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Resumo do capítulo 2 do livro: MELHORAMENTO GENÉTICO Aplicado em Gado de Corte - PROGRAMA GENEPLUS Capítulo 2 - RECURSOS GENÉTICOS E ESTRATÉGIAS DE MELHORAMENTO Nomes: Aline Corona Dantas - 1615507 Izalnei Feres Pereira - 2012223 Jéssica Maria Littig - 1812341 Marcelo Teixeira Rosa - 0510293 Mauricio Gomes Dias - 1813965 Richarlles Gomes de Aguiar - 1812891 Turma: Medicina Veterinária - Noturno A. RECURSOS GENÉTICOS E ESTRATÉGIAS DE MELHORAMENTO O melhoramento genético tem como objetivo melhorar os níveis de produção, tanto em produtividade como em qualidade, em concomitância com o sistema de produção e as exigências do mercado. Para isso, observa-se características expressas pelos animais, como adaptabilidade, taxa de crescimento, entre outros. A expressão observável dessas características é conhecida como fenótipo (P), que é um resultado dependente do genótipo (G) do animal e do ambiente (E) em que esse animal está confinado e também depende da interação genótipo x ambiente (GxE). O conjunto dessas relações pode ser expressas como: P = G + E + GxE O ambiente proporciona os fatores não genéticos para a expressão fenotípica, positiva ou negativamente. Esses fatores podem, ou não, depender do criado, como por exemplo, cuidados com a saúde, alimentação, manejo; mas as variáveis como temperatura, radiação, entre outros, os humanos na maior parte das vezes não têm como interferir. Então nesses casos, a primeira escolha, para que haja sucesso na produção, seria a escolha de animais mais adaptados às condições ambientais da propriedade. Após a escolha da raça, o próximo passo é proporcionar a todos os animais melhores condições de criação. Com isso pode-se identificar os animais geneticamente superiores para a característica de interesse, e assim seleciona- los para a reprodução, para que a característica seja passada para as próximas gerações, aumentando o desempenho médio do rebanho. COMPONENTE ANIMAL Processo evolutivo: Na idade da pedra, caçadores da Europa e do norte da África perseguiam um gado selvagem, denominado urus ou auroch (Bos primigenius). E esse gado migrou para outras regiões do mundo durante a última era glacial. Então, foram originadas duas subespécies: Bos primigenius primienius, que originou o gado europeu, sem cupim, da subespécie Bos taurus taurus; e Bos primigenius namadicus, que originou o gado zebu, que possui cupim, da espécie Bos taurus indicus. Nesse processo, muitos indivíduos não adaptados, durante a seleção natural foram eliminados. Em pequenas populações formadas pelo isolamento geográfico, ocorreram acasalamentos consanguíneos, dando origem a linhagens evolutivas divergentes. Após a domesticação, o homem passou a interferir na reprodução, escolhendo os animais. Anos depois, a ciência descobriu que os fatores determinantes da herança estavam no DNA. Processo básico da herança: O DNA consiste na unidade primária da herança, componente dos cromossomos, o DNA é constituído por uma dupla fita de açúcar e fosfato contendo quatro bases nitrogenadas, os nucleotídeos, Adenina (A), Timina (T), Citosina (C) e Guanina (G), que constituem a porção variável da molécula. Os nucleotídeos são ligados entre si por pontes de hidrogênio, formando uma estrutura helicoidal, e sempre complementar, A se liga a T, C a G. As diferentes combinações dessas bases ao longo do DNA podem gerar vários tipos de genes. Os alelos são as formas alternativas de um mesmo gene, que estão no mesmo loco, e eles são responsáveis pelas diferenças nos fenótipos de uma determinada característica. Em cromossomos homólogos ocorrem interações gênicas podendo ser em um mesmo loco e/ou entre locos diferentes. A principal interação é a dominância, quando um dos alelos manifesta seu efeito fenotipicamente independente do outro alelo do seu par, que pode ser outro alelo dominante (homozigose) ou um alelo recessivo (heterozigose), logo para que o alelo recessivo expresse seu efeito ele precisa estar em homozigose com outro alelo recessivo. Outra interação que pode ocorrer num mesmo loco é a codominância, quando os dois alelos interferem no fenótipo. As principais interações que ocorrem entre locos diferentes são a epistasia e a pleiotropia. Na epistasia, o alelo de um gene inibe a expressão de outro gene. E na pleiotropia, um gene atua na expressão de duas ou mais características, servindo de base para que se compreendam os efeitos das correlações genéticas, que podem ser positivas ou negativas. Podem ocorrer varias alterações com os pares, como troca de material genético de um cromossomo para outro, quebras ou perdas de cromossomo, mutação, entre outros. Na formação das células gaméticas, ocorre uma meiose, uma célula diploide (2n), fica haploide (n). E no momento da fecundação, metade do numero de alelos é de herança materna, a outra metade herança paterna. A segregação e recombinação que ocorrem na formação dos gametas e na fertilização, junto com as forças evolutivas e os eventos genéticos, formam a base fundamental da enorme variabilidade genética entre os indivíduos de uma população. RAÇAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA PARA O BRASIL Raças Mochas das Ilhas britânicas: Os Animais destas raças apresentam excelentes características de fertilidade, precocidade sexual e de acabamento da carcaça com qualidade de carne reconhecida mundialmente, devida à gordura entremeada nos músculos (marmoreio), o que proporciona a maciez das fibras musculares e a suculência. Em função destas características e de serem geneticamente mochas, uma condição muito interessante para sistemas de produção intensiva, estas raças foram difundidas amplamente pelo mundo, para serem criadas puras ou em cruzamentos comerciais e para a criação de novas raças. Aqui estão incluídas as raças Aberdeen Angus, Red Angus e Red Poll, as quais pertencem ao grupo de menor porte dentre as raças taurinas, com peso de abate ao redor de 420-450 kg. As raças Brangus e Red Brangus, nos Estados Unidos, foram formadas a partir de acasalamentos envolvendo as raças Aberdeen e Red Angus com Brahman, e no Brasil, com a raça Nelore. Os animais da raça Red Poll foram introduzidos no início do período colonial e deram origem, no Brasil Central, à raça Mocha Nacional que teve influência na constituição das raças zebuínas mochas. Nas Ilhas Virgens do Caribe, a raça Red Poll entrou na formação do Senepol, a partir de cruzamentos com a raça N’Dama, taurina do oeste africano. Raças do continente europeu: Este é o grupo que envolve o maior número e a maior diversidade entre as raças taurinas. Salientam-se dois subgrupos principais: raças dos países baixos, do noroeste europeu e sudoeste da Inglaterra e as do interior do continente. As raças do primeiro subgrupo são de porte maior que o das mochas britânicas e menor que o das demais raças do interior do continente, com peso de abate em torno de 450 a 500 kg. Quando presentes, os chifres são curtos. Exemplos: Hereford, Shorthorn, Maine Anjou, Belgian Blue e Normando. Interessante observar que muitas das raças europeias leiteiras e de dupla aptidão pertencem evolutivamente a este grupo, dentre as quais: Ayrshire, Jersey, Guernsey, Holandês e Shorthorn Leiteiro. No segundo subgrupo são incluídas as demais raças do continente europeu, desde a península ibérica, berço das raças fundadoras da pecuária no Brasil Colônia, até a Alemanha e Itália. São raças de elevado peso à maturidade, com abates ocorrendo entre 500-610 kg. Quando presentes, os chifres são mais longos. A principal característica deste subgrupo é a presença de grandes massas musculares que lhes confere elevada produção de carne por animal. Comparativamente às raças mochas britânicas, principalmente, e às do primeiro subgrupo acima descritas,são mais tardias, do ponto de vista sexual e de acabamento de carcaça apresentando ainda, em função do seu elevado tamanho adulto, maiores custos de mantença. Exemplos: Barroso e Miranda, de Portugal; Retinta, da Espanha; Devon e South Devon, do sudoeste da Inglaterra; Limousin, Blonde d´Aquitaine, Charolês e Salers, da França; Simental, Gelbvieh, Fleckvieh e Pardo Suíço Corte, da Suíça e Alemanha; e Chianina, Marchigiana e Piemontês, da Itália. Muitas destas raças apresentam também variedades mochas, tais como: Hereford, Shorthorn, Charolês e Simental. De forma semelhante às mochas britânicas, raças deste grupo são também muito sensíveis aos efeitos do clima tropical e exigentes em termos nutricionais. Exceto em regiões de clima temperado ou em microclimas de áreas subtropicais de altitude, onde podem ser criadas puras, na maior parte das vezes elas são utilizadas em cruzamentos com raças zebuínas ou com raças taurinas adaptadas. Raças deste grupo contribuíram para a formação de diversas outras em todo o mundo, descritas a seguir no grupo das raças compostas. Raças Taurinas adaptadas: São raças formadas a partir do gado europeu, introduzido no novo mundo durante o período colonial, após longo processo de adaptação às condições tropicais e dos efeitos da seleção praticada pelos criadores. São também denominadas “crioulas” ou naturalizadas. Exemplos: Caracu, Curraleiro ou Pé-duro, Pantaneiro, Crioulo Lajeano e Mocha Nacional, no Brasil; Romosinuano, San Martinero, Costeño con Cuernos e Casanareño, dentre outras, na Colômbia; taurinas africanas (sem cupim), como N´Dama, e compostos taurinos como a raça Senepol, criada a partir de cruzamentos envolvendo as raças N´Dama e Red Poll. Além de adaptabilidade ao meio ambiente tropical, estas raças se destacam por elevados níveis de fertilidade, habilidade materna e maciez da carne, típica da subespécie Bos taurus taurus. Raças Zebuínas: Em função de terem evoluído em condições ambientais mais adversas e com histórico de seleção muito recente, as raças zebuínas apresentam índices produtivos mais baixos em relação às taurinas europeias. Em sua região de origem, Índia e Paquistão, o peso adulto destas raças varia de 350 a 450 kg, enquanto no Brasil, de um modo geral, os abates são feitos com pesos de 460 a 500 kg. Em relação aos taurinos, o gado zebu é considerado de tamanho médio a pequeno e é mais tardio sexualmente apresentando menos convexidade nas massas musculares, assim como maciez de carne mais variável. Por outro lado, tolera melhor calor, radiação solar, umidade, endo e ectoparasitas. Estas características de adaptabilidade constituem o grande trunfo das raças zebuínas para sistemas de produção em meio ambiente tropical. Guzerá, Cangaian, Gir e Sindi são raças criadas no Brasil que apresentam biótipos semelhantes aos dos animais indianos que lhes deram origem, respectivamente, Kankrej, Kangayam, Gir e Red Sindhi. Por outro lado, a raça Nelore, em função de objetivos de seleção praticados no Brasil e da contribuição de outras raças zebuínas em sua formação inicial, é ligeiramente distinta da indiana Ongole, sua principal raça fundadora, em termos de tamanho adulto e conformação frigorífi ca. Novas raças zebuínas foram formadas no Brasil tais como: Indubrasil, Tabapuã, as variedades mochas Gir e Nelore e as leiteiras Gir, Guzerá e Nelore. Nos Estados Unidos da América foi formada a raça Brahman, composta zebuína sobre base taurina, a qual foi introduzida no Brasil a partir de 1994. Adaptadas à criação em pastagens, em uma época em que o mercado mundial passa a valorizar criações em ambiente natural, livre de pesticidas, com baixos custos de produção e índices de produtividade crescentes, as raças zebuínas podem constituir excelentes alternativas para a pecuária em ambientes tropicais quer para a produção de carne ou leite. Raças compostas: As raças compostas são formadas a partir de cruzamentos envolvendo duas ou mais raças das subespécies Bos t. taurus e/ou Bos t. indicus, com os objetivos de se agregar, nos produtos compostos, características de rusticidade e adaptabilidade, próprias do zebu, com produtividade e qualidade de produto, característicos do europeu. Após uma série de cruzamentos entre as raças fundadoras e seleção permanente em todas as etapas, passa-se à fase fi nal de bi mestiçagem, ou seja, do cruzamento dos indivíduos mestiços entre si de modo a se fixar o padrão da nova raça. O exemplo mais antigo e de estratégia de cruzamento mais tradicional para esta fi nalidade é o da raça Santa Gertrudis (5/8 Shorthorn × 3/8 Brahman), formada no estado do Texas, a partir de 1910, com similar no Brasil (Shorthorn × Nelore). Outros compostos são: Belmont Red (1/2 Afrikander × 1/4 Shorthorn × 1/4 Brahman), Blonel (5/8 Blonde × 3/8 Nelore), Bosnmara (5/8 Africander × 3/16 Hereford × 3/16 Shorthorn), Braford (5/8 Hereford ou Poll Hereford × 3/8 Brahman ou Nelore), Brangus e Red Brangus (5/8 Aberdeen Angus ou Red Angus × 3/8 Brahman ou Nelore), Charbrey ou Canchim (5/8 Charolês × 3/8 Brahman ou zebu, predominantemente Nelore), Lavínia (5/8 Pardo Suíço × 3/8 Guzerá), Santa Cruz (5/8 Gelbvieh × 3/8 Brahman ou Nelore), Senepol (composto taurino N´Dama × Red Poll, também considerada uma raça taurina adaptada), Simbrah ou Simbrasil (5/8 Simental × 3/8 Brahman ou Nelore), Pitangueiras (5/8 Red Poll × 3/8 Zebu, predominantemente Guzerá) e Purunã (1/4 Charolês × 1/4 Caracu × 1/4 Aberdeen Angus × 1/4 Canchim). A partir do fi nal do século passado foi iniciada a formação do composto Montana Tropical, com possibilidade de uso de proporções variáveis das raças fundadoras NABC, cujas iniciais nesta sigla são referentes às raças Nelore, Taurinas Adaptadas, Britânicas e Continentais, numa proporção fi nal de menor ou igual a 75% taurino e maior ou igual a 50% zebu ou taurino adaptado. DIFERENÇAS ENTRE AS SUBESPÉCIES BOS TAURUS TAURUS E BOS TAURUS INDICUS Devido a Evolução, os zebuínos diferem dos taurinos, geralmente em características anatômicas, fisiológicas e de comportamento. Dentre as diferenças anatômicas, aponta-se a giba (cupim), presente no zebuíno e ausente no taurino. O crânio dos zebuínos é mais comprido, já os taurinos apresentam cabeça mais curta e pesada. Os chifres variam quanto ao tamanho, forma, diâmetro, inserção no osso frontal e direção. Geralmente, nos zebuínos, são maiores, enquanto nos taurinos são menores, com exceção das raças ibéricas, e de seção circular. O zebuíno apresenta menor perímetro torácico que o europeu. A ossatura é mais fina, densa e leve; a garupa é mais inclinada e o osso sacro mais elevado que no europeu, facilitando a parição. O Bos taurus indicus apresenta, ainda, membros mais longos, cascos pretos e resistentes, facilitando sua busca de alimento ou de água. O taurino, por outro lado, apresenta membros mais curtos e cascos maiores. Os zebuínos apresentam, ainda, vasos sanguíneos capilares e glândulas sudoríparas mais ativas e em maior número que as raças europeias. Os pelos são mais curtos, densos, sedosos e de cores mais claras. Em relação às diferenças fisiológicas, destaca-se a maior capacidade para aproveitamento de forragens grosseiras, características das regiões tropicais, pelo zebuíno, pois o sistema digestório é menor, levando-o a comer menos, porém mais frequentemente, isso contribui para uma menor taxa de metabolismo, com menor produção de calor metabólico, facilitando sua adaptação aos trópicos. E em relação às diferenças de comportamento, salienta-se a brabeza do zebuíno se criado em grandes extensões e sem muito contato com o homem, em contra partida, se bem manejado é manso e de boa índole. Outra característica marcante do zebuíno é o seu comportamento gregário, menos frequente no gado europeu. O zebu apresenta, ainda, resistência natural a ectoparasitos(carrapato, berne e moscas) abundantes em regiões de clima quente. A pele mais resistente dificulta a penetração do aparelho sugador destes insetos; os pelos mais curtos e mais claros atraem menos parasitas e a secreção das glândulas sudoríparas os repele, mais frequentemente. Com relação às características produtivas, o gado europeu apresenta melhores aptidões para a produção de leite e carne. As raças zebuínas, em contra partida, sua adaptabilidade natural a ambientes mais adversos, apresentam grande potencial de resposta a programas de melhoramento genético podendo se constituir em opção eficiente para a produção animal nas regiões tropicais e subtropicais. ESTRATÉGIAS DE MELHORAMENTO GENÉTICO Para obter sucesso em melhoramento genético, são necessárias algumas medidas, tais como: escolha da raça melhor adaptada, formação de nova raça, cruzamentos entre raças e sistemas combinados. A primeira destas alternativas, sem dúvida, é a mais simples, pois o criador irá investir em sistemas de produção com menores custos, uma vez que as raças já são adaptadas, assim exigindo menos tratamentos especiais para proporcionar conforto e saúde ao rebanho, requisitos básicos para a garantia de bons índices de fertilidade e produção. Contanto que a raça escolhida atenda, as exigências do mercado esta alternativa, sem dúvida, poderá proporcionar, também, a melhor relação custo benefício. No que diz respeito à escolha de raça melhor adaptada e com bons índices de produção, a pecuária brasileira apresenta uma história interessante. O primeiro gado bovino a chegar ao Brasil Colônia foi de origem europeia, vindo da península ibérica. Estima-se que tenham entrado no país cerca de 300.000 animais destas raças, sendo permitidas importações, principalmente de sêmen e de embriões, até os dias atuais. Em todo o período de importação de gado de origem indiana, desde o final do século XIX até o ano de 1962, em contrapartida, foram importadas pouco mais de 6.000 cabeças. Em função das características tropicais do território e da adaptação natural a estas condições as raças zebuínas predominam no país. Resolvidos os problemas básicos de alimentação e de saúde do rebanho, e caso o criador queira agregar mais valor e qualidade ao produto final, as alternativas seguintes poderiam ser implementadas. Em qualquer delas, no entanto, a seleção deve ser continuada, ano após ano, no sentido de se eleger, para a reprodução, matrizes e touros superiores nos aspectos de adaptabilidade, fertilidade, precocidade, conformação de carcaça e qualidade da carne, dentre outras características. A formação de novas raças pode possibilitar a exploração de combinações de características desejáveis de diferentes raças, utilizando-se monta natural, ao invés de inseminação artificial, como exige a maioria dos planos de cruzamentos entre raças. No entanto, este empreendimento é de longo prazo e demanda um rebanho base suficientemente grande que possibilite minimizar os inevitáveis problemas de consanguinidade que certamente terão que ser enfrentados, na fase de fixação das características da nova raça. Aplica-se, portanto, a poucas situações. Os cruzamentos, em casos onde a inseminação artificial pode ser usada com eficiência, são práticas mais simples que a formação de novas raças, sendo, portanto, mais fáceis de serem incorporados aos sistemas de produção. Seleção para características qualitativas Características qualitativas são aquelas cuja herança é controlada por um ou por poucos pares de genes. Os fenótipos nestes casos podem ser incluídos em categorias ou grupos, apresentando classificação discreta. Exemplos: musculatura normal ou dupla, pelagem preta ou vermelha, entre outras. Algumas características, especialmente aquelas ligadas ao padrão da raça, como pigmentação da pele e cor da pelagem, aparentemente, podem não ter efeitos diretos sobre a produção animal. Já as características que mexem com a viabilidade e a reprodução dos animais tais como: hipoplasia testicular, criptorquidismo uni ou bilateral e prognatismo são associadas a baixos níveis de fertilidade e produtividade. Se um alelo responsável por uma característica indesejável é dominante, todos os animais portadores deste alelo (homozigoto ou heterozigoto) são facilmente identificados de forma que sua eliminação se torna bastante simples. Quando, no entanto, o fenótipo indesejável é expresso por genótipos homozigotos recessivos, sua eliminação se torna mais difícil, uma vez que os animais portadores deste alelo em heterozigose são fenotipicamente semelhantes aos animais normais. Em rebanhos comerciais, a seleção contra alelos recessivos indesejáveis pode ser feita pela eliminação dos produtos, em segundo passo, dos touros pais de produtos defeituosos. Em rebanhos de seleção, no entanto, o procedimento deve ser mais rigoroso, sugerindo-se: 1) Eliminar todos os touros que tenham produzido bezerros indesejáveis e substituí-los por outros, não parentes; 2) Retirar todas as fêmeas que tenham produzido bezerros indesejáveis; 3) Descartar todos os parentes mais próximos dos indivíduos portadores, mesmo que tenham tido prole normal. Modelo para seleção de características quantitativas Para que ocorra uma formação de indivíduos superiores é necessário que haja uma união de células reprodutivas com genes que apresentem efeitos desejáveis. Para seleção de características quantitativas que são em sua maiorias as características de interesse econômico ex: Peso corporal, taxa de crescimento, musculosidade dentre outras, envolve-se um grande número de pares de genes. O que difere das características qualitativas que apresentam um processo mais simples uma vez que são controladas por poucos pares de genes sofrendo pouca ação do ambiente. A equação básica do melhoramento genético pode ser representada por: P = G + E + (GXE) P = Valor fenotípico ; E = efeito devido ao ambiente; G = valor genotípico; GE = interação entre genótipo e ambiente; Componentes de variância devido fenótipo (VP), genótipo (VG), e ambiente (VE), se relacionam por meio da equação: VP = VG + VE + V (GE). A variância genotípica pode ser desdobra ainda em outra equação: VG = VA + VD + VI Onde: VA, VD e VI representam as variâncias relacionadas aos efeitos aditivos dos genes e efeitos de dominância e epistasia. OBS: efeitos de dominância e epistasia são importantes para constituição do fenômeno heterose ou vigor híbrido. O aditivo VA é o componente que passa de geração para geração, onde irá se definir a herdabilidade (h)² da característica como h² = VA/VP. A herdabilidade pode variar entre raças, rebanhos ou ambiente mas tende a se manter uniforme para algumas características que tendem a manter baixos valores de herdabilidade, menos sujeitas a modificações pela seleção, mas que poderia ser melhorada com alterações nas condições do meio ambiente, saúde e nutrição dos animais. Também são de suma importância para herança quantitativa as correlações genética. Auxílio à seleção para características quantitativas Pedigree (ascendente), progênie e colaterais e desempenho individual são as fontes mais comumente utilizadas para a prática da seleção em gado de corte. Essas informações até pouco tempo eram usadas como garantia de pureza da raça. Implantação de provas zootécnicas e posteriormente metodologia do modelo animal, passaram a agregar mais precisão ao valor genético, Em gado de corte provas zootécnicas mais aplicadas: CDP – CONTROLE DE DESENVOLVIMENTO PONDERAL PGP – PROVAS DE GANHO DE PESO TP – TESTE DE PROGÊNIE A avaliação de reprodutores pelo teste de progênie clássico perdeu espaço para avaliação individual de desempenho dos touros a partir de dados de suas progênies. Com o uso do modelo animal e informação de matrizes de parentesco os dados coletadospassaram a proporcionar a estimação de valores genéticos expressos em DEP (Diferença esperada na progênie) EX: reprodutores, matrizes, e produtos. A DEP representa uma expectativa de resposta esperada na progênie com o objetivo de buscar características de interesse, uma ferramenta fundamental para seleção. RESPOSTA Á SELEÇÃO A escolha dos melhores indivíduos da geração atual para pais de futura geração pode parecer um processo simples, todavia para escolher um individuo como um todo com as características desejáveis é muito difícil de serem avaliadas quantitativamente. Saber que não importa apenas as características do ponto de vista genético, também é preciso saber qual a sua adaptabilidade e funcionalidade, tendo em vista o seu sistema produtivo e com o valor econômico da produção, em função do mercado. Os indivíduos que apresentam a melhor adaptabilidade, deficiência na utilização de recursos, saúde, fertilidade, carne macia e saborosa entre outras características presentes em um animal seria o melhor no ponto de vista do criador e do consumidor. Sendo o processo de seleção complexo e dificilmente o melhoramento genético vai alcançar bons resultados no inicio do ciclo de seleção. Então o ganho genético anual pode ser definido pela relação de quanto maior for às intensidades, variabilidade genética e precisão da seleção e quanto mais ausentes o intervalo de gerações, maior será a resposta anual á seleção. O criador pode intervir de certa forma e em certos limites na variabilidade genética e no intervalo de gerações. O pregresso tem sido observado com relação ao intervalo e gerações as raças zebuínas, isso é um exemplo de rebanhos com fêmeas e machos entrando em reprodução aos 14 - 18 meses de idade, com intervalos de geração de pouco mais de 2 anos, enquanto a media situa-se em 4-5 anos. Com isto não podemos considerar apenas o processo biológico, mas também econômico. A precisão da seleção e a intensidade é um dos quais o criador pode agir com mais liberdade e sucesso. De acordo com características de interesse quanto maior for a intensidade de seleção, maior será o diferencial entre a media do grupo selecionado para a media do rebanho. Porem ao longo prazo,o aumento da intensidade de seleção, em rebanho fechado tem efeito negativo a variabilidade genética,com diminuição da resposta a seleção. Então a forma de busca positividade para aumentar a intensidade de seleção seria a busca por material genético em outras empresas especializadas em biotecnias reprodutivas, sendo visando a ordem econômica. Entanto a resposta a seleção sem qualquer limitação para ação do criador e de melhorias é a precisão de estimativas de valor genético de animais. Em todas as fases do processo precisa-se ter rigor para se alcançar os objetivos. CONSIDERAÇÕES FINAIS: BALANÇO E TENDÊNCIAS DO USO DE RECURSOS GENÉTICOS As raças bovinas disponíveis e as varias características e alternativas para a exploração destes recursos genéticos. Para obter sucesso, depende apenas do biótipo animal adequado as características para satisfazer as demandas do mercado. Para obter menores custos de produção é preciso usar a melhor raça adaptada às demandas desejáveis. Sendo que, para ocorrer ganho de produtividade e de qualidade de produtos, precisa-se do básico do animal: saúde e alimentação. Já a implantação de manejo produtivo correto é preciso contribuir para a criação de bezerros saudáveis e reprodutores subférteis. Em contra partida sistemas que envolvem cruzamentos entre raças são de custo maiores e precisa de atenção ás condições de mercado, cuidando das raças de reprodução e atenção a administração do negócio. A criação de raças européias na região Sul e regiões de altitudes, no Centro-Oeste e Sudeste e demais regiões as raças zebuínas. Em regiões de sistema integrados lavoura-pecuaria e lavoura-pecuaria-floresta. Em regiões carentes de infraestrutura o predomínio na pecuária extensiva de cria é o uso de touros melhorados em monta natural. A migração da pecuária das regiões Sul, Sudeste em direção ao Centro- Oeste, Nordeste e principalmente Norte em função de varias demandas. Nestas condições e diante do cenário a adaptabilidade passará a ser ainda mais decisiva para o sucesso da produção de carne bovina em meio ambiente tropical demandando atenção permanente não apenas em criadores, no estabelecimento dos sistemas de produção, como também dos programas de melhoramento genético animal, para planejamento de trabalhos de seleção em médio e longo prazo.