Prévia do material em texto
Conceito Neuroevolutivo Bobath Introdução Por palavras da Sra. Bobath o Conceito de Bobath: - “É uma maneira de pensar, observar e de handling, com fim de interpretar o que o paciente está a fazer. Em seguida, ajustar o que fazemos na forma de técnicas para ver e sentir o que é necessário,tornar o paciente o mais funcional e com objetivos possíveis” reduzir a espasticidade introdução de padrões de movimentos seletivos, tanto automáticos como voluntários, para a preparação de habilidades funcionais Os dois grandes objetivos da abordagem Bobath são: O tratamento neuroevolutivo Bobath é uma abordagem de resolução de problemas, para avaliação e tratamento das deficiências e limitações funcionais de indivíduos com disfunções neurológicas, primordialmente em crianças com paralisia cerebral (PC) e adultos vítimas de acidente vascular encefálico (AVE) ou traumatismo cranioencefálico (TCE). Esses indivíduos apresentam disfunções da postura e do movimento que levam a limitações em suas atividades funcionais. O conceito baseia-se no pressuposto de que o cérebro humano consegue aprender ou reaprender certas atividades que são necessárias ao paciente. Esta capacidade é conhecida como plasticidade do cérebro. É importante que o cérebro, após uma lesão, tenha a oportunidade de começar a aprender o que “é correto”. O tratamento parte da avaliação do potencial do paciente ao realizar uma determinada tarefa funcional, por meio da observação e análise do desempenho dessa tarefa, e possibilitar, por meio do tratamento, melhor funcionalidade. Essa teoria é fundamentada na abordagem sistêmica do controle motor, a teoria dos sistemas, que descreve que para entender o controle neural do movimento era importante o conhecimento das características do sistema que está se movimentando e das forças externas e internas que agem sobre o corpo. Bernstein enfatizou o papel do sistema musculoesquelético ao considerar que a coordenação do movimento é a capacidade de controlar os graus de liberdade do organismo em movimento. Nessa teoria, reconhece-se que o movimento surge de uma interação entre o indivíduo, a tarefa e o ambiente, no qual a tarefa está sendo executada. Reconhece-se também que o indivíduo, ao executar uma tarefa, é o produto da interação dinâmica entre os sistemas de percepção, cognição e ação. O conceito Bobath se pauta na visão atual do controle motor, resultado de um sistema dinâmico e flexível que sinaliza o potencial para a plasticidade como a base do desenvolvimento, da aprendizagem e da recuperação do sistema nervoso e muscular. Os principais objetivos são organizar o tônus, prevenir contraturas e deformidades, e estimular a aquisição das posturas antigravitacionais de acordo com a sequência do desenvolvimento típico. Na quadriparesia espástica, organizar o tônus na atividade reflexa, promover a simetria corporal, evitar as complicações respiratórias, as contraturas e as deformidades, e, se possível, estimular o controle das posturas do desenvolvimento típico. Objetivos na hipotonia: Objetivos na espasticidade: Organizar o tônus, transferir o peso e facilitar as mudanças de postura, ganhar mobilidade pélvica, fortalecer a musculatura abdominal, inibir as assimetrias e ganhar mobilidade de tronco. Organizar o tônus, para o lado afetado, promover a simetria e fornecer noções de linha média, favorecer a mobilidade e o controle de tronco, promover integração bimanual, evitar a instalação de deformidades, inibir as reações associadas e treinar marcha. Organizar o tônus, promover a estabilidade, estimular controle de cabeça e de tronco, e evitar as assimetrias. Objetivos displasia espástica: Objetivos na hemiparesia: Objetivos nas flutuações: As técnicas de tratamento dividem-se em TÉCNICAS DE FACILITAÇÃO, INIBIÇÃO e ESTIMULAÇÃO. Ressalta-se que as duas primeiras são executadas por meio de pontos-chave de controle, porém, as mesmas autoras salientam que, mais importante conhecer as técnicas, é saber utilizá-las no momento apropriado e modificá-las de acordo com as características de cada paciente. O objetivo da intervenção pelo abordagem Bobath é realizar manuseios que utilizem técnicas de inibição, facilitação e estimulação de padrões de movimentos normais, para possibilitar a aquisição da funcionalidade dos pacientes. Para isto, inibe padrões de tônus postural anormal e facilita o surgimento de padrões motores normais, o que viabiliza a ocorrência de movimentos ativos e mais próximos do normal. Objetivos Estimular as reações de equilíbrio e as transferências, ganhar mobilidade pélvica, realizar transferências de peso e melhorar a coordenação e a alternância de movimentos. Objetivos na ataxia: Método O método de tratamento Bobath, utiliza de técnicas manuais para tratar problemas de tônus muscular, postura e controle de movimento. Os terapeutas utilizam a manipulação para fornecer informações táteis, proprioceptivas e cinestésicas que auxiliam a organizar a qualidade do movimento do paciente, e influenciam na melhora de comprometimentos relevantes, como a espasticidade e a flacidez. Este método é amplamente utilizado no tratamento de doenças neurológicas em adultos, crianças e bebês. Avaliação - para obter informações sobre o controle motor e o estado funcional do paciente, problemas que interferem no uso das funções motoras e a resposta do paciente à manipulação identificar as habilidades e capacidades funcionais incluindo a movimentação dos membros superiores e inferiores padrões posturais do tronco e independência funcional nas atividades cotidianas identificar as limitações funcionais incluindo as funções que o paciente não consegue realizar e determinar que problemas interferem no controle do movimento e desempenho Identificação de padrões anormais tônus anormal, coordenação anormal. perda de controle postural, perda do controle de movimento seletivo ou alteração da sensibilidade. Abordagem de tratamento Após a identificação dos problemas, o terapeuta deve estabelecer metas funcionais e metas de tratamento, reconhecendo as funções que o paciente será capaz de aprender a realizar em um período de tempo estabelecido. Por fim, com base na resposta do paciente à manipulação, determinar por onde iniciar o tratamento, definindo quais as técnicas serão utilizadas. A princípio, as técnicas de manipulação são realizadas de maneira estática, exigindo o uso de reflexos e posicionamento passivo para produzir mudanças no tônus muscular. Conforme o método evolui, a manipulação torna-se um processo mais dinâmico usado para ativar respostas motoras para reduzir o tônus e a coordenação e para reeducar o movimento normal. De acordo com B. Bobath, certas posições das mãos sobre o corpo do paciente, chamadas de pontos-chave de controle, são mais eficazes no controle do movimento do paciente, estes pontos em sua maioria se localizam nas articulações, por serem pontos móveis, facilitam com que o terapeuta possa conduzir os movimentos e diminuir o desgaste físico tanto do paciente como do próprio terapeuta. Durante o tratamento, o terapeuta seleciona os pontos-chave para ajudar a controlar os problemas do paciente e o tipo de exercício que o terapeuta deseja influenciar. Os pontos-chave proximais são usados para influenciar a postura e o movimento do tronco, cabeça, cintura escapular e quadril, e os pontos-chave distais são usados para controlar a posição dos membros distais, sendo estes cotovelo, punho, joelho e tornozelo. Manuseio por pontos-chaves - estes pontos são onde o terapeuta vai colocar a mão para dar o suporte, feedback sensorial e manusear com o paciente na terapia - geralmente estes pontos chaves são nas articulações inibição - visa inibir padrões anormais de tônus e movimento facilitação - visa facilitar o movimento (usada após as técnicas de inibição) A manipulação incorpora dois tipos de técnicas: As técnicas de inibição são utilizadas para problemas de tônus e coordenação anormais, para reduzir a espasticidade e bloquear ou eliminar padrões anormais de movimento.1° - O terapeuta deve trabalhar na diminuição da espasticidade por meio da técnica de inibição. Pois a espasticidade bloqueia os padrões de ativação muscular que são necessários para o desempenho motor e funcional adequado. As técnicas de inibição faz o uso de padrões de inibição reflexa (PIR), que são padrões que contrapõem a ação de músculos tensos ou espásticos. A espasticidade também pode ser inibida pela descarga de peso e rotação do tronco para alongar os músculos encurtados. Alguns exemplos da prática são: o endireitamento da cabeça e tronco, rotação e reações de equilíbrio. 2° - Assim que o tônus muscular é normalizado, iniciam as técnicas de facilitação que vão treinar os padrões normais de movimento. Essa técnica é utilizada para ativar respostas posturais automáticas e de controle do tronco, e para reeducar movimentos, podendo ser realizados com ou sem descarga de peso no braço e na perna. A facilitação minimizará os movimentos anormais, por permitir que o paciente treine os padrões normais do movimento e coordenação. As técnicas de facilitação podem ser utilizadas para introduzir e praticar novas estratégias para a realização de atividades funcionais, usando a ocupação como meio ou tendo a ocupação como um fim. Nesse processo, o terapeuta mantém contato leve com os pontos-chave de controle apropriados e fornece assistência manual para os padrões de movimento do paciente. Quando o paciente segue essas instruções e exercícios manuais com assistência, o terapeuta controlará inicialmente a Técnicas de estimulação tátil e proprioceptiva - muito aplicado a crianças com ataxia, atetoses e hipotonia, que visa aumentar o tônus postural e movimentos dos músculos do corpo, seguindo o mesmo princípio de manipulação dos pontos chaves. A estimulação considera as técnicas de transferência de peso, tapping, placing e o holding. Faz necessário considerar algumas questões na hora do planejamento e execução das atividades; a intervenção deve ser realizada gradativamente, aumentando os níveis de movimento ao longo do tratamento até que se chegue ao desempenho esperado, e além da graduação, é importante realizar a repetição dos movimentos, principalmente em crianças, pois a repetição auxilia na aprendizagem motora dos movimentos para serem utilizados em contextos da vida diária da criança. Passos na terapia Bola Bobath (conhecida também como bola suíça); Tatame; Rolo; Espelho; Escada; Rampa; Prancha de equilíbrio; Brinquedos; Materiais domésticos; Materiais pessoais; Materiais escolares e qualquer outro material que auxilie o desenvolvimento do indivíduo em questão. INSTRUMENTOS UTILIZADOS. Como o Conceito Bobath é um método que enxerga o indivíduo como um todo, os materiais utilizados nas sessões de Terapia Ocupacional, variam de acordo com as necessidades e habilidades de cada paciente. Porém, de modo geral, são utilizados os seguintes materiais: Disfunções neurológicas (AVC, paralisia cerebral, patologias motoras); Traumatismo craniano; Esclerose múltipla; Lesão medular; Síndromes genéticas; Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) INDICAÇÕES O tratamento é indicado para casos de: Se tratando em pacientes com traumatismo craniano, os resultados obtidos ao usar o método Bobath são: • Minimizar as sequelas das disfunções neurológicas; • Propiciar maior grau de independência das pessoas em suas atividades; • Estimular o sistema nervoso central; • Estimular o desenvolvimento e habilidades motoras; • Agir na prevenção deformidades musculoesqueléticas; • Melhora cognitiva; • Maior controle nas reações de retificação, equilíbrio e proteção; • Melhora na qualidade de vida dos pacientes, entre outros benefícios. Lembrando que pode ser usado componentes do ambiente doméstico no processo de reabilitação, como: cama, cadeiras e escada ANÁLISE CORRELACIONADO COM A TERAPIA OCUPACIONAL A abordagem Bobath é interdisciplinar. O Terapeuta Ocupacional habilitado nesse conceito tem objetivo de proporcionar maior autonomia e independência às atividades básicas do paciente. Durante o atendimento utiliza-se manuseios e facilitações para que se consiga o máximo do paciente em sua movimentação. Uma das principais características do Bobath é o alinhamento biomecânico, pois através dele utiliza-se manuseios para que a criança consiga fazer descarga de peso dos membros superiores, controle de tronco e uma série de movimentações para atingir o resultado esperado. Para ajudar nesse alinhamento biomecânico, o terapeuta ocupacional deve fazer a adaptação de cadeiras para que a criança obtenha um melhor posicionamento. O objetivo final é que se consiga executar o atendimento através desses manuseios, realizar transferências e fazer com que se torne funcional.