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DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 1 Doença do Refluxo Gastrointestinal Definição Afecção crônica causada pelo fluxo retrógrado de parte do conteúdo gastroduodenal para o esôfago e/ou órgãos adjacentes, gerando diversos sintomas e/ou sinais esofagianos e/ou extra esofagianos, podendo estar associado ou não às lesões teciduais. - Presente em 15% dos adultos no mundo, é uma patologia comum principalmente nos países ocidentais. - Afeta aproximadamente 18 a 27% dos norte americanos, 8 a 25% dos europeus e 2 a 7% dos asiáticos orientais, 12% a 20% da população brasileira. Fatores relacionados a doença - Obesidade - Baixo nível educacional - Baixos status socioeconômicos - Fatores genéticos - Tabagismo, entre outros. Esôfago - Mede cerca de 18-25 cm. Elementos anatômicos que são importantes (se eles estiverem preservados, não há DRGE): - Membrana frenoesofagiana - Alta zona de pressão do EEI - Curia diafragmática - Ligamento frenoesofagiano - Mucosa de roseta gástrica - Ângulo de Hiss Fisiologia O esfíncter esofágico inferior (EEI) – Papel fundamental: 1. Impedir o refluxo do conteúdo gástrico para o esôfago. 2. É uma entidade fisiológica única 3. É identificada claramente como uma zona de alta pressão durante a avaliação manométrica: - 60% são normotônicos - 6% hipertônicos - 34% hipotônicos DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 2 Junção gastresofágica: Alteração da anatomia hiatal: O hiato alargado (incompetência) favorece o refluxo, como pode fazer com que a transição esofagogástrica sair do seu local e entrar no tórax fazendo as hérnias: Fatores que contribuem para a formação da zona de alta pressão (ZAP) a) Musculatura intrínseca do esôfago distal – (diferem daqueles em outras áreas do esôfago pelo estado de contração tônica) relaxa com o inicio de uma deglutição e logo após retornam ao estado de contração tônica. b) as fibras musculares oblíquas (em gravata) da cárdia – curso diagonal entre a junção cardiotuberositária e a pequena curvatura. c) Diafragma – o esôfago é circundado pelos pilares do diafragma, ao passar do tórax para o abdome. Durante a inspiração, o diâmetro anteroposterior da abertura crural é estreitado, comprimindo o esôfago e aumentando a medida da pressão no EEI. d) a pressão é transmitida pela cavidade abdominal – tem uma pressão relativamente superior à cavidade torácica. A junção gastroesofágica sendo firmemente ancorada à cavidade abdominal será exposta a uma pressão transmural maior do que se estivesse situada no mediastino posterior. RGE: Duas condições básicas Fisiopatologia DRGE • EEI defeituoso com relaxamentos transitórios • EEI hipotônico – esclerodermia • EEI ruptura – ressecção, passagem de balão • Hérnia hiatal • Clearence deficiente DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 3 • Diminuição do volume salivar • Esvaziamento gástrico deficiente • Aumento da pressão intrabdominal • Refluxo biliar – duodeno gástrico Manifestações Clínicas – Diagnóstico - Pirose (referida pelo paciente como azia) – 6% - Regurgitação ácida – 16% - Sintomas com frequência mínima de 2x por semana, há cerca de 4 a 8 semanas. - Maior intensidade dos sintomas, maior o risco para esôfago de Barret e câncer de esôfago. Teste terapêutico • Pacientes com manifestações típicas (pirose e regurgitação) por período não superior a 4 semanas. • Medidas comportamentais: Atenção - Disfagia - Odinofagia - Anemia - Hemorragia digestiva - Emagrecimento - História familiar de câncer - Náuseas e vômitos - Grande intensidade - Ocorrência noturna Manifestações atípicas e situações especiais • Dor torácica não cardíaca – 10% e 50% • Alterações motoras esofágicas – 28% a 75% • Asma brônquica – A RGE está presente em 30% a 89%. • Tosse crônica – a RGE está presente em 20 a 30%. • Dor torácica retroesternal • Hemoptise, bronquite, bronquiectasia • Pneumonias de repetição, rouquidão, pigarro, laringite, sinusite crônica, otalgia, halitose e aftas. Otorrinolaringológica - Roquidão, pigarro, laringite posterior crônica, sinusite crônica, otalgia. Oral – desgaste do esmalte dentário, halitose a aftas. DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 4 Exames Complementares Exame endoscópico Ausência de alterações endoscópicas não exclui o diagnóstico – 25% a 40% dos pacientes com sintomas típicos apresentam endoscopia normal. EGD não é necessária na presença de DRGE típica – é recomendada em sintomas de alarme e screening de pacientes com alto risco de complicações. Repetir EGD não é indicada em pacientes sem Barret na ausência de novos sintomas (forte recomendação, moderado nível de evidência). Representação tridimensional das alterações anatômicas da JEG 1 (nomal) e o 4 (extremo) B – normal. Phmetria de 24h. O pH ou potencial de hidrogênio iônico é um parâmetro de medida da acidez, neutralidade ou alcalinidade de um meio qualquer. Quando nos referimos a pHmetria estamos falando da medida desta alteração do pH. Padrão ouro – melhor procedimento para caracterizar o refluxo. - Análise do refluxo ácido gastroesofágico - Caracterização do padrão do refluxo - Relação entre queixas clínicas e refluxo O refluxo é considerado patológico quando o pH intra-esofágico se mantem maior que 4 por mais de 4% do tempo total da duração do exame. Limitação: não identifica refluxo “não-ácido”, no período pós prandial; Impedâncio-pH-metria prolongada - Detecta refluxo ácido e não ácido - Caracteriza o RGE em líquido, gasoso e misto - Identifica a altura que o RGE atinge o esôfago - Relaciona sintomas com todas as modalidades de refluxo Em pacientes sintomático com Antisecretores a Impedâncio-pH-metria é de grande utilidade. Manometria: Indicações - A manometria não é útil para o diagnóstico, mas oferece detalhes importantes. - Deve ser feito como avaliação pré-operatória. DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 5 Exame radiológico contrastado do esôfago • Esclarecimento da disfagia e da odinofagia • Anatomia esofágica • Lesões estenosantes do esôfago • Alterações motoras – ondas terciárias e espasmos do órgão. • Rx com bário não deve ser realizada para diagnóstico de DRGE – baixa sensibilidade. Muito usado para esclarecimento anatômico: Pico de papagaio (acalasia) Câncer Gastrite Gastrite com úlcera Tratamento cirúrgico: indicações - É uma opção de tratamento para pacientes com terapia longa de PPI em DRGE (forte recomendação, alto nível de evidência) - Geralmente não é recomendada para pacientes refratários a terapia com PPI (Forte recomendação. Alto nível de evidência). - PHmetria é mandatória em pacientes sem evidência de esofagite erosiva. - Todos pacientes devem submeter-se a manometria pré-operatória para afastar acalasia e esclerodermia (forte recomendação, moderado nível de evidência). Pacientes obesos com DRGE devem ser submetidos à cirurgia bariátrica (by-pass gástrico). (condicional recomendação, moderado nível de evidência). DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 6 Tratamento cirúrgico Quando se tem o hiato esofagiano, ou seja, o alargamento, dá-se pontos nos pilares diafragmáticos para ajustá-los. (não apertar) Após isso, cria-se uma zona de alta pressão, levando o fundo gástrico por baixo e abraçando pela frente o esôfago. É a técnica mais usada, curta e frouxa: Variação de Toupet, dá os pontos também nos pilares.Válvula parcial, não abraça o esôfago todo: Se eu tiver o esôfago hipotônico: faço ou curta e frouxa ou válvula parcial. Efeitos da fundoplicatura total nos mecanismos anti-refluxo da junção gastresofágica - Aumento na pressão de relaxamento após a deglutição. - Aumento da pressão intragástrica após a distensão gástrica. - Relaxamentos transitórios do EEI abolidos. Resultados do tratamento cirúrgico - Mobilidade – 5 a 10%. - Mortalidade – 0 a 0,2% (curto prazo) Insatisfeitos – 1 a 10%. Assintomáticos ou com sintomas mínimos – 87 a 98%. Necessidade de reoperação – 0 a 6% (20% - tardio) DRGE Caio Márcio Silva Cruz Página 7 Taxa de recidiva após tratamento Conservador 50% - 6 meses 80% - 1 ano. A cirurgia quando bem indicada, por isso, tem o seu valor.
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