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HISTOLOGIA DE ÓRGÃOS OCOS: epitélio da superfície (mucosa) + muscular da mucosa + submucosa + muscular própria + tecido adiposo (revestimento) + seroso. Cada camada tem uma especialização, tumores que aparecem em determinadas camadas possuem um estadiamento que levam a um tratamento específico. ESÔFAGO: primeira porção do TGI, órgão cérvico-tóraco-abdominal. Possui esfíncter s u p e r i o r , e s f í n c t e r i n f e r i o r , t r a n s i ç ã o esofagogástrica (relacionada a DRGE). Porta de entrada com o meio externo, possui mucosa extremamente resistente: epitélio escamoso/estratificado (células justapostas). ESTÔMAGO: possui fundo, corpo, antro, piloro, duodeno. Mucosa gástrica do piloro e do antro possui uma glândula bem arredondada na porção basal da célula, denominada célula G. No fundo e corpo há uma célula bem grande denominada célula parietal. A célula parietal localizada no corpo e fundo está relacionada a quebra do pepsinogênio em pepsina, produz o fator intrínseco (relacionado a anemia perniciosa - deficiência de vitamina B12 caracterizando a anemia megaloblástica). O alimento entra estimula a produção de gastrina pelas células G no antro, produz ácido clorídrico, que estimula a produção da célula parental no fundo gástrico, a bomba de prótons quebra o pepsinogênio em pepsina que age sobre as proteínas. Enquanto que as células pilóricas/ células G se relacionam com o muco e produção de gastrina. INTESTINO DELGADO: parte mais linfoide, composto por duodeno, íleo e jejuno. INTESTINO GROSSO: composto por íleo terminal, válvula íleo cecal, ceco, apêdice cecal, co lo ascendente, colo t ransversal , co lo descendente, sigmoide, reto e ânus. Gabriela Reis Viol. 1 anatomia, fisiologia e histologia do TGI doença do refluxo gastroesofágico CASO CLÍNICO: homem, 55 anos, encaminhado ao ambulatório de gastroenterologia, com história de dor retroesternal há 2 anos, refere que anteriormente apresentava o sintoma de forma esporádica, porém, há mais ou menos 3 meses, a f requência e in tensidade dos episódios aumentaram. Refere que a dor era de intensidade 2 a 3 e atualmente chega a intensidade 7 (piora dos sintomas, aumento da intensidade e aumento da frequência). A dor é tipo queimação, com sensação de plenitude pós-prandial e eructações (arroto) que começaram há 2 meses. Relaciona essa piora ao fato de ter ganhado 10 kg no último ano. Relata que há 4 meses foi no PS pensando em IAM. Atualmente apresenta 3 - 4 episódios por semana com piora após refe ições vo lumosas e gordurosas. Nega náuseas, vômitos, regurgitação, odinofagia, halitose, dispneia. Relata tosse intensa várias vezes por semana. Refere tabagismo 20 maços x anos. Etilista social, a dor piora após o uso de bebida alcoólica. Há 2 anos a dor era de intensidade 2, piora intensa há 3 meses levando a dor a intensidade 7, associado a dor o paciente apresenta plenitude pós prandial e eructações. DIAGNÓSTICO SINDRÔMICO: síndrome dispéptica, acomete o trato digestório alto (boca + esôfago + transição esôfago-gástrica). Cursa com dor epigástrica, desconforto pós-prandial. No esôfago há pirose retroesternal, azia (sensação de mal estar), regurgitação, disfagia (dificuldade para engolir), odinofagia (dor para engolir), eructação (arroto), associado ou não a náusea ou vômito. Para caracterizar um quadro de dispepsia 1 ou mais sintoma precisa estar presente, sendo plen i tude pós-prand ia l ( a l imen to f i ca prolongadamente no estômago), saciedade precoce (estômago cheio após alimentação - dependendo da intensidade da dispepsia pode levar ao emagrecimento) e dor ou queimação epigástrica (pirose) sendo as mais importantes. Dispepsia funcional: sintomas sem relação com doença orgânica. Dispepsia orgânica: associado a uma causa específica. As principais causas (98%) são: DRGE (70%), úlcera péptica, câncer gastro-esofágico, medicamento (agridem a mucosa: AINEs são os principais). DIAGNÓSTICO CLÍNICO: DRGE. Refluxo do conteúdo gástrico ao esôfago distal e transição esofagogástrica. O conteúdo gástrico é ácido e agride a mucosa que não é preparada para recebê-lo, obrigando a célula da mucosa a “reforçar” sua estrutura. A célula sofre uma metaplasia (esôfago de Barrett), troca de um tecido original por um tecido mais resistente em decorrência de uma agressão crônica. Cu rsa SEMPRE com dispeps ia + dor retroesternal (pirose) ou regurgitação. A fisiopatologia compreende: diminuição da motilidade esofágica (ex: doença de Chagas), esfíncter esofágico inferior com problema de fechamento, hérnia hiatal (principal na pediatria - má formação), atraso no esvaziamento gástrico (gastroparesia). EXAME FÍSICO: procurar massas, abaulamentos e adenomegalias. Identificar SINAIS E SINTOMAS DE ALARME: idade > 55, perda de peso aparente não intencional, icterícia, história familiar de CA gástrico, anemia de doença crônica (consumido por uma doença subjacente - anemia ferropriva), massa palpável, ascite. O diagnóstico é CLÍNICO, e o médico está autorizado a tratar empiricamente. Solicitar endoscopia digestiva alta (EDA) se houver sinais de alarme e risco para Helicobacter. TRATAMENTO: a primeira linha de tratamento inclui os inibidores de bomba de prótons (diminuir a concentração de ácidos), inibe a célula parietal Gabriela Reis Viol. 2 de liberar íons H+, aumento do pH (estômago mais alcalino). Devem ser ingeridos em jejum (ex: Omeprazol). Outra linha inclui os anti-ácidos que bloqueiam a formação de HCl. IMPORTANTE: 10 a 20% dos casos tem Barrett (metaplasia na transição esôfago-gástrica), a chance de evolução para CA é maior (metaplasia - displasia - neoplasia), daí a importância de conhecer os pacientes com esôfago de Barrett. Pacientes > 50 anos indica-se EDA (para biópsia), DRGE > 5 anos (quadros clínicos arrastados). A definição endoscópica é a presença de projeções digitiformes no esôfago distal de coloração salmão (metaplasia intestinal). Quanto mais a projeção subir, haverá maior proliferação, c o m r i s c o a u m e n t a d o d e d e s e n v o l v e r adenocarcinoma. Verificar se há displasia. Se não tem displasia, trata o refluxo. Se houver displasia de baixo grau: observar e tratar os sintomas do refluxo e Helicobacter. Se displasia de alto grau o tratamento deverá ser mais agressivo: ablação, escleroterapia, mucosectomia. CONTINUAÇÃO DO CASO CLÍNICO: retorno após 6 semanas de tratamento para o refluxo. O paciente refere melhora parcial dos sintomas e exames de EDA normal (sem metaplasia), sem a presença de HP. Relata que mantém o mesmo padrão de vida, mesmo tipo de alimentação e não cessou o tabagismo. COMO PROSSEGUIR? Tratamento não farmacológico. Não tratar o paciente com refluxo sem melhora dietética (especialmente a noite), abandono completo do tabagismo, exclusão de alimentos condimentados e cítricos, exercícios físicos para o emagrecimento, cabeceira elevada, não dormir após a refeição, retirada de medicamento que irrita a mucosa, abandono do álcool mesmo que socialmente. E a TOSSE? É um sintoma não usual, assim como dor torácica não cardíaca, doenças pulmonares, otite, sinusite, etc. Mas a tosse acontece por haver um refluxo intenso, ou quando há apneia do sono (microaspirações) que leva a s u b s t â n c i a a á r v o r e t r a q u e o b r ô n q u i c a (extremamente irritativo), causando injúria direta do parênquima pulmonar. O ácido aumenta a secreção da mucosa do pulmão e causa tosse irritava e até broncoespasmo. Mais comum em pacientes obesos. E a DOR PRECORDIAL? É não cardíaca, 30% dos pacientes tem coronárias normais. Atenção para IAM (ECG, avaliação de cardiologista). Tratamento empírico se enzimas cardíacas estiverem normais. questões CONCEITUE REFLUXO GASTROESOFÁGICO ( R G E ) E D O E N Ç A D O R E F L U X O GASTROESOFÁGICO (DRGE), DESTACANDO SUAS DIFERENÇAS. A RGE é simplesmente um evento no qual o conteúdogástrico do estômago e/ou biliar vai refluir para o esôfago, ou seja, o movimento retrógrado atra vés do esfíncter esofagiano inferior determina o refluxo, algo que não deveria acontecer já que o fluxo do alimento deveria ser sempre craniocaudal. A RGE é a principal fisiopatologia da DRGE, uma afecção crônica. Na doença do refluxo é preciso que ocorra os episódios de RGE para criar os sinais e sintomas esofágicos e/ou extra-esofágicos nos pacientes, associados ou não a lesões teciduais. A DRGE requer tratamento, o principal órgão acometido é o esôfago distal, o conteúdo do refluxo é geralmente ácido devido a presença do ácido clorídrico do estômago. Eventualmente, pode acontecer de o paciente ter refluxo de bile se o mesmo apresentar o RGE concomitantemente com o refluxo duodeno-gástrico, levando a um quadro conhecido por esofagite fracamente ácida. EXPLIQUE A DIFERENÇA ENTRE REFLUXO FISIOLÓGICO E REFLUXO PATOLÓGICO. O refluxo fisiológico tem curta duração e ocorre especialmente após as refeições, na grande maioria das vezes não leva a sintomas e é Gabriela Reis Viol. 3 identificado apenas através da pHmetria esofágica de 24h. Já o refluxo patológico, é mais duradouro, recorrente durante as refeições, o conteúdo ácido do estômago fica em contato durante muito tempo com a mucosa esofágica ou por várias vezes ao dia. Está associado a sintomas sendo os principais: pirose retroesternal e regurgitação ácida. CARACTERIZE A DRGE. Presença de sintomas t íp icos: pirose e regurgitação (principalmente); há pelo menos 3 meses; e sintomas ocorrendo pelo menos 2 vezes por semana. DEFINA ESOFAGITE DE REFLUXO. A l te rações i n f l ama tó r i as endoscóp i cas demonstráveis na mucosa esofagiana, definidas pela presença de erosões na mucosa. TODOS OS PACIENTES COM DRGE TERÃO N E C E S S A R I A M E N T E E S O FA G I T E D E REFLUXO? Não, apesar da esofagite de refluxo ser a principal lesão associada a DRGE, acometendo cerca de 40% dos pacientes, nem todos os portadores da doença vão apresenta-la. MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS DA DRGE. O principal mecanismo para que haja o RGE patológico é o esfíncter inferior do esôfago com algum distúrbio que propicie o conteúdo do estômago a voltar para o esôfago, como por exemplo relaxamentos transitórios não associados a deglutição. Ao contrário dos relaxamentos desencadeados pela deglutição, os relaxamentos associados ao RGE patológico são mais duradouros (> 10 segundos) e não se acompanham de peristalse esofagiana. Pacientes com distúrbios motores específicos do esfíncter inferior e/ou associados a outras doenças como esclerodermia, lúpus, artrite reumatoide, causando hipotonia no esfíncter também são causas de DRGE. Um outro grupo importante de pacientes são os portadores de hérnia de hiato, doença que aumentou sua incidência e prevalência devido aos crescentes números de obesidade no mundo. A existência de hérnia de hiato favorece o refluxo na medida em que o esfíncter esofagiano inferior passa a não contar mais com a ajuda da musculatura diafragmática como reforço a sua função de barreira. A posição inapropriada do esfíncter também facilita a ocorrência de refluxo. O principal fator lesivo à mucosa esofágica é o ácido clorídrico. O epitélio escamoso do órgão não é preparado para tolerar um pH <4,0 e, principalmente, <2,0. O refluxo duodenal também pode participar da gênese da esofagite de refluxo. Com a agressão frequente da mucosa, a camada epitelial é destruída, surgindo erosões, inflamação e edema (esofagite erosiva). Em quadros mais graves, pode haver lesões mais profundas na submucosa e a muscular, evoluindo com a formação de úlceras, fibrose e estenose do esôfago. Três anormalidades básicas que podem estar relacionadas à gênese do refluxo: relaxamentos transitórios frequentes do esfíncter esofagiano inferior, não relacionados à deglutição; esfíncter esofagiano inferior hipotônico; hérnia de hiato (FATOR CONTRIBUINTE). MECANISMOS ANTI-REFLUXO • Esfíncter esofagiano inferior (P>9mmHg) – PRINCIPAL; • Peristalse; • Pinçamento diafragmático; • Gravidade; • Ângulo de his; • Saliva; • Bicarbonato esofágico. SINTOMAS TÍPICOS DA DRGE As principais manifestações clínicas típicas da DRGE são a pirose retroesternal e a regurgitação ácida. A pirose é caracterizada pela sensação de queimação retroesternal, podendo irradiar-se à base do pescoço ou garganta. Frequentemente ocorre 30 a 60 minutos após a alimentação, particularmente após refeições copiosas, gordurosas ou contendo condimentos e cítricos. A ingestão de leite ou antiácidos podem aliviar a pirose em minutos. A regurgitação consiste de eructação do Gabriela Reis Viol. 4 conteúdo gástrico para a faringe, ocorrendo comumente após refeição copiosa ou ao deitar-se. SINTOMAS ATÍPICOS DA DRGE Frequentemente, manifestações atípicas da DRGE estão presentes, na ausência de pirose e regurgitação. A pirose epigástrica (azia) é um sintoma mais comum na síndrome dispéptica mas pode se apresentar na DRGE. O paciente pode se queixar de dor esternal (angina pectoris?/ sempre fazer diagnóstico diferencial com síndromes e doenças coronarianas). Sintomas extra-esofágicos podem aparecer, quando o paciente chega com soluço de vários dias, tosse, pigarro, rouquidão, parageusia, gengivite, cáries dentais, faringite crônica, amigdalite crônica, sinusite crônica, otite crônica, tudo isso pode ser devido à DRGE. SINAIS DE ALARMES QUE PODEM ESTAR PRESENTES NA DRGE E INDICAR GRAVIDADE DO QUADRO DO PACIENTE. 1. Disfagia. 2. Odinofagia. 3. Hemorragia digestiva: hematêmese, melena, sangue oculto nas fezes, anemia crônica ferropriva Na presença de algum desses sintomas o paciente não pode ser liberado sem um pedido de endoscopia d igest iva. Fazer diagnóstico diferencial para afastar doenças mais graves como, por exemplo, neoplasias do esôfago, ulceras hemorrágicas. PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA DRGE 1. Esofagite infecciosa. 2. Esofagite eosinofílica. 3. Dispepsia não ulcerosa. 4. Úlcera péptica gastroduodenal. 5. Doença do trato biliar. 6. Distúrbios motores do esôfago. 7. Doença coronariana. PODEMOS AFIRMAR QUE É POSSÍVEL ESTABELECER O DIAGNÓSTICO E CONDUZIR UM CASO DE DRGE SEM LANÇAR MÃO DE QUALQUER EXAME ADICIONAL? Sim, o diagnóstico de DRGE pode ser feito somente pela história clínica, quando o paciente refere pirose pelo menos duas vezes por semana, de maneira recorrente, por um período de 3 meses. A resposta positiva ao testeterapêutico (redução sintomática >50% após 1-2 semanas de uso de IBP) éconsiderado o principal teste confirmatório. QUANDO ESTÁ INDICADO A REALIZAÇÃO DE EXAMES COMPLEMENTARES? Está ind icado a rea l ização de exames complementares na presença de sinais de alarmes – disfagia, emagrecimento, odinofagia, sangramento gastrointestinal e anemia; e na ausência de resposta ao tratamento empírico com IBP em dose dobrada. EXAME CONSIDERADO PADRÃO OURO PARA O DIAGNÓSTICO DE DRGE? Impedanciophmetria. Registra o fluxo retrógrado de conteúdo gástrico, independente de seu pH. Quando combinado com pHmetria, permite detectar o RGE ácido e “não-ácido”. Portanto, permite definir se um sintoma é relacionado com refluxo ácido, relacionado com refluxo “não-ácido”, ou não relacionado com refluxo. Além disso, permite caracterizar o RGE quanto à sua composição (líquido, gasoso ou líquido- gasoso) e identificar o nível de ascensão do refluxo no esôfago. EXAME QUE DEVE SER PRIMEIRA ESCOLHA QUANDO HÁ SUSPEITA DE DRGE: Por ser prático, disponível e trazer informações valiosas, a endoscopia digestiva alta (EDA) é o primeiro método a ser solicitado.A EDA é a técnica de escolha no diagnóstico das lesões tec iduais causadas pe lo re f luxo gastroesofágico, além de permitir avaliar a gravidade da esofagite, identificar áreas suspeitas de esôfago de Barrett e realizar biópsias dirigidas, tanto para confirmar a presença do epitélio de Barrett quanto para avaliar displasia nesta área. Embora o exame endoscópico não demonstre lesões macroscópicas de esofagite em até 50% Gabriela Reis Viol. 5 dos pacientes com DRGE confirmada pela pHmetria esofágica, ele se presta também para o diagnóstico diferencial com outras enfermidades. Além disso, é fundamental lembrar que quando uma EDA mostrar esôfago de Barrett ou esofagite, estará confirmado o diagnóstico de DRGE, embora uma EDA normal não o exclua. Na verdade, a maioria dos pacientes sintomáticos com DRGE terá uma EDA normal (a denominada DRGE não-erosiva), o que não necessariamente indica que os sintomas serão menos intensos ou que estes serão mais facilmente controlados quando se compara com pacientes apresentando esofagite erosiva. Apesar de não ser o padrão ouro para o diagnóstico de DRGE, a endoscopia digestiva alta fornece as informações mais importantes para o manejo da doença. QUAL A RELAÇÃO DA EDA COM BIÓPSIAS? IMPORTÂNCIA DA REALIZAÇÃO DA BIÓPSIA EM TECIDO SUSPEITO. Através da EDA é possível obter tecido para biópsia, sendo uma grande vantagem deste exame. As biópsias costumam revelar hiperplasia da camada basal do epitélio es t ra t i f i cado do esô fago , assoc iado a papilomatose. A alteração histopatológica mais precoce da DRGE é o aumento do espaço intercelular no epitélio estratificado, mostrando que o ácido refluído penetra nas camadas escamosas. A importância da biópsia esofágica é maior na esofagite complicada (grau IV ou V), para confirmar a presença de esôfago de Barrett, lesão pré-maligna. MANIFESTAÇÕES COMO ODINOFAGIA E HEMORRAGIAS (ANEMIA FERROPRIVA) GERALMENTE ESTÃO ASSOCIADAS A QUE TIPO DE LESÃO NA DRGE? Úlceras esofágicas, que diferente das erosões que são mais superficiais, são lesões mais profundas que alcançam a submucosa podendo atingir a camada muscular. UM PACIENTE DIAGNOSTICADO COM DRGE QUE PROGRIDE COM DISFAGIA POR OBSTRUÇÃO MECÂNICA (PREDOMINANDO P A R A S Ó L I D O S ) A P A R E C E N D O INSIDIOSAMENTE E SENDO PRECEDIDA EM ANOS POR SINTOMAS DE PIROSE PODE ESTAR APRESENTANDO QUAL TIPO DE COMPLICAÇÃO? Estenose péptica de esôfago. Esse quadro acontece em 10% dos casos, geralmente nos pacientes com esofagite grave, circunferencial ou associada à úlcera esofágica, devido à cicatrização com fibrose no processo de resolução dessas lesões. Esta complicação se inicia no terço inferior do esôfago, assumindo, com o passar dos anos, um padrão ascendente. Os portadores de estenose péptica, ao contrário dos portadores de estenose maligna, perdem pouco ou nenhum peso. Abaixo da área de estenose geralmente se encontra epitélio colunar (Barrett). QUAIS SINTOMAS RESPIRATÓRIOS OS P A C I E N T E S C O M D R G E P O D E M APRESENTAR? Estima-se que a prevalência de DRGE em pacientes asmáticos varie entre 35% a 90%, sendo as maiores taxas observadas em asmáticos graves e quando se utiliza a pHmetria esofágica como método diagnóstico da DRGE. Refluxo gastroesofágico é um potencial desencadeante de asma e o tratamento agressivo anti-refluxo pode melhorar os sintomas dessa enfermidade em pacientes selecionados. Admite-se que haja pelo menos dois mecanismos pelo qual ácido no e s ô f a g o p r o d u z a b r o n c o c o n s t r i ç ã o e , consequentemente, exacerbe a obstrução ao fluxo aéreo em asmático: um reflexo mediado pelo nervo vago desencadeado pela estimulação de receptores sensíveis ao ácido no esôfago e microaspiração do conteúdo gástrico para dentro das vias aéreas superiores. O refluxo ácido pode atingir a orofaringe, a laringe ou a traqueia, provocando faringite, laringite posterior, ou traqueíte crônicas. A laringite pode evoluir com estenose laringotraqueal e até mesmo com câncer de laringe. Gabriela Reis Viol. 6 CONCEITO E A IMPORTÂNCIA DO ESÔFAGO DE BARRETT (EB)? Define-se como EB a substituição do epitélio escamoso estratificado do esôfago por epitélio colunar tipo intestinal (metaplasia intestinal). Estima-se que 10% a 15% dos pacientes submetidos a endoscopia digestiva alta por DRGE terão EB. Quando a área de metaplasia intestinal reveste 3 cm ou mais do esôfago distal, denomina-se EB clássico ou longo; se este segmento metaplásico é menor que 3 cm, chamamos de EB curto. Sua importância principal está no risco de evolução para adenocarcinoma esofágico. Pacientes com EB têm risco de adenocarcinoma 30 a 125 vezes maior que a população normal, o que equivale a 0,5% ao ano ou 10% no total. FORMAS DE APRESENTAÇÃO CLÍNICA DOS PACIENTES COM EB? Os sintomas dos pacientes com EB são similares àqueles apresentados pelos pacientes com DRGE não-complicada, podendo inclusive haver uma atenuação dos sintomas típicos do refluxo. Mesmo pacientes com manifestações atípicas da DRGE ou com queixas dispépticas podem apresentar EB, sendo que em 5% a 20% dos casos pode não haver qualquer sintoma. Embora o EB possa ser diagnosticado em qualquer faixa etária, a prevalência aumenta com a idade até o pico entre 45-60 anos, podendo estar presente cerca de 20 anos antes de ser reconhecida. É uma doença principalmente de homens brancos. OBJETIVOS DO TRATAMENTO PARA DRGE? Melhorar a função motora esofágica, estimulando a depuração ácida e elevando a pressão basal do esfíncter esofagiano inferior, aumentar a salivação, acelerar o esvaziamento gástrico que muitas vezes está diminuído e reduzir o potencial agressivo do HCL. 1. Aliviar os sintomas; 2. Cicatrizar as lesões; 3. Evitar recidivas; 4. Evitar complicações. M E D I D A S G E R A I S Q U E D E V E M S E R ADOTADAS POR PACIENTES COM DRGE. • Elevar a cabeceira do leito (15-20cm); • Evitar alimentos que causam sintomas: café, chocola te , c í t r icos, gorduras, f r i tu ras, condimentos, conservantes, enlatados, temperos, bebidas alcoólicas e gasosas, menta, hortelã, tomate, tabaco… • Não comer e logo deitar (2-3h); • Fracionar as refeições; • Evitar líquido durante as refeições, comer devagar, mastigar bem os alimentos, perder peso, evitar o aumento da PIG; • Evitar drogas que diminuem a PEIE: nifedipina, ni t ratos, morf inas, diazepam, teof i l ina, barbitúricos... PRINCIPAIS MEDICAMENTOS INDICADOS NO TRATAMENTO DA DRGE? Os principais medicamentos ofertados para tratar a DRGE são os inibidores da bomba de prótons, os bloqueadores H2, antiácidos e procinéticos. PRIMEIRA ESCOLHA PARA TRATAR A DRGE? Inibidores da bomba de prótons (IBPs), eles aumentam a taxa de resolução de sintomas e cicatrização da esofagite, ao mesmo tempo que mantêm uma baixa incidência de efeitos adversos. Os IBPs conseguem reduzir a secreção ácida do estômago com maior eficácia do que os bloqueadores H2. TEMPO DA TERAPÊUTICA FARMACOLÓGICA E O M E L H O R H O R Á R I O P A R A S E ADMINISTRAR O IBPS. O período de tratamento varia entre 6-12 semanas. O ideal é fazer o uso de IBPs 30 minutos antes das refeições (preferencialmente antes do café da manhã), neste momento encontram as bombas de próton com maior grau de atividade. O Q U E A C O N T E C E S E O PA C I E N T E INTERROMPER O TRATAMENTO DA DRGE COM IBPS? Como a DRGE é uma enfermidade crônica, nos casos mais graves os sintomas tendem a recidivar Gabriela Reis Viol. 7 rapidamente quando o tratamento é interrompido ou quando a dose de IBP é reduzida. Cerca de 80% desses pacientes recidivam em 6 meses após o término da utilização de IBP e quase todos recidivarão após 12 meses. Q U A N D O O S A N T I Á C I D O S E S T Ã O INDICADOS?Os antiácidos são indicados na ausência de IBPs e bloqueadores H2 ou naqueles pacientes muito sintomáticos, com queimação extrema. Hidróxido de alumínio/magnésio (Mylanta-plus), 30 ml, é usado para alívio imediato da pirose, devendo ser administrado após as refeições e antes de dormir. O grande problema dos antiácidos é o efeito rebote, o sal no meio do ácido vai se transformar em base e água o que neutraliza o efeito do ácido, só que não há bloqueio da secreção gástrica, depois de algumas horas há o efeito rebote, mecanismo de feedback, o p a c i e n t e a p r e s e n t a h i p e r g a s t r e n e m i a , hipercloridria podendo desencadear sintomas até mais intensos do que os apresentados antes da administração do medicamento. Então, não é feito o uso de rotina dos antiácidos para tratamento a longo prazo dos pacientes. TRATAMENTO DO ESÔFAGO DE BARRETT? Em todos os pacientes com esôfago de Barrett deve ser feita biópsia em busca de displasia, esses pacientes são acompanhados com endoscopias seriadas. Pacientes com Barrett curto <3cm, sem displasias, podem fazer seguimento de 3 a 5 anos com biópsias do esôfago. Nos Barrett logos >3cm, sem displasias, de 1 a 3 anos no máximo realizar biópsia. Pacientes com Barrett com displasias, rastreio com biópsia de 6 meses a 1 ano no máximo. Displasia de alto grau, já considerado carcinoma in situ, requer tratamento mais invasivo, mucosectomia endoscópica ou esofagctomia distal. QUAL A CORRELAÇÃO DO HELICOBACTER PYLORI E DRGE? Como as duas doenças são frequentes, é muito comum que ambas se manifestem juntas. Está claro que o H. pylori não causa DRGE e a recomendação atual é tratar esta infecção respeitando suas indicações formais, independente da DRGE. Q U A I S S Ã O A S I N D I C A Ç Õ E S D O TRATAMENTO CIRÚRGICO NO PACIENTE COM DRGE? • Impossibilidade de realizar o tratamento clínico corretamente. • Falha do tratamento clínico. • Pacientes jovens que terão de fazer tratamento contínuo. • Vontade do próprio paciente. • Complicações: estenose, úlcera e CA, Barrett longo? Sempre realizar antes a esofagomanometria, a presença de dismotilidade importante pode levar a síndrome semelhante à acalasia no pós- operatório. TÉCNICA UTILIZADA NO TRATAMENTO CIRÚRGICO NA DRGE? Fundoaplicatura de Nissen. O tratamento visa restabelecer a competência do esfíncter com um manguito do fundo gástrico. Atualmente, a fundoaplicatura é preferencialmente realizada por cirurgia laparoscópica. Gabriela Reis Viol. 8
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