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UNIDADE 4. Seção 1 de 4 Análise e gerenciamento de investimentos financeiros Paula Esquerdo OBJETIVOS DA UNIDADE Aprender sobre os prazos de retorno de capital; Diferenciar payback simples de descontado; Entender sobre o prazo de retorno e a vida útil do bem e seus diferentes tipos; Conhecer os custos uniformes; Entender sobre o conceito de juros nulos; Realizar uma análise de sensibilidade e entender sobre ponto de equilíbrio; Diferenciar as condições de certeza, risco e tomada de decisão; Realizar os cálculos de frequência estatística; Calcular a média, mediana e moda; Tornar o aluno capaz de analisar a viabilidade econômica de um projeto. TÓPICOS DE ESTUDO Clique nos botões para saber mais Prazo de retorno ou prazo de recuperação do capital investido – // A validade do método // Comparação do prazo de retorno com a vida útil do bem // Vida útil real, vida útil contábil e vida de serviço // Custo uniforme em lugar de valores uniformes // Cálculo do prazo de retorno por etapas // Prazo de retorno a juros nulos Análise da sensibilidade – // Sensibilidade de uma alternativa // Sensibilidade de várias alternativas // Análise do ponto de equilíbrio Condição de certeza e risco – // Fluxo de caixa sob condição de certeza e incerteza // Tipos de curvas de frequência de ocorrência // Probabilidade de viabilidade de um empreendimento Prazo de retorno ou prazo de recuperação do capital investido Seção 2 de 4 O prazo de retorno do investimento (PRI) ou prazo de recuperação do capital investido, também conhecido como payback, tem como objetivo esclarecer o período de tempo necessário para que o investidor recupere o montante investido; ou seja, é o tempo em que o montante do ganho acumulado se iguala ao montante investido. O resultado consiste em uma unidade de tempo: Como o resultado do payback indica o número de períodos necessários para a recuperação do investimento, logo, quanto menor o payback de um projeto, menor o risco do investimento. Por outro lado, um payback alto revela um risco elevado na execução do projeto em estudo (SOUZA; CLEMENTE, 2008). // Critérios de avaliação bullet Payback < ou = período máximo aceitável de recuperação = aprova o projeto; bullet Payback > período máximo aceitável de recuperação = reprova o projeto. Por apresentar cálculo e compreensão simples, o payback é amplamente utilizado como um método para triagem de viabilidade de projetos. De forma resumida, o Gráfico 1 exemplifica o comportamento desse mecanismo. Gráfico 1. Visão geral do payback. // Tipificação bullet Payback simples (PBS): utiliza valores nominais, isto é, não considera o valor do dinheiro no tempo; bullet Payback descontado (PBD): considera os fluxos de caixa descontados, assim como o valor do investimento no tempo. A VALIDADE DO MÉTODO Uma vez que existem riscos na análise, gestão e na própria evolução de investimentos, o payback pode ser utilizado como indicador primário ou adicional para a decisão. O gestor emprega os métodos necessários para otimizar os resultados, devendo considerar as vantagens e desvantagens oferecidas por cada um. Da mesma forma como ocorre com outros métodos, no payback há imperfeições, mas a Engenharia Econômica tenta mitigar esses riscos. O mecanismo está diretamente ligado à identificação do payback simples e às suas restrições e, portanto, também à proposição do payback descontado. Dependendo dos objetivos e das margens de erro aceitas pelo gestor, um ou outro método pode ser aplicado. Entretanto, é essencial compreender que, para maior assertividade, a opção pela teoria das opções reais é a mais conservadora. No caso do payback descontado, há uma maior aproximação com o resultado real. Se os fluxos de caixa forem todos positivos, podemos afirmar que o payback descontado será sempre maior que o payback simples. Veremos maiores detalhes sobre os payback simples e descontado mais adiante. Verificaremos, a seguir, como os métodos de análise de retorno do investimento consideram, além das variáveis já apresentadas, o tempo de vida útil do bem para a tomada de decisão. COMPARAÇÃO DO PRAZO DE RETORNO COM A VIDA ÚTIL DO BEM O processo que compara o prazo de retorno com a vida útil do bem é chamado de depreciação, que verifica a desvalorização do bem no tempo. É uma forma de medir a perda gradual do valor do investimento, reconhecida como uma despesa para a firma. Nas aplicações financeiras, a inflação é um ponto de depreciação. O mesmo montante de hoje não detém o mesmo poder de compra daqui a cinco anos, por exemplo. // Fórmula geral A fórmula geral do conceito da depreciação é dada por: Onde: bullet Deprec é a depreciação; bullet P é o montante a ser depreciado; bullet N é o período total em que o montante deve ser depreciado. // Tipificação 1 1 Método linear; 2 2 Método acelerado; 3 3 Método somatório dos dígitos periódicos (Método de COLE); 4 4 Método de saldo decrescente; 5 5 Método multinível; 6 6 Método de baixa contábil imediata; 7 7 Método de depreciação especial; 8 8 Método de depreciação manual. Abordaremos com mais detalhes alguns dos tipos de depreciação para que possamos compreender o mecanismo de forma geral. // Depreciação linear É um método amplamente utilizado e consiste na depreciação homogênea do bem durante o tempo. 1 2 Gráfico 2. Depreciação linear: valor bem. Gráfico 3. Depreciação linear: valor quota depreciada. A fórmula da depreciação linear é dada por: Onde: bullet DeprecL é a depreciação linear; bullet VI é o valor inicial a ser depreciado; bullet VR é o valor residual a ser depreciado; bullet PU é o período total em que os valores devem ser depreciados, ou vida útil do bem. No Brasil, compete à Receita Federal o gerenciamento dos percentuais de depreciação linear de bens para efeitos fiscais. DICA Para saber mais acerca do gerenciamento dos percentuais de depreciação linear de bens, visite o portal da Receita Federal, que disponibiliza uma tabela indicando os bens, o prazo de vida útil geral, além da taxa anual de depreciação de cada um. CLIQUE AQUI // Depreciação acelerada http://normas.receita.fazenda.gov.br/sijut2consulta/anexoOutros.action?idArquivoBinario=36085 A depreciação acelerada pode ocorrer por diversas razões, podendo se dar devido à super utilização ou à superexposição ao desgaste de um equipamento durante a vida útil do mesmo. Por exemplo, uma máquina com previsão inicial de uso de um turno e passa a ser utilizada em quatro turnos em determinado momento. 1 2 Gráfico 4. Depreciação acelerada: valor bem. Gráfico 5. Depreciação acelerada: valor quota depreciada. A depreciação acelerada tem como base a depreciação linear, aplicada ao saldo e período residual do bem. Suponhamos uma situação em que um equipamento é adquirido por R$ 600.000 com depreciação estimada em cinco anos a 20% a.a., com utilização de um turno na produção. A partir do segundo ano completo, a máquina passa a ser utilizada em três turnos, aumentando a depreciação para 60% a.a. 1 1 Dois primeiros períodos: 2 2 Dois últimos períodos: Portanto, o saldo a depreciar, a partir do segundo ano, ocorrerá em um ano. O período total da depreciação que, inicialmente, era de quatro anos, será, com a depreciação acelerada proposta, de dois mais um ano, ou seja, três anos. // Método somatório dos dígitos periódicos (Método de COLE) A depreciação utilizando o método das somas dos dígitos, ou método de Cole, também conhecida como SOYD (em inglês, sum of years’ digits), proporcionaliza inversamente o período e a quota a depreciar. O que significa que, nos primeiros períodos, há melhores condições de produção e, portanto, maiorescondições à depreciação. Ao contrário, ao final da vida útil do bem, haveria impacto nos custos e volume de produção e, por isso, menores condições à depreciação. 1 2 Gráfico 6. Depreciação por soma dos dígitos: valor do bem. Gráfico 7. Depreciação por soma dos dígitos: valor da quota depreciada. A fórmula da depreciação por soma dos dígitos é dada por: Onde: bullet Deprec é a depreciação linear pela soma dos dígitos; bullet N é o total de anos para depreciação do bem; bullet t é o período em que se está analisando a depreciação; bullet SOYD é a soma dos dígitos do total de anos para a depreciação do bem; bullet I0 é o investimento total inicial; bullet R é o saldo residual esperado do bem. Exemplificando: um ativo custa R$ 10.000,00, a vida útil é de cinco anos e o saldo residual final esperado é de R$40,00: bullet N = 5; bullet SOYD = 5+4+3+2+1 = 15; bullet I0 = 10.000,00; e bullet R = 40,00. VIDA ÚTIL REAL, VIDA ÚTIL CONTÁBIL E VIDA DE SERVIÇO Na depreciação é preciso distinguir a vida útil real, a vida útil contábil e a vida de serviço. Deve-se iniciar a depreciação somente quando o bem estiver disponível para uso, e o encerramento ocorre quando ele se torna oficialmente ocioso, ou seja, quando retirado de uso (vendido, por exemplo) ou quando for baixado por outra razão. Vida útil real É a vida econômica e diz respeito ao prazo real de duração do bem, considerando o momento em que ele esteja ocioso para a firma e/ou que não possa ser mais utilizado. Esse prazo é definido pela firma. A teoria da depreciação envolve a distinção entre o valor do estoque de ativos de capital e o valor anual desses serviços de ativos, distinguindo entre depreciação e inflação como fontes da mudança no valor do ativo, e distinguir entre a depreciação nos valores dos ativos e deterioração na produtividade física de um ativo. Definimos depreciação econômica como o declínio no preço do ativo (ou preço sombra) devido ao envelhecimento (HULTEN; WYKOFF, 1981, p. 84). Vida útil contábil Está relacionada à vida fiscal, referindo-se ao prazo de duração do bem atendendo a uma regulação oficial (Receita Federal, por exemplo). Vida de serviço Diz respeito ao prazo de serviço, ou seja, à utilização do bem que pode, eventualmente, ser menor que a vida útil. Está ligada à depreciação de performance do bem. É comum a divisão da vida útil de serviço em diversas etapas, considerando o desempenho do bem. Logo, depende da capacidade de produção versus o desembolso para manutenção. É suficiente para nossos propósitos observar que à eficiência física de um novo ativo pode, na ausência de obsolescência, ser atribuído um índice de eficiência igual a um, e o índice de eficiência de um ativo usado pode ser definido como a taxa marginal de substituição na produção entre aquele ativo usado e o novo ativo. Quando ocorre a obsolescência, a eficiência índice de novos ativos aumenta com o tempo (HULTEN; WYKOFF, 1981, p. 88). 1 2 3 Gráfico 8. Exemplo de vida útil de serviço = contábil = real. Gráfico 9. Exemplo de vida útil de serviço < contábil < real. Gráfico 10. Exemplo de vida útil de serviço = contábil < real. Verificamos, então, que podemos nos deparar com cenários nos quais o prazo de vida útil é inferior ou superior ao estimado por instruções normativas ou prazo contábil. Existem consequências e abordagens fiscais distintas da depreciação na firma a depender em qual regime esteja enquadrada: se ao lucro real, ao lucro presumido ou, ainda, ao simples nacional. O objetivo aqui é apresentar a depreciação do bem de forma geral e, por isso, não entraremos nos detalhes fiscais de cada aplicação. CUSTO UNIFORME EM LUGAR DE VALORES UNIFORMES Como existem sinônimos para diversos métodos na análise de investimentos, devemos esclarecer a relação custo uniforme e valores uniformes: Clique nos botões para saber mais Valor Presente Líquido (VPL) Resumidamente traz um valor futuro ao valor presente, representando em valores monetários atuais a diferença entre recebimentos e pagamentos. Já o Valor Uniforme Líquido (VUL) nada mais é do que o Valor Presente Líquido Anualizado (VPLA), também conhecido por Valor Anual Equivalente (VAE) ou Valor Anual Uniforme Equivalente (VAUE) ou Valor Anual Uniforme (VAU). Custo Presente Líquido (CPL) Ocorre quando o VPL é negativo, significando que as receitas são menores que os custos. O chamado Custo Uniforme Líquido (CUL) está para VUL assim como CPL está para VPL, ou seja, CUL ocorre quando o VUL é negativo, indicando que as receitas são menores que os custos. CUL também é conhecido por Custo Anual Equivalente (CAE) ou Custo Anual Uniforme Equivalente (CAUE) ou, ainda, Custo Anual Uniforme (VAU). A utilização do CUL é frequente na análise do problema da substituição de equipamentos (PSE), em que devem ser calculados os fluxos de caixa para o equipamento contendo todos os custos e receitas possíveis geradas a partir dele considerando a vida útil, incluindo seu valor residual. Para Casarotto Filho e Kopittke (2010), para o cálculo da vida econômica existe o balanço de dois custos: o custo de investimento inicial, que tende a tornar a vida útil do bem o maior possível, e os custos de operação/manutenção, que tendem a encurtar a vida útil do bem, já que são crescentes. Assim, esses autores dizem que a determinação da vida econômica consiste em achar os custos ou resultados anuais uniformes equivalentes (CAUE ou VAUE) do ativo para todas as vidas úteis possíveis. O ano para o qual o CAUE é mínimo ou o VAUE é máximo é o da vida econômica do ativo (MARIA e colaboradores, 2016, p. 5). A fórmula do CUL é dada por: Onde: CUL é o Custo Uniforme Líquido; n é o número de períodos analisados ou duração do investimento; t é o período específico que está sendo analisado; Ct é o custo na data t; DIt é o desembolso ou investimento na data t; i é o custo de capital ou TMA. De outro modo, La Vega e Abensur (2014) indicam a seguinte fórmula: Onde: CUL é o Custo Uniforme Líquido; VPL é o Valor Presente Líquido; n é o número de períodos analisados ou duração do investimento; i é o custo de capital ou TMA. Exemplificando: analise a Tabela 1 a fim de verificar o CUL em duas possibilidades de investimentos. Tabela 1. Informações para identificar CUL com duas possibilidades de investimentos. CUL (A) < CUL (B), logo, anualmente, é menos custoso, então (A) é mais vantajoso. CÁLCULO DO PRAZO DE RETORNO POR ETAPAS O cálculo do prazo de retorno por etapas, também conhecido por payback descontado (PBD) ou payback modificado, utiliza o cálculo a juros reais. Relembremos a diferença dos paybacks simples e descontado. A fórmula do payback descontado é dada por: Onde: PBD é o payback descontado; I0 é o investimento inicial; n é o número total de períodos; t é o período específico de n; R é a receita proveniente do período t; C é o custo proveniente do período t; i é a taxa de juros empregada. Exemplo 1: o payback esperado do investimento é de cinco anos. Verificaremos o payback descontado com investimento de cinco períodos, com aporte inicial de R$100.000,00 a uma taxa de 5% a.a., conforme segue: I0 = R$100.000,00; i = 5%. Considere as informações que constam na Tabela 2 para avaliar a questão. Tabela 2. Informações para identificar PBD mais atrativo. PBD calculado 4,58 < PBD esperado 5, logo, o projeto é atrativo. PRAZO DE RETORNO A JUROS NULOS O cálculo do prazo de retorno a juros nulos, também conhecido por payback simples (PBS), utiliza o cálculo a juros nulos. Apesar das desvantagens quando comparado ao payback descontado por não considerar as variações do dinheiro no tempo, o payback apresenta a vantagem por ser simples e de fácil entendimento. O período dePayback Simples (PBS) é facilmente calculado, representando o número de períodos requeridos para cobrir o investimento no projeto (GITMAN, 1997, p. 327). A fórmula do payback simples para fluxos de caixa iguais é dada por: PBSR Onde: PBSR é o payback simples de fluxo de caixa regular; I0 é o fluxo de caixa inicial; FC é o retorno do período. A fórmula do payback simples para fluxos de caixa variáveis é dada por: Onde: PBSI é o payback simples de fluxo de caixa irregular; N é a posição da soma do fluxo de caixa que mais se aproxima do investimento inicial; I0 é o fluxo de caixa inicial; FCN é o fluxo de caixa na posição n, ou seja, soma dos fluxos de caixa mais próxima do investimento inicial. Exemplo 2: o payback esperado do investimento é de cinco períodos. Verificaremos o payback simples de fluxo de caixa regular com aporte inicial de R$100.000,00 e retorno de R$30.000,00 por período. I0 = R$100.000,00; FC = R$30.000,00. Considere as informações da Tabela 3 para avaliar a questão. Tabela 3. Informações para identificar PBSr mais atrativo. PBSr calculado 3,33 < payback esperado era 5, logo o projeto é atrativo. Exemplo 3: o payback esperado do investimento é de dois anos. Verificaremos o payback simples de fluxo de caixa irregular com aporte inicial de R$100.000,00, conforme abaixo: N = 2; I0 = R$100.000,00; FCn = (FC1) R$30.000,00 + (FC2) R$40.000,00 = R$70.000,00; FCn + 1 = (FC3) R$50.000,00. PBSI calculado = 2,6 > payback esperado (2), logo o projeto não é atrativo. Análise da sensibilidade Seção 3 de 4 A análise de sensibilidade ou análise de pós-otimização é um método que objetiva variar um ou mais fatores que influenciam o fluxo de caixa do projeto, mantém os demais em seu patamar de referência e calcula o efeito na variável de decisão. Assim, é possível determinar a sensibilidade dos fatores verificando os que merecem mais atenção e quais têm maior efeito ou quais são mais sensíveis (MATTOS; VASCONCELLOS, 1989). Figura 1. Análise de sensibilidade em produção no que se refere ao consumo, tempo e produção. Podemos reduzir a fórmula da sensibilidade de alternativas por: Max Z(X) = X1 + X2 Onde: X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; Z é chamada de função objetivo. Existem duas perspectivas para a abordagem da análise da sensibilidade: sensibilidade de uma alternativa e sensibilidade de várias alternativas. SENSIBILIDADE DE UMA ALTERNATIVA A análise de sensibilidade de uma alternativa, ou Ceteris paribus ou Coeteris paribus (do latim, "todo o mais é constante"), está diretamente ligada ao conceito de elasticidade, e ocorre quando somente uma variável é alterada e, portanto, as demais se mantêm no mesmo nível original. Resumidamente, é utilizada para avaliar o impacto da alteração de uma variável em outra. Um exemplo clássico de relação direta de sensibilidade de uma alternativa está na conhecida relação demanda e oferta sobre a formação de preços. A lei geral da demanda nos indica que o preço de um bem varia na relação inversa à sua quantidade demandada. A fórmula de sensibilidade de uma alternativa é dada por: Exemplificando: calcularemos a elasticidade dos pontos, considerando: X1 = 60, X2 = 84, Y1 = 15 e Y2 = 23. O estudo da análise de sensibilidade ou elasticidade é bastante extenso e, aqui, introduzimos os conceitos gerais do método. A seguir, avançaremos um pouco em nível de complexidade do método. SENSIBILIDADE DE VÁRIAS ALTERNATIVAS A análise de sensibilidade de várias alternativas tem suas origens nos estudos de programação linear e caracteriza-se por ser a alteração em mais de uma variável. Diferentemente da análise de sensibilidade de uma alternativa, essa é uma análise mais complexa na qual verificam-se diversas mudanças ao mesmo tempo para medição do impacto. Existem diferentes métodos para verificar a sensibilidade de várias alternativas. Apresentaremos, nesta unidade, o método Simplex. Vejamos o passo a passo de um exemplo, visando maximizar o lucro no cenário, como na Tabela 4, por meio do método Simplex. Tabela 4. Informações para cenário de exemplo pelo método Simplex. Max Lucro Z(X) = 68X1 + 87X2 Restrições onde: X1 ≥ 0; X2 ≥ 0; 100X1 + 76X2 ≤ 360; 80X1 + 96X2 ≤ 288; Passo 1 Igualar elementos da função a zero. Passo 2 Lançar mão das variáveis de folga com base nas restrições. Passo 3 Elaborar a tabela Simplex. Passo 4 Escolher a coluna pivot, menor número negativo ou maior valor absoluto. Passo 5 Escolher a linha pivot que tenha o menor resultado da divisão do total da linha pelo respectivo número na coluna pivot, desprezando-se a primeira linha que diz respeito à função objetiva. Assim, encontramos o número pivot, que é o número interseção da linha com a coluna pivot, ou seja, 96. Passo 6 Calcular nova linha pivot, dividindo seus elementos pelo elemento pivot anterior encontrado. Passo 7 Calcular novas linhas com base na nova linha pivot. a) Escolha o item da coluna pivot na linha 1 (-87), mas com sinal invertido, portanto (+87), e multiplique-o pela nova linha pivot, criando a base para a primeira linha. Passo 8 Consolidação da nova tabela geral com base nos cálculos anteriores. Passo 9 Identificação das variáveis e resultado. Variáveis básicas (contêm 0 e 1); X2: para X2 = 1, então lucro = 3; F1: para F1 = 1, então lucro = 132. Variáveis não básicas (não contêm 0 e 1): neste momento, podemos zerá-las para o resultado. X1: 0; F2: 0. Resultado: Max Lucro Z(X) = 68X1 + 87X2 Logo, Max Lucro Z(X) = 68(0) + 87(3) = 0 + 261 = 261. ANÁLISE DO PONTO DE EQUILÍBRIO A análise do ponto de equilíbrio também é conhecida por sensibilidade do ponto de equilíbrio, análise do ponto morto, ponto de equilíbrio de investimento (PEI), ponto de equilíbrio financeiro (PEF), break-even point ou break-even. Consiste em verificar em que ponto as receitas cobrem todos os custos, tornando o fluxo de caixa de negativo a nulo, ou seja, é o ponto a partir do qual o investimento começará a apresentar resultado positivo. EXPLICANDO Há muitas vantagens ao se analisar o ponto de equilíbrio, sendo algumas delas direcionadas à área de gestão dos negócios, projetos e de empreendimentos. Podemos mencionar como benefícios o estabelecimento de metas; a possibilidade de aumento ou diminuição da capacidade produtiva, dependendo do resultado da análise; e, ainda, a indicação de setores, produtos ou serviços que não apresentam lucro, ou que são menos rentáveis. A fórmula do ponto de equilíbrio é dada por: Exemplificando: a firma tem custo fixo de R$210.000,00 fabricando somente um único tipo de produto. O preço de venda unitário é de R$1.000,00, com custos variáveis de fabricação de R$400,00. Calculemos a quantidade necessária de unidades a serem vendidas para atingirmos o ponto de equilíbrio: Condição de certeza e risco Ao se deparar com a necessidade de tomar decisões, o gestor conta com uma gama de ferramentas da engenharia econômica, desde a avaliação até a viabilização dos projetos na prática. Mas, além do que já vimos, existem condições pelas quais tais decisões são tomadas: lique nas abas para saber mais CONDIÇÃO DE C ERTEZA https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4559.87671/content/_5259920_1/scormcontent/index.html Ocorre quando os participantes da tomada de decisão estão sob completo domínio da questão, o que pode se dar devido a alguma experiência prévia ou ainda por obterem, de antemão, alguma informação que os beneficie por conhecerem os desdobramentos da escolha. CONDIÇÃO DE R ISCO Nesse caso, os gestores devem tentar prever as consequências da escolha por uma opção. Desse modo, há a inserção da probabilidade das alternativas de acontecimentosAs decisões, tomadas a partir do conhecimento e experiências do gestor, podem ser classificadas quanto ao risco (DACORSO, 2000): Decisão tomada sob certeza: o gestor tem informações completas para embasar sua escolha; Decisão tomada sob risco: mais de dois resultados são possíveis, havendo a necessidade de estimar a probabilidade dos eventos; Decisão tomada sob incerteza: além de haver a necessidade de estimar a probabilidade de ocorrência dos eventos, o gestor se depara com diversos resultados possíveis. FLUXO DE CAIXA SOB CONDIÇÃO DE CERTEZA E INCERTEZA A partir do desejo em realizar um investimento, o gestor se depara com um trade-off entre investir em melhorias na empresa ou aplicar o capital em renda fixa. Em ambos os casos, o gestor espera obter um retorno, por isso, é preciso avaliar as perspectivas econômicas e a situação interna da empresa para realizar a melhor escolha. “Assim, a avaliação de um ativo passa a ser estabelecida pelos benefícios futuros de caixa trazidos a valor presente mediante uma taxa de desconto que reflete o risco de decisão” (AZEVEDO e colaboradores, 2013, p. 2). Ou seja, o gestor precisa avaliar os retornos possíveis dado o risco da escolha realizada. Para isso, existem diversos meios de análise que levantam os riscos e as incertezas. Um deles é o chamado árvore de decisão: Com relação ao modelo de análise, esses métodos podem ser qualitativos, que operam com a priorização e avaliação de investimentos, quantitativos determinísticos, que assumem que dados de entrada referem-se a informações sem variabilidade, ou quantitativos probabilísticos, como o método de árvore de decisão, que se caracterizam por considerar a variabilidade existente nos dados de entrada (KLIEMANN NETO et al., 2011). Segundo Minardi (2004) apud Silva et al. (2008), a utilização de árvores de decisão está relacionada ao que se denomina flexibilidade gerencial, pois este método permite rever a estratégia inicial e alterar planos de acordo com novas condições econômicas. Assim, a partir da flexibilidade possibilitada pela utilização desses métodos, podem ser capitalizadas futuras https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4559.87671/content/_5259920_1/scormcontent/index.html oportunidades favoráveis ao negócio e reduzidas perdas (AZEVEDO e colaboradores, 2013, p. 2). A árvore de decisão é um método de análise que mapeia, a partir de escolhas, as possíveis consequências de uma tomada de decisão. possíveis consequências de uma tomada de decisão. A Figura 2 representa os caminhos da decisão de investimento. O caminho escolhido reflete no resultado. Vimos que ao escolher a opção A, por exemplo, o gestor ainda se confronta com mais um trade-off representado por A1 e A2. Os pontos de encontro de decisão podem ser classificados em: Nó raiz É o nó de início da árvore de decisão; Nó de evento Mostra as possíveis consequências de uma escolha; Nó de decisão Local onde o gestor deve tomar a decisão; Nó de fim Produto final das escolhas tomadas durante o processo. (...) o método de árvore de decisão utiliza informações que se referem às probabilidades de determinado evento ocorrer. Para isto, o método incorpora aspectos de risco e incerteza na análise de alternativas de investimento ou mesmo de financiamento, característica esta que faz com que este método seja considerado superior aos métodos tradicionais (AZEVEDO e colaboradores, 2013, p. 7). TIPOS DE CURVAS DE FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA A partir de uma amostra de dados, tem-se a distribuição de frequência. Ou seja, quantas vezes um dado aparece a partir da divisão da amostra em classes. Tal prática objetiva analisar o dado de uma maneira mais assertiva de acordo com a característica cuja organização é importante para a coleta de dados em uma pesquisa. O número de vezes que tal ocorrência é contabilizada pode ser chamada de frequência de ocorrência. Para entender melhor sobre frequência, vejamos as seguintes definições: Frequência absoluta: vezes em que um valor aparece em uma amostra de dados; bullet Frequência relativa: é a divisão entre a frequência absoluta que se quer analisar com a soma das demais frequências; bullet Frequência percentual: é frequência relativa multiplicada por 100%; bullet Frequência acumulada: é a soma acumulada das classes anteriores. Porém, além de entender sobre a distribuição de frequências, é necessário entender sobre a formação dos dados: bullet Dados qualitativos: representam uma característica do dado coletado. Ocorre, por exemplo, ao associar a qualidade de um item; bullet Dados quantitativos: ocorre quando tal característica assume um valor, o qual pode ser discreto ou contínuo. Os dados quantitativos discretos referem- se a quando é possível enumerar (finitamente) as vezes que a característica ocorre. Para exemplificar, imagine a ocorrência de vezes em que uma falha aparece em um processo produtivo. Já os dados quantitativos contínuos são decorrentes da medição em um intervalo. Um exemplo seria a frequência sonora de um aparelho de som, a qual pode variar entre um volume mínimo e máximo. A distribuição de frequências pode ser, ainda, classificada de duas formas diferentes: discreta (pontual) e intervalar. bullet Distribuição de frequência discreta (ou pontual): refere-se a uma tabela simples de frequência, assim como construída para a pesquisa dos doces em uma escola. Ou seja, caracteriza-se por uma análise adotada ao utilizar uma pesquisa com dados discretos; bullet Distribuição de frequência intervalar: é uma distribuição realizada a partir de um conjunto de dados contínuos, podendo haver variações em um intervalo preestabelecido. Além de toda a análise da distribuição de frequência pelos números em uma tabela, a representação gráfica se faz muito importante para a visualização dos dados, pois “por vezes torna-se conveniente representar uma distribuição de frequências por meio de diagrama (gráfico em duas dimensões), pois este nos oferece uma vista geral das observações, tornando, desta forma, mais legíveis as informações” (FEIJOO, 2010, p. 10). Um modo para facilitar a análise dos dados é a utilização de medidas descritivas cujo objetivo é de otimizar a análise reduzindo os dados em pequenos grupos. Clique nas abas para saber mais MÉDIA A RITMÉTICA Se dá a partir da soma dos valores de uma amostra de dados e, posteriormente, dividindo essa soma pelo número de elementos: MEDIANA É equivalente ao valor central da amostra de dados. Para encontrá-la, é necessário enumerar os dados em ordem de crescimento ou decrescimento. Se o número de elementos da amostra for par, encontra-se a mediana somando os dois elementos centrais e, após, dividindo-os por dois; MODA Representa o elemento que mais aparece na amostra de dados. PROBABILIDADE DE VIABILIDADE DE UM EMPREENDIMENTO Para considerar a probabilidade de viabilidade de um investimento, de modo exemplificado, imaginemos que um gestor se depare diante de dois possíveis https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4559.87671/content/_5259920_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4559.87671/content/_5259920_1/scormcontent/index.html https://sereduc.blackboard.com/courses/1/7.4559.87671/content/_5259920_1/scormcontent/index.html investimentos, A e B. Diante deles, o gestor avalia três possíveis cenários macroeconômicos nos quais a empresa está inserida. Consideremos as informações a seguir: Diante desses dados, o gestor precisa saber qual investimento é o melhor diante dos três cenários econômicos apresentados. Para isso, tem-se o valor esperado Desse modo, o valor esperado do investimento A é: O valor esperado do investimento B é: Podemos dizer, então, que o retorno esperado do investimento A é 57%, enquanto o retorno esperado do investimento Bé de 34%. Quanto maior o risco de um investimento, maior pode ser o retorno. Isso pode ser identificado com o investimento A, por exemplo. Se o cenário for de recessão, existe a possibilidade de o gestor ainda apresentar retornos negativos. Porém, é o investimento que mais gera retorno se comparado ao B. Além dessa técnica, o risco pode ser medido considerando a amplitude entre os retornos. Usando o exemplo anterior, o risco do investimento é medido pela diferença entre o maior e o menor retorno possível. No caso, o risco de A é de 90% - (-15%) = 105%; já o risco de B é de 50% - 15% = 35%. Ou seja, apesar de A apresentar o maior retorno possível, ele apresenta também o maior risco. INTETIZANDO Neste momento, você deverá ser capaz de discernir sobre os prazos de retorno de capital; diferenciar payback simples de descontado; compreender o prazo de retorno e a vida útil do bem; descrever sobre custos uniformes; reconhecer os diferentes tipos de vida útil do bem; entender sobre juros nulos; analisar a sensibilidade e sobre ponto de equilíbrio; diferenciar as condições de certeza e risco; realizar os cálculos de frequência estatística; calcular a média, mediana e moda; entender sobre tomada de decisão; e, por fim, ser capaz de analisar a viabilidade econômica de um projeto. Certifique-se de que todo o conteúdo tenha sido compreendido. Se ainda tiver dúvidas, orientamos que retorne ao tópico e o releia. Os conceitos aqui apresentados podem ser aplicados tanto na vida pessoal quanto na vida profissional. Coloque-os em prática. Esperamos que tenha aproveitado esta jornada! Bons estudos e boa sorte! REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AZEVEDO, B. B.; ALMEIDA, R. P.; SILVA, V. V. 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