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Resumo do capítulo 2 do livro MELHORAMENTO GENÉTICO Aplicado em Gado de Corte

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Resumo do capítulo 2 do livro: MELHORAMENTO GENÉTICO Aplicado em 
Gado de Corte - PROGRAMA GENEPLUS 
Capítulo 2 - RECURSOS GENÉTICOS E ESTRATÉGIAS DE MELHORAMENTO 
 
Nomes: Aline Corona Dantas - 1615507 
 Izalnei Feres Pereira - 2012223 
 Jéssica Maria Littig - 1812341 
 Marcelo Teixeira Rosa - 0510293 
 Mauricio Gomes Dias - 1813965 
 Richarlles Gomes de Aguiar - 1812891 
Turma: Medicina Veterinária - Noturno A. 
 
RECURSOS GENÉTICOS E ESTRATÉGIAS DE MELHORAMENTO 
 O melhoramento genético tem como objetivo melhorar os níveis de 
produção, tanto em produtividade como em qualidade, em concomitância com 
o sistema de produção e as exigências do mercado. Para isso, observa-se 
características expressas pelos animais, como adaptabilidade, taxa de 
crescimento, entre outros. 
 A expressão observável dessas características é conhecida como fenótipo 
(P), que é um resultado dependente do genótipo (G) do animal e do ambiente 
(E) em que esse animal está confinado e também depende da interação 
genótipo x ambiente (GxE). 
 O conjunto dessas relações pode ser expressas como: 
 P = G + E + GxE 
 O ambiente proporciona os fatores não genéticos para a expressão 
fenotípica, positiva ou negativamente. Esses fatores podem, ou não, depender 
do criado, como por exemplo, cuidados com a saúde, alimentação, manejo; 
mas as variáveis como temperatura, radiação, entre outros, os humanos na 
maior parte das vezes não têm como interferir. Então nesses casos, a primeira 
escolha, para que haja sucesso na produção, seria a escolha de animais mais 
adaptados às condições ambientais da propriedade. 
 Após a escolha da raça, o próximo passo é proporcionar a todos os 
animais melhores condições de criação. Com isso pode-se identificar os animais 
geneticamente superiores para a característica de interesse, e assim seleciona-
los para a reprodução, para que a característica seja passada para as próximas 
gerações, aumentando o desempenho médio do rebanho. 
COMPONENTE ANIMAL 
 Processo evolutivo: 
 Na idade da pedra, caçadores da Europa e do norte da África perseguiam 
um gado selvagem, denominado urus ou auroch (Bos primigenius). E esse gado 
migrou para outras regiões do mundo durante a última era glacial. Então, foram 
originadas duas subespécies: Bos primigenius primienius, que originou o gado 
europeu, sem cupim, da subespécie Bos taurus taurus; e Bos primigenius 
namadicus, que originou o gado zebu, que possui cupim, da espécie Bos taurus 
indicus. 
 Nesse processo, muitos indivíduos não adaptados, durante a seleção 
natural foram eliminados. Em pequenas populações formadas pelo isolamento 
geográfico, ocorreram acasalamentos consanguíneos, dando origem a linhagens 
evolutivas divergentes. Após a domesticação, o homem passou a interferir na 
reprodução, escolhendo os animais. Anos depois, a ciência descobriu que os 
fatores determinantes da herança estavam no DNA. 
 Processo básico da herança: 
 O DNA consiste na unidade primária da herança, componente dos 
cromossomos, o DNA é constituído por uma dupla fita de açúcar e fosfato 
contendo quatro bases nitrogenadas, os nucleotídeos, Adenina (A), Timina (T), 
Citosina (C) e Guanina (G), que constituem a porção variável da molécula. Os 
nucleotídeos são ligados entre si por pontes de hidrogênio, formando uma 
estrutura helicoidal, e sempre complementar, A se liga a T, C a G. As diferentes 
combinações dessas bases ao longo do DNA podem gerar vários tipos de 
genes. 
 Os alelos são as formas alternativas de um mesmo gene, que estão no 
mesmo loco, e eles são responsáveis pelas diferenças nos fenótipos de uma 
determinada característica. Em cromossomos homólogos ocorrem interações 
gênicas podendo ser em um mesmo loco e/ou entre locos diferentes. A 
principal interação é a dominância, quando um dos alelos manifesta seu efeito 
fenotipicamente independente do outro alelo do seu par, que pode ser outro 
alelo dominante (homozigose) ou um alelo recessivo (heterozigose), logo para 
que o alelo recessivo expresse seu efeito ele precisa estar em homozigose com 
outro alelo recessivo. Outra interação que pode ocorrer num mesmo loco é a 
codominância, quando os dois alelos interferem no fenótipo. 
 As principais interações que ocorrem entre locos diferentes são a 
epistasia e a pleiotropia. Na epistasia, o alelo de um gene inibe a expressão de 
outro gene. E na pleiotropia, um gene atua na expressão de duas ou mais 
características, servindo de base para que se compreendam os efeitos das 
correlações genéticas, que podem ser positivas ou negativas. 
 Podem ocorrer varias alterações com os pares, como troca de material 
genético de um cromossomo para outro, quebras ou perdas de cromossomo, 
mutação, entre outros. Na formação das células gaméticas, ocorre uma meiose, 
uma célula diploide (2n), fica haploide (n). E no momento da fecundação, 
metade do numero de alelos é de herança materna, a outra metade herança 
paterna. 
 A segregação e recombinação que ocorrem na formação dos gametas e 
na fertilização, junto com as forças evolutivas e os eventos genéticos, formam a 
base fundamental da enorme variabilidade genética entre os indivíduos de uma 
população. 
RAÇAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA PARA O BRASIL 
 Raças Mochas das Ilhas britânicas: 
 Os Animais destas raças apresentam excelentes características de 
fertilidade, precocidade sexual e de acabamento da carcaça com qualidade de 
carne reconhecida mundialmente, devida à gordura entremeada nos músculos 
(marmoreio), o que proporciona a maciez das fibras musculares e a suculência. 
 Em função destas características e de serem geneticamente mochas, 
uma condição muito interessante para sistemas de produção intensiva, estas 
raças foram difundidas amplamente pelo mundo, para serem criadas puras ou 
em cruzamentos comerciais e para a criação de novas raças. 
 Aqui estão incluídas as raças Aberdeen Angus, Red Angus e Red Poll, as 
quais pertencem ao grupo de menor porte dentre as raças taurinas, com peso 
de abate ao redor de 420-450 kg. 
 As raças Brangus e Red Brangus, nos Estados Unidos, foram formadas a 
partir de acasalamentos envolvendo as raças Aberdeen e Red Angus com 
Brahman, e no Brasil, com a raça Nelore. 
 Os animais da raça Red Poll foram introduzidos no início do período 
colonial e deram origem, no Brasil Central, à raça Mocha Nacional que teve 
influência na constituição das raças zebuínas mochas. Nas Ilhas Virgens do 
Caribe, a raça Red Poll entrou na formação do Senepol, a partir de cruzamentos 
com a raça N’Dama, taurina do oeste africano. 
 Raças do continente europeu: 
 Este é o grupo que envolve o maior número e a maior diversidade entre 
as raças taurinas. 
 Salientam-se dois subgrupos principais: raças dos países baixos, do 
noroeste europeu e sudoeste da Inglaterra e as do interior do continente. As 
raças do primeiro subgrupo são de porte maior que o das mochas britânicas e 
menor que o das demais raças do interior do continente, com peso de abate em 
torno de 450 a 500 kg. Quando presentes, os chifres são curtos. Exemplos: 
Hereford, Shorthorn, Maine Anjou, Belgian Blue e Normando. Interessante 
observar que muitas das raças europeias leiteiras e de dupla aptidão pertencem 
evolutivamente a este grupo, dentre as quais: Ayrshire, Jersey, Guernsey, 
Holandês e Shorthorn Leiteiro. 
 No segundo subgrupo são incluídas as demais raças do continente 
europeu, desde a península ibérica, berço das raças fundadoras da pecuária no 
Brasil Colônia, até a Alemanha e Itália. São raças de elevado peso à 
maturidade, com abates ocorrendo entre 500-610 kg. Quando presentes, os 
chifres são mais longos. A principal característica deste subgrupo é a presença 
de grandes massas musculares que lhes confere elevada produção de carne por 
animal. 
 Comparativamente às raças mochas britânicas, principalmente, e às do 
primeiro subgrupo acima descritas,são mais tardias, do ponto de vista sexual e 
de acabamento de carcaça apresentando ainda, em função do seu elevado 
tamanho adulto, maiores custos de mantença. Exemplos: Barroso e Miranda, de 
Portugal; Retinta, da Espanha; Devon e South Devon, do sudoeste da 
Inglaterra; Limousin, Blonde d´Aquitaine, Charolês e Salers, da França; 
Simental, Gelbvieh, Fleckvieh e Pardo Suíço Corte, da Suíça e Alemanha; e 
Chianina, Marchigiana e Piemontês, da Itália. Muitas destas raças apresentam 
também variedades mochas, tais como: Hereford, Shorthorn, Charolês e 
Simental. 
 De forma semelhante às mochas britânicas, raças deste grupo são 
também muito sensíveis aos efeitos do clima tropical e exigentes em termos 
nutricionais. Exceto em regiões de clima temperado ou em microclimas de 
áreas subtropicais de altitude, onde podem ser criadas puras, na maior parte 
das vezes elas são utilizadas em cruzamentos com raças zebuínas ou com raças 
taurinas adaptadas. Raças deste grupo contribuíram para a formação de 
diversas outras em todo o mundo, descritas a seguir no grupo das raças 
compostas. 
 Raças Taurinas adaptadas: 
 São raças formadas a partir do gado europeu, introduzido no novo 
mundo durante o período colonial, após longo processo de adaptação às 
condições tropicais e dos efeitos da seleção praticada pelos criadores. 
 São também denominadas “crioulas” ou naturalizadas. Exemplos: 
Caracu, Curraleiro ou Pé-duro, Pantaneiro, Crioulo Lajeano e Mocha Nacional, 
no Brasil; Romosinuano, San Martinero, Costeño con Cuernos e Casanareño, 
dentre outras, na Colômbia; taurinas africanas (sem cupim), como N´Dama, e 
compostos taurinos como a raça Senepol, criada a partir de cruzamentos 
envolvendo as raças N´Dama e Red Poll. 
 Além de adaptabilidade ao meio ambiente tropical, estas raças se 
destacam por elevados níveis de fertilidade, habilidade materna e maciez da 
carne, típica da subespécie Bos taurus taurus. 
 Raças Zebuínas: 
 Em função de terem evoluído em condições ambientais mais adversas e 
com histórico de seleção muito recente, as raças zebuínas apresentam índices 
produtivos mais baixos em relação às taurinas europeias. Em sua região de 
origem, Índia e Paquistão, o peso adulto destas raças varia de 350 a 450 kg, 
enquanto no Brasil, de um modo geral, os abates são feitos com pesos de 460 
a 500 kg. 
 Em relação aos taurinos, o gado zebu é considerado de tamanho médio 
a pequeno e é mais tardio sexualmente apresentando menos convexidade nas 
massas musculares, assim como maciez de carne mais variável. Por outro lado, 
tolera melhor calor, radiação solar, umidade, endo e ectoparasitas. Estas 
características de adaptabilidade constituem o grande trunfo das raças zebuínas 
para sistemas de produção em meio ambiente tropical. 
 Guzerá, Cangaian, Gir e Sindi são raças criadas no Brasil que apresentam 
biótipos semelhantes aos dos animais indianos que lhes deram origem, 
respectivamente, Kankrej, Kangayam, Gir e Red Sindhi. Por outro lado, a raça 
Nelore, em função de objetivos de seleção praticados no Brasil e da 
contribuição de outras raças zebuínas em sua formação inicial, é ligeiramente 
distinta da indiana Ongole, sua principal raça fundadora, em termos de 
tamanho adulto e conformação frigorífi ca. Novas raças zebuínas foram 
formadas no Brasil tais como: Indubrasil, Tabapuã, as variedades mochas Gir e 
Nelore e as leiteiras Gir, Guzerá e Nelore. Nos Estados Unidos da América foi 
formada a raça Brahman, composta zebuína sobre base taurina, a qual foi 
introduzida no Brasil a partir de 1994. 
 Adaptadas à criação em pastagens, em uma época em que o mercado 
mundial passa a valorizar criações em ambiente natural, livre de pesticidas, com 
baixos custos de produção e índices de produtividade crescentes, as raças 
zebuínas podem constituir excelentes alternativas para a pecuária em 
ambientes tropicais quer para a produção de carne ou leite. 
 Raças compostas: 
 As raças compostas são formadas a partir de cruzamentos envolvendo 
duas ou mais raças das subespécies Bos t. taurus e/ou Bos t. indicus, com os 
objetivos de se agregar, nos produtos compostos, características de rusticidade 
e adaptabilidade, próprias do zebu, com produtividade e qualidade de produto, 
característicos do europeu. Após uma série de cruzamentos entre as raças 
fundadoras e seleção permanente em todas as etapas, passa-se à fase fi nal de 
bi mestiçagem, ou seja, do cruzamento dos indivíduos mestiços entre si de 
modo a se fixar o padrão da nova raça. 
 O exemplo mais antigo e de estratégia de cruzamento mais tradicional 
para esta fi nalidade é o da raça Santa Gertrudis (5/8 Shorthorn × 3/8 
Brahman), formada no estado do Texas, a partir de 1910, com similar no Brasil 
(Shorthorn × Nelore). Outros compostos são: Belmont Red (1/2 Afrikander × 
1/4 Shorthorn × 1/4 Brahman), Blonel (5/8 Blonde × 3/8 Nelore), Bosnmara 
(5/8 Africander × 3/16 Hereford × 3/16 Shorthorn), Braford (5/8 Hereford ou 
Poll Hereford × 3/8 Brahman ou Nelore), Brangus e Red Brangus (5/8 Aberdeen 
Angus ou Red Angus × 3/8 Brahman ou Nelore), Charbrey ou Canchim (5/8 
Charolês × 3/8 Brahman ou zebu, predominantemente Nelore), Lavínia (5/8 
Pardo Suíço × 3/8 Guzerá), Santa Cruz (5/8 Gelbvieh × 3/8 Brahman ou 
Nelore), Senepol (composto taurino N´Dama × Red Poll, também considerada 
uma raça taurina adaptada), Simbrah ou Simbrasil (5/8 Simental × 3/8 
Brahman ou Nelore), Pitangueiras (5/8 Red Poll × 3/8 Zebu, 
predominantemente Guzerá) e Purunã (1/4 Charolês × 1/4 Caracu × 1/4 
Aberdeen Angus × 1/4 Canchim). A partir do fi nal do século passado foi 
iniciada a formação do composto Montana Tropical, com possibilidade de uso 
de proporções variáveis das raças fundadoras NABC, cujas iniciais nesta sigla 
são referentes às raças Nelore, Taurinas Adaptadas, Britânicas e Continentais, 
numa proporção fi nal de menor ou igual a 75% taurino e maior ou igual a 50% 
zebu ou taurino adaptado. 
DIFERENÇAS ENTRE AS SUBESPÉCIES BOS TAURUS TAURUS E BOS 
TAURUS INDICUS 
 Devido a Evolução, os zebuínos diferem dos taurinos, geralmente em 
características anatômicas, fisiológicas e de comportamento. Dentre as 
diferenças anatômicas, aponta-se a giba (cupim), presente no zebuíno e 
ausente no taurino. O crânio dos zebuínos é mais comprido, já os taurinos 
apresentam cabeça mais curta e pesada. Os chifres variam quanto ao tamanho, 
forma, diâmetro, inserção no osso frontal e direção. Geralmente, nos zebuínos, 
são maiores, enquanto nos taurinos são menores, com exceção das raças 
ibéricas, e de seção circular. O zebuíno apresenta menor perímetro torácico que 
o europeu. A ossatura é mais fina, densa e leve; a garupa é mais inclinada e o 
osso sacro mais elevado que no europeu, facilitando a parição. O Bos taurus 
indicus apresenta, ainda, membros mais longos, cascos pretos e resistentes, 
facilitando sua busca de alimento ou de água. O taurino, por outro lado, 
apresenta membros mais curtos e cascos maiores. Os zebuínos apresentam, 
ainda, vasos sanguíneos capilares e glândulas sudoríparas mais ativas e em 
maior número que as raças europeias. Os pelos são mais curtos, densos, 
sedosos e de cores mais claras. 
 Em relação às diferenças fisiológicas, destaca-se a maior capacidade 
para aproveitamento de forragens grosseiras, características das regiões 
tropicais, pelo zebuíno, pois o sistema digestório é menor, levando-o a comer 
menos, porém mais frequentemente, isso contribui para uma menor taxa de 
metabolismo, com menor produção de calor metabólico, facilitando sua 
adaptação aos trópicos. 
 E em relação às diferenças de comportamento, salienta-se a brabeza do 
zebuíno se criado em grandes extensões e sem muito contato com o homem, 
em contra partida, se bem manejado é manso e de boa índole. Outra 
característica marcante do zebuíno é o seu comportamento gregário, menos 
frequente no gado europeu. O zebu apresenta, ainda, resistência natural a 
ectoparasitos(carrapato, berne e moscas) abundantes em regiões de clima 
quente. A pele mais resistente dificulta a penetração do aparelho sugador 
destes insetos; os pelos mais curtos e mais claros atraem menos parasitas e a 
secreção das glândulas sudoríparas os repele, mais frequentemente. 
 Com relação às características produtivas, o gado europeu apresenta 
melhores aptidões para a produção de leite e carne. As raças zebuínas, em 
contra partida, sua adaptabilidade natural a ambientes mais adversos, 
apresentam grande potencial de resposta a programas de melhoramento 
genético podendo se constituir em opção eficiente para a produção animal nas 
regiões tropicais e subtropicais. 
ESTRATÉGIAS DE MELHORAMENTO GENÉTICO 
 Para obter sucesso em melhoramento genético, são necessárias algumas 
medidas, tais como: escolha da raça melhor adaptada, formação de nova raça, 
cruzamentos entre raças e sistemas combinados. A primeira destas alternativas, 
sem dúvida, é a mais simples, pois o criador irá investir em sistemas de 
produção com menores custos, uma vez que as raças já são adaptadas, assim 
exigindo menos tratamentos especiais para proporcionar conforto e saúde ao 
rebanho, requisitos básicos para a garantia de bons índices de fertilidade e 
produção. Contanto que a raça escolhida atenda, as exigências do mercado 
esta alternativa, sem dúvida, poderá proporcionar, também, a melhor relação 
custo benefício. 
 No que diz respeito à escolha de raça melhor adaptada e com bons 
índices de produção, a pecuária brasileira apresenta uma história interessante. 
O primeiro gado bovino a chegar ao Brasil Colônia foi de origem europeia, vindo 
da península ibérica. Estima-se que tenham entrado no país cerca de 300.000 
animais destas raças, sendo permitidas importações, principalmente de sêmen 
e de embriões, até os dias atuais. Em todo o período de importação de gado de 
origem indiana, desde o final do século XIX até o ano de 1962, em 
contrapartida, foram importadas pouco mais de 6.000 cabeças. Em função das 
características tropicais do território e da adaptação natural a estas condições 
as raças zebuínas predominam no país. 
 Resolvidos os problemas básicos de alimentação e de saúde do rebanho, 
e caso o criador queira agregar mais valor e qualidade ao produto final, as 
alternativas seguintes poderiam ser implementadas. Em qualquer delas, no 
entanto, a seleção deve ser continuada, ano após ano, no sentido de se eleger, 
para a reprodução, matrizes e touros superiores nos aspectos de 
adaptabilidade, fertilidade, precocidade, conformação de carcaça e qualidade da 
carne, dentre outras características. 
 A formação de novas raças pode possibilitar a exploração de 
combinações de características desejáveis de diferentes raças, utilizando-se 
monta natural, ao invés de inseminação artificial, como exige a maioria dos 
planos de cruzamentos entre raças. No entanto, este empreendimento é de 
longo prazo e demanda um rebanho base suficientemente grande que 
possibilite minimizar os inevitáveis problemas de consanguinidade que 
certamente terão que ser enfrentados, na fase de fixação das características da 
nova raça. Aplica-se, portanto, a poucas situações. Os cruzamentos, em casos 
onde a inseminação artificial pode ser usada com eficiência, são práticas mais 
simples que a formação de novas raças, sendo, portanto, mais fáceis de serem 
incorporados aos sistemas de produção. 
 Seleção para características qualitativas 
 Características qualitativas são aquelas cuja herança é controlada por um 
ou por poucos pares de genes. Os fenótipos nestes casos podem ser incluídos 
em categorias ou grupos, apresentando classificação discreta. Exemplos: 
musculatura normal ou dupla, pelagem preta ou vermelha, entre outras. 
Algumas características, especialmente aquelas ligadas ao padrão da raça, 
como pigmentação da pele e cor da pelagem, aparentemente, podem não ter 
efeitos diretos sobre a produção animal. Já as características que mexem com a 
viabilidade e a reprodução dos animais tais como: hipoplasia testicular, 
criptorquidismo uni ou bilateral e prognatismo são associadas a baixos níveis de 
fertilidade e produtividade. Se um alelo responsável por uma característica 
indesejável é dominante, todos os animais portadores deste alelo (homozigoto 
ou heterozigoto) são facilmente identificados de forma que sua eliminação se 
torna bastante simples. Quando, no entanto, o fenótipo indesejável é expresso 
por genótipos homozigotos recessivos, sua eliminação se torna mais difícil, uma 
vez que os animais portadores deste alelo em heterozigose são fenotipicamente 
semelhantes aos animais normais. Em rebanhos comerciais, a seleção contra 
alelos recessivos indesejáveis pode ser feita pela eliminação dos produtos, em 
segundo passo, dos touros pais de produtos defeituosos. Em rebanhos de 
seleção, no entanto, o procedimento deve ser mais rigoroso, sugerindo-se: 
1) Eliminar todos os touros que tenham produzido bezerros indesejáveis e 
substituí-los por outros, não parentes; 
2) Retirar todas as fêmeas que tenham produzido bezerros indesejáveis; 
3) Descartar todos os parentes mais próximos dos indivíduos portadores, 
mesmo que tenham tido prole normal. 
 Modelo para seleção de características quantitativas 
 Para que ocorra uma formação de indivíduos superiores é necessário que 
haja uma união de células reprodutivas com genes que apresentem efeitos 
desejáveis. 
 Para seleção de características quantitativas que são em sua maiorias as 
características de interesse econômico ex: Peso corporal, taxa de crescimento, 
musculosidade dentre outras, envolve-se um grande número de pares de 
genes. O que difere das características qualitativas que apresentam um 
processo mais simples uma vez que são controladas por poucos pares de genes 
sofrendo pouca ação do ambiente. 
 A equação básica do melhoramento genético pode ser representada por: 
 P = G + E + (GXE) 
 P = Valor fenotípico ; E = efeito devido ao ambiente; 
 G = valor genotípico; GE = interação entre genótipo e ambiente; 
 Componentes de variância devido fenótipo (VP), genótipo (VG), e 
ambiente (VE), se relacionam por meio da equação: VP = VG + VE + V (GE). 
 A variância genotípica pode ser desdobra ainda em outra equação: 
 VG = VA + VD + VI 
 Onde: VA, VD e VI representam as variâncias relacionadas aos efeitos 
aditivos dos genes e efeitos de dominância e epistasia. 
 OBS: efeitos de dominância e epistasia são importantes para constituição 
do fenômeno heterose ou vigor híbrido. 
 O aditivo VA é o componente que passa de geração para geração, onde 
irá se definir a herdabilidade (h)² da característica como h² = VA/VP. 
 A herdabilidade pode variar entre raças, rebanhos ou ambiente mas 
tende a se manter uniforme para algumas características que tendem a manter 
baixos valores de herdabilidade, menos sujeitas a modificações pela seleção, 
mas que poderia ser melhorada com alterações nas condições do meio 
ambiente, saúde e nutrição dos animais. 
 Também são de suma importância para herança quantitativa as 
correlações genética. 
 Auxílio à seleção para características quantitativas 
 Pedigree (ascendente), progênie e colaterais e desempenho individual 
são as fontes mais comumente utilizadas para a prática da seleção em gado de 
corte. Essas informações até pouco tempo eram usadas como garantia de 
pureza da raça. 
 Implantação de provas zootécnicas e posteriormente metodologia do 
modelo animal, passaram a agregar mais precisão ao valor genético, Em gado 
de corte provas zootécnicas mais aplicadas: 
 CDP – CONTROLE DE DESENVOLVIMENTO PONDERAL 
 PGP – PROVAS DE GANHO DE PESO 
 TP – TESTE DE PROGÊNIE 
 A avaliação de reprodutores pelo teste de progênie clássico perdeu 
espaço para avaliação individual de desempenho dos touros a partir de dados 
de suas progênies. 
 Com o uso do modelo animal e informação de matrizes de parentesco os 
dados coletadospassaram a proporcionar a estimação de valores genéticos 
expressos em DEP (Diferença esperada na progênie) EX: reprodutores, 
matrizes, e produtos. A DEP representa uma expectativa de resposta esperada 
na progênie com o objetivo de buscar características de interesse, uma 
ferramenta fundamental para seleção. 
RESPOSTA Á SELEÇÃO 
 A escolha dos melhores indivíduos da geração atual para pais de futura 
geração pode parecer um processo simples, todavia para escolher um individuo 
como um todo com as características desejáveis é muito difícil de serem 
avaliadas quantitativamente. Saber que não importa apenas as características 
do ponto de vista genético, também é preciso saber qual a sua adaptabilidade e 
funcionalidade, tendo em vista o seu sistema produtivo e com o valor 
econômico da produção, em função do mercado. 
 Os indivíduos que apresentam a melhor adaptabilidade, deficiência na 
utilização de recursos, saúde, fertilidade, carne macia e saborosa entre outras 
características presentes em um animal seria o melhor no ponto de vista do 
criador e do consumidor. 
 Sendo o processo de seleção complexo e dificilmente o melhoramento 
genético vai alcançar bons resultados no inicio do ciclo de seleção. Então o 
ganho genético anual pode ser definido pela relação de quanto maior for às 
intensidades, variabilidade genética e precisão da seleção e quanto mais 
ausentes o intervalo de gerações, maior será a resposta anual á seleção. 
 O criador pode intervir de certa forma e em certos limites na 
variabilidade genética e no intervalo de gerações. O pregresso tem sido 
observado com relação ao intervalo e gerações as raças zebuínas, isso é um 
exemplo de rebanhos com fêmeas e machos entrando em reprodução aos 14 - 
18 meses de idade, com intervalos de geração de pouco mais de 2 anos, 
enquanto a media situa-se em 4-5 anos. Com isto não podemos considerar 
apenas o processo biológico, mas também econômico. 
 A precisão da seleção e a intensidade é um dos quais o criador pode agir 
com mais liberdade e sucesso. De acordo com características de interesse 
quanto maior for a intensidade de seleção, maior será o diferencial entre a 
media do grupo selecionado para a media do rebanho. Porem ao longo prazo,o 
aumento da intensidade de seleção, em rebanho fechado tem efeito negativo a 
variabilidade genética,com diminuição da resposta a seleção. Então a forma de 
busca positividade para aumentar a intensidade de seleção seria a busca por 
material genético em outras empresas especializadas em biotecnias 
reprodutivas, sendo visando a ordem econômica. 
 Entanto a resposta a seleção sem qualquer limitação para ação do 
criador e de melhorias é a precisão de estimativas de valor genético de animais. 
Em todas as fases do processo precisa-se ter rigor para se alcançar os 
objetivos. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS: BALANÇO E TENDÊNCIAS DO USO DE 
RECURSOS GENÉTICOS 
 As raças bovinas disponíveis e as varias características e alternativas 
para a exploração destes recursos genéticos. Para obter sucesso, depende 
apenas do biótipo animal adequado as características para satisfazer as 
demandas do mercado. 
 Para obter menores custos de produção é preciso usar a melhor raça 
adaptada às demandas desejáveis. Sendo que, para ocorrer ganho de 
produtividade e de qualidade de produtos, precisa-se do básico do animal: 
saúde e alimentação. Já a implantação de manejo produtivo correto é preciso 
contribuir para a criação de bezerros saudáveis e reprodutores subférteis. 
 Em contra partida sistemas que envolvem cruzamentos entre raças são 
de custo maiores e precisa de atenção ás condições de mercado, cuidando das 
raças de reprodução e atenção a administração do negócio. 
 A criação de raças européias na região Sul e regiões de altitudes, no 
Centro-Oeste e Sudeste e demais regiões as raças zebuínas. Em regiões de 
sistema integrados lavoura-pecuaria e lavoura-pecuaria-floresta. Em regiões 
carentes de infraestrutura o predomínio na pecuária extensiva de cria é o uso 
de touros melhorados em monta natural. 
 A migração da pecuária das regiões Sul, Sudeste em direção ao Centro- 
Oeste, Nordeste e principalmente Norte em função de varias demandas. Nestas 
condições e diante do cenário a adaptabilidade passará a ser ainda mais 
decisiva para o sucesso da produção de carne bovina em meio ambiente 
tropical demandando atenção permanente não apenas em criadores, no 
estabelecimento dos sistemas de produção, como também dos programas de 
melhoramento genético animal, para planejamento de trabalhos de seleção em 
médio e longo prazo.