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A PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL

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Prévia do material em texto

A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
Equipe de Elaboração
Instituto Mineiro de Formação Continuada
Coordenação Geral
Ana Lúcia Moreira de Jesus
Gerência Administrativa
Marco Antônio Gonçalves
Professor-autor
M.ª Jéssica de Freitas Lopes
Coordenação de Design Instrucional do Material Didático
Eliana Antonia de Marques
Diagramação e Projeto Gráfico
Cláudio Henrique Gonçalves
Revisão
Ana Lúcia Moreira de Jesus
Mateus Esteves de Oliveira
ZAYN Instituto Mineiro de Formação
Continuada
Travessa Antônio Olinto, 33 Centro
Carmópolis de Minas MG
CEP: 35.534-000
TEL: (37) 3333-2233
contato@institutozayn.com.br
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
Boas-vindas
Olá!
É com grande satisfação que o ZAYN Instituto Mineiro de Formação
Continuada agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus
estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que
você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do
processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno.
Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas
atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de
sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que
seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-
se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua
necessidade.
Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de
formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e
compromisso discente.
Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você
total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a
interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on-
line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os
prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço
de aprendizagem virtual.
Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda
licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que
amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento
crítico acerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua.
Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher
bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, além de pleno
sucesso na sua formação ao longo da vida.
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
A humildade exprime uma das raras
certezas de que estou certo: a de que
ninguém é superior a ninguém.
Paulo Freire
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
Organização do conteúdo:
Prof.ª M.ª Jéssica de Freitas Lopes
EMENTA:
Na disciplina A psicomotricidade no
contexto da Educação Especial será
estudado algumas considerações
sobre a inclusão; a lei diretrizes e
bases para educação nacional
(LDBEN 9394/96); o desenvolvimento
psicomotor; o lúdico e as condições
psicomotoras; a importância de Pais,
alunos e educadores nas atividades
psicomotoras; A importância da
psicomotricidade e a Educação
Especial;
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
-Introdução: Considerações sobre a
inclusão;
1. A lei diretrizes e bases para
educação nacional (LDBEN 9394/96);
2. Desenvolvimento psicomotor;
3. O lúdico e as condições
psicomotoras;
4. Pais, alunos e educadores nas
atividades psicomotoras;
5. A importância da psicomotricidade
e a Educação Especial;
-Atividades;
-Leitura Complementar;
-Referências.
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA
Curso:
Disciplina: A PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO DA
EDUCAÇÃO ESPECIAL
Carga Horária:
EMENTA
Na disciplina A psicomotricidade no contexto da Educação Especial será
estudado algumas considerações sobre a inclusão; a lei diretrizes e bases para
educação nacional (LDBEN 9394/96); o desenvolvimento psicomotor; o lúdico e
as condições psicomotoras; a importância de Pais, alunos e educadores nas
atividades psicomotoras; A importância da psicomotricidade e a Educação
Especial.
OBJETIVOS
Refletir sobre a psicomotricidade no contexto da Educação Especial.
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
-Introdução: Considerações sobre a inclusão;
1. A lei diretrizes e bases para educação nacional (LDBEN 9394/96);
2. Desenvolvimento psicomotor;
3. O lúdico e as condições psicomotoras;
4. Pais, alunos e educadores nas atividades psicomotoras;
5. A importância da psicomotricidade e a Educação Especial;
-Atividades;
-Leitura Complementar;
-Referências.
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
SUMÁRIO
Introdução: Considerações sobre a inclusão 07
1. A lei diretrizes e bases para educação nacional (LDBEN 9394/96) 08
2. Desenvolvimento psicomotor 09
3. O lúdico e as condições psicomotoras 10
4. Pais, alunos e educadores nas atividades psicomotoras 11
5. A importância da psicomotricidade e a Educação Especial 12
Atividades 13
Leitura Complementar 15
Referências 32
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
A PSICOMOTRICIDADE NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPECIAL
Introdução: Considerações sobre a Inclusão
Sabemos que a história das pessoas com deficiências sempre foi marcada pelo
processo de exclusão que se dava através do preconceito, do menos prezo, chegando
até mesmo a sua eliminação. Na Grécia antiga, preocupa-se com o corpo saudável,
forte e perfeito para o combate em proteção ao Estado, nesta época as pessoas com
deficiências eram vistas como defeituosos, inferiores e, por tanto, deveriam ser
eliminados ou abandonados. Na Idade Média, tinham se a concepção que as pessoas
com deficiências era um castigo para suas famílias (FREITAS, PANTOJA e
PEDROZA, s/d).
A importância desses fatos é para que hoje possamos olhar essas pessoas
com outros olhares, dar oportunidades e acreditar no seu desempenho,
potencialidades e habilidades que vai além de suas limitações, seu desenvolvimento
e crescimento na sociedade. Em 1990, o Estatuto da Criança e Adolescente (ECA)
reitera a obrigatoriedade do atendimento às crianças e adolescentes com deficiência
no sistema de ensino público e regular (FREITAS, PANTOJA e PEDROZA, s/d).
Em 1996, o Ministério da Educação e do Desporto cria e elabora os PCNs
(Parâmetros Curriculares Nacionais), para auxiliar o trabalho pedagógico dos
professores e traz, no documento (...) o princípio da inclusão, ao defender uma
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
educação igual para todos, sem discriminação (FREITAS, PANTOJA e PEDROZA,
s/d).
Por tanto, as pessoas com deficiências possuem potencial para ter um bom
desempenho nas atividades motoras, cognitivas e afetivas, mesmo com suas
limitações. Porém é necessário que os profissionais da educação criem e deem essa
oportunidade de forma diferenciada, favoreça o ambiente escolar de forma atrativa e
inclusiva e diferenciada (FREITAS, PANTOJA e PEDROZA, s/d).
1- A lei diretrizes e bases para educação nacional (LDBEN 9394/96
A Lei Diretrizes e Bases para Educação Nacional (LDBEN 9394/96) situa a
Educação Especial como modalidade de educação escolar, oferecida
preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiências
(FREITAS, PANTOJA e PEDROZA, s/d).
(...) a escola inclusiva implica em uma nova postura da escola regular que deve
propor no Projeto Político Pedagógico, no currículo, na metodologia, na avaliação e
nas estratégias de ensino, ações que favoreçam a inclusão social e práticas
educativas diferenciadas que atendam à todos os alunos (MEC-SEESP,1998, apud
(FREITAS, PANTOJA e PEDROZA, s/d).
Desta maneira, devemos refletir sobre uma prática inclusiva e acolhedora
dentro de um espaço escolar que permita a manifestação do objetivo e do subjetivo,
do consciente e do inconsciente, que auxilie os alunos com deficiênciase os demais
necessitados na tarefa de aprender as mediações que cada uma das dimensões da
existência e das relações humanas estabelece umas com as outras (FREITAS,
PANTOJA e PEDROZA, s/d).
Neste sentido encontrar o lugar da Psicomotricidade enquanto instrumento de
uma educação inclusiva, voltada às diferenças, necessitamos compreender o corpo
em sua dimensão relacional. Muitas dificuldades apresentadas por crianças e jovens
com deficiências na escrita ou leitura podem ser reflexos de problemas relacionados
as atividades motoras. O profissional da educação pode identificar o atraso na
aprendizagem escolar do aluno relacionando suas dificuldades motoras e assim,
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
propor jogos, para melhorar o desempenho na escrita principalmente nas fases iniciais
de alfabetização, trabalhado a esquema corporal, lateralidade, organização espacial
e estrutura temporal (FREITAS, PANTOJA e PEDROZA, s/d).
2- Desenvolvimento psicomotor
Para Fonseca (1988) o desenvolvimento psicomotor da criança e as
dificuldades de aprendizagem estão intimamente ligados. Sendo assim, Lapierre
(2002) complementa que se a criança tem deficiências que a impedem de chegar ao
cognitivo, é porque o ensino que recebeu não respeitou as etapas de seu
desenvolvimento psicomotor. Portanto, Fonseca (1988) ainda salienta que a
psicomotricidade pode desempenhar papel muito importante comomedida preventiva,
adequando-se para compensar a multidiciplinaridade das epidemias instrumentais e
escolares, que apenas traduzem privação do movimento e repressão lúdico-espacial
(RUFFO e MORENO, 2007).
Le Boulch apud Gomes (1998) enfatiza a necessidade da educação
psicomotora baseada no movimento, pois acredita ser esta preventiva, assegurando
que muitos problemas dos alunos, detectados posteriormente e tratados pela
reeducação motora, não ocorreriam se a escola desse atenção à educação
psicomotora. O autor considera a psicomotricidade um importante elemento
educativo, um instrumento indispensável para aguçar a percepção, desenvolver
formas de estimular a atenção e contribuir efetivamente nos processos mentais,
especialmente nos PNEE. Lapierre (2002) também ressalta que a psicomotricidade,
tal como concebemos, articula-se perfeitamente com as preocupações pedagógicas.
De acordo com De Meur & Staes (1984) pouco a pouco as noções sobre a
psicomotricidade foram evoluindo, não ficando somente embasadas no
desenvolvimento motor da criança e também no atraso intelectual, mas sim no
desenvolvimento das habilidades manuais e aptidões motoras em função da idade
(RUFFO e MORENO, 2007).
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
3- O lúdico e as condições psicomotoras
Fonte: Imagem retirada da internet
A utilização de brincadeiras e jogos no processo pedagógico possibilita o
despertar pelo gosto à vida, levando as crianças a enfrentarem os desafios que lhes
surgirem. Trata-se do exercício de habilidades necessárias ao domínio e ao bom uso
da inteligência emocional. A convivência de forma lúdica e prazerosa com a
aprendizagem proporcionará a criança estabelecer relações cognitivas às
experiências vivenciadas, bem como relacioná-las às demais produções culturais ou
simbólicas conforme procedimentos metodológicos compatíveis à prática psicomotora
(RUFFO e MORENO, 2007).
Diante da necessidade de melhorar as condições psicomotoras das crianças
portadoras de necessidades educacionais especiais (PNEE) através de atividades
lúdicas, considerou-se de fundamental importância o elemento educativo como um
instrumento indispensável para aguçar a percepção e socialização. Assim,
desenvolver formas de estímulos para os processos psicomotores, poderá contribuir
de forma efetiva no aprimoramento dos processos mentais dos PNEE, haja vista que
alguns autores como Oliveira (1997) citam que a psicomotricidade é o relacionar-se
através da ação, sendo um meio de tomada de consciência que une o corpo como um
todo, associando cognitivo, mental, emocional e afetivo (RUFFO e MORENO, 2007).
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
4- Pais, alunos e educadores nas atividades psicomotoras
A educação psicomotora solicita, dessa maneira, um trabalho não somente com
o aluno, mas também com o docente a fim de resgatar as relações estabelecidas com
o próprio corpo. Os pais, do mesmo modo, devem ser inseridos nessa prática,
aproximando-se dos filhos através de situações lúdicas. Cumpre mencionar que
educadores e familiares provavelmente foram vítimas de uma educação repressora,
que inibiu suas expressões motoras e potenciais criativos (Alves, 2004; Sousa, 2004
apud CASTRO, VIANA e ALENCAR, s/d).
Essa visão abrangente da educação psicomotora também é constatada,
atualmente, no trabalho efetuado junto a pessoas portadoras de deficiência, não mais
consideradas em função exclusivamente de seus déficits sensoriais, mentais ou
físicos. O trabalho com o corpo, na Educação Especial, estimula progressos motores,
afetivos e intelectivos, contribuindo para a autonomia do deficiente em seu meio, bem
como para a melhoria das interações sociais, com o incremento da expressão corporal
na comunicação (Kajihara, 1998; Sousa, 2003, apud CASTRO, VIANA e ALENCAR,
s/d).
5- A importância da psicomotricidade e a Educação Especial
Uma das características do sujeito com deficiência intelectual é a significativa
limitação do funcionamento na área intelectual. O reconhecimento do atraso desta
área permite elaborar e desenvolver um trabalho que atenderá suas peculiaridades e
limitações passando, então, a não ser mais concebido como um traço definitivo e
imutável deste sujeito, mas como uma condição, à medida que suas necessidades
especiais sejam respondidas com vistas ao seu desenvolvimento global. As limitações
na área intelectual, sejam elas conceituais, práticas ou sociais, interferem de maneira
substancial na aprendizagem e na execução de determinadas habilidades da vida
autônoma, no contexto familiar, escolar e social, e quanto mais precoce for detectado
o quadro da deficiência intelectual, maiores serão as possibilidades da pessoa receber
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
as ajudas necessárias para a sua adaptação global (FONSECA, 2004 apud FÁVARO
e MAESTRI, 2014).
Ao trabalhar com alunos de Educação Especial, deve-se considerar o ritmo
próprio de cada um em seu processo de crescimento e desenvolvimento humano.
Quando os resultados escolares se mostram insuficientes, é porque existem carências
no desenrolar do processo pedagógico. Portanto, é preciso determinar e remediar tais
carências, principalmente no que se refere ao ensino especial, que requer uma
estratégia diferenciada e significativa para o educando. Vale ressaltar que cada aluno
é único e aqueles com necessidades educacionais especiais, o professor deve levar
em conta as suas particularidades, respeitando também as limitações, adequando seu
planejamento a todos (MAGERO & MOUSSA, 2015, online). A motricidade intervém
em todas as fases de desenvolvimento das funções cognitivas, na percepção e nos
esquemas sensório motores, substratos da imagem mental, das representações pré-
operatórias e das operações. Fonseca (1983) eWallon (1970, apud FONSECA, 1983)
ressaltam a importância da motricidade na emergência da consciência, enfatizando a
reciprocidade dos aspectos cinéticos e tônicos da motricidade, bem como as
interações entre as atitudes, os movimentos, a sensibilidade e a acomodação
perceptiva e mental no decurso do desenvolvimento (FONSECA, 2004 apud FÁVARO
e MAESTRI, 2014).
LEITURA COMPLEMENTAR
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
A PSICOMOTRICIDADE ALIADA AO ATENDIMENTO EDUCACIONAL
ESPECIALIZADO E CRIANÇAS COM MÚLTIPLAS DEFICIÊNCIAS UM ESTUDO
DE CASO
Ana Abadia dos Santos Mendonça
1 INTRODUÇÃO
O ser humano, quando nasce, é completo organicamente e traz consigo
características genéticas que serão estruturadas de acordo com o meio em que vive
e porquem dele cuida.
A psicomotricidade pode ser definida como uma ciência que tem como objeto
de estudo o homem por meio de sua relação com o mundo externo e interno (SOUSA
& GODOY, 2005).
Ela é uma ciência relativamente nova. Seu surgimento ocorreu no início do
século XX, durante a epidemia de encefalite. Com Dupré (1907) formulou a noção de
psicomotricidade com uma associação estreita entre o desenvolvimento da
motricidade, inteligência e afetividade.
No Brasil iniciou-se em 1950 com a valorização do corpo e seus movimentos
na cidade de Porto Alegre (RS) com um serviço de educação especial para
excepcionais.
A evolução da Psicomotricidade pode ser definida como o campo
transdisciplinar que estuda e investiga as relações e as influências recíprocas e
sistêmicas entre o psiquismo e a motricidade (Fonseca, 2008).
ao desenvolvimento mental, afetivo e motor da criança. São
experiências e vivências corporais que organizam a
personalidade da criança. A vivência corporal ao é senão o fator
gerador das respostas adquiridas, onde se inscrevem todas as
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
tensões e as emoções que caracterizam a evolução psicoafetiva
A criança, desde o nascimento, está submetida a um ritmo biológico com
alternância de necessidades e satisfações, ao mesmo tempo, submetida às
transformações que sofre o seu corpo durante todas as horas do dia. Ela necessita de
estímulos a todo o momento, para levar adiante o seu desenvolvimento motor,
cognitivo e afetivo.
Neste contexto pode-se afirmar que o ser humano será o que lhe der quando
criança. Isto quer dizer que, uma criança se desenvolverá de acordo com os estímulos
que receber, seja de ordem motora, afetiva ou cognitiva. Estes estímulos vão moldar
o seu desenvolvimento físico, fazendo-o mais ou menos ágil, cognitivamente vai
direcionar a sua aprendizagem pela vida e afetivamente valorizar e aumentar a sua
alta estima em todos os momentos de sua vida. A cada aprendizagem seja motora ou
cognitiva, a criança se aprimora para uma abordagem mais elaborada e dinâmica.
tem como objeto de estudo o homem por meio de sua relação
com o mundo externo e interno, Está dividida em três campos
distintos: reeducação psicomotora que visa corrigir alterações
no desenvolvimento psicomotor, tais como, equilíbrio,
coordenação, dispraxia; terapia psicomotora que se refere a
todos os casos nos quais a dimensão afetiva ou reacional parece
dominante na instalação inicial do transtorno; educação
psicomotora que visa desenvolver, na criança, a capacidade
de criar, resolver e adaptar as tarefas realizadas, sem usar a
Em se tratando de crianças especiais, a psicomotricidade tem um papel muito
expressivo, pois se fundamenta no funcionamento do sistema nervoso em que uma
parte não pode operar independente, já que existe uma relação de interdependência:
motora, afetiva e cognitiva.
tricidade é vista como
uma ação educativa integrada e fundamentada na comunicação, na linguagem e nos
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
movimentos naturais conscientes e espontâneos. Tem como finalidade normalizar e
eve se
respeitar o ritmo próprio de cada um e levar em consideração o meio em que ele vive.
Quando se trata de crianças com necessidades especiais múltiplas, é preciso dar uma
atenção especial a esse meio, uma vez que o ritmo de aprendizagem está intimamente
e ISRAEL, 2008, p.1).
senta
para estar auxiliando e/ou estimulando estas crianças, acreditando no seu potencial e
fazendo crescer de acordo com a receptividade de cada um. O termo psicomotricidade
aparece a partir do discurso médico, quando for necessário nomear as zonas do córtex
cerebral situadas mais além das regiões motoras (LEVIN, 1995).
É impossível separar as funções motoras, as neuro-motoras e perceptivo-
motoras das funções puramente intelectuais e da afetividade. O desenvolvimento
psicomotor abrange tudo isto. Ele engloba o indivíduo como um todo porque assim ele
o é. Um organismo bem estruturado é a base para a aprendizagem e as deficiências
existentes não deve ser um empecilho, para que se pense que este indivíduo é
incapaz de sobrepor a elas e ficar, portanto à margem do processo educativo escolar,
pois a aprendizagem faz parte do ser humano em qualquer idade e é um processo
contínuo.
A vertente denominada educação psicomotora surge embalada pela dinâmica
evolução das vertentes reeducativa e terapêutica. Ocupa os espaços educativos com
grupos de crianças. Os psicomotricistas perceberam que esta vertente poderia se
constituir no processo inicial da educação da criança, justamente por compreender o
período da infância como aquele que constitui e alicerça as bases emocionais e
afetivas do ser humano.
As bases educativas empreendidas pela educação psicomotora são as mais
diversas, porém apresentamos duas concepções contemporâneas que ilustram o
desdobramento que se seguiu nesta vertente.
De um lado Le Boulch (1983) que explica que a educação psicomotora é
formadora de uma base indispensável a toda criança, assegura o desenvolvimento
funcional, de outro lado negrine (2002) compreende a educação psicomotora como o
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
meio lúdico-educativo para a criança expressar-se por intermédio do jogo, do exercício
e da comunicação entre crianças por intermédio da expressividade motriz.
Dando continuidade ao processo teremos a reeducação psicomotora que se
destina a crianças que apresentam déficit em seu funcionamento motor. A finalidade
é ajudar a criança em reaprender determinadas funções motoras. Para isso, avalia-se
o perfil psicomotor da criança, utilizando métodos que consistem na aplicação de
baterias de testes psicomotores (picq e vayer, 1985). Após o diagnóstico, a criança é
submetida a um programa de sessões que tem como objetivo suprir as dificuldades
aparentes (Negrine, 2002).
A educação psicomotora atualmente se divide em dois eixos: a
psicomotricidade funcional e a psicomotricidade relacional. Negrine (2002) define o
aspecto que diferencia as duas práticas, elucidando-nos que o ponto fundamental da
passagem da psicomotricidade funcional à relacional é a utilização do jogo (brincar da
criança) como elemento pedagógico.
Para Negrine (2002), a psicomotricidade funcional compreende o
desenvolvimento psicomotriz a partir de bases teóricas de neuroanatomia funcional.
Tal fundamento se situa na concepção de que o processo de desenvolvimento
humano é decorrente dos processos de maturação. Sustenta os diagnósticos do perfil
psicomotriz e a prescrição de exercícios para sanar possíveis descompassos do
desenvolvimento motriz. A estratégia pedagógica baseia-se na repetição de exercícios
funcionais, criados e classificados constituindo as famílias de exercícios para as
finalidades de equilíbrios estáticos e dinâmicos, de flexibilidade, agilidade, destreza e
outras funções psicomotoras.
rganismo constitui a infraestrutura neurofisiológica de todas as
coordenações, e que torna a memorização. Um organismo enfermo ou deficiente pode
(REZENDE et al. 2003, p. 1).
FÁVERO, 2007, define o Atendimento Educacional Especializado como
tratamento diferenciado com sede constitucional, mas que não exclui as pessoas com
deficiências dos demais princípios e garantias relativos à educação regular. Ao
contrário é previsto como um acréscimo e não uma alternativa.
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
Neste contexto, trataremos de um estudo de caso de uma criança com
necessidades especiais múltiplas, suas limitações nas diversas áreas: motora,
cognitiva e afetiva, sua pré-disposição para ser independente e aprender, seu convívio
social nos diversos lugares em que frequenta e é atendida e seu envolvimento com
os pais e a irmã.
Abordaremos a psicomotricidade relacional neste estudo, por acharmos que
podemos detectar melhoras suas dificuldades, sejam elas motoras, cognitivas e até
emocionais. Para tanto estudamos suas habilidades, competências em suavida
cotidiana. A psicomotricidade funcional nos dá uma garantia maior para os objetivos
propostos e trataremos, se necessário com uma reeducação psicomotora imediata.
O atendimento educacional especializado decorre de uma nova visão da
Educação Especial, sustentada legalmente e é uma das condições para o sucesso da
inclusão escolar dos alunos com deficiência. Esse atendimento existe para que os
alunos possam aprender o que é diferente do currículo do ensino comum e que é
necessário para que possam ultrapassar as barreiras impostas pela deficiência.
Para a pessoa com múltiplas deficiências, a acessibilidade não depende de
suportes externos ao sujeito, mas tem a ver com a saída de uma posição passiva e
automatizada diante da aprendizagem para o acesso e apropriação ativa do próprio
saber.
A criança com necessidades especiais múltiplas possui déficits que poderão
ser corrigidos ou amenizados gradativamente e com um tempo delimitado para não
ficar cansativo e este perder a motivação. Ela precisa fazer com prazer e no tempo
certo. Daí a escolha para a psicomotricidade funcional.
2 DESENVOLVIMENTO
A etimologia da Paralisia Cerebral é variada, incluindo tudo que possa efetuar
o cérebro imaturo. Em torno de 90% das lesões ocorrem durante a gestação ou ao
nascimento. As causas mais comuns são infecções maternais (aids, rubéola, herpes),
toxinas químicas (álcool, drogas, tabaco, drogas não prescritas por médicos) e lesões
na mãe grávida. Idade maternal está associada com Paralisia Cerebral com risco
aumentado para mães abaixo de 20 anos e acima de 34 anos. Prematuridade e baixo
peso ao nascimento aumentam a incidência de Paralisia Cerebral. Também sob
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
condições que causam a falta ou insuficiência de oxigênio ao cérebro durante o
nascimento. (Hoffmann et al. , p.1 , 2003)
Este estudo de caso foi realizado com G.B.S., uma criança de 11 anos com
deficiências múltiplas, decorrente da falta de oxigenação no cérebro ao nascer. Sua
mãe teve pré-eclâmpsia quando da aproximação do parto e o médico quis aguardar
mais tempo, esperando para um parto normal, que era o desejo da mãe. Quando a
mãe já passava muito mal, resolveram fazer a cesariana e retirar a criança sem
completar as 42 semanas. O feto já estava em sofrimento e ao ser retirado pelo
médico, ele não chorou por alguns minutos. Ainda na incubadora, ele teve uma parada
cardíaca. Suas deficiências são: motora, visual e mental severas.
G.B.S. é portadora de: Doença Motora de Ordem Cerebral (D.M.O.C.),
diagnosticada somente após o primeiro ano de vida. Desde o nascimento, ele era uma
criança muito quieta. A amamentação foi algo muito difícil porque ele não conseguia
fazer o ato de sucção, o que ocorreu por volta de dois meses. Por vezes, dava crises
de choro sem sintoma aparente e o pediatra sempre falava que era normal. Aos nove
meses de vida foi que seus pais resolveram procurar ajuda médica para ver o que
realmente estava acontecendo com seu filho. Até então, ele só ficava deitado e nem
-
alertados que seu filho poderia ter alguma deficiência por ocasião do parto e da parada
cardíaca.
A paralisia cerebral oriunda da falta de oxigenação do cérebro ao nascer,
também chamada de Anoxia Cerebral é uma paralisia do tipo espática, que mostra
uma resistência ao alongarmos os músculos, a musculatura fica tensa, contraída,
difícil de ser movimentada, fenômeno chamado de espaticidade e muitas vezes com
o aparecimento do estrabismo devido a espaticidade dos músculos oculares (COSTA,
2003).
A expressão Paralisia Cerebral dói cunhada por Freud em 1877, onde a
paciente acometido por ela ficaria imobilizado (COSTA, 2003).
O termo percepção tem sido definido como a capacidade de organizar e
incorporar novos estímulos às informações já armazenadas, levando a uma alteração
do padrão de comportamento. No aspecto motor estão associados à capacidade de
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
integração sensorial, interpretação, ativação e reinformação da ação (Bertoldi et al,
2007).
A Deficiência Mental é definida pela AAMR (American Association for Mental
Retardation) como indivíduos que possuem comprometimento intelectual associado a
limitações do comportamento adaptativo em duas ou mais das seguintes áreas:
comunicação, cuidados especiais, vida escolar, habilidades sociais, desempenho na
comunidade, independência na locomoção, saúde e segurança, desempenho escolar,
lazer, trabalho; com tais manifestações ocorrendo até a idade de 18 anos de idade
(Rezende et al., 2003).
Em muitos casos de Paralisia Cerebral, há limitação intelectual
em graus variáveis, e a maioria dos que apresentam inteligência
normal, tem dificuldades na vida acadêmica. No entanto, em
função de fatores biológicos (processo de maturação do Sistema
Nervoso), fatores ambientais e circunstanciais (estimulação e
recursos), certas características decorrentes da condição física
limitadora, podem se modificar. Quando se ensina uma criança
com desenvolvimento a adquirir o controle das necessidades
básicas como comer, vestir-se ou lavar-se, é necessária
assistência durante algum tempo até que ela possa fazê-lo
sozinha. O comportamento reativo de resistência e cooperação
pode ser observado através dos movimentos de braços, pernas,
cabeça e do próprio tronco. As habilidades para equilibrar-se,
promovem o ajustamento de posturas desconfortáveis,
enquanto está sendo manuseada (Hoffmann et al., 2003)
De acordo com Ministério da Educação e do desporto (MEC) e Secretaria de
Educação Especial (MEC/SEE, 1993), a psicomotricidade é a integração das funções
motrizes e mentais, sob o efeito do desenvolvimento do sistema nervoso, destacando
as relações existentes entre a motricidade, a mente e a afetividade do indivíduo.
A função motora, o desenvolvimento intelectual e o desenvolvimento afetivo
estão intimamente ligados no indivíduo, e a psicomotricidade quer justamente
destacar a relação existente entre a motricidade, a mente e a afetividade, facilitando
a abordagem global da criança por meio de uma técnica. (Meur e Stales, 1991).
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
O indivíduo com Necessidades Educativas Especiais, quando estimulado,
encorajadas e aceito no âmbito social em que participa, certamente, consegue atingir
resultados progressivos durante o processo ensino-aprendizagem. Para estimular,
faz-se necessário conhecer a deficiência, garantindo assim sucesso em sua trajetória
vigente e futura.
A Paralisia Cerebral é um distúrbio sensorial e motor causado
por uma lesão cerebral, a qual perturba o desenvolvimento
normal do cérebro. A perturbação é estacionária e não
progressiva. O distúrbio do cérebro é estacionário, mas o
comprometimento dos movimentos é progressivo quando não se
faz tratamento. Por isto é muito importante iniciar o tratamento;
objetivando a correção dos movimentos executados
erroneamente, obtendo assim movimentos mais precisos e
corretos. Este tratamento é de suma importância nos indivíduos
com Paralisia Cerebral, pois, o tônus dos músculos dependendo
da complexidade da deficiência pode apresentar-se,
demasiadamente, flácidos ou tensos. E o treino /exercício
específicos permitirão ao indivíduo condições de melhorar sua
qualidade de vida. (Fischinger, 1970).
G.B.S. não se manifestava corporalmente e cognitivamente em nada. Não lhe
era dado nenhum estímulo e como não havia informações de outros estímulos
armazenados, o seu padrão de comportamento não mudava nunca. Sempre apático
e deitado sem se mexer, ele não se manifestava, porque sua capacidade de
integração sensorial também não acontecia. Sempre se soube que as crianças iniciam
a vida sob a orientação familiar e por causa dessa barreira, isto não acontecia com
fabricando seus símbolos. E a brincadeira da criança é tão forte, que muitas vezes ela
não quer nem dormir, para não parar de brincar. E, quando dorme continua com a
fábrica de símbolos, o sonho.
ivomais forte de proteção da espécie humana. E nosso mais importante recurso de
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
-de-conta, ela está aprendendo
inspirada nos adultos a simbolizar. É isto que vai ao longo de sua vida ajuda-la a
adaptar às diversas situações que encontrar, iniciando com a escola que trabalha com
símbolos organizados em conjuntos socialmente conhecidos; os números, as letras e
outros sinais.
A Educação Psicomotora constitui-se numa formação de base indispensável a
toda criança normal ou com necessidades especiais, assegurando o seu
desenvolvimento funcional, levando em conta as suas possibilidades, e ajudando-lhe
na sua afetividade, a expandir-se e a equilibrar-se através do intercâmbio com o outro
ou com objetos, auxiliando-lhes a adaptar-se ao meio ambiente. (SOUSA, 2004).
Por considerarmos que educação psicomotora é indispensável à vida de
crianças normais ou com necessidades especiais assegurando o seu
desenvolvimento funcional e afetivo através do intercâmbio com o outro e com objetos,
auxiliando-lhes a adaptarem ao meio, é que G.B.S. só começou a ter convívio com
esta educação quando do ingresso à Associação de Assistência à Criança Deficiente
(A. A. C. D.) em Uberlândia - MG e à Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais
(A.P.A.E.) em Patrocínio MG onde mora com seus pais, o que se deu quando ele já
tinha quatro anos.
Através da A.A.C.D., os pais tiveram os primeiros laudos definitivos de seu filho,
através de uma equipe multiprofissional (médicos: neurologista, clínico-pediátrico e
oftalmologista, fonoaudióloga, nutricionista e fisioterapeuta) e assim tiveram a noção
exata das dificuldades apresentadas por G.B.S. Todos os devidos encaminhamentos
à APAE foram feitos, para que lá em sua cidade de origem, ele pudesse receber a
assistência devida, com visitas regulares à AACD para o acompanhamento do
tratamento.
Em 2008, G.B.S. com oito anos foi matriculado numa escola regular particular
para os primeiros passos da educação infantil juntamente com sua irmã de 5 anos. A
escola encerrou suas atividades seis meses depois ele ficou só com a APAE por mais
um ano e seis meses em meio período de segunda a sexta-feira. Andou aos oito anos
de idade. Até então se arrastava com o bumbum no chão para se locomover. Nesta
idade também começou a comer sozinho, usando uma colher com o cabo adaptado.
Aucouturier (1986) já dizia que a psicomotricidade fundamenta-se no
funcionamento do sistema nervoso em que uma parte não pode operar de modo
independente dos outros constituintes, já que existe relação de interdependência nas
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
áreas motora, afetiva e intelectual. Para tanto o trabalho da Fisioterapia, da Educação
Física e da Fonoaudiologia é criticado na medida em que o indivíduo se vê privado de
participar ou interferir na proposta de trabalho, pois estes profissionais o obrigam a
entrar em seu esquema de trabalho, tirando a espontaneidade nas áreas, fazendo
com que perca a motivação nas tarefas. G.B.S. obteve pequenos progressos com
estes profissionais, uma vez que também não tinham um trabalho contínuo e
integrado.
No início de 2009, ele foi convidado a participar de um programa de
alfabetização através de computadores adaptados, numa pública da cidade onde
mora. Constitui em um atendimento especializado em crianças com necessidades
especiais severamente comprometidas com a intenção de promover a alfabetização.
3 METOLOGIA
Foram desenvolvidos em G.B.S. testes que mostram como estão definidos os
elementos básicos da psicomotricidade: esquema corporal, lateralidade, estruturação
espacial e orientação temporal, ritmo e equilíbrio, fundamentados segundo Meur e
Staes (1998), em observações diretas ao longo de doze meses no em espaços em
ele estivesse à vontade, numa sala do Atendimento Educacional Especializado.
O Atendimento Educacional Especializado, decorrente de uma
concepção de Educação Inclusiva, caracteriza-se pelo
atendimento que viabiliza ao aluno a aprendizagem dos
conteúdos curriculares, bem como informações que podem
auxiliar na superação das barreiras impostas pela deficiência
(FERREIRA, DECHICHI, 2011, p.201).
O objetivo do atendimento educacional especializado é propiciar condições e
liberdade para que o aluno com deficiência mental possa construir a sua inteligência,
dentro do quadro de recursos intelectuais que lhe é disponível, tornando-se agente
capaz de produzir significado/conhecimento.
Inicialmente ele relutou em realizar as atividades, pois como ele é muito
disperso. Sua concentração é difusa, impossibilitando muitas vezes, a realização de
pequenas tarefas, até mesmo as de alimentação. Com muita conversa, fazendo um
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
pouquinho por vez, ele adquiriu confiança e os testes puderam ser realizados com
mais precisão.
3.1 ESQUEMA CORPORAL
O esquema corporal é um elemento básico indispensável para a formação da
personalidade da criança. É a representação relativamente global, científica e
diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo (MEUR E STAES apudWALLON,
1968).
Freitas (2008) sugere algumas definições:
- Imagem Corporal: sentimentos e atitudes que uma pessoa tem em relação
ao seu próprio corpo; - Esquema Corporal: imagem esquemática no próprio corpo,
que só se constrói a partir da experiência do espaço, do tempo e do movimento; -
Consciência Corporal: reconhecimento, identificação e diferenciação da localização
do movimento e dos inter-relacionamentos das partes corporais.
A criança precisa perceber o seu corpo, se inteirar dele, perceber os seres que
a cercam, muitas vezes em função dela para construir sua personalidade através de
uma progressiva tomada de consciência de seu corpo, de seu ser, de suas
possibilidades de agir e transformar o mundo à sua volta.
Esquema corporal pode ser definido como uma intuição de
conjuntos ou um reconhecimento imediato que temos de nosso
corpo estático ou em movimento, na relação de suas diferentes
partes entre si e, sobretudo, nas relações com o espaço e com
os objetos que o circundam. (Le Boulch, 1983).
Foram feitos os seguintes testes: andar, correr, saltar, passar por baixo de
mesas, jogar bola, andar de quatro, de cócoras e jogos de inibição.
Com relação às fases da evolução do esquema corporal propostas por Meur &
de 1 a 4 anos). Nesta
etapa os movimentos são amplos e a criança atua pelo método de tentativa e erro.
Aprende por imitação aos adultos e por suas experiências motoras. Essa fase ajuda
a criar um esboço do esquema corporal. A criança não elaborou o conhecimento das
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
de 10 a 12 anos).
Anda ereto com as pernas um pouco afastadas e passos desengrossados, não
consegue pular um objeto sem se segurar na parede ou em barras, dá pequenas
corridas de acordo com o seu ritmo, consegue passar por baixo de mesas, fazer fila
indiana por pouco tempo Não faz jogos de bola (lançar e apanhar, mas segura com
firmeza quando o objeto é colocado em suas mãos) e jogos de equilíbrio (andar com
um pé só, andar de quatro e de cócoras), mas consegue fazer jogos de inibição (parar
Outros testes, como usar a tesoura, fazer bolas, rolinhos e pequenos objetos
com a massinha de modelar, pedalar, aplaudir, ficar de olhos vendados, tapar os
ouvidos, nomear as partes do corpo, montar um quebra-cabeça do corpo humano e
desenhar a figura humana.
G.B.S. manipulou todos os objetos a ele entregues, mas sua coordenação
motora fina não lhe permitiu recortar com a tesoura, nem ao menos segurar
adequadamente a tesoura, mas ele não coordena bem os movimentos também de
levar a comida à boca. Na hora de pedalar também necessita da ajuda de outra
pessoa para empurrar uma bicicleta de rodinhas adicionais. Teve dificuldades no jogo
da memória proposto, mas da metade para o final, ele conseguia manter mais focada
sua atenção e o desenho da figura humana, seu esboço nada tem a ver comos
desenhos que crianças normalmente costumam fazer.
De acordo com os testes propostos para o esquema corporal, G.B.S. conseguiu
fazer com sucesso: aplaudir, tapar os ouvidos, nomear as partes do corpo e montara
um quebra cabeça de quatro partes de um corpo humano.
-
A lateralidade corporal se refere ao espaço interno do indivíduo, capacitando-o
a utilizar um lado do corpo com maior desembaraço. Ela traduz-se pelo
estabelecimento da dominância lateral da mão, olho e pé, do mesmo lado do corpo
(REZENDE et al. 2003).
Durante a infância define-se a dominância lateral na criança: terá mais
agilidade, precisão, percepção tátil do lado direito ou esquerdo. A lateralidade
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
dependerá das informações neurológicas, mas também é influenciada por vivências
sociais (De Meur & Staes, 1991).
Durante o crescimento, a criança naturalmente vai adquirindo sua dominância
lateral e só aos 4 ou 5 anos que ela está estabilizada, como também os conhecimentos
-
Foram feitos os seguintes testes: Jogo de Amarelinha, carregar um carrinho
com uma mão e depois com a outra, jogar bola, amassar papel, fazer exercícios de
grafismo, traçar uma linha com a régua, distinguir direita/esquerda em várias
situações.
G.B.S. é canhoto dos membros superiores e inferiores e não conseguiu fazer
o Jogo de Amarelinha por não pular em um pé só, não executou exercícios de grafismo
e nem traçar linhas com a régua e chutar bola por não ter equilíbrio num pé só.
Conseguecarregar algo com uma mão e depois a outra, joga bola com as mãos,
-
3.3 ORIENTAÇÃO ESPAÇO-TEMPORAL
É uma etapa da aprendizagem em que a criança vai apurar os sentidos,
perceber as orientações e posições que cada parte do corpo pode tomar, associando-
as aos objetos da vida cotidiana (Meur e Staes, 1991).
Ela decorre como uma organização funcional da lateralidade e da noção
corporal. Nesta etapa há o reconhecimento olfativo, gustativo, auditivo, tátil e
proprioceptivo.
Dentre muitas avaliações, foram feitas as seguintes tarefas: reconhecimento de
silhuetas: de costas, de perfil e de frente, achar a figura idêntica, associar tarefas a
horários do dia, identificar posições (de cabeça para baixo, deitado, sentado, lendo,
escrevendo, andando) e desenhar estas posições.
G.B.S. consegue reconhecer os sentidos olfativo, gustativo, auditivo e
propriocetivo de acordo com as suas vivências, percebe as silhuetas de frente e de
costas, não identificando a de perfil, consegue identificar figuras idênticas bem
destacadas. As associações de tarefas a horários do dia, ele tem dificuldades, com
exceção de distinguir que dorme de noite e fica acordado de dia, seleciona as diversas
posições. Mas não consegue desenha-las.
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
3.4 ESTRUTURAÇÃO ESPACIAL
É a orientação, a estruturação do mundo exterior referindo-se primeiro ao eu
referencial, depois a outros objetos ou pessoas em posição estática ou emmovimento
(MEUR e STAES, 1991 apud Tasset 1972).
Nesse contexto, podemos afirmar que é através da estruturação espacial que
a criança toma conhecimento de seu próprio corpo em um meio ambiente, das coisas
entre si e a possibilidade do sujeito de organizar-se perante o mundo que o cerca, de
organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de movimentá-las.
A estruturação espacial leva a tomada de consciência pela criança, da situação
do seu próprio corpo em um determinado meio ambiente, permitindo-lhe
conscientizar-se do lugar e da orientação no espaço que pode ter em relação às
pessoas e coisas (Rezende et al., 2003).
Por ser uma criança com necessidades especiais múltiplas, foram
desenvolvidos os testes a seguir: noções de tamanho, posição, de situação,
movimentos, formas e qualidade, quebra cabeça de uma casa, desenhar seguindo
orientação e um jogo de cartas em que deveria colocar em ordem de elaboração o
desenho de uma flor previamente construído.
A criança em teste não consegue identificar as diferentes noções descritas
acima com exceção de dentro/fora, em pé/deitado, levantar/abaixar, cheio/vazio e
pouco/muito, o quebra cabeça da casa conseguiu montar depois de muito tempo e
não conseguiu de maneira nenhuma desenhar seguindo instruções e o jogo de cartas
também não obteve êxito.
3.5 ORIENTAÇÃO TEMPORAL
A estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da sucessão
dos acontecimentos, da duração dos intervalos, da renovação cíclica de certos
períodos e do caráter irreversível do tempo (Meur e Staes, 1991).
As noções de temporalidade são muito abstratas, muitas vezes difíceis de
serem adquiridas pelas crianças.
É importante e indispensável que a criança possa compreender as noções
temporais, por serem muito abstratas, elas demandam um processo mais elaborado
e contínuo. G.B.S. sabe identificar o hoje, amanhã e o ontem, mas não conseguem
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
ordem cronológica os hábitos cotidianos, dias da semana, meses e ano.
3.6 RITMO
O ritmo abrange a noção de ordem, de sucessão, de duração, de alternância
(Meur e Staes, 1991).
O ritmo é um fenômeno espontâneo e individual, cada pessoa possui o próprio,
que começa pelos ritmos naturais internos (respiração, batimentos cardíacos). Ainda
que careçam de ordenação, por tratar-se de parte efetiva do desenvolvimento
psicomotor, o indivíduo organiza-se lentamente por meio de vivências sucessivas, na
exploração de suas possibilidades (Lapierre; Aucouturier, 1985).
Para o desenvolvimento do ritmo, pode-se eleger uma das técnicas, como
dançar, bater palmas, bater os pés no chão, criar sons no próprio corpo. O que deve
ser almejado é a livre expressão corporal, já que isso faz parte da personalidade (De
Meur & Staes, 1991).
A criança aos poucos vai tomando contato com músicas que fazem parte do
processo de interação para o alcance de todos os elementos básicos da
Psicomotricidade e nele o educador pode clarear alguns processos de aprendizagem
destes elementos. Para a criança em estudo, foram colocadas duas músicas
conhecidas dele: Parabéns a Você e Escravos de Jô. Ele só conseguiu cantar com
ritmo e palma a música Parabéns a você.
3.7 GRAFISMOS E PRÉ-ESCRITA
Os exercícios de pré-escrita e de grafismo são necessários para a
aprendizagem das letras e dos números: sua finalidade é fazer com que a criança
atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a compreensão da imagem
a reproduzir (Meur e Staes, 1991).
É indispensável fixar as bases motoras da escrita antes de ensinar a criança a
dominar seu lápis. Com efeito, caso não se tenha atingido a motricidade, o desenho
não corresponderá à expectativa da criança, que se desinteressará.
Se a criança passa bem por todas as etapas dos elementos da
Psicomotricidade, ela chega aqui pronta para fazer os exercícios de pré-escrita e
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
grafismo. É aqui que a criança aprende o que a escrita exige uma direção gráfica, as
noções de cima para baixo e a noção de antes e de depois.
G.B.S.não tem uma postura correta para segurar o lápis, não coordena
movimentos para executar a ação, faz rabiscos sem sentido e desenhos de acordo
com a sua imaginação. Conhece todas as letras do alfabeto e reconhece o seu nome
em qualquer grafia, chegando a ditar as letras para que alguém o escreva. Não
conhece números.
4 RESULTADOS
Verificamos que G.B.S. não apresenta, apesar da sua idade, um bom
desempenho nas atividades propostas durante os testes e mesmo no dia a dia. São
lacunas bem marcantes que possibilitam averiguar o porquê de uma criança assistida
por duas entidades que cuidam de portadores de necessidades especiais não
conseguiram construir nela melhores padrões psicomotores que possibilitem uma
melhor qualidade de vida. Por outro lado, a escola regular por onde ele passou não
se preocupou em preencher algumas dessas lacunas. A família ficou afastada do
processo educativo e não se empenhou como deveria parabuscar socorro para que
seu filho tivesse uma vida mais normal possível. Ele precisa urgente de passar por
uma educação psicomotora e em muitos deles, necessita de uma reeducação
psicomotora.
A criança em estudo pode elevar sua alta estima, começou a ter mais paciência
no desenvolvimento das atividades propostas, despertou mais interesse pela
aprendizagem das ações do seu dia a dia, sentiu-se mais confiante. Num ponto, ainda
ficou a desejar. G. B. S. não conseguiu ainda despertar para a alfabetização. Não há
concentração para ela aconteça.
5 DISCUSSÃO
Podemos verificar que a Psicomotricidade é de grande importância na vida de
uma criança. É através dela que podemos formar um ser que global em que esteja
presente a motricidade, cognição e afetividade, pois ela congrega estes três
fundamentos básicos numa só pessoa para o bom desenvolvimento integral da
criança.
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
O AEE é um suporte imprescindível para o ajustamento, a interação e a
condução da aprendizagem da criança com múltiplas deficiências. Aliando estas duas
concepções, um maior desenvolvimento integral deste aluno com certeza irá
acontecer. Quanto à alfabetização, descobrir uma maneira de interagir este aluno,
buscando sanar esta lacuna.
Texto disponível em:
http://www.cepae.faced.ufu.br/sites/cepae.faced.ufu.br/VSeminario/trabalhos/306_5_
1.pdf.
MATERIAL COMPLEMENTAR:
VÍDEO: A importância da Psicomotricidade na Educação Infantil:
https://www.youtube.com/watch?v=IANK845LWGo.
___________________________________________________________________
Referências
CASTRO, Genivaldo M; VIANA, Tania V; ALENCAR, Maristela L. Brincar e aprender:
a educação psicomotora para alunos surdos. s/d. disponível em:
A Psicomotricidade no Contexto da Educação Especial
http://www.educacion.udc.es/grupos/gipdae/documentos/congreso/VIIIcongreso/pdfs
/108.pdf. acesso em 20 de novembro de 2017.
FÁVARO, Márcia S; MAESTRI, Marcos. Psicomotricidade como um auxílio no
processo de ensino e aprendizagem. 2014. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pd
e/2014/2014_uem_edespecial_artigo_marcia_salles_favaro.pdf. acesso em 20 de
novembro de 2017.
FREITAS, Mariléa L. A; PANTOJA, Rosilene M; PEDROZA, Cynara R. A importância
e contribuição da psicomotricidade no desenvolvimento da pessoa com deficiência
no ensino regular. s/d. Disponível em:
http://editorarealize.com.br/revistas/cintedi/trabalhos/Modalidade_1datahora_06_11_
2014_02_28_58_idinscrito_372_f849a29b8d8dc35d27338f5c9c413eda.pdf. acesso
em 20 de outubro de 2017.
RUFFO, Angela Maria; MORENO, Aliucha D. Contribuição da psicomotricidade
através de atividades lúdicas em crianças com deficiência mental. Coleção Pesquisa
em Educação Física - Vol.6, nº 2 setembro/2007.

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