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Quando falamos em vitalidade fetal, é entendermos como o feto está intraútero. É importante para que possamos tomar uma decisão de como iremos conduzir o parto. Portanto, precisamos avaliar as condições do feto intraútero para uma tomada de condutas diante de uma gestação que desconfie que há um sofrimento fetal (resposta que o produto conceptual apresenta frente a hipoxia que, caso não corrigida, culmina em acidemia fetal). Temos situações de sofrimento fetal: crônico e agudo: -agudo: ocorre principalmente durante o trabalho de parto; -crônico: presente nas gestações de alto risco; Iremos avaliar a vitalidade fetal em casos de: Doenças maternas: Sd. hipertensivas, endocrinopatias, cardiopatias, desnutrição, trombofilias, neoplasias malignas... Intercorrências da gestação: RCF, pós-datismo, oligoâminio, RPMO, gemelaridade e placenta prévia. Doenças fetais: anemia fetal, cardiopatias, malformações e infecções. Maryanne Adriano Go: Vitalidade FetalGo: Vitalidade Fetal Conceito Fisiopatologia: resposta fetal à hipoxia Na hora que o feto por qualquer que seja a situação, haja uma situação de hipoxia (descolamento prematuro da placenta, por exemplo), a primeira coisa que o feto. tentará fazer é se adaptar e, essa adaptação será hemodinâmica ou metabólica. NA ADAPTAÇÃO HEMODINÂMICA: se acontecer hipoxemia, por resposta simpática, vai acontecer nesse feto uma vasoconstrição em órgãos menos importantes (rins, pulmões, intestino e pele) em detrimento de uma vasodilatação para órgãos mais nobres (cérebro, coração e supra-renais), ou seja, essa adaptação hemodinâmica faz com que haja uma redistribuição de fluxo sanguíneo, dessa forma, teremos uma menor redução para os órgãos mais importantes. Portanto, ocorrerá uma centralização fetal, o feto estará se adaptando fazendo uma compensação à situação da hipóxia. Alem da adaptação hemodinâmica, ocorrerá também uma ADAPTAÇÃO METABÓLICA: como estará faltando oxigênio, vai se ter predominantemente o metabolismo anaeróbico (por conta da falta de O2), que levará uma glicogenólise e pela lise do glicogênio vai ter liberação de lactato e piruvato, consequentemente acúmulo de H+, isso tudo, levando a acidose metabólica fetal. O feto, quando nasce com acidose metabólica as vezes não sobrevive. Com adeficiência nutritiva por causa da insuficiência placentária, na hora que temos um problema nessa passagem de glicose (fonte de energia para o feto) para o feto isso vai levar a uma restrição do crescimento fetal. Indicações Métodos de avaliação da VF aferição da AU BCF Mobilograma Amnioscopia Dopplervelocimetria Cardiotocografia Perfil biofísico fetal Dosag. hormonal/enz Dosag. lactato Gasometria fetal Formas clínicas: através da: Biofísicos: Bioquímicos: Forma Clínica Aferição de altura uterina: afere-se a altura uterina com a fita métrica do fundo uterino até a sínfise púbica materna Lembrar que: a altura uterina acompanha com certa concordância a idade gestacional no período entre 18 e 30 semanas. BCF: fcf: 110-160 bpm taquicardia >160bpm bradicardia <110 Mobilograma: é o registro dos movimentos fetais Metodologia do exame: pedir a paciente para ficar deitada do lado esquerdo (para diminuir compressão da veia cava e com isso, evitar que haja redução de fluxo sanguíneo) e então observaremos por 30 min 3x ao dia Interpretação: pelo menos 10 em cada registro, se os movimentos fetais registrados pela paciente for <10, temos um sinal de alarme. atenção: taquicardia e bradicardia são sinais de sofrimento fetal Amnioscopia: aparelho colocado dentro da vagina do paciente e vai tentar visualizar a característica do líquido amniótico. Portanto, ele vai avaliar o aspecto do L.A., o LA normal é esbranquiçado e claro, a medida que há um sofrimento fetal com a questão das adaptações, pode haver liberação de mencônio, e ai teremos um LA mais amarelado/esverdeado. linha de base, variabilidade, aceleração transitória, desacelerações O primeiro método de avaliação física é a cardiotopografia: Através da cardiotopografia, iremos avalair a FCF como também, poderemos a partir dele, ter uma "ideia da atividade uterina" (se existe contração ou não). Os valores de predição são variáveis, visto que temos muitos índices falsos-positivos e toda vez que a cardiotopografia indicar um padrão suspeito não iremos interromper a gestação, mas sim passar para próxima etapa (avaliação do perfil biofísico fetal). MODALIDADES DA CARDIOTOPOGRAFIA: podemos fazer a cardiotopografia de forma basal, estimulada ou por sobrecarga. Podemos estimular e ver o padrão: se é reativo, hiporeativo ou não reativo Avaliaremos na cardiotopografia : Quando pegarmos um traçado, vamos observar onde ele predomina, portanto, traçaremos uma linha onde ele predomina e essa linha de predomínio é a FCF. Maryanne Adriano Go: Vitalidade FetalGo: Vitalidade Fetal Método Físico A)LINHA DE BASE: B) VARIABILIDADE Variabilidade é quando "pegamos" uma áreae nela iremos verificar quanto é que esse traçado varia para cima e para baixo. Ausente: quando não há variabilidade Mínima: entre 0-5bpm Moderada: 6-25bpm Aumentada: >25 existe um padrão sinusoidal de variabilidade, que é patoguinomônimo, parece um sino, esse padrão a variab. estará entre 5-15 e é um sinal de sofrimento C)ACELERAÇÃO TRANSITÓRIA Nele olharemos ele de forma geral, observaremos então que são os aumentos transitórios na frequência cardíaca fetal. Isso é sinal de vitalidade. É necessário saber quantas acelerações transitórias ocorreram Para falar que é uma aceleração transitória vamos dividir em: ->Se feto tem >32semanas: considera-se aceleração transitória quando ocorre elevação por 15 ou mais seg em no mínimo 15bpm ->Se feto tem <32 semanas: quando ocorre elevação por 10 ou mais seg em no mínimo 10bpm D) DESACELERAÇÃO A desaceleração é um sinal de sofrimento, pode ser periódico (pode ser precoce, tardia ou variáveis) e não periódico( espicas, também chamado de DIP 0 e a desaceleração prolongada) Maryanne Adriano Go: Vitalidade FetalGo: Vitalidade Fetal Na DIP tipo 2 temos que fazer uma correlação com a contração uterina. A dip tipo 2 acontece na mulher em trabalho de parto e o que caracteriza é: contração uterina acontece e quando termina, entre o pico da contração e o início da desaceleração teremos um tempo de decalagem de +-20s para que a desaceleração aconteça. O ponto mais alto da desaceleração coincide com pico da contração; Na DIP 3: pode estar associada só a compressão funicular (cordão umbilical). A queda é de mais de 15bpm e ter duração de 15s e 2 min. Pode estar associada a casos de compressão do cordão durante a contração uterina e pode ser de mau prognóstico Favorável: quando se observa desaceleração antes e depois da contração uterina; queda abrupta FCF ≥ 15 bpm com duração 15s a 2 min Desfavorável: queda da FCF abaixo de 70 bpm, duração > 60 segundos, retorno lento à linha de base, recuperação em níveis inferiores à linha de base; morfologia em W; taquicardia compensadora. • Significado clínico: ação vagal em resposta à compressão funicular Nadir (ponto mais baixo) da desaceleração coincide com o pico da contração. Significado clínico: associa-se a estímulo vagal pela compressão cefálica. A rotura da bolsa das águas facilita sua aparição DIP I DIP II DIP III E) INTERPRETAÇÃO Após analisar toda cardiotopografia, precisamos pontuar, portanto, para cada parâmetro avaliado será pontuado: Se a variabilidade ou qualquer um desses, o valor ficou menor que o do parâmetro, a nota ofertada para o quesito em questão será 0. Iremos então pontuar, se a nota for entre 5-4, a interpretação que teremos é de ser um feto ativo. Se for 3 ou 2 o feto é hipoativo e se for 1 ou 0 o feto é inativo No PBF, iremos avaliar inclusive a cardiotocografia. E, as indicações para realizar PBF são: ->cardiotocografia suspeita ->cardiotocografia normal com suspeita de oligodrâmnio Nela, iremos avaliar: -FCF pela cardiotocografia -Presença de movimentos fetais Presença de mov. respiratórios -Tônus dofeto Maryanne Adriano Go: Vitalidade FetalGo: Vitalidade Fetal Se o feto for hipoativo ou inativo, faremos um estímulo sonoro por 03s, não iremos considerar que já tá muito ruim não. Faremos esse estímulo com o cardiotopógrafo funcionando no momento, se a FCF aumentar em pelo menos 20 bpm em 3 min (ou mais) diremos que esse feto é reativo. Todavia, se o bpm aumentar menos que 20 ou então em menos de 3 min, diremos que esse feto é hiporeativo. Por fim, se esse feto não teve aceleração (FCF não aumentou), realmente, teremos um feto não reativo. Para saber de 100% que teremos que interromper essa gestação que temos um feto que não reagiu, que tá em sofrimento, se esse bebe tiver uma surdez congênita: acharemos que o bebe é não reativo mas na verdade ele não ouviu "a buzina", por isso, não podemos tomar conduta pela cardiotocografia de forma isolada! Portanto: • O resultado normal assegura o bem estar fetal • Ótimo método para rastreamento do sofrimento fetal • Resultados insatisfatórios podem estar associados com utilização materna de certos medicamentos, malformações fetais ou estímulo sônico inadequado. • Não reduz complicações neurológicas em gestantes com baixo risco • Tem altos índices de testes falso-positivos, o que aumente as taxas de cesarianas PORTANTO: a cardiotocografia é um ótimo método para avaliar se paciente precisa ir para próxima etapa na avaliação da vitalidade fetal mas, não se pode tomar conduta de interromper gestação somente pela cardiotocografia, salvo a excessão se for um feto que esteja com maturidade fetal ex.: paciente com 39 semanas, no momento da escuta fetal começou a fazer queda da Fc, ao colocar paciente na cardiotocografia, fez várias desacelerações DIP I e já com contração. Logo, a tomada de conduta de interromper gestação foi por: estar atermo e não ter como prosseguir na investigação. Perfil Biofísico Fetal (PBF) através da USG (tbm pela USG) Teoria da hipóxia gradual: a sequência de anormalidades das atividades biofísicas fetais relativamente à hipóxia, acontece na ordem inversa de aparecimento durante o período embrionário, ou seja, o tônus é o primeiro que irá aparecer (entre 7 e 8 semanas já temos o tônus no feto), na hora que houver uma hipóxia, esse vai ser o último parâmetro que irá alterar. A frequência cardíaca fetal só é possível avaliar a partir de 24 semanas, os movimentos respiratórios entre 12-13 semanas e, os movimentos corpóreos, entre 8-9. Então o desenvolvimento fetal se faz no sentido do tônus-> até parâmetro da cardiotocografia. Então na situação de hipoxia isso ocorre de forma inversa, quem primeiro altera é a cardiotografia e assim por diante. Líquido Aminiótico como marcador crônico Na USG o marcador crônico vai ser o líquido amniótico e iremos avaliar através do ILA (índice líquido amniótico). Quando o LA <5 é um oligoâmnio, entre 5 e 8 estará apenas reduzido; entre 8-18 vai tá normal; 18-24 estará aumentado e >24cm será um polidramnio. Da mesma forma da cardiotocografia, iremos pontuar para saber o resultado da PBF: Resultado PBF Maryanne Adriano Go: Vitalidade FetalGo: Vitalidade Fetal De acordo com essa pontuação iremos ter nossa conduta, em que: Se tiver maturidade, estimula maturidade pulmonar com corticoide e espera 48hrs para interromper gestação. Não interromper, o PBF sem fazer o doppler na sequência. As vantagens do PBF são: baixo custo, resultado normal tem valor preditivo de 99,9% Desvantagens da PBF: resultado anormal nem sempre é por sofrimento fetal – pode indicar tanto o déficit de oxigenação quanto fetos extremamente prematuros (por imaturidade do SNC), uso de drogas sedativas, hipoglicemia, presença de infecção amniótica e período de sono fetal. (Valor preditivo positivo 50%) Dopplervelocimetria A partir de agora, por meio da última avaliação que poderemos de forma segura, interromper a gestação. O doppler avalia: tanto a função placentária (visto que faremos o doppler da artéria umbilical), como faremos da artéria cerebral média e do ducto venoso, de forma que conseguiremos avaliar como esse feto tá em relação a hipoxia. É uma USG em que usaremos um recurso que dirá a velocidade de fluxo através do sonograma. dizendo então: ->relação entre sístole/diástole ->índice de resistência do vaso ->índice de pulsatilidade ->índice de pulsatilidade para veias Na imagem que mostra incisura, nota-se que:temos uma sístole cheia, mas na hora que vamos para diástole, antes mesmo dela acontecer, temos uma incisura, um espaço, entre uma e outra, chamamos isso de incisura, mostrando que a diástole dessa artéria uterina já não tá tão boa. Nesse exemplo, vemos na imagem do meio a diástole como zero e, no outro exemplo, temos uma diástole reversa. Primeiro se faz doppler da artéria uterina, no momento que se observa que essa não tem tanto sangue indo para o bebe, segue para nova análise que é o doppler da A.umbilical, se faz o doppler e da normal, ok, tá tudo tranquilo, todavia, na hora que temos uma diástole 0, sabemos que esse sangue não tá adequado e se é reversa, pior ainda. Portanto, existe uma sequência de alterações: Primeiro faz doppler umbilical, se ele tá anormal: ou ele terá alterações no aumento do índice de pulsatilidade ou vai ter diástole zero ou reversa. Todavia, existindo uma situação de hipoxia, haverá uma centralização (a vasodilatação dos órgãos nobres do feto), portanto, podemos fazer um doppler da A.cerebral média, encontraremos lá uma vasodilatação, todavia, na hora que houver vasodilatação o índice de pulsatilidade cai, mas, na sequência, como o fator causal não foi retirado, isso vai levar a uma diminuição do fluxo na contração atrial no ducto venoso do feto, essa alteração levará o índice de pulsatilidade a nível de ducto venoso, portanto, a situação é tão grave que por não conseguir reverter o fator causal, de forma que chegou a prejudicar a nível de ducto venoso, mostrando a nível de pulsatilidade, notando-se que situação é grave. Em caso de diástole zero: não faz resolução da gestação com parto Em caso de centralização: não interrompe gravidez Interrompemos a gestação em caso de: alteração de ducto venoso é imediatamente Além desse caso, pensaremos também em interromper gestação em caso de: -Diástole reversa -Ducto venoso alterado: -IPV entre 1-1,5 avaliar a possibilidade de corticoide IPV>1,5 resolução imediata Maryanne Adriano Go: Vitalidade FetalGo: Vitalidade Fetal ACM: artéria cerebral média DV: ducto venoso A avaliação da vitalidade fetal é ferramenta útil e necessária no acompanhemnto das gestações de alto risco, sobretudo na insuficiência placentária • As gestações de baixo risco não são beneficiadas com a incorporação dessa tecnologia na rotina pré natal, exceto em casos de gestação pós data • O prognóstico da gestação de alto risco tem melhorado sensivelmente, não apenas pela adequação do controle terapêutico das doenças maternas, mas também pelo maior entendimento dos métodos de avaliação do bem estar fetal Considerações fetais
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