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Fisiologia do Cafeeiro

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3 FISIOLOGIA DO CAFEEIRO
Dentre as espécies de café, Coffea arabica L. e C. canephora Pierre ex Froehner são as
únicas que têm seu produto comercial cotado internacionalmente, sendo comumente designadas por
'Café Arábica' e 'Café Robusta', respectivamente.
O 'café arábica', de qualidade superior, corresponde a aproximadamente 75% do café
comercializado no mundo e é produzido principalmente no continente americano e em outros países
com menor expressão econômica, como o Quênia e a Etiópia. O Brasil é o maior produtor mundial
de café 'arábica'. Já o 'robusta', comparativamente de qualidade inferior, responde por cerca de 25%
da produção mundial comercializável e é produzido na Costa do Marfim, Uganda, Java e outros
países do continente africano. No Brasil sua produção é limitada a algumas regiões do Espírito
Santo, norte do Rio de Janeiro, sul da Bahia, Vale do Rio Doce em Minas Gerais, Mato Grosso e
Rondônia.
Os Programas de Melhoramento Genético do cafeeiro não se limitam à exploração de genes
presentes nessas duas espécies de Coffea e procuram aproveitar caracteres de interesse que se
expressam em espécies consideradas selvagens. A literatura é muito divergente quanto ao número
existente de espécies de café. Aproximadamente 100 espécies de Coffea já foram descritas (pelo
menos 60, considerando-se alguma controvérsia existente na literatura, de acordo com a
classificação feita por Chevalier em 1942), embora pouco se saiba sobre seu potencial comercial e
possível aproveitamento em programas de melhoramento. Caracteres de interesse como a
resistência às pragas e às doenças, tolerância à seca e à baixa fertilidade do solo, dentre outros, são
intensivamente pesquisados nas espécies selvagens.
Nos países onde o café assume importância econômica, Instituições de Pesquisa têm
envidado esforços nos programas de melhoramento das espécies mais cultivadas. Algumas dessas
Instituições atuam em programas cooperativos, como é o caso do IAC (Instituto Agronômico de
Campinas, em São Paulo, Brasil), que certamente mantêm um dos mais arrojados e abrangentes
programas de melhoramento genético do cafeeiro no mundo. Outros exemplos são o CENICAFÉ
(Centro Nacional de Investigação do Café, em Chinchiná, Colômbia), o IICA (Instituto
Interamericano de Ciências Agrárias, em Turrialba, Costa Rica) e o CIFC (Centro Internacional das
Ferrugens do Cafeeiro, em Oeiras, Portugal).
É o Brasil o país que soma o maior número de contribuições ao melhoramento genético do
cafeeiro. Atuando desde o início da década de 1930, a Seção de Genética do IAC vêm
desenvolvendo um vasto programa de genética e de melhoramento do cafeeiro, tendo realizado
quase todos os estudos de genética de café e lançado as mais importantes cultivares plantadas nas
várias regiões cafeeiras do Brasil e mesmo de outros países; os estudos são concentrados na espécie
Coffea arabica. À partir da década de 1970, outras Instituições de Ensino e Pesquisa somaram-se ao
IAC, nos vários Estados, num trabalho integrado e cooperativo. São exemplos a Empresa de
Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a
Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais; o Instituto Agronômico do Paraná
(IAPAR), no Paraná; a Empresa Capixaba de Pesquisa Agropecuária (EMCAPA), no Espírito Santo,
dentre outras. Essas Instituições, na sua maioria, passaram a introduzir material obtido no IAC, em
geração avançada, o que possibilitou a seleção e multiplicação de material genético superior nas
várias regiões produtoras em curto espaço de tempo.
3.1 Classificação Botânica 
O cafeeiro é uma planta perene, com a seguinte classificação taxonômica:
Classe: Dicotiledôneas
Subtribo: Coffeinae
Tribo: Coffeae
Família: Rubiaceae
Gênero: Coffea. 
Conforme descrito anteriormente, há muita controvérsia quanto ao número de espécies de
café, sendo válidas descrições de até cerca de 120 espécies, tidas como provisoriamente válidas por
Chevalier em 1930. A partir de um estudo detalhado realizado por Chevalier (1942), tem havido
uma tendência de redução do elevado número de espécies pelo agrupamento daquelas pertencentes
aos gêneros mais próximos. Segundo essa nova classificação, o gênero Coffea é constituído por 60
espécies, sendo 6 de posição incerta ou mal conhecidas e as demais agrupadas nas seguintes Seções
(com o respectivo número de espécies):
Eucoffea: 14 espécies;
Mascarocoffea: 18 espécies;
Argocoffea: 9 espécies;
Paracoffea: 8 espécies;
Mozambicoffea: 5 espécies.
A Seção Eucoffea é a mais importante economicamente, pois nela se incluem as espécies
mais cultivadas e exploradas pelos países grandes produtores de café. Essa Seção é subdividida em
cinco subseções (Erythrocoffea, Pachycoffea, Melanocoffea, Nanocoffea e Mozambicoffea). Mais
recentemente, Leroy (1980a,b) propôs excluir do gênero Coffea as seções Argocoffea e Paracoffea,
que passariam a constituir novos gêneros, de forma que o gênero Coffea abrangeria apenas as
espécies das seções Eucoffea e Mascarocoffea. São exemplos de espécies classificadas em algumas
subseções mais importantes da seção Eucoffea:
Subseção Erythrocoffea: C. arabica, C. canephora, C. congensis, C. eugenioides, C. moka;
Subseção Pachycoffea: C. dewevrei, C. liberica, C. klainii, C. oyemensis, C. abeokutae;
Subseção Melanocoffea: C. stenophylla, C. affinis, C. carissoi;
Subseção Nanocoffea: C. brevipes, C. humilis, C. montana.
3.2 Fisiologia / Morfologia
A espécie C. arabica se desenvolve melhor em uma faixa de temperatura de 18°C a 21°C, já
a espécie C. canephora suporta temperaturas médias de até 26°C. Quanto a precipitação, o cafeeiro
suporta até 150mm de déficit hídrico sem prejuízo para a produção, principalmente se o período
seco não atinge o mês de setembro. O conhecimento da influência da temperatura e precipitação na
fisiologia do cafeeiro é de fundamental importância para a determinação de faixas aptas e/ou
marginais para a cultura.
O crescimento dos ramos e a formação das folhas, ocorre durante todo o ano, porém são
mais intensos no período mais quente e chuvoso(outubro a março) e, se dão com menor intensidade
no período mais seco e frio (abril a setembro). O período de maior crescimento é também o de
maior extração de nutrientes inclusive para frutificação, assim é nesse período que se realizam a
maioria das adubações de solo ou foliares.
3.3 Sistema Radicular
O conhecimento de características morfológicas e estruturais do sistema radicular é condição
obrigatória para se estudar a cultura do cafeeiro. Já no início da formação da lavoura, quando da
escolha do sistema de plantio (tradicional, adensado ou super adensado) esses conhecimentos são
aplicados; também para a prática das adubações e tratos culturais como subsolagem e carpas
mecânicas.
Nutman (1933) citado por Rena e Maestri, 1986, descreve o sistema radicular do cafeeiro
com as seguintes características morfológicas e estruturais:
a - Raiz pivotante: raiz curta e grossa, freqüentemente múltipla, terminando abruptamente e
raramente estendendo-se além de 45cm abaixo da superfície do solo. Mudas mal formadas podem
ocasionar defeitos nesse tipo de raiz, chegando ao extremo de levar a planta a morte. A poda
drástica dessa raiz durante a operação de repicagem de mudas, ou mesmo durante o plantio, pode
causar uma bifurcação fazendo com que o desenvolvimento do sistema radicular seja prejudicado e,
consequentemente menor será a capacidade de absorção de nutrientes e menor resistência a seca.
Pode ocorrer também o " entortamento" ou enovelamento dessa raiz, durante uma repicagem mal
feita,ou durante o plantio no campo quando se faz erradamente uma pressão sobre os "blocos" das
mudas, forçando a raiz principal a se dobrar. Lavouras plantadas com sistemas radiculares
comprometidos com "garfo" ou "pião torto",apresentam morte acentuada de plantas após a primeira
produção quando o sistema radicular é exigido e não suporta a carga pendente.
b - Raízes axiais: têm crescimento vertical descendente abaixo do tronco, em número de 4 a
8, geralmente originadas de ramificações da pivotante, alcançando profundidades de 2,5 a 3,0
metros, ramificando-se em todas as direções e em todas as profundidades. Essa informação é de
grande importância para quem pretende implantar uma lavoura de café na hora da escolha do
terreno, pois esse deve ser profundo e pouco pedregoso.
c - Raízes da placa superficial: crescem mais ou menos de forma paralela a superfície do
solo, até distâncias de 1,3m a 2,0m do tronco, em geral ramificando-se horizontalmente, mas
podendo também ramificar-se em outras direções. Algumas dessas raízes e suas ramificações podem
tornar-se geotrópicas positivas e formar as raízes verticais. 
Fato importante, a ser considerado quando das adubações via solo é que a maior
concentração de raízes se dá na superfície do solo (20 a 30cm) e a 50 a 80cm do tronco. Portanto as
adubações de solo devem ser dirigidas para essa área de maior concentração, ou seja, espalhar os
fertilizantes sob a copa dos cafeeiros entre o tronco e as extremidades dos ramos laterais.
Recomenda-se que as adubações de solo sejam localizadas nessa região, tanto pelo fator absorção
(principalmente daqueles nutrientes absorvidos pelos mecanismos de difusão e intercepção
radicular), quanto pela proteção da insolação que a copa do cafeeiro oferece aos fertilizantes
aplicados, evitando maiores perdas desses.
d - Raízes laterais fora da placa superficial: são em geral de origem mais profunda que as
anteriores, ramificando-se uniformemente no solo e, algumas vezes tornando-se verticais.
Variações destas características podem ocorrer dependendo do tipo de solo(textura,estrutura,
arejamento, fertilidade e reação do solo), carga genética, temperatura, umidade, idade da planta,
produção de frutos, sistemas de cultivo, pragas e doenças. Mesmo com toda a variação possível, o
sistema radicular típico aqui apresentado nos ajuda na tomada de decisão de: como e onde adubar,
que tipo de trato cultural poderia afetar as raízes, que tipo de planta poderia ser destacada como
desejável num programa de melhoramento genético, etc. O mesmo autor,apresenta algumas
curiosidades a respeito do sistema radicular do cafeeiro como: pode apresentar em média 23Km de
raízes absorventes com uma área de 400 a 500m2 em plantas com 3 anos de idade.
As raízes do cafeeiro, além de cumprir funções como absorção e condução de água e
minerais, também têm função de suporte e de reserva. Portanto as raízes são centros obrigatórios de
importação de fotoassimilados (drenos), armazenando o produto da fotossíntese quando o consumo
da planta (crescimento e frutificação) é menor que a produção. Grandes prejuízos aos cafeeiros
podem ocorrer na situação inversa, ou seja, quando a produção de fotoassimilados é menor que o
consumo da planta, pois as raízes têm menor força de dreno que as folhas novas e frutos, podendo
ocorrer a paralisação do crescimento e até mesmo a morte do sistema radicular(Rena e Maestri,
1986).
3.4 Parte Aérea
 Ramos
O cafeeiro tem como característica o dimorfismo de ramos, apresentando ramos ortotrópicos
e ramos plagiotrópicos. Os ortotrópicos são aqueles que crescem verticalmente e dão origem a
folhas, outros ramos ortotrópicos e ramos plagiotrópicos. Plagiotrópicos são aqueles que crescem
horizontalmente, e dão origem a folhas, outros plagiotrópicos (primários, secundários, ou de maior
ordem), flores e frutos.
Após a liberação das folhas cotiledonares a muda emite um par de folhas verdadeiras a cada
23 dias aproximadamente. Guimarães (1994), trabalhando com análise do crescimento em mudas de
cafeeiro da cultivar Catuaí vermelho(CH-2077-2-5-44), encontrou intervalos de tempo para emissão
de um novo par de folhas que variaram de 14 a 45 dias, sendo os menores intervalos nos períodos
mais quentes e os maiores nos períodos mais frios do ano. Esses pares de folhas crescem com uma
torção de 60° no ramo ortotrópico, sendo que só aparecerá novo par no mesmo plano após a
emissão de 2 pares intermediários.
Entre o 8º ao 10º pares de folhas verdadeiras há emissão dos primeiros ramos plagiotrópicos.
A filotaxia dos plagiotrópicos é idêntica aos ortotrópicos mas em virtude de uma torção do entrenó e
dos pecíolos, as folhas são colocadas num mesmo plano horizontal.
Os ramos ortotrópicos e plagiotrópicos são originados de gemas diferencialmente
determinadas. Na axila de cada folha, nos eixos verticais, existe uma série linear ordenada de 5 a 6
gemas seriadas e, isolada acima da série, uma outra gema dita "cabeça de série", que se forma na
planta a partir do 8° ao 10° nó, (Carvalho et al, 1950 citados por Rena e Maestri, 1986). Isto explica
o aparecimento dos ramos plagiotrópicos nas mudas quando atingem esse estádio.
As gemas "cabeça-de-série" dão origem unicamente a ramos plagiotrópicos, ao passo que as
gemas seriadas originam ramos ortotrópicos (verticais) e quando presentes nos plagiotrópicos
podem originar outros plagiotrópicos de maior ordem.
Conhecer onde se localizam e a que dão origem as gemas evita que cometamos erros graves
de manejo, como por exemplo nas podas. Se por qualquer motivo (geadas, chuvas de granizo, seca
de ramos por deficiência ou desequilíbrio nutricional), ocorrer a morte de plagiotrópicos, isso nos
levará a fazer uma poda do ortotrópico a baixo de onde ocorreu a morte dos plagiotrópicos,
forçando a brotação de outro ortotrópico que originará novos plagiotrópicos. Pois se acima de cada
série de gemas seriadas só existe uma ""cabeça-de-série"" e essa já deu origem ao plagiotrópico que
morreu, ali não nascerá outro, formando o chamado "cinturamento" do cafeeiro. Por outro lado, se
os plagiotrópicos forem podados drasticamente como por exemplo na operação de
"esqueletamento" a menos de 20cm da inserção deste com o ortotrópico, também poderá causar sua
morte e consequentemente o "cinturamento".
Altas temperaturas, podas,ou mesmo danos mecânicos podem ativar gemas seriadas no
ortotrópico dando origem a outros ortotrópicos que passam a ser chamados de "ramos ladrões", que
devem ser conduzidos (desbrotas seletivas) ou mesmo eliminados. No caso da espécie Coffea
arabica L. as plantas são unicaule, já na Coffea canephora, as plantas são multicaule, ou seja são
conduzidas com vários ortotrópicos.
 Folhas
A produção de folhas está intimamente associada com o crescimento do caule,
especialmente dos ramos laterais (plagiotrópicos),tendo-se em vista que os primórdios foliares
resultam diretamente da atividade da gema apical. O crescimento relevante portanto, é aquele
comprometido com a formação de nós, não com a extensão dos entrenós, embora os dois processos
estejam de algum modo relacionados,(Rena e Maestri, 1986).
Estudando níveis de sombreamento em mudas de cafeeiro em viveiro, Maestri e
Gomes(1961) verificaram o efeito da luz nas folhas, testando 25%, 50%, 75% e 100% de
luminosidade concluindo que o peso seco médio, a área foliar, e o número médio de folhas por
planta aumentou com a diminuição do nível de luz até 50%, reduzindo-se quando o nível de luz
baixou para 25%. A área média das folhas cresceu com a diminuição do nível de luz. Estes dados
justificam a recomendação de se manter as mudas de cafeeiro durante sua formação, até a fase de
aclimatação sob insolação de 50% (meia sombra).
Seca e altas temperaturas afetam acentuadamente a duração foliar por promoverem uma
diminuição dos níveis de carboidratos nas folhas (Nunes et al, 1968 e Bierhuizen et al, 1969, citados
por Rena e Maestri 1986). Como os frutos são importantes drenosde carboidratos, os
desfolhamentos causados por seca e altas temperaturas tornam-se assim mais severos durante a
frutificação e após a colheita. Distúrbios mais graves, como depauperamento e "seca de ponteiros",
têm sido associados com baixa reserva de carboidratos (Rena e Maestri,1986).
No manejo da lavoura cafeeira, é de fundamental importância a manutenção do máximo
enfolhamento para melhor vingamento de flores e consequentemente maiores produtividades.
 3.5 Anormalidades
É comum em plantas de cafeeiro se observar anormalidades causadas por temperaturas
muito altas ou ainda por temperaturas muito baixas e, o conhecimento dessas e suas causas evita
que se confunda essas anormalidades com deficiências nutricionais e mesmo com o ataque de
pragas e doenças.
Lesão do colo: é muito comum em lavouras novas e em condições de campo uma lesão ao
nível do ramo ortotrópico ao nível do colo. Essa lesão não abrange uniformemente toda a volta da
haste da planta, sendo o lado sul geralmente polpado ou muito menos afetado. Essa lesão é causada
pelo aquecimento excessivo da haste ao redor do colo, em dias de sol intenso. Visto por pessoa
menos avisada, essa anormalidade poderia ser confundida por exemplo, com o ataque de um fungo
de solo (Rhizoctonia solani), causador da Rhizoctoniose ou "tombadeira" do cafeeiro, que causa
sintoma parecido.
Descoloração das folhas: após a ocorrência de frio intenso é comum se observar em
cafeeiros, folhas com manchas irregulares e esbranquiçadas de maneira variável e irregular. Às
vezes apresentam-se como apenas um pequeno filete esbranquiçado ao longo das margens das
folhas, outras vezes a quase totalidade do limbo foliar se apresenta esbranquiçado. As folhas mais
severamente afetadas não mais retomam seu estado normal, permanecendo de tamanho menor,
deformadas e com áreas despigmentadas que se observadas em microscópio apresentam destruição
dos cloroplastos.
Fato característico é que essas folhas se apresentam sempre aos pares e as manchas ocorrem
sempre em folhas da mesma idade. Assim, por exemplo, se em um ramo é o quinto par de folhas
que se apresenta com sintomas, em outros galhos da mesma planta ou de plantas diferentes, onde
ele se apresentar, será também no quinto par de folhas(Franco,1970). Esse fato característico ajuda
na diferenciação dessa anormalidade com sintomas de deficiências nutricionais parecidos.
Estrangulamento do caule: o ar frio que se acumula rente a superfície do solo pode causar no
ramo ortotrópico de cafeeiros jovens um estrangulamento motivado pela morte dos tecidos da casca.
Embora os tecidos do caule sejam afetados no inverno, o sintoma geralmente é notado na
primavera, quando após o crescimento dos tecidos vivos, o estrangulamento da parte morta se torna
evidente. Essa injúria é também conhecida por "canela de geada ".
Seca ou queima dos ponteiros: em cafezais localizados em altitudes elevadas, pode
acontecer a seca de ponteiros devido ao aquecimento brusco das folhas e galhos nos primeiros
minutos após o nascer do sol. Nessas condições, a absorção e transporte de água não se dá em razão
suficientemente rápida para compensar a transpiração das folhas aquecidas e os tecidos dessas
morrem ou se queimam principalmente nas pontas e margens do limbo foliar. Muitas outras causas
podem também causar a seca de ponteiros como, faísca elétrica e fogo, porém deve-se tomar
cuidado durante o diagnóstico a fim de se evitar enganos com sintomas parecidos causados como
por exemplo, por desnutrição ou desequilíbrio nutricional.
Também a deficiência de boro, (principalmente em solos arenosos) e a associação de danos
físicos ao ataque de fungos, poderão causar seca de ponteiros.
A seca de ponteiros caracteriza-se pelo murchamento e morte das folhas das extremidades
dos ramos do ápice e laterais das plantas, podendo haver o secamento até a base. A severidade desse
distúrbio tem sido relacionada principalmente com a carga de frutos e com o teor de carboidratos na
planta.
Baixo percentual de germinação e pouco vigor das sementes: O armazenamento em
condições inadequadas ou mesmo um reumidecimento das sementes após a secagem podem
comprometer a germinação e o vigor, características essas que se perdem rapidamente em condições
normais após 6 meses de armazenamento. A germinação pode também ser retardada pela presença
do pergaminho quando sua decomposição por microorganismos é prejudicada.
"Pião torto ou garfo": Quando da opção pelo semeio indireto, corre-se o risco de se enovelar
o sistema radicular da plântula ou a poda muito drástica do mesmo causar a bifurcação, ou mesmo
durante a operação de plantio da muda pode-se entortar o pião, que trará sérios problemas para a
cultura, inclusive podendo levar a planta à morte.
Injúrias causadas por defensivos agrícolas: Alguns compostos químicos podem, quando em
contato com a planta do cafeeiro, causar injúrias diversas prejudicando o crescimento,
desenvolvimento e a produtividade. O Glyphosate, por exemplo, quando atinge o cafeeiro por
deriva, causa deformações nas folhas novas, deixando-as compridas e estreitas caracterizando a
fitotoxidez.
Queima por geada: Temperaturas inferiores a 13ºC já são suficientes para prejudicar o
crescimento e desenvolvimento normal das plantas de cafeeiro, porém abaixo de 2ºC negativos,
ocorre um congelamento nos espaços intercelulares dos tecidos das plantas, o que causa a
desidratação das células e a morte das mesmas. Em seguida, por conseqüência há a oxidação de
compostos fenólicos que irão conferir à planta (principalmente às folhas) a coloração marrom
escura característica.
Escaldadura de folhas pelo calor: pode ocorrer principalmente no lado do "poente do sol",
principalmente em lavouras mais novas.
3.6 Flor
A floração compreende uma seqüência de eventos fisiológicos e morfológicos, que vai da
indução floral a Antese, passando pelas fases intermediárias da evocação floral, diferenciação ou
iniciação dos primórdios florais e desenvolvimento da flor, (Rena e Maestri,1986). 
A floração gregária é uma característica do cafeeiro em que todas as plantas, numa certa
extensão geográfica, florescem simultaneamente (Alvim, 1973 citado por Rena e Maestri, 1986).
Porém, condições diferentes de clima e solo podem determinar um número variável de floradas.
Como exemplo, cita-se a emissão de 2 a 3 floradas, concentradas no início do período chuvoso nas
condições das regiões produtoras de café no Brasil, e de 12 a 15 floradas, distribuídas durante todo
o ano em regiões equatoriais chuvosas. Esse fato, faz com que a colheita do café brasileiro possa ser
realizada de uma só vez por derriça, enquanto a colheita do café em Países como a Colômbia e
Costa Rica é obrigatoriamente realizada "a dedo", de 8 a 9 vezes ao ano.
O conhecimento desse hábito reprodutivo associado a fatores ambientais, muito nos auxilia
no planejamento das adubações e da colheita, no controle de pragas e doenças, contribuindo para
aumento da produtividade e da qualidade do produto final.
Em Coffea arabica L., as inflorescências são formadas nas axilas das folhas opostas e
decursadas dos ramos laterais (plagiotrópicos) crescidos na estação anterior (Dean, 1939, citado por
Rena e Maestri, 1986), pois os nós produzem flores apenas uma vez. Esse fato faz com que o
crescimento de ramos seja uma das características a serem usadas para se fazer previsões de safra
do ano seguinte, ou seja, quanto maior o crescimento dos ramos laterais (plagiotrópicos), maior será
o potencial produtivo do ano seguinte pela presença de maior número de nós e, cosequentemente
maior número de inflorescências.
Já em Coffea canephora, as inflorescências são produzidas apenas no crescimento do
corrente ano (Moens, 1968, citado por Rena e Maestri), assim a floração depende estreitamentedo
crescimento de ramos plagiotrópicos, em especial dos primários, (Rena e Maestri, 1986).
Nas axilas foliares dos ramos laterais encontram-se até seis gemas ordenadas numa série
linear. As gemas "cabeça-de-série", que existem sempre nos ramos ortotrópicos (a partir do 8º ao
10º nó) aparecem raramente nos plagiotrópicos em Coffea arabica L (Wormer e Gituanja, 1970,
citados por Rena e Maestri, 1986) e não são regulares em Coffea canephora (Moens, 1968, citado
por Rena e Maestri). As gemas seriadas podem dar origem a gemas florais ou a ramos laterais
(plagiotrópicos) secundários (ou de ordem maior), enquanto as "cabeça-de-série", se existem, dão
origem exclusivamente a ramos laterais (Wormer e Gituanja, 1970, citados por Rena e Maestri,
1986).
As gemas seriadas do ramo primário desenvolvem-se em inflorescências do tipo
homostático composto, caracterizado por terem os eixos laterais o mesmo sistema de formação que
o eixo principal. A inflorescência em princípio é a continuação do ramo vegetativo, em que brácteas
e bractéolas aparecem como órgãos homólogos de folhas e estipulas interpeciolares (interfoliares).
Cada gema seriada origina um eixo curto terminado numa flor. Esses eixos possuem vários nós em
que se inserem brácteas opostas e decursadas, em cujas axilas se forma outra série descendente de
gemas florais. Essas gemas podem dar origem a novos eixos curtos semelhantes ao eixo mãe,
terminados igualmente por uma flor e com vários nós e assim por diante (Dedeca, 1957, citado por
Rena e Maestri, 1986).
As inflorescências têm pedúnculos curtos e os vários botões florais estão comprimidos uns
contra os outros, formando um conjunto compacto denominado glomérulo. Na axila de cada folha
aparecem até quatro glomérulos e só raramente mais. A determinação floral é o estado de
desenvolvimento floral a partir do qual a remoção da gema terminal do ramo não pode mais afetar o
desenvolvimento das inflorescências, (Rena e Maestri, 1986).
Com relação a influências externas na floração, Rena e Maestri, 1986 concluem que com
relação ao fotoperíodo são necessárias investigações críticas para estabelecer com segurança o papel
regulador na indução floral e quanto a temperatura, que aparentemente temperaturas amenas
estimulam a iniciação floral. Temperaturas elevadas durante a floração podem levar ao aborto de
flores, fenômeno conhecido como "estrelinhas".
Aparentemente, sob condições de campo, a pausa de crescimento dos botões florais coincide
com uma estação seca e com a redução do crescimento vegetativo. Todavia, os relatos sobre a
importância de um déficit de água na paralisação do crescimento dos botões são contraditórios.
Mesmo sob irrigação, parece ser necessário um período seco para quebrar a dormência dos botões,
que permaneceriam quiescentes até a ocorrência de uma chuva. Parece que esse processo depende
de um mecanismo controlado por substâncias semelhantes ao ácido abscísico e giberelinas (Rena e
Maestri,1986).
Sob condições naturais os botões florais que entraram em dormência durante um período de
seca, tão logo ocorra uma chuva reiniciam imediatamente seu crescimento levando à abertura das
flores, a qual se verifica em um único dia em Coffea canephora, mas que se prolonga por mais
tempo em Coffea arabica. Comumente, as flores abrem-se nas primeiras horas da manhã e a corola
começa a murchar no segundo dia, caindo já no outro dia (Alvim, 1984, citado por Rena e
Maestri,1986). 
Os botões florais, que no estado dormente são verdes, ao aumentarem de tamanho com o
reinicio do crescimento, adquirem já a partir do segundo dia uma coloração verde clara, que muda
gradativamente do verde claro ao branco do quinto dia em diante até a Antese (Gopal et al, 1975,
citado por Rena e Maestri,1986). A florada de café, em condições naturais, é provocada pelas
primeiras chuvas da estação, após um período de seca. Chuvas e queda abrupta de temperatura estão
geralmente associadas nas regiões tropicais, e o sinal externo primário, desencadeador da Antese,
pode ser tanto água quanto temperatura, ou uma interação entre os dois (Rena e Maestri,1986).
Déficit hídrico também pode causar flores anormais ("estrelinhas"), associado ou não a altas
temperaturas.
3.7 Frutificação
O Fruto e a Semente
Em Coffea arabica L. a maioria das anteras "amadurecem" antes da abertura das flores
(Antese), sendo que a taxa de autofecundação atinge mais de 90% , já em Coffea canephora ocorre
auto-incompatibilidade sendo que a fecundação cruzada ocorre após a abertura das flores com
auxílio do vento e insetos.
Inicialmente até a fase de chumbinho o crescimento do fruto é muito lento, crescendo
rapidamente em seguida até a fase de "fruto verde" quando ocorre o endurecimento do endocarpo.
Segue-se um período de paralisação do crescimento (formação e endurecimento do endosperma),
até o início da maturação , quando o fruto aumenta rapidamente de tamanho. Cerca de 8 a 12
semanas após o florescimento os frutos estão sujeitos a cair ( Montoya e Sylvain , 1962 e Huxley e
Ismail , 1969, citados por Rena e Maestri , 1986), devido a estresses hídricos e/ou desnutrição
(principalmente a nitrogenada) . Mais uma vez salienta-se a importância das adubações suficientes,
equilibradas e parceladas e , no caso de áreas com déficit hídrico acima de 150 a 200 mm a
necessidade da irrigação. 
Caracterização do fruto e da semente
Para facilitar nossos estudos dividiremos o fruto e a semente nas seguintes partes:
Fruto:
-Pedúnculo
-Coroa
-Exocarpo ( ou "casca ")
-Mesocarpo ( ou muscilagem)
-Endocarpo (ou" pergaminho") 
Semente
 -Espermoderma ( ou película prateada)
 -Endosperma
 -Embrião
Obs.: O conjunto formado pelo exocarpo, mesocarpo e endocarpo é denominado pericarpo.
Fruto: O fruto do cafeeiro é uma drupa elipsoide contendo 2 locus e duas sementes, podendo
ocasionalmente conter 3 ou mais. 
Pedúnculo: é a haste que suporta o fruto. Por se tratar da região de ligação entre o fruto ( ou a flor )
e a planta, é por onde o primeiro recebe fotoassimilados. Em condições de alta umidade relativa do
ar pode haver intenso ataque de fungos, causando queda intensa de frutos.
Coroa: é a região da cicatriz floral, localizada na parte oposta ao pedúnculo. É onde geralmente se
concentram as perfurações causadas pelo ataque da broca do café (Hipotenemus hampei ) , portanto,
é uma região que merece redobrada atenção durante a análise dos frutos, coletados por amostragem,
para verificação do percentual de ataque por essa praga do cafeeiro.
Exocarpo: também chamado de casca , é a camada externa do fruto. Pode ter coloração
avermelhada ou amarelada dependendo da cultivar ou progênie em questão, por ocasião da
maturação dos frutos (estádio de "cereja").
Essa coloração do fruto foi usada por Caixeta(1981) para correlacionar o estádio de
desenvolvimento do fruto com o ponto de maturação fisiológica. Analisando o ganho de matéria
seca, água e poder germinativo chegou a conclusão que o ponto de maturação fisiológica das
sementes de cafeeiro se encontrava quando os frutos estivessem entre os estádios de "verde-cana" e
"cereja", ou seja 220 dias após a fecundação das flores.
Mesocarpo: também chamado de muscilagem, é uma substância gelatinosa e adocicada existente
entre o exocarpo e o endocarpo. No caso do processamento do café por via úmida ( despolpamento)
essa camada é retirada por um processo de fermentação em tanques com água por 12 a 24 horas. 
Na espécie Coffea canephora o mesocarpo é pouco aquoso e menos doce que na espécie
Coffea arabica L.
Endocarpo: também chamado de "pergaminho", apesar de ser uma parte do fruto, acompanha a
semente que será usada no semeio tradicional em viveiros . Quando maduro é coriáceo e envolve
independentemente cada semente, sendo que na espécie Coffea canephora é menos espesso que na
Coffeaarabica L. Pesquisas tem sido realizadas na tentativa de se desenvolver métodos práticos de
retirada do "pergaminho" das sementes de cafeeiro , pois a presença dessa parte do fruto atrasa o
processo de germinação .
3.8 Semente 
A semente de cafeeiro é plano convexa, elíptica ou oval, sulcada longitudinalmente na face
plana e é constituída por : espermoderma, endosperma e embrião. Em Coffea canephora as
sementes são menores e de cor mais clara (verde) que na espécie Coffea arabica L..
Espermoderma : também chamada de película prateada , é mais aderente ao endosperma na
espécie Coffea canephora que na Coffea arabica L. e , pode prejudicar o aspecto do café após
beneficiado. 
Endosperma : é o tecido de maior volume na semente, de cor azul esverdeada na espécie
Coffea arabica L. (a exceção da variedade cera que apresenta cor amarelada), e amarelo-pálido em
Coffea canephora.
É um tecido triplóide (3n) , formado por células poliédricas de paredes muito espessas, onde
as hemiceluloses impregnantes apresentam função de reserva.
Apresenta plasmodesmas que podem atuar no transporte de substâncias durante a
germinação e , apresenta a seguinte composição: água, amino-ácidos, proteínas, cafeína, lactonas,
triglicerídeos, açúcares, dextrina, pentosanas, galactomananas, celulose, ácido caféico , ácido
clorogênico e minerais.
Trabalhos do Dr. Darcy Roberto Lima , da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
recentemente publicados mostram que a bebida café , através da cafeína e lactonas, atua no
sistema nervoso central, sistema cardiovascular, trato gastrointestinal, rim e fígado sendo indicado
como :
· estimulante do cérebro, da memória, atenção e concentração;
· atuante contra a apatia e depressão;
· ajuda a prevenir o consumo de drogas e álcool;
· diminui a incidência de cirrose em alcoólatras;
Embrião : é formado por um hipocótilo e dois cotilédones cordiformes, e está localizado na
superfície convexa da semente, medindo de 3 a 4 mm.
Trabalhos na área da biotecnologia têm sido desenvolvidos na Universidade Federal de
Lavras , com o objetivo de se cultivar embriões "in vitro", visando-se principalmente a propagação
mais rápida do cafeeiro.
Germinação
Embora não possuindo dormência , a semente do cafeeiro germina lentamente. Em
condições de laboratório com umidade suficiente e temperatura de 32°C , ocorre a protusão da
radícula com aproximadamente 10 a 15 dias, no caso do uso de sementes desprovidas de
"pergaminho" (endocarpo do fruto), pois esse retarda o processo de germinação.
Em condições de campo a emergência ocorre entre 50 a 60 dias após a semeadura, sendo
que na época mais fria do ano pode levar de 90 a 120 dias.
Em meio asséptico , as sementes com pergaminho não germinaram enquanto outras ,
desprovidas de pergaminho germinaram normalmente. Quando após 38 dias de permanência das
sementes com pergaminho em meio asséptico, aquele foi removido e as sementes germinaram
(Franco, 1946). A germinação nesse caso, foi muito lenta e anormal, mostrando que o poder
germinativo foi prejudicado pela permanência do pergaminho nas sementes (Franco, 1970).
Mes ( s/d ), semeando sementes com pergaminho intacto e outras com pergaminho
parcialmente removido, concluiu não haver nele nenhum tipo de inibidor de germinação. Como esse
trabalho não foi executado em meio asséptico , havia a possibilidade de microorganismos terem
destruído um possível inibidor presente. Entretanto, sementes semeadas em meio asséptico
contendo os pedaços do pergaminho previamente removido, germinaram tão rapidamente quanto
outras semeadas em meio idêntico, mas sem a adição ao meio , dos tecidos do pergaminho ( Franco,
1956 e 1957).
Dependendo a germinação , da eliminação do pergaminho , compreende-se porque os
diversos autores obtiveram resultados diferentes quando estudaram a influência do pergaminho
sobre a germinação empregando solo, areia ou outro substrato não asséptico. Se o substrato for rico
em microorganismos como é o caso da matéria orgânica, empregada nos viveiros, o pergaminho é
rapidamente decomposto não havendo tempo para que a germinação seja prejudicada . Em areia ,
papel de filtro ou outro substrato pobre em microorganismos, a decomposição do pergaminho será
mais ou menos lenta e a germinação por isso será , mais ou menos prejudicada.
As sementes sem " pergaminho", germinam antes daquelas com essa parte do fruto, mas
métodos mecânicos de retirada desse "pergaminho" podem danificar o embrião e consequentemente
prejudicar o processo da germinação, diminuindo o percentual de sementes germinadas , elevando a
mortalidade a níveis superiores a 15%(Guimarães,1995). Novos trabalhos estão em andamento para
se tentar desenvolver métodos de retirada do "pergaminho", sem contudo danificar o embrião, para
que se consiga uma germinação mais rápida em sementes de cafeeiro.
Além da barreira do endocarpo("pergaminho"), outra suposta causa da lenta germinação das
sementes de cafeeiro é a ação de substâncias semelhantes aos ácidos abscísico e giberélico(Valio,
1976). Esse autor fala sobre germinação de sementes de cafeeiro em condições de altas
concentrações de substâncias semelhantes as citocininas . Porém Guimarães , (1995) , testou o
efeito da aplicação de citocininas na promoção da germinação e desenvolvimento de sementes de
cafeeiro com 4 doses (0,0- 5,0 - 10,0 - 20,0ppm) da citocinina BAP ( benzilaminopurina) em 3
tempos de imersão ( 1-15-30horas), concluindo que sementes sem imersão (e sem pergaminho )
emitiram raízes secundárias antes de sementes que passaram por imersão em água ou soluções de
BAP. Novas pesquisas nessa linha de trabalho estão sendo desenvolvidas na Universidade Federal
de Lavras, para que em breve se tenha informações mais seguras com relação ao uso dessas
substâncias na aceleração da germinação de sementes de cafeeiro.
Alves et al , 1996 , avaliando a presença de inibidores da germinação no espermoderma
("película prateada") de sementes de cafeeiro , usando sementes de alface (planta indicadora ) que
foram postas a germinar na presença de extratos aquosos de espermoderma , concluíram que a
presença de substâncias inibidoras inibiram a germinação e causaram o aparecimento de plântulas
anormais . 
Devido a ocorrência da maturação fisiológica dos frutos do cafeeiro somente a partir de
abril/maio nas regiões cafeeiras do Brasil, possibilitando a disponibilidade de sementes somente a
partir de maio/junho, aliado a germinação lenta das sementes e ao processo de produção das mudas,
essas normalmente estão disponíveis aos cafeicultores somente a partir de dezembro/janeiro, ou
seja, já na metade do período chuvoso. Além das tentativas acima mencionadas para antecipar a
germinação, Carvalho e Alvarenga -1979, testaram a germinação de sementes de frutos em vário
estádios de desenvolvimento , mesmo naqueles anteriores a maturação fisiológica, encontrando
alguma germinação ainda no estádio de chumbinho, mas em percentuais muito baixos(menores que
21%).
A opção de se usar sementes da safra anterior como alternativa para um semeio antecipado e
uma possível antecipação do processo de produção de mudas , também têm sido objeto de
pesquisas. Como o período de viabilidade das sementes de cafeeiro , em condições normais de
armazenamento (temperatura e umidade ambiente), é de apenas 6 meses, visto que após esse
período há rápida perda do poder germinativo , alguns trabalhos foram realizados para se buscar a
melhor forma de armazenamento :
Miranda (1987) encontrou resultados que o levaram a concluir que após 9 meses de
armazenamento em embalagem de polietileno preto hermeticamente fechado em condições de
laboratório, as umidades das sementes que proporcionaram melhor conservação foram de 9,9 ; 31,1e 36,3%. Esse mesmo autor lembra que em embalagens de pano , as sementes de cafeeiro poderão
ser guardadas por apenas 3 meses sem perda de germinação. 
Araújo (1988) e Miglioranza (1988), concordam que a umidade ideal de armazenamento de
sementes de cafeeiro em embalagens herméticas seria de 8,9 a 9,0%, porém se conservadas em
embalagens permeáveis , em condições controladas de temperatura e umidade, o melhor teor de
umidade da semente , para uma longevidade superior a 9 meses é de 48% (Araújo, 1988).
É conveniente que as sementes, após terem sido desidratadas até um teor de umidade de
cerca de 10% , sejam guardadas em recipientes hermeticamente fechados a fim de se evitar a
reabsorção de umidade do ar, pois sementes de café com 10% de umidade está em equilíbrio
higroscópico com uma umidade relativa do ar de apenas 50% . Portanto , sempre que a umidade do
ar estiver acima desse limite a semente reabsorverá umidade se não estiver guardada em recipiente
hermético (Franco, 1970).
Fases da germinação e emergência das plântulas
As reservas da semente são principalmente hemicelulose e substâncias graxas e, a medida
que os cotilédones se utilizam dessas substâncias , vão crescendo dentro do endosperma (Franco,
1970). Após a decomposição do endocarpo ("pergaminho") que envolve a semente , começa o
desenvolvimento da radícula (geotropismo positivo). A fase em que as sementes apresentam
radículas com 1mm de comprimento, é denominada "esporinha" . A falta de água nessa fase pode
interromper o processo germinativo, matando as sementes. 
A seguir forma-se a alça hipocotiledonária , que se desenvolvendo, começa a aflorar à
superfície antes da semente. A essa fase denomina-se "joelho" e é quando a cobertura do viveiro
("meia sombra"), tem importância fundamental , pois evita rachaduras nas alças hipocotiledonares
causadas pelo sol , que levam as plântulas à morte
Em seguida , a alça hipocotiledonária vai se tornando retilínea, levantando a semente que
emerge do solo , já com as folhas cotiledonares bastante desenvolvidas mas ainda presas em restos
de endosperma. A esse estádio, dá-se o nome de "palito de fósforo".
Com as regras constantes os restos de endosperma vão liberando as folhas cotiledonares
que quando abertas dão o nome a essa fase de " orelha-de-onça". Na seqüência aparecerão os pares
de folhas verdadeiras.

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