Buscar

VADINHO_2022_1_DEFENSORIA_PÚBLICA_LEI_9_503_1997_CRIMES_DE_TRÂNSITO

Prévia do material em texto

CURSO RDP 
 
 
 
Código identificador 
CRIMES DE TRÂNSITO 
Direito Penal 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Crimes de Trânsito 
(Lei nº 9.503/1997) 
VADINHO 
Direito Penal 
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
CÓDIGO DE TRÂNSITO 
BRASILEIRO 
CAPÍTULO XIX 
DOS CRIMES DE TRÂNSITO 
 
Seção I 
Disposições Gerais 
 
DOSES DOUTRINÁRIAS 
Devemos atentar que o CTB traz diversos crimes 
considerados de perigo abstrato (como o do art. 
310). Em relação a eles, há intensa discussão 
acerca de sua constitucionalidade ou não, tendo 
em vista que o Direito Penal trata do princípio da 
lesividade e, pelo menos em tese, condutas que 
abstratamente são perigosas violam o 
mencionado princípio. 
 
Art. 291. Aos crimes cometidos na direção de veículos 
automotores, previstos neste Código, aplicam-se as 
normas gerais do Código Penal e do Código de Processo 
Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, 
bem como a Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, 
no que couber. 
 
§ 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de LESÃO 
CORPORAL CULPOSA o disposto nos arts. 74 
(composição dos danos), 76 (transação penal) e 88 
(suspensão do processo) da Lei no 9.099/1995, exceto se 
o agente estiver: 
 
I - sob a influência de álcool ou qualquer outra 
substância psicoativa que determine dependência; 
 
II - participando, em via pública, de corrida, disputa ou 
competição automobilística, de exibição ou 
demonstração de perícia em manobra de veículo 
automotor, não autorizada pela autoridade 
competente; 
 
III - transitando em velocidade superior à máxima 
permitida para a via em 50 km/h (cinquenta quilômetros 
por hora). 
 
§ 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste artigo, deverá 
ser instaurado inquérito policial para a investigação da 
infração penal. 
 
§ 3º (VETADO). 
§ 4º O juiz fixará a pena-base segundo as diretrizes 
previstas no art. 59 do Código Penal, dando especial 
atenção à culpabilidade do agente e às circunstâncias e 
consequências do crime. 
 
Art. 292. A suspensão ou a proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor pode ser imposta isolada ou 
cumulativamente com outras penalidades. 
 
Art. 293. A penalidade de suspensão ou de proibição de 
se obter a permissão ou a habilitação, para dirigir 
veículo automotor, tem a duração de 2 meses a 5 anos. 
 
§ 1º Transitada em julgado a sentença condenatória, o 
réu será intimado a entregar à autoridade judiciária, em 
48 horas, a Permissão para Dirigir ou a Carteira de 
Habilitação. 
 
§ 2º A penalidade de suspensão ou de proibição de se 
obter a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor não se inicia enquanto o sentenciado, por 2 
efeito de condenação penal, estiver recolhido a 
estabelecimento prisional. 
 
Art. 294. Em qualquer fase da investigação ou da ação 
penal, havendo necessidade para a garantia da ordem 
pública, poderá o juiz, como medida cautelar, de ofício, 
ou a requerimento do Ministério Público ou ainda 
mediante representação da autoridade policial, 
decretar, em decisão motivada, a suspensão da 
permissão ou da habilitação para dirigir veículo 
automotor, ou a proibição de sua obtenção. 
 
Parágrafo único. Da decisão que decretar a suspensão 
ou a medida cautelar, ou da que indeferir o 
requerimento do Ministério Público, caberá recurso em 
sentido estrito, SEM EFEITO SUSPENSIVO. 
 
Art. 295. A suspensão para dirigir veículo automotor ou 
a proibição de se obter a permissão ou a habilitação será 
sempre comunicada pela autoridade judiciária ao 
Conselho Nacional de Trânsito - CONTRAN, e ao órgão 
de trânsito do Estado em que o indiciado ou réu for 
domiciliado ou residente. 
 
Art. 296. Se o réu for reincidente na prática de crime 
previsto neste Código, o juiz aplicará a penalidade de 
suspensão da permissão ou habilitação para dirigir 
veículo automotor, sem prejuízo das demais sanções 
penais cabíveis. 
 
Art. 297. A penalidade de MULTA REPARATÓRIA 
consiste no pagamento, mediante depósito judicial em 
favor da VÍTIMA, ou seus sucessores, de quantia 
calculada com base no disposto no § 1º do art. 49 do 
IMPORTANTE 
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
 
Código Penal, sempre que houver prejuízo material 
resultante do crime. 
 
§ 1º A multa reparatória não poderá ser superior ao 
valor do prejuízo demonstrado no processo. 
Seção II 
Dos Crimes em Espécie 
 
Art. 302. Praticar homicídio culposo na direção de 
veículo automotor: 
 
§ 2º Aplica-se à multa reparatória o disposto nos arts. 50 
a 52 do Código Penal. 
 
§ 3º Na indenização civil do dano, o valor da multa 
reparatória será descontado. 
Penas - detenção, de 2 a 4 anos, e suspensão ou 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
 
 
Art. 298. São circunstâncias que sempre AGRAVAM as 
penalidades dos crimes de trânsito ter o condutor do 
veículo cometido a infração: 
 
I - com dano potencial para 2 ou + pessoas ou com 
grande risco de grave dano patrimonial a terceiros; 
II - utilizando o veículo sem placas, com placas falsas ou 3 
adulteradas; 
 
III - sem possuir Permissão para Dirigir ou Carteira de 
Habilitação; 
 
IV - com Permissão para Dirigir ou Carteira de 
Habilitação de categoria diferente da do veículo; 
 
V - quando a sua profissão ou atividade exigir cuidados 
especiais com o transporte de passageiros ou de carga; 
 
VI - utilizando veículo em que tenham sido adulterados 
equipamentos ou características que afetem a sua 
segurança ou o seu funcionamento de acordo com os 
limites de velocidade prescritos nas especificações do 
fabricante; 
 
VII - sobre faixa de trânsito temporária ou 
permanentemente destinada a pedestres. 
 
Art. 299. (VETADO) 
 
Art. 300. (VETADO) 
 
Art. 301. Ao condutor de veículo, nos casos de acidentes 
de trânsito de que resulte vítima, não se imporá a prisão 
em flagrante, nem se exigirá fiança, se prestar pronto e 
integral socorro àquela. 
IMPORTANTE 
IMPORTANTE 
JURISPRUDÊNCIA 
“Apelação cível. Direito civil. Atropelamento com morte. 
Depoimento da parte autora comprova que a culpa foi 
exclusiva da vítima. Embora o local do acidente, via 
pública de veículos, seja dotada de sinais e faixas de 
travessia de pedestres, restou demonstrado que a 
vítima fatal optou em atravessar fora da faixa de 
segurança, ao que tudo indica valendo-se do fato de que 
os carros costumam passar bem devagar, como indicou 
sua própria filha no depoimento prestado em sede de 
audiência de instrução e julgamento. Como se vê, o 
lastro probatório comprovou que o preposto da 
empresa apelada foi surpreendido por conduta 
inesperada e imprudente da vítima, que atravessou fora 
da faixa e ainda em dia chuvoso, o que dificulta a 
percepção do homem médio, em desrespeito às normas 
contidas no Código de Trânsito Brasileiro, não podendo 
ser outra a solução do Juízo de primeiro grau senão 
julgar improcedente o pedido inicial. Manutenção da 
sentença. Apelação 0034624-34.2015.8.19.0038 – TJRJ 
- Des. Ferdinaldo do Nascimento – julgado em 
27/02/2018. 
Em razão do princípio da especialidade, passa a incidir o 
art. 302, CTB nos casos de homicídio culposo nas 
circunstâncias do caput, afastando-se o delito do art. 
121, §3º, CP. Compare as redações: 
DISTINÇÃO 
CULPOSO DE 
TRÂNSITO 
CULPOSO NO CÓDIGO 
PENAL 
Art. 302. Praticar 
homicídio culposo na 
direção de veículo 
automotor: 
 
Penas - detenção, de dois 
a quatro anos, e 
suspensão ou proibição 
de se obter a permissão 
ou a habilitação para 
dirigir veículo 
automotor. 
Art. 121. Matar alguém: 
 
§ 3º Se o homicídio é 
culposo: 
 
Pena - detenção, de um a 
três anos 
 
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
§ 1o No homicídio culposo cometido na direção de 
veículo automotor, a pena é aumentada (terceira fase 
da dosimetria) de 1/3 à metade, se o agente: 
 
I - não possuir Permissão para Dirigir ou Carteirade 
Habilitação; 
 
II - praticá-lo em faixa de pedestres ou na calçada; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
 
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo 
sem risco pessoal, à vítima do acidente; 
 
IV - no exercício de sua profissão ou atividade, estiver 
conduzindo veículo de transporte de passageiros. 
 
Para a incidência da causa de aumento de pena prevista 
no art. 302, § 1º, IV, do CTB, é irrelevante que o agente 
esteja transportando passageiros no momento do 
homicídio culposo cometido na direção de veículo 
automotor. STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1255562-RS, 
Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, julgado em 
4/2/2014 (Info 537). 
 
DOSES DOUTRINÁRIAS 
[...] No caso do art. 302, caput do CTB, atente-se para 
a expressão “na direção de veículo automotor”. 
Assim, doutrina1 traz casos em que, mesmo o crime 
tendo ocorrido em situação de trânsito, o tipo penal 
do CTB será afastado e incidirá a tipificação comum: 
 
a) Pedestre que atravessa pista de rolamento em 
momento e local inadequados, causando a queda e 
morte de um motociclista. A imprudência ocorreu no 
trânsito, mas por pessoa que não estava conduzindo 
 
1 Legislação penal especial esquematizado®, e-book, posição 386. Victor Eduardo 
Rios Gonçalves e José Paulo Baltazar Junior. – 3. ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. 
(QUALIFICADORA) § 3o Se o agente conduz veículo 
automotor sob a influência de álcool ou de qualquer 
outra substância psicoativa que determine 
dependência: 
 
Penas - reclusão, de 5 a 8 anos, e suspensão ou proibição 
do direito de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
 
Art. 303. Praticar lesão corporal CULPOSA na direção de 
veículo automotor: 
 
Penas - detenção, de 6 meses a 2 anos e suspensão ou 
proibição de se obter a permissão ou a habilitação para 
dirigir veículo automotor. 
 
§ 1o Aumenta-se a pena de 1/3 à metade, se ocorrer 
qualquer das hipóteses do § 1o do art. 302. 
 
(QUALIFICADORA) § 2o A pena privativa de liberdade é 
de reclusão de 2 a 5 anos, sem prejuízo das outras penas 
previstas neste artigo, se o agente conduz o veículo com 
capacidade psicomotora alterada em razão da influência 
de álcool ou de outra substância psicoativa que 
JURISPRUDÊNCIA 
JURISPRUDÊNCIA 
IMPORTANTE 
STJ: A majorante do art. 302, § 1º, II, do CTB será 
aplicada tanto quando o agente estiver conduzindo o 
seu veículo pela via pública e perder o controle do 
veículo automotor, vindo a adentrar na calçada e atingir 
a vítima, como quando estiver saindo de uma garagem 
ou efetuando qualquer manobra e, em razão de sua 
desatenção, acabar por atingir e matar o pedestre. 
Assim, aplica-se a referida causa de aumento de pena na 
hipótese em que o condutor do veículo transitava pela 
via pública e, ao efetuar manobra, perdeu o controle do 
carro, subindo na calçada e atropelando a vítima. STJ. 5ª 
Turma. AgRg nos EDcl no REsp 1499912-SP, Rel. Min. 
Ribeiro Dantas, julgado em 05/03/2020 (Info 668). 
veículo, devendo responder pelo crime do Código 
Penal (art. 121, §3º). 
 
b) Passageiro de automóvel ou de ônibus que atira 
garrafa de refrigerante pela janela, provocando 
acidente com morte na estrada. Igualmente, incorre 
em crime comum. 
 
c) Pessoa na garupa de motocicleta que, por 
brincadeira, balança o veículo e provoca a queda e 
morte do condutor. 
 
d) Pessoa que mata motociclista por abrir a porta de 
um carro sem olhar para trás, provocando colisão. 
 
e) Pessoa que está empurrando um carro desligado e 
perde o controle sobre o veículo, que atropela 
alguém. 
 
f) Responsável por oficina mecânica que se esquece 
de colocar determinada peça em um automóvel, o 
que acaba gerando um acidente, hipótese em que a 
conduta culposa não é do condutor do veículo. 
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
Contudo, o Ministro Gilmar Mendes, em seu voto 
divergente, estabeleceu que “não calha aqui o 
argumento de que, permanecendo em silêncio, não 
estaria a produzir prova contra si. A comprovação da 
conduta criminosa pressupõe a configuração de 
autoria e de materialidade, e a permanência do 
imputado no local do crime inquestionavelmente 
contribui para a comprovação da autoria, assentando 
o seu envolvimento com o fato em análise 
potencialmente criminoso.” 
Segundo o STF, a regra que prevê o crime do art. 305 
do Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é 
constitucional, posto não infirmar o princípio da não 
incriminação, garantido o direito ao silêncio e 
ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipicidade e 
da antijuridicidade. STF. Plenário. RE 971959/RS, Rel. 
Min. Luiz Fux, julgado em 14/11/2018 (repercussão 
geral) (Info 923). 
CONSTITUCIONALIDADE 
 
determine dependência, e se do crime resultar lesão 
corporal de natureza grave ou gravíssima. 
 
 
 
 
Art. 305. Afastar-se o condutor do veículo do local do 
acidente, para fugir à responsabilidade penal ou civil 
que lhe possa ser atribuída: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
 
 
 
 
Art. 304. Deixar o condutor do veículo, na ocasião do 5 
acidente, de prestar imediato socorro à vítima, ou, não 
podendo fazê-lo diretamente, POR JUSTA CAUSA, deixar 
de solicitar auxílio da autoridade pública: 
 
Penas - detenção, de 6 meses a 1 ano, ou multa, se o 
fato não constituir elemento de crime mais grave. 
(subsidiariedade) 
 
 
Parágrafo único. Incide nas penas previstas neste artigo 
o condutor do veículo, ainda que a sua omissão seja 
suprida por terceiros ou que se trate de vítima com 
morte instantânea ou com ferimentos leves. 
IMPORTANTE 
IMPORTANTE 
Em relação ao presente tipo penal (art.303), veja que 
não se demonstra argumento suficiente ter deixado 
de prestar socorro imediato diretamente por 
impossibilidade material no momento do acidente. 
Isso porque o agente tem o dever de solicitar auxílio 
da autoridade pública (como acionar o SAMU) para 
que ela proceda ao resgate. 
 
Contudo, atenção aos casos concretos trazidos na 
prova: não há falar em crime se o agente não tiver a 
possibilidade de nem ao menos acionar a autoridade 
pública. Imagine que em decorrência do acidente o 
condutor do veículo tenha se ferido também ou 
então esteja sem celular, necessitando conduzir o 
veículo até encontrar ajuda. Logicamente não haverá 
como prestar socorro ou solicitar auxílio imediato, 
tanto é que o próprio tipo penal traz a expressão 
justa causa. SE HOUVE JUSTA CAUSA NÃO HAVERÁ 
CRIME. 
DOSES DOUTRINÁRIAS 
Imagine que em sua prova de concurso ou no dia a 
dia defensorial apareça um caso em que o assistido 
está sendo processado pelo crime em comento (art. 
305). A principal tese de defesa em relação ao mérito 
é analisar a razão pela qual o agente afastou-se do 
local do acidente. Imagine que seu assistido precisou 
afastar-se para fugir de um linchamento dos 
moradores da localidade em que houve o acidente. 
Naturalmente, houve a incidência de uma força 
maior no caso, o que impede a caracterização do 
crime por atipicidade formal (já que o tipo penal 
apenas pune aquele que foge para fugir das 
responsabilidades). 
PERSPECTIVA DEFENSORIAL 
E se o motorista que não possui habilitação dirigir 
gerando perigo de dano (conduta que se amolda ao 
art. 309, CTB) vier a causar lesão corporal culposa em 
alguém, haverá concurso de crimes? 
 
Nesse caso, deverá, segundo o STJ, ser aferido se 
houve ou não autonomia de desígnios na conduta do 
agente, conforme se verifica abaixo: 
 
“Quando não reconhecida a autonomia de desígnios, 
o crime de lesão corporal culposa (art. 303 do CTB) 
absorve o delito de direção sem habilitação (art. 309 
do CTB), funcionando este como causa de aumento 
de pena. Jurisprudência em Teses, nº 114.” 
IMPORTANTE 
Para parte da doutrina, os motoristas e pedestres não 
envolvidos no acidente que deixam de acionar o 
socorro são, em tese, responsabilizados pelo crime 
de omissão de socorro do art. 135, CP. 
É BOM ESTAR ATENTO(A) 
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
 
 
Art.306. Conduzir veículo automotor com capacidade 
psicomotora alterada em razão da influência de álcool 
ou de outra substância psicoativa que determine 
dependência: 
 
Penas - detenção, de seis meses a três anos, multa e 
suspensão ou proibição de se obter a permissão ou a 
habilitação para dirigir veículo automotor. 
 
CONDUTAS DOLOSAS 
Somente são puníveis condutas dolosas, não 
havendo falar em punição por condutas culposas em 
razão da falta de previsão legal (art. 18, parágrafo 
único, CP). 
 
§ 1o As condutas previstas no caput serão constatadas 
por: 
 
I - concentração igual ou superior a 6 decigramas de 
álcool por litro de sangue ou igual ou superior a 0,3 
miligrama de álcool por litro de ar alveolar; ou 
 
II - sinais que indiquem, na forma disciplinada pelo 
Contran, alteração da capacidade psicomotora. 
 
 
§ 2o A verificação do disposto neste artigo poderá ser 
obtida mediante teste de alcoolemia ou toxicológico, 
exame clínico, perícia, vídeo, prova testemunhal ou 
outros meios de prova em direito admitidos, observado 
o direito à contraprova. 
 
§ 3o O Contran disporá sobre a equivalência entre os 
distintos testes de alcoolemia ou toxicológicos para 
efeito de caracterização do crime tipificado neste 
artigo. 
 
§ 4º Poderá ser empregado qualquer aparelho 
homologado pelo Instituto Nacional de Metrologia, 
Qualidade e Tecnologia - INMETRO - para se determinar 
o previsto no caput. (Incluído pela Lei nº 13.840, de 
2019) 
Art. 307. Violar a suspensão ou a proibição de se obter 6 
a permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor imposta com fundamento neste Código: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano e multa, com 
nova imposição adicional de idêntico prazo de 
suspensão ou de proibição. 
 
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre o 
condenado que deixa de entregar, no prazo 
estabelecido no § 1º do art. 293, a Permissão para Dirigir 
ou a Carteira de Habilitação. 
 
 
 
 
Art. 308. Participar, na direção de veículo automotor, 
em via pública, de corrida, disputa ou competição 
automobilística ou ainda de exibição ou demonstração 
de perícia em manobra de veículo automotor, não 
autorizada pela autoridade competente, gerando 
JURISPRUDÊNCIA 
JURISPRUDÊNCIA 
NOVIDADE 
STJ: É atípica a conduta contida no art. 307 do CTB 
quando a suspensão ou a proibição de se obter a 
permissão ou a habilitação para dirigir veículo 
automotor advém de restrição administrativa. A 
conduta de violar decisão administrativa que suspendeu 
a habilitação para dirigir veículo automotor não 
configura o crime do art. 307, caput, do CTB, embora 
possa constituir outra espécie de infração 
administrativa, a depender do caso concreto. STJ, 6ª 
TURMA, HC 427.472-SP, Rel. Min. Maria Thereza de 
Assis Moura. 
IMPORTANTE 
IMPORTANTE 
IMPORTANTE 
Para a configuração do delito tipificado no art. 306 do 
CTB, antes da alteração introduzida pela Lei nº 
12.760/2012, é imprescindível a aferição da 
concentração de álcool no sangue por meio de teste de 
etilômetro ou de exame de sangue, conforme 
parâmetros normativos. Jurisprudência em Teses nº 
114. 
DOSES DOUTRINÁRIAS 
Segundo a Doutrina (Rios e Baltazar) “(...) O último 
requisito é que o veículo seja conduzido na via 
pública, ou seja, em local aberto a qualquer pessoa, 
cujo acesso seja sempre permitido e por onde seja 
possível a passagem de veículo automotor (ruas, 
avenidas, vielas, passagens, alamedas, estradas, 
rodovias etc.). 
 
As ruas dos condomínios particulares, nos termos da 
Lei nº 6.766/79, pertencem ao Poder Público, 
portanto dirigir embriagado nesses locais caracteriza 
a infração. Por sua vez, não se considera via pública o 
interior de fazenda particular, o interior de garagem 
da própria residência, o pátio de um posto de 
gasolina, o interior de estacionamentos particulares 
de veículos, os estacionamentos de shopping centers 
etc”. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13840.htm#art18
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13840.htm#art18
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
situação de risco à incolumidade pública ou 
privada: 
 
Penas - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos, 
multa e suspensão ou proibição de se obter a permissão 
ou a habilitação para dirigir ve í c u l o automotor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
§ 1o Se da prática do crime previsto no caput resultar 
lesão corporal de natureza GRAVE, e as circunstâncias 
demonstrarem que o agente não quis o resultado nem 
assumiu o risco de produzi-lo, a pena privativa de 
liberdade é de reclusão, de 3 a 6 anos, sem prejuízo das 
outras penas previstas neste artigo. 
 
§ 2o Se da prática do crime previsto no caput resultar 
MORTE, e as circunstâncias demonstrarem que o agente 
não quis o resultado nem assumiu o risco de produzi-lo, 
a pena privativa de liberdade é de reclusão de 5 (cinco) 
a 10 (dez) anos, sem prejuízo das outras penas previstas 
neste artigo. 
 
 
Art. 309. Dirigir veículo automotor, em via pública, sem 
a devida Permissão para Dirigir ou Habilitação ou, ainda, 
se cassado o direito de dirigir, GERANDO PERIGO DE 
DANO: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
 
 
 
 
 
 
2 Art. 232. Conduzir veículo sem os documentos de porte obrigatório referidos 
neste Código: Infração - leve; 
7 
 
 
 
 
 
Art. 310. Permitir, confiar ou entregar a direção de 
veículo automotor a pessoa não habilitada, com 
habilitação cassada ou com o direito de dirigir suspenso, 
ou, ainda, a quem, por seu estado de saúde, física ou 
mental, ou por embriaguez, não esteja em condições de 
conduzi-lo com segurança: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
CRIME DO ART. 309 EXIGE PERIGO DE DANO: 
ENTENDA 
O tipo penal exige que haja perigo de dano em 
decorrência da direção realizada pelo motorista. 
Assim, trata-se de crime de PERIGO CONCRETO, 
devendo a acusação, necessariamente, demonstrar 
que houve uma direção perigosa por parte do agente. 
 
Ademais, dirigir em via pública sem a habilitação ou 
permissão por tê-la esquecido em casa, p. ex., não 
caracteriza o crime, mas apenas a infração 
administrativa do art. 232, CTB2. 
 
 
Penalidade – multa: Medida administrativa - retenção do veículo até a 
apresentação do documento. 
IMPORTANTE 
JURISPRUDÊNCIA 
O art. 309, CTB derrogou em parte a contravenção penal 
do art. 32, LCP. Compare as redações: 
IMPORTANTE 
O tipo penal exige que haja situação de risco à 
incolumidade pública ou privada. Ademais, como o 
tipo penal também exige que as condutas ocorram 
em via pública, em termos práticos o simples fato de 
ter ocorrido o “racha” já poderia enquadrar o agente 
no crime. 
 
Contudo, como existe essa determinação de que as 
condutas gerem situação de risco à incolumidade 
pública ou privada, pode-se arguir defensivamente 
que, caso os participantes da corrida estejam em uma 
localidade totalmente erma, não há possibilidade de 
geração de situação de risco à incolumidade pública 
ou privada e, portanto, não há crime. 
DOSES DOUTRINÁRIAS 
O art. 32 da LCP permanece em vigor apenas em relação 
à direção sem habilitação de embarcação a motor em 
águas públicas. Nesses termos, inclusive, é o enunciado 
nº 720 da Súmula do STF: 
 
Súmula 720 – STF: O art. 309 do Código de Trânsito 
Brasileiro, que reclama decorra do fato perigo de dano, 
derrogou o art. 32 da Lei das Contravenções Penais no 
tocante à direção sem habilitação em vias terrestres. 
DISTINÇÃO 
ART. 309 DO CÓDIGO DE 
TRÂNSITO 
ART. 32 DA 
LCP 
Art. 309. Dirigir veículo 
automotor, em via 
pública, sem a devida 
Permissão para Dirigir ou 
Habilitação ou, ainda, se 
cassado o direito de 
dirigir, gerando perigo de 
dano: 
 
Penas - detenção, de seis 
meses a um ano, ou 
multa. 
Art. 32. Dirigir, sem a 
devida habilitação, 
veículo na via pública, ou 
embarcação a motor em 
águas públicas: 
 
 
Pena – multa, de 
duzentos mil réis a dois 
contos de réis. 
 
CRIMES DE TRÂNSITOCURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
substituição de pena privativa de liberdade por pena 
restritiva de direitos, esta deverá ser de prestação de 
serviço à comunidade ou a entidades públicas, em uma 
das seguintes atividades: (Incluído pela Lei nº 
13.281, de 2016) 
 
I - trabalho, aos fins de semana, em equipes de resgate 
dos corpos de bombeiros e em outras unidades móveis 
especializadas no atendimento a vítimas de 
trânsito; 
 
II - trabalho em unidades de pronto-socorro de hospitais 
da rede pública que recebem vítimas de acidente de 
trânsito e politraumatizados; 
 
 
 
 
 
 
 
Art. 311. Trafegar em velocidade incompatível com a 
segurança nas proximidades de escolas, hospitais, 
estações de embarque e desembarque de passageiros, 
logradouros estreitos, ou onde haja grande 
movimentação ou concentração de pessoas, gerando 
perigo de dano: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
 
Art. 312. Inovar artificiosamente, em caso de acidente 
automobilístico com vítima, na pendência do respectivo 
procedimento policial preparatório, inquérito policial ou 
processo penal, o estado de lugar, de coisa ou de 
pessoa, a fim de induzir a erro o agente policial, o perito, 
ou juiz: 
 
Penas - detenção, de seis meses a um ano, ou multa. 
III - trabalho em clínicas ou instituições especializadas na 
recuperação de acidentados de trânsito; 
 
IV - outras atividades relacionadas ao resgate, 
atendimento e recuperação de vítimas de acidentes de 
trânsito. 
8 
 
 
 
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo, ainda 
que não iniciados, quando da inovação, o procedimento 
preparatório, o inquérito ou o processo aos quais se 
refere. 
 
Art. 312-A. Para os crimes relacionados nos arts. 302 a 
312 deste Código, nas situações em que o juiz aplicar a 
Um exemplo que a doutrina costuma é o caso do filho 
embriagado que se envolve em um acidente com 
vítima, telefone para o pai, e este dirige-se até o local 
a fim de fraudar a cena do crime para beneficiar o 
filho. 
EXEMPLO DO DELITO DO ART.312 
NOVIDADE 
JURISPRUDÊNCIA 
Entende o STJ que o crime em questão é de perigo 
ABSTRATO, ao contrário daquele tratado no art. 309, 
CTB, conforme se verifica no enunciado nº 575 da sua 
Súmula: Constitui crime a conduta de permitir, confiar 
ou entregar a direção de veículo automotor a pessoa que 
não seja habilitada, ou que se encontre em qualquer das 
situações previstas no art. 310 do CTB, 
independentemente da ocorrência de lesão ou de perigo 
de dano concreto na condução do veículo. 
Em determinadas circunstâncias dirigir sem 
habilitação ou permissão NÃO IRÁ caracterizar o 
crime, como quando o agente: (...) dirige sem 
habilitação para socorrer pessoa adoentada ou 
acidentada que necessite de atendimento médico, 
ou, ainda, em outras situações de extrema urgência. 
Nesse caso, presente o estado de necessidade a 
excluir a ilicitude da conduta. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13281.htm#art2
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13281.htm#art2
CRIMES DE TRÂNSITO CURSO RDP 
Direito Penal Código identificador 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9 
	CURSO RDP
	Direito Penal
	CAPÍTULO XIX
	Seção II
	4
	8
	9

Continue navegando