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Pedagogia da Educação Infantil

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Prévia do material em texto

Indaial – 2021
Pedagogia da educação 
infantil
Prof.ª Cristina Danna Steuck
Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
2a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Prof.ª Cristina Danna Steuck
Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
S842p
Steuck, Cristina Danna
 Pedagogia da educação infantil. / Cristina Danna Steuck; Lúcia 
Cristiane Moratelli Pianezzer. – Indaial: UNIASSELVI, 2021.
 258 p.; il.
 ISBN 978-65-5663-574-3
 ISBN Digital 978-65-5663-573-6
 1. Educação infantil. - Brasil. I. Pianezzer, Lúcia Cristiane Moratelli. 
II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.
CDD 370
aPresentação
Falar da Educação Infantil normalmente nos emociona. Em primeiro 
lugar, pela responsabilidade que temos nas mãos, em seguida, pela dedicação 
e paciência que se fazem necessárias no convívio com crianças tão lindas, 
frágeis e pequenas. Por fim, emociona-nos pela paixão que subitamente 
nasce no peito quando olhamos nos olhos de uma criança.
Trabalhar com a Educação Infantil é simplesmente maravilhoso! Isso 
não quer dizer que seja fácil... Normalmente, não é, justamente pela dedicação 
exigida do profissional que lida com esta faixa etária para o desenvolvimento 
e aprendizagem saudável dos educandos, em todos os aspectos.
Ao folhear, ler e estudar este Livro didático, você encontrará 
materiais que poderão servir de suporte ou embasamento teórico para suas 
ações enquanto educador. Você poderá, inclusive, refletir sobre o cotidiano 
das instituições de Educação Infantil e valer-se de uma série de dicas a fim 
de enriquecer sua prática pedagógica.
Para tanto, dividimos o livro de estudos em três unidades. Na 
Unidade 1, nosso foco se voltará às teorias defendidas por importantes 
teóricos, e faremos uma síntese sobre o papel da escola (Instituição de 
Educação Infantil) e do professor dentro de cada uma das teorias. 
Já na Unidade 2, abordaremos as questões que envolvem o espaço 
físico, a rotina e o tempo na Educação Infantil. Além disso, conheceremos 
como se dá o planejamento por parte do educador e como ele trabalha a 
construção da autonomia e da identidade nas crianças, apoiados nos 
documentos norteadores da Educação Infantil, dentre eles a Base Nacional 
Comum Curricular (BNCC), com seus direitos de aprendizagem e 
desenvolvimento, a partir dos campos de experiências.
Por fim, na Unidade 3, a nossa atenção se voltará sobre as múltiplas 
linguagens na abordagem de Reggio Emília, a importância da afetividade 
e das interações na Educação Infantil e o desenvolvimento de trabalhos 
por meio da pedagogia de projetos, uma “nova” perspectiva na arte de 
ensinar e aprender. Vale a pena conhecer cada detalhe desta pedagogia que 
envolve as áreas do conhecimento e a comunidade escolar, em uma teia 
de conhecimentos gerada a partir do interesse das crianças. Ainda nesta 
unidade, serão abordadas questões pertinentes à avaliação e ao registro.
Por meio do estudo dos temas explanados neste livro, pretendemos 
conduzi-lo na construção de conhecimentos e na busca incessante do “saber”, 
acompanhado do “saber fazer”. Que nossas discussões teórico-práticas 
ajudem você na compreensão do universo infantil.
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para 
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
NOTA
Esperamos que você se sinta motivado a ir além dos escritos 
deste livro, participando ativamente de todo o seu processo de ensino-
aprendizagem, por meio de outras ferramentas de apoio como o Ambiente 
Virtual de Aprendizagem (AVA), trilhas de aprendizagens, fórum, enquete, 
materiais de apoio... Enfim, sinta-se acompanhado e aplaudido durante toda 
sua caminhada nesta Instituição.
Bons estudos e profundas reflexões!
Prof.ª Cristina Danna Steuck
Prof.ª Lúcia Cristiane Moratelli Pianezzer
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela 
um novo conhecimento. 
Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro 
que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá 
contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, 
entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!
LEMBRETE
sumário
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA 
 EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA ............................ 1
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF........................................................................................ 3
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 3
2 RUDOLF STEINER (1861-1925) ......................................................................................................... 3
3 A PEDAGOGIA WALDORF .............................................................................................................. 5
4 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 12
5 PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA WALDORF ................................................................... 15
RESUMO DO TÓPICO 1..................................................................................................................... 17
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 19
TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI .............................................................................. 21
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 21
2 MARIA MONTESSORI (1870-1952)............................................................................................... 22
3 CASE DEI BAMBINI (Casa das Crianças) .................................................................................... 25
4 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 27
5 PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO MONTESSORI .................................................... 31
RESUMO DO TÓPICO 2.....................................................................................................................34
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 35
TÓPICO 3 — A PEDAGOGIA FREINET ......................................................................................... 37
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 37
2 CÉLESTIN FREINET (1886-1966) .................................................................................................... 37
3 A PEDAGOGIA FREINET ............................................................................................................... 40
4 METODOLOGIA ............................................................................................................................... 46
5 PAPEL DO PROFESSOR NA PEDAGOGIA FREINET ............................................................. 51
RESUMO DO TÓPICO 3..................................................................................................................... 56
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 58
TÓPICO 4 — O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET ...................................................................... 59
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 59
2 JEAN WILLIAM FRITZ PIAGET (1896-1980)............................................................................... 59
3 A TEORIA CONSTRUTIVISTA DE PIAGET .............................................................................. 62
4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA PIAGET .................................................... 67
RESUMO DO TÓPICO 4..................................................................................................................... 71
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 72
TÓPICO 5 — O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI .................................................... 73
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 73
2 LEV SEMYNOVITCH VIGOTSKI (1896-1934) ............................................................................ 73
3 A TEORIA SOCIOINTERACIONISTA DE VIGOTSKI ............................................................ 76
4 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR PARA VIGOTSKI ............................................... 82
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................ 84
RESUMO DO TÓPICO 5..................................................................................................................... 87
AUTOATIVIDADE .............................................................................................................................. 89
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................................... 90
UNIDADE 2 — DIVERSOS CONTEXTOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: 
 ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DOS ESPAÇOS ............................................. 93
TÓPICO 1 — ORGANIZAÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO E DOS AMBIENTES 
 FACILITADORES NA EDUCAÇÃO INFANTIL .................................................. 95
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 95
2 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 1 ANO DE IDADE ............... 95
2.1 SALA DE REPOUSO .................................................................................................................... 96
2.2 SALA DE ATIVIDADES ............................................................................................................... 97
2.3 FRALDÁRIO ................................................................................................................................ 101
2.4 LACTÁRIO .................................................................................................................................. 102
2.5 SOLÁRIO ..................................................................................................................................... 103
3 ORGANIZAÇÃO DOS ESPAÇOS PARA CRIANÇAS DE UM A SEIS ANOS .................... 103
3.1 SALA DE ATIVIDADES ............................................................................................................. 105
3.2 SALA MULTIUSO OU BRINQUEDOTECA ........................................................................... 112
3.3 REFEITÓRIO................................................................................................................................ 113
3.4 BANHEIROS................................................................................................................................ 114
3.5 PÁTIO COBERTO ....................................................................................................................... 114
3.6 ÁREA EXTERNA ........................................................................................................................ 115
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 117
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 118
TÓPICO 2 — A ORGANIZAÇÃO DA ROTINA E O PLANEJAMENTO 
 NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................................... 119
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 119
2 A ORGANIZAÇÃO DO TEMPO E DA ROTINA ..................................................................... 119
3 ROTINA E PLANEJAMENTO: O PAPEL DO PROFESSOR .................................................. 124
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 138
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 139
TÓPICO 3 — A CONSTRUÇÃO DA AUTONOMIA E DA IDENTIDADE 
 DA CRIANÇA ............................................................................................................ 141
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 141
2 O DESENVOLVIMENTO DA INDEPENDÊNCIA NA APRENDIZAGEM ........................ 142
3 A PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, SEGUNDO PAULO FREIRE ...................................... 145
4 A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ........................................................................................ 154
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 158
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 162
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 163
TÓPICO 4 — A EDUCAÇÃO INFANTIL NA BASE NACIONAL 
 COMUM CURRICULAR (BNCC) .......................................................................... 165
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 165
2 DIREITOS DE APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO NA EDUCAÇÃO
 INFANTIL .......................................................................................................................................... 165
3 OSCAMPOS DE EXPERIÊNCIAS ............................................................................................... 167
4 A TRANSIÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O ENSINO FUNDAMENTAL............ 179
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 182
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 183
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 185
UNIDADE 3 — AÇÃO E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........ 187
TÓPICO 1 — A CRIANÇA E AS MÚLTIPLAS LINGUAGENS ............................................... 189
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 189
2 A ABORDAGEM DE REGGIO EMÍLIA NA EDUCAÇÃO DA PRIMEIRA 
 INFÂNCIA ........................................................................................................................................ 190
3 APRENDER E ENSINAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................................................... 195
RESUMO DO TÓPICO 1................................................................................................................... 202
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 204
TÓPICO 2 — A IMPORTÂNCIA DA AFETIVIDADE E DAS INTERAÇÕES 
 NA EDUCAÇÃO INFANTIL ................................................................................... 205
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 205
2 RELAÇÕES DE AFETIVIDADE NAS INTERAÇÕES DO DIA A DIA ................................ 206
3 PAIS E EDUCADORES: UMA IMPORTANTE PARCERIA NA EDUCAÇÃO 
 DAS CRIANÇAS ............................................................................................................................. 211
4 OS QUATRO PILARES DA EDUCAÇÃO .................................................................................. 215
RESUMO DO TÓPICO 2................................................................................................................... 219
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 220
TÓPICO 3 — A PROJETOS PEDAGÓGICOS NA EDUCAÇÃO INFANTIL ........................ 221
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 221
2 A PEDAGOGIA DE PROJETOS ................................................................................................... 221
3 O PROFESSOR NA PEDAGOGIA DE PROJETOS .................................................................. 227
4 AS CRIANÇAS E O GRUPO NA PEDAGOGIA DE PROJETOS .......................................... 229
5 AS FAMÍLIAS E A COMUNIDADE NESTA PEDAGOGIA .................................................. 231
RESUMO DO TÓPICO 3................................................................................................................... 233
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 234
TÓPICO 4 — AVALIAÇÃO E REGISTRO NA EDUCAÇÃO INFANTIL ............................... 237
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 237
2 A AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO INFANTIL: CRIANDO ALTERNATIVAS QUE 
 RESPEITEM A DIVERSIDADE .................................................................................................... 237
3 OBSERVAÇÃO, REGISTRO E AVALIAÇÃO FORMATIVA .................................................. 242
4 POR QUE E PARA QUE REGISTRAR ........................................................................................ 245
4.1 PORTFÓLIO ................................................................................................................................ 247
4.2 DOSSIÊ ......................................................................................................................................... 248
4.3 ARQUIVO BIOGRÁFICO .......................................................................................................... 249
LEITURA COMPLEMENTAR .......................................................................................................... 251
RESUMO DO TÓPICO 4................................................................................................................... 253
AUTOATIVIDADE ............................................................................................................................ 254
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................... 256
1
UNIDADE 1 — 
AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES 
TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: 
RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
• conhecer os principais teóricos da Educação Infantil;
• diferenciar as metodologias e concepções de cada teórico;
• compreender o papel do professor e da escola dentro de cada concepção;
• estabelecer relações entre as concepções teórico-pedagógicas;
• relacionar as diferentes concepções com a prática diária da Educação 
Infantil.
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da 
unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o 
conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – A PEDAGOGIA WALDORF
TÓPICO 2 – A PEDAGOGIA MONTESSORI
TÓPICO 3 – A PEDAGOGIA FREINET
TÓPICO 4 – O CONSTRUTIVISMO DE PIAGET
TÓPICO 5 – O SOCIOINTERACIONISMO DE VIGOTSKI
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos 
em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá 
melhor as informações.
CHAMADA
2
3
TÓPICO 1 — 
UNIDADE 1
A PEDAGOGIA WALDORF
1 INTRODUÇÃO
Não há, basicamente, em nenhum nível, uma educação que não seja a 
autoeducação: 
[...] toda educação é autoeducação e nós, como professores e 
educadores, somos, em realidade, apenas o ambiente da criança 
educando-se a si própria. Devemos criar o mais propício ambiente 
para que a criança eduque-se junto a nós, da maneira como ela precisa 
educar-se por meio de seu destino interior (STEINER, 2000, s.p. 
[palestra proferida em 1923]).
Vamos iniciar nossa caminhada conhecendo o teórico Rudolf Steiner? 
Você já ouviu falar nele ou nas escolas Waldorf? Sabe qual é a teoria que ele 
desenvolveu e qual foi a sua contribuição para a Educação Infantil?
A Pedagogia Waldorf, criada por Steiner, tem como base a sua teoria do 
desenvolvimento humano: a antroposofia. Esta pedagogia não exige do aluno o 
pensamento abstrato, a não ser no Ensino Médio, e se desenvolve levando em 
consideração a fase em que as crianças se encontram. Pode ser considerada uma 
pedagogia holística, pois valoriza o desenvolvimento físico, etéreo e astral.
E então, ficou curioso para desvendar as características da Pedagogia 
Waldorf? Vamos lá!
2 RUDOLF STEINER (1861-1925)
Para compreendermos a Pedagogia Waldorf, primeiramente estudaremos 
sobre a vida de Rudolf Steiner, tendo por base os textos de Trevisan (2006) e 
Canelada (2011).
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
4
FIGURA 1 – RUDOLF STEINER
FONTE: <https://docplayer.es/docs-images/76/73554245/images/24-0.jpg>. 
Acesso em: 15 maio 2021.
Steiner nasceu em 27 de fevereiro de 1861, na cidade de Kraljevec, na Áustria. 
Morou até os oito anos de idade na cidade de Pottschach, no mesmo país, onde foi 
educado pelo pai, devido a um desentendimento como professor. Foi o primeiro 
dos três filhos do casal que levava uma vida simples. Morava em um edifício na 
estação de trens, até o pai ser transferido para uma aldeia de Neudörfl, nos Alpes.
Steiner iniciou ali seus estudos em uma escola, efetivamente, tendo contato 
com a geometria. Este contato foi tão importante para ele, que o deixou encantado. 
Steiner dizia que, pela primeira vez, havia encontrado a felicidade. Por volta dos 
oito anos, teve seu primeiro contato com a paranormalidade, mantendo-a em 
segredo, pois a sociedade da época era muito preconceituosa. Para integrar seu 
dom à lucidez, iniciou estudos na área da matemática, da filosofia e da ciência 
natural.
Após os dez anos de idade, frequentou o Liceu na cidade Wiener-Neustadt, 
próxima da sua cidade. Aprendeu sozinho sobre os cálculos integrais, estatística e 
geometria descritiva, sendo reconhecido no Liceu pela sua dedicação, recebendo 
nota máxima. Aos catorze anos, dedicou-se ao estudo das obras de Kant, sem 
abandonar o mundo da matemática e das ciências naturais.
Aos dezoito anos, graduou-se no Liceu e matriculou-se na Escola 
Politécnica de Viena, por conselho de seu pai. Nesta época, concluiu sua leitura 
sobre Kant e iniciou novas leituras no campo da Filosofia, desta vez com Fichte, 
Hegel e Schelling. Trabalhou no Arquivo Schiller-Goethe, entre 1880 e 1897, 
editando textos goethianos.
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF
5
Desse período em diante, iniciou como autor e editor das obras científicas 
completas de Goethe e escreveu sua primeira obra: A Filosofia da Liberdade 
(1894). Tornou-se conferencista e escritor, com o intuito de divulgar sua pesquisa 
científico-espiritual. Em 1914, casou-se com Marie von Sievers, sua colaboradora 
na Sociedade Antroposófica, criada por ele em 1913.
Ele foi convidado pelo proprietário da fábrica de cigarros Waldorf-Astória, 
Emil Moet, em 1919, para proferir palestras para seus funcionários. Como o 
trabalho foi bem aceito, solicitaram que ele abrisse uma escola para os filhos dos 
trabalhadores da fábrica, com o apoio de Emil.
Steiner gostou da ideia, porém exigiu que a escola fosse aberta para todas 
as crianças, que os professores compartilhassem dos mesmos ideais que ele e 
que o currículo escolar fosse unificado de 12 anos. Em 7 de setembro de 1919, 
foi aberta a primeira escola Waldorf – Die Freie Waldorfschule – A Escola Waldorf 
Livre, em Stuttgart, na Alemanha. Esta escola permanece ativa até os dias de hoje.
Steiner faleceu no dia 30 de março de 1925, aos 74 anos, em Dornach, 
na Suíça, deixando diversas contribuições em áreas como: artes, medicina, 
farmacologia, agricultura, pedagogia, arquitetura, teologia e na vida social. 
Em 27 de fevereiro de 1956, foi fundada a primeira Escola Waldorf no 
Brasil, mais especificamente em São Paulo, por um pequeno grupo de amigos. 
Para preparar os professores de acordo com a Pedagogia Waldorf e auxiliar na 
fundação da escola, o grupo de amigos convidou professores da Escola Waldorf 
de Pforzheim, na Alemanha.
A escola iniciou com apenas 28 crianças da Educação Infantil e o antigo 
primário. Como a escola evoluiu positivamente, em 1979 foi autorizado o 
funcionamento do Ensino Fundamental e, posteriormente, do Ensino Médio.
Com o crescimento constante de novas escolas Waldorf, fundou-se a 
Federação das Escolas Waldorf no Brasil em 1998, que teve como princípio a 
consolidação da Pedagogia Waldorf. Atualmente, existem diversas escolas Waldorf 
espalhadas pelo país, e seu crescimento vem se acentuando nos últimos anos.
3 A PEDAGOGIA WALDORF
As escolas Waldorf, criadas por Steiner, se diferenciaram das demais por 
suas ideias e métodos pedagógicos diversificados, crescendo muito até os dias 
atuais. O crescimento das escolas Waldorf foi contido apenas durante a Segunda 
Guerra Mundial (1939-1945), bem como durante os regimes comunistas.
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
6
FIGURA 2 – ESCOLA WALDORF
FONTE:<https://escolawaldorfrecife.files.wordpress.com/2007/11/ew_sala_mesa.jpg>. 
Acesso em: 12 abr. 2021.
A principal característica das escolas Waldorf é a sua base na concepção de 
desenvolvimento humano introduzido por Steiner, que leva em conta as diversas 
características de crianças e adolescentes, as quais veremos mais adiante. Na 
Pedagogia Waldorf, a educação é formulada de acordo com estas características e 
diferenciada para cada faixa etária, percebendo a criança do ponto de vista espiritual, 
físico e anímico, e evidenciando o desenvolvimento progressivo destes pontos.
Estas escolas são diferentes das demais, pois não exigem o desenvolvimento 
do pensamento abstrato ou intelectual desde a infância. As crianças aprendem a ler 
após entrarem na 1ª série (atual 2º ano), e o uso do computador é feito apenas a partir 
da entrada no Ensino Médio, pois o seu uso induz ao pensamento lógico-abstrato.
Esta pedagogia diferente tem suas bases na antroposofia, que, como já vimos, 
foi criada por Steiner. A antroposofia é “uma linha de pensamento e investigação 
científica que abrange diversas áreas do conhecimento” (TREVISAN, 2006, p. 15).
ANÍMICO: referente à alma, deriva do latim anima = alma.
DICAS
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF
7
Agora que já sabemos o que significa o termo antroposofia, vamos 
conhecer um pouco mais sobre as suas bases e influência na Pedagogia Waldorf.
De acordo com Costa (2005, p. 14):
Steiner concebeu o homem atual, como portador e comportador de 
quatro processos, que nada mais são que a introjeção dos três reinos 
evolutivos da natureza (mineral, vegetal e animal) e mais um, que 
seria o qualificador, o distintor da individualidade humana: o Eu. 
A isto chamou de quadrimembração.
FIGURA 3 – QUADRIMEMBRAÇÃO
FONTE: As autoras
Ainda segundo Steiner, o mineral seria o corpo físico, que não muda, a 
não ser que sofra influência de forças externas, mas que, ao final de tudo, continua 
sendo o esqueleto, a base, o inorgânico, presente em todos os seres. Por outro 
lado, o homem, o animal e o vegetal possuem uma força vital, que faz com que 
eles nasçam, cresçam e morram. Esta força que dá a vida e a forma seria o corpo 
etérico, representando a vitalidade, cujo auge se refere ao nascimento e seu fim 
representaria a morte, na velhice, quando o corpo etérico deixaria de existir para 
se tornar apenas físico, mineral.
Você sabe o que significa o termo ANTROPOSOFIA? Deriva das palavras antropo 
= homem e sofia = saber, ciência. Em grego significa: conhecimento do homem.
IMPORTANT
E
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
8
Entretando, há algo mais que constitui o homem. Ele não é apenas corpo 
físico e vida, ele age, possui instintos, “ele reage, tem impulsos (procura alimentos, 
parceiros sexuais), manifesta atração (simpatia) e repulsa (antipatia) e também pode 
aprender” (COSTA, 2005, p. 16). Estas características também estão presentes nos 
animais. Homem e animal possuem uma vida anímica, possuem alma, ou, como 
definiu Steiner, possuem um corpo astral. Este corpo astral é o que domina o corpo 
físico e o etérico, e caracteriza-se por ser um corpo de sentimentos, movimentos, 
que constrói o espaço ao seu redor. No entanto, durante a evolução, nós, seres 
humanos, adquirimos um quê de diferente, que nos individualiza e nos torna 
únicos: o nosso EU. Somos diferentes dos outros seres, somos diferentes dos outros 
homens e possuímos consciência disto. Somos autoconscientes, temos consciência 
de nós perante o mundo, temos liberdade.
Além destas características que definem o homem, Steiner procurou 
definir as principais atividades anímicas do ser humano. Vejamos:
FIGURA 4 – HOMEM
FONTE: <https://www.a77.com.br/desenhos/homem_desenho_colorir_9.gif >. 
Acesso em: 27 fev. 2012.
Segundo Canelada (2011, p. 16), a educação Waldorf cultiva em seus 
alunos: 
[...] o querer (agir) através da atividade corpórea em praticamente 
todas as aulas; o sentir, que é incentivado pormeio de abordagem 
artística constante nas matérias, além de atividades artísticas e 
artesanais, específicas para cada idade; e o pensar, que vai sendo 
cultivado paulatinamente desde a imaginação dos contos, lendas e 
mitos no início da escolaridade, até o pensar abstrato rigorosamente 
científico no ensino médio.
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF
9
Além destas características, Steiner argumentou que o desenvolvimento 
humano não ocorre de forma linear e sim em ciclos de aproximadamente sete 
anos, o que chamou de setênios. Vamos conhecê-los?
QUADRO 1 – OS TRÊS SETÊNIOS DEFINIDOS POR STEINER
CICLOS IDADE CARACTERÍSTICAS
1º setênio 0 - 7 anos
Base do desenvolvimento físico
Caracteriza-se pela estruturação do corpo físico, 
por meio do corpo etérico. Nesta fase, a criança é 
influenciada por tudo o que acontece ao seu redor, 
absorvendo a cor, o som, a forma, os sentimentos e o 
caráter das pessoas. Outra característica importante 
deste setênio é a imitação. Nesta fase, a criança 
aprende pelo exemplo, pelo ambiente, imitando 
tudo o que vê: os nossos gestos, nosso modo de falar, 
nossa maneira de comer etc. Por isto, neste período, é 
necessário que a criança se sinta amada, protegida. É 
o momento para a criança perceber que O MUNDO 
É BOM. Para Steiner, os três primeiros anos de vida 
são decisivos para a criança. Para ele, o andar, o 
falar e o pensar (que se desenvolvem neste setênio) 
evoluem de forma gradual e sequencial: se a criança 
não desenvolver bem o ato de andar, provavelmente 
terá dificuldades em relação ao falar e ao pensar. 
Neste período, a criança expressa-se livremente, 
sem medo, utilizando o corpo inteiro, cabendo aos 
adultos a inserção da criança em uma regularidade, 
em uma rotina, com horários e tempos para realizar 
cada atividade. A partir dos três primeiros anos, a 
criança começa a diferenciar-se do mundo e inicia a 
afirmação do EU. Ex.:eu quero, é meu etc. Nesta fase, 
também, teria início o desenvolvimento da memória: 
por isto geralmente lembramos fatos da nossa infância 
ocorridos apenas a partir dos três anos. Este setênio 
marca, portanto, o desenvolvimento da autonomia.
2º setênio 7 - 14 anos
Base para o amadurecimento psicológico
Neste setênio, o corpo astral, ou anímico, é quem 
assume a liderança, e todo o desenvolvimento da 
criança está ligado às emoções, aos sentimentos. 
Segundo Steiner (apud COSTA, 2005), o corpo astral 
desenvolve-se em pequenas fases: dos 7 aos 9 anos, há 
uma alteração no formato do rosto; dos 9 aos 12 anos, 
há um maior crescimento do tórax e, dos 12 aos 14 
anos, o alongamento dos membros. Próximo dos dez
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
10
anos, a criança pode sentir uma nova vivência do EU: 
uma espécie de solidão, irritação, podendo vivenciar, 
nesta fase, o amor platônico. Neste setênio, o jovem 
identifica-se com o ritmo, com a musicalidade, sentindo 
prazer em cantar e ouvir música. Nesta fase, segundo 
Steiner, é o momento ideal de a criança vivenciar que 
O MUNDO É BELO, por isto, é importante que ela 
tenha uma vivência da estética e do belo por meio de 
atividades artísticas e artesanais. A partir dos 12 anos, 
nasce a autoconsciência, o raciocínio próprio, que a 
levará a outros aprendizados. Por volta dos 14 anos, 
ocorre o despertar da sexualidade, a consciência do 
próprio corpo, o desenvolvimento do amor físico. No 
segundo setênio, fixam-se os costumes como hábitos 
alimentares, de higiene, espirituais etc. Nesta fase, 
atitudes de pessoas importantes para a criança podem 
facilitar ou dificultar um desenvolvimento sadio da 
sua vida psíquica e anímica.
3º setênio 14 - 21 anos
Base para o amadurecimento social
Este setênio marca o amadurecimento do EU e sua 
autonomia. O jovem já é capaz de emitir julgamentos e 
de agir eticamente. Nesta fase, o adolescente apresenta 
um forte espírito crítico, colocando em xeque as 
opiniões dos demais. Recusa-se a aceitar a autoridade 
de qualquer pessoa e os valores só são aceitos se 
condisserem com o seu próprio raciocínio. As pessoas 
ao seu redor só serão respeitadas se forem honestas, 
verdadeiras. É a fase, segundo Steiner, de O MUNDO 
É VERDADEIRO. Para Steiner, esta é a hora certa 
de apresentar a ciência, o conceito, desenvolvendo o 
pensar lógico.Nesta fase, há um amadurecimento da 
responsabilidade, é a época ideal para ensinar ao jovem 
os problemas da humanidade, fazendo-os vivenciar a 
realidade e não apenas estudar sobre elas. Também é 
interessante que se estimule o jovem a estipular metas 
para o seu futuro. Por volta dos 21 anos, as maturidades 
intelectual e moral se estabilizam, acompanhadas da 
responsabilidade.
FONTE: Adaptado de Costa (2005), Kügelgen (1984) e Lanz (1998)
Agora que já estudamos os setênios, vamos abordar outra importante 
contribuição de Steiner para a educação: o princípio dos temperamentos. Apesar 
de cada um possuir o seu Eu, nossa constituição física e anímica pode ser agrupada 
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF
11
em quatro tipos básicos: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático. Lembre-se 
que normalmente cada pessoa apresenta características mais fortes de um ou dois 
temperamentos. Veja o quadro a seguir:
QUADRO 2 – OS TEMPERAMENTOS
TIPOS DE 
TEMPERAMENTO
ELEMENTO 
DE LIGAÇÃO CARACTERÍSTICAS DA CRIANÇA
Sanguíneo AR
Ágil, leve, aérea. É muito alegre e 
inteligente, mas perde facilmente a 
concentração, tendo dificuldadeem se 
fixar numa determinada tarefa. Adormece 
e acorda muito facilmente, prefere 
alimentos picantes e azedos. Para que a 
criança aprenda, é necessário que o adulto 
desenvolva uma relação afetiva com ela e 
dela com o objeto que deverá ocupar-se.
Melancólico TERRA
Pesada, triste. Está sempre isolada em 
seu mundo, desajeitada, seu corpo parece 
muito pesado para ela.Tem dificuldade 
em se relacionar com os colegas, demora 
a acordar e adormecer. Come pouco e 
prefere doce. Qualquer sofrimento a deixa 
arrasada. Não gosta de atividades físicas, 
jogos mais violentos e também não gosta 
do frio. Para trabalhar com ela, o adulto 
deve sugerir-lhe a musicalidade. Como 
se preocupa com as pessoas sofredoras, 
convém discutir com ela o sofrimento 
mundial.
Colérico FOGO
Tem corpo atlético, com membros curtos e 
nuca grossa. É muito atenta e concentrada, 
porém estoura, queima-se muito facilmente. 
Líder nata, é responsável, aplicada e 
corajosa, agindo sempre com muita 
energia. Para trabalhar com ela é preciso ter 
paciência e ser compreensível, levando-a 
ao extremo de si mesma,para que perceba 
que não é infalível.
Fleumático ÁGUA
Fica na sua. Possui intensa relação com o 
seu corpo etérico, estando em constante 
bem-estar. Dificilmente envolve-se com 
coisas diferentes, pois não quer perder a 
sua posição cômoda, por isso parece lenta,
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
12
sonolenta etemtendência à obesidade. 
Gosta muito da rotina e da ordem e é 
muito calma. É preciso que ela perceba 
que as outras crianças se interessam muito 
pelo assunto, para então demonstrar 
algum interesse para as novidades.
FONTE: Adaptado de Costa (2005), Kügelgen (1984), Lanz (1998) e Trevisan (2006)
Para entendermos melhor cada um dos temperamentos, vamos ilustrá-los 
com uma pequena história:
Pouco depois, um fleumático chega ao local, para um longo tempo; 
finalmente, encontra um desvio que lhe permite dar volta ao 
obstáculo e, vagarosamente, continua seu caminho. A seguir, chega 
o terceiro, o melancólico: “Claro, estas coisas só acontecem a mim!” 
Permanece muito tempo sentado sobre a pedra, refletindo até o ponto 
de esquadrinhar como o infortúnio chegou ao mundo, e por que esse 
infortúnio sempre há de lançar obstáculos precisamente nos caminhos 
que ele utiliza. Levanta-se e volta para casa. Finalmente, aproxima- se 
o colérico, com passo decidido: vê a pedra, detém-se por um segundo 
e logo a empurra com disposição, até que consegue tirá-la do caminho. 
Continuasua marcha, não deixando de voltar-se algumas vezes para 
contemplar com satisfação seu êxito (KÜGELGEN, 1984, p. 38).
Conseguiu diferenciar cada um dos temperamentos? Foi capaz de 
encontrar-se em algum deles?
Agora que já conhecemos a teoria do desenvolvimento humano proposta 
por Steiner, que é a base da Pedagogia Waldorf, que tal analisarmos como esta 
teoria é aplicada na prática?
4 METODOLOGIA
“Se você quer que seu filho seja brilhante, conte a ele contos de fadas. Se você 
o quer muito brilhante, conte-lhe ainda mais contos de fadas”. (Albert Einstein).
É isto mesmo! Na Pedagogia Waldorf, contar histórias é uma forma de 
estimular o conhecimento. Para cada fase do desenvolvimento, são utilizadas 
histórias diferentes: prosas, versos, cantigas, contos, lendas, casos etc., que variam 
em sua forma e conteúdo para cada fase. Na Educação Infantil, os contos de fada 
são muito importantes: 
com suas imagens cheias de fantasias, eles são um alimento para 
as crianças, enriquecem seu vocabulário, ativam sua capacidade 
imaginativa, estimulam a criatividade e dão a elas suporte emocional e 
amparo para que se sintam felizes. E, mais do que tudo, que se sintam 
aceitas (TREVISAN, 2006, p. 46).
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF
13
E já que falamos sobre o conto na Educação Infantil, exploraremos como 
são os Jardins de Infância na Pedagogia Waldorf.
Tendo por base os setênios, os quais estudamos anteriormente, o foco 
da Educação Infantil está no brincar imitativo, na imaginação, por isto, mais do 
que nunca, há a importância de se trabalhar com os contos de fadas, para que 
a criança desenvolva, aos poucos, o pensamento criativo e se prepare para as 
demais etapas do seu desenvolvimento escolar. Nesta fase, a criança deve ser 
tratada com individualidade e respeito, estimulando o desenvolvimento do seu 
talento e da sua capacidade. Lembre-se de que, nesta fase, segundo Steiner, a 
criança deve se sentir segura, para que possa concluir que O MUNDO É BOM.
Tal qual numa família com irmãos, as classes de Jardim são formadas 
por crianças de idades diferentes. Os mais novos aprendem com os 
mais velhos; os mais velhos cultivam respeito e carinho para com os 
pequenos. Nem tudo são flores, é claro. Brigas e desentendimentos 
fazem parte do aprendizado social e são acolhidos como tais pelo 
professor, assim como em casa pelos pais. (TREVISAN, 2006, p. 46).
Nesta fase, é importante que a criança cumpra rotinas preestabelecidas, 
para que organize a sua vida de forma segura. As atividades do currículo Waldorf 
seguem os ritmos da natureza, das estações do ano e dos afazeres do dia a dia, 
como: acordar, tomar café, escovar os dentes, entre outros.
Assim, no currículo do Jardim, as atividades percorrem um caminho 
organizado e habitual, que atende aos ritmos diários (brincar fora, brincar dentro, 
lanche), semanal (culinária, desenho, modelagem, pintura), mensal (um tema 
específico é trabalhado nas histórias e contos) e anual (que segue as estações do ano, 
celebradas com festejos e teatros). Um dia depois do outro (TREVISAN, 2006, p. 49).
Vejamos, no quadro a seguir, quais atividades são realizadas com as 
crianças das escolas Waldorf, em cada ritmo:
QUADRO 3 – RITMOS DA ESCOLA WALDORF
RITMO ATIVIDADES
Diário
- Desenho ou pintura.
- Música e poemas em diversas línguas (para formar o aparelho 
fonador e auditivo).
- Brincar livre na sala de aula.
- Culinária, modelagem, teatro.
- Lanche (antes as crianças recitam um verso de agradecimento 
pelo alimento).
- Brincar no jardim.
- Histórias de contos de fadas ou teatro.
Semanal
A cada dia da semana o professor estipula uma atividade 
diferentecomo modelagem, desenho, trabalhos manuais, pintura, 
culinária ou euritmia.
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
14
Mensal A cada mês o professor escolhe um tema diferente, de acordo com a épocado ano, para desenvolver nas rodas de histórias ou contos.
Anual A cada estação do ano o professor prepara festas, teatros, entre outros, para trabalhar e fortalecer as características de cada época.
FONTE: Adaptado de Trevisan (2006)
Assim, na Pedagogia Waldorf, os professores trabalham para desenvolver 
um ambiente de harmonia e incentivo à criatividade na Educação Infantil. Para 
isto, propõem atividades diversificadas como cuidar do jardim, fazer pão para 
o lanche, construir brinquedos, criar brincadeiras com materiais da natureza, 
dando grande importância ao movimento e ao desenvolvimento neurológico da 
criança. Nesta fase, o professor Waldorf deve ser digno de ser imitado, pois nessa 
imitação inconsciente, estará fundamentanda a moralidade da criança.
Bem, agora que já sabemos como é organizada a Educação Infantil nas 
escolas Waldorf, abordaremos rapidamente a organização do Ensino Fundamental 
e do Ensino Médio.
O Ensino Fundamental possui o mesmo currículo das outras escolas, porém 
voltado ao desenvolvimento do jovem para o espírito científico investigativo e para 
o exercício pleno da cidadania. Diversas atividades complementam o currículo, 
como: marcenaria, atividades artísticas, filosofia, trabalhos manuais, música, 
astronomia, geometria, inglês, alemão, jardinagem, antropologia, mineralogia, 
botânica, entre outras.
Neste setênio, como vimos anteriormente, a criança deve reconhecer que 
O MUNDO É BELO, por isto, recebe uma formação voltada às artes. Nesta fase, 
também, inicia-se a alfabetização da criança, e o professor deve conquistar uma 
autoridade amorosa.
No Ensino Médio, há uma maior preocupação com a formação social, por 
isto, o jovem é levado a conhecer as diversas situações sociais que estão ao seu 
redor, a fim de tornar-se um cidadão crítico e ativo. Lembre-se de que, nesta fase, 
o aluno deve perceber que O MUNDO É VERDADEIRO, cabendo ao professor 
estabelecer uma relação de honestidade e confiança com o aluno. Durante os 
quatro anos do Ensino Médio, o jovem desenvolve uma pesquisa com um tema 
de seu interesse e, ao final do curso, a defende em forma de monografia.
Independentemente da fase em que a criança se encontra, os alunos 
das escolas Waldorf não repetem o ano escolar. A avaliação das crianças não é 
realizada em forma de provas, exames etc., para fins estatísticos. Os professores:
[...] julgam todos os fatores que permitam avaliar a personalidade do 
aluno, quais sejam: o trabalho escrito, a aplicação, a forma, a fantasia, 
a riqueza de pensamentos, a estrutura lógica, o estilo, a ortografia e, 
além disso, obviamente os conhecimentos reais. Mas o julgamento 
TÓPICO 1 — A PEDAGOGIA WALDORF
15
geral sobre o aluno levará em conta o esforço real que ele fez (ou 
não fez) para alcançar tal resultado, seu comportamento, seu espírito 
social (LANZ, 1998, p. 105).
Os boletins anuais enviados aos pais relatam a biografia do aluno 
durante o ano todo, seus resultados, seu comportamento, seu esforço etc. Afinal, 
o principal objetivo das escolas Waldorf é preparar a criança para a vida real, 
desenvolvendo qualidades essenciais para que ela saiba lidar com o mundo em 
constante mudança, de forma criativa, flexível, responsável e com senso crítico.
5 PAPEL DO PROFESSOR NA ESCOLA WALDORF
“Quando a gente aprende algo e dele não se esquece nunca mais, é porque 
o coração e a alma também foram tocados” (TREVISAN, 2006, p. 21).
Uma importante característica da Pedagogia Waldorf é a relação de amor 
e o profundo conhecimento entre o professor e seus alunos, já que o professor 
permanece com a turma durante diversos anos: um professor acompanha 
durante toda a Educação Infantil, outro durante todo o Ensino Fundamental e 
outro durante todo o Ensino Médio (neste último, recebendo a função de tutor, 
já que as disciplinas são ministradas por professores específicos). Além disso, a 
escola possui um médico escolar, que conhece profundamente a pedagogia e dá 
apoio aos professores: o médico-pedagógico.
[...] o professor da classe é um dos pilares da Pedagogia Waldorf. 
Principalmente nos primeiros anos de vida,quando a criança está 
começando a entrar em contato com um ambiente que não é o da sua 
própria casa, é importante que ela sinta que na escola também tem uma 
família. Essa analogia transfere segurança e bem-estar, e ela passa a sentir 
que o professor é um substituto à altura de seus próprios pais e por quem 
nutrirá igualmente respeito e confiança (TREVISAN, 2006, p.28).
Ficou curioso em aprofundar-se um pouco mais sobre a metodologia das 
escolas Waldorf? Veja nossas dicas de leitura:
• KÜGELGEN, H. V. A educação Waldorf: aspectos da prática pedagógica. São Paulo: 
Antroposófica, 1984. (Este livro reúne diversas palestras sobre os principais conceitos e 
métodos da Pedagogia Waldorf)
• TREVISAN, H. M. F. Filhos felizes na escola: pedagogia Waldorf, o ensino pela arte. São 
Paulo: Trevisan Editora Universitária, 2006. (Este livro apresenta um relato bem dinâmico 
de como ocorre a Educação Waldorf em sala de aula)
DICAS
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
16
Por isto que, para se tornar um professor Waldorf, além da formação 
normal de professor, é necessário realizar um curso específico na Pedagogia 
Waldorf, para conhecer profundamente a teoria de Rudolf Steiner. Além disso, 
de acordo com Trevisan (2006, p. 30):
 
um exercício importante para um professor Waldorf é meditar séria 
e diariamente sobre cada aluno seu. O objetivo é encontrar respostas 
sobre como é possível ajudá-lo a expressar ao máximo o seu potencial 
e a desenvolver dons que ele não possui.
Na escola Waldorf, o aluno não aprende apenas por meio de livros, mas 
principalmente com as pessoas, ele procura vivência e não apenas conhecimentos, 
e o professor tem um papel muito importante, pois trabalhará diversos conteúdos, 
das várias disciplinas existentes no currículo. “Não lhe bastará conhecer a matéria; 
ele deverá ainda usá-la conscientemente como meio pedagógico, expondo-a com 
entusiasmo” (LANZ, 1998, p. 84).
Você já deve ter percebido que o professor das Escolas Waldorf precisa 
ter um grande conhecimento da teoria de Steiner, além de diversas qualidades, 
não é mesmo? Vamos destacar três qualidades essenciais ao professor Waldorf, 
de acordo com Lanz (1998):
• Conhecimento profundo do ser humano. Envolve conhecer a antroposofia e 
os setênios e aperfeiçoar-se constantemente.
• Amor como base do comportamento social. O professor deve amar os seus 
alunos.
• Qualidades artísticas. O professor deve ser maleável, criativo e encarar cada 
aula como uma verdadeira obra de arte.
Amar os seus alunos é algo primordial para quem quer ser professor e não 
apenas na Pedagogia Waldorf. Pense nisto! Não vá para a sala de aula se você não 
gostar de crianças. Seja um professor responsável e, principalmente, afetivo!
Caro acadêmico, observe algumas questões para reflexão ou discussão em sala
1 Qual é o aspecto da teoria de Steiner que você achou mais interessante? Por quê?
2 Com relação aos temperamentos, a história que usamos para ilustrar o assunto auxiliou 
você a identificar os diversos tipos de temperamento nas pessoas que o rodeiam? Em 
qual temperamento você mais se enquadra?
UNI
17
Neste tópico, você aprendeu que:
• Steiner nasceu em 1861, na Áustria, e faleceu em 1925, aos sessenta e quatro 
anos, na Suíça.
• A principal característica das escolas Waldorf é a sua base na concepção de 
desenvolvimento humano criada por Steiner, a antroposofia.
• Steiner concebeu o homem atual como portador de quatro processos: mineral, 
vegetal, animal e o EU.
• As principais atividades anímicas do ser humano, segundo Steiner, são: 
pensar, sentir, querer.
• O desenvolvimento humano ocorre em ciclos de sete anos, que chamou de 
setênios: 0-7 anos; 7-14 anos e 14-21 anos.
• A constituição física e anímica do ser humano pode ser agrupada em quatro 
tipos de temperamentos: sanguíneo, melancólico, colérico e fleumático.
• Para a Pedagogia Waldorf, contar histórias é uma forma de estimular o 
conhecimento.
• O foco da Educação Infantil está no brincar imitativo, na imaginação. Nesta 
fase, a criança deve ser tratada com respeito, com rotinas preestabelecidas, de 
forma a se sentir segura, para que possa concluir que O MUNDO É BOM.
• Nesta fase, na Educação Infantil, o professor deve ser digno de ser imitado.
• O Ensino Fundamental está voltado ao desenvolvimento do espírito científico 
investigativo e do exercício pleno da cidadania. Sua formação deve estar voltada 
para a estética, para as artes, para que reconheça que O MUNDO É BELO.
• No Ensino Médio, há uma maior preocupação com a formação social. Nesta 
fase, o jovem deve perceber que O MUNDO É VERDADEIRO.
• Os alunos da escola Waldorf não repetem o ano escolar, pois o objetivo das 
escolas Waldorf é preparar a criança para a vida real.
• Uma importante característica da Pedagogia Waldorf é o amor e o profundo 
conhecimento do professor por seus alunos, já que ele permanece com a turma 
durante diversos anos.
RESUMO DO TÓPICO 1
18
• Na escola Waldorf, o aluno não aprende de livros e sim de pessoas, por isto 
é importante que o professor tenha as seguintes qualidades: conhecimento 
profundo do ser humano; amor como base do comportamento social; e 
qualidades artísticas.
19
1 Em relação à Pedagogia Waldorf, assinale a resposta CORRETA:
a) ( ) Nesta Pedagogia o mesmo professor permanece com a turma, diversos 
anos.
b) ( ) Na Pedagogia Waldorf o aluno aprende por meio de livros, não de 
pessoas.
c) ( ) Devido a autonomia do grupo, o professor torna-se dispensável em sala.
2 Para a Pedagogia Waldorf, contar histórias é:
a) ( ) Uma forma de estimular o conhecimento.
b) ( ) Uma forma de moralizar as crianças.
c) ( ) Uma forma de entretenimento, apenas.
3 O que há de diferente na Pedagogia Waldorf em relação aos anos escolares?
a) ( ) Eles não repetem de ano.
b) ( ) Eles realizam dois anos ou mais, em apenas um.
c) ( ) Eles podem escolher passar para o próximo ano ou refazer o ano que 
acabam de cursar.
AUTOATIVIDADE
20
21
TÓPICO 2 — 
UNIDADE 1
A PEDAGOGIA MONTESSORI
1 INTRODUÇÃO
Você já ouviu falar em Maria Montessori ou na Pedagogia Montessori? E 
nas Casas das Crianças, ou Case Dei Bambini? Ou, quem sabe, já ouviu falar no 
Material Dourado?
O primeiro passo da educação é prover a criança de um meio que 
lhe permita desenvolver as funções que lhes foram designadas pela 
natureza. Isso não significa que devemos contentá-la e deixá-la fazer 
tudo o que lhe agrada, mas nos dispor a colaborar com a ordem da 
natureza, com uma de suas leis, que quer que esse desenvolvimento se 
efetue por experiências próprias da criança (MONTESSORI, 1972 apud 
RÖHRS, 2010, p. 29).
Neste tópico, vamos nos aprofundar um pouco sobre Maria Montessori 
e sua teoria, a Pedagogia Montessori, muito utilizada nas escolas brasileiras e 
no mundo todo. Se você já é professor, vai perceber que muitas das atividades 
desenvolvidas por Montessori já são utilizadas no seu dia a dia em sala de aula, 
porém, muitas vezes, sem saber a sua origem ou o real significado e importância 
de desenvolver cada uma delas.
A Pedagogia Montessori tem por princípios a liberdade, a disciplina e a 
responsabilidade. Nela, as crianças aprendem utilizando materiais didáticos 
especialmente elaborados para desenvolver os aspectos motores, intelectuais, 
racionais ou sensoriais de cada um. Além disso, a criança tem liberdade para 
escolher o material didático com o qual trabalhará. Por isto, os materiais didáticos 
elaborados por Montessori são desenvolvidos para atrair a atenção das crianças, 
desenvolvendo nelas a curiosidade por aprender e buscar o conhecimento.
Nesta teoria, o professor é aquele que avalia o desenvolvimento e o 
comportamento das crianças, estimulando a busca pelo saber de forma criativa, 
lúdica e prazerosa, guiando as crianças durante a sua caminhada em busca do 
conhecimento, ajudando a tirar dúvidas e respondendo aos questionamentos que 
surgem durante as aulas. O professor é um grande observadorda aprendizagem 
e do comportamento das crianças. Ficou curioso? Vamos explorar um pouco mais 
esta teoria?
22
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
2 MARIA MONTESSORI (1870-1952)
Para iniciarmos, que tal conhecer um pouco sobre a história de vida de 
Montessori com base em autores como Montessori (1965), Machado (1980) e 
Röhrs (2010)? Vamos lá!
FIGURA 5 – MARIA MONTESSORI
FONTE: <https://www.tma-el.org/uploads/1/0/5/1/1051790/mission-montessori-inset_orig.jpg>. 
Acesso em: 25 maio 2021.
Montessori nasceu em 31 de agosto de 1870, no leste da Itália, na cidade de 
Chiaravalle. Era neta do geólogo e naturalista Antônio Stoppani e filha única do 
casal Alessandro Montessori e Renilde Stoppani. Quando tinha 12 anos, mudou-
se com a família para Roma à procura de uma educação de melhor qualidade. Em 
1896, concluiu o seu curso de medicina, tornando-se a primeira mulher italiana a 
concluir o curso. Seus estudos tinham como enfoque as neuropatologias e, logo 
após concluí-lo, foi trabalhar como assistente em uma clínica psiquiátrica da 
Universidade de Roma, onde se dedicou, por dois anos, ao estudo das crianças 
com deficiência intelectual.
Devido a seu grande interesse pelo desenvolvimento cognitivo de crianças 
com deficiência, Montessori começou a estudar os trabalhos de Itard e Séguin, 
por meio de livros com relatos sobre seus métodos de ensino na educação destas 
crianças. De acordo com Montessori (1965), Itard conseguiu fazer falar e ouvir a 
crianças semissurdas.
No entanto, foram as teorias de Séguin que lhe chamaram a atenção. 
Séguin partiu das experiências de Itard, aplicando-as e modificando-as durante 
30 anos, até chegar ao que denominou de método fisiológico (método baseado 
no estudo individual do discípulo). Segundo Montessori (1965), Séguin estudara 
centenas de crianças com deficiência recolhidas nos asilos de Paris, dando-lhes 
instrução intelectual e artística. 
TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI
23
Tendo por base os estudos de Séguin, Montessori, em1898, em um 
congresso na cidade de Turim, defendeu crianças com deficiência não precisavam 
de médicos, mas sim de métodos pedagógicos que criassem um ambiente de 
ajuda ao aluno. Para ela, em vez de internar as crianças com deficiência, seria 
necessário construir escolas onde, através da observação, os métodos de Séguin 
fossem aperfeiçoados, possibilitando até mesmo a formação de novos professores 
para atuação na área.
Logo após sua participação no Congresso, seu antigo professor, ministro 
da Instrução Pública em Roma, chamou-a para realizar palestras sobre o ensino 
de pessoas com deficiência. Isto fez com que se despertasse o interesse dos que 
se dedicavam ao assunto. A partir de então, a vida de Montessori voltou-se para 
a educação das crianças com deficiência. Lia tudo o que era publicado a respeito, 
aproveitando todas as sugestões que lhe eram dadas, realizando experiências 
e trabalhando fortemente na formação dos professores que vinham trabalhar 
com ela. Realizou viagens a Paris e Londres, conhecendo escolas e tudo o que 
havia de mais moderno com relação à educação destas crianças. Logo, percebeu 
que poderia superar as teorias de Séguin, aperfeiçoando-as. Mandou fabricar os 
materiais didáticos que Séguin propunha, aperfeiçoando uns, excluindo outros 
e criando novos materiais para o trabalho a ser desenvolvido com as crianças. 
Tanto esforço trouxe ótimos resultados: 
Usando esse método, consegui que alguns deficientes do manicômio 
aprendessem a ler e a escrever corretamente; mais tarde, apresentando-
se ao exame nas escolas públicas, juntamente com os escolares [sem 
deficiência], obtiveram aprovação (MONTESSORI, 1965, p. 33).
A partir de então, começou a questionar como as crianças com deficiência 
puderam superar as crianças sem deficiência nos exames realizados. Concluiu que 
as escolas deveriam estar desorganizadas e os métodos ser péssimos, moldando 
as possibilidades das crianças.
Tais resultados eram tidos como miraculosos pelos observadores. Eu, 
porém, sabia que se esses alunos [com deficiência] haviam alcançado 
os escolares [sem deficiência] nos exames públicos era, unicamente, 
por haverem sido conduzidos por uma via diferente: tinham sido 
auxiliados no seu desenvolvimento psíquico, enquanto as crianças [sem 
deficiência] haviam sido, pelo contrário, sufocadas e deprimidas. [...] 
Enquanto todos admiravam o progresso dos meus alunos, eu meditava 
sobre as razões que faziam permanecer em tão baixo nível os outros 
escolares, a ponto de poderem ser alcançados pelos meus alunos nas 
provas de inteligência. (adaptado de MONTESSORI, 1965, p. 33).
Depois de obter estes resultados, Montessori resolveu abandonar a Escola 
Ortofrênica e voltar aos estudos de Itard e Séguin, traduzindo-os para o italiano de 
próprio punho, chegando à conclusão de que o método de Séguin dava resultados 
mesmo quando aplicado aos alunos sem deficiência. Considerando-se incompleta, 
voltou a estudar, agora o curso de pedagogia e o de psicologia instrumental.
24
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
Tais foram minhas conclusões. O importante não é observar, mas 
‘transformar’. A observação fundara uma nova ciência psicológica; 
não ‘transformará’, porém, nem alunos nem escolas. Acrescentara 
alguma coisa às escolas comuns, deixando-as, no entanto, bem como 
seus métodos de instrução e educação, estacionadas em seu estado 
primitivo (MONTESSORI, 1965, p. 37).
Montessori sentiu, ali, a necessidade de colocar em prática sua ideia de 
aplicar os métodos de Séguin com crianças sem deficiência. No entanto, não 
sabia de que forma poderia realizar esta ação. Até que, em 1906, uma empresa 
que construía prédios pediu sua ajuda para a solução de um problema. Como 
os prédios que construíam eram para pessoas em situação de vulnerabilidade 
econômica e estes precisavam sair para trabalhar desde cedo, as crianças ficavam 
sozinhas durante o dia e estragavam o prédio. Assim, pediram para Montessori 
que ela criasse alguma forma de entretê-los e mantê-los quietos neste período em 
que estavam sem os pais. Para isto, ofereceram uma sala em cada bloco e todo 
o pessoal de que ela precisasse. Criou-se, assim, a primeira Case dei Bambini, 
inaugurada em janeiro de 1907. Esta Casa das Crianças recebeu crianças entre os 
3 e 7 anos e deu tão certo que, em abril do mesmo ano, a empresa resolveu abrir 
outra, e em outubro outra, chegando a diversas casas espalhadas pela Itália.
As Casas de Crianças tornaram-se tão populares, que educadores de Roma 
e outras regiões do mundo vieram para conhecê-las e partiram entusiasmados com 
seus métodos. Um deles foi Freinet, conforme veremos no próximo tópico. Mais 
tarde, Teresa Bontempi introduziu as escolas na Suíça e, pouco depois, foi fundada 
uma escola Montessori, na Argentina. Em 1910, o método chegou aos Estados Unidos 
e, em 1911, a Paris. Em 1913, criou-se uma sociedade Montessori na Inglaterra. Nesta 
mesma época, uma sociedade de Milão e outra de Roma ofereceram-se para fabricar 
o material didático criado por Montessori, e a baronesa Alicia Franchetti pagou a 
primeira edição do livro “Pedagogia Científica”, em que Maria Montessori falava 
sobre seu método. Em 1911, devido ao empenho de Maria Maraini Guerrieri, o 
método Montessori foi incluído em todas as escolas primárias da Itália.
Maria Montessori faleceu em 6 de maio de 1952, com 81 anos. Hoje, seus 
livros estão traduzidos em diversas línguas, existindo escolas Montessori em 
todo o mundo, inclusive no Brasil. As sociedades Montessori não descuidam 
da formação dos professores, criando escolas específicas para eles; organizam 
conferências, criam novas escolas, cursos de férias, entre outros.
TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI
25
3 CASE DEI BAMBINI (Casa das Crianças)
E como eram as escolas criadas por Montessori? De que forma você as 
imagina? Vamos conhecer um pouco mais sobre elas?
FIGURA 6 – MONTESSORINA ESCOLA
FONTE: <http://www.michaelolaf.net/montessori%20in%20school.gif>. Acesso em: 24 maio 2021.
FIGURA 7 – ESCOLA MONTESSORI
FONTE: <https://images.slideplayer.com.br/8/2361697/slides/slide_11.jpg>. Acesso em: 24 maio 2021.
Que tal conhecer um pouco mais sobre a vida de Maria Montessori? 
Sinopse: o filme “Maria Montessori: uma vida dedicada às crianças” é uma cinebiografia de 
Maria Montessori (1870-1952) – médica, educadora e pedagoga italiana que criou um método 
educacional revolucionário. Acompanhe os principais momentos da trajetória de Montessori: 
a graduação em Medicina, a militância feminista, o trabalho pioneiro com crianças deficientes, 
a fundação da "Casa das Crianças" e a sua relação com o seu filho, Mario.
DICAS
26
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
As Casas das Crianças, como o próprio nome sugere, eram ambientes 
criados especialmente para o atendimento às crianças, no intuito de melhorar o 
senso de responsabilidade de cada uma. Todos os espaços eram adaptados, assim 
como os móveis: pias, armários, cadeiras, entre outros. Ali, elas podiam exercitar 
a liberdade e a disciplina, uma como dependente da outra.
Mandei construir mesinhas de formas variadas, que não balançassem, 
e tão leves que duas crianças de quatro anos pudessem facilmente 
transportá-las; cadeirinhas de palha ou de madeira, igualmente bem 
leves e bonitas, e que fossem uma reprodução, em miniatura, das 
cadeiras de adultos, mas proporcionadas às crianças. Encomendei 
poltroninhas de madeira com braços largos e poltroninhas de vime, 
mesinhas quadradas para uma só pessoa, e mesas com outros formatos 
e dimensões [...]. (MONTESSORI, 1965, p. 42-43).
Montessori criou, também, pequenos armários com cortinas ou pequenas 
portas, para que as crianças pudessem abrir e fechar os móveis e ali guardar 
os seus pertences. “Em cima da cômoda, sobre uma toalha, um aquário com 
peixinhos vermelhos. Ao longo das paredes, bem baixas, a fim de serem acessíveis 
às crianças, lousas e pequenos quadros sobre a vida em família, os animais, as 
flores [...]”. (MONTESSORI, 1965, p. 43).
Poder-se-ia pensar que o deslocamento de mesas e carteiras causaria 
desordem e barulho, certo? Entretanto, este era o objetivo de Montessori: que a 
criança aprendesse a disciplinar-se enquanto se movia ou interagia com o espaço. 
Não discipliná-la no sentido de proibi-la a movimentar-se, mas orientando para 
que a própria criança adquirisse controle e habilidade dos seus movimentos. 
Se uma criança deixar cair ruidosamente uma cadeira, terá com este 
insucesso uma prova evidente de sua própria incapacidade: em 
bancos, porém, seus movimentos passariam despercebidos. Assim, a 
criança terá ocasião de se corrigir e, aos poucos, verificaremos o seu 
progresso (MONTESSORI, 1965, p. 44).
De acordo com Montessori (1965), é disciplina do indivíduo que é senhor 
de seus atos e que sabe seguir uma regra devida.
Devemos, pois, interditar à criança tudo o que pode ofender ou 
prejudicar o próximo, bem como todo gesto grosseiro ou menos 
decoroso. Tudo o mais – qualquer iniciativa, útil em si mesma 
ou de algum modo justificável – deverá ser-lhe permitido; mas 
deverá igualmente ser observada pelo mestre; eis o ponto essencial. 
(MONTESSORI, 1965, p. 46).
Para Montessori (1965), a partir dos três anos a criança pode se tornar livre 
e independente para realizar todas as tarefas. O papel do professor é o de ajudar a 
criança a avançar no caminho da própria independência, estimulando-a a realizar 
as tarefas do dia a dia, sozinha. 
Quando servimos as crianças, cometemos um ato servil para com elas. 
[...] Uma pessoa que se faz servir com freqüência não somente vive 
em dependência, mas definha na inanição e acaba por perder a sua 
atividade natural (MONTESSORI, 1965, p. 53, grifos no original). 
TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI
27
Assim, é papel do professor auxiliar a criança a ultrapassar os obstáculos 
que a impedem de desenvolver-se normalmente.
4 METODOLOGIA
Com este pensamento, Montessori criou um programa conhecido como 
“exercícios de vida prática”, ou “exercícios no ambiente cotidiano”, como também 
foi chamado. Neles, as crianças vivenciavam uma vida real, realizando atividades 
do cotidiano. Em seu livro Pedagogia Científica, 1965, Montessori relata objetos 
que compunham o ambiente e auxiliavam na realização destes exercícios.“[...] os 
objetos estavam dispostos de molde a permitir-lhe atingir um fim determinado; 
por exemplo: certos quadros que ensinam a abotoar, dar laços, fazer nós etc.” 
(MONTESSORI, 1965, p. 58). Entre outros objetos que exercitam as crianças na 
análise de seus movimentos, podemos referir
[...] o quadro de madeira ao qual se fixam dois retângulos de tecido. 
Esses tecidos são unidos ou fechados de diversos modos: com botões, 
presilhas, laços, fitas, colchetes, fechos automáticos etc. Servem para 
desenvolver a habilidade os gestos que se fazem ao vestir-se; as duas 
peças de fazenda devem, primeiramente, ser justapostas com precisão 
de tal modo que, em ambos os tecidos, haja uma correspondência 
recíproca entre os buraquinhos por onde há de passar a fita, entre 
os botões e suas casas, entre os ilhoses e os laços etc. Isso requer da 
criança variadas manobras, por vezes bem complexas, que a levam 
a coordenar os gestos sucessivos que terá que fazer, um após o outro 
(MONTESSORI, 1965, p. 88, grifos no original).
Em outro momento, Montessori fala dos lavabos para as mãos, com panos 
para limpar, vassouras, escovas, e a criança tenha liberdade de escolher o trabalho 
que deseja desenvolver.
Com os exercícios da vida prática, Montessori propõe a estimulação dos 
músculos por meio de atividades atraentes e do dia a dia, como enrolar um tapete, 
lavar o chão, servir a mesa, abrir e fechar as portas ou janelas, entre outros, colocando 
o corpo todo em movimento, exercitando-o e aperfeiçoando-o cada dia mais.
Abrir ou fechar uma porta, uma gaveta, distinguindo bem os vários 
gestos a fazer: enfiar a chave, mantendo-a em posição vertical; 
depois virá-la, e, finalmente, puxar a gaveta ou a porta. [...] Abrir 
convenientemente um livro, folheá-lo, virando as páginas uma a uma. 
[...] Sentar-se numa cadeira e, em seguida, levantar-se; transportar 
objetos, parar um instante antes de colocá-los em seu lugar; caminhar 
evitando obstáculos, isto é: não dando empurrões em pessoas ou 
coisas [...] Além destes, outra série de gestos integram-se ainda na 
vida prática da criança: são os que se referem às etiquetas nas relações 
sociais, tais como saudar alguém, recolher e entregar um objeto seu, 
caído no chão; evitar passar cortando o passo de outrem, escusar-se 
etc. (MONTESSORI, 1965, p. 89).
28
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
Para Machado (1980), o ambiente proposto por Montessori educa pelas 
suas qualidades psicológicas, pelo clima afetivo que favorece uma nova forma de 
relacionamento entre professor e aluno e dos alunos entre si; percebe-se claramente 
o acolhimento, a aceitação e valorização de cada um, na sua individualidade, no 
seu ritmo de trabalho e de crescimento.
Ainda de acordo com Machado (1980), ao utilizar os recursos propostos 
por Montessori, a criança se constrói, conquistando confiança em si mesma, 
resolvendo diversas situações que lhe são propostas. Pela tentativa erro/acerto, a 
criança reconhece suas limitações e procura meio de vencê-los.
Os recursos propostos por Montessori continham exercícios de paciência, 
de exatidão e de repetição, reforçando o poder de concentração de cada criança. 
Estes exercícios deviam ser realizados todos os dias como se fossem uma tarefa 
e não um passatempo, e eram complementados com momentos de meditação e 
imobilidade. Para Montessori (1976 apud RÖHRS, 2010), os exercícios serviam 
para desenvolver atitudes e não apenas competências.
Montessori criou a teoria da percepção e criou os materiais didáticos 
de forma que elespermitissem ou simulassem situações concretas e imediatas, 
favorecendo a abstração da criança. Esforçou-se em criar materiais didáticos que 
motivassem as crianças de tal forma a estimular um maior contato com a sua 
própria consciência. Um de seus principais focos são as atividades independentes, 
ou seja, cada criança escolhe o material com o qual irá trabalhar a cada dia. Para 
Montessori (1966 apud RÖHRS, 2010), o indivíduo é o que é, não por causa dos 
professores que ele teve, mas pelo que ele realizou sozinho.
De acordo com Montessori (1966 apud RÖHRS, 2010), as crianças percebem 
intuitivamente o seu crescimento e o quanto de conhecimento adquiriram ao 
realizarem cada atividade, manifestando esta consciência em forma de alegria, 
felicidade. “Essa tomada de consciência sempre crescente favorece a maturidade. 
Se damos a uma criança o sentimento de seu valor, ela se sente livre e seu trabalho 
não lhe pesa mais” (MONTESSORI, 1966 apud RÖHRS, 2010, p. 28).
O material didático desenvolvido por Montessori tem a função de ajudar 
a criança a crescer tranquilamente, a “crescer na paz”, adquirindo a tão esperada 
responsabilidade, objetivo dos trabalhos de Montessori com as crianças. Os 
materiais didáticos desenvolvidos por Montessori constituem-se em cinco grupos:
TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI
29
FIGURA 8 – MATERIAIS DIDÁTICOS MONTESSORI
FONTE: A autora
Entre os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori, podemos 
citar o Material Dourado. Você já deve ter ouvido falar dele. Ele é formado 
geralmente por peças de madeira em formato de cubo, placa, barra e cubinhos 
e é muito utilizado na Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental 
para ensinar as quatro operações fundamentais da matemática. No Caderno de 
Metodologia e Conteúdos Básicos de Matemática, você conhecerá um pouco mais 
sobre a utilização e a confecção deste material.
Você já ouviu falar nos materiais educativos Montessori? Quer conhecer 
um pouco mais? Veja a nossa indicação de leitura:
Todos os materiais didáticos desenvolvidos por Montessori foram 
metodicamente criados e padronizados, de tal forma que a criança que escolhesse 
livremente brincar com um dos objetos, fosse conduzida, sem saber, a desenvolver-
se intelectualmente pelas situações previamente determinadas.
Indicação de leitura: MONTESSORI, M. Pedagogia científica: a descoberta da 
criança. São Paulo: Flamboyant, 1965.
Este livro foi o primeiro escrito por Montessori. Ele relata a sua experiência e seu método, 
desde o início da sua caminhada como professora.
DICAS
30
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
Para cada um dos sentidos, havia um exercício que promovia o 
desenvolvimento de todas as funções corporais. Esses exercícios eram praticados 
em grupo e socializados através de uma discussão, reforçando seu aspecto social 
de educação.
Quando a criança se encontra diante do material, ela responde com 
um trabalho concentrado, sério, que parece extrair o melhor de sua 
consciência. Parece realmente que as crianças estão atingindo a 
maior conquista de que seus espíritos são capazes: o material abre 
à inteligência vias que, nessa idade, seriam inacessíveis sem ele 
(MONTESSORI, 1969, p. 197-198 apud RÖHRS, 2010, p. 23).
Desta forma, o professor deixa de ser o centro do processo educativo e passa 
a agir de fora. Sua tarefa é observar cientificamente e descobrir as necessidadese 
possibilidades dos alunos. De acordo com Montessori (1972, p. 38 apud RÖHRS, 
2010, p. 22), “[...] para que [a criança] progrida rapidamente, é necessário que a 
vida prática e a vida social estejam intimamente misturadas à sua cultura”.
FIGURA 9 – CRIANÇAS COM JOGOS NO JARDIM DA ESCOLA MONTESSORI
FONTE: <http://www.michaelolaf.net/montessori%20school%20outside.gif>. Acesso em: 16 abr. 2021.
Para Montessori (1965), a educação das crianças deve ser equilibrada desde 
o início, produzindo impressões positivas de expectativa e comportamento, a 
fim de desenvolver estruturas e esquemas com os quais novas experiências serão 
confrontadas.
Para ser eficaz, uma atividade pedagógica deve consistir em 
ajudar as crianças a avançar no caminho da independência; assim 
compreendida, esta ação consiste em iniciá-la nas primeiras formas de 
atividade, ensinando-as a serem autossuficientes e a não incomodar 
os outros. Ajudá-las a aprender a caminhar, a correr, subir e descer 
escadas, apanhar objetos do chão, vestir-se e pentear-se, lavar-se, falar 
TÓPICO 2 — A PEDAGOGIA MONTESSORI
31
indicando claramente as próprias necessidades, procurar realizar a 
satisfação de seus desejos: eis o que é uma educação na independência 
(MONTESSORI, 1965, p. 71).
De acordo com Montessori (1965), existem momentos em que a criança está 
mais receptiva a determinadas experiências (aprender a linguagem, ter domínio 
das relações etc.), ao que chamou de períodos sensíveis na aprendizagem. Se 
neste momento a criança receber a atenção necessária, o professor pode promover 
períodos de aprendizagem intensa e eficaz. Caso o professor deixe passar este 
momento, as possibilidades que a criança oferece serão para sempre perdidas.
5 PAPEL DO PROFESSOR NA EDUCAÇÃO MONTESSORI
Maria Montessori tentou criar uma ciência da educação, cuja abordagem 
constituía-se numa ciência da observação, exigindo de todos os participantes do 
processo educativo uma formação nesses métodos, permitindo maior controle e 
verificação científica.
Montessori pensou num educador diferente: “No lugar da palavra, [ele 
deve] aprender o silêncio; no lugar de ensinar, ele deve observar; no lugar de se 
revestir de uma dignidade orgulhosa que quer parecer infalível, se revestir de 
humildade”. (MONTESSORI, 1976, p. 123 apud RÖHRS, 2010, p. 24).
FIGURA 10 – MONTESSORI COM AS CRIANÇAS
FONTE:<https://i0.wp.com/users.posobie.info/mt/a8b101cdaea317a4e98729df4b7b47e6.jpg>. 
Acesso em: 16 abr. 2021.
Para Montessori, cada criança leva dentro de si as potencialidades do 
homem que virá a ser um dia, podendo desenvolver, assim, suas capacidades 
físicas, emocionais, intelectuais e espirituais ao máximo.
32
UNIDADE 1 — AS PRINCIPAIS CONCEPÇÕES TEÓRICAS DA EDUCAÇÃO INFANTIL: RELAÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
A Pedagogia Científica leva em consideração uma escola que permite o 
desenvolvimento das manifestações espontâneas e da personalidade da criança. 
“[...] deve surgir uma pedagogia do estudo individual do escolar, isto somente será 
possível graças à observação de crianças livres, isto é, de crianças observadas 
e estudadas em suas livres manifestações, sem nenhum constrangimento 
(MONTESSORI, 1965, p. 25, grifos no original).
Para que isto aconteça, tornava-se necessário: 
“[...] despertar na consciência do educador o interesse pelas manifestações 
dos fenômenos naturais em geral, levando-o a amar a natureza e sentir a 
ansiosa expectativa de todo aquele que aguarda o resultado de uma 
experiência que preparou com cuidado e carinho” (MONTESSORI, 
1965, p. 13, grifos no original).
Montessori entende o trabalho do professor como o de um guia:
[...] ensinando o manuseio do material, a procura de palavras exatas, 
orientando cada trabalho; guia ao impedir qualquer desperdício de 
energia ou, eventualmente, restabelecendo o equilíbrio. Verdadeiro 
guia no caminho da vida, ele não instiga nem estanca; satisfaz-se 
com sua tarefa ao indicar a esse valioso peregrino, que é a criança, o 
caminho certo e seguro (MONTESSORI, 1965, p. 88).
De acordo com Montessori (2003), tornar-se um “professor Montessori” é 
tornar-se um alegre observador, e livrar-se da onipotência.
Se o professor puder realmente penetrar no prazer de ver as coisas 
nascendo e crescendo sob seus próprios olhos e puder vestir-se com 
o traje da humildade, muitos prazeres – que são negados àqueles que 
assumem infalibilidade e autoridade diante de uma classe – estarão 
reservados a ele (MONTESSORI, 2003, p. 123).
Para Montessori (2003), o professor torna-se vencedor ao renunciar ao 
poder e à autoridade,

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