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Planejamento, Programação e Controle de Produção Professora Mestre Lilian Gonçalves Diretor Geral Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino e Pós-graduação Daniel de Lima Diretor Administrativo Eduardo Santini Coordenador NEAD - Núcleo de Educação a Distância Jorge Van Dal Coordenador do Núcleo de Pesquisa Victor Biazon Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Projeto Gráfico e Editoração André Oliveira Vaz Revisão Textual Kauê Berto Web Designer Thiago Azenha UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Candido Berthier Fortes, 2177, Centro Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rua Pernambuco, 1.169, Centro, Paranavaí-PR (44) 3045 9898 UNIFATECIE Unidade 4 BR-376 , km 102, Saída para Nova Londrina Paranavaí-PR (44) 3045 9898 www.fatecie.edu.br As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site ShutterStock FICHA CATALOGRÁFICA FACULDADE DE TECNOLOGIA E CIÊNCIAS DO NORTE DO PARANÁ. Núcleo de Educação a Distância; GONÇALVES, Lilian. Planejamento, Programação e Controle de Produção. Lilian. Gonçalves. Paranavaí - PR.: Fatecie, 2020. 104 p. Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Zineide Pereira dos Santos. AUTORA Professora Mestre Lilian Gonçalves ● Mestrado em Gestão do Conhecimento nas Organizações pela Unicesumar (2018) ● Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Estadual de Maringá (1998) ● Curso Superior de Tecnologia em Logística pela Unicesumar (2017) ● Licenciatura em Pedagogia (2020) ● Licenciatura em Formação de Docente para à Educação Básica – Matemática (2019) ● Especialista em Consultoria Organizacional (2005) ● Especialista em Educação a Distância e Tecnologias Educacionais (2014) ● Projeto de Pesquisa voltado à Iniciação Científica – PIBIC (2016). ● Atuante em organizações industriais no cargo de Gerente Industrial e Logística e Instituições de Ensino Superior como docente desde 2011. Link do Currículo na Plataforma Lattes: http://lattes.cnpq.br/0235956165366786 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Caro(a) estudante, É com grande satisfação que iniciamos a disciplina de Planejamento, Programação, Controle da Produção doravante denominada com a sigla PPCP. Essa é uma disciplina de suma importância para compreender de que maneira a organização pode aumentar a sua produtividade com qualidade, no tempo, na quantidade e custo certo. O PPCP, apesar de trabalhar com a produção, é considerado pelos autores como um departamento administra- tivo e ao longo do material você saberá o porquê. Realizei uma longa pesquisa de fundamentação teórica sólida que irá proporcionar a compreensão clara dos temas que serão abordados. Na Unidade I, iniciaremos a construção do conhecimento com os conceitos básico de PPCP, sua importância para o Planejamento Estratégico e Estrutura Organizacional do Planejamento Industrial. Essa noção é necessária para a compreensão da segunda unidade da apostila. Na Unidade II, vamos abordar as inter-relações do PPCP com as demais áreas da empresa, a visão holística da organização é essencial para o planejamento da produção de Planos de longo, médio e curto prazo. Você sabia que planejamento da produção começa no departamento comercial com a previsão de vendas e vendas realizadas? Prosseguindo, na Unidade III abordaremos a importância do layout da fábrica para o PPCP e sua influência para a programação de célula de produção e principalmente para a logística integrada ao PPCP. Lembrando que a logística na produção se refere a movimen- tação da matéria prima, produto semiacabado e produto acabado, entre os mais diversos processos de fabricação. Concluiremos com a Unidade IV, com os modelos de sistema de produção empurrada e puxada e métodos para controle da produção, bem como o conceito e importância do gerenciamento de gargalos/restrições na produção. Assim será a nossa desafiadora jornada na construção do conhecimento sobre o Planejamento, Programação, Controle da Produção. Estarei ao seu lado para, junto,s promovermos o aprimoramento profissional e pessoal. Conte comigo! Muito obrigada e bom estudo! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 6 Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP UNIDADE II ................................................................................................... 24 MRP / MRPII, JIT e OPT UNIDADE III .................................................................................................. 48 A influência dos tipos de produção e layout no PPCP UNIDADE IV .................................................................................................. 72 Teoria das Restrições e Controle de Estoque 6 Plano de Estudo: ● Introdução ao PPCP – Planejamento, Programação e Controle da Produção. ● Missão e as Funções do PPCP. ● Conceitos de Planejamento, Tempos e Métodos, Hierarquia de Planejamento. ● Planejamento Estratégico ao PPCP, S&OP / PMP (Planejamento Mestre de Produção). ● Estrutura Organizacional do Planejamento Industrial. Objetivos de Aprendizagem: ● Conceituar Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP). ● Abordar sobre a Missão e as Funções do PCP. ● Compreender os tipos de Conceitos de Planejamento, Tempos e Métodos, Hierarquia de Planejamento. ● Contextualizar Planejamento Estratégico ao PCP, S&OP / PMP (Planejamento Mestre de Produção). ● Discorrer sobre a Estrutura Organizacional do Planejamento Industrial. UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP Professora Mestre Lilian Gonçalves 7UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP INTRODUÇÃO Olá, estudante, seja bem-vindo(a) à Unidade I do livro da disciplina de Planejamen- to, Programação e Controle da Produção! Atualmente, as organizações buscam cada vez mais qualidade e menor custo de processos e produtos, elas estão investindo em medidas mais eficazes para obter vanta-gens competitivas (ANSOFF, H. I. et al, 1981). O Planejamento, Programação e Controle da Produção é considerado uma função administrativa estratégica na empresa, agregando valor e competitividade. Desta forma, foram reunidos conceitos, definições de grandes autores que abordam o tema Gestão da Produção, que servirão de base para sua construção do conhecimento em PPCP. Nesta unidade explanarei sobre os conceitos e Definições de Introdução ao Planejamento, Pro- gramação e Controle da Produção (PPCP), a Missão e as Funções do PPCP, os campos de estudo do Conceitos de Planejamento, Tempos e Métodos, Hierarquia de Planejamento, tipos de Planejamento Estratégico ao PPCP, S&OP/PMP (Planejamento Mestre de Produ- ção). Finalizarei a unidade com a estrutura Organizacional do Planejamento Industrial. Esta apostila foi organizada de maneira a contribuir para sua formação acadêmica e profissional! Bons estudos! 8UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP 1 INTRODUÇÃO AO PPCP – PLANEJAMENTO, PROGRAMAÇÃO E CONTROLE DA PRODUÇÃO Os sistemas de Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP) tive- ram suas evoluções a partir do avanço da ciência da administração criada por Frederick W. Taylor e Henri Fayol. De acordo com Lustosa et al. (2008, p. 1), [...] “Taylor elaborou os princípios da administração científica, que tratava a administração como ciência baseada na observação, análise, medição e aprimoramento dos métodos de trabalho”. Foi Henry Gantt, segundo Montana e Charnov (2010), um dos primeiros a desen- volver um sistema de PPCP, baseado em gráficos e cálculos que eram feitos manualmen- te para programação da produção, Henry Ford aplicava os conceitos da administração científica na linha de produção de automóveis, começando, então, uma nova fase na era industrial. Ford inicia a fabricação do automóvelconhecido como modelo T, em 1908, que inicialmente possuía partes de madeira e metal e uma única cor preta. Para Maximiano (2006), o empreendedor norte americano Henry Ford (1863-1947) está associado à linha de montagem móvel, sendo responsável em elevar ao mais alto grau dos dois princípios da produção em massa, que é fabricação de produtos não diferenciados em grande quantida- de: peças padronizadas e trabalhador especializado. 9UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP Figura 1 - Linha de Produção do Ford T Fonte: Tubino (2007). O Planejamento, Programação e Controle da Produção é um departamento es- tratégico da empresa. De acordo com Slack, Chambers e Johnston (2002), o propósito do planejamento e controle é garantir que os processos da produção ocorram eficaz e eficien- temente e que produzam produtos e serviços conforme requeridos pelos consumidores. Para Vollmann et al. (2006), o sistema de PPCP se ocupa do planejamento, pro-gramação e controle de todos os aspectos da produção, inclusive do gerenciamento de materiais, da programação das máquinas e pessoas e da coordenação de fornecedores e clientes-chave, garantindo, assim, um bom relacionamento com todos os setores da empresa. Lustosa (2008) afirma que o planejamento e controle da produção envolvem a organização e planejamento dos processos de fabricação. Especificamente se constituem do planejamento, do sequenciamento de operações, da programação, da movimentação, da coordenação, da inspeção, do controle de materiais, métodos e tempos operacionais. Com o propósito de atender às demandas cada vez mais exigentes do cliente. De forma complexa, quando se envolve desde o local, maquinários, pessoal qualificado e produtos que sejam demanda do mercado. Sendo assim, para Tubino (2007), em uma organização, para atingir os objetivos pré-determinados, é preciso que os sistemas produtivos exerçam uma série de funções operacionais, que vão desde o projeto de produtos, até o controle dos estoques, recru- tamento, treinamento e capacitação de funcionários, aplicação de recursos financeiros, distribuição dos produtos. Na Figura 2, segue a visão geral das atividades exercidas no PPCP. 10UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP Figura 2 – Visão geral das atividades do PPCP Fonte: Tubino (2007). O planejamento e controle da capacidade objetiva é assegurar a compatibilidade entre a capacidade de produção disponível em centros de trabalhos específicos e a capa- cidade necessária para atender a produção planejada (SOUZA, 2004). Você deve estar se perguntando, mas quais são as atribuições do PPCP? Sampaio (2002) ressaltam uma série de competências ou decisões com o objetivo de definir o que, quanto e quando produzir, comprar e entregar, além de quem e/ou onde e/ou como produzir, constituem o processo do PCP. De acordo com esses autores, o Pla- nejamento da Produção (PP) se ocupa com decisões agregadas em um universo de médio prazo, em geral entre 03 e 18 meses. O Controle da Produção (CP) é responsável por regular (planejar, coordenar, dirigir e controlar), no curto prazo, até três meses, o fluxo de materiais em um sistema de produção por meio de informações e decisões para execução. Na prática, o PPCP em uma organização reúne informações de vários departa- mentos, que serão a base para a elaboração do planejamento e programação da produção. Conforme relatam os autores Oliveira (2005), o sistema de Planejamento, Programação e Controle da Produção também é um sistema de transformação de informações, pois recebe informações sobre estoques existentes, vendas previstas, vendas realizadas, linha de produtos, modelo de produzir e capacidade produtiva. O PPCP tem a responsabilidade de gerar ordens de produção a partir destas informações. Desta forma, o PPCP tem função administrativa, que se inicia no planejamento da quantidade e produtos a serem produzidos, controle do suprimentos de matérias primas, gerar, quando necessário, ordem de compra de materiais, tudo isso a fim de atender as vendas preestabelecidas. 11UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP 2 MISSÃO E AS FUNÇÕES DO PPCP A missão do PPCP é apoiar a estratégia de produção a partir da estratégia organi-zacional. Vamos analisar esta situação? “[...]Se um fabricante microcomputadores decidiu ser o primeiro no mercado com novos produtos inovadores, sua produção precisa ser capaz de enfrentar as mudanças de inovação contínua exigidas [...]” (SLACK, 1997, p. 78 ), está correto? Sim, está correto. Para tanto, o fabricante deve desenvolver processos flexíveis para a fabricação dos novos produtos ou serviços, com mão de obra especializada, par- cerias com fornecedores capazes de responder a demanda por novos componentes. “[...] quanto melhor a produção fizer essas coisas, mais apoio estará dando para a estratégia competitiva da empresa” (HARRISON, 1997, p. 55). Agora leia com bastante atenção! Em termos simples, o planejamento e controle da produção determina o que vai ser produzido, quando vai ser produzido, como vai ser produzido, em que vai ser produzido e quem vai produzir (VEGGIAN, SILVA, 2015). Assim sendo, no Quadro 1 apresentam-se as funções que o PPCP define sobre as formas de produção. 12UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP Quadro 1 – Funções do PPCP Fonte: Tubino (2000, p. 23). Assim, fica claro que as funções do PPCP estão encarregadas de administrar com competência o fluxo material, a utilização de máquinas, mão de obra, fornecedores e mé-todos que serão utilizados para a fabricação dos produtos ou serviços (WALLACE, 2004). Segundo Tubino (2007), os sistemas de PPCP devem ajustar-se constantemente a fim de conciliar as várias as mudanças que ocorrem no cenário da organização, devido à estratégia adotada em relação às exigências do mercado. 13UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP 3 CONCEITOS DE PLANEJAMENTO, TEMPOS E MÉTODOS, HIERARQUIA DE PLANE- JAMENTO Vamos refletir! O que é planejar? Seria se organizar, pensar no futuro, se preparar? Planejar significa criar um esquema para agir (CUNHA, 1996). Segundo Rosa (2001), o planejamento estratégico é uma metodologia de pensamento participativo, utilizada para determinar a direção que a organização irá seguir, por meio da descoberta de objetivos válidos e não subjetivos. O planejamento cria compromisso de execução e dá o instru- mental para cobrança. Assim, com o planejamento estratégico também pretende-se não adivinhar o futuro, mas construí-lo, evitando-se, ao máximo, as surpresas, racionalizando o processo de tomada de decisão, garantindo o sucesso da empresa em seu ambiente futuro (SAMPAIO, 2002). De que forma podemos planejar ou criar um esquema, um plano para agir no PPCP? De acordo com Barnes (1977), o estudo de tempos e métodos tem como objetivo desenvolver e padronizar o sistema e o método escolhido, determinar o tempo gasto por uma pessoa qualificada e devidamente treinada, trabalhando num ritmo normal, para exe- cutar uma tarefa ou operação específica e orientar o treinamento de trabalho no método perfeito. Barnes (1977) afirma que o objetivo de melhorar os métodos de trabalho é aumen- tar a produtividade (aumentando a capacidade de produção de uma operação ou grupo de operações), reduzir os custos das operações e melhorar a qualidade do produto. Souto (2004) complementa que analisa o trabalho de forma sistemática, objetivando desenvolver 14UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP métodos práticos e eficientes, buscando a padronização dos processos, que são essenciais para uma produção eficaz. Nesse sentido, segundo Slack, Chambers e Johnston (2009), o estudo de tempos, ou medição do trabalho, trata-seda aplicação de técnicas estabelecidas para determinar o tempo necessário em que um trabalhador qualificado e especificado venha realizar a tarefa em um nível definido de desempenho. Assim, esse tempo é deno- minado tempo padrão para operação. De acordo com Souto (2004), a engenharia de métodos estuda e analisa o trabalho de forma sistemática, objetivando desenvolver métodos práticos e eficientes na busca pela padronização do processo. Logo, a engenharia de métodos tem como finalidade garantir a utilização dos recursos efetiva. Nessa perspectiva, a hierarquia de planejamento nas organizações busca cada vez mais qualidade e menor custo de processos e produtos e estão investindo em medidas mais eficazes para obter vantagens competitivas (CUNHA,1996). Segundo Tubino (2007, p. 2), “as atividades do PPCP estão classificadas em três níveis hierárquicos de um sistema de produção”: ● Nível estratégico: são estabelecidas as políticas estratégicas em longo prazo; o PPCP é essencial para formulação do planejamento estratégico, gerando um plano de produção; ● Nível tático: exerce os planos de médio prazo para a produção; o PPCP desenvolve o planejamento mestre; ● Nível operacional: é preparado o programa de curto prazo de produção e, observando-o, o PCP prepara a programação da produção. 15UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP 4 PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO AO PPCP, PLANEJAMENTO DE VENDAS E OPE- RAÇÕES (S&OP) E PLANEJAMENTO MESTRE DE PRODUÇÃO (PMP) Toda empresa que produz bens para a armazenagem deve ter acima de tudo um bom planejamento de produção, fundamentado em uma avaliação crítica da previsão de demanda futura. Assim, será possível estabelecer com mais confiabilidade o que produzir, as quantidades, como, quem e quando produzir. A oferta e a procura sofrem com as incons- tâncias do mercado, tornando o grau de gerenciamento da demanda muito mais complexo e variável de negócio para negócio (ROSA, 2001). Planejar estrategicamente gera uma condição muito melhor para a empresa, pois permite tomar decisões rapidamente perante oportunidades e ameaças, aumentando sua vantagem competitiva em relação ao ambiente concorrencial. O planejamento visa buscar a maximização das operações e minimizar os riscos da tomada de decisões (TUBINO, 2008). De acordo com Tubino (2008, p. 35), “o foco do planejamento será centralizar a estratégia de produção com a montagem de um plano de produção que relacione as áreas de decisão do sistema produtivo”. Para Tubino (2007), após a elaboração da previsão de demanda, realizada pelo setor de vendas, cabe ao PPCP apurar os estoques de insumos, comprar o que estiver em carência, colocar em prática os planos de produção e controlar a fabricação de produtos em elaboração e acabados. 16UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP Para Slack et al. (2002), a harmonia entre a oferta e a procura é promovida quando as ações de planejamento e controle propiciam os sistemas, procedimentos e decisões, conformando meios capazes de fornecer bens e serviços para a demanda que foram pro-jetados para satisfazer. O PPCP dá suporte às linhas de produção, empregando e acompanhando os recur- sos a fim de atingir os objetivos traçados. Assim, fica claro que o PPCP está encarregado de administrar com competência o fluxo material, a utilização de máquinas, mão de obra, fornecedores e métodos que serão utilizados para a fabricação dos produtos ou serviços (PECI, 2008). Segundo Ivert (2012), os sistemas de PPCP devem ajustar-se constantemente a fim de conciliar as várias mudanças que ocorrem no cenário da organização, devido à estratégia adotada em relação às exigências do mercado. Conforme Oliveira (2005), na fabricação de produtos, após o planejamento do número, tipo e sequência a serem produzidos, é vital que ocorra o controle em todas as partes que compõem o processo, para um eficiente aproveitamento dos recursos humanos e tecnológicos, em relação às matérias-primas e componentes que serão consumidos. Segundo esses autores, as fases de planejamento, controle e correção dos erros, que possivelmente ocorrerão, é tarefa do PPCP. O que é Plano Mestre de Produção? Ghani (2002, p. 8) definem Plano Mestre (ou Planejamento Mestre) como sendo “um processo de negócios concebido para balancear a demanda e a oferta a nível detalha- do de variedade.” E complementam que o Planejamento Mestre é principalmente um processo de tomada de decisões [...]. O resultado deste processo é o Planejamento Mestre da Produção - PMP, que é o plano de produção antecipado dos produtos (ou peças dos produtos) específicos e dos pedidos dos clientes. Planejamento da produção: com base no PMP e nos registros de controle de estoques, “[...] a Programação da produção estabelece a curto prazo quando e quanto comprar, fabricar ou montar de cada item necessário à composição dos produtos finais [...]” (TUBINO, 2007, p. 66 ). Agora veremos o Sales and Operations Planning (S&OP) ou Planejamento de Vendas e Operações, que pode ser conceituado como um processo de planejamento inte- grado, liderado pela alta gerência da empresa, que tem como objetivo principal equilibrar as necessidades de demanda e suprimentos, através da coordenação de informações e processos entre diferentes áreas (PEDROSO; SILVA, 2015; TUOMIKANGAS; KAIPIA, 17UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP 2014). A questão de alinhamento entre as áreas funcionais e os objetivos da empresa (do plano tático ao estratégico) é uma das finalidades de S&OP (IVERT; JONSSON, 2012), comumente implementado em organizações que têm possibilidade de previsibilidade de demanda em médio e longo prazo. Então qual é o nível de importância do S&OP para o planejamento estratégico? E por quê? É de total importância, pois processo de Planejamento de Vendas e Operações (S&OP) objetiva interligar o planejamento estratégico e execução horizontal com a demanda e oferta, passando também pelos departamentos da empresa. Simultaneamente o S&OP desdobra o planejamento estratégico para a execução e nivela oferta e demanda – conec- tando vendas e marketing a setores como produção, suprimentos etc. (WALLACE, 2004). De acordo com Cunha (1996), esse processo tem por função gerenciar os riscos das incertezas da relação entre expectativas de clientes e operações internas. 18UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP 5 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL DO PLANEJAMENTO INDUSTRIAL O posicionamento do PPCP na estrutura organizacional varia de uma organização para a outra, podendo integrá-la como uma área de apoio (em inglês, staff) à área industrial (TUBINO, 2000) ou como um setor de linha desta área (BARNES, 1977) Segundo Oliveira (2005), estrutura organizacional é definida pelo resultado da distribuição de autoridade, pela especificação das atividades e pelo delineamento de um sistema de comunicação que permita à empresa atingir seus objetivos. A Estrutura Organizacional (doravante denominada pela sigla - EO) de uma empresa indica o modo como as atividades são ordenadas para possibilitar o alcance dos objetivos, essa estrutura específica, os papéis, as relações e os procedimentos organizacionais que possibilitam uma ação coordenada de seus membros (PECI, SOBRAL, 2008). Para Shrivastava (1994), a Estrutura Organizacional refere-se ao padrão de au- toridade e às relações de responsabilidade que existem em uma organização. Uma EO nasce para resolver ou para estabelecer um padrão de coordenação das atividades de uma organização (MONTANA, 2010). Para Chiavenato (2007), há três tipos básicos de Estrutura Organizacional, confor- me segue: ● Organização linear: cada superior tem autoridade única e absoluta sobre seus subordinados e não a reparte com ninguém; ● Organização funcional:aplica o princípio da especialização das funções, em que cada superior tem autoridade parcial, relativa e decorrente de sua especialidade; ● Organização linha-staff: é a combinação dos tipos linear e funcional, em que as unidades de linha se concentram no alcance dos objetivos principais da empresa e delegam autoridade sobre serviços especializados e atribuições marginais a outras unidades e posições da empresa, estas se denominam assessoria (staff). O que é departamentalização? Para Peci e Sobral (2008), a departamentalização é a forma de se estruturar as diferentes atividades, a fim de alcançar os objetivos da empresa da forma mais eficiente possível, permitindo aumentar a eficiência e a eficácia da administração, contribuindo para um aproveitamento mais racional dos recursos disponíveis nas organizações, em que os critérios usados para departamentalizar devem refletir o agrupamento que melhor contribui 19UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP para o alcance dos objetivos organizacionais, consistindo em agrupar e integrar tarefas, atividades e funcionários em departamentos, a fim de melhorar a coordenação. Segundo Chiavenato (2007), os principais tipos de departamentalização no Plane- jamento Industrial são: ● Por produtos e serviços: todos os principais deveres e tarefas relacionados com um produto ou serviço são reunidos e atribuídos a um específico departamento, no sentido de coordenar as atividades requeridas para cada tipo de saída ou resultado; ● Por processo: a diferenciação e o agrupamento se fazem pela sequência do processo produtivo ou operacional ou pelo arranjo físico e disposição racional do equipamento utilizado; ● Por projeto: adapta a estrutura da empresa aos projetos que ela se propõe a construir, em que grupos de empregados são destacados e concentrados em projetos específicos. SAIBA MAIS O Sebrae disponibiliza informações de forma acessível e didática sobre a Gestão de Produção com foco em auxiliar o empreendedor, alcançar o crescimento do seu negócio com base no planejamento estratégico. Fonte: GONÇALVES, M. A gestão de produção é essencial para sua empresa crescer. Sebrae. 2010 https://m.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/artigosOrganizacao/a-gestao-de-producao-e-essen- cial-para-a-sua-empresa-crescer,4b73438af1c92410VgnVCM100000b272010aRCRD REFLITA “Eu sou parte de uma equipe. Então, quando venço, não sou eu apenas quem vence. De certa forma, termino o trabalho de um grupo enorme de pessoas!” (Ayrton Senna). Esse deve ser o espírito de trabalho no PPCP de uma empresa! Trabalho em equipe sempre! 20UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP CONSIDERAÇÕES FINAIS Olá, estudante! Chegamos ao fim da Unidade I! Segundo Rosa (2001), na fabricação de produtos, após o planejamento do número, tipo e sequência a serem produzidos, é vital que ocorra o controle em todas as partes que compõem o processo, para um eficiente aproveitamento dos recursos humanos e tecno- lógicos, em relação às matérias-primas e componentes que serão consumidos. Segundo esses autores, as fases de planejamento, controle e correção dos erros, que possivelmente ocorrerão, é tarefa exclusiva do PPCP. A partir dessa análise é possível compreender a importância do PPCP no Estrutura Organizacional do Planejamento Industrial. Na próxima unidade serão abordados os sistemas utilizados pelo PPCP e a lógica do MRP/MRPII, JIT e OPT. 21UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP LEITURA COMPLEMENTAR A automação da produção e a indústria 4.0 A automação da produção industrial pode gerar muitos benefícios para o setor operacional de uma empresa, contribuindo também para a sua gestão. Isso porque, atual- mente, passamos pela chamada quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0, que junta avanços tecnológicos em atividades manuais e analíticas. Além disso, há o advento de In- ternet of Things (IoT), ou Internet das Coisas, que abrange a possibilidade de máquinas e outros dispositivos, que não só de informática ou eletrônica, se conectarem à Internet. Graças a isso, equipamentos industriais conseguem “conversar” entre si, trocando dados que podem ser usados para coordenar operações e melhorar a produção. Aliás, até 2022, conforme previsões da Cisco, as conexões M2M (Máquina a Máquina) corresponderão a mais da metade dos equipamentos e das conexões globais conectadas. Basicamente, a participação delas chegará a 51% — em torno de 14,6 bilhões de conexões M2M. Em 2017, elas correspondiam a 34%. A Indústria 4.0 permite o aprimoramento de processos que envolvem automação industrial, como veremos adiante. Acompanhe! A Indústria 4.0 envolve automação total, controle e monitoramento direcionados à manufatura — inclusive, à distância — e Tecnologia da Informação (TI). Além disso, sis- temas cyber-físicos, a já mencionada IoT e a Internet dos Serviços têm grande impacto nesses itens, permitindo que possam ser aplicados com eficiência. Na Indústria 4.0, há foco em processos cada vez mais efetivos, personalizáveis e autônomos, o que demanda profissionais multidisciplinares que consigam lidar com isso. Também temos o surgimento das chamadas “fábricas inteligentes”, cujos fluxos de trabalho são estruturados, efetuados e geridos pelos próprios instrumentos tecnológicos empregados. Tal fato é possível graças a uma série de soluções, como: ● TI otimizada, com sistemas operacionais e gerenciais integrados; ● automação total de processos não só repetitivos e “braçais”, como acontece desde a 3° revolução industrial. É possível automatizar também atividades analíticas e estratégicas por causa das evoluções no campo da computação cognitiva e da Inteligência Artificial (IA); https://www.totvs.com/blog/impactos-da-industria-40/ https://www.cisco.com/c/en/us/solutions/collateral/service-provider/visual-networking-index-vni/white-paper-c11-741490.html https://www.totvs.com/blog/automacao-industrial/ https://www.totvs.com/blog/automacao-industrial/ https://www.totvs.com/blog/capacitacao-de-funcionarios/ https://www.totvs.com/blog/capacitacao-de-funcionarios/ https://www.totvs.com/blog/inteligencia-artificial-na-industria-2/ 22UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP ● aumento na descentralização de processos devido à automação de operações tanto repetitivas quanto analíticas. Isso possibilita que, na indústria inteligente, módulos consigam atuar de maneira independente uns dos outros, com chance de agilizarem e aprimorarem as suas próprias funções/atividades. Benefícios da automação da produção A automação da produção gera uma série de benefícios para a indústria. Confira alguns dos principais a seguir! 1. Aumento de produtividade A automação é capaz de realizar tarefas repetitivas e manuais rapidamente e com menos erros, o que permite ampliar a produção. Além disso, o uso de sistemas de gestão para administrar as máquinas favorece a busca contínua de processos cada vez mais efi- cientes, contribuindo para melhorar ainda mais a produtividade. 2. Redução dos custos Com o ganho de escala na produção e a diminuição de erros que podem gerar descartes e perdas de produtos, ocorre a redução nos custos unitários de produção. Há, ainda, uma aplicação mais eficiente dos insumos com base em históricos e análises que buscam a melhoria nos processos fabris. Muitos sistemas também operam de forma a otimizar o consumo energético, isto é, desligam quando não se encontram em uso ou tentam consumir energia de maneira aprimorada quando estão em funcionamento. Isso também contribui para diminuir custos. 3. Ganho de vantagem competitiva O aumento da produtividade e a redução de custos contribuem para a empresa obter vantagem competitiva perante a concorrência. Afinal, poderá praticar preços mais atrativos, sem que haja perda de qualidade em seus produtos,pois a automação busca mantê-la mesmo que a quantidade de itens fabricados aumente significativamente. Fonte: TOTVS (2019). 23UNIDADE I Introdução ao Planejamento, Programação e Controle da Produção - PPCP MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Planejamento e Controle da Produção Teoria e prática Autor: Dalvio Ferrari Tubino Editora: Atlas Sinopse: O autor Tubino apresenta o modelo de PPCP com as funções revistas e atualizadas de planejamento estratégico da produção (longo prazo), planejamento-mestre da produção (médio prazo) e programação e acompanhamento da produção (curto prazo), esta obra demonstra a estratégia da manufatura enxuta (lean) e une os atuais conceitos dessa estratégia com os de PPCP. FILME/VÍDEO Título: Tempos Modernos Ano: 1936 Sinopse: Tempos Modernos é um filme que retrata a vida urbana nos Estados Unidos no ano de 1930, demonstrando os modos de produção industrial baseados na divisão e especialização do trabalho na linha de montagem. 24 Plano de Estudo: • Inter-relações do PPCP com as demais áreas da empresa. • Sistemas de Produção e modelos. • Previsão da Demanda – Planos de longo, médio e curto prazo. • A lógica do MRP / MRPII, JIT e OPT. • Abordagem sobre os Sistemas utilizados no PPCP. Objetivos de Aprendizagem: • Compreender Inter-relações do PPCP com as demais áreas da empresa. • Aprender os tipos de Sistemas de Produção e modelos. • Estabelecer a importância da Previsão da Demanda – Planos de longo, médio e curto prazo. • Discorrer sobre a lógica do MRP / MRPII, JIT e OPT. • Apresentar os Sistemas utilizados no PPCP. UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Professora Mestre Lilian Gonçalves 25UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT INTRODUÇÃO Olá estudante! Vamos à Unidade II! Aqui você irá compreender a importância da interrelação do PPCP com os demais departamento da empresa, uma vez que o Planejamento da produ- ção envolve os departamentos: comercial, estoque, compras, financeiro, RH entre outras. Você sabia que cada tipo de empresa e produto há um modelo de produção? Vere- mos os principais modelos de Sistema de Produção. A seguir a Previsão de Demanda com Planos de longo, médio e curto prazo, pois dificilmente a quantidade de itens demandados será igual à quantidade produzida e vice versa. Vamos descobrir o porquê? No dia a dia, o analista de programação da produção precisa tomar decisões que serão determinantes na formação dos custos de produção, sendo necessário a utilização de um sistema que dê suporte às inúmeras variáveis. Sendo assim, chegamos ao tema central desta unidade: Planejamento de Necessidades de Materiais - MRP I, Planejamento de Recursos de Manufatura - MRPII, Just in time (JIT) e Tecnologia da Produção Otimizada (OPT). Para encerrar a unidade abordaremos os Sistemas utilizados no PPCP. Bons Estudos! 26UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 1 INTERRELAÇÕES DO PPCP E DEMAIS ÁREAS DA EMPRESA Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP) é responsável por decidir sobre o melhor emprego dos recursos de produção, assegurando a execução do que foi previsto no tempo e quantidade certa e a utilização dos recursos adequados. Res- ponsável por administrar informações que chegam até ele vindas de diversas áreas, com o propósito de aumentar a eficiência e eficácia. O PPCP deve responder às seguintes perguntas-chave (ERDMANN, 2000): ● O que Produzir? – Que está diretamente ligado ao custo de produção da peça ou à uma determinação da administração, da área estratégica ou até mesmo do marketing. ● Como Produzir? – Aqui o setor de PPCP precisa ter a descrição do processo de produção do produto, para que saiba a sequência de etapas necessárias, bem como as matérias-primas a serem utilizadas e quais máquinas serão necessárias. ● Quando Produzir? – Para saber quando produzir, deve-se levar em conta a capacidade da organização (quantidade de máquinas, seu pessoal e sua capa- cidade financeira) e também quando o mercado (consumidor) está disposto a comprar. 27UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Mas, para responder essas questões, o PPCP precisa manter interrelações di- retas e indiretas com praticamente todos os setores da empresa, recebendo informações e transmitindo de várias áreas e utilizando-as para que a elaboração do planejamento e programação saia o mais correto possível. As principais interrelações do PPCP com os demais setores são as seguintes (CHIAVENATO, 1990): ● Área de Engenharia Industrial: o PPCP obtém informações sobre o funcio- namento de máquinas e equipamentos e, por sua vez, a engenharia agenda a paralisação das máquinas para consertos e reparos. ● Área de Suprimentos e Compras: o PPCP informa a utilização dos materiais necessários. Caso não se tenha em estoque, o departamento de compras deve efetuar a compra para que, posteriormente, seja estocado pela área de supri- mentos. Sendo assim, a área de suprimento e compras baseia-se naquilo que é planejado pelo PPCP. ● Área de Recursos Humanos: o PPCP faz a programação da atividade de mão de obra, visando à quantidade de pessoas que serão necessárias para trabalhar no processo de produção. Os treinamentos, recrutamento e seleção são atividades desenvolvidas em função do PPCP. ● Área Financeira: o PPCP baseia-se nos cálculos repassados pela área finan- ceira para estabelecer os níveis desejáveis de estoque, tanto de matéria prima como de produtos acabados. ● Área de Vendas: o PPCP, analisando a previsão de vendas fornecidas pela área de vendas, elabora o plano de produção da organização, bem como a quantidade que será produzida de cada produto. ● Área de Produção: o PPCP controla e planeja todo o processo de atividade da produção, sendo assim, a área de produção é um setor que trabalha de acordo com o que foi planejado e programado pelo PPCP. 28UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Figura 1 - As inter-relações do PPCP com as demais áreas da empresa Fonte: Chiavenato (1990, p. 26). É importante que as informações que são compartilhadas estejam consolidadas, ou seja, só será possível colocar esta estratégia em funcionamento se estiverem compatíveis uma com as outras, caso contrário de nada adiantará, pois o processo não conseguirá atender a sua função (TUBINO, 2007). Logo, para Rentes (2008), da mesma forma que um setor bem estruturado traz benefícios, pode se tornar um grande problema. Se não realizar as atividades corretamente o PPCP pode levar a um mau atendimento ao cliente, sobrecarregar o estoque ou mesmo levar à falta de matérias-primas e mão-de-obra, má utilização dos equipamentos, atrasos na entrega dos produtos, além de ter um alto nível de problemas dentro da produção da organização. 29UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 2 SISTEMAS DE PRODUÇÃO E MODELOS Durante o século XX, deu-se origem aos sistemas de produção, em que define-- se por “sistema de produção” o conjunto de atividades e operações interrelacionadas envolvidas na produção de bens (no caso das indústrias) e serviços, a classificação dos sistemas de produção, principalmente em função do fluxo do produto, reveste-se na grande variedade de técnicas de planejamento e gestão da produção (MOREIRA, 1998). As empresas são definidas como um sistema que transforma, através de processos, entradas (insumos) em saídas (produtos). Esse sistema é chamado de sistema produtivo. Portanto, para que esse sistema transforme insumos em produtos, é necessário estabe- lecer planos e prazos, com aplicação de ações para que, após esses prazos, os eventos planejados se tornem realidade (TUBINO,2007). Diferenciam-se no sistema de produção alguns elementos constituintes fundamen- tais, como os insumos, o processo de criação ou conversão, os produtos ou serviços e o subsistema de controle (MOREIRA, 1998). Cada tipo de processo de manufatura implica uma forma diferente de organizar as atividades das operações com diferentes caracterís- ticas de volume e variedade (SLACK et al., 1997). O objetivo dos sistemasde produção é de organizar a forma com que as empresas geram bens físicos e serviços, analisando a melhor utilização dos recursos necessários e disponíveis, abrangendo diversas áreas de produção, não apenas indústrias. Os bens e serviços são gerados pela transformação dos recursos pelas atividade produtivas em processo na empresa (ALMEIDA JUNIOR, 2012). Zacarelli (1979) fala sobre classificação de indústrias e estabelece duas grandes classes, cada uma com subclasses: 30UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 1. Indústrias do tipo contínuo: os equipamentos executam as mesmas operações de maneira contínua e o material se move com pequenas interrupções entre eles até chegar a produto acabado. Como exemplo: as indústrias de celulose. Figura 2 – Fábrica de Celulose Fonte: Tubino ( 2007) Pode se subdividir em: 1.1 Contínuo puro: uma só linha de produção, os produtos finais são exatamente iguais e toda a matéria-prima é processada da mesma forma e na mesma sequência; 1.2 Contínuo com montagem ou desmontagem: várias linhas de produção contínua que convergem nos locais de montagem ou desmontagem; 1.3 Contínuo com diferenciação final: características de fluxo igual a um ou outro dos subtipos anteriores, mas o produto final pode apresentar variações. 2. Indústrias do tipo intermitente: diversidade de produtos fabricados e tamanho reduzido do lote de fabricação determinam que os equipamentos apresentem variações frequentes no trabalho. Figura 3 - Indústria de máquinas e ferramentas Fonte: Tubino (2007) 31UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Subdividem-se em: 2.1 Fabricação por encomenda de produtos diferentes: produto de acordo com as especificações do cliente e a fabricação se inicia após a venda do produto; 2.1 Fabricação repetitiva dos mesmos lotes de produtos: produtos padronizados pelo fabricante, repetitividade dos lotes de fabricação, pode-se ter as mesmas característi- cas de fluxo existente na fabricação sob encomenda. Moreira (1998) define o que é um sistema de produção e descreve brevemente seus elementos e suas interações. Apresenta, então, duas classificações mais usuais de sistemas de produção, à primeira denomina Classificação Tradicional e à segunda, Classi- ficação Cruzada de Schroeder. O modelo de Classificação Tradicional, em função do tipo de processo de fabrica- ção, agrupa os sistemas de produção em três grandes categorias, segundo Moreira (1998): 1. Sistemas de produção contínua ou de fluxo em linha: apresentam sequência linear de fluxo e trabalham com produtos padronizados. Esse tipo de produção tende a ter um alto grau de automatização e com produtos altamente padronizados. i) produção contínua propriamente dita: é o caso das indústrias de processo, esse tipo de produção tende a ter um alto grau de automatização e a produzir produtos altamente padronizados. Na Figura 4 temos a indústria refinaria de petróleo como exemplo da produ- ção contínua Figura 4 - Refinaria de Petróleo Fonte: Moura (1994) ii) produção em massa: linhas de montagem em larga escala de poucos produtos com grau de diferenciação relativamente pequeno. Como exemplo são as indústrias de montadoras de carros. 32UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Figura 5 - Indústria montadora de carros Fonte: Moura (1994) 2. Sistemas de produção intermitente (fluxo intermitente) i) por lotes: ao término da fabricação de um produto, outros produtos tomam seu lugar nas máquinas, de maneira que o primeiro produto só voltará a ser fabricado depois de algum tempo. A produção em lotes é realizada antes de acontecer a venda ou a encomenda de algum cliente. Esse sistema de produção é utilizado em um grande número de indús- trias, incluindo a maioria das indústrias de produtos de consumo, como roupas, móveis, eletrodomésticos etc. Figura 6 - Indústria de confecção Fonte: Tubino (2007) ii) por encomenda: o cliente apresenta seu próprio projeto do produto, devendo ser seguidas essas especificações na fabricação. Exemplo: iates de luxo, jatos particulares 3. Sistemas de produção de grandes projetos sem repetição: produto único, não há rigorosamente um fluxo do produto, existe uma sequência predeterminada de atividades que deve ser seguida, com pouca ou nenhuma repetitividade. Exemplo: navios de grande porte, seja de carga ou passageiros. 33UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Figura 7 - Construção de navio de grande porte Fonte: Tubino (2007) Segundo Lopes (2002), o modelo de Classificação Cruzada de Schroeder é deri- vado da tipologia clássica ou tradicional, leva em conta duas ou mais dimensões associadas aos sistemas do processo de fabricação. Essa dimensão geralmente é suficiente para os sistemas industriais, mas incompleta se aplicada aos serviços. Por isso, a classificação cruzada é mais completa e ajuda a entender um maior número de casos práticos em que existem duas classes: 1. Sistemas orientados para estoque: produto é fabricado e estocado antes da demanda efetiva do consumidor. Esse tipo de sistema oferece atendimento rápido e baixo custo, mas a flexibilidade de escolha do consumidor é reduzida. São exemplo as indústrias alimentícias e autopeças. Figura 8 - Indústria de bolachas Fonte: Moura (1994) 34UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 2. Sistemas orientados para a encomenda: neste sistema as operações são ligadas a um cliente em particular com o qual se discute o preço e o prazo de entrega da mercadoria. A medida do desempenho nos sistemas por encomenda é mensurada pelo prazo de entrega, que o cliente deseja saber de antemão (MEDEIROS, 2002). Como exem- plos: grandes motores, edifícios, máquinas e equipamentos feitos sob encomenda. Figura 9 - Construção de edifício Fonte: Tubino (2007) Logo, cada segmento de produção deve ser analisado e adotado em específico, ou seja, as características do produto e processo. 35UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 3 PREVISÃO DA DEMANDA – PLANO DE LONGO, MÉDIO E CURTO PRAZO De acordo com Favaretto (2001), a gestão da demanda é a integração entre cliente e empresa, sendo responsável pelo planejamento adequado de todas demandas geradas, externa ou internamente, a fim de se obter um equilíbrio entre o que o mercado requer e o que a produção pode fornecer. A previsão da demanda refere-se a um processo metodológico com o objetivo de determinar dados futuros utilizando meios estatísticos, matemáticos, econométricos e até mesmo a subjetividade. Essa previsão nada mais é, como o próprio nome sugere, que uma atividade em que se deseja prever o futuro, tentando minimizar as incertezas relaciona- das ao processo empresarial como um todo, com o objetivo final de melhorias financeiras (GARCIA, 2011). Segundo Côrrea et al. (1997), algumas informações devem ser consideradas pelo sistema de previsão: dados históricos de vendas, variáveis que podem afetar o comporta- mento das vendas no futuro; situação econômica atual, informações sobre comportamentos atípicos de vendas passadas, atuação de concorrentes e decisões da área comercial. Os métodos de previsão da demanda são classificados em duas grandes classes: métodos qualitativos e quantitativos. Os qualitativos subdividem-se em métodos de avalia- ção subjetiva e exploratórios; já os quantitativos subdividem-se em métodos de projeção histórica e causais (MAKRIDAKIS; WHEELWRIGHT; HYNDMAN, 1998): 36UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 1. Métodos qualitativos: são subjetivos e contam com o julgamento humano. Apropriados quando poucos dados históricos estão disponíveis ou quando especialistas possuem inteligência de mercado que possa afetar a previsão (CHOPRA; MEINDL, 2011). O uso desse método é muito observado quando há o desenvolvimento de estratégias de longo e médio prazo e de novos produtos, em que a demanda é incerta (MAKRIDAKIS; WHEELWRIGHT; HYNDMAN, 1998). 2. Métodos quantitativos: definem explicitamente como a previsão é determinada. A lógica é claramente diagnosticada e as operações são matemáticas.Os processos en- volvem verificação de dados históricos para identificar o processo (CAVALHEIRO, 2003). Desta forma, para a elaboração da previsão da demanda em Planos de longo, médio e curto prazo é necessário que as necessidades dos clientes e a capacidade da empresa devem estar equilibradas, para obter como consequência a minimização das incertezas de oferta e demanda, além de melhorias no nível de serviço prestado ao cliente, redução dos níveis de estoque, melhorias na utilização dos ativos e na disponibilidade de produto (MELO; ALCÂNTARA, 2011). A seguir você verá de que maneira é a rotina do PPCP em relação ao planejamento e a previsão da demanda. É necessário esclarecer que os aspectos do planejamento e controle da produção mudam ao longo do tempo. Slack et al. (2008) ilustram a natureza do planejamento e controle e como seus aspectos variam de importância ao longo do tempo, no longo prazo, os gerentes de produção fazem planos relativos ao que eles pretendem fazer, que recursos eles precisam e quais objetivos eles esperam atingir. A ênfase está mais no planejamento do que no controle, porque existe ainda pouco a ser controlado. Eles vão usar previsões da demanda provável, descritas em termos agre- gados. O planejamento e o controle de médio prazo estão preocupados com planejar em mais detalhes (e replanejar, se necessário). Eles olham para frente para avaliar a demanda global que a operação deve atingir de forma parcialmente desagregada. No planejamento e no controle a curto prazo, muitos dos recursos terão sido definidos e será difícil fazer mu- danças de grande escala nos recursos. Todavia, intervenções a curto prazo são possíveis se as coisas não correm conforme os planos. Nesse estágio, a demanda será avaliada de forma totalmente desagregada. 37UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 4 LÓGICA DO MRP I / MRP II, JIT E OPT O Planejamento da Necessidade de Materiais (MRP) I e II é uma forma de adminis- trar a produção. Está entre um dos três principais sistemas de Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP), juntamente com Just in Time (JIT) e Optimized Production Technology (OPT). Um sistema de Planejamento e Controle da Produção é uma “função de apoio de coordenação das várias atividades de acordo com os planos de produção, de modo que os programas preestabelecidos possam ser atendidos nos prazos e quantidades” (RENTES, 2002, p. 49). 4.1 Planejamento da Necessidade de Materiais - MRP Segundo Esteves (2001), o MRP surgiu na década de 60, com o objetivo de auxiliar as empresas com o cálculo das necessidades de determinados produtos. O MRP “[...] é uma técnica para converter a previsão de demanda de um item de demanda independente em uma programação das necessidades de suas partes (estrutura)” (ALBERTIN; PONTES, 2016, p. 132). “Uma indústria que adota sistema do tipo MRP necessita, invariavelmente, de uma estrutura computacional (hardware e software) que possa manter todos os registros de produção (lista de materiais, lead times, estoques, entre outros) atualizados” (BEZERRA, 2014, p. 86). Conforme Davis, Aquilano e Chase (2003 apud BEZERRA, 2014), os objetivos de um sistema MRP estão relacionados a: 38UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT ● Estoque – encomendar o material correto, na quantidade necessária e no mo- mento adequado; ● Prioridades – encomendar na data correta e manter válida essa data; ● Capacidade de produção – planejar adequadamente o lote completo de pro- dução e os próximos lotes. A principal informação que irá alimentar o cálculo das necessidades de materiais (MRP) é o plano mestre de produção, o qual se refere a um plano de produção estabelecido em horizonte de médio prazo para as demandas independentes (FENERICH, 2016, p. 104) Para Vollmann et. al. (2006, p. 224) é importante salientar que: Além das entradas do programa mestre de produção, o MRP requer duas entradas básicas. Uma lista de materiais, para cada número de peça, quais outros número de peças são necessários como componentes diretos. A se- gunda entrada básica para o MRP é o status do estoque. É importante salientar que os principais aspectos de funcionamento do MRP segundo Corrêa e Gianesi (1999, p. 106) são: Parte-se das necessidades de entrega dos produtos finais (quantidades e datas); Calculam-se, para trás, no tempo, as datas em que as etapas do pro- cesso de produção devem começar e acabar; e Determinam-se os recursos, e respectivas quantidades, necessários para que se execute cada etapa. Lopes et. al. (2012) comentam que o sistema MRP auxiliou os gerentes a determinar a quantidade e o momento das compras de materiais, preocupando-se também com a lista dos materiais comprados e com o controle de estoque. Figura 10 - Entradas e saídas no MRP Fonte: Gaither e Frazier (2001, p. 314 apud ESTEVES 2007). 39UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Então, qual é a informação principal que alimenta o sistema MRP I? A principal informação que irá alimentar o cálculo das necessidades de materiais (MRP I) é o plano mestre de produção, que se refere a um plano de produção estabelecido em horizonte de médio prazo para as demandas independentes (FENERICH, 2016). Qual a característica principal do MRP I? De acordo com Fenerich (2016), é “empurrar” os estoques e responder rapidamente às alterações da demanda para produção do produto final. Vamos conhecer o MRP I no cotidiano do PPCP? O MRP I utiliza como dados de entrada os pedidos em carteira, bem como a previ- são de vendas que é passada pela área comercial da empresa. Exemplo: imagine que você vai fazer uma festa para 40 pessoas daqui a duas semanas; se você vai oferecer churrasco, salgados, cerveja e refrigerantes, antes de ir às compras, você deverá fazer uma estimativa do consumo do que cada pessoa deve consumir. Se você já tem em casa alguns itens (estoque), você pode descontar esse estoque dos itens a adquirir, chegando a quantidade necessária de cada item. Talvez você queira que alguns itens fiquem em estoque ou se constituam em uma reserva, caso os convidados consumam mais do que o esperado ou mesmo que venham mais pessoas do que o esperado (SLACK, 2008). Pode-se destacar como vantagens dos sistemas MRP I (ELIACY, 2016): manuten- ção dos níveis de estoque de segurança e redução de inventário; identificação de falhas de processo; programação da produção baseada em demanda real; adequação da produção por lotes ou processos de produção. Já como desvantagens podem-se destacar (ELIACY, 2016): sistemas de informáti- ca pesados; falta de avaliação dos custos de colocação de ordens e de transporte; sistema pouco sensível à influência de curto prazo de demanda; complexidade do sistema em algumas situações, sem o fornecimento dos resultados esperados. 4.2 Planejamento dos Recursos da Manufatura - MRP II Na década de 70, Oliver Wight introduziu o MRP II (Manufacturing Resources Planning - Planejamento dos Recursos da Manufatura), que incorporou ao MRPI outras funções necessárias para a meta de produção (ALBERTIN, 2016). Lopes et. al. (2012, p. 5) afirmam que “enquanto que o MRP tratava, principalmente, com os materiais, o MRP II completa a integração de todos os aspectos do processo de fabricação, incluindo a relação entre materiais, finanças e recursos humanos.” O sistema MRP II é a evolução natural da lógica do sistema MRP I? 40UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT Sim, “a extensão do conceito de cálculo das necessidades ao planejamento dos demais recursos de manufatura e não mais apenas dos recursos materiais” (DE MELO; DE MELLO VILLAR; SEVERIANO FILHO, 2006). Qual a diferença em o MRP I e MRP II? Basicamente, a grande diferença entre esses dois módulos é que o MRP considera “O QUE” será produzido, “QUANDO” e “QUANTO”, como é apresentado na Figura 10. O MRP II, além dessas mesmas decisões, inclui “COMO”. Figura 11- Diferença entre MRP I e MRP II Fonte: Fenerich (2016,p. 81). Corrêa e Gianesi (1993) listam cinco módulos principais do MRP II: Módulo de Planejamento da Produção (Production Planning); Módulo de Planejamento Mestre da Pro- dução (Master Production Schedule - MPS); Módulo do Planejamento das Necessidades de Materiais (Material Requirement Planning - MRP); Módulo do Planejamento das Neces- sidades de Capacidade (Capacity Requirement Planning - CRP); e Módulo do Controle do Chão de Fábrica (Shop Floor Control - SFC). Uma das principais vantagens do MRPII é a sua natureza dinâmica. Ele permite reduzir custos com capacidade ociosa e estoques em excesso, mantendo os níveis de confiabilidade de entrega (CORRÊA; GIANESI; CAON, 1999). No ponto de vista de Melo et al. (2011), as desvantagens do sistema MRP II são: a sua complexidade e dificuldade de adaptá-lo às necessidades das empresas; ao nível de acuracidade exigida dos dados; o fato do sistema assumir capacidade infinita em todos os centros produtivos; não enfatizar o envolvimento da mão-de-obra no processo. 4.3 Just In Time – JIT Conforme Ohno (1988), o Just in time (JIT) surgiu no Japão para o mundo no século XIX, com Taiichi Ohno e o Sistema Toyota de Produção. Em japonês, as palavras para just in time significam “no momento certo”, “oportuno”. Uma melhor tradução para o inglês seria em tempo, exatamente no momento estabelecido. In time, em inglês, significa “a tempo”, 41UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT ou seja, “não exatamente no momento estabelecido, mas um pouco antes, com uma certa folga” (MOURA; BANZATO, 1994). Para Lubben (1989), o Just in time é uma filosofia de manufatura, ou seja, uma forma de abordar, entender e conduzir as atividades manufatureiras de uma organização. A base dessa filosofia é a eliminação planejada e sistemática do desperdício, levando a um melhoramento contínuo da produtividade. Segundo Ohno (1998), posteriormente o conceito de JIT se expandiu, e hoje é uma filosofia gerencial que procura não apenas eliminar os desperdícios, mas também colocar o componente certo, no lugar certo e na hora certa. As partes são produzidas em tempo de atenderem às necessidades de produção, ao contrário da abordagem tradicional de produzir para caso as partes sejam necessárias. O JIT leva a estoques bem menores, custos mais baixos e melhor qualidade do que os sistemas convencionais. Qual a meta a ser alcançada no JIT? E como consegui-la? Segundo Lubben (1989), a meta do JIT é desenvolver um sistema que permita a um fabricante ter somente os materiais, equipamentos e pessoas necessários para cada tarefa. Para se conseguir essa meta, é preciso, na maioria dos casos, seis objetivos básicos: a) integrar e otimizar cada etapa do processo de manufatura, com o auxílio da ferramenta; b) produzir produtos de qualidade; c) reduzir os custos de produção, com maior valor agrega- do ao produto; d) produzir somente em função de demanda; e) desenvolver flexibilidade de produção e estar pronto para todas as situações; f) manter os compromissos assumidos com clientes e fornecedores, evitando constrangimento em ambas as partes. Na visão de Corrêa (1993), as metas para tal ferramenta têm relação aos vários problemas que aconte- ce na área de produção, cujo objetivo é otimizar os processos e procedimentos através da redução contínua de desperdícios, que são: a) estoque zero; b) tempo zero de preparação; c) zero defeito; d) movimentação zero; e) quebra zero. Qual o ponto positivo e ao mesmo tempo negativo do JIT? É a redução do estoque do sistema que pode aumentar o risco de interrupção da produção em função de problemas na administração de mão de obra, por exemplo: greves nos transportes, tudo pode ficar parado, com isso há perda de tempo, que resulta em des- 42UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT perdícios e custos para a empresa, do mesmo modo o risco de paralisação por quebras de maquinas (CORRÊA, 1993). 4.4 Tecnologia de Produção Otimizada – OPT Conforme Tubino (2007), Optimized Production Technology (OPT) é uma técnica de gestão desenvolvida por um grupo de pesquisadores israelenses, do qual fazia parte o físico Eliyahu Goldratt, que acabou por ser o principal divulgador de seus princípios. O OPT foi concebido como uma técnica de planejamento da produção com ênfase na administra- ção de gargalos e sincronização da manufatura (VILLAR; SILVA; NÓBREGA, 2008). Logo, para a empresa aumentar a sua lucratividade, é preciso que, no nível da fábrica, se aumente o fluxo e ao mesmo tempo se reduzam os estoques e as despesas operacionais. Os princípios da ferramenta OPT, enunciados por Garcia (2011, p. 146-155), são os seguintes: 1 - Balancear o fluxo e não a capacidade. 2 - O nível de utilização de um não-gargalo não é determinado pelo seu próprio potencial, mas por outras imposições do sistema. 3 - Utilização e ativação de um recurso não são sinônimos. 4 - Uma hora ganha num recurso-gargalo é uma hora ganha para o sistema global. 5 - Uma hora ganha num recurso não-gargalo é um engano. 6 - O lote de transferência não pode ser e, frequentemente não deveria ser, igual ao lote de processamento. 7 - O lote de processamento deve ser variável e não fixo. 8 - Os recursos-gargalo além de definirem o fluxo do sistema, definem também o seu estoque. 9 - A programação de atividades e a capacidade produtiva devem ser consideradas simultaneamente e não sequencialmente. Os lead-times (tempos de espera ou preparação) são um resultado da programação e não podem ser assumidos à priori. 43UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT 5 ABORDAGEM SOBRE OS SISTEMAS UTILIZADOS NO PPCP A Tecnologia da Informação (TI) possibilita novas alternativas de estratégias de operações e de negócios para o Planejamento e Controle da Produção, a exemplo disso, estão os sistemas MRP, MRP II e ERP (LAURINDO et. al., 2002). Já Junior (2012) con-sideram a área de PPCP chave para empresas industriais e as classificações dos tipos de manufatura devem estar relacionadas à escolha dos sistemas de informação para PPCP a serem adotados. A próxima evolução consiste na TI integrando as diversas etapas da cadeia de suprimentos, inicialmente pelo EDI – sigla de Electronic Data Interchange –, que significa Troca Eletrônica de Dados, e atualmente via e-commerce B2B – business to business (MEDEIROS JUNIOR, 2002). Lopes (2012) trazem que o EDI é uma ferramenta estratégica utilizada pelas empresas, podendo ser definido como o movimento eletrônico de informações entre o comprador e o vendedor, sendo um facilitador nas relações comerciais. Uma linha que liga os clientes do provedor, proporcionando uma ligação entre os sistemas eletrônicos de informação entre empresas, não levando em consideração os sistemas e procedimentos utilizados no interior de cada uma delas (ELIACY, 2016). Uma alternativa recente para a integração de sistemas é a estratégia chamada best of breed (BoB) ou Melhor da Raça, na qual as melhores soluções são adquiridas (de diferentes fornecedores) para cada parte da empresa e posteriormente integradas (LIGHT; HOLLAND; WILLS, 2001). Um exemplo e BoB é a integração de aplicações APS (Advanced Planning and Scheduling) com sistemas ERP (Enterprise Resource Planning – Planejamen- to de Recursos Corporativos em português), no intuito de buscar soluções mais elaboradas para o PCP (WIERS, 2002). 44UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT SAIBA MAIS FERRAMENTAS QUE FACILITAM A ROTINA DO PPCP Com a indústria 4.0 se tornando cada vez mais real, é comum que os colaboradores tenham medo de serem substituídos caso suas atividades sejam automatizadas. No en-tanto, para a área de PPCP as ferramentas de automatização não excluem a necessidade da análise crítica de um profissional. Pelo contrário, ela elimina atividades de alto risco que demoram horas para serem realizadas. Um dos pontos principais da automatização da produção é justamente economizar tem-po eliminando atividades manuais. Por exemplo preenchimentode planilhas que de-manda muito tempo, precisam ser constantemente atualizadas com dados corretos e ainda sim, possuem alto risco de falha. Fonte: QS Consultoria (2019). REFLITA “Seja você quem for, seja qual for a posição social que você tenha na vida, a mais alta ou a mais baixa, tenha sempre como meta muita força, muita determinação e sempre faça tudo com muito amor e com muita fé em Deus, que um dia você chega lá. De alguma maneira você chega lá” (Ayrton Senna). 45UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade aprendemos como a interrelação do PPCP com as demais áreas da organização é fundamental para o objetivo principal da empresa, ou seja, atender de forma eficiente e eficaz seus clientes. Estruturar o PPCP com sistemas de informação de forma adequada é primordial, sendo essencial conhecer lógica do MRP I / MRP II, JIT e OPT, suas contribuições e limitações como fonte geradora de informação para o PPCP. O conhecimento que abordamos na Unidade II é importante, porém há muito mais a aprender! Na próxima unidade iremos integrar o conteúdo das unidades já estudadas, pro- movendo, assim, a união de conhecimentos sobre o complexo, mas maravilhoso, mundo da produção de produtos e serviços. Sucesso! 46UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT LEITURA COMPLEMENTAR ERP, o que é e para que serve? ERP (Sistema Integrado de Gestão Empresarial) é um software corporativo que tem como principal função apoiar as empresas no controle total de suas informações, integrando e gerenciando dados, recursos e processos para que as companhias tenham maior assertividade na tomada de decisão e sucesso nos negócios. Num mercado cada vez mais competitivo, um dos principais desafios das empresas têm sido manter o controle de todos os seus processos e informações, que permitam que essas organizações identifiquem a melhores estratégias que possam destacá-las de seus concorrentes, com custos reduzidos e rentabilidade elevada. Essa é a proposta dos softwa- res de ERP, capazes de mensurar cada detalhe do negócio de forma automatizada e em tempo real, garantindo agilidade e eficiência às rotinas organizacionais. Para que serve um ERP? ● simplificar os processos operacionais da empresa; ● agregar inteligência, segurança e qualidade para as informações; ● integração dos departamentos, informações completas e consistentes; ● automatização das atividades; ● controle de estoque; ● controle de custos; ● controle de prazos; ● controle de pessoal; ● gestão integrada e especializada; ● eficiência e produtividade. Com o respaldo de um software de ERP todas as informações da empresa ficam concentradas em um único lugar, integrando dessa forma departamentos e dados com mais segurança e assertividade. Os experts consideram que o valor investido na contratação de um bom ERP retor- na rapidamente para os bolsos da empresa, justamente por conta do controle, economia e informação estratégica que o software proporciona, tornando a empresa mais competitiva. Fonte: Augelli (2017). 47UNIDADE II MRP / MRPII, JIT e OPT MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO •Título: Planejamento, Programação e Controle da Produção • Autor: Irineu G. N. Gianesi, Mauro Caon e Henrique Luiz Corrêa • Editora: Atlas • Sinopse: Os sistemas integrados de gestão do empreendi- mento MRP II/ERP são hoje os mais largamente utilizados pelas empresas ao redor do mundo para o suporte integrado à tomada de decisão. A adoção de aplicativos de software que se utilizam da lógica MRP II/ERP, como o SAP, o BAAN4, o ORACLE ou várias dezenas de outros comercialmente disponíveis, está hoje no topo da lista de prioridades de grande parte dos gestores dos processos empresariais modernos. Entretanto, se a compra de um aplicativo de software robusto é condição necessária para o sucesso no uso do MRP II/ERP, está longe de ser condição suficiente. Antes de tudo, as empresas devem compreender perfeitamente os seus conceitos para uma implantação de sucesso. Este livro traz de for- ma simples e clara os conceitos essenciais para que os gestores gerenciem e participem de processos de implantação e gestão de sistemas MRP II/ERP. FILME/VÍDEO • Título: Apollo 13 • Ano: 1995 • Sinopse: O filme que narra a história verídica da missão Apollo 13, da NASA, traz, segundo Dario Rais Lopes, professor da Escola de Engenharia da Universidade Presbiteriana Mackenzie e assessor especial do Grupo Ecorodovias, a essência da engenharia, com aplicação dos conceitos da física, o trabalho em equipe, a criativi- dade a construção do novo e a sua reconstrução em circunstâncias emergenciais. “Foi o filme que mais me tocou como engenheiro. A cena da construção do filtro de ar adaptado do módulo de coman- do para o módulo lunar, feito pelos engenheiros na NASA, mas só com os materiais que havia na nave, para que os astronautas pudessem reproduzir, é um dos exemplos mais bonitos da prática da engenharia”. A habilidade inovar, adaptar, trabalhar sob pressão são habilidades essenciais para o programador de produção. 48 Plano de Estudo: • A influência dos tipos de produção e arranjos da fábrica (layout) no PPCP. • Fluxo de informações através das unidades do PPCP. • A visão da logística integrada no PPCP. • Programação de uma célula de produção. • Programação e controle da produção com Kanban. Objetivos de Aprendizagem: • Estabelecer a importância da interferência dos modos de produção versus o layout da fábrica. • Apresentar a influência da trajetória da informação nas unidades do PPCP. • Entender os conceitos da logística integrada aplicada nas ações do PPCP • Conhecer os fatores que compõem a programação de uma célula de produção. • Verificar de que maneira é realizada a programação e controle da produção com o Kanban. UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP Professora Mestre Lilian Gonçalves 49UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP INTRODUÇÃO Olá, estudante! Chegamos à terceira unidade da apostila! Iniciaremos com o estudo dos modelos de layout de fábrica e como eles influenciam nos vários tipos de produção. A seguir você será apresentado(a) à importância do fluxo de informações dos diver- sos departamentos da empresa com o departamento de PPCP. Esses fatores são essen- ciais para o bom andamento da programação da produção. Você já imaginou uma fábrica com máquinas espalhadas por todo o prédio, sem nenhuma lógica de fluxo, obrigando os funcionários a andar em diferentes sentidos e várias vezes, ou que o programador do PPCP libere ordens de produção de produtos que não foram vendidos ou com as especificações erradas. Como exemplo: o departamento comercial vendeu 100 blusas femininas azuis e o programador emitiu ordem de fabricação de 200 blusas masculinas vermelhas e o chão de fábrica produzir 300 blusas femininas laranjas? Sabia que esse erro poderia ser evitado com a logística integrada ao PPCP? Sim, pois a logística integrada garante que o serviço, produto ou informação seja entregue na hora correta, no departamento correto, com o custo correto ao cliente certo. Por conseguinte, será estudado de que maneira é realizada a programação de uma célula de produção e finalizamos com o conceito de Kanban aplicado à programação e controle da produção Bons Estudos! 50UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP 1 A INFLUÊNCIA DOS TIPOS DE PRODUÇÃO E ARRANJOS DA FÁBRICA (LAYOUT) NO PPCP Sabia que o arranjo físico ou layout possui grande influência na programação e controle da produção? A escolha do arranjo físico deve estar de acordo com as caracterís-ticas do produto a ser fabricado. Existem fábricas que conseguem aumentar até 25% da produção, reduzir custos e melhorar o aproveitamento do espaço somente através de um novo arranjo físico da fábrica (SLACK et al., 2009). O layout pode ser definido como a disposição física de máquinas, postos de traba-lho, equipamentos, pessoas, áreas decirculação, entre outros fatores que ocupam espaço na fábrica, distribuindo-os de forma a maximizar a funcionalidade do processo produtivo e otimizar o ambiente de trabalho (ROCHA, 1995). Na concepção de Slack et al. (2009), layout de uma operação produtiva leva em conta a localização física dos re- cursos de transformação. A estruturação do layout, conforme Ferreira (2013), representa uma atividade com-plexa, apresentando uma longa duração e um elevado custo devido às grandes dimensões dos equipamentos a serem transferidos. Erros no projeto de layout podem gerar interrupções no fornecimento, levando à insatisfação do consumidor interno e externo, atrasos na produção, propiciando filas e estoques confusos e desnecessários, além de altos custos relacionados à ineficiência da criação de sinergia entre o conjunto do arranjo físico (KAN-NAN, 2010). 51UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP Shingo (1996), por sua vez, destaca que as melhorias no layout trazem os seguintes benefícios: eliminação de horas-homem de transporte; feedback de informação referente à qualidade mais rápido, para ajudar a reduzir os defeitos; redução de horas-homem ao diminuir ou eliminar esperas de lote ou de processo; e redução do ciclo de produção. Já o autor Rocha (1995) aponta algumas vantagens que a melhoria de layout pode trazer: utilizar racionalmente o espaço disponível; reduzir ao mínimo as movimentações de ma- teriais, produtos e pessoas; e possibilitar supervisão e obtenção da qualidade. Segundo Gomes (2004) há alguns dos fatores qualitativos que afetam na definição do arranjo físico: (i) segurança; (ii) estética; (iii) mix de produtos. A decisão do tipo de layout a ser utilizado, não é uma definição isolada. Devem-se levar em conta os tipos de processos de produção que serão utilizados e a natureza dos materiais utilizados. Dessa forma, Gonçalves (2007) propõe a definição do tipo de arranjo físico, em relação ao tipo de produto e os sistemas de manufatura. Quais são os tipos de arranjos físicos ou layout em uma manufatura? Moreira (1993) identificou os seguintes tipos de layout nos sistemas de manufatura: Layout posicional ou posição ixa (project shop): o material permanece fixo em uma determinada posição e as máquinas se deslocam até o local, executando as opera- ções necessárias. Peinado e Graeml (2007) citam as vantagens desse arranjo físico: não movimentação do produto e existência da possibilidade de terceirização de todo o projeto ou parte dele com prazos previamente fixados. Também as d esvantagens, os mesmos autores citam a complexidade na supervisão e controle de mão-de-obra, matéria-prima etc. e a necessidade de áreas externas próximas à produção para submontagem, guarda de matérias etc. Aplica-se a projetos e a grandes projetos com alto valor agregado e baixa quantidade de produção. Os exemplos de uso desse arranjo citados por Olivério (1985) são as montagens de navios e de grandes alternadores; Groover (1987) cita aviões de grande porte e Black (1991) acrescenta locomotivas, prédios, pontes e represas. A Figura 1 demonstra o layout de arranjo posicional. 52UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP Figura 1 - Layout Posicional Fonte: Black (1991). Layout funcional ou por processo (job shop): todas as operações, montagens e equipamentos de modelos similares são desenvolvidos na mesma área. O material se desloca buscando por diferentes recursos. Sua característica fundamental é o agrupamen- to de operações de um mesmo tipo (OLIVÉRIO, 1985). Black (1991) destaca que, devido a sua alta flexibilidade, esse arranjo físico trabalha na produção de uma grande variedade de produtos em pequenos lotes, normalmente atendendo a pedidos específicos de clientes (produção sob encomenda), conforme demonstra a Figura 2. Figura 2 - Layout Funcional Fonte: Black (1991). Layout linear ou por produto (flow shop): no layout linear os equipamentos são dispostos de acordo com uma determinada sequência de operações, ficando fixos enquanto os materiais se movem pelos vários equipamentos (OLIVÉRIO, 1985). É utilizado na produção de grandes volumes, como exemplo as indústrias de celulose, siderúrgicas, 53UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP frigoríficos, automobilística e confecções. Na Figura 3 é possível visualizar a disposição das máquinas em linha reta neste tipo de arranjo físico. Figura 3 - Layout Linear Fonte: Black (1991). Layout celular: também é denominado arranjo físico linear, product flow layout, product layout e flow shop. Black (1991, p. 36) acrescenta que, “quando o volume de produção se torna muito grande, especialmente na linha de montagem, esse arranjo físico é chamado de produção em massa”. A disposição dos locais de trabalho obedece à sequência de processamento do produto, buscando otimizar a movimentação de material (OLIVÉRIO, 1985). As máquinas e equipamentos são distribuídos normalmente em uma configuração no formato de “U”. Os materiais entram na célula, passam pelos processos necessários e saem produtos acabados (MOREIRA, 1993). O formato de “U” pode ser visualizado na Figura 4. Esse arranjo físico é um híbrido dos layout linear e funcional, sendo utilizados em empresas moveleiras. Figura 4 - Layout Celular Fonte: Black (1991). 54UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP Prata (2002) lista as seguintes vantagens do arranjo tipo celular: ● Redução de matéria-prima, de estoque em processo e inventário de produtos acabados; ● Tempo de setup reduzido; ● Os produtos são movidos de forma mais eficiente; ● Maior produtividade; ● Maior aproveitamento da mão-de-obra e satisfação dos operadores; ● Flexibilidade dos produtos e do tamanho dos lotes a serem fabricados. Porém não existem somente vantagens neste tipo de layout. O mesmo autor iden-tifica algumas desvantagens: ● As máquinas geralmente possuem baixa utilização; ● As células podem requerer investimentos adicionais pela duplicação de equipa- mentos; ● Há um alto custo inicial pela realocação das máquinas; ● É exigida mais disciplina para evitar peças fora da família; ● Possibilidade de problemas ergonômicos. Layout Combinado, Misto ou Híbrido: para Slack et al. (2009), o layout misto se deve a um elevado número de operações, combinando elementos básicos de cada layout ou o processo se utiliza de layout na sua forma pura em diferentes partes da operação. O layout misto é utilizado para aproveitar as vantagens de diversos tipos de layout de uma só vez, em que é utilizado uma combinação geralmente do layout por produto, por processo e celular (PEINADO; GRAEML, 2007). Um exemplo desse tipo de arranjo físico pode ser visto em um restaurante em que o salão de festa possui o layout posicional, os aparadores estão no formato celular (cada buffet é divido em entrada, prato principal e sobremesas) e, por fim, a cozinha tem o arranjo físico de processo (freezer, forno, pia, geladeira e outros). Na Figura 5 é possível ver a disposição dos diferentes arranjos físicos em um restaurante. Na próxima vez que você for a um restaurante, observe a disposição das mesas, buffet, cozinha e a movimentação dos garçons. 55UNIDADE III A influência dos tipos de produção e layout no PPCP Figura 5 - Layout Combinado, Misto ou Híbrido Fonte: Prata (2002). Um layout correto proporciona um fluxo de comunicação entre as atividades de ma-neira mais eficiente e eficaz, melhorando a utilização das áreas produtivas, obtendo maior facilidade na administração das tarefas, diminuindo, assim, os problemas ergonômicos e flexibilizando os processos em casos de mudanças e ou adequações (BLACK, 1991). Dessa forma, depois de conhecer os vários tipos de layout, suas vantagens e desvantagens, é possível perceber a influência do layout no PPCP que para realizar suas atividades de planejamento,
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