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ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA Nº1
BASES DAS RELAÇÕES PRIVADAS
Proposta: Elaboração de relatório de pesquisa doutrinária e jurisprudencial, sobre direito à intimidade e à privacidade, a partir da análise do filme “O Círculo” (The circle), Direção James Ponsoldt, 2017. (O filme trata da ascensão de uma funcionária de companhia tecnológica e a divulgação de um projeto que deixa vulnerável a privacidade de todos os usuários dos seus programas, abordando a questão econômica, o direito da personalidade, o ato ilícito e a estrutura de uma pessoa jurídica). 
O filme “O Círculo” traz em sua narrativa sobre uma jovem chamada “Mae” que se candidata a uma vaga na The Circle, uma poderosa empresa de tecnologia que atua conectando pessoas através do compartilhamento de suas vidas privadas, atividades diárias e cotidianas com outros usuários do sistema. 
No transcorrer da trama é possível observar diversas situações às quais a personagem Mae é submetida e que poderiam ser analisadas sob a ótica jurídica, como constrangimento, quando a melhor amiga dela, responsável por conseguir a entrevista de emprego na The Circle, publica uma foto dela da qual ela não gosta ou assédio, quando ela é impelida a participar das atividades extra jornada de trabalho oferecidas pela empresa.
Contudo, o que salta aos olhos é a nítida lesão aos direitos à intimidade e à privacidade que a protagonista sofre quando é encorajada a liderar o projeto SeeChange, com a utilização em tempo integral de uma pequena câmera capaz de monitorar e compartilhar toda a vida pessoal de Mae na maior rede social do mundo. 
Após aceitar o desafio, Mae passa a ter sua vida integralmente exposta em redes sociais, do acordar até o adormecer. Quaisquer conversas, telefonemas, consultas médicas seriam compartilhados e interações com seus familiares e amigos poderiam ser vistos por qualquer pessoa ligada às redes sociais da The Circle. 
Uma iniciativa como o projeto SeeChange certamente encontraria obstáculos para ser implantado no Brasil, uma vez que os direitos à privacidade e à intimidade são considerados fundamentais e constam do caput e inciso X do Art. 5º da Constituição Federal, tal como transcrito a seguir:
Artigo 5º – Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.
(...)
X – são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.
As dificuldades, no entanto, residem em distinguir ambos os direitos, visto que ambos dizem respeito à vida privada do indivíduo e compreender quando e como podem estar sendo violados.
Consoante a doutrina de Alexandre de Moraes[footnoteRef:1] “Os conceitos constitucionais de intimidade e vida privada apresentam grande interligação, podendo, porém, ser diferenciados por meio da menor amplitude do primeiro, que se encontra no âmbito de incidência do segundo.” [1: MORAES, Alexandre de. Direito constitucional. 35.ª edição. São Paulo: Atlas, 2019. p. 59] 
De acordo com Manuel Gonçalves Ferreira Filho[footnoteRef:2], a “intimidade relaciona-se às relações subjetivas e de trato íntimo da pessoa, suas relações familiares e de amizade, enquanto vida privada envolve todos os demais relacionamentos humanos, inclusive os objetivos, tais como relações comerciais, de trabalho, de estudo etc.” [2: FERREIRA FILHO, Manuel Gonçalves. Comentários à Constituição brasileira de 1988. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 35.] 
Ainda que na história em tela tenha existido o consentimento de Mae para o compartilhamento de sua privacidade e intimidade, quando ela o faz, a intimidade e a privacidade das pessoas com quem ela se relaciona acabam por violadas. Observa-se o fato na cena em que seus pais, também monitorados por câmeras pela The Circle, acabam tendo uma relação sexual exposta na rede social a que Mae está conectada.
Numa situação como essa caberia o direito à indenização, consoante leciona Alexandre de Moraes[footnoteRef:3] “encontra-se em clara e ostensiva contradição com o fundamento constitucional da dignidade da pessoa humana, sendo que essa violação autoriza a ocorrência de indenização por danos materiais e morais, além do respectivo direito de resposta”. [3: MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: teoria geral, comentários aos arts. 1º a 5º da Constituição da República Federativa do Brasil, doutrina e jurisprudência. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 129] 
Ainda que tenha existido consentimento por parte da protagonista, é necessário avaliar a proteção do direito à privacidade e à intimidade nas relações de emprego e trabalho.
Pode ser considerada violação da intimidade quando o empregador exige obter conhecimento sobre informações sobre a vida pessoal do empregado, como crenças, gostos pessoais, informações sobre a família. No filme, a protagonista é constrangida a dividir com a empresa suas preferências esportivas e a situação de saúde de seu pai, que possui esclerose múltipla.
Fica evidente também o desejo de Mae de permanecer empregada naquela empresa e de manter o tratamento de saúde que seu pai recebe da empresa e, por isso, submete-se ao constrangimento. Desse modo, o consentimento dado por Mae à The Circle para o compartilhamento de sua intimidade é questionável. Assim explica Coutinho[footnoteRef:4], a “violação sofrida pelo trabalhador em sua dignidade, decoro, honra ou intimidade configura uma forma absoluta de lesão (...)”. [4: COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda (Org.). Diálogos constitucionais: Brasil/Portugal. Rio de Janeiro: Renovar, 2004.] 
Encaixa-se perfeitamente no contexto a proposição de Lago e Vecchi[footnoteRef:5] de que “na atualidade, muitas vezes, a intimidade é exposta por livre e espontânea vontade pelas pessoas a fim de atrair mídia ou por simples desejo de serem apreciadas pelos demais. Entretanto, essa exposição voluntária não pode dar margem à exploração da intimidade como forma de controle da pessoa na relação de emprego.” [5: Lago, Camila Dal; Vecchi, Ipojucan Demétrius. A aplicação do direito à intimidade na relação de emprego. Revista Justiça do Direito, v. 24, nº 1, 2010. p. 115] 
Visto que a história narrada pelo filme é fictícia, não há jurisprudências neste sentido. Há julgados decidindo a respeito da instalação de câmeras de vigilância em salas de aula e empresas. 
No AIRR nº 1926/2003-044-03-40.6, o Tribunal Superior do Trabalho decidiu que a instalação de câmeras de vigilância para fins de segurança não viola os direitos à intimidade e privacidade, contanto que não sejam instaladas em locais como refeitórios, cantinas, salas de café e banheiros.

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