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CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 1 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 2 DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS – PROCESSO COLETIVO APRESENTAÇÃO .......................................................................................................................... 9 TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO ............................................................................. 10 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................................................. 10 1.1. ORIGEM ......................................................................................................................... 10 1.2. CONCEITOS BÁSICOS .................................................................................................. 10 1.2.1. Direito Processual Coletivo ...................................................................................... 10 1.2.2. Ação coletiva ........................................................................................................... 10 1.2.3. Tutela jurisdicional coletiva ...................................................................................... 10 1.3. TUTELA DE DIREITOS COLETIVOS x TUTELA COLETIVA DE DIREITOS .................. 10 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICO-METODOLÓGICA ........................................................................ 11 2.1. GERAÇÕES/DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS ......................................... 11 2.1.1. Direitos de 1ª Dimensão: liberdade .......................................................................... 12 2.1.2. Direitos de 2ª dimensão: igualdade .......................................................................... 12 2.1.3. Direitos de 3ª Dimensão: fraternidade ou solidariedade ........................................... 13 2.1.4. Direitos de 4ª Geração ............................................................................................. 14 2.2. FASES METODOLÓGICAS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL ................................... 14 2.2.1. 1º momento: Sincretismo, civilismo ou privatismo .................................................... 14 2.2.2. 2º momento: Autonomismo ou conceitual (de 1868 até hoje) ................................... 14 2.2.3. 3º momento: Instrumentalismo ................................................................................. 14 2.3. PROCESSO INDIVIDUAL X PROCESSO COLETIVO ................................................... 16 2.4. ANTECEDENTES HISTÓRICOS .................................................................................... 17 2.5. ORIGEM DO PROCESSO COLETIVO BRASILEIRO ..................................................... 17 3. NATUREZA DOS DIREITOS METAINDIVIDUAIS ................................................................. 18 4. CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO COLETIVO .................................................................... 20 4.1. QUANTO AO SUJEITO: ATIVO E PASSIVO .................................................................. 20 4.1.1. Processo coletivo ATIVO ......................................................................................... 20 4.1.2. Processo coletivo PASSIVO .................................................................................... 20 4.1.3. Processo Coletivo ATIVO e PASSIVO ..................................................................... 23 4.2. QUANTO AO OBJETO: ESPECIAL OU COMUM ........................................................... 23 4.2.1. Processo coletivo ESPECIAL .................................................................................. 23 4.2.2. Processo coletivo Comum ....................................................................................... 23 4.3. OUTRA CLASSIFICAÇÃO .............................................................................................. 24 4.3.1. Ações Pseudocoletivas ............................................................................................ 24 5. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE DIREITO PROCESSUAL COLETIVO .................................... 24 5.1. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE MITIGADA DA AÇÃO COLETIVA ....................... 25 5.2. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO COLETIVA ............................... 26 5.3. PRINCÍPIO DO INTERESSE JURISDICIONAL DO CONHECIMENTO DO MÉRITO ..... 28 5.4. PRINCÍPIO DA PRIORIDADE NA TRAMITAÇÃO........................................................... 29 5.5. PRINCÍPIO DO MÁXIMO BENEFÍCIO DA TUTELA JURISDICIONAL COLETIVA ......... 29 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 3 5.6. PRINCÍPIO DO ATIVISMO JUDICIAL OU DA MÁXIMA EFETIVIDADE PROCESSO ..... 30 5.6.1. Poderes instrutórios mais acentuados ..................................................................... 30 5.6.2. Flexibilização das regras procedimentais ................................................................. 31 5.6.3. Comunicação para o ajuizamento ............................................................................ 31 5.6.4. Controle das políticas públicas ................................................................................. 32 5.7. PRINCÍPIO DA MÁXIMA AMPLITUDE/ATIPICIDADE/NÃO TAXATIVIDADE DO PROCESSO COLETIVO ........................................................................................................... 33 5.8. PRINCÍPIO DA AMPLA DIVULGAÇÃO DA DEMANDA COLETIVA ................................ 34 5.9. PRINCÍPIO DA COMPETÊNCIA ADEQUADA ................................................................ 35 5.10. PRINCÍPIO DA INTEGRATIVIDADE DO MICROSSISTEMA PROCESSUAL COLETIVO (APLICAÇÃO INTEGRADA DAS LEIS PROCESSUAIS COLETIVAS) ...................................... 35 5.11. PRINCÍPIO DA ADEQUADA REPRESENTAÇÃO OU DO CONTROLE JUDICIAL DA LEGITIMAÇÃO COLETIVA ....................................................................................................... 39 5.11.1. Introdução ............................................................................................................ 39 5.11.2. Posições adotadas no Brasil ................................................................................ 40 5.11.3. Critério doutrinários/jurisprudenciais para o controle judicial ................................. 40 5.11.4. Natureza jurídica do controle judicial na representação ........................................ 41 6. OBJETO DO PROCESSO COLETIVO .................................................................................. 42 6.1. DIREITOS/INTERESSES METAINDIVIDUAIS NATURALMENTE COLETIVOS ............. 43 6.2. DIREITOS METAINDIVIDUAIS ACIDENTALMENTE COLETIVOS (INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS) ....................................................................................................................... 44 6.3. GRÁFICOS: DIFUSOS x COLETIVOS x INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ........................ 46 6 4. OBSERVAÇÕES FINAIS RELACIONADAS AO OBJETO DO PROCESSO COLETIVO 46 AÇÃO CIVIL PÚBLICA .................................................................................................................. 48 1. GENERALIDADES ................................................................................................................ 48 1.1. PREVISÃO LEGAL/SUMULAR ....................................................................................... 48 1.1.1. Histórico legal .......................................................................................................... 48 1.1.2. Previsão sumular ..................................................................................................... 49 2. DISTINÇÕES ......................................................................................................................... 49 2.1. AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO COLETIVA ................................................................... 49 2.2. AÇÃO CIVIL PÚBLICAX AÇÃO CIVIL DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA .............. 49 2.3. AÇÃO CIVIL PÚBLICA X AÇÃO POPULAR ................................................................... 50 3. OBJETO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA ...................................................................................... 51 3.1. ESPÉCIES DE OBJETOS .............................................................................................. 51 3.1.1. Meio-ambiente ......................................................................................................... 51 3.1.2. Consumidor ............................................................................................................. 52 3.1.3. Bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico ............. 52 3.1.4. Qualquer outro interesse difuso ou coletivo ............................................................. 53 3.1.5. Ordem econômica ................................................................................................... 53 3.1.6. Urbanística .............................................................................................................. 53 3.1.7. Honra, dignidade de grupos raciais, étnicos ou religiosos ........................................ 53 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 4 3.1.8. Patrimônio público e social ...................................................................................... 54 3.2. TUTELAS DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA ............................................................................. 54 3.2.1. Tutela preventiva ..................................................................................................... 54 3.2.2. Tutela ressarcitória/reparatória ................................................................................ 55 3.2.3. Dano moral coletivo ................................................................................................. 55 3.3. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS .......................................................................................... 58 3.4. ACP X ADI X ADC .......................................................................................................... 59 3.5. VEDAÇÃO DE OBJETO ................................................................................................. 60 4. LEGITIMIDADE ATIVA .......................................................................................................... 62 4.1. PREVISÃO LEGAL ......................................................................................................... 62 4.2. CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................... 63 4.2.1. Ope legis ................................................................................................................. 63 4.2.2. Concorrente e disjuntiva .......................................................................................... 63 4.3. NATUREZA JURÍDICA ................................................................................................... 63 4.4. LITISCONSÓRCIO ......................................................................................................... 63 4.5. CONTROLE JUDICIAL DE REPRESENTAÇÃO ADEQUADA ........................................ 64 5. LEGITIMADOS ATIVOS ........................................................................................................ 64 5.1. MINISTÉRIO PÚBLICO .................................................................................................. 64 5.1.1. Finalidade institucional ............................................................................................. 64 5.1.2. Direito difuso ou coletivo .......................................................................................... 65 5.1.3. Direito individual homogêneo ................................................................................... 65 5.1.4. ACP em favor de uma única pessoa ........................................................................ 66 5.1.5. Obrigatoriedade de agir ........................................................................................... 67 5.2. DEFENSORIA PÚBLICA ................................................................................................ 67 5.2.1. Finalidade institucional ............................................................................................. 67 5.2.2. Conceito de hipossuficiente ..................................................................................... 68 5.2.3. Atuação no processo coletivo .................................................................................. 68 5.3. ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA ....................................................................... 69 5.3.1. Finalidades institucionais ......................................................................................... 69 5.4. ASSOCIAÇÕES .............................................................................................................. 69 5.4.1. Amplitude................................................................................................................. 70 5.4.2. Expressa previsão de controle de representação adequada .................................... 70 5.4.3. A questão dos direitos individuais homogêneos ....................................................... 70 6.4.1. Cooperativas ........................................................................................................... 74 6. LEGITIMADOS PASSIVOS ................................................................................................... 74 6.1. INAPLICABILIDADE DO MICROSSISTEMA .................................................................. 75 6.2. AUSÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL ................................................................................ 75 7. COMPETÊNCIA .................................................................................................................... 76 7.1. CRITÉRIO FUNCIONAL HIERÁRQUICO ....................................................................... 76 7.2. CRITÉRIO OBJETIVO: EM RAZÃO DA MATÉRIA ......................................................... 76 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 5 7.2.1. Justiça Eleitoral ........................................................................................................ 76 7.2.2. Justiça do Trabalho.................................................................................................. 77 7.2.3. Justiça Federal ........................................................................................................ 77 7.2.4. Justiça Estadual ....................................................................................................... 79 7.3. CRITÉRIO OBJETIVO: EM RAZÃO DO VALOR ............................................................. 79 7.4. CRITÉRIO TERRITORIAL .............................................................................................. 80 8. COISA JULGADA NO PROCESSO COLETIVO .................................................................... 82 8.1. INTRODUÇÃO E PREVISÃO LEGAL ............................................................................. 82 8.2. LIMITES OBJETIVOS, SUBJETIVOS, MODO DE PRODUÇÃO E EXTENSÃO DA COISA JULGADA NO PROCESSO COLETIVO .................................................................................... 83 8.3. SUSPENSÃO DA AÇÃO INDIVIDUAL E A EXTENSÃO DA COISA JULGADA .............. 87 8.4. INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 16 DA LACP ...................................................... 90 9. RELAÇÃO ENTRE DEMANDAS ............................................................................................ 94 9.1. CRITÉRIOS DE RELAÇÃO ENTRE AS DEMANDAS ..................................................... 94 9.1.1. Identidade dos elementos da ação (tríplice eadem) .................................................94 9.1.2. Identidade da relação jurídica material ..................................................................... 95 9.2. RELAÇÃO ENTRE DEMANDAS INDIVIDUAIS............................................................... 95 9.2.1. Identidade TOTAL dos elementos da ação individual ............................................... 95 9.2.2. Identidade PARCIAL dos elementos da ação individual ........................................... 96 9.3. RELAÇÃO ENTRE DEMANDA INDIVIDUAL X DEMANDA COLETIVA .......................... 96 9.3.1. Identidade TOTAL dos elementos da ação individual com a coletiva ....................... 96 9.3.2. Identidade PARCIAL dos elementos da ação individual com a coletiva.................... 96 9.4. RELAÇÃO DEMANDA COLETIVA X DEMANDA COLETIVA ......................................... 97 9.4.1. Identidade TOTAL dos elementos da ação coletiva ................................................. 97 9.4.2. Identidade PARCIAL dos elementos da ação coletiva .............................................. 98 9.5. CRITÉRIO PARA REUNIÃO DE DEMANDAS COLETIVAS ........................................... 98 10. COMPETÊNCIA NAS AÇÕES COLETIVAS ..................................................................... 100 10.1. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NA TUTELA COLETIVA DE DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS STRICTO SENSU .............................................................................................. 100 10.2. INTERVENÇÃO DE TERCEIROS NA TUTELA COLETIVA DE DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS ...................................................................................................................... 101 10.3. AMICUS CURIAE ...................................................................................................... 102 10.4. ASSISTÊNCIA NA AÇÃO POPULAR ........................................................................ 103 10.5. INTERVENÇÃO DA PESSOA JURÍDICA INTERESSADA NA AÇÃO POPULAR E NA AÇÃO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA (ARTS. 6º, § 3º, DA LAP E 17, DA LIA) .......... 103 10.6. CABIMENTO DA DENUNCIAÇÃO DA LIDE NA TUTELA COLETIVA ....................... 104 11. LIQUIDAÇÃO E EXECUÇÃO DA SENTENÇA COLETIVA ............................................... 105 11.1. EXECUÇÃO DOS DIREITOS DIFUSOS E COLETIVOS (DIREITOS NATURALMENTE COLETIVOS) .......................................................................................................................... 105 11.1.1. Liquidação/Execução da pretensão coletiva (Art. 2º, 13 e 15 LACP) .................. 105 11.1.2. Liquidação/Execução da pretensão individual derivada (art. 103, §3º CDC) ....... 107 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 6 11.2. EXECUÇÃO DOS DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS (DIREITOS ACIDENTALMENTE COLETIVOS) ......................................................................................... 108 11.2.1. Liquidação/Execução da pretensão individual (art. 97 do CDC) ......................... 109 11.2.2. Execução da pretensão individual coletiva (art. 98 do CDC)............................... 109 11.2.3. Execução da pretensão coletiva residual: “fluid recovery” (reparação fluída) - (art. 100 do CDC) ........................................................................................................................ 110 11.3. OBSERVAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 111 12. PRESCRIÇÃO NA AÇÃO CIVIL PÚBLICA ....................................................................... 112 12.1. IMPRESCRITIBILIDADE ........................................................................................... 113 12.2. PRAZO DE PRESCRIÇÃO........................................................................................ 114 13. RECURSOS NAS AÇÕES COLETIVAS ........................................................................... 115 13.1. RECURSOS CONTRA FUNDAMENTAÇÃO DO DECISUM...................................... 115 13.2. EFEITO SUSPENSIVO ............................................................................................. 115 13.3. REEXAME NECESSÁRIO ........................................................................................ 116 13.4. IMPUGNAÇÕES À DECISÃO SOBRE A LIMINAR ................................................... 117 14. INQUÉRITO CIVIL ........................................................................................................... 117 14.1. ASPECTOS GERAIS ................................................................................................ 117 14.2. CARACTERÍSTICAS ................................................................................................. 118 14.3. FASES DO INQUÉRITO CIVIL .................................................................................. 118 14.3.1. Instauração ........................................................................................................ 118 14.3.2. Instrução (poderes instrutórios do MP) ............................................................... 119 14.3.3. Prazo ................................................................................................................. 124 14.3.4. Conclusão .......................................................................................................... 124 14.4. COMPROMISSO/TERMO DE AJUSTAMENTO DE CONDUTA (CAC/TAC) ............. 125 14.4.1. Previsão legal ..................................................................................................... 125 14.4.2. Natureza do termo .............................................................................................. 125 14.4.3. Legitimação ........................................................................................................ 125 14.4.4. Facultatividade ................................................................................................... 125 14.4.5. Responsabilidade pela má celebração do TAC ou não fiscalização do seu cumprimento ........................................................................................................................ 126 14.4.6. Termo lacunoso ................................................................................................. 126 14.4.7. TAC’s incompatíveis entre si ......................................................................................... 126 14.4.8. Eficácia .............................................................................................................. 127 14.4.9. Objeto ................................................................................................................ 127 14.4.10. Condição de celebração do TAC ........................................................................ 127 14.4.11. Celebração do TAC no curso do IC .................................................................... 128 14.4.12. Celebração de acordo no âmbito da ACP já ajuizada pelo MP ........................... 128 14.4.13. Compromisso preliminar..................................................................................... 128 14.4.6. Em regra, não cabe TAC em improbidade administrativa (VER LIA) .................. 128 14.4.7. Impugnação dos compromissos e transações .................................................... 130 AÇÃO POPULAR (Lei nº 4.717/65) ............................................................................................. 131 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 7 1. GENERALIDADES .............................................................................................................. 131 1.1. CONCEITO ................................................................................................................... 131 1.2. PREVISÃO CONSTITUCIONAL ................................................................................... 131 1.3. PREVISÃO LEGAL .......................................................................................................131 1.4. PREVISÃO SUMULAR ................................................................................................. 131 2. OBJETO DA AÇÃO POPULAR ............................................................................................ 131 2.1. PREVISÃO NO ART. 5º, INCISO LXXIII DA CF ............................................................ 131 2.2. TUTELA RESSARCITÓRIA/ MEIO AMBIENTE/ PATRIMÔNIO HISTÓRICO-CULTURAL 132 2.2.1. Patrimônio Público ................................................................................................. 132 2.2.2. Moralidade administrativa ...................................................................................... 132 3. CABIMENTO DA AÇÃO POPULAR ..................................................................................... 133 3.1. “ATO” ............................................................................................................................................ 133 3.2. “ILEGAL” ...................................................................................................................................... 134 3.3. “LESIVO” ...................................................................................................................................... 135 4. LEGITIMIDADE ................................................................................................................... 136 4.1. LEGITIMIDADE ATIVA ................................................................................................. 136 4.2. LEGITIMIDADE PASSIVA ............................................................................................ 137 5. PAPEL DO MINISTÉRIO PÚBLICO ..................................................................................... 138 6. COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 138 7. PRAZO PARA RESPOSTA DOS RÉUS .............................................................................. 139 8. SENTENÇA ......................................................................................................................... 139 8.1. PRAZO PARA JULGAR ................................................................................................ 139 8.2. NATUREZA DA SENTENÇA ........................................................................................ 139 9. REEXAME NECESSÁRIO ................................................................................................... 140 10. APELAÇÃO (EFEITOS) ................................................................................................... 140 11. DIFERENÇAS ENTRE A LA E LACP ............................................................................... 140 12. PENHORABILIDADE SALARIAL ..................................................................................... 142 13. SUCUMBÊNCIA ............................................................................................................... 142 MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO ................................................................................. 144 1. PREVISÃO LEGAL E SUMULAR ........................................................................................ 144 2. CONCEITO .......................................................................................................................... 148 2.1. LÍQUIDO E CERTO ...................................................................................................... 148 2.2. NÃO AMPARADO POR HABEAS CORPUS OU HABEAS DATA ................................. 149 2.3. CONTRA ATO .............................................................................................................. 149 2.4. LEGAL OU ABUSIVO DE DIREITO .............................................................................. 150 2.5. PRATICADO POR AUTORIDADE PÚBLICA OU AFIM ................................................ 150 3. LEGITIMIDADE ................................................................................................................... 150 3.1. LEGITIMIDADE ATIVA PARA O MS COLETIVO .......................................................... 150 3.2. LEGITIMIDADE ATIVA PARA O MS INDIVIDUAL ........................................................ 152 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 8 3.3. LEGITIMIDADE PASSIVA ............................................................................................ 152 4. OBJETO DO MS COLETIVO ............................................................................................... 154 5. COMPETÊNCIA .................................................................................................................. 155 5.1. FUNCIONAL/HIERÁRQUICO ....................................................................................... 155 5.2. MATERIAL .................................................................................................................... 155 5.3. VALORATIVO ............................................................................................................... 156 5.4. TERRITORIAL .............................................................................................................. 156 6. PROCEDIMENTO................................................................................................................ 156 6.1. LIMINAR NO MS .......................................................................................................... 157 6.2. INFORMAÇÕES ........................................................................................................... 157 6.3. SENTENÇA .................................................................................................................. 157 6.4. RECURSOS ................................................................................................................. 158 7. DESISTÊNCIA ..................................................................................................................... 158 8. DECADÊNCIA ..................................................................................................................... 159 9. TEORIA DO FATO CONSUMADO ...................................................................................... 159 MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO ...................................................................................... 160 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS ............................................................................................... 160 2. PREVISÃO .......................................................................................................................... 160 3. CONCEITO E ORIGEM ....................................................................................................... 161 4. SÍNDROME DA INEFETIVIDADE DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS .............................. 161 5. ESPÉCIES ........................................................................................................................... 161 5.1. INDIVIDUAL ................................................................................................................. 161 5.2. COLETIVO ................................................................................................................... 161 6. ESPÉCIES DE AUSÊNCIA DE NORMA REGULAMENTADORA ........................................ 162 7. NATUREZA DA NORMA REGULAMENTADORA ............................................................... 162 8. DIFERENÇAS ENTRE MANDADO DE INJUNÇÃO E AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSÃO ............................................................................ 162 9. MANDADO DE INJUNÇÃO ESTADUAL .............................................................................. 163 10. LEGITIMIDADE ................................................................................................................163 10.1. LEGITIMIDADE ATIVA DO MANDADO DE INJUNÇÃO INDIVIDUAL ....................... 163 10.2. LEGITIMIDADE ATIVA DO MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO ......................... 164 10.3. LEGITIMIDADE PASSIVA (TANTO DO INDIVIDUAL, COMO DO COLETIVO) ......... 164 11. COMPETÊNCIA ............................................................................................................... 165 11.1. COMPETÊNCIA ORIGINÁRIA .................................................................................. 165 11.2. COMPETÊNCIAS RECURSAIS ENVOLVENDO MI EXPRESSAMENTE PREVISTAS NA CF/88 ................................................................................................................................ 165 12. PROCEDIMENTO ............................................................................................................ 165 12.1. REGRAMENTO ........................................................................................................ 166 12.2. PETIÇÃO INICIAL ..................................................................................................... 166 12.2.1. Petição inicial deve indicar o impetrado e a pessoa jurídica ............................... 166 CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 9 12.2.2. Indeferimento da petição inicial .......................................................................... 166 12.2.3. Recurso contra o indeferimento da petição inicial .............................................. 167 12.2.4. Cópias da petição inicial e dos documentos ....................................................... 167 12.2.5. Documento em repartição pública ou na posse de autoridade ou de terceiro ..... 167 12.2.6. Providências a serem tomadas após o recebimento da petição inicial (art. 5º) ... 168 12.3. MANIFESTAÇÃO DO MP (ART. 7º) .......................................................................... 168 12.4. SENTENÇA OU ACÓRDÃO...................................................................................... 168 12.5. LIMINAR ................................................................................................................... 168 13. EFICÁCIA OBJETIVA DA DECISÃO ................................................................................ 168 13.1. CORRENTE NÃO-CONCRETISTA ........................................................................... 168 13.2. CORRENTE CONCRETISTA .................................................................................... 169 13.3. POSIÇÃO ADOTADA NO DIREITO BRASILEIRO .................................................... 170 14. COISA JULGADA NO MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO ........................................ 171 15. SUPERVENIÊNCIA DA NORMA REGULAMENTADORA ................................................ 171 16. AÇÃO DE REVISÃO ........................................................................................................ 172 17. OBSERVAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 173 APRESENTAÇÃO Olá! Inicialmente, gostaríamos de agradecer a confiança em nosso material. Esperamos que seja útil na sua preparação, em todas as fases. Quanto mais contato temos com uma mesma fonte de estudo, mais familiarizados ficamos, o que ajuda na memorização e na compreensão da matéria. O Caderno de Difusos e Coletivos possui como base as aulas do Prof. Fernando Gajardoni e Prof. Landolfo de Andrade, o caderno foi complementado com doutrina (Daniel Assumpção, Processo Coletivo – 2019 e Cleber Masson, Landolfo de Andrade – Interesses Difusos e Coletivos Esquematizado - 2020). Na parte jurisprudencial, utilizamos os informativos do site Dizer o Direito (www.dizerodireito.com.br), os livros: Principais Julgados STF e STJ Comentados, Vade Mecum de Jurisprudência Dizer o Direito, Súmulas do STF e STJ anotadas por assunto (Dizer o Direito). Destacamos é importante você se manter atualizado com os informativos, reserve um dia da semana para ler no site do Dizer o Direito. Ademais, no Caderno constam os principais artigos de lei, mas, ressaltamos, que é necessária leitura conjunta do seu Vade Mecum, muitas questões são retiradas da legislação. Como você pode perceber, reunimos em um único material diversas fontes (aulas + doutrina + informativos + súmulas + lei seca + questões) tudo para otimizar o seu tempo e garantir que você faça uma boa prova. Por fim, como forma de complementar o seu estudo, não esqueça de fazer questões. É muito importante!! As bancas costumam repetir certos temas. Vamos juntos!! Bons estudos!! CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 10 Obs.: Ação coletiva é gênero do qual são espécies os instrumentos processuais coletivos, a exemplo da ação civil pública, da ação popular, do mandado de segurança coletivo, do habeas data coletivo etc. Equipe Cadernos Sistematizados. TEORIA GERAL DO PROCESSO COLETIVO 1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 1.1. ORIGEM Até meados da década de 70, o Processo Civil contentava-se em declarar direitos subjetivos. Não havia a preocupação com a dimensão executiva do processo, ou seja, não se estabelecia uma tutela jurisdicional realmente efetiva. Ao mesmo tempo, outros interesses começaram a aparecer, a exemplo da preocupação com o meio ambiente e da proteção de grupos vulneráveis, não sendo tutelados pelo processo civil. Diante disso, os processualistas passaram a preocupar-se com a tutela dos direitos de “grupos”, muitas vezes direitos que não detinham um titular predeterminado, surgindo assim o Direito Processual Coletivo. Perceba, portanto, que o Processo Coletivo nasce da necessidade de se conferir uma tutela diferenciada aos direitos transindividuais. 1.2. CONCEITOS BÁSICOS 1.2.1. Direito Processual Coletivo Trata-se de ramo autônomo do Direito Processual que reúne um conjunto de regras e princípios próprios, predispondo-se a tutelar adequadamente direitos pertencentes a grupos de pessoas. 1.2.2. Ação coletiva Consiste na demanda pela qual se infere a existência de uma situação jurídica coletiva ou passiva, iniciando, portanto, um processo coletivo. 1.2.3. Tutela jurisdicional coletiva É a proteção judiciária conferida aos direitos transindividuais, podendo envolver tanto a dimensão dos resultados da atividade jurisdicional (bem da vida) quanto a dimensão dos meios preordenados a consecução das finalidades do processo coletivo (procedimentos). 1.3. TUTELA DE DIREITOS COLETIVOS x TUTELA COLETIVA DE DIREITOS TUTELA DE DIREITOS COLETIVOS TUTELA COLETIVA DE DIREITOS CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 11 Obs.: Há autores que preferem utilizar a expressão “dimensões”, tendo em vista que a expressão “gerações” pode conferir a falsa ideia de substituição, desaparecimento da anterior. Em verdade, as dimensões/gerações coexistem, o surgimento de um não exclui a outra. Tratamento judiciário destinado a direitos essencialmente transindividuais, ou seja, são direitos que, em sua essência, são coletivos, ultrapassando a orbita do direito individual, seja em razão da indeterminação dos sujeitos ou em razão da indivisibilidade do objeto. Tratamento coletivo para demandas coletivas individuais, a exemplo dos direitos individuais homogêneos. 2. EVOLUÇÃO HISTÓRICO-METODOLÓGICA 2.1. GERAÇÕES/DIMENSÕES DE DIREITOS FUNDAMENTAIS Inicialmente, é necessária uma análise do surgimento do direito material coletivo, feita com base nas gerações/dimensões de direitos fundamentais. Aqui, analisaremos: • Direitos de 1ª Dimensão (liberdade); • Direitos de 2ª Dimensão (igualdade); • Direitos de 3ª Dimensão (fraternidade ou solidariedade); Perceba que cada geração corresponde a um dos lemas da Revolução Francesa = LIBERDADE, IGUALDADE e FRATERNIDADE. Antes de analisarmos cada uma das dimensões, com o intuito de facilitar a compreensão do tema, observe atabela retirada do Livro Interesses Difusos e Coletivos: CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 12 DIREITOS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS 1ª DIMENSÃO Direito de liberdades – liberdades clássicas, formais ou públicas negativas. Foco na preservação da individualidade em face do Estado. Direitos Civis (liberdade, propriedade, segurança) e Políticos 2ª DIMENSÃO Direitos de igualdade – liberdades reais, concretas, materiais ou públicas positivas. Foco na correção das desigualdades, clamada pelos corpos intermediários. Início do reconhecimento da existência de direitos de dimensão coletiva. Direitos Sociais (amparo ao idoso, às mulheres, às crianças), Culturais (educação básica) e Econômicos. 3ª DIMENSÃO Direitos de fraternidade/solidariedade – reconhecimento internacional de direitos da humanidade, do homem como cidadão do mundo. Aprofundamento do reconhecimento de direitos de dimensão coletiva. Direito à paz, desenvolvimento, equilíbrio material. ao ao 2.1.1. Direitos de 1ª Dimensão: liberdade O fator histórico que originou a primeira dimensão foram as Revoluções Liberais (francesa e americana), no Século XVIII, as quais confortaram a ideia de controle do Estado Absolutista. Em razão disso, surge o movimento do Liberalismo (Estado Liberal). Como características podemos citar: • Os direitos de 1ª geração compreendem os direitos civis e políticos; • Liberdades negativas, pois impõem ao Estado um “não fazer”; • São os direitos de defesa do cidadão em face do Estado, exigindo uma abstenção por parte deste; • Pela Teoria dos Quatro Status (Jelinek), trata-se dos ‘DIREITOS DE DEFESA’ (status negativus ou status libertatis), indica a liberdade do indivíduo em relação ao Estado. • São essencialmente individuais. • Exemplo: Direito de propriedade, herança, voto, livre iniciativa, habeas corpus etc. O Estado se absteve completamente das relações privadas. Essa ausência estatal começou a gerar graves distorções, uma eclosão de desigualdade social. Surge, então, a nova geração. 2.1.2. Direitos de 2ª dimensão: igualdade Não se trata de igualdade FORMAL (tratamento igualitário da lei para com todos), que já havia sido consagrada nas revoluções liberais. A igualdade aqui é a material, ou seja, atuação do CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 13 Obs.: O primeiro direito social a ser reconhecido em uma constituição foi o do trabalho (francesa); posteriormente, os direitos sociais e econômicos chegaram à constituição do México (1917) e à Constituição Alemã (de Weimar – 1919); a CF de 1934 foi a primeira a contemplar. Estado para igualar os cidadãos, dada a crescente desigualdade social existente à época. O Estado liberal passa a ser social, em razão da necessidade de intervenção nas relações particulares e sociais. • Marco histórico: Revolução industrial (Século XIX); • Direitos sociais, econômicos e culturais; • Liberdades positivas, pois exigem atuação do Estado; • São direitos prestacionais (DIREITOS DE PRESTAÇÃO – status positivus ou status civitatis), ou seja, exigem prestações do Estado. Tanto prestações jurídicas quanto prestações materiais. • São essencialmente direitos coletivos. Também são garantias institucionais. • Exemplo: limitações ao capital, direitos à assistência social, à saúde, à educação, à previdência social, ao trabalho, ao lazer etc. Entende-se por garantias institucionais, as garantias dadas a determinadas instituições importantes para a sociedade, como família, funcionalismo público, imprensa livre etc. Segundo Cleber Masson, há o surgimento dos chamados corpos intermediários, que consistiam em grupos, classes ou categorias de pessoas, que se organizavam para lutar pelo reconhecimento dos interesses que tinham em comum. O exemplo mais típico é o movimento sindical. Mesmo com as duas gerações, percebeu-se que não havia suficiente proteção do homem. Isso porque se constatou que existiam direitos que não são individuais, mas são de grupos, e que igualmente reclamavam proteção, uma vez que a ofensa a eles acabaria por inviabilizar o exercício dos direitos individuais já garantidos anteriormente. Surge a nova dimensão. 2.1.3. Direitos de 3ª Dimensão: fraternidade ou solidariedade Direitos da coletividade; direitos METAINDIVIDUAIS, de titularidade difusa, indeterminada ou coletiva. Tutelam-se, aqui, os bens jurídicos que não podem ser individualmente considerados. Surgem a partir do século XX. Tem-se, como exemplo, o direito à paz, à autodeterminação dos povos, ao desenvolvimento, à qualidade do meio ambiente, à conservação do patrimônio histórico e cultural; à moralidade administrativa. O foco passa a ser a sociedade. Desta forma, não adianta cada indivíduo ter seus direitos protegidos, pois existem direitos coletivos que, se forem violados, acarretam a inviabilização de todos os demais direitos. 2.1.4. Direitos de 4ª Geração Direitos da globalização. Direitos informáticos, Pluralismo etc. CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 14 Segundo Cleber Masson, não há consenso. Bobbio, por exemplo, aposta que ela é composta pelo direito à integridade do patrimônio genético perante as ameaças do desenvolvimento da biotecnologia. Bonavides, por sua vez, entende ser, principalmente, o direito à democracia, somado aos direitos à informação e ao pluralismo. Direitos humanos de quinta dimensão: Bonavides defende que o direito à paz deveria ser deslocado da terceira para uma quinta dimensão. 2.2. FASES METODOLÓGICAS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL A doutrina também enxerga três momentos do Processo Civil, quais sejam: • 1º momento: Sincretismo, civilismo ou privatismo (até, aproximadamente, 1.868); • 2º momento: Autonomismo (de 1868 até hoje); • 3º momento: Instrumentalismo. 2.2.1. 1º momento: Sincretismo, civilismo ou privatismo Essa fase começou a ser percebida no Direito Romano, durando até meados de 1868. Nessa fase, o processo não era considerado uma ciência autônoma, ou seja, o direito de ação se confundia com o direito material. Como o direito de ação decorria diretamente da violação do direito material, para cada violação de direito material haveria, diretamente, uma ação dele decorrente e apta para resguardá- lo. Não provada a violação, inexistia o direito de ação. As regras processuais eram previstas nos códigos de direito material (exemplo: CC/16). Sévigné: O processo civil era o Direito (material) armado para a Guerra. 2.2.2. 2º momento: Autonomismo ou conceitual (de 1868 até hoje) Desenvolvido por Oskar Von Bülow. Houve a separação das relações materiais (entre dois indivíduos - bilaterais) das relações processuais (indivíduo - Estado - indivíduo - relação trilateral). Portanto, o direito de ação passou a ser autônomo em relação ao direito material. No Brasil, o autonomismo só teve destaque com Liebman, em meados do século XX. Sofreu críticas, houve por parte dos estudiosos um exagerado apego a necessidade de se conceituar e sistematizar todos os possíveis e imagináveis institutos e princípios, o que levou a um exagerado culto à forma em detrimento do objetivo maior do processo, afastando-se exageradamente do direito material e de sua função de efetivar as pretensões dos jurisdicionados. 2.2.3. 3º momento: Instrumentalismo Em 1950, surge, então, um novo momento, com a finalidade de reaproximar direito material e direito processual, sem acabar com a autonomia do processo. Possui como objetivo enxergar o processo como meio de acesso à justiça, como um instrumento de serviço ao direito material. Parte-se da premissa de que não basta um processo eminentemente técnico e com primor científico, plenamente apto a agradar seus operadores e estudiosos, roga-se por um processo eficaz CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 15 e célere, apto a solucionar as crises do direito material e benévoloaos que dele necessitam diuturnamente como seus destinatários (os jurisdicionados). Didier afirma que o processo e o direito material estão em uma relação circular, ou seja, o direito material serve ao processo, assim como o processo serve ao direito material. Essa fase começou com a obra denominada ‘Acesso à Justiça’ de autoria de Brian Garth e Mauro Cappelletti. Segundo os referidos autores, para possibilitar a efetividade do processo e viabilizar o acesso à justiça, os ordenamentos jurídicos deveriam observar três ondas renovatórias: 1) Possibilitar a justiça aos pobres: passa-se a tutelar o hipossuficiente. Exemplo brasileiro: Defensoria Pública, Lei de Assistência Judiciária. 2) Efetividade do processo: o processo deve ser de resultados, menos técnico e mais efetivo. Ainda está em andamento, mas ganhou grande destaque com o CPC/15. 3) Coletivização (molecularização) do processo: A coletivização do processo é uma onda renovatória e necessária diante de três situações extremas. 3.1) Existem bens e interesses de titularidade indeterminada, que acabam ficando sem proteção com o sistema individualista de processo. É o exemplo da defesa do meio- ambiente e do patrimônio público, da probidade administrativa. Basicamente, a ideia é de que se são de todos também não são de ninguém. Desta forma, o sistema precisa criar mecanismos para mitigar/diminuir o “efeito carona”, nomeando um porta-voz da coletividade. Ou seja, elege-se um grupo de legitimados que, embora não sejam os titulares do direito, irão atuar na sua proteção. Para a maioria da doutrina, são os direitos difusos e coletivos 3.2) Existem bens cuja tutela individual é inviável do ponto de vista econômico, sendo necessário, no caso, que se permita a determinados entes ou órgãos tutelar esses direitos (legitimação extraordinária). São os casos em que, por exemplo, o indivíduo é prejudicado pela quantidade a menos na embalagem, pela cobrança de centavos. Para evitar o sentimento social de que a lei não funciona, esses direitos, de pequena monta, precisam ser tutelados. Por isso, elegem-se os legitimados. 3.3) Existem bens ou direitos cuja tutela coletiva é recomendável do ponto de vista da facilidade do sistema (veja que esta não está preocupada com o jurisdicionado e sim com o judiciário). Potencializa a solução do problema. São os casos de ações repetitivas. Por exemplo, cobrança de assinatura mensal de planos de telefonia. Há, aqui, inúmeras vantagens, tais como: economia processual (uma sentença irá atingir várias pessoas) e uniformidade de entendimentos Na Europa, as ações coletivas tutelam os direitos de titularidade indeterminada (direitos difusos), não abarcando as demais hipóteses. O direito americano, ao contrário, preocupa-se, nas questões coletivas, com direitos economicamente desinteressantes no plano individual e com a tutela coletiva recomendável do ponto de vista da facilidade, caracterizando os direitos individuais homogêneos. No Brasil, há adoção do sistema europeu e do sistema norte-americano. Kazuo Watanabe: trata-se da molecularização do processo. Fomos ensinados a ver o CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 16 Art. 506. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não prejudicando terceiros. processo como átomo. Devemos ver o processo como moléculas, é a generalização das soluções. Até então, o Processo Civil clássico era incapaz de tutelar essas três situações. A criação do processo coletivo se fazia necessária em virtude da inadequação do processo civil individual para a proteção das situações acima, em primeiro lugar no que diz respeito à legitimidade. Exemplo: Quem defenderia o meio-ambiente se só existisse a legitimidade ordinária? Ou melhor, quem seria o legitimado ordinário? Por isso, cria-se a legitimação extraordinária para a defesa de direitos que interessam toda uma coletividade ou grupo. Em segundo lugar, as regras de coisa julgada individual são incompatíveis com o processo coletivo. Ex.: Art. 506 CPC. O processo coletivo, pela sua essência é altruísta, pois objetiva a beneficiar mais de um indivíduo. Em antagonismo ao processo individual, que é egoísta, na medida em que só atinge as partes nele presentes. Aqui, citamos a incompatibilidade no que diz respeito à legitimidade e coisa julgada, entretanto, existem outras. 2.3. PROCESSO INDIVIDUAL X PROCESSO COLETIVO Para melhor compreensão, utilizamos o quadro comparativo feito pelo Prof. Gajardoni em sua aula, vejamos: PROCESSO INDIVIDUAL PROCESSO COLETIVO Tratamento atômico do conflito. Tratamento molecular do conflito. Alta possibilidade de decisões contraditórias. Menor possibilidade de decisões contraditórias. Conflito entre pessoas determinadas Conflitos entre pessoas indeterminadas (podem ser determináveis, algumas vezes só por grupo). Legitimação ordinária Legitimação extraordinária ou autônoma. Coisa julgada inter partes. Possibilidade de coisa julgada erga omnes ou ultra partes. CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 17 Destinatários da indenização: vítima ou sucessores Destinatários da indenização: • Se divisível, vítima ou sucessores • Se indivisível, fundo (art. 13 da LACP) Sem intervenção nas políticas públicas, como regra Com intervenção nas políticas públicas, como regra (significado social) Processo egoístico Processo altruísta (não é a somatória dos direitos individuais, mas síntese deles – fim comum). 2.4. ANTECEDENTES HISTÓRICOS FASE ANTIGA a) Actio popularis no Direito Romano – permitia a defesa pelo cidadão de coisas públicas e de uso comum do povo, a exemplo de praças, de cemitérios; b) Bill of peace do Direito inglês – autorização, concedida pelos tribunais de equidade, para coletivização de causas. FASE MODERNA a) Revolução industrial e movimentos sindicais – os conflitos não se davam apenas entre empregados e patrões, mas sim entre categorias; b) Formação das sociedades em massa FASE PÓS-MODERNA a) Vulnerabilidade do consumidor e consciência ambiental b) Globalização e do multiculturalismo. 2.5. ORIGEM DO PROCESSO COLETIVO BRASILEIRO Vejamos em ordem histórica: o 1965 – Ação Popular (Lei 4.717/1965): o objeto desta ação é bem restrito (patrimônio público, meio ambiente, patrimônio historio e cultural, moralidade), tutela apenas direitos difusos; o 1981 – Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6.938/1981): primeiro instrumento que tratou de ação civil pública, de forma genérica; o 1985 – Lei de Ação Civil Pública (Lei 7.347/1985): no início, não tutelava os direitos individuais homogêneos; o 1989 – Defesa das Pessoas com Deficiência (Lei 7.853/1989) o 1989 – Defesa dos Investidores do Mercado Imobiliário (Lei 7.913/1989) CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 18 o 1989 – Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/1989) o 1990 – Código de Defesa do Consumidor (Lei 8.078/1990) o 1992 – Improbidade Administrativa (Lei 8.429/1992) o 1994 – Defesa da Ordem Econômica e da Livre Concorrência (Lei 8.884/1994) o 2001 – Defesa da Ordem Urbanística (Lei 10.257/2001) o 2003 – Estatuto do Idoso (Lei 10.741/2003) o 2003 – Estatuto de Defesa do Torcedor (Lei 10.671/2003) A tutela coletiva no Brasil foi um movimento paulatino, ou seja, realizado em etapas, de modo devagar. AVANÇOS RETROCESSOS CF/88, CDC (potencializou o processo coletivo: veio principalmente para defender a situação da proteção que era economicamente inviável individualmente e aquela com interesse no sistema – ver acima), ECA, Estatuto do Idoso, Estatuto da Cidade Medidas Provisórias, que tinham o fito de limitar a tutela coletiva. Futuro do processo coletivo brasileiro: Houve uma tentativa de elaborar um Código Brasileiro de Processo Coletivo, por meio de dois grandes projetos: USP (Ada) e da UERJ/UNESA (Aluísio Castro Mendes). Em 2008, o Ministérioda Justiça nomeou uma comissão de juristas (além dos dois acima, entre outros o professor) que resolveu não levar adiante a ideia dos Códigos de Processo Coletivo (dada a lentidão do parlamento em aprovar Códigos). A opção foi elaboração de uma Nova Lei de Ação Pública (PL 5139/09), que, a rigor, funcionaria como um Código de Processo Coletivo (Como hoje funciona o LACP + CDC + Microssistemas de processo coletivo). Esse projeto entrou no pacote do pacto republicano, com expectativa que fosse votado no primeiro semestre de 2010, mas até agora nada. Há dois projetos tramitando no Congresso Nacional (PL 4441/2020 e o PL 4778/2020) que pretendem alterar o sistema do Processo Coletivo brasileiro, tais alterações irão dificultar a tutela dos direitos. Há pressão da sociedade civil para que não sejam aprovados. Além disso, o CNJ editou a Recomendação 76/2020, trata-se de um orientação aos juízes em relação ao processo coletivo. É um claro exemplo de soft law, tendo em vista que não possui caráter vinculante. 3. NATUREZA DOS DIREITOS METAINDIVIDUAIS CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 19 Masson: - Interesse público primário (propriamente dito): interesse geral da sociedade, o bem comum da coletividade. Sinônimo de interesse geral, de interesse social. A principal característica do interesse público é certa unanimidade social (= consenso coletivo), uma conflituosidade mínima. Em outras palavras, o insigne jurista observa que, no plano supraindividual (coletivo), não se verifica, manifestações contrárias aos valores e bens ligados ao interesse público, o que exclui a possibilidade de que, no plano individual, até mesmo judicialmente, alguém se insurja contra uma aplicação concreta daquele interesse. - Interesse público secundário: interesse concretamente manifestado pelo Estado-Administração, como pessoa jurídica. Durante anos, entendeu-se que o Direito se dividia em Direito Público e Privado (atualmente superado). E os direitos metaindividuais (transcendem o indivíduo) pertencem ao DIREITO PRIVADO ou DIREITO PÚBLICO? Não se pode negar a carga de interesse social que permeia esses direitos, exatamente por serem direitos de titularidade de várias pessoas. Nesse ponto, os direitos metaindividuais se aproximam do Direito Público. Entretanto, esses direitos não são necessariamente afetos/relacionados ao poder público. Exemplo: Uma entidade particular ingressa com ação pleiteando que uma indústria pare de poluir o meio-ambiente. Conclusão: Não se pode classificar nem como Direito Público e Direito Privado. Assim, a ‘summa divisio’ agora será entre direito público, direitos metaindividuais e direito privado. No entanto, alguns autores (Hugo, Assagra, Mancuso, Nery) têm proposto uma nova ‘summa divisio’ (divisão de ramos): Direito Individual (público/privado) e Direito Coletivo ou Metaindividual. A natureza dos direitos coletivos ou metaindividuais, portanto, é própria. Devemos ver o processo coletivo como um processo de INTERESSE público. Lembrar a divisão: interesse público primário que é o bem geral da coletividade e o interesse público secundário que é o do estado. O processo coletivo é de interesse público primário, isto é confirmado pelo fato de que a maioria dos processos coletivos tem como sujeito passivo o Estado. É um processo de interesse social, por isso, muitas vezes, é utilizado contra o Estado. PÚBLICO DIREITO PRIVADO Estado X Estado Estado X Indivíduo Indivíduo X Indivíduo CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 20 O interesse público secundário não deve chocar-se com o interesse público primário, devendo atuar como instrumento para sua consecução. - Também se denomina interesse público aquele que limita a disponibilidade de certos interesses que, de forma direta, dizem respeito a particulares, mas que, indiretamente, interessa à sociedade proteger, de modo que o direito objetivo acaba por restringir, como, por exemplo, em diversas normas de proteção do incapaz. 4. CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO COLETIVO Classificar é agregar por semelhança ou diferença determinadas características. 4.1. QUANTO AO SUJEITO: ATIVO E PASSIVO 4.1.1. Processo coletivo ATIVO É o processo tradicional, em que a coletividade é a autora. É a coletividade que está tendo o seu direito reclamado. Exemplo: MP, em nome próprio, defendendo interesse da coletividade. 4.1.2. Processo coletivo PASSIVO Aquele em que a coletividade é ré, ou seja, está sendo demandada. Por isso, é também chamado de ação coletiva passiva. Segundo Fredie Didier, a ação coletiva passiva ocorre quando um agrupamento humano for colocado como sujeito passivo de uma relação jurídica afirmada na petição inicial. A grande dificuldade, deste tipo de ação, é a eleição de quem será o representante da coletividade ré. Na doutrina há duas posições, diametralmente, opostas quanto ao processo coletivo PASSIVO: 1ªC: (Dinamarco): é posição minoritária, embora exista um precedente no STJ (Resp. 1.051.302). Sustenta que não existe ação coletiva passiva, tendo em vista a falta de previsão legal para tanto. O art. 5º LACP consagra os legitimados ativos, não havendo menção aos legitimados passivos. Processo civil. Recurso especial. Ação coletiva ajuizada por sindicato na defesa de direitos individuais homogêneos de integrantes da categoria profissional. Apresentação, pelo réu, de pedido de declaração incidental, em face do sindicato-autor. Objetivo de atribuir eficácia de coisa julgada à decisão quanto à extensão dos efeitos de cláusula de quitação contida em transação assinada com os trabalhadores. Inadmissibilidade da medida, em ações coletivas. - Nas ações coletivas, a lei atribui a algumas entidades poderes para representar ativamente um grupo definido ou indefinido de pessoas, na tutela de direitos difusos, coletivos ou individuais homogêneos. A disciplina quanto à coisa julgada, em cada uma dessas hipóteses, modifica-se. - A atribuição de legitimidade ativa não implica, automaticamente, legitimidade passiva dessas entidades para figurarem, como rés, em ações coletivas, salvo hipóteses excepcionais. - Todos os projetos de Códigos de Processo Civil Coletivo regulam hipóteses de ações coletivas passivas, conferindo CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 21 Art. 107. As entidades civis de consumidores e as associações de fornecedores ou sindicatos de categoria econômica podem regular, por convenção escrita, relações de consumo que tenham por objeto estabelecer condições relativas ao preço, à qualidade, à quantidade, à garantia e características de produtos e serviços, bem como à reclamação e composição do conflito de consumo. § 1° A convenção tornar-se-á obrigatória a partir do registro do instrumento no cartório de títulos e documentos. § 2° A convenção somente obrigará os filiados às entidades signatárias. § 3° Não se exime de cumprir a convenção o fornecedor que se desligar da entidade em data posterior ao registro do instrumento. legitimidade a associações para representação da coletividade, como rés. Nas hipóteses de direitos individuais homogêneos, contudo, não há consenso. - Pelo panorama legislativo atual, a disciplina da coisa julgada nas ações coletivas é incompatível com o pedido de declaração incidental formulado pelo réu, em face do sindicato-autor. A pretensão a que se declare a extensão dos efeitos de cláusula contratual, com eficácia de coisa julgada, implicaria, por via transversa, burlar a norma do art. 103, III, do CDC. Recurso improvido. (REsp 1051302/DF, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 23/03/2010, DJe 28/04/2010) O anteprojeto do Código Brasileiro de Processos Coletivos propôs a seguinte regulamentação: qualquer espécie de ação pode ser proposta contra uma coletividade organizada, mesmo sem personalidade jurídica, desde que apresente representatividadeadequada, se trate de tutela de interesses ou direitos difusos e coletivos e a tutela se revista de interesse social. 2ªC (Ada, Gajardoni): Existe sim, e a sua existência decorre do sistema processual brasileiro, a partir de uma interpretação sistêmica. É posição majoritária na doutrina. A prática tem demonstrado que há situações em que a coletividade deve ser acionada. Por exemplo, imagine uma ação coletiva que visa impedir greve de metroviários, em que o MP ajuíza ação pedindo que não façam greve. Perceba que nos dois lados (autor e réu) haverá coletividade (ação duplamente coletiva). Ocorre, aqui, uma hipótese de processo coletivo passivo (ver adiante). Salienta-se que a real dificuldade da ação coletiva passiva é determinar quem REPRESENTA a coletividade ré. Logicamente, a ação só pode ser admitida se intentada em face do verdadeiro representante, além de versar sobre interesse social. Assim, se a intervenção no processo de entes legitimados às ações coletivas pode se dar como litisconsortes do autor ou do réu, é porque a demanda pode ser intentada pela classe ou contra ela. Além disso, o art. 107 do CDC contempla a chamada convenção coletiva de consumo, caso a convenção coletiva firmada as classes não seja observada, de seu descumprimento se originará uma lide coletiva, que só poderá ser solucionada em juízo pela colocação dos representantes das categorias frente a frente, em ambos os polos da demanda. Argumentam, ainda, que o sistema ope legis, em que a lei escolhe o adequado representante passivo de uma determinada coletividade, deveria ser temperado com o sistema ope judicis, em que o juiz também pode decidir, a luz do caso concreto, sobre a aptidão daquela entidade que se apresenta em juízo. Por fim, não havendo representante adequado (análise do caso concreto, não há como ser CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 22 Atenção! Admitindo-se a ação coletiva passiva, a decisão do processo irá atingir todos os indivíduos, mesmo os que não fazem parte da associação ou do sindicato que atua como representante da coletividade demanda. Art. 554. A propositura de uma ação possessória em vez de outra não obstará a que o juiz conheça do pedido e outorgue a proteção legal correspondente àquela cujos pressupostos estejam provados. § 1o No caso de ação possessória em que figure no polo passivo grande número de pessoas, serão feitas a citação pessoal dos ocupantes que forem encontrados no local e a citação por edital dos demais, determinando-se, ainda, a intimação do Ministério Público e, se envolver pessoas em situação de hipossuficiência econômica, da Defensoria Pública. § 2o Para fim da citação pessoal prevista no § 1o, o oficial de justiça procurará os ocupantes no local por uma vez, citando-se por edital os que não forem encontrados. § 3o O juiz deverá determinar que se dê ampla publicidade da existência da ação prevista no § 1o e dos respectivos prazos processuais, podendo, para tanto, valer-se de anúncios em jornal ou rádio locais, da publicação de cartazes na região do conflito e de outros meios. Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2o e 4o. § 2o O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça. predeterminado), não será cabível. Alguns autores sustentam que os arts. 554 e 565, §2º, do CPC/2015 seriam exemplos de ações coletivas passivas, pois determinam a intimação do MP e da DP, atuariam como porta-voz da comunidade demandada. O STJ possui uma decisão monocrática (RESp. 1.632.064) do final de 2019 em que admitiu a ação coletiva passiva. Por fim, a ação coletiva passiva possui duas espécies: derivada e originária. AÇÃO PASSIVA COLETIVA DERIVADA AÇÃO PASSIVA COLETIVA ORIGINÁRIA Decorre de uma ação coletiva originária, por exemplo a ação rescisória de uma ação civil pública. Imagine a parte vencida interpõe uma ação rescisória de uma ação civil pública, a coletividade (que foi vencedora) será a ré. Será A coletividade será demandada, indepentemente da existência de uma ação coletiva ativa. É o caso, por exemplo, de uma ação para evitar greve dos metroviários. CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 23 OBS: Somente alguns autores sustentam que ação coletiva á algo diverso da ação civil pública. Dizem que a ação coletiva é aquela que tem fundamento no CDC. representada pelos autor da ACP, a exemplo do MP/da Defensoria. 4.1.3. Processo Coletivo ATIVO e PASSIVO A ação duplamente coletiva é aquela em que há uma coletividade em cada polo da demanda, ou seja, há duas coletividades envolvidas na relação jurídica processual. Alguns exemplos podem ser úteis à compreensão do tema. Os litígios trabalhistas coletivos são objetos de processos duplamente coletivos. Em cada um dos polos, conduzidos pelos sindicatos das categorias profissionais (empregador e empregado), discutem-se situações jurídicas coletivas. No direito brasileiro, inclusive, podem ser considerados como os primeiros exemplos de ação coletiva passiva. ATENÇÃO! Na ação duplamente coletiva, em sendo os direitos tutelados de igual natureza, ou seja, os direitos oriundos do polo ativo são de mesma natureza dos oriundos do polo passivo da ação, não há restrições à formação da coisa julgada erga omnes. Como não há razão para privilegiar nenhuma das classes, pois ambas se encontram em mesmas condições de defesa e têm os direitos tutelados em igual patamar (v.g. direitos difusos x direitos difusos), a coisa julgada será formada independente de a sentença ser procedente para o autor ou para o réu. 4.2. QUANTO AO OBJETO: ESPECIAL OU COMUM 4.2.1. Processo coletivo ESPECIAL Processo das ações de controle abstrato de constitucionalidade (ADI, ADC, ADO, ADPF). 4.2.2. Processo coletivo Comum Todas as ações para tutela dos interesses e direitos metaindividuais não relacionadas ao controle abstrato de constitucionalidade. Exemplos: 1) Ação Civil Pública; 2) “Ação Coletiva” (CDC); Gajardoni: ação coletiva é gênero, em que estão todas vistas aqui. 3) Ação de improbidade administrativa; há autores que sustentam que a ação de improbidade administrativa é espécie de ACP (denominada: “ação civil pública de improbidade administrativa”), o STJ por vezes também o faz. Não teria, assim, autonomia. São ações diferentes. A ação de improbidade tem caráter sancionatório. A ACP tem caráter apenas reparatório. Assim o objeto, a legitimidade e a coisa julgada são diferentes. 4) Ação popular; CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 24 5) MS coletivo; 6) MI coletivo. 4.3. OUTRA CLASSIFICAÇÃO 4.3.1. Ações Pseudocoletivas São ações ajuizadas com o rótulo de ações coletivas, mas que, na verdade, não são coletivas. São pseudocoletivas, ou seja, falsamente coletivas. Trata-se da ação que é proposta pelo ente legitimado em lei (legitimado extraordinário), mas que formula pedido certo e específico em prol de determinados indivíduos, que são substituídos processualmente. Há, na verdade, uma pluralidade de pretensões reunidas em uma mesma demanda. Exemplo comum é o de ação proposta por um ente associativo, deduzindo pretensão em prol de seus associados. Como se vê, nas ações pseudocoletivas o grande problema é o prejuízo que a demanda pode trazer ao contraditório e ao direito de defesa. Por isso, a constatação desse prejuízo deve levar à inadmissibilidade da ação. 5. PRINCIPAIS PRINCÍPIOS DE DIREITO PROCESSUAL COLETIVO O princípio é vetor legislativo, porque faz com que o legisladortenha que criar normas a eles aderentes. De igual modo, o princípio é também vetor interpretativo - o que significa dizer que as normas-regras devem ser interpretadas de modo a potencializar o seu alcance. Veremos somente os principais, que, obviamente, não afastam os princípios constitucionais do processo civil, tais como: contraditório, ampla defesa, devido processo legal. Alguns princípios são expressos, seja na legislação coletiva ou em outra normativa. Havendo, também, princípios implícitos, os quais decorrem do sistema de processo coletivo adotado no Brasil. Estudaremos os seguintes princípios: 1) Princípio da indisponibilidade mitigada da ação coletiva (LACP, art. 5º, §3º; LAP, art. 9º); 2) Princípio da indisponibilidade da execução coletiva (LAP, art. 16; LACP, art. 15); 3) Princípio do interesse jurisdicional do conhecimento do mérito; 4) Princípio da prioridade na tramitação; 5) Princípio do máximo benefício da tutela jurisdicional coletiva (art. 103, §§3º e 4º do CDC); 6) Princípio do ativismo judicial; 7) Princípio da máxima amplitude/atipicidade/não taxatividade do processo coletivo; 8) Princípio da ampla divulgação da demanda coletiva (CDC, art. 94); 9) Princípio da competência adequada; 10) Princípio da integratividade do microssistema processual coletivo (aplicação integrada das leis processuais coletivas); CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 25 LACP Art. 5º, § 3° Em caso de desistência INFUNDADA ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. LAP, Art. 9º Se o autor DESISTIR da ação ou der motivo à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação. OBS: Se a desistência for motivada e fundada, é possível que o juiz extinga o processo, verificando a pertinência das alegações. Por isso, diz que a indisponibilidade é MITIGADA. Por exemplo, ACP ambiental, na metade do processo repara-se integramente o dano, o MP pode desistir do processo e acompanhar extrajudicialmente. Art. 9º Se o órgão do Ministério Público, esgotadas todas as diligências, se convencer da inexistência de fundamento para a propositura da ação civil, promoverá o arquivamento dos autos do inquérito civil ou das peças informativas, fazendo-o fundamentadamente. § 1º Os autos do inquérito civil ou das peças de informação arquivadas serão remetidos, sob pena de se incorrer em falta grave, no prazo de 3 (três) dias, ao Conselho Superior do Ministério Público. § 2º Até que, em sessão do Conselho Superior do Ministério Público, seja homologada ou rejeitada a promoção de arquivamento, poderão as associações legitimadas apresentar razões escritas ou documentos, que serão juntados aos autos do inquérito ou anexados às peças de informação. § 3º A promoção de arquivamento será submetida a exame e deliberação do Conselho Superior do Ministério Público, conforme dispuser o seu Regimento. § 4º Deixando o Conselho Superior de homologar a promoção de arquivamento, designará, desde logo, outro órgão do Ministério Público para o ajuizamento da ação. 11) Princípio da adequada representação ou do controle judicial da legitimação coletiva; 5.1. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE MITIGADA DA AÇÃO COLETIVA Encontra previsão no art. 5º, §3º da Lei de Ação Civil Pública e no art. 9º da Lei de Ação Popular. De acordo com este princípio, o objeto da ação coletiva pertence à coletividade não ao ente legitimado. Por isso, não se admite desistência ou abandono imotivados da ação coletiva. Se houver, não implicará extinção do processo, mas sim sucessão processual. Destaca-se que caso o Ministério Público desista infundadamente caberá controle que será feito pelo Órgão Superior do Ministério Público. Há na doutrina divergência acerca de qual ente será o responsável, vejamos: 1ªC (Hugo Mazzilli): por analogia ao art. 9º da LACP, o controle deverá ser feito pelo Conselho Superior do Ministério Público. Prevalece. 2ªC (Nelson Nery Jr.): o controle deverá ser feito pela chefia do Ministério Público (PGJ ou PGR). CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 26 LACP Art. 15. Decorridos sessenta dias do trânsito em julgado da sentença condenatória, sem que a associação autora lhe promova a execução, deverá fazê-lo o Ministério Público, facultada igual iniciativa aos demais legitimados. Por fim, salienta-se que, de acordo com a jurisprudência do STJ, o MP possui o dever de assumir a titularidade da ação em caso de desistência. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. INGRESSO DO MP EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA NA HIPÓTESE DE VÍCIO DE REPRESENTAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO AUTORA. Na ação civil pública, reconhecido o vício na representação processual da associação autora, deve-se, antes de proceder à extinção do processo, conferir oportunidade ao Ministério Público para que assuma a titularidade ativa da demanda. Isso porque as ações coletivas trazem em seu bojo a ideia de indisponibilidade do interesse público, de modo que o art. 13 do CPC deve ser interpretado em consonância com o art. 5º, § 3º, da Lei 7.347/1985. Precedente citado: REsp 855.181-SC, Segunda Turma, DJe 18/9/2009. REsp 1.372.593-SP, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 7/5/2013. RECURSO ESPECIAL. (...). 1. Em linha de princípio, afigura-se possível que o Ministério Público ou outro legitimado, que necessariamente guarde uma representatividade adequada com os interesses discutidos na ação, assuma, no curso do processo coletivo (inclusive com a demanda já estabilizada, como no caso dos autos), a titularidade do polo ativo da lide, possibilidade, é certo, que não se restringe às hipóteses de desistência infundada ou de abandono da causa, mencionadas a título exemplificativo pelo legislador ( numerus apertus). (...) 2.1 Ante a natureza e a relevância pública dos interesses tutelados no bojo de uma ação coletiva, de inequívoca repercussão social, ressai evidenciado que os legitimados para promover a ação coletiva não podem proceder a atos de disposição material e/ou formal dos direitos ali discutidos, inclusive porque deles não são titulares. 2.2 No âmbito do processo coletivo, vigora o princípio da indisponibilidade (temperada) da demanda coletiva, seja no tocante ao ajuizamento ou à continuidade do feito, com reflexo direto em relação ao Ministério Público que, institucionalmente, tem o dever de agir sempre que presente o interesse social (naturalmente, sem prejuízo de uma ponderada avaliação sobre a conveniência e, mesmo, sobre possível temeridade em que posta a ação), e, indiretamente, aos demais colegitimados. Como especialização do princípio da instrumentalidade das formas, o processo coletivo é também norteado pelo princípio da primazia do conhecimento do mérito, em que este (o processo) somente atingirá sua função instrumental-finalística se houver o efetivo equacionamento de mérito do conflito. (...) Recurso especial provido STJ - REsp 1.405.697 /Estado de Minas Gerais - 3.ª Turma - j. 28.04.2015 - v.u. - Rel. Marco 5.2. PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA EXECUÇÃO COLETIVA Previsto no art. 16 da Lei de Ação Popular e no art. 15 da Lei de Ação Civil Pública. Vejamos: CS – DIFUSOS E COLETIVOS 2022.1 27 LAP Art. 16. Caso decorridos 60 (sessenta) dias da publicação da sentença condenatória de segunda instância, sem que o autor ou terceiro promova a respectiva execução, o representante do Ministério Público a promoverá nos 30 (trinta) dias seguintes, sob pena de falta grave. Art. 100. Decorrido o prazo de um ano sem habilitação de interessados em número compatível com a gravidade do dano, poderão os legitimados do art. 82 promover
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