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1 Keyse Mirelle – 7° Período Ortopedia – 18/04/2022 ORTOPEDIA PEDIÁTRICA DISPLASIA DO DESENVOLVIMENTO DO QUADRIL Talvez essa é a mais importante de todas. Antigamente chamada de luxação congênita do quadril. A definição mudou porque sabemos atualmente que não é somente uma luxação, ou seja, um evento traumático, mas sim um defeito no quadril da criança. - Uma patologia idiopática - Herança familiar, ou seja, gêmeos, irmãos, parentes de 1° grau tem a tendência a ter displasia. - Interfere na congruência articular entre o fêmur proximal com o acetábulo e pode chegar até a luxação articular Temos na imagem acima uma diferença entre o quadril direito e o quadril esquerdo. No quadril esquerdo a cabeça do fêmur está locada dentro do acetábulo e o direito a cabeça do fêmur está luxada em relação ao acetábulo. ETIOLOGIA Tem uma etiologia idiopática, ou seja, existe várias teorias. As teorias mais aceitas estão abaixo: - Teoria Mecânica: pressão intra-uterina sobre o quadril, isso irá causar essa displasia, por exemplo, criança com restrição de crescimento intra-uterino, como oligoidramnio, gravidez gemelar ou múltipla, isso predispõe a ter uma displasia de movimento de quadril. - Teoria hormonal: ação do estrógeno atuando na frouxidão cápsulo-ligamentar, nesse caso temos um excesso de estrogênio. - Teoria genética: ligada a raça. Frequentes descendentes europeus, é tanto que alguns países da europa, como a Noruega e Finlândia é de triagem neonatal fazer a USG pelo método de Graf. Não foram encontrados raça negra da América Central e índios Xingú. Obs: No Brasil só faz USG do quadril infantil quando tem a suspeita, em geral quem faz a suspeita é o neonatologista, mas se só tiver o médico clinico geral e for fazer o parto quem fará é ele. Não podemos deixar passar e não fechar o diagnóstico, pois o paciente pode progredir com sequelas. DIAGNÓSTICO O diagnóstico é clínico, associado ao exame de imagem. No diagnóstico clínico fazemos basicamente duas manobras que é a de Barlow e a de Ortolani, vamos fazer essas manobras em todas as crianças nativivas, ou seja, todas as crianças que nascerem vamos fazer a triagem da displasia do desenvolvimento do quadril. - A manobra de Barlow: vamos apoiar de maneira unilateral, logo seguramos a pelve da criança com uma das mãos, com a outra mão vamos apoiar o trocânter com os dois dedos e na face interna da coxa com o polegar. Vamos fazer um movimento, com o joelho a 90° e quadril a 90° empurrando o quadril para posterior. Vamos procurar nessa manobra sentir/ouvir o ‘’clique’’ do quadril deslocando ou vamos sentir/ouvir um ‘’estalido’’ que é justamente o quadril saindo do lugar, ele só irá sair se tiver tendência a obstrução, ou seja, se ele for displásico. Se ele não for displásico, ele não tem tendência a fazer barulho nenhum. Devemos primeiro fazer um lado e depois fazer o outro lado. Essa manobra é para luxar o quadril. - A manobra de Ortolani: o apoio é o mesmo descrito acima, vamos fazer uma abdução do membro e uma tração para superior. Por exemplo, quadril luxado para posterior vamos reduzir esse quadril e vamos sentir também um estalido ou ressalto. Tentamos reduzir o quadril. 2 Keyse Mirelle – 7° Período Ortopedia – 18/04/2022 Obs: Essas manobras devem ser feitas separadas e não juntas. Devemos fazer em todas as crianças, e naquelas que sentirmos que tem alguma alteração vamos solicitar uma USG de graf. Obs: Não pedimos RX, porque a criança RN não tem praticamente osso nenhum, e sim praticamente só cartilagem. - USG: método de GRAF (avaliação angular, conseguimos avaliar o grau de cobertura óssea do acetábulo em relação a cabeça do fêmur. Ele vai nos dizer se o quadril é normal, displásico ou luxado). - RX: Idade mais avançada, usado em diagnóstico tardio. TRATAMENTO - 0 a 6 meses: uso órteses (Pavilik)- Controle USG e/ou RX O tratamento para displasia do desenvolvimento do quadril vai ser feito de 0 a 6 meses e vai ser usando a órtese PAV ou suspensório de PAV, essa mantém o quadril da criança em flexão e abdução, vamos manter o suspensório por um período de 3 até 6 meses e vai controlando com uma USG, vamos ver se a cabeça do fêmur está fora ou dentro, por exemplo se tivesse fora o acetábulo vai conseguir se formar com a cabeça lá dentro, então se forma um acetábulo normal. Então, quando o diagnóstico é precoce é muito simples de tratar. - 6 a 18 meses: redução fechada com ou sem tenotomia adutores e aparelho pelvepodálico. Se for iniciar um tratamento tardio, após 6 meses, vamos provavelmente fazer uma redução fechada no centro cirúrgico, vamos pegar o quadril da criança e reduzir no CC e instalar um gesso, esse gesso fica em torno de 3-6 meses também. - 18 a 30 meses (fase deambulativa): redução aberto com tenotomia/aparelho gessado e/ou osteotomia acetabular (salter) Se nem com 6 meses diagnostiquei, é muito provável que na fase deambulativa precise de uma redução aberta, vamos então abrir a articulação, reduzir e instalar o gesso. - Acima 30 meses: redução aberta com osteotomias acetabular e/ou femorais (varizante e derrotatória) Se for um diagnóstico muito tardio, possa ser que precise fazer uma cirurgia de osteotomia acetabular. Quando temos um quadril luxado precisamos abrir, reduzir a articulação, cortar o acetábulo e redirecionar esse acetábulo, ou seja, um tratamento cirúrgico. Obs: Quanto mais tardio o diagnóstico, pior é o prognóstico dessa criança. Então, quanto mais cedo melhor, pois vamos fazer um tratamento mais simples, com maior resolução e menor sequelas. Obs: Instalar o gesso a criança deve está anestesiada. PÉ TORTO CONGÊNITO DEFINIÇÃO É uma deformidade congênita tridimensional e complexa do pé. Com: 3 Keyse Mirelle – 7° Período Ortopedia – 18/04/2022 - Equino e varo do retropé - Adução do ante-pé - Cavo plantar acentudo O diagnóstico é clínico, logo não precisa de nenhum exame de imagem. O pezinho é fixo, se colocar no lugar não vamos conseguir corrigir. E como é fixo, temos um diagnóstico clínico, logo podemos encaminhar para o tratamento. Obs: Pode ser unilateral. EPIDEMIOLOGIA - 1:1000 nativivos - 2-3 meninos:1 menina - Bilateral é mais frequente - Lado direito é mais frequente quando é unilateral. ETIOLOGIA Não está bem definida. Existem várias teorias... - Teoria mecânica: A mais antiga. O paciente seria decorrente de má posição fetal, feto grande, gravidez gemelar, escassez e líquido amniótico. Ainda não comprovado cientificamente a relação da gravidez e os pés mal formados. A questão postural que influencia. - Teoria genética: os mapas cromossômicos não demonstram as alterações significativas. Não foi confirmado ainda nenhum cromossomo associado ao pé torto congênito. - Teoria da parada do desenvolvimento embrionário: 8° e 10° semanas, não houve a torção do pé sobre a perna, o pé continua seu desenvolvimento se faz de forma anômala. Obs: Entre a 8 a 10 semana é quando forma a perna e o pé, se tiver uma parada temos o pé torto congênito. - Teoria neuromuscular: seria provocado por um desequilíbrio muscular nos pacientes existem grupos musculares desequilibrados: 03 hipertônicos e 01 hipotônicos. O músculo posterior da perna é mais forte que a anterior, logo causa a deformidade. Hipertônicos: tríceps sural (equino), músculos tibiais (supinação) e músculos intrínsecos da região plantar. TRATAMENTO - Técnica de Ponseti (temos sucesso de 95%): sequência de troca gessada. É um tratamento barato, precisa somente de gesso e é feita em ambulatório, a troca é seriada, logo acada 2 semanas vamos trocando e corrigindo a deformidade. Obs: Quanto mais precoce iniciar o tratamento, maior será o sucesso. Podemos tentar mais tardio, mas piores serão os resultados. Existem outras técnicas, na literatura, mas não tem tanto sucesso, exemplo: cirurgia de caitlyn, cirurgia de sinsenat. LEGG – CALVE – PERTHES DEFINIÇÃO Necrose asséptica idiopática da epífise femoral proximal. Obs: Se tiver alguma causa para necrose não vai ser Legg – Calve- Perthes. Ocorre normalmente em crianças em torno de 7 anos. Na imagem abaixo temos do lado direito várias fragmentações na cabeça do femoral. No lado esquerdo não temos. 4 Keyse Mirelle – 7° Período Ortopedia – 18/04/2022 ETIOLOGIA - A etiologia exata da doença de LCP não é conhecida - Autores tenham mostrado que 70% dos pacientes portadores dessa patologia apresentam anormalidades trombolíticas. ▪ Proteínas anormais C e S ▪ Hipofibrinólise - Tabagismo passivo EPIDEMIOLOGIA - 3 e 10 anos de idade, mas comum entre 7-8 anos. - Meninos (4:1) - 10% são bilaterais, ou seja, a grande maioria é bilateral. Na imagem abaixo temos o lado esquerdo todo fragmentado, essa criança irá se apresentar com dor, claudicação, limitação da rotação interna. Várias patologias de quadril limita a rotação interna, podendo chegar com atitude em rotação externa do membro. DIAGNÓSTICO - Exame físico ▪ Dor ▪ Claudicação ▪ Limitação da rotação interna - RX ▪ Sinais de necrose Ao fazer o RX pode ter sinais de necrose, como na imagem acima. Se não ver nada no RX, pedimos RM (padrão ouro), vemos alterações mais precoces. Na imagem vemos uma necrose da epífise do fêmur proximal esquerdo. - RM ▪ Alterações precoce TRATAMENTO Normalmente é conservador, logo vamos: - Manter a mobilidade articular, como mandar a criança brincar, não vamos fazer fisioterapia. Ademais lembrar que nunca vamos fazer cirurgia. 5 Keyse Mirelle – 7° Período Ortopedia – 18/04/2022 Obs: A necrose para depois de 1 ano da correção por meio do tratamento conservador, logo remodela e para de doer. Analgesia, pode usar muletas, mas a maioria das vezes mandamos a criança brincar e entrar com analgésico quando tiver necessidade. Logo é uma patologia de ótimo prognóstico. EPIFISIÓLISE - Escorregamento lento e gradual da epífise proximal femoral secundário a patologia que leva ao enfraquecimento da placa de crescimento. É uma doença na placa de crescimento que leva ao escorregamento da epífise sobre o osso femoral. Nas imagens abaixo, não temos uma fratura com trauma associado e a doença está na placa de crescimento. Normalmente associada a doenças endócrino metabólicas e isso leva a um deslizamento da placa epifisária. Na imagem acima, temos do lado direito um quadril normal e o lado esquerdo temos a cabeça do fêmur completamente ‘’capotada’’. Mais comum essa patologia na liberdade. EPIDEMIOLOGIA - Adolescentes com aumento do índice de massa corpórea (IMC) e com imaturidade esquelética -> Probabilidade de desenvolver a doença. - Dois a três habitantes em cada 100.000 - > nas crianças de etnia negra ▪ Quanto ao gênero: 3 : 1 - Ocorre no último estirão de crescimento: 13 a 15 anos 11 a 13 anos - Mais frequente a esquerda, porem bilateralidade variam de 30%, 50% em até 80%. Nessa imagem temos um paciente típico, logo tem massa aumentada, inatividade esquelética ainda, esse paciente tem alterações endócrino metabólica. Normalmente acontece quando está passando pelo estirão do crescimento, com ginecomastia. Vai chegar o paciente com dor, claudicação e rotação externa do membro, ele anda com os pés mais abertos para ficar livre de dor e porque acontece o deslocamento da cabeça femoral. No exame físico fazemos o teste dreimon, vamos tentar fazer a flexão do quadril do paciente, ele rota externo, não conseguindo fletir corretamente. Vamos pedir RX de bacia + AP +RÃ ETIOLOGIA FATORES MECÂNICOS - GALBRAITH E COL - adolescentes acima do peso, pelo ↑ retroverssão femoral coloca a fise sob as forças de cizalhamento. - CHUNG E COL - a orientação vertical da fise + filamento do anel peroicondral favorecem ao escorregamento, que ocorre na zona hipertrófica da fise, mais fraca. FATORES HORMONAIS - Epf x disfuncao endocrina. - O desequilíbrio entre os hormônios sexuais e os hormônios de Crescimento (GH) => a proliferação das células e Enfraquecimento na zona hipertrófica da placa de crescimento. Associada a obesidade acarreta o deslizamento. DIAGNÓSTICO 6 Keyse Mirelle – 7° Período Ortopedia – 18/04/2022 - Adolescente acima do peso, claudicação, dor no quadril e/ou no joelho e padrão em rotação lateral de todo membro acometido. - Positividade da manobra de Drehman (realça a rotação externa e a abdução do membro acometido). - No escorregamento crônico o diagnóstico é feito na entrada do paciente no consultório: com ou sem dor, claudicação mais intensa, marcha com todo o membro acometido em rotação lateral extrema. - RX bacia em AP + RÃ (Louenstein) – Deslizamento Nesse RX o quadril está um pouco deslocado no quadril direito e o outro muito deslocado no quadril esquerdo. Esse é um caso de urgência, logo se pegarmos um caso desse o tratamento é sempre cirúrgico, não cabe tratamento conservador. De modo geral vamos fazer a fixação in situ. TRATAMENTO - Agudo: ▪ Fixação in situ com um pino (passamos um parafuso, 3 corticais, passamos a epífise para impedir que essa cabeça continue a ‘’capotar’’. Nesse caso não colocamos a cabeça no lugar e fixamos, pois se fizermos isso essa cabeça tem grande tendência de necrose. Obs: A necrose da cabeça do fêmur é muito frequente principalmente se reduzir. Obs: Não vamos fechar a epifisiodese de crescimento, quando passamos menos de 8% não tem tendência a fechar, vamos tentar só impedir que a cabeça femoral deslize mais. - Crônico ou Crônico-agudizado: ▪ Fixação in situ ▪ Osteotomias- casos crônicos, trazer para o lugar e fixar, vamos cortar uma parte do osso, vai nos dar uma certa distância e vamos então reduzir. Tem menos tendência a necrose. Obs: Devemos lembrar que independente da técnica quando tentamos reduzir teremos altas chances de necrose. ▪ Uso de artroscopia do quadril Obs: Necrosar epífise é uma complicação trágica para o quadril. Obs: A técnica de Dan é subcapital, corta a cabeça fêmur e a chance de necrose é de 50%. Como procurar uma fratura? Procura-se primeiro áreas que tenha uma falta de continuidade da cortical e principalmente uma linha preta (região menos radiodensa) atravessando a diáfise do osso. Obs: FRATURA NUNCA É LINHA BRANCA. Obs: Não existe fissura em osso, logo ou está ou não está quebrado.
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