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TCC - ESTELIONATO SENTIMENTAL - ENTREGA FINAL

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1
ESTELIONATO SENTIMENTAL: COMO O DIREITO PROTEGE O
SENTIMENTO ALHEIO.
ESTELLIONATE SENTIMENTAL: HOW THE LAW PROTECTS THE
FEELING OF OTHERS.
Larissa Gabrielly Siqueira Torres1
Thiago da Silva Viana2
Resumo:
O presente artigo tem como principal objetivo apresentar uma modalidade de
estelionato que vem tendo altos índices de acontecimentos nos últimos anos, na esfera
penal. Esta configuração de estelionato sentimental se dá através da violação de
princípios constitucionais, como o princípio da boa-fé, princípio da afetividade, entre
outros. Este trabalho busca entender o estelionato sentimental, como ele se dá quais suas
consequências jurídicas e apresentar casos já em julgamento. A metodologia de
pesquisa utilizada foi através de pesquisas bibliográficas, documentais e entrevistas as
vítimas deste crime.
Palavras- chave: Estelionato; Abuso de confiança; Relacionamentos.
Abstract:
The main objective of this article is to presente a type of embezzlement that has had
high rates of events in recente years, in the criminal sphere. This configuration of
sentimental embezzlement occurs through the violation of constituonal principles, such
as the principle of good Faith, the principle of affectivity, among otheres. This work
seeks to understand sentimental embezzlement, how it occurs and its legal
consequences, and to presente cases already under trial. The research methodology used
was through bibliographic reserarch, documents and interviews with victims of this
crime.
Keywords: Embezzlement; Abuse of trust; Relationships.
2 Mestrando em Sociologia e Direito (UFF/RJ). Professor de Direito Penal I (Teoria do
Crime), Direito Penal III (Crimes em Espécie), Direito Penal V (Leis Penais Especiais), Direito
Civil VII (Responsabilidade Civil), Oficina Jurídica III, do curso de Direito da Faculdade
Católica de Rondônia. Advogado. Endereço eletrônico: < thiago.viana@fcr.edu.br >. )
1 Acadêmica do curso de Direito da Faculdade Católica de Rondônia. - FCR. Endereço eletrônico:
larissa.torres@sou.fcr.edu.br
[Digite texto]
2
INTRODUÇÃO
O estelionato próprio ocorre quando alguém obtém vantagens ilícitas por meio
de fraude. No Código Penal, este delito é redigido em seu art. 171. O conceito de
estelionato sentimental não é muito diferente, somente se utiliza de confiança
conquistada por meio de relacionamentos.
Para conseguir êxito, o estelionatário cria ilusões de um relacionamento perfeito
para a vítima e assim conquista a confiança da mesma, para aplicar golpes. Esta
modalidade de estelionato não é analisada só pela vista penal, mas também, pela civil, já
que existe a obrigação de reparação dos danos.
O agente aproveita-se da vítima estar apaixonada ou até mesmo por considera-lo
como um grande amigo, confiando estritamente e assim começa a solicitar ajudas
financeiras, como empréstimos, prometendo pagar posteriormente. Além desta ajuda em
dinheiro, pode ser solicitado pelo estelionatário, que a outra parte deixe o comprar
carros, casa, utilizarem cartões de créditos em nome da vítima, garantindo-a que será
recompensada.
A vítima após descobrir que sofreu um golpe, evita fazer denúncia por inúmeros
fatores, como a falta de conhecimento de que tal crime possui possibilidade de
reparação na justiça, ou até mesmo por vergonha de ter sua vida pessoal exposta, além
de admitir para si mesmo que tudo não passou de farsa.
Apesar de a vítima ter conhecimento dos atos do agente, dar consentimento para
que o estelionatário utilize seu nome, ainda assim, se trata de um crime. E é possível,
sim, buscar a reparação desses danos na esfera civil, como também buscar penalidades
para o agente na esfera penal.
Está modalidade ainda é muito pouco conhecida, mas acredita-se que é possível
usar do emocional e do afetivo para a prática de atos ilegais. Um processo julgado
recentemente abordou esta nova denominação. Este tema vem chamando muito a
atenção do judiciário, que propôs um projeto de lei, para inserir ao art. 171 do Código
Penal, um inciso para tratar a respeito deste delito.
[Digite texto]
3
Em 2020, com a pandemia do COVID-19, os casos desta modalidade de
estelionato sentimental, aumentaram mais de 50%, é um dos maiores fatores de
crescimento deste delito, é o maior uso diário e constante das redes sociais neste período
que estamos vivendo em vulnerabilidade e carência das vítimas.
A metodologia utilizada para a abordagem do tema foi através de textos
bibliográficos, documentários, artigos científicos, livros, revistas e entrevistas com
algumas das vítimas deste crime. Buscando demonstrar como o nosso ordenamento
jurídico, pode trazer mais segurança e proteção para tais vítimas.
1. ESTELIONATO SENTIMENTAL
1.1 Conceito
O termo estelionato por si só já nos demonstra o conceito do estelionato
sentimental. Que ocorre quando uma fraude é praticada, induzindo alguém ao erro com
a finalidade de adquirir proveitos ilícitos para si próprios ou para outros. O estelionato
sentimental ocorre quando uma pessoa se aproveita de uma relação, que há confiança,
criando ilusões, demonstrando existir um relacionamento perfeito, para adquirir
vantagens ilícitas à custa do outro.
Segundo o entendimento do doutrinador Hewdy Lobo , o estelionato sentimental3
é definido através da confiança existente entre um casal, no qual um dos envolvidos no
relacionamento usa-se de meios ilícitos para que obtenha vantagens ilícitas para outro
ou para si mesmo.
Para a consumação do estelionato sentimental é indispensável que seja
evidenciado lesões materiais causados através da relação. Este delito está descrito no
art. 171 do Código Penal, que diz: “Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil ou
qualquer outro meio fraudulento”.
3 LOBO, Hewdy. O que é Estelionato Sentimental e como a Psiquiatria Forense pode
contribuir? 2017. Disponível em:
https://lobo.jusbrasil.com.br/artigos/417120168/o-que-e-estelionato-sentimental-e-como-a-psiquiatria-for
ense-pode-contribuir. Acesso em 27 de setembro de 2021. 2017. p. 01.
[Digite texto]
4
O estelionato sentimental se originou por meio de um processo que ocorreu em
Brasília, em uma vara cível, onde o réu foi condenado a ressarcir sua ex-namorada pelo
pagamento de inúmeras contas que teria pagado em favor do réu. O magistrado deste
caso de origem, afirmou que apesar de, em uma relação, a aceitação de ajuda financeira
ser aceitável, sem ser considerada como conduta ilícita, mas, a partir do momento em
que ocorrer violação da boa-fé, pode vir a decorrer em ilicitude, havendo a obrigação de
indenização.
A partir deste julgado que situações como tal, passaram a chamar a atenção do
judiciário, que passou a discutir a denominação estelionato sentimental, buscando
resguardar as relações afetivas que até então não eram protegidas no âmbito do Direito.
1.2 O que configura o estelionato sentimental
Através do namoro, presumimos que exista lealdade, fidelidade, parceria,
respeito, cumplicidade, afinal, é uma relação configurada como o início da vida em
comum, que posteriormente se consolidará por meio de casamento, união estável. No
entanto, no momento no qual um dos envolvidos na relação, utiliza-se desta presunção
tirada do vínculo sentimental, de forma intencional para tirar vantagens do outro, ocorre
a possibilidade de responsabilização civil e penal a depender do caso concreto.
O criminalista Greco nos diz que a partir do momento em que apareceram as4
relações sociais, o homem utiliza-se de fralde para simular seus reais sentimentos,
escondendo a verdade, para obter benefícios impróprios.
Para o doutrinador Nelson Gonçalves , o autor do estelionato afetivo é de fato5
um ator, que se utiliza da relação sentimental para praticar golpes, o autor acrescenta:
“Eles são falsários, pilantras, bandidos, criminosos como os demais ao pé
da lei, mas a diferença é que praticam a fraude com requinte sentimental.
5 GONÇALVES, Nelson. Como age o estelionatáriosedutor? JCNET: São Paulo, 2014. Disponível em:
< https://www.jcnet.com.br/Policia/2014/08/como-age-o-estelionatario-sedutor.html> Acesso em: 27 de
setembro de 2021. 2014. p. 01.
4 GRECO, R. Curso de Direito Penal: parte especial, volume III. 11 Ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014.
Acesso em: 27 de setembro de 2021. 2014. p.236.
[Digite texto]
5
E, para tanto, se valem de uma lábia vigarista que impressiona, por vezes,
os mais criativos roteiristas de cinema”.
Este delito será configurado, de acordo com o escritor Santo , quando uma das6
partes do casal, tem o objetivo de atingir privilégios indevidos, causando prejuízo de
outrem, incentivando ou induzindo alguém ao erro, mediante artifícios. Já o doutrinador
Parodi configura, o que para ele chama-se de dano do amor, como uma lesão civil, que
não fica marcado apenas pela mágoa, pela decepção do rompimento do relacionamento,
pois causa repercussões patrimoniais e jurídicas.
Relacionamentos, quando acabam, provocam sentimentos árduos para os
envolvidos ou pelo menos a um deles. Quando ocorre o estelionato emocional, não
causa somente a dor do término do relacionamento, acarreta em danos morais,
psicológicos, além dos danos materiais.
1.3 Como identificar
A identificação deste delito é um desafio, afinal, pode- se passar a ideia de uma
ajuda econômica no andamento do relacionamento, no entanto, é indispensável
diferenciar o que é a ajuda mútua entre ambas as partes em um relacionamento e o que é
danos materiais intencionalmente causados por um dos envolvidos na relação.
Um dos fatores que esperamos em uma relação é a ajuda mútua, o que podemos
chamar de via de mão dupla. Segundo a autora Marcela Oliveira , para termos um7
relacionamento satisfatório, é necessário, respeito, carinho, amor, flexibilidade, diálogo,
amizade, paciência, harmonia, confiança, etc.
Quando existentes esses fatores, não se trata do delito estelionato sentimental.
Para a identificação deste, é necessário prever a ideia de um dos indivíduos que tem
7 OLIVEIRA, Marcela Aline Pereira. Fatores indicados por casais que facilitam ou impedem o
relacionamento conjugal satisfatório. Revista Caminhos, 2011. Disponível
em:http://siteunidavi.s3.amazonaws.com/revistaCaminhos/humaniadeano2.pdf#page=173. Acesso dia 28
de setembro de 2021. 2011. p. 173.
6 SANTOS, Fábio Celestino dos. Estelionato sentimental – quando o amor paga a conta: a exploração
econômica no curso do namoro. Jurisway. 2018. Disponível em:
https://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=19617. Acesso em 27 de setembro de 2021. 2018. p. 03.
[Digite texto]
6
como finalidade gerar frutos por meio da boa-fé, gerando prejuízos ao companheiro,
prejuízos estes ilícitos.
Há quatro requisitos que são de caráter obrigatório para a caracterização do
estelionato sentimental, de acordo com o TJDFT : aquisição de vantagens ilícitas;8
prejuízo à outra parte; uso de meia manipulação; enganar ou induzir alguém ao erro.
1.4 Como Provar
Inicialmente, a vítima de estelionato afetivo, deve registrar um boletim de
ocorrência na delegacia mais próxima, com todas as informações que obteve do
acusado.
Após este registro, deve ser juntado todo o material que possui como prova,
mensagens de whatsapp, comprovantes de pagamentos de boletos, comprovantes de
transferências bancárias, extratos de cartão de crédito, e-mails, para que possa assim,
procurar um advogado para entrar com o processo com a finalidade de ressarcimentos e
condenação do acusado.
2. ILÍCITO PENAL OU APENAS ILÍCITO CIVIL?
Atos ilícitos ocorrem em todos os ramos do direito, mas se tratando do
estelionato sentimental, se encontra prescrito tanto no ilícito civil quanto no penal.
Ilícitos civis são todas aquelas atividades antijurídicas ou omissão destas atividades, em
regra, culpável e lesiva, cabendo assim à responsabilidade de ressarcir danos. Já o ilícito
penal, envolve atividades ou omissão ilegal, típica e culpável, além dos elementos
essenciais, tipicidade e culpabilidade.
Tanto ilícito civil quanto o penal, podem decorrer na mesma esfera contratual e
extracontratual, o que acontece no estelionato emocional, pois é identificada a
8 TJDFT. Estelionato. 2015. Disponivel em:
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicaosemanal/estelion
ato#:~:text=O%20crime%20de%20estelionato%20exige,a%20leva%2Dlo%20a%20erro. Acesso em 28
de setembro de 2021.
[Digite texto]
7
responsabilidade de reparação à vítima, e a responsabilidade de punição, por infringir as
normas penais.
Para caracterizar a responsabilidade civil, deve haver dois pressupostos, a
afronta ao abuso do direito e ao princípio da boa-fé objetiva. No que diz respeito à boa-
fé, Cavalieri Filho , nos diz, que é uma conduta necessária para vê-la convívio social,9
com o propósito de que possamos confiar e acreditar, nas condutas do outro. Já no que
diz respeito ao abuso do direito, o doutrinador Gonçalves trás que esta afronta ao10
direito se aplica em diversas áreas, a fim de impedir o exercício insociável dos direitos
subjetivos.
Na esfera penal, o estelionato sentimental, se adequa ao tipo penal descrito no
art. 171 do Código Penal. Para que este delito ocorra, não é necessário um
relacionamento estável, o que é necessário nestes casos, é que haja apenas uma relação
de confiança entre as partes. Importante destacar que quando falamos em relação de
confiança, estamos abrangendo inclusive, relações de amizades. Outro ponto
importante, é que para se enquadrar como vítima desse delito, não há determinação de
gênero, de classe social, de experiência de vida, não há ninguém imune a isso.
Segundo GENNARINI , as vítimas deste ato ilícito, são pessoas que passaram11
por traumas sentimentais, seja eles por meio de divorcio, viuvez, relacionamentos que
não deram certo, etc. Ainda a respeito disso, ela diz que os estelionatários utilizam-se de
ferramentas como reciprocidade por disfarce, sedução, excessos de elogios, entre outras,
sendo uma das principais munições o sentimento que a vítima tem, aproveitando desta
forma da fragilidade da vítima até que atinja o seu propósito.
11 GENNARINI, Juliana Caramigo . O estelionato sentimental, amoroso ou afetivo: ilícito penal ou
apenas um ilícito civil? Revista de direito penal e processo penal. 2020. Disponível em:
https://revistas.anchieta.br/index.php/DireitoPenalProcessoPenal/article/view/1737/1543. Acesso em 04
de outubro. 2020. p. 06.
10 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito Civil Brasileiro – Responsabilidade Civil. Volume IV- 12 ed. –
São Paulo: Saraiva, 2017. Acesso em 04 de outubro de 2021. 2017. p. 68.
9 CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de Responsabilidade Civil. 12 ed. São Paulo: Atlas, 2014.
Acesso em 04 de outubro de 2021. 2014. p. 214.
[Digite texto]
8
Em um relacionamento, deve haver confiança, honestidade, companheirismo,
lealdade, quando por meio destes elementos, um dos envolvidos na relação prática com
má-fé, querendo resultar de vantagens ilícitas, ocorre o delito de estelionato.
O estelionato sentimental, portanto, trata-se tanto de um ilícito civil, quanto de
um ilícito penal, pois, se caracteriza por danos causados utilizando de relações
amorosas, afetivas, para obter vantagens patrimoniais. Quando por meio dessas relações
ocorre a aquisição de vantagens sobre a outra pessoa, sem que seja de forma espontânea,
utilizando-se da boa-fé para agir de forma ilícita, é cabível o reparo das perdas sobre a
responsabilidade civil.
3. ADEQUAÇÃO AO ART. 171 DO CÓDIGO PENAL
A própria expressão estelionato, vem do âmbito criminal, se trata de crime ao
patrimônio. O estelionato é uma espécie de fraude e se encontra na parte especial do
Código Penal, em seu art. 171, “obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita em
prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou
qualquer outro meio fraudulento”.
Para a conduta criminal, o núcleo do tipo neste caso, é o “obter”, por significar:
ter êxito, adquirir, ganhar, vira ter, conseguir, etc. Quando falamos em obter, estamos
tratando especificamente, de conseguir por meio de regalia ilícita, causando prejuízo ao
outro. O doutrinador Bitencourt , declara que no crime de estelionato, ocorre dupla12
relação causal, pois há o momento em que a vítima é enganada, sendo o causa; e o
momento que o estelionatário alcança seus objetivos indevidos, sendo, portanto, o
efeito.
Para tipificar um ato ilícito penal, é necessário que a atitude apresente algumas
características, descritas no próprio art. 171 do Código Penal, sendo, portanto, a
obtenção de vantagem ilícita causando prejuízo alheio, o emprego de táticas para
induzir ou manter a vítima em falha.
12 BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 10ª edição. Editora Saraiva Jur. 2019.
Acesso em 04 de outubro de 2021. 2019. p. 1369.
[Digite texto]
9
O atingimento dos benefícios ilícitos se trata de qualquer lucro de maneira não
tolerada pela lei, sendo lucros ilegais e indevidos. A perda alheia está relacionada ao
fato de alguém sofrer danos patrimoniais ou lucrativos. Estes dois elementos devem
estar presentes ao mesmo tempo, para configurar o crime de estelionato.
Por fim, a última característica para configurar a prática ilícita penal, é o
emprego de táticas para manter ou induzir alguém ao erro, neste caso, nos referiu, a
conquista da fidelidade e confiança da vítima, levando a acreditar que o envolvimento é
verdadeiro, gerando desta maneira, o erro. Quanto a isto, Greco se manifesta dizendo13
que o homem utiliza da fraude, desde o surgimento das relações sociais, para mascarar
seus sentimentos verdadeiros, suas intenções, a fim de obter vantagens indevidas.
Manifesta Bitencourt¹² trazendo que este delito se concretiza quando a vítima é
induzida ou mantida ao erro e quando ela já se encontra no erro, de forma voluntária ou
não, sendo limitada atividade do sujeito e mantendo assim, a vítima em uma situação
equivocada.
O estelionato possui elemento subjetivo, doloso, e é necessária a verificação do
dolo específico, ou seja, quando ocorre proveito ilícito de uma parte, causando prejuízo
ao outro, para só assim, configurar o crime de estelionato, previsto no art. 171 do
Código Penal.
4. PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE PREVEEM A REPARAÇÃO
DOS DANOS CAUSADOS
4.1 Princípio da boa-fé
Sua origem vem do Direito Romano, onde a sua expressão de conceito da boa-fé
era “bona fides”, “fides bona”. Porém, a boa-fé veio ganhar destaque, no direito
germânico, onde passou a refletir sobre os cumprimentos das obrigações e deveres
13 GRECO, Rógerio. Direito Penal. Parte especial. Vol. 02. 5° edição. Editora Impetus. 2021. Acesso em
04 de outubro de 2021. 2014. p. 236.
BITENCOURT, Cezar Roberto. Código Penal Comentado. 10ª edição. Editora Saraiva Jur. 2019.
Acesso em 04 de outubro de 2021. 2019. p. 1371.
[Digite texto]
10
decorrentes de contratos, além de levar em consideração o interesse da outra parte, no
exercício do direito.
No final do século XIX, junto com a intervenção estatal, surgiram conceitos,
para a função social, ordem pública, interesse público e para a boa-fé. No entanto, após
a 2° Guerra Mundial estes conceitos foram alterados, e o que passou a ser mais valioso,
foi à dignidade da pessoa humana. O que antes se dizia prever tudo com base na lei,
onde o juiz era apenas um espectador, passou a ser um sistema aberto, utilizando-se
através do juiz, conceitos de determinadas cláusulas, tornando o magistrado um diretor
do processo e não um simples ditador.
Uma novidade para o direito privado foi a Constituição Federal de 1988, passar a
tratar de princípios em conformidade com a Lei Fundamental, que antes eram tratados
somente no Código Civil. Outra mudança em nosso ordenamento foi à separação em
âmbitos jurídicos autônomos, deixando assim o Código Civil de ser o centro do
ordenamento, passando a haver relação entre ele e demais leis especiais. Esta mudança
foi denominada de microssistemas jurídicos.
Essa denominação diz respeito às leis que possuem necessidades sociais,
diretamente ligados ao civil-constitucional, a nova modernização legislativa, onde
buscam igualdade e equilíbrio nas relações jurídicas. Um dos papéis essenciais do
Direito, é manter o equilíbrio contratual, buscando junto com o Estado a estabilidade às
mais diversas relações, e para garantir esta função, utilizam-se da ferramenta boa-fé.
Com essas mudanças em nosso ordenamento jurídico, as parcerias entre as partes
nos contratos precisam exercer a boa-fé, para que tenham uma relação justa e
equilibrada, estando dispostos a enfrentarem dificuldades que possam vir a ocorrer
antes, durante ou depois do fim do contrato.
A boa-fé é uma forma de proteção nos contratos, resguardando as partes
envolvidas em um contrato, de sofrerem pelas más intenções do outro, protegendo
assim, o patrimônio das partes. O doutrinador Sílvio de Salvo Venosa define a boa-fé14
14 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil - Vol. 2 - Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos
Contratos - 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010. Acesso em 05 de outubro de 2021. 2010. p. 379.
[Digite texto]
11
objetiva como uma regra de conduta, um dever de agir de acordo com os padrões que
são estabelecidos e reconhecidos pela sociedade.
Segundo os entendimentos de Flávio Tartuce este princípio é caracterizado15
pela honestidade das partes envolvidas no contrato. Ele ainda relata:
[...] dever de cuidado em relação à outra parte negocial; dever de respeito;
dever de informar a outra parte sobre o conteúdo do negócio; dever de
agir conforme a confiança depositada; dever de agir com honestidade;
dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão.
Vale enfatizar, que o princípio da boa-fé objetiva não está relacionado apenas a
contratos, ele engloba todas as relações que envolvem pessoas, evitando que ocorra atos
ilícitos nas relações e acarrete em prejuízo para alguma das partes, proporcionando
consequências na esfera civil ou na penal.
O ordenamento jurídico brasileiro proíbe um comportamento distinto daquele
esperado entre as partes, pois este comportamento acaba acarretando em ato ilegal,
gerando danos e causando discordância nas relações. Assim, além das partes se
comprometerem a agir da forma estabelecida, ainda devem manter a conduta até o final,
para que não ocorra a frustração entre as partes.
4.2 Princípio da afetividade
O princípio da afetividade é ligado diretamente aos direitos familiares, onde
esperamos existir afeto entre uns e outros. O afeto é algo primordial em um
relacionamento, afinal, as relações, sejam elas entre familiares, casais ou nas amizades,
são baseadas nos sentimentos entre as pessoas.
O doutrinador Caio Mário da Silva , de acordo com seus entendimentos, alega16
que este princípio não está expresso na Carta Magna, mas, através de análise do art. 5°,
§2° da Constituição Federal, passou a ser classificado como princípio jurídico, com a
16 PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil: Direito de Família. 26 ed. Rio de Janeiro:
Editora Forense LTDA, 2018.
15 Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 7. ed. São Paulo: Editora Forense LTDA, 2017
TARTUCE. Acesso em 05 de outubro de 2021. 2017. p. 417.
[Digite texto]
12
finalidade de proteger no amor e nas obrigações. Para o Estado, é essencial que exista
afeto nas relações sociais, para que haja segurança jurídica, diminuindo desta forma,
lides processuais.
Não é necessário laços sanguíneos para haver afeto, o próprio convívio entre as
pessoas proporciona este sentimento. Para Madaleno , este princípio da afetividade é17
crucial para o convívio entre as pessoas, em razão de diferenciar e demonstrar o
significado da vida, quando há carinho e emoções.
O escritor Dias , a respeito deste princípio acrescenta:18
A afetividade é o princípio que fundamenta o Direito de Família na
estabilidade das relações socioafetivas e na comunhão de vida, com
primazia em face de considerações de caráter patrimonialou biológico. O
termo affectio societatis, muito utilizado no Direito Empresarial, também
pode ser utilizado no Direito das Famílias, como forma de expor a ideia
da afeição entre duas pessoas para formar urna nova sociedade, a família.
O afeto não é somente um laço que envolve os integrantes ele uma
família. Também tem um viés externo, entre as famílias, pondo
humanidade em cada família, compondo, no dizer de Sérgio Resende de
Barros, a família humana universal, cujo lar é a aldeia global, cuja base é
o globo terrestre, mas cuja origem sempre será, como sempre foi, a
família.
O sentimento de afeto acaba gerando expectativa com relação a uns e outros,
quando este princípio é violado, acaba gerando problemas, por isso, é um instrumento
de grande importância para a sociedade, para que tenha relações jurídicas e sociais de
maneira benéfica para todos.
Nos tribunais brasileiros, este princípio vem sendo muito debatido ao longo dos
anos, pois a reciprocidade de sentir afeto, para muitos, não é uma obrigação, não tendo
desta forma, de ser tratada a responsabilidade de reparação, por não entenderem como
18 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 10. ecl. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2015. 2015. p. 62.
17MADALENO, Rolf. Direito de Família. 8. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense LTDA, 2018.
[Digite texto]
13
ato ilícito. No entanto, está ideia vem sendo discutida e amadurecida no nosso
ordenamento.
Este princípio está ligado ao princípio da dignidade da pessoa humana,
possibilitando que os danos causados sejam reparados, patrimoniais ou morais, em
relações que ocorre a frustação de afeto, seja em âmbito familiar ou até mesmo nas
relações amorosas.
4.3 Princípio da dignidade da pessoa humana
O princípio da dignidade da pessoa humana é uma garantia das necessidades
fundamentais de cada pessoa. É um dos princípios fundamentais e se encontra previsto
no artigo 1°, inciso III da Constituição Federal.
Ana Paula de Barcellos ,conceitua este princípio como um fenômeno19
preliminar à ordem jurídica, baseado em identificar às pessoas um valor intrínseco e a
individualidade dos direitos, independente de qualquer ordem pública.
Para garantir a ordem e a pacificidade no nosso ordenamento, foram criadas ao
longo dos anos, formas de organização, para assegurar confiança à convivência das
pessoas como sociedade. Uma destas criações se trata da dignidade da pessoa humana,
tendo como objetivo garantir vida digna.
Conforme o entendimento dos autores, Pamplona e Stolze , este princípio20
possui um valor simbólico para a vida, por buscar garantir a honestidade nas relações,
atribuindo, desta forma, bem estar para todos.
A dignidade da pessoa humana não se define somente na constituição brasileira,
na Declaração Universal da ONU, em seu art. 1°, abordar este princípio dizendo que
todos nascem livres e possuindo dignidade e direitos iguais, providos de consciência e
razão, devendo agir em espírito de fraternidade uns com os outros.
20 GAGLIANO, Pablo Stolze; PAMPLONA FILHO, Rodolfo. Novo Curso de Direito Civil: Direito de
Família. 9. ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2019. Acessado em 06 de outubro de 2021.
19 BARCELLOS, Ana Paula de. Curso de Direito Constitucional. 2ª ed. Rio de Janeiro. Forense, 2019.
Acesso em 05 de outubro de 2021.
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14
Apesar de já ter sido mencionada a expressão acerca da dignidade da pessoa
humana, na Constituição Federal de 1934, como “a todos existência digna”, somente na
atual Constituição, que veio a se tornar um fundamento constitucional, fazendo parte do
rol de direitos individuais. Acrescenta Sarlet :21
Consagrando expressamente, no título dos princípios fundamentais, a
dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do nosso Estado
democrático (e social) de Direito (art. 1º, inc. III, da CF), o nosso
constituinte de 1988 – a exemplo do que ocorreu em outros países, na
Alemanha -, além de ter tomado uma decisão fundamental a respeito do
sentido, da finalidade e da justificação do exercício do poder estatal e do
próprio estado, reconheceu categoricamente que é o Estado que existe em
função da pessoa humana, e não ao contrário, já que o ser humano
constitui a finalidade precípua, e não meio da atividade estatal.
Portanto, este princípio retrata a importância das pessoas para a construção de
uma sociedade, a partir de limites que possuem como objeto a não causar danos entre os
indivíduos. Importante ressaltar, que devem seguir os limites estabelecidos, tanto o
Estado quanto à sociedade, com o intuito de não violar este princípio, protegendo as
pessoas ainda, através de normas jurídicas e condutas sociais.
No que tange à proteção do estado, diz respeito diretamente a preservação da
integridade moral e física, havendo uma análise em casos que é possível ocorrer a
necessidade de uma reparação de danos materiais e imateriais, em casos de violação
deste princípio.
5. RELACIONAMENTOS SEM PROTEÇÃO JURÍDICA
Antes de falarmos do relacionamento sem proteção jurídica, é importante
sabermos a respeito das relações que são protegidas pelo nosso ordenamento. O Código
Civil de 2002 trata de algumas das relações na qual é protegida por ele, de forma
patrimonial ou financeira.
A união estável, o casamento são grupos que possuem uma ampla proteção,
procurando evitar que sejam causados danos entre uns e outros na relação familiar, esta
21 SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 7. ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado Editora, 2007. Acesso em 06 de outubro de 2021. 2007. p. 66.
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15
proteção vem tanto da Constituição Federal, quanto do Código Civil. No entender do
doutrinador, Flávio Tartuce , estas instituições monoparentais são relações afetivas que22
dão suporte para a sociedade de maneira essencial para o direito familiar.
Quando tratamos acerca do casamento, o ordenamento jurídico antes da sua
concretização, já estabelece uma forma de segurança jurídica, os regimes de bens, que
são: comunhão universal de bens, que é engloba todos os bens, mesmo os adquiridos
antes do casamento; comunhão parcial de bens, somente os bens adquiridos durante o
casamento; separação legal, não há de se falar em bens; e participação final nos
aquestos, cada um possui seu próprio patrimônio e somente na dissolução, ocorre à
divisão dos bens adquiridos pelo casal durante o casamento.
Gonçalves , a respeito da eficácia do casamento ele diz:23
O primeiro e principal efeito do casamento é a constituição da família
legítima. Ela é a base da sociedade conforme estatui o art. 226 da
Constituição Federal que reconhece também a união estável como
entidade familiar. Só o casamento, porém, constitui a família legítima.
A união estável está prevista no artigo 1.723 do Código Civil e no artigo 226, §
3° da Constituição Federal, cada vez mais este instituto vem ganhando forma quando
nos referimos à entidade familiar, este vínculo é gerado pela convivência contínua,
pública e duradoura com o intuito de constituir uma família. Na união estável, o regime
de bens é a comunhão parcial de bens, ou seja, abrange somente o patrimônio que foi
adquirido durante o casamento, isto é, se não tiver sido estabelecido um contrato escrito
anteriormente.
Existem relações que não possuem proteção, tendo como exemplo, o namoro.
Pois se trata de uma relação que apesar de haver laços afetivos, existe autonomia de
vontade entre as partes, não tendo como principal objetivo a construção de uma família.
23 GONÇALVES, Carlos Roberto, Direito de família. V. 2/ Carlos Roberto Gonçalves. 13. ed. Ver. São
Paulo: Saraiva, 2008. Acessado em 06 de outubro de 2021. 2008. p. 57.
22 TARTUCE, Flávio. Direito Civil: Direito de Família, 14. ed. Rio de Janeiro: Editora Forense LTDA,
2019. Acessado em 06 de outubro de 2021.
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16
O namoro tem como características a liberdade, sem obrigações legais, patrimoniais e
financeiras.
Além do namoro, existem outras relaçõesque não possuem proteção alguma em
nosso ordenamento, como os casos ou ficantes, pois se tratam de relações passageiras,
que não configuram amor ou afeto entre as partes, sendo somente um acordo entre as
partes, por um curto prazo de tempo.
Os doutrinadores Farias e Rosenvald , a respeito deste assunto, nos diz que o24
namoro passa pela modalidade de relacionamento sentimental entre duas pessoas, que
possuem um grau de envolvimento inferior ao do casamento, sendo considerado como
um pré-requisito para o noivado e posteriormente ao casamento.
O namoro, portanto, até o atual momento, no nosso ordenamento jurídico não
possui proteção, por não ser caracterizado pela esfera familiar, sendo configurada
apenas como vontade entre as partes de estarem junto, com a presença de amor ou afeto,
como uma pré-condição estabelecida para se conhecerem melhor, para que talvez no
futuro venham a querer constituir uma família.
6. CONSEQUÊNCIAS JURÍDICAS
O estelionato afetivo é um crime que merece total atenção jurídica e que pode
gerar consequências em uma ação penal, além da obrigação da reparação dos prejuízos
na esfera civil. Este delito se trata de uma inovação no nosso ordenamento jurídico, que
passou a ocorrer após a sentença do juiz Luciano Mendes, na 7° vara cível de Brasília,
em 2014, onde foi fixada a sentença de obrigação de indenização por danos materiais
por violação do princípio da boa-fé.
É comum que em relacionamentos, ocorra ajuda entre as partes, ajudas estas que
podem ser afetivas ou não, sendo também auxílio financeiro. O que diferencia esta
simples ajuda do estelionato sentimental, é a violação do princípio da boa-fé,
juntamente com a utilização da relação emocional para obter vantagens ilícitas.
24 FARIAS, Cristiano Chaves de; ROSENVALD, Nelson. Curso de Direito Civil: direito das famílias. 4.
ed. Salvador: Editora JusPODIVM. 2012. Acesso em 06 de outubro de 2021. 2012. p. 27.
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17
Castro correlaciona o relacionamento normal com a relação dos animais, pois25
estas são compostas por igualdade e contribuição igual perante a um casal. Para ele o
estelionato emotivo se envolve na relação como um parasita, onde um dos envolvidos
na relação utiliza-se da esfera sentimental para tirar vantagens para si.
Um exemplo conhecido por todos, seria o golpe do baú, onde possui a finalidade
de ganhos ilícitos por meio de herança, onde já se entra no relacionamento, com o
objetivo de garantir vantagens. O estelionato é caracterizado também quando o agente
inicia o namoro com a ideia de praticar ato ilícito para garantir ganhos financeiros.
Os principais requisitos para o estelionato sentimental é a violação do princípio
da boa-fé e o propósito de aproveitar-se dos afetos das outras pessoas para garantir êxito
no ato ilícito. Porém, o simples fato de haver reparação de danos materiais e
indenizações morais e materiais, não caracteriza o estelionato afetivo, como de fato um
estelionato.
O estelionato sentimental, penalmente punível, ocorre quando por trás da
conduta exista um grupo organizado ou indivíduo que possua experiência em aplicar
este tipo de golpe mediante a utilização do sentimento. De acordo com o entendimento
do doutrinador Oliveira Junior quando existente alguma destas presenças, fica legível26
a caracterização da conduta descrita na norma própria do estelionato, prevista no art.
171 do Código Penal.
Este crime tem suas consequências jurídicas principalmente na esfera civil, mas
em casos isolados pode acarretar na punição na esfera penal. A prática deste delito gera
várias ações jurídicas, a mais comum delas, a indenização, podendo gerar sanções
penais pela prática deste.
7. PROJETO DE LEI N. 6.444/2019
26 OLIVEIRA JUNIOR, Egnaldo dos Santos. Estelionato sentimental: a responsabilidade civil pela
exploração econômica no curso do namoro: quando o amor paga a conta. 2017. Acesso em 07 de outubro
de 2021.
25 CASTRO, Maria Luísa de. Estelionato sentimental: uma nova abordagem de responsabilidade civil
frente às relações afetivas não protegidas juridicamente/ Maria Luisa de Castro– Cacoal/RO: UNIR, 2016.
Acesso em 07 de outubro de 2021.
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18
Foi publicado um projeto de lei pela Câmara dos Deputados, com a finalidade de
alterar o artigo 171 do Código Penal, para incluir sobre o estelionato sentimental. Este
projeto de lei é o n° 6.444, de 2019.
Neste projeto o artigo 171 do Código Penal passaria a ser:
“Art.171-.....................................................................................
......................................................................................................
§2º...............................................................................................
......................................................................................................
Estelionato sentimental
VII - induz a vítima, com a promessa de constituição de relação
afetiva, a entregar bens ou valores para si ou para outrem.
...........................................................................................
Estelionato contra idoso ou pessoa que, por enfermidade ou
deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática
do ato.
§ “4º Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido contra idoso ou
pessoa que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário
discernimento para a prática do ato.” (NR)
Art. 3º Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
A justificativa para a aprovação do mencionado projeto é com base no crescente
número de casos em que pessoas se aproximam de outros a fim de tirar vantagens
ilícitas, se aproveitando da fragilidade sentimental.
Induzir alguém ao erro ou mantê-lo no erro, são característica do estelionato. Já
o conceito de sentimental se trata da capacidade de termos sentimentos positivos ao
outro, sentimento este que é vinculado a confiança, fidelidade, honestidade, no
momento em que esses elementos são violados, ocorre o estelionato sentimental.
Vale ressaltar, que esta espécie de estelionato, se trata de prejuízo material, moral
e psicológico.
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19
8. ACONTECIMENTOS REAIS: ENTREVISTAS
Duas vítimas deste crime disponibilizaram-se para entrevista, realizada via
formulário e pelo aplicativo whatsapp. Tatiana Carli Mota e Mariana Thomaz expôs27 28
seus ex-companheiros, no ano de 2020, e desde então estão dispostas a compartilhar
suas experiências.
Tatiana Carli Mota, 37 anos de idade, Graduada em Administração, atuando
como analista de planejamento na empresa Copa Energia. Conheceu o ex-companheiro
em 2020, por meio de um aplicativo de relacionamento, na cidade de São José dos
Campos, durante a pandemia, enquanto visitava sua avó. O agente trabalhava como
motorista de aplicativo.
Antes de oficializar o relacionamento, saíram por alguns meses, até novembro de
2020, quando o agente visitava a vítima em São Paulo, onde residia, até que ele o
propôs de ir morar com ela, solicitando, no entanto, uma ajuda financeira alegando que
em São Paulo voltaria a trabalhar e devolveria a quantia emprestada. O relacionamento
durou cerca de quatro meses.
A vítima esclareceu que no início do relacionamento, ele fazia de tudo para lhe
agradar, dizia que gostaria de passar o resto de suas vidas juntos. Alega também que as
“ajudas financeiras” começaram a ocorrer aos poucos e sutilmente, iniciou pedindo para
que a vítima pagasse as contas, a fatura do cartão de crédito, com a justificativa de que
era para arcar com o conserto do carro, para que ele pudesse voltar ao trabalho,
inclusive, passou a pagar a pensão da filha do agente.
Tatiana acreditava que por estarem juntos, ela deveria ajudá-lo, o que a advogada
da mesma, informa que isso acontece como manipulação. Ela ainda alega que durante o
relacionamento, cedeu várias vezes para que o relacionamento prosseguisse, pois estava
apaixonada e muito envolvida e ele fazia ela se sentir na obrigação de ajudá-lo já que
28 Vítima de Estelionato Sentimental:Mariana Thomaz. Entrevista concedida a mim no dia 28 de outubro
de 2021.
27 Vítima de Estelionato Sentimental: Tatiana Carli Mota. Entrevista concedida a mim no dia 28 de
outubro de 2021.
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20
ele tinha se mudado de cidade para ficar com ela. Informa que as brigas no
relacionamento começaram a ocorrer após ela passar a negar a dar dinheiro para ele.
Ela declara que houve um prejuízo de mais de 30 mil reais e que se separou dele
mesmo, ele ainda estando a devendo, pois ele passou a ser agressivo, sempre a
ameaçando e querendo mais dinheiro. Tatiana não tem contato com o agente desde
março de 2021, apesar dele ainda procurá-la, indo até mesmo à casa dela. A mesma
ainda esclarece que já chamou a polícia em uma dessas procuras inesperadas, inclusive,
acionando o botão de pânico, que não obteve resposta.
Esclarece que passou a desconfiar do ex- companheiro quando começou a notar
incoerências nas falas e nas ações, e sempre que era questionado, havia uma explicação.
Tatiana ainda diz: “esse é um ponto muito importante, acredito que eu e as mulheres29
devemos nos atentar a esses detalhes, parecem simples mal entendidos, mas são sinais
de golpe. Para quem não tem o hábito de mentir e enganar, não identifica isso no outro e
essa característica é facilmente identificada pelo criminoso”,
Tatiana informa que ao começar a desconfiar, ela não queria acreditar, preferia
acreditar que tudo era mal entendido, mas ao cair na real, o pavor tomou conta de si, por
se sentir usada e abandonada com muitas dívidas. Após se dar conta da situação, a
vítima ficou fisicamente e psicologicamente abalada, chegando a perder mais de dez
quilos neste período, precisando de ajuda psiquiátrica e psicológica.
Ao procurar pela justiça, a vítima informa que já nas delegacias especializadas,
eles a diminuíram, falando coisas como, por exemplo, “ele fez isso para chamar sua
atenção”. Tatiana alega: “parecem querer diminuir o problema e dificultar a queixa, e
pior, culpar a vítima. Eu só consegui registrar a queixa, por estar acompanhada da
minha advogada. Quem vai sem apoio, volta pior e mais desamparada do que foi”, ela
ainda diz a respeito: “a justiça e os trabalhadores da justiça são hostis, deixando tudo
muito mais doloroso”.
Mariana Thomaz, 38 anos de idade, Advogada. Conheceu o criminoso em uma
festa em Ilhabela, Sea Club, no final de 2019. Ela informou que no início do
29 Vítima do Estelionato Sentimental: Tatiana Carli Mota. Entrevista concedida a mim no dia 28 de
outubro de 2021.
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21
relacionamento, ele era muito prestativo, dizia ser rico, viajado e contava várias
histórias interessantes. Até o momento em que ela começou as descobertas, descobrindo
que ele utilizava de um sobrenome que não era dele e que até mesmo o carro que ele
dizia ser dele, era alugado.
Ela esclarece que a partir deste momento a relação deles passou a ser um
relacionamento abusivo, que algumas vezes foi necessário ele sair de lugares por
excesso de ciúmes da parte dele. Mariana define o agente como uma grande farsa.
O relacionamento de Mariana com o criminoso durou cerca de cinco meses e os
pedidos, ou melhor, os avisos de que ele iria utilizar das coisas da vítima, já que ele nem
sequer pedia, somente avisava. A vítima só percebeu que tal situação se tratava de um
crime, no momento em que ele foi embora da casa dela, pois foi neste momento que ela
teve a oportunidade de pesquisar sobre o agente. Antes ela não conseguia, pois o
criminoso mexia em seu celular e inclusive, a rastreava.
A vítima alega que para ela não foi difícil fazer a denúncia, pois ela tinha o
apoio de um grupo de vítimas do estelionato amoroso, o que a ajudou. No entanto, ela
esclarece que ao saber da situação se sentiu péssima, levando um tempo para se
recuperar.
Mariana a respeito do auxílio prestado pela justiça, diz: “a justiça não ajudou30
em nada, pois conseguimos chegar à televisão para expor as ameaças e as coisas que ele
nos fez, conseguimos o fazer ir preso, porém, o juiz do caso facilitou muito a vida dele”.
Ela ainda explica, que: “a justiça jamais foi feita em seu caso, pelo contrário, hoje penso
que me atrapalhou bastante. Gostaria de ter deixado para lá, pois foi um caminho
complicado passar por tudo isso, correr atrás de fazer o bem e acabar sendo colocada no
chão pela justiça. Afinal, agora ele está solto e pode fazer o que quiser com as vítimas”.
Tatiana finaliza dizendo que “gostaria de ressaltar que mesmo com toda a31
minha vivência e conhecimentos eu cai na lábia de um golpista, isso pode acontecer
com qualquer pessoa e a culpa nunca é da vítima”. Já Mariana, ressalta que: “as
31 Vítima de Estelionato Sentimental: Tatiana Carli Mota. Entrevista concedida a mim no dia 28 de
outubro de 2021.
30 Vítima de Estelionato Sentimental: Mariana Thomaz. Entrevista concedida a mim no dia 28 de outubro
de 2021.
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22
mulheres precisam se fortalecer e se unir para entender que a justiça infelizmente não
vai te dar respaldo nenhum, então, só nos resta nos apoiarmos. Nesse caminho que
temos trilhado, recebemos inúmeras críticas como se nós fossemos culpados. Mas
vítima é vítima”.
CONCLUSÃO
Diante do exposto, concluímos que o estelionato afetivo se configura pela prática
de atos ilícitos em relações amorosas e emocionais, onde uma das partes tem o intuito
de utilizar-se da situação para tirar vantagens ilegais.
Foi a partir de um processo que correu no Tribunal de Justiça do Distrito Federal
que este crime passou a ser exposto ao mundo jurídico. Buscando atualmente a
aprovação de uma lei para configurar o estelionato amoroso como um tipo do art. 171
do Código Penal.
O estelionato afetivo não se configura apenas com o auxílio financeiro e a
decepção amorosa, e sim com a comprovação dos atos ilícitos, a fim de tirar proveito de
uma das partes mediante fraude.
Em casos de vítimas trazidos neste artigo, é visível a falta de auxílio da justiça
atualmente, nos casos deste crime que acaba sendo “novo”, tanto para nós como
sociedade, quanto para o nosso ordenamento jurídico. Uma forma de mudarmos este
cenário seria a aprovação do projeto de lei, tornando este delito, um crime de fato e
dando informações de como este crime ocorre e como pode ser solucionado, dando
suporte às vítimas.
REFERÊNCIAS
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Forense LTDA, 2019. Acessado em 06 de outubro de 2021.
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completa no link:
https://www.google.com.br/search?q=quem+nasce+em+brasilia+%C3%A9+&ie=utf-8
&oe=utf-8&client=firefox-b&gfe_rd=cr&ei=jTlUWJOSGo_28Afj7auoDA#q=ex-namo
rado+ter%C3%A1+que+ressarcir+v%C3%ADtima+de+estelionato+sentimental.
Acesso em 27 de setembro de 2021.
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https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edica
o-semanal/estelionato#:~:text=O%20crime%20de%20estelionato%20exige,a%20leva%
2Dlo%20a%20erro. Acesso em 28 de setembro de 2021.
TJ-SP - AC: 10120672020188260011 SP 1012067-20.2018.8.26.0011, Relator: Celso
Pimentel, Data de Julgamento: 25/06/2020, 28ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 25/06/2020. Acessado em 08 de outubro de 2021.
VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil - Vol. 2 - Teoria Geral das Obrigações e
Teoria Geral dos Contratos - 10ª Ed. São Paulo: Atlas, 2010. Acesso em 05 de
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