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Figuras de Linguagem na Estilística

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INTERPRETAÇÃO
PRÉ-VESTIBULAR 135PROENEM.COM.BR
FIGURAS DE LINGUAGEM I:
FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO08
ESTILÍSTICA
Quando falamos em Estilística estamos realmente falando da 
parte da gramática que estuda o estilo, entendendo por estilo um 
conjunto de características e de usos de linguagem representativos 
da intencionalidade do enunciador e capazes de estabelecer distinção 
entre dois textos. 
Quando diretamente relacionada à Semântica, a Estilística 
ocupa-se significação contextual e expressiva das palavras 
e expressões, baseando-se nas suas possibilidades de 
plurissignificação. Pode, também, dar conta de modelos de 
construção gramatical, desde que sirvam à expressividade. 
Contudo, sua principal área de atuação reside no par conotação/
denotação e no estabelecimento da linguagem figurada.
Normalmente encontraremos a base para a análise da 
Estilística nos textos literários, já que “a linguagem literária 
desvia-se, sistematicamente, da norma padrão com o objetivo 
de colocar em primeiro plano as propriedades linguísticas do 
texto e de desfamiliarizar as percepções automatizadas do leitor”. 
Outro campo de análise será a linguagem publicitária que utiliza 
diversos jogos de palavras e sentidos em sua tarefa de persuadir 
os consumidores.
LINGUAGEM FIGURADA
Procura da Poesia
(...)
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
(Carlos Drummond de Andrade)
O poeta Drummond ensina que as palavras podem apresentar 
múltiplos significados, dependendo do contexto em que as 
utilizemos. A essa possibilidade de uma palavra apresentar diversos 
sentidos chamamos polissemia. Alguns desses sentidos nos 
remetem à ideia original da palavra, isto é, seu sentido primordial, 
denotativo. Outros ganham um sentido dentro do contexto em que 
são usados, o chamado sentido figurado ou conotativo.
No mesmo poema, Drummond fala que as palavras, antes 
da poesia, ficam em “estado de dicionário”, isto é, apresentando 
apenas sua significação objetiva, ligada diretamente à necessidade 
em se nomear determinado ser ou processo. Contudo, podem-se 
usar as palavras atribuindo-lhes novos sentidos de acordo com a 
intenção, com o estilo a que se propõe. Alguns desses sentidos são 
absolutamente comuns (ainda que se distanciem do significado 
original) formados por associações ou aceitos culturalmente como 
tais. É o que ocorre com a palavra coração que, por extensão e 
associação, pode significar amor, paixão ou até mesmo ser usada 
como adjetivo.
Desta maneira, pode-se entender que as figuras de linguagem 
são manifestações do indivíduo na intenção estilística de explorar 
usos da língua em determinados contextos, buscando a superação 
da linguagem em prol de maior expressividade para o texto. 
É sempre útil alertar que as figuras dependem da intenção e, 
normalmente, do contexto em que são empregadas para que se as 
possa realmente considerar. 
Entre as várias maneiras de obterem-se tais efeitos, faz-se 
uma divisão entre as figuras. Duas delas apresentaremos aqui: 
aquelas que manifestam suas relações através de expressões 
que se revelam possuidoras de outros sentidos, as figuras de 
pensamento; e aqueles chamamos tropos linguísticos – por alguns 
considerados figuras de palavra – em que os termos são usados 
em sentido conotativo para sua realização.
FIGURAS DE PENSAMENTO
Antítese - Consiste na oposição entre duas ou mais ideias, 
onde os conceitos se contrapõem, mas não se excluem.
“Os jardins têm vida e morte”
No caso de os conceitos tornarem-se irrealizáveis, teremos um 
paradoxo:
“Rio de neve em fogo convertido”
L. Camões
Apóstrofe – é uma invocação ou interpelação direta às pessoas 
ou seres personificados.
“Deus! Ó Deus! Onde estás que não respondes?!”
Castro Alves
Comparação ou símile – é o estabelecimento de uma 
comparação entre duas ideias, através do uso explícito de um 
conectivo ou de uma construção marcantemente comparativa.
“Seus olhos brilhavam mais do que as estrelas”
“A saudade bateu foi que nem maré”
J. Vercillo
Eufemismo – é uma forma suave de expressar alguma 
mensagem desagradável, forte ou socialmente desvalorizada. 
Com o aparecimento do comportamento “politicamente correto”, o 
eufemismo ganha uso corrente, seja nas empresas – como forma 
de prestigiar funções subalternas com nomes imponentes – seja 
no cotidiano, em que o uso de algumas expressões passou a soar 
preconceituoso ou grosseiro.
“Ela deu o último suspiro”
“Meu avô trabalhava como um humilde chefe de recepção de 
edifícios”
Quando se utilizam expressões para satirizar ou mesmo fazer 
um uso popular diante determinada situação, temos o disfemismo.
“O bandido vestiu o paletó de madeira”
Gradação – configura-se como uma sequência de palavras, 
sejam sinônimas ou não, promovendo a intensificação de uma ideia.
“O trigo nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se, 
mediu-se”
Pe. Antônio Vieira
Hipérbole -  consiste no exagero deliberado de uma afirmação.
“Ela chorou rios de lágrimas”
Ironia – consiste em dizer justamente o oposto do que se 
pretende.
“Este goleiro é excelente: dez falhas numa única partida...”
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
Perífrase – é o emprego de vários vocábulos para expressar 
um único nome.
“O Poeta dos Escravos”
(Em lugar de Castro Alves)
Prosopopéia (ou Personificação) – é a atribuição de vida e 
vontade própria a seres inanimados.
“Os penhascos gemiam”
Sinestesia – consiste em mesclar numa mesma expressão 
sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
“Um grito áspero revelava todo o seu medo.”
‘TROPOS’ LINGUÍSTICOS - AS 
FIGURAS DE PALAVRA
Consideram-se tropos as palavras tomadas fora de seu sentido 
original, explorando claramente as possibilidades de significação 
contextual, sendo utilizadas em sentido conotativo. É comum 
também a designação desse processo como figuras de palavra.
Metáfora – figura que realça os aspectos conotativos de um 
vocábulo, ensejando uma comparação imediata.
“Seus olhos eram estrelas”
“Alessandra é uma flor”
Metonímia – Existe quando o significado sugerido pelo termo 
resulta de uma aproximação de ideias, empregando um termo no 
lugar de outro, com o qual mantém uma relação de contiguidade 
(autor pela obra, todo pela parte, lugar pelo produto, efeito pela 
causa etc.). Note que, quando se fala em metonímia, sempre 
haverá uma substituição de uma ideia pela outra.
“Vivem sem teto” (sem casa)
“Pegar um níquel” (uma moeda)
“Ele comeu dois pratos” (a comida contida nos pratos)
“Pedir a mão da moça em casamento” (a própria moça, não 
só a mão)
“Coube-me a boa fortuna de não comprar o pão com o suor 
do rosto.”
Machado de Assis
Catacrese – é a figura que confere novo emprego a um 
vocábulo, por falta de termos apropriados.
“O pé da mesa quebrou”
“Apoiou-se, então, nos braços da cadeira”
Antonomásia – é um caso especial de metonímia, através 
do qual um nome próprio é substituído por uma circunstância ou 
qualidade a ele intrinsecamente relacionada.
“O Genovês salta os mares...”
(Castro Alves)
(o termo “Genovês” se refere a Cristóvão Colombo)
PROTREINO
EXERCÍCIOS
01. Explique o que significa estilística.
02. Cite e defina duas figuras do pensamento.
03. Justifique por que o texto publicitário usa diversos recursos 
linguísticos, como jogos de palavras.
04. Explique o sentido de linguagem figurada.
05. Defina o que significa ‘estado de dicionário’.
PROPOSTOS
EXERCÍCIOS
01. (ENEM)
Metáfora 
Gilberto Gil 
Uma lata existe para conter algo Mas quando o poeta diz: 
"Lata" Pode estar querendo dizer o incontível 
Uma meta existe para ser um alvo Mas quando o poeta diz: "Meta" 
Pode estar querendo dizer o inatingível 
Por isso, não se meta a exigir do poeta Que determine o 
conteúdo em sua lata Na lata do poeta tudo-nada cabe Pois ao 
poeta cabe fazer Com que na lata venha caber O incabível 
Deixe a meta do poeta, não discutaDeixe a sua meta fora da 
disputa Meta dentro e fora, lata absoluta Deixe-a simplesmente 
metáfora. 
Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 5 fev. 2009. 
A metáfora é a figura de linguagem identificada pela comparação 
subjetiva, pela semelhança ou analogia entre elementos. O texto 
de Gilberto Gil brinca com a linguagem remetendo-nos a essa 
conhecida figura. O trecho em que se identifica a metáfora é: 
a) “Uma lata existe para conter algo”. 
b) “Mas quando o poeta diz: ’Lata’”. 
c) “Uma meta existe para ser um alvo”. 
d) “Por isso não se meta a exigir do poeta”. 
e) “Que determine o conteúdo em sua lata”. 
02. (ENEM)
TEXTO I
Onde está a honestidade?
Você tem palacete reluzente
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade…
E o povo pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade…
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente…
ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
TEXTO II
Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido 
nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; 
portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas 
faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose, deixando um 
acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas 
de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se 
tivessem sido escritas no século XXI.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
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08 F IGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
137
INTERPRETAÇÃO
Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é 
atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações 
de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de 
Noel Rosa, evidencia-se por meio
a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa 
de alguns.
b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
e) da insistência em promover eventos benefi centes.
03.
I - DENTRO DA NOITE
(Manuel Bandeira)
Dentro da noite a vida canta
E esgarça névoas ao luar...
Fosco minguante o vale encanta.
Morreu pecando alguma santa...
A água não para de chorar. [...]
II - SONHO BRANCO
(Cruz e Sousa)
De linho e rosas brancas vais vestido,
Sonho virgem que cantas no meu peito!...
És do Luar o claro deus eleito,
Das estrelas puríssimas nascido. [...]
Após atenciosa leitura dos textos acima (textos de séculos 
diferentes: o primeiro, do início do século XX; o segundo, do fi nal 
do século XIX), considerando a falta de semelhança entre eles, 
identifi que uma fi gura de linguagem comum. 
a) Paradoxo
b) Catacrese
c) Sinestesia
d) Hipérbole
e) prosopopéia
04.
1 Triste Bahia! Oh quão dessemelhante
2 Estás, e estou do nosso antigo estado!
3 Pobre te vejo a ti, tu a mi empenhado,
4 Rica te vejo eu já, tu a mi abundante.
5 A ti trocou-te a máquina mercante,
6 Que em tua larga barra tem entrado,
7 A mim foi-me trocando, e tem trocado
8 Tanto negócio, e tanto negociante.
9 Deste em dar tanto açúcar excelente
10 Pelas drogas inúteis, que abelhuda
11 Simples aceitas do sagaz Brichote.
12 Oh se quisera Deus, que de repente
13 Um dia amanheceras tão sisuda
14 Que fora de algodão o teu capote!
(MATOS, Gregório de. Poesias selecionadas. 3. ed. São Paulo: FTD, 1998. p. 141.)
Sobre fi guras de linguagem no poema, considere as afi rmativas a 
seguir.
I. A descrição do eu lírico e da Bahia confi gura uma antítese entre 
o estado antigo e o atual de ambos.
II. A antítese é verifi cada na oposição entre as expressões 
“máquina mercante” e “drogas inúteis”, embora ambas se 
refi ram à Bahia.
III. Os versos 3 e 4 são exemplos do papel relevante da gradação 
no conjunto do poema, pois enumeram estados de espírito do 
eu lírico.
IV. Os versos “Um dia amanheceras tão sisuda / Que fora de 
algodão o teu capote!” confi guram exemplos de personifi cação 
e metáfora, respectivamente.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente as afi rmativas I e IV são corretas.
b) Somente as afi rmativas II e III são corretas.
c) Somente as afi rmativas III e IV são corretas.
d) Somente as afi rmativas I, II e III são corretas.
e) Somente as afi rmativas I, II e IV são corretas
05. (ENEM)
Aquarela
O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde - de nossas matas
o amarelo - de nosso ouro
o azul - de nosso céu
o branco o negro o negro
CACASO. In: HOLLANDA, H. B (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.
Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, 
na década de 1970, o poema de Cacaso edifi ca uma forma de 
resistência e protesto a esse período, metaforizando
a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.
b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a 
Ditadura.
d) o emblema nacional, transfi gurado pelas marcas do medo e 
da violência.
e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do 
poder armado.
06. (ENEM)
Disponível em: www.portaldapropaganda.com.br. Acesso em: 29. out. 2013 (adaptado).
Os meios de comunicação podem contribuir para a resolução de 
problemas sociais, entre os quais o da violência sexual infantil. 
Nesse sentido, a propaganda usa a metáfora do pesadelo para
a) informar crianças vítimas de abuso sexual sobre os perigos 
dessa prática, contribuindo para erradicá-la.
b) denunciar ocorrências de abuso sexual contra meninas, com o 
objetivo de colocar criminosos na cadeia.
c) dar a devida dimensão do que é o abuso sexual para uma 
criança, enfatizando a importância da denúncia.
d) destacar que a violência sexual infantil predomina durante 
a noite, o que requer maior cuidado dos responsáveis nesse 
período.
e) chamar a atenção para o fato de o abuso infantil ocorrer 
durante o sono, sendo confundido por algumas crianças com 
um pesadelo.
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
07. (ENEM)
Aquele bêbado
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. 
Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de 
Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de 
Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de 
Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos. Só ele sabia 
que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo 
abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu 
féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.
A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, 
adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, 
ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.
08. (ENEM)
O açúcar
O branco açúcar que adoçará meu café
nesta manhã de Ipanema
não foi produzido por mim
nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
e afável ao paladar
como beijo de moça, água
na pele, flor
que se dissolve na boca. Mas este açúcar
não foi feito por mim.
Este açúcar veio
da mercearia da esquina etampouco o fez o Oliveira,
[dono da mercearia.
Este açúcar veio
de uma usina de açúcar em Pernambuco
ou no Estado do Rio
e tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
e veio dos canaviais extensos
que não nascem por acaso
no regaço do vale.
(...)
Em usinas escuras,
homens de vida amarga
e dura
produziram este açúcar
branco e puro
com que adoço meu café esta manhã em Ipanema.
Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8.
A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho 
na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre 
a doçura do branco açúcar e
a) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar.
b) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca.
c) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se 
produz o açúcar.
d) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale.
e) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras.
09. (ENEM)
TEXTO I
Onde está a honestidade?
Você tem palacete reluzente
Tem joias e criados à vontade
Sem ter nenhuma herança ou parente
Só anda de automóvel na cidade...
E o povo pergunta com maldade:
Onde está a honestidade?
Onde está a honestidade?
O seu dinheiro nasce de repente
E embora não se saiba se é verdade
Você acha nas ruas diariamente
Anéis, dinheiro e felicidade...
Vassoura dos salões da sociedade
Que varre o que encontrar em sua frente
Promove festivais de caridade
Em nome de qualquer defunto ausente...
ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010
TEXTO II
Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido 
nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; 
portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas 
faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose, deixando um 
acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas 
de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se 
tivessem sido escritas no século XXI.
Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010.
Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é 
atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações 
de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de 
Noel Rosa, evidencia-se por meio
a) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa 
de alguns.
b) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança.
c) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade.
d) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade.
e) da insistência em promover eventos beneficentes.
10. (ENEM) Oximoro, ou paradoxismo, é uma figura de retórica em 
que se combinam palavras de sentido oposto que parecem excluir-
se mutuamente, mas que, no contexto, reforçam a expressão.
Dicionário Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa.
Considerando a definição apresentada, o fragmento poético da 
obra Cantares, de Hilda Hilst, publicada em 2004, em que pode ser 
encontrada a referida figura de retórica é:
a) “Dos dois contemplo 
rigor e fixidez. 
Passado e sentimento 
me contemplam”.
b) “De sol e lua 
De fogo e vento 
Te enlaço”.
c) “Areia, vou sorvendo 
A água do teu rio”.
d) “Ritualiza a matança 
de quem só te deu vida. 
E me deixa viver 
nessa que morre”.
e) “O bisturi e o verso. 
Dois instrumentos 
entre as minhas mãos”. 
11. (IFSP 2016)
Tintim
Durante alguns anos, o tintim me intrigou. Tintim por tintim: 
o que queria dizer aquilo? Imaginei que fosse alguma misteriosa 
medida de outros tempos que sobrevivera ao sistema métrico, 
como a braça, a légua, etc. Outro mistério era o triz. Qual a exata 
definição de um triz? É uma subdivisão de tempo ou de espaço. As 
coisas deixam de acontecer por um triz, por uma fração de segundo 
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139
INTERPRETAÇÃO
ou de milímetro. Mas que fração? O triz talvez correspondesse a 
meio tintim, ou o tintim a um décimo de triz. 
Tanto o tintim quanto o triz pertenceriam ao obscuro mundo 
das microcoisas. 
Há quem diga que não existe uma fração mínima de matéria, 
que tudo pode ser dividido e subdividido. Assim como existe o 
infinito para fora – isto é, o espaço sem fim, depois que o Universo 
acaba – existiria o infinito para dentro. A menor fração da menor 
partícula do último átomo ainda seria formada por dois trizes, e 
cada triz por dois tintins, e cada tintim por dois trizes, e assim por 
diante, até a loucura. 
Descobri, finalmente, o que significa tintim. É verdade que, 
se tivesse me dado o trabalho de olhar no dicionário mais cedo, 
minha ignorância não teria durado tanto. Mas o óbvio, às vezes, é 
a última coisa que nos ocorre. Está no Aurelião. Tintim, vocábulo 
onomatopaico que evoca o tinido das moedas. 
Originalmente, portanto, "tintim por tintim" indicava um 
pagamento feito minuciosamente, moeda por moeda. Isso no tempo 
em que as moedas, no Brasil, tiniam, ao contrário de hoje, quando 
são feitas de papelão e se chocam sem ruído. Numa investigação 
feita hoje da corrupção no país tintim por tintim ficaríamos tinindo 
sem parar e chegaríamos a uma nova concepção de infinito. 
Tintim por tintim. A menina muito dada namoraria sim-sim por 
sim-sim. O gordo incontrolável progrediria pela vida quindim por 
quindim. O telespectador habitual viveria plim-plim por plim-plim. 
E você e eu vamos ganhando nosso salário tin por tin (olha aí, a 
inflação já levou dois tins). 
Resolvido o mistério do tintim, que não é uma subdivisão nem 
de tempo nem de espaço nem de matéria, resta o triz. O Aurelião 
não nos ajuda. "Triz", diz ele, significa por pouco. Sim, mas que 
pouco? Queremos algarismos, vírgulas, zeros, definições para "triz". 
Substantivo feminino. Popular. 
"Icterícia." Triz quer dizer icterícia. Ou teremos que mudar 
todas as nossas teorias sobre o Universo ou teremos que mudar 
de assunto. Acho melhor mudar de assunto. 
O Universo já tem problemas demais. 
(VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.) 
Considere o trecho: “O Aurelião não nos ajuda. "Triz", diz ele, 
significa por pouco”. A figura de linguagem presente no trecho é: 
f) metáfora. 
g) antítese. 
h) hipérbole. 
i) eufemismo. 
j) personificação. 
12. (UNICAMP)
Morro da Babilônia
À noite, do morro
descem vozes que criam o terror
(terror urbano, cinquenta por cento de cinema,
e o resto que veio de Luanda ou se perdeu na língua Geral).
Quando houve revolução, os soldados
espalharam no morro,
o quartel pegou fogo, eles não voltaram.
Alguns, chumbados, morreram.
O morro ficou mais encantado.
Mas as vozes do morro
não são propriamente lúgubres.
Há mesmo um cavaquinho bem afinado
que domina os ruídos da pedra e da folhagem
e desce até nós, modesto e recreativo,
como uma gentileza do morro.
(Carlos Drummond de Andrade, Sentimento do mundo. São Paulo: Companhia das 
Letras, 2012, p.19.)
No poema “Morro da Babilônia”, de Carlos Drummond de Andrade,
k) a menção à cidade do Rio de Janeiro é feita de modo indireto, 
metonimicamente, pela referência ao Morro da Babilônia.
l) o sentimento do mundo é representado pela percepção 
particular sobre a cidade do Rio de Janeiro, aludida pela 
metáfora do Morro da Babilônia.
m) o tratamento dado ao Morro da Babilônia assemelha-se ao 
que é dado a uma pessoa, o que caracteriza a figura de estilo 
denominada paronomásia.
n) a referência ao Morro da Babilônia produz, no percurso 
figurativo do poema, um oximoro: a relação entre terror e 
gentileza no espaço urbano.
13. 
A tirinha denota a postura assumida por seu produtor frente ao 
uso social da tecnologia para fins de interação e de informação. 
Tal posicionamento é expresso, de forma argumentativa, por meio 
de uma atitude 
a) crítica, expressa pelas ironias. 
b) resignada, expressa pelas enumerações. 
c) indignada, expressa pelos discursos diretos. 
d) agressiva, expressa pela contra-argumentação. 
e) alienada,expressa pela negação da realidade. 
14. (IFAL 2018) Antítese é a figura de linguagem que ocorre quando 
há uma aproximação de palavras ou expressões de sentidos 
opostos. Assinale a opção em que há uma antítese. 
a) "O homem é uma substância vivente, sensitiva, racional. O pó vive? 
Não. Pois como é pó o vivente? O pó sente? Não. Pois como é pó o 
sensitivo? O pó entende e discorre? Não. Pois como é pó o racional?" 
(VIEIRA, Antônio Pe. Sermões, Erechim: Edelbra, 1998, p. 56) 
b) "Vou-me embora pra Pasárgada / Lá sou amigo do rei / Lá 
tenho a mulher que eu quero / Na cama que escolherei / Vou-
me embora pra Pasárgada." (Texto extraído do livro Bandeira a 
Vida Inteira, Rio de Janeiro: Editora Alumbramento, 1986, p. 90) 
c) "O Trivium explica que a lógica é a arte da dedução. Na qualidade 
de seres pensantes, sabemos alguma coisa e desse saber 
podemos deduzir um novo saber, um novo conhecimento." 
(MIRIAM, Joseph. O Trivium: as artes liberais da lógica, gramática 
e retórica: entendendo a natureza e a função da linguagem. Trad.: 
Henrique Paul Dimyterko. São Paulo: É Realizações, 2008, p. 24) 
d) "Mas que o homem, pela necessidade de sua natureza, busque 
não existir, ou mudar de forma, isso é tão impossível quanto criar 
algo a partir de nada, como todos podem concluir meditando um 
pouco." (MARCONDES, Danilo. Textos básicos de ética: de Platão 
a Foucault. Rio de Janeiro: Zahar, 2007, p. 75) 
e) "Deve-se reconhecer que muitas proposições mencionam a 
“quantidade” mais especificamente do que as proposições de 
forma típica." (COPI, Irving. Introdução à Lógica. Trad.: Álvaro 
Cabral. 2.ª ed. São Paulo: Mestre Jou, 1978, p. 200) 
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
15. (UNIFESP)
Maria Bofetão
A surra que Maria Clara aplicou na vilã Laura levantou a 
audiência da novela Celebridade.
Na segunda-feira passada, 28 tabefes bem aplicados pela 
heroína Maria Clara (Malu Mader) derrubaram a ignóbil Laura 
(Cláudia Abreu) e levantaram a audiência de Celebridade, a novela 
das 8 da Globo. (…)
Tanto a mocinha quanto a vilã ganharam nova dimensão 
nos últimos tempos. Maria Clara, depois de perder sua fortuna, 
deixou de ser apenas uma patricinha magnânima e insossa, a 
aborrecida Maria Chata. Ela ganhou fibra e mostrou que não tem 
sangue de barata. Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade 
tem proporções oceânicas: continuou com suas perfídias mesmo 
depois de conquistar a fama e o dinheiro que almejava. Por tripudiar 
tanto assim sobre a inimiga, atraiu o ódio dos noveleiros. 
(Veja, 05.05.2004.)
Em “Quanto à Laura, ficou claro que sua maldade tem proporções 
oceânicas”, a figura de linguagem presente é
a) uma metáfora, já que compara a maldade com o oceano.
b) uma hipérbole, pois expressa a ideia de uma maldade 
exagerada.
c) um eufemismo, já que não afirma diretamente o quanto há de 
maldade.
d) uma ironia, pois se reconhece a maldade, mas ficam 
pressupostos outros sentidos.
e) um pleonasmo, já que entre maldade e oceânicas há uma 
repetição de sentido.
16. (EEAR 2019) Leia:
I. O Rio Doce entrou em agonia, após o desastre que poluiu suas 
águas com lama.
II. Suas águas, claras, estão agora escuras, de mãos 
irresponsáveis que a sujaram.
Nas frases há, respectivamente, as seguintes figuras de linguagem: 
a) Eufemismo – Prosopopeia. 
b) Prosopopeia – Antítese. 
c) Antítese – Prosopopeia. 
d) Eufemismo – Antítese. 
17. (CP2 2019)
Do Velho ao Jovem
Na face do velho
as rugas são letras,
palavras escritas na carne,
abecedário do viver.
Na face do jovem
o frescor da pele
e o brilho dos olhos
são dúvidas.
Nas mãos entrelaçadas
de ambos,
o velho tempo
funde-se ao novo,
e as falas silenciadas
explodem.
O que os livros escondem,
as palavras ditas libertam.
E não há quem ponha
um ponto final na história 
Infinitas são as personagens…
Vovó Kalinda, Tia Mambene,
Primo Sendó, Ya Tapuli,
Menina Meká, Menino Kambi,
Neide do Brás, Cíntia da Lapa,
Piter do Estácio, Cris de Acari,
Mabel do Pelô, Sil de Manaíra
E também de Santana e de Belô
e mais e mais, outras e outros…
Nos olhos do jovem
também o brilho de muitas histórias.
E não há quem ponha
um ponto final no rap
É preciso eternizar as palavras
da liberdade ainda e agora…
Texto de Conceição Evaristo publicado no livro Poemas da recordação e outros 
movimentos (Belo Horizonte: Nandyala, 2008).
Em “as rugas são letras” (linha 2), foi empregada como recurso 
estilístico a figura de linguagem 
a) antítese. 
b) hipérbole. 
c) metáfora. 
d) metonímia. 
18. (CP2 2019)
Coleção 
Colecionamos objetos 
mas não o espaço 
entre os objetos 
fotos 
mas não o tempo 
entre as fotos 
selos 
mas não 
viagens 
lepidópteros 
mas não 
seu voo 
garrafas 
mas não 
a memória da sede 
discos 
mas nunca 
o pequeno intervalo de silêncio 
entre duas canções 
MARQUES, Ana Martins. O livro das semelhanças. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 
Quanto aos termos relacionados no poema, pode-se identificar 
uma antítese entre 
a) “fotos” e “tempo”. 
b) “selos” e “viagens”. 
c) “silêncio” e “canções”. 
d) “lepidópteros” e “voo”. 
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08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
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INTERPRETAÇÃO
19. (IME 2019)
O elefante
Fabrico um elefante
de meus poucos recursos.
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio.
E o encho de algodão,
de paina, de doçura.
A cola vai fixar
suas orelhas pensas.
A tromba se enovela,
é a parte mais feliz
de sua arquitetura.
Mas há também as presas,
dessa matéria pura
que não sei figurar.
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção.
E há por fim os olhos,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente,
alheia a toda fraude.
Eis o meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê em bichos
e duvida das coisas.
Ei-lo, massa imponente
e frágil, que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens, alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais.
Vai o meu elefante
pela rua povoada,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho.
É todo graça, embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão.
Mostra com elegância
sua mínima vida,
e não há cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem,
o passo desastrado
mas faminto e tocante.
Mas faminto de seres
e situações patéticas,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos.
Esse passo que vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha,
à procura de sítios,
segredos, episódios
não contados em livro,
de que apenas o vento,
as folhas, a formiga
reconhecem o talhe,
mas que os homens ignoram,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada.
E já tarde da noite
volta meu elefante,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó.
Ele não encontrou
o de que carecia,
o de que carecemos,
eu e meu elefante,
em que amo disfarçar-me.
Exausto de pesquisa,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel.
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,
qual mito desmontado.
Amanhã recomeço.
ANDRADE, Carlos Drummond de. O Elefante. 9ª ed. - São Paulo: Editora Record, 1983. 
Considere os versos 95 a 98 do poema, transcritos abaixo:
“e todo o seu conteúdo
de perdão, de carícia,
de pluma, de algodão,
jorra sobre o tapete,”
A figura de linguagem construída a partir de uma relação entre os campos semânticos evocados pelo título do poema e de seus versos 
acima destacados é a (o) 
a) ambiguidade. b) apóstrofe. c) antítese. d) eufemismo. e) metonímia.20. (CFTMG 2018) 
A alegria
O sofrimento não tem
nenhum valor
não acende um halo
em volta de tua cabeça, não
ilumina trecho algum
de tua carne escura
(nem mesmo o que iluminaria
a lembrança ou a ilusão
de uma alegria).
Sofres tu, sofre
um cachorro ferido, um inseto
que o inseticida envenena.
Será maior a tua dor
que a daquele gato que viste
a espinha quebrada a pau
arrastando-se a berrar pela sarjeta
sem ao menos poder morrer?
A justiça é moral, a injustiça
não. A dor
te iguala a ratos e baratas
que também de dentro dos esgotos
espiam o sol
e no seu corpo nojento
de entre fezes
querem estar contentes.
GULLAR, Ferreira. Na vertigem do dia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
Na segunda estrofe, o questionamento do eu lírico é expresso por meio de uma 
a) metáfora da impotência diante da morte iminente. 
b) antítese entre as ideias de sofrimento e de alegria. 
c) comparação entre a dor humana e a dor do gato. 
d) hipérbole da violência cometida contra o animal. 
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APROFUNDAMENTO
EXERCÍCIOS DE
01. (CP2 2014) 
Uma música que seja...
...como os mais belos harmônicos da natureza. Uma música que 
seja como o som do vento na cordoalha dos navios, aumentando 
gradativamente de tom até atingir aquele em que se cria uma reta 
ascendente para o infinito. Uma música que seja como o som 
do vento numa enorme harpa plantada no deserto. Uma música 
que seja como a nota lancinante deixada no ar por um pássaro 
que morre. Uma música que seja como o som dos altos ramos 
das grandes árvores vergadas pelos temporais. Uma música que 
seja como o ponto de reunião de muitas vozes em busca de uma 
harmonia nova. Uma música que seja como o voo de uma gaivota 
numa aurora de novos sons.
(Moraes, Vinícius de. Poesia completa e prosa: volume único/ Organização Eucanaã 
Ferraz._ Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004. Pág. 623)
Vocabulário:
Cordoalha – conjunto de cordas de várias espécies, geralmente 
usado em navios.
Lancinante – pungente; que aflige, que atormenta. 
No texto, o eu lírico relaciona a música à natureza por meio de qual 
figura de linguagem? 
02.
Texto 1
A primeira vez que vim ao Rio de Janeiro foi em 1855.
Poucos dias depois da minha chegada, um amigo e 
companheiro de infância, o Dr. Sá, levou-me à festa da Glória; uma 
das poucas
festas populares da corte. Conforme o costume, a grande 
romaria desfilando pela Rua da Lapa e ao longo do cais, serpejava 
nas faldas do outeiro e apinhava-se em torno da poética ermida, 
cujo âmbito regurgitava com a multidão do povo.
Era ave-maria quando chegamos ao adro; perdida a esperança 
de romper a mole de gente que murava cada uma das portas da 
igreja, nos resignamos a gozar da fresca viração que vinha do 
mar, contemplando o delicioso panorama da baía e admirando 
ou criticando as devotas que também tinham chegado tarde e 
pareciam satisfeitas com a exibição de seus adornos.
Enquanto Sá era disputado pelos numerosos amigos e 
conhecidos, gozava eu da minha tranquila e independente 
obscuridade, sentado comodamente sobre a pequena muralha e 
resolvido a estabelecer ali o meu observatório. Para um provinciano 
recém-chegado à corte, que melhor festa do que ver passar-lhe 
pelos olhos, à doce luz da tarde, uma parte da população desta 
grande cidade, com os seus vários matizes e infinitas gradações?
Todas as raças, desde o caucasiano sem mescla até o africano 
puro; todas as posições, desde as ilustrações da política, da fortuna 
ou do talento, até o proletário humilde e desconhecido; todas as 
profissões, desde o banqueiro até o mendigo; finalmente, todos os 
tipos grotescos da sociedade brasileira, desde a arrogante nulidade 
até a vil lisonja, desfilaram em face de mim, roçando a seda e a 
casimira pela baeta ou pelo algodão, misturando os perfumes 
delicados às impuras exalações, o fumo aromático do havana às 
acres baforadas do cigarro de palha.
(ALENCAR, José de. Lucíola. São Paulo: Editora Ática, 1988, p.12.)
Texto 2
Quando a manhã chuvosa nasceu, as pessoas que passavam 
para o trabalho se aproximavam dos corpos para ver se eram 
conhecidos, seguiam em frente. Lá pelas nove horas, Cabeça de 
Nós Todo, que entrara de serviço às sete e trinta, foi ver o corpo do 
ladrão. Ao retirar o lençol de cima do cadáver, concluiu: “É bandido”. 
O defunto tinha duas tatuagens, a do braço esquerdo era uma
mulher de pernas abertas e olhos fechados, a do direito, 
são Jorge guerreiro. E, ainda, calçava chinelo Charlote, vestia 
calça boquinha, camiseta de linha colorida confeccionada por 
presidiários. Porém, quando apontou na extremidade direita 
da praça da Quadra Quinze, em seu coração de policial, nos 
passos que lhe apresentavam a imagem do corpo de Francisco, 
um nervosismo brando foi num crescente ininterrupto até virar 
desespero absoluto. O presunto era de um trabalhador.
(LINS, Paulo. Cidade de Deus. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p 55-56.)
a) No último parágrafo do Texto 1, Alencar contrasta a seda e o 
algodão, o havana e o cigarro de palha. Explique a natureza 
desse contraste explicitando conotações associáveis a tais 
expressões substantivas.
b) Reproduzimos a seguir um outro fragmento do livro Lucíola, de 
José de Alencar (um diálogo entre os personagens Paulo e Sá).
- Quem é esta senhora? perguntei a Sá. [...]
- NÃO É UMA SENHORA, PAULO! É UMA MULHER BONITA. 
QUERES CONHECÊ-LA?
Transforme em discurso indireto a frase destacada nesse diálogo, 
dando continuidade à seguinte estrutura: Paulo perguntou a Sá 
quem era aquela senhora. Este respondeu-lhe que ... 
03. (UERJ 2016) 
VAGABUNDO
Eu durmo e vivo ao sol como um cigano,
Fumando meu cigarro vaporoso;
Nas noites de verão namoro estrelas;
Sou pobre, sou mendigo e sou 1ditoso!
Ando roto, sem bolsos nem dinheiro
Mas tenho na viola uma riqueza:
Canto à lua de noite serenatas,
E quem vive de amor não tem pobreza.
(...)
Oito dias lá vão que ando cismado
Na donzela que ali defronte mora.
Ela ao ver-me sorri tão docemente!
Desconfio que a moça me namora!...
Tenho por meu palácio as longas ruas;
Passeio a gosto e durmo sem temores;
Quando bebo, sou rei como um poeta,
E o vinho faz sonhar com os amores.
O degrau das igrejas é meu trono,
Minha pátria é o vento que respiro,
Minha mãe é a lua macilenta,
E a preguiça a mulher por quem suspiro.
Escrevo na parede as minhas rimas,
De painéis a carvão adorno a rua;
Como as aves do céu e as flores puras
Abro meu peito ao sol e durmo à lua.
(...)
Ora, se por aí alguma bela
Bem doirada e amante da preguiça
Quiser a 2nívea mão unir à minha,
Há de achar-me na Sé, domingo, à Missa.
Álvares de Azevedo 
Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000.
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08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
143
INTERPRETAÇÃO
1ditoso − feliz
2nívea − branca 
Sou pobre, sou mendigo e sou ditoso! (v. 4)
O verso acima reúne dois traços que podem ser considerados inconciliáveis. 
Explicite esses traços e nomeie duas figuras de linguagem que reforçam o significado do verso. 
04. (UNESP 2018) Para responder à(s) questão(ões), leia o soneto de Raimundo Correia (1859-1911).
Esbraseia o Ocidente na agonia
O sol... Aves em bandos destacados,
Por céus de ouro e de púrpura raiados,
Fogem... Fecha-se a pálpebra do dia...
Delineiam-se, além, da serrania
Os vértices de chama aureolados,
E em tudo, em torno, esbatem derramados
Uns tons suaves de melancolia...
Um mundo de vapores no ar flutua...
Como uma informe nódoa, avulta e cresce
A sombra à proporção que a luz recua...
A natureza apática esmaece...
Pouco a pouco, entre as árvores, a lua
Surge trêmula, trêmula... Anoitece.
(Poesia completa e prosa, 1961.) 
a) Há no soneto menção a um sentimento que permeia e circunda a natureza retratada. Que sentimento é esse? Do que decorre tal 
sentimento?
b) Verifica-se na terceira estrofea ocorrência de uma antítese. Que termos configuram essa antítese? 
05. (UNESP 2017) Leia o soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades” do poeta português Luís Vaz de Camões (1525?-1580) 
para responder à questãoa seguir.
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da 1esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem – se algum houve –, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e enfim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de 2mor espanto:
que não se muda já como 3soía.
Sonetos, 2001.
1esperança: esperado.
2mor: maior.
3soer: costumar (soía: costumava).
A sinestesia (do grego syn, que significa “reunião”, “junção”, “ao mesmo tempo”, e aisthesis, “sensação”, “percepção”) designa a transferência 
de percepção de um sentido para outro, isto é, a fusão, num só ato perceptivo, de dois sentidos ou mais.
(Massaud Moisés. Dicionário de termos literários, 2004. Adaptado.)
Transcreva o verso em que se verifica a ocorrência de sinestesia. Justifique sua resposta.
Reescreva o verso da terceira estrofe “que já coberto foi de neve fria”, adaptando-o para a ordem direta e substituindo o pronome “que” 
pelo seu referente. 
GABARITO
 EXERCÍCIOS PROPOSTOS
01. E
02. A
03. E
04. A
05. D
06. C
07. A
08. E
09. A
10. D
11. E
12. A
13. A
14. A
15. B
16. B
17. C
18. D
19. C
20. C
 EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO
01. A palavra “como” é típica da figura de linguagem da comparação. No texto, observa-se que o eu lírico está, a todo momento, comparando a música à natureza a partir dessa palavra, 
como visto, por exemplo, no trecho “Uma música que seja como o som do vento numa enorme harpa plantada no deserto.” 
02. 
a) Na referida passagem, José de Alencar explora as diferenças socioeconômicas entre os personagens da cena urbana que descreve. Utilizando-se de metonímia, a seda e o havana 
conotam a riqueza e o status das classes socialmente privilegiadas, enquanto o algodão e o cigarro de palha evocam a condição desfavorecida das classes populares. 
b) Paulo perguntou a Sá quem era aquela senhora. Este respondeu-lhe que não se tratava de uma senhora, mas sim de uma mulher bonita. Em seguida, perguntou a ele se desejava 
conhecê-la.
03. Traços que caracterizam o verso: pobreza/mendicância × felicidade. 
Tem-se aí algumas figuras de linguagem e de pensamento como a antítese, ou seja, há contradição entre ser muito pobre e ser feliz (ditoso). Há uma gradação quando a ordem de 
apresentação é pobre, mendigo e ditoso, que quer dizer feliz. A anáfora fica por conta do verbo sou repetido em cada período por coordenação. 
04. 
a) No soneto “Anoitecer”, o poeta descreve o final do dia incorporando à paisagem uma profunda melancolia. Embora vinculada à estética parnasiana, a obra de Raimundo Correia 
evolui, iniciando sua carreira como romântico, para depois adotar o parnasianismo até se aproximar, em alguns poemas, com a escola simbolista. Assim, o final do dia sugere 
também o declínio da vida, o que gera reflexões e sentimentos de tristeza e melancolia sobre a passagem do tempo, a transitoriedade e efemeridade das coisas.
a) Na terceira estrofe, os termos “sombra” e “luz” configuram uma antítese, figura de estilo que recorre a termos, palavras ou orações que se opõem quanto ao sentido para conferir 
mais expressividade ao texto. 
05. No verso “e enfim converte em choro o doce canto”, ocorre a sinestesia, transferência de percepção do sentido gustativo (doce) para o auditivo (canto). Se o verso “que já coberto foi 
de neve fria” fosse reescrito na ordem direta e o pronome “que” substituído pelo seu referente, teríamos a seguinte redação: “o chão de verde manto já foi coberto de neve fria”. 
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INTERPRETAÇÃO 08 FIGURAS DE LINGUAGEM I: FIGURAS DE PALAVRA E DE PENSAMENTO
ANOTAÇÕES
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