GABARITO DO QUESTIONÁRIO
B
A
B
B
D
Cultura é todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade.
Transformar o exótico no familiar
Transformar o familiar no exótico
Baseia-se na convivência de culturas diferentes em uma mesma sociedade, buscando não hierarquizar as diferentes culturas coexistentes, reconhecendo a diferença como algo positivo.
Enquanto o etnocentrismo é uma visão demonstrada por alguém que considera o seu grupo étnico ou cultura o centro de tudo o relativismo cultural, por sua vez, busca compreender a lógica de vida do outro.
É o trabalho de campo, através do qual se produz a análise e a descrição do grupo estudado. De acordo com este método, o pesquisador vai até o local e investiga os costumes culturais, as regras, as relações que deseja apreender.
ANEXO 3: ROTEIRO DE APRESENTAÇÃO ORAL
Apresentação da equipe de trabalho – Rogério José;
Introdução ao tema que será abordado: cultura a partir de um conceito antropológico – Rogério José;
Etnocentrismo: conceito e exemplo – Ingrid Mylena;
Ideologias etnocentrista, a mudança do etnocentrismo a partir da evolução ideológica entre os períodos históricos – Ingrid Mylena;
Relativismo cultural: conceito e exemplo – Ingrid Mylena;
Noção de relativismo cultural em três significados – Ingrid Mylena;
Consequências e repercussões do relativismo cultural, apresentação de pontos positivos e negativos trazidos pelo relativismo cultural – Ingrid Mylena;
Crítica ao determinismo biológico: conceito, exemplo e crítica a teoria – Rogério José;
Endoculturação: conceito e exemplo – Rogério José;
Crítica ao determinismo geográfico: conceito, exemplo e crítica à teoria – Clenilton Serra;
Métodos nas pesquisas em antropologia – João Batista;
Conceito de cultura, construindo este conceito – Rogério José;
Diversidade cultural: conceito e exemplo – Kassia Cilene;
Conclusão – Rogério José.

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