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INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 1PROENEM.COM.BR GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO18 Há muita confusão no que se refere à diferenciação entre “tipos textuais” e “gêneros textuais”. Pode-se dizer que narração, descrição e dissertação são tipos porque são modos de uma organização de texto. Os gêneros constituem-se na escrita que atende a uma dessas estruturas predominantemente. Segundo o teórico Luiz Antônio Marcushi, os gêneros são os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sociocomunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal. (MARCUSHI, Luiz Antônio; XAVIER, Antônio Carlos [orgs.]. Hipertexto e gêneros digitais. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004) Os gêneros textuais ordenam e viabilizam as atividades de comunicação do dia a dia. Situam-se e se integram funcionalmente nas culturas, caracterizando-se por suas atividades institucionais, além de suas particularidades linguísticas e estruturais. O TEXTO JORNALÍSTICO O jornal é um veículo diário de comunicação e serve como espaço para noticiar, reproduzir entrevistas, reportar, veicular opiniões e publicidades. NOTÍCIA A notícia expressa um fato novo, interessante para o público. Embora predomine a narração, o jornal não se limita ao ocorrido, procura informar o modo, o porquê, o local, o agente de determinado fato. A notícia não deve expressar opiniões, por isso sua linguagem é impessoal, normalmente fazendo uso da 3ª pessoa, de frases curtas com predomínio da função referencial da linguagem. De forma geral, a notícia apresenta a seguinte estrutura: • Título / Manchete: deve ser claro e objetivo. Trata-se da síntese da informação contida no texto. Deve ser criativo e sedutor, chamando a atenção do leitor; • Lide (LEAD): fornece as principais informações respondendo às perguntas O QUÊ, QUEM, QUANDO, ONDE, COMO e PORQUÊ; • Corpo: traz os detalhes do que foi antecipado pelo lide. As informações respeitam uma ordem cronológica ou de importância. A linguagem deve ser formal, porém simples e direta, esclarecendo todas as informações necessárias. Veja o exemplo: Palmares amanhece alagada após dois dias de chuva Precipitação atinge cidade pernambucana desde sábado. Defesa Civil Municipal fez alerta de nova cheia do Rio Una neste domingo Os moradores de Palmares (PE) acordaram com cerca de um metro de água acima do chão na manhã desta segunda-feira (28). A chuva não deu trégua desde a tarde deste sábado (26). O alagamento na parte baixa da cidade é provocado por causa do solo já encharcado pela inundação da semana passada, quando a água chegou a mais de seis metros de altura. Na tarde deste domingo (27), um sistema improvisa- do de comunicação da Defesa Civil do município passou a circular pelas ruas da cidade. O carro de som pedia para as pessoas deixarem suas casas. Era um alerta para a possível cheia do leito do Rio Una, que acabou se confirmando durante a madrugada desta segunda- feira. O novo alagamento em Palmares deixou parte dos moradores desanimados. Muitos tinham aproveitado os dias de estiagem para tentar recuperar móveis e eletrodomésticos que foram levados pela enxurrada. Alguns também lavaram suas casas, mas o trabalho terá de ser refeito, principalmente no Bairro Modelo, na parte baixa do município, onde a água e a quantidade de lama voltam a preocupar. (http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/06/palmares-amanhece-alagada-apos-dois- dias-de-chuva.html) A REPORTAGEM A reportagem pode ser considerada a própria essência de um jornal. Embora apresente estrutura semelhante à notícia, com apresentação de um “lide” – dela se difere por ampliar o fato principal, acrescentando opiniões e diferentes versões, preferencialmente comprovadas. A reportagem costuma relacionar um fato central, enunciado no “lide”, a fatos paralelos, por meio de citações, trechos de entrevistas, boxes informativos, dados estatísticos, fotografias etc. Por vezes, é possível encontrar na reportagem caráter opinativo, questionando causas e consequências, interpretando e orientando os leitores. Quanto à linguagem, é impessoal, objetiva, direta, com predomínio da função referencial e do padrão culto da língua. Vamos a um exemplo: A Terra em alerta O planeta esquenta e a catástrofe é iminente. Mas existe solução Ondas de calor inéditas. Furacões avassaladores. Secas intermináveis onde antes havia água em abundância. Enchentes devastadoras. Extinção de milhares de espécies de animais e plantas. Incêndios florestais. Derretimento dos polos. E toda a sorte de desastres naturais que fogem ao controle humano. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR2 INTERPRETAÇÃO 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO Há décadas, pesquisadores alertavam que o planeta sentiria no futuro o impacto do descuido do homem com o ambiente. Na virada do milênio, os avisos já não eram mais necessários – as catástrofes causadas pelo aquecimento global se tornaram realidades presentes em todos os continentes do mundo. Os desafios passaram a ser dois: se adaptar à iminência de novos e mais dramáticos desastres naturais; e buscar soluções para amenizar o impacto do fenômeno. Em tempos de aquecimento planetário, uma nova entidade internacional tomou as páginas de jornais e revistas de toda a Terra – o Painel Intergovernamental sobre Mudança Climática (IPCC), criado pela ONU para buscar consenso internacional sobre o assunto. Seus aguardados relatórios ganharam destaque por trazer as principais causas do problema, e apontar para possíveis caminhos que podem reverter alguns pontos do quadro. Em 2007, o painel escreveu e divulgou três textos. No primeiro, de fevereiro, o IPCC responsabilizou a atividade humana pelo aquecimento global – algo que sempre se soube, mas nunca tinha sido confirmado por uma organização deste porte. Advertiu também que, mantido o crescimento atual dos níveis de poluição da atmosfera, a temperatura média do planeta subirá 4 graus até o fim do século. O relatório seguinte, apresentado em abril, tratou do potencial catastrófico do fenômeno e concluiu que ele poderá provocar extinções em massa, elevação dos oceanos e devastação em áreas costeiras. A surpresa veio no terceiro documento da ONU, divulgado em maio. Em linhas gerais, ele diz o seguinte: se o homem causou o problema, pode também resolvê-lo. E por um preço relativamente modesto – pouco mais de 0,12% do produto interno bruto mundial por ano até 2030. Embora contestado por ambientalistas e ONGs verdes, o número merece atenção. O 0,12% do PIB mundial seria gasto tanto pelos governos, para financiar o desenvolvimento de tecnologias limpas, como pelos consumidores, que precisariam mudar alguns de seus hábitos. O objetivo final? Reduzir as emissões de gases do efeito estufa, que impede a dissipação do calor e esquenta a atmosfera. (http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/ aquecimento_global/contexto_int.html) O ARTIGO DE OPINIÃO O artigo de opinião é um gênero textual predominantemente argumentativo, que tem por objetivo expressar o ponto de vista do autor acerca de questões relevantes em termos sociais, políticos, culturais etc. Assim, ele é a base para vários tipos de texto dentro de um jornal, como colunas assinadas e, extrapolando um pouco, o próprio editorial – que, em lugar de expressar a opinião de um autor, representa o posicionamento “oficial” do jornal ou revista. O caráter argumentativo vem dos comentários, avaliações, expectativas sobre um tema da atualidade que, por sua relevância, no plano nacional ou internacional, pode ser considerado objeto de análise. Portanto, nesse gênero, cabem reflexões mais detalhadas sobre o tema tratado. O artigo tem como marca principal o fato de se dirigir a um dado público leitor, visto ser um gênero típico do domínio jornalístico. Assim, é fundamental que se perceba a natureza do veículo que se apresenta. Um artigo situado em uma seção para jovens poderá empregar uma linguagem mais coloquial, próxima da realidade dopúblico a que se destina, por exemplo. Ainda tendo como foco esse público leitor, é fundamental em um artigo o emprego de marcas de interlocução, afinal, ainda que não se dirija a um leitor específico, endereça-se a mensagem do texto a alguém, diferente de uma dissertação, em que não há um interlocutor. Dessa forma, a presença de marcas, como vocativo, imperativo e outras serão imprescindíveis nesse tipo de gênero argumentativo. Outro traço importante do artigo são as possibilidades de estratégias discursivas que se apresentam. Por ser um gênero em que a reflexão deve ser mais aprofundada, há uma abertura para que a língua e seus instrumentais sejam explorados. Metáforas, ironias, enumeração de fontes de informação, acusações a oponentes, apelo à sensibilidade do leitor, incursões poéticas são, ao lado da óbvia pertinência dos argumentos, a base para a efetividade do texto. Como o artigo, ao contrário de um editorial, não reflete a opinião de uma instituição, mas de um indivíduo, a presença do “eu” é relevante nesse gênero, uma vez que a subjetividade é intrínseca aqui. Para exemplificar, vamos ler um artigo publicado na Folha de São Paulo: Ciência, ética e escolhas Marcelo Gleiser Folha de S. Paulo, 02/05/2010 Na semana passada, tive o prazer de ciceronear a escritora e filósofa Rebecca Newberger Goldstein, que veio à Dartmouth dar uma palestra sobre seu último livro, o romance “36 Argumentos para a Existência de Deus, Uma Obra de Ficção”. Goldstein é famosa pela sua habilidade de tratar de assuntos cabeludos de filosofia e ciência dentro da narrativa ficcional de um romance. O livro é excepcional em vários níveis. Seu estilo é brilhante e extremamente engraçado, uma descrição contagiante e sincera do mundo acadêmico, da busca pela glória, da inevitável inveja profissional, da competição entre as escolas e da vaidade intelectual que tanto colore as discussões em tópicos que vão desde a mitologia grega à existência do Multiverso (ou seja, de infinitos universos). Como o título informa, o livro trata também da questão da existência de Deus. Mas, para nós aqui nesta coluna, ao menos no contexto do tema de hoje, que é a ética, o livro é principalmente sobre escolhas. Somos produto das escolhas que fazemos ao longo da vida. É bem verdade que, às vezes, as escolhas são feitas à nossa revelia. Por exemplo, quando falha a saúde, ou devido a pressões econômicas. Por falta de emprego, um pacifista com um doutorado em física pode se ver forçado a trabalhar na indústria armamentista. Por outro lado, pode fazê-lo por opção, por ser um patriota. Como Goldstein sugeriu, temos um cerne pessoal (estou criando esse termo) que funciona de forma bem específica. Podemos até deduzir as posições que um conservador ou um liberal tomarão numa variedade de questões, desde a liberação da maconha até a regulação das práticas do mercado de capitais. A correlação das escolhas é bem forte, produto desse cerne pessoal, que “guia” nossas decisões. Será que a ética é parte desse cerne pessoal? Especulo que sim. Algumas pessoas têm padrões éticos mais elevados do que outras. Não há dúvida de que esses padrões podem ser influenciados por eventos na vida, pela educação, por relações etc. Mas alguns casos são mais flexíveis do que outros. E os cientistas? São menos dados a cometer fraudes do que outros profissionais? Na nossa profissão, devemos obedecer a uma regra ética básica: “Nunca minta”. De fato, mentir em ciência é uma péssima ideia. Mais cedo ou mais tarde, a comunidade exporá a sua fraude e sua carreira estará arruinada. É bem simples, na verdade: a natureza não tolera trapaças. Quem lembra, por exemplo, da história da fusão a frio? (Veja pt.wikipedia.org/wiki/Fusao-a-frio) Inocentemente, gostaria de acreditar que essa regra do não mentir deveria valer para todas as profissões. No entanto, é o contexto que determina a aplicação de princípios éticos. Mesmo que você se considere um indivíduo extremamente ético, pode sofrer terríveis pressões para contrariar suas próprias regras. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 3 INTERPRETAÇÃO É fácil pensar em exemplos, desde os mais dramáticos (os alemães que “tinham” de se juntar aos nazistas) aos mais amenos (o estudante que cola na prova do vestibular). A moralidade de uma pessoa pode ser medida pela resistência que oferece a essas pressões, permanecendo fiel aos seus princípios éticos. Trapacear é construir a sua própria prisão. Se ser livre é poder escolher ao que se prender, gostaria de acreditar que, quanto mais seguimos princípios morais elevados, mais livres somos. Marcelo Gleiser é professor de física teórica no Dartmouth College, emHanover (EUA) e autor do livro “Criação Imperfeita”. Vejamos agora um exemplo de editorial: Nação apática Observação, no mínimo instigante, tem sido revelada por deputados já engajados na garimpagem dos votos de outubro. Nas andanças que praticam pelo interior, o que têm visto não é, propriamente, antes de tudo, ser a favor ou contra o governo. Como também menosprezam-se conceitos de esquerda e direita. O que se percebe, de acordo com os que testemunham, é certa tendência a encarar a próxima eleição com espírito de profunda apatia; gente que chega à triste conclusão de que nada vale a pena; que os políticos se igualam no mesmo baixo nível de escassez de competência ou fartura de imoralidade. Portanto, tanto faz, como tanto se fará, votando-se em qualquer um. A se confirmar semelhante situação, as coisas andarão piores, muito além da imaginação dos pessimistas. O cidadão apático é capaz de conduzir malefícios superiores àquele que se vai praticar com um voto inconsciente. Outra conclusão lamentável é que esse quadro de desânimo significa que o brasileiro manda, para o mesmo cadafalso, sem distinção e injustamente, os bons e os maus; e nisso acaba enforcando a própria política, a instituição sagrada, vítima dos que dela se aproveitam para praticar crimes. Nivelar bons e maus políticos, como se nada os diferenciasse, é péssimo; a começar pelo fato de os bons se envergonharem da comparação e se ausentarem. Recolhem-se, sob os aplausos dos maus, que calçam a cara e vão em frente; na verdade, os indesejáveis acabam contemplados e favorecidos, pois já não têm gente séria a enfrentar. Isso posto, há que se considerar que, à frente dos desafios que nos reserva a campanha eleitoral, segue, como bandeira descorada e sinistra, essa apatia endêmica. Haverá tempo para abatê-la, impedindo que influencie e comprometa a eleição? Teriam os candidatos fôlego e disposição para sacudir o que resta de ânimo na alma da sociedade brasileira? Está longe de ser fácil a tarefa a enfrentar, se, no descortinar dos fatos de agora, o que se vê são tropeços, crises dentro e fora do governo. O estado de desânimo, a bem da verdade, não é de hoje; vem prosperando há algum tempo, principalmente quando ganharam publicidade os ensaios de analistas que se debruçavam sobre consultas à opinião pública, que pretenderam aferir o grau de confiabilidade das instituições. Ocorreu há menos de duas décadas: observou-se que a quebra de credibilidade, consequentemente, da admiração e do respeito, acabaria por conduzir, em futuro não muito distante, a um quadro coletivo de esmaecimento e indiferença em relação a elas e aos que as dirigem. Não seria mera coincidência se comparadas antigas previsões com a realidade que se projeta sobre nossos dias. Naquele passado a que se referem essas linhas, o respeito e a admiração populares contemplavam, entre os primeiros, a Igreja, o Exército e a Justiça. Corroeram-se, em parte, os números simpáticos à religião, que paga pelas indefinições e pelos pecados de uma minoria praticante de abusos sexuais, além da hipertrofia que sofreu, resultando na migração que levou milhões a seitas exóticas. Dos ombros dos militares ainda não foi possível remover o ônus do fatídico 64. A Justiçaconsta como o mais recente prestígio a capitular, por conviver com o elitismo que tolera os poderosos, eterniza recursos protelatórios e festeja caríssimos causídicos, absolutamente inacessíveis aos não milionários. Nos tribunais nem falta o cenário de pugilatos verbais, quando esquentam as divergências. Pergunta-se, então, ao fim e ao cabo, o que dizer ao eleitor para automedicar-se contra o mal-estar da apatia. Outro remédio inexiste, a não ser aplicar, quando chegar a hora, o voto rigorosamente consciente. Pode ser até que depois sobrevenha a decepção, mas, antes, convém saber que, se o Estado está enfermo, quem pode curá-lo é a nação. Ninguém mais. Jornal do Brasil, 28/05/2018 PROTREINO EXERCÍCIOS 01. Aponte a diferença entre gênero textual e tipo textual. 02. Defina o gênero notícia. 03. Indique as características do gênero reportagem. 04. Defina o gênero artigo de opinião. 05. Explique a diferença entre a notícia e a reportagem. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Na sociologia e na literatura, o brasileiro foi por vezes tratado como cordial e hospitaleiro, mas não é isso o que acontece nas redes sociais: a democracia racial apregoada por Gilberto Freyre passa ao largo do que acontece diariamente nas comunidades virtuais do país. Levantamento inédito realizado pelo projeto Comunica que Muda [...] mostra em números a intolerância do internauta tupiniquim. Entre abril e junho, um algoritmo vasculhou plataformas [...] atrás de mensagens e textos sobre temas sensíveis, como racismo, posicionamento político e homofobia. Foram identificadas 393.284 menções, sendo 84% delas com abordagem negativa, de exposição do preconceito e da discriminação. Disponível em: https://oglobo.globo.com. Acesso em: 6 dez. 2017 (adaptado). Ao abordar a postura do internauta brasileiro mapeada por meio de uma pesquisa em plataformas virtuais, o texto a) minimiza o alcance da comunicação digital. b) refuta ideias preconcebidas sobre o brasileiro. c) relativiza responsabilidades sobre a noção de respeito. d) exemplifica conceitos contidos na literatura e na sociologia. e) expõe a ineficácia dos estudos para alterar tal comportamento. 02. (ENEM) Com o enredo que homenageou o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, a Unidos da Tijuca foi coroada no Carnaval 2012. À penúltima escola a entrar na Sapucaí, na segunda noite de desfiles, mergulhou no universo do cantor e compositor brasileiro e trouxe a cultura nordestina com criatividade para a Avenida, com o enredo O dia em que toda a realeza desembarcou na Avenida para coroar o Rei Luiz do Sertão. Disponível em: www.cultura.rj.gov.br. Acesso em: 15 maio 2012 (adaptado). PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR4 INTERPRETAÇÃO 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO A notícia relata um evento cultural que marca a a) primazia do samba sobre a música nordestina. b) inter-relação entre dois gêneros musicais brasileiros. c) valorização das origens oligárquicas da cultura nordestina. d) proposta de resgate de antigos gêneros musicais brasileiros. e) criatividade em compor um samba-enredo em homenagem a uma pessoa. 03. (ENEM) Expostos na web desde a gravidez Mais da metade das mães e um terço dos pais ouvidos em uma pesquisa sobre compartilhamento paterno em mídias sociais discutem nas redes sociais sobre a educação dos filhos. Muitos são pais e mães de primeira viagem, frutos da geração Y (que nasceu junto com a internet) e usam esses canais para saberem que não estão sozinhos na empreitada de educar uma criança. Há, contudo, um risco no modo como as pessoas estão compartilhando essas experiências. É a chamada exposição parental exagerada, alertam os pesquisadores. De acordo com os especialistas no assunto, se você compartilha uma foto ou vídeo do seu filho pequeno fazendo algo ridículo, por achar engraçadinho, quando a criança tiver seus 11, 12 anos, pode se sentir constrangida. A autoconsciência vem com a idade. A exibição da privacidade dos filhos começa a assumir uma característica de linha do tempo e eles não participaram da aprovação ou recusa quanto à veiculação desses conteúdos. Assim, quando a criança cresce, sua privacidade pode já estar violada. OTONI, A. C. O Globo, 31 mar. 2015 (adaptado). Sobre o compartilhamento parental excessivo em mídias sociais, o texto destaca como impacto o(a) a) interferência das novas tecnologias na comunicação entre pais e filhos. b) desatenção dos pais em relação ao comportamento dos filhos na internet. c) distanciamento na relação entre pais e filhos é provocado pelo uso das redes sociais. d) fortalecimento das redes de relações decorrente da troca de experiências entre as famílias. e) desrespeito à intimidade das crianças cujas imagens têm sido divulgadas nas redes sociais. 04. (ENEM) Mães Triste, mas verdadeira, a constatação de Jairo Marques — colunista que tem um talento raro — em seu texto “E a mãe ficou velhinha” (“Cotidiano”, ontem). Aqueles que percebem que a mãe envelheceu sempre têm atitudes diversas. Ou não a procuram mais, porque essa é uma forma de negar que um dia perderão o amparo materno, ou resolvem estar ao lado dela o maior tempo possível, pois têm medo de perdê-la sem ter retribuído plenamente o amor que receberam. Leonor Souza (São Paulo, SP) — Painel do Leitor. Folha de S. Paulo, 29 fev. 2012. Os gêneros textuais desempenham uma função social específica, em determinadas situações de uso da língua, em que os envolvidos na interação verbal têm um objetivo comunicativo. Considerando as características do gênero, a análise do texto Mães revela que sua função é a) ensinar sobre os cuidados que se deve ter com as mães, especialmente na velhice. b) influenciar o ânimo das pessoas, levando-as a querer agir segundo um modelo sugerido. c) informar sobre os idosos e sobre seus sentimentos e necessidades. d) avaliar matéria publicada em edição anterior de jornal ou de revista. e) apresentar nova publicação, visando divulgá-la para leitores de jornal. 05. (ENEM) Entrevista com Marcos Bagno Pode parecer inacreditável, mas muitas das prescrições da pedagogia tradicional da língua até hoje se baseiam nos usos que os escritores portugueses do século XIX faziam da língua. Se tantas pessoas condenam, por exemplo, o uso do verbo “ter” no lugar do verbo “haver”, como em “hoje tem feijoada”, é simplesmente porque os portugueses, em dado momento da história de sua língua, deixaram de fazer esse uso existencial do verbo “ter”. No entanto, temos registros escritos da época medieval em que aparecem centenas desses usos. Se nós, brasileiros, assim como os falantes africanos de português, usamos até hoje o verbo “ter” como existencial é porque recebemos esses usos de nossos ex-colonizadores. Não faz sentido imaginar que brasileiros, angolanos e moçambicanos decidiram se juntar para “errar” na mesma coisa. E assim acontece com muitas outras coisas: regências verbais, colocação pronominal, concordâncias nominais e verbais etc. Temos uma língua própria, mas ainda somos obrigados a seguir uma gramática normativa de outra língua diferente. Às vésperas de comemorarmos nosso bicentenário de independência, não faz sentido continuar rejeitando o que é nosso para só aceitar o que vem de fora. Não faz sentido rejeitar a língua de 190 milhões de brasileiros para só considerar certo o que é usado por menos de dez milhões de portugueses. Só na cidade de São Paulo temos mais falantes de português que em toda a Europa! Informativo Parábola Editorial, s/d. Na entrevista, o autor defende o uso de formas linguísticas coloquiais e faz uso da norma de padrão em toda a extensão do texto. Isso pode ser explicado pelo fato de que ele a) adapta o nível de linguagem à situação comunicativa, uma vez que o gênero entrevista requer o uso da norma padrão. b) apresenta argumentos carentes de comprovação científica e, por isso, defende um ponto de vista difícil de ser verificado na materialidade do texto. c) propõe que o padrão normativo deve ser usadopor falantes escolarizados como ele, enquanto a norma coloquial deve ser usada por falantes não escolarizados. d) acredita que a língua genuinamente brasileira está em construção, o que o obriga a incorporar em seu cotidiano a gramática normativa do português europeu. e) defende que a quantidade de falantes do português brasileiro ainda é insuficiente para acabar com a hegemonia do antigo colonizador. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 5 INTERPRETAÇÃO 06. (ENEM) O que a internet esconde de você Para cada site que você pode visitar, existem pelo menos 400 outros que não consegue acessar. Eles existem, estão lá, mas são invisíveis. Estão presos num buraco negro digital maior do que a própria internet. A cada vez que você interage com um amigo nas redes sociais, vários outros são ignorados e têm as mensagens enterradas num enorme cemitério on-line. E, quando você faz uma pesquisa no Google, não recebe os resultados de fato — e sim uma versão maquiada, previamente modificada de acordo com critérios secretos. Sim, tudo isso é verdade — e não é nenhuma grande conspiração. Acontece todos os dias sem que você perceba. Pegue seu chapéu de Indiana Jones e vamos explorar a web perdida. GRAVATÁ, A. Superinteressante, nov. 2011 (fragmento). Os gêneros do discurso jornalístico, geralmente a manchete, a notícia e a reportagem, exigem um repórter que não diz “eu”, nem mesmo que se refira ao leitor do texto explicitamente. No trecho lido, ao contrário, é recorrente o emprego de “você”, o qual a) remete a um sujeito “eu” que se prende ao próprio dizer, fortalecendo a subjetividade. b) explicita uma construção metalinguística que se volta para o próprio dizer. c) deixa claro o leitor esperado para o texto, aquele que visita redes sociais e sites de busca no dia a dia. d) estabelece conexão entre o fatual e o opinativo, o que descaracteriza o texto como reportagem. e) revela a intenção de tornar a leitura mais fácil, a partir de um texto em que se emprega vocabulário simples. 07. (ENEM) Novas tecnologias Atualmente, prevalece na mídia um discurso de exaltação das novas tecnologias, principalmente aquelas ligadas às atividades de telecomunicações. Expressões frequentes como “o futuro já chegou”, “maravilhas tecnológicas” e “conexão total com o mundo” “fetichizam” novos produtos, transformando-os em objetos do desejo, de consumo obrigatório. Por esse motivo carregamos hoje nos bolsos, bolsas e mochilas o “futuro” tão festejado. Todavia, não podemos reduzir-nos a meras vítimas de um aparelho midiático perverso, ou de um aparelho capitalista controlador. Há perversão, certamente, e controle, sem sombra de dúvida. Entretanto, desenvolvemos uma relação simbiótica de dependência mútua com os veículos de comunicação, que se estreita a cada imagem compartilhada e a cada dossiê pessoal transformado em objeto público de entretenimento. Não mais como aqueles acorrentados na caverna de Platão, somos livres para nos aprisionar, por espontânea vontade, a esta relação sadomasoquista com as estruturas midiáticas, na qual tanto controlamos quanto somos controlados. SAMPAIO, A. S. “A microfísica do espetáculo”. Disponível em: http:// observatoriodaimprensa.com.br. Acesso em: 1 mar. 2013 (adaptado). Ao escrever um artigo de opinião, o produtor precisa criar uma base de orientação linguística que permita alcançar os leitores e convencê-los com relação ao ponto de vista defendido. Diante disso, nesse texto, a escolha das formas verbais em destaque objetiva a) criar relação de subordinação entre leitor e autor, já que ambos usam as novas tecnologias. b) enfatizar a probabilidade de que toda população brasileira esteja aprisionada às novas tecnologias. c) indicar, de forma clara, o ponto de vista de que hoje as pessoas são controladas pelas novas tecnologias. d) tornar o leitor copartícipe do ponto de vista de que ele manipula as novas tecnologias e por elas é manipulado. e) demonstrar ao leitor sua parcela de responsabilidade por deixar que as novas tecnologias controlem as pessoas. 08. (ENEM) A última edição deste periódico apresenta mais uma vez tema relacionado ao tratamento dado ao lixo caseiro, aquele que produzimos no dia a dia. A informação agora passa pelo problema do material jogado na estrada vicinal que liga o município de Rio Claro ao distrito de Ajapi. Infelizmente, no local em questão, a reportagem encontrou mais uma forma errada de destinação do lixo: material atirado ao lado da pista como se isso fosse o ideal. Muitos moradores, por exemplo, retiram o lixo de suas residências e, em vez de um destino correto, procuram dispensá-lo em outras regiões. Uma situação no mínimo incômoda. Se você sai de casa para jogar o lixo em outra localidade, por que não o fazer no local ideal? É muita falta de educação achar que aquilo que não é correto para sua região possa ser para outra. A reciclagem do lixo doméstico é um passo inteligente e de consciência. Olha o exemplo que passamos aos mais jovens! Quem aprende errado coloca em prática o errado. Um perigo! Disponível em: http://jornaldacidade.uol.com.br. Acesso em: 10 ago. 2012 (adaptado). Esse editorial faz uma leitura diferenciada de uma notícia veiculada no jornal. Tal diferença traz à tona uma das funções sociais desse gênero textual, que é a) apresentar fatos que tenham sido noticiados pelo próprio veículo. b) chamar a atenção do leitor para temas raramente abordados no jornal. c) provocar a indignação dos cidadãos por força dos argumentos apresentados. d) interpretar criticamente fatos noticiados e considerados relevantes para a opinião pública. e) trabalhar uma informação previamente apresentada com base no ponto de vista do autor da notícia. 09. (ENEM) O texto introduz uma reportagem a respeito do futuro da televisão, destacando que as tecnologias a ela incorporadas serão responsáveis por a) estimular a substituição dos antigos aparelhos de TV. b) contemplar os desejos individuais com recursos de ponta. c) transformar a televisão no principal meio de acesso às redes sociais. d) renovar técnicas de apresentação de programas e de captação de imagens. e) minimizar a importância dessa ferramenta como meio de comunicação de massa. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR6 INTERPRETAÇÃO 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 10. (ENEM) Giocondas gêmeas A existência de uma segunda pintura da Mona Lisa – a Gioconda, de Leonardo da Vinci – foi confirmada pelo Museu do Prado, em Madri, em fevereiro. O quadro era conhecido desde o século XVIII, mas tido como uma reprodução tardia do original. Um trabalho de restauração revelou que seu fundo de cor negra na verdade recobria a reprodução de uma típica paisagem da Toscana, como a pintada por Da Vinci. Radiografias mostraram que a tela é irmã gêmea do original, provavelmente pintada por discípulos do mestre, sob supervisão de Da Vinci, no seu ateliê de Florença, entre 1503 e 1506. Os dois quadros serão, agora, expostos no Louvre. Há, entretanto, diferenças: a florentina Lisa Gherardini (Mona Lisa), aparentemente na meia-idade, parece mais moça na nova tela. O manto sobre o ombro esquerdo do quadro original surge como um véu transparente, e o decote aparece com mais nitidez. A descoberta reforça a tese de estudiosos, como o inglês Martin Kemp, de que assistentes de Da Vinci ajudaram na composição de telas importantes do mestre. Revista Planeta, ano 40, ed. 474, mar. 2012. Para cumprir sua função social, o gênero notícia precisa divulgar informações novas. No texto Giocondas gêmeas, além de ser confirmada a existência de uma tela gêmea de Mona Lisa e de serem destacadas as diferenças entre elas, o valor informativo do texto está centrado na a) afirmação de que Gioconda genuína estava na fase da meia- idade. b) revelação da identidade da mulher pintada por Da Vinci, a florentina Lisa Gherardini. c) consideração de que as produções artísticas de Da Vinci datam do período renascentista. d)descrição do fato de que a tela original mostra um manto sobre o ombro esquerdo da personagem. e) confirmação da hipótese de que Da Vinci teve assistentes que o auxiliaram em algumas de suas obras. 11. (ENEM) Árvore da Língua Ao longo dos três andares, uma instalação de 16 metros de altura mostra palavras com mais de 6 mil anos, projetadas em folhas da Árvore da Língua. Ela faz os significados dançarem para falar da evolução do indoeuropeu ao latim e, dele, ao português. Criada pelo designer Rafic Farah, a escultura é pontuada por um mantra de Arnaldo Antunes, com os termos “língua” e “palavra” cantados em vários idiomas. SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. Ano II, n° 6. São Paulo: Segmento, 2006. O texto apresentado pertence ao domínio jornalístico. Sua finalidade e sua composição estrutural caracterizam-no como a) quadro informativo, pois apresenta dados sobre um objeto. b) notícia, já que leva informação atual a um público específico. c) reportagem, porque enfoca um assunto de forma abrangente. d) legenda, porque descreve elementos e retoma uma informação. e) entrevista, pois apresenta uma opinião sobre o local inaugurado. 12. (ENEM) Anfíbio com formato de cobra é descoberto no Rio Madeira (RO) Animal raro foi encontrado por biólogos em canteiro de obras de usina. Exemplares estão no Museu Emilio Goeldi, no Pará O trabalho de um grupo de biólogos no canteiro de obras da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira, em Porto Velho, resultou na descoberta de um anfíbio de formato parecido com uma cobra. Atretochoanaeiselti é o nome científico do animal raro descoberto em Rondônia. Até então, só havia registro do anfíbio no Museu de História Natural de Viena e na Universidade de Brasília. Nenhum deles tem a descrição exata de localidade, apenas “América do Sul”. A descoberta ocorreu em dezembro do ano passado, mas apenas agora foi divulgada. XIMENES, M. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 1 ago. 2012. A notícia é um gênero textual em que predomina a função referencial da linguagem. No texto, essa predominância evidencia-se pelo(a) a) recorrência de verbos no presente para convencer o leitor. b) uso da impessoalidade para assegurar a objetividade da informação. c) questionamento do código linguístico na construção da notícia. d) utilização de expressões úteis que mantêm aberto o canal de comunicação com o leitor. e) emprego dos sinais de pontuação para expressar as emoções do autor. 13. (ENEM) Deficientes visuais já podem ir a algumas salas de cinema e teatros para curtir, em maior intensidade, as atrações em cartaz. Quem ajuda na tarefa é o aplicativo Whatscine, recém- chegado ao Brasil e disponível para os sistemas operacionais iOS (Apple) ou Android (Google). Ao ser conectado à rede wi-fi de cinemas e teatros, o app sincroniza um áudio que descreve o que ocorre na tela ou no palco com o espetáculo em andamento: o usuário, então, pode ouvir a narração em seu celular. O programa foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Carlos III, em Madri. “Na Espanha, 200 salas de cinema já oferecem o recurso e filmes de grandes estúdios já são exibidos com o recurso do Whatscine!”, diz o brasileiro Luis Mauch, que trouxe a tecnologia para o país. “No Brasil, já fechamos parceria com a São Paulo Companhia de Dança para adaptar os espetáculos deles! Isso já é um avanço. Concorda?” Disponível em: http://veja.abril.com.br. Acesso em 25 jun. 2014 (adaptado). Por ser múltipla e apresentar peculiaridades de acordo com a intenção do emissor, a linguagem apresenta funções diferentes. Nesse fragmento, predomina a função referencial da linguagem, porque há a presença de elementos que a) buscam convencer o leitor, incitando o uso do aplicativo. b) definem o aplicativo, revelando o ponto de vista da autora. c) evidenciam a subjetividade, explorando a entonação emotiva. d) expõem dados sobre o aplicativo, usando linguagem denotativa. e) objetivam manter um diálogo com o leitor, recorrendo a uma indagação. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 7 INTERPRETAÇÃO 14. (ENEM) Mais big do que bang A comunidade científica mundial recebeu, na semana passada, a confirmação oficial de uma descoberta sobre a qual se falava com enorme expectativa há alguns meses. Pesquisadores do Centro de Astrofísica Harvard-Smithsonian revelaram ter obtido a mais forte evidência até agora de que o universo em que vivemos começou mesmo pelo Big Bang, mas este não foi explosão, e sim uma súbita expansão de matéria e energia infinitas concentradas em um ponto microscópico que, sem muitas opções semânticas, os cientistas chamam de “singularidade”. Essa semente cósmica permanecia em estado latente e, sem que exista ainda uma explicação definitiva, começou a inchar rapidamente [...]. No intervalo de um piscar de olhos, por exemplo, seria possível, portanto, que ocorressem mais de 10 trilhões de Big Bangs. ALLEGRETTI. F. Veja. 26 mar. 2014 (adaptado). No título proposto para esse texto de divulgação científica, ao dissociar os elementos da expressão Big Bang, a autora revela a intenção de a) a evidenciar a descoberta recente que comprova a explosão de matéria e energia. b) resumir os resultados de uma pesquisa que trouxe evidências para a teoria do Big Bang. c) sintetizar a ideia de que a teoria da expansão de matéria e energia substitui a teoria da explosão. d) ï destacar a experiência que confirma uma investigação anterior sobre a teoria de matéria e energia. e) condensar a conclusão de que a explosão de matéria e energia ocorre em um ponto microscópico. 15. (ENEM) Farejador de Plágio: uma ferramenta contra a cópia ilegal No mundo acadêmico ou nos veículos de comunicação, as cópias ilegais podem surgir de diversas maneiras, sendo integrais, parciais ou paráfrases. Para ajudar a combater esse crime, o professor Maximiliano Zambonatto Pezzin, engenheiro de computação, desenvolveu junto com os seus alunos o programa Farejador de Plágio. O programa é capaz de detectar: trechos contínuos e fragmentados, frases soltas, partes de textos reorganizadas, frases reescritas, mudanças na ordem dos períodos e erros fonéticos e sintáticos. Mas como o programa realmente funciona? Considerando o texto como uma sequência de palavras, a ferramenta analisa e busca trecho por trecho nos sites de busca, assim como um professor desconfiado de um aluno faria. A diferença é que o programa permite que se pesquise em vários buscadores, gerando assim muito mais resultados. Disponível em: http://reporterunesp.jor.br. Acesso em: 19 mar. 2018. Segundo o texto, a ferramenta Farejador de Plágio alcança seu objetivo por meio da a) seleção de cópias integrais. b) busca em sites especializados. c) simulação da atividade docente. d) comparação de padrões estruturais. e) identificação de sequência de fonemas. 16. (ENEM) No tradicional concurso de miss, as candidatas apresentaram dados de feminicídio, abuso sexual e estupro no país. No lugar das medidas de altura, peso, busto, cintura e quadril, dados da violência contra as mulheres no Peru. Foi assim que as 23 candidatas ao Miss Peru 2017 protestaram contra os altos índices de feminicídio e abuso sexual no país no tradicional desfile em trajes de banho. O tom político, porém, marcou a atração desde o começo: logo no início, quando as peruanas se apresentaram, uma a uma, denunciaram os abusos morais e físicos, a exploração sexual, o assédio, entre outros crimes contra as mulheres. Disponível em: www.cartacapital.com.br. Acesso em: 29 nov. 2017. Quanto à materialização da linguagem, a apresentação de dados relativos à violência contra a mulher a) configura uma discussão sobre os altos índices de abuso físico contra as peruanas. b) propõe um novo formato no enredo dos concursos de beleza feminina. c) condena o rigor estético exigido pelos concursos tradicionais. d) recupera informações sensacionalistas a respeito desse tema. e) subverte a função social dafala das candidatas a miss. 17. (ENEM) O projeto DataViva consiste na oferta de dados oficiais sobre exportações, atividades econômicas, localidades e ocupações profissionais de todo o Brasil. Num primeiro momento, o DataViva construiu uma ferramenta que permitia a análise da economia mineira embasada por essa perspectiva metodológica complexa e diversa. No entanto, diante das possibilidades oferecidas pelas bases de dados trabalhadas, a plataforma evoluiu para um sistema mais completo. De maneira interativa e didática, o usuário é guiado por meio das diversas formas de navegação dos aplicativos. Além de informações sobre os produtos exportados, bem como acerca do volume das exportações em cada um dos estados e municípios do País, em poucos cliques, o interessado pode conhecer melhor o perfil da população, o tipo de atividade desenvolvida, as ocupações formais e a média salarial por categoria. MANTOVANI. C. A. Guardião de informações. Minas faz Ciência. n. 58. jun.-jul.-ago. 2014 (adaptado). Entre as novas possibilidades promovidas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, o texto destaca a a) auditoria das ações de governo. b) publicidade das entidades públicas. c) obtenção de informações estratégicas. d) disponibilidade de ambientes coletivos. e) comunicação entre órgãos administrativos. 18. (ENEM) “O computador, dando prioridade à busca pela própria felicidade, parou de trabalhar para os humanos”. E assim que termina o conto O dia em que um computador escreveu um conto, escrito por uma inteligência artificial com a ajuda de cientistas humanos. Os cientistas selecionaram palavras e frases que seriam usadas na narrativa, e definiram um roteiro geral da história, que serviria como guia para a inteligência artificial. A partir daí, o computador criou o texto combinando as frases e seguindo as diretrizes que os cientistas impuseram. Os juízes não sabem quais textos são escritos por humanos e quais são feitos por PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR8 INTERPRETAÇÃO 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO computadores, o que mostra que o conto estava bem escrito. O dia só não passou para as próximas etapas porque, de acordo com os juízes, os personagens não foram muito bem descritos, embora o texto estivesse estruturalmente impecável. A ideia dos cientistas é continuar desenvolvendo a criatividade da IA para que ela se pareça cada vez mais com a humana. Simular esse tipo de resposta é difícil, porque o computador precisa ter, primeiro, um banco de dados vasto vinculado a uma programação específica para cada tipo de projeto – escrita, pintura, música, desenho e por aí vai. DANGELO, H. Disponível em: https: /isuper.abril.com.br. Acesso em: 5 dez. 2018. O êxito e as limitações da tecnologia utilizada na composição do conto evidencia a a) indistinção entre personagens produzidos por máquinas e seres humanos. b) necessidade de reformulação da base de dados elaborada por cientistas. c) autonomia de programas computacionais no desenvolvimento ficcional. d) diferença entre a estrutura e a criatividade da linguagem humana. e) qualidade artística de textos produzidos por computadores. 19. (ENEM) Romanos usavam redes sociais há dois mil anos, diz livro Ao tuitar ou comentar em baixo do post de um de seus vários amigos no Facebook, você provavelmente se sente privilegiado por viver em um tempo na história em que é possível alcançar de forma imediata uma vasta rede de contatos por meio de um simples clique no botão “enviar”. Você talvez também reflita sobre como as gerações passadas puderam viver sem mídias sociais, desprovidas da capacidade de verem e serem vistas, de receber, gerar e interagir com uma imensa carga de informações. Mas o que você talvez não saiba é que os seres humanos usam ferramentas de interação social há mais de dois mil anos. É o que afirma Tom Standage, autor do livro Writing on the Wall – Social Media, The first 2.000 Years (Escrevendo no mural – mídias sociais, os primeiros 2 mil anos, em tradução livre). Segundo Standage, Marco Túlio Cícero, filósofo e político romano, teria sido, junto com outros membros da elite romana, precursor do uso de redes sociais. O autor relata como Cícero usava um escravo, que posteriormente tornou-se seu escriba, para redigir mensagens em rolos de papiro que eram enviados a uma espécie de rede de contatos. Estas pessoas, por sua vez, copiavam seu texto, acrescentavam seus próprios comentários e repassavam adiante. “Hoje temos computadores e banda larga, mas os romanos tinham escravos e escribas que transmitiam suas mensagens”, disse Stand age à BBC Brasil. “Membros da elite romana escreviam entre si constantemente, comentando sobre as últimas movimentações políticas e expressando opiniões”. Além do papiro, outra plataforma comumente utilizada pelos romanos era uma tábua de cera do tamanho e da forma de um tablet moderno, em que escreviam recados, perguntas ou transmitiam os principais pontos da acta diurna, um “jornal” exposto diariamente no Fórum de Roma. Essa tábua, o “iPad da Roma Antiga”, era levada por um mensageiro até o destinatário, que respondia embaixo da mensagem. NIDECKER, F. Disponível em: www.bbc.co.uk. Acesso em: 7 nov. 2013 (adaptado}. Na reportagem, há uma comparação entre tecnologias de comunicação antigas e atuais. Quanto ao gênero mensagem, identifica-se como característica que perdura ao longo dos tempos o(a) a) imediatismo das respostas. b) compartilhamento de informações. c) interferência direta de outros no texto original. d) recorrência de seu uso entre membros da elite. e) perfil social dos envolvidos na troca comunicativa. 20. (ENEM) TEXTO I A língua ticuna é o idioma mais falado entre os indígenas brasileiros. De acordo com o pesquisador Aryon Rodri gues, há 40 mil índios que falam o idioma. A maioria mora ao longo do Rio Solimões, no Alto Amazonas. É a maior nação indígena do Brasil, sendo também encontrada no Peru e na Colômbia. Os ticunas falam uma língua considerada isolada, que não mantém semelhança com nenhuma outra língua indígena e apresenta complexidades em sua fonologia e sintaxe. Sua característica principal é o uso de diferentes alturas na voz. O uso intensivo da língua não chega a ser ameaçado pela proximidade de cidades ou mesmo pela convivência com falantes de outras línguas no interior da própria área ticuna: nas aldeias, esses outros falantes são minoritários e acabam por se submeter à realidade ticuna, razão pela qual, talvez, não representem uma ameaça linguística. Língua Portuguesa, n. 52, fev. 2010 (adaptado). TEXTO II Riqueza da língua “O inglês está destinado a ser uma língua mundial em sentido mais amplo do que o latim foi na era passada e o francês é na presente", dizia o presidente americano John Adams no século XVIII. A profecia se cumpriu: o inglês é hoje a língua franca da globalização. No extremo oposto da economia linguística mundial, estão as línguas de pequenas comunidades declinantes. Calcula-se que hoje se falem de 6.000 a 7.000 línguas no mundo todo. Quase metade delas deve desaparecer nos próximos 100 anos. A última edição do Ethnologue – o mais abrangente estudo sobre as línguas mundiais –, de 2005, listava 516 línguas em risco de extinção. Veja, n. 36, set. 2007 (adaptado). Os textos tratam de línguas de culturas completamente diferentes, cujas realidades se aproximam em função do(a) a) semelhança no modo de expansão. b) preferência de uso na modalidade falada. c) modo de organização das regras sintéticas. d) predomínio em relação às outras línguas de contato. e) fato de motivarem o desaparecimento de línguas minoritárias. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 9 INTERPRETAÇÃO 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. (UNESP) Leia o trecho inicial do artigo “Artifícios da inteligência”, do físico brasileiro Marcelo Gleiser (1959- ), para responder à(s) questão(ões). Considere a seguinte situação: você acorda atrasado para o trabalho e, na pressa, esqueceo celular em casa. Só quando engavetado no tráfego ou amassado no metrô você se dá conta. E agora é tarde para voltar. Olhando em volta, você vê pessoas com celular em punho conversando, mandando mensagens, navegando na internet. Aos poucos, você vai sendo possuído por uma sensação de perda, de desconexão. Sem o seu celular, você não é mais você. A junção do humano com a máquina é conhecida como “transumanismo”. Tema de vários livros e filmes de ficção científica, hoje é um tópico essencial na pesquisa de muitos cientistas e filósofos. A questão que nos interessa aqui é até que ponto essa junção pode ocorrer e o que isso significa para o futuro da nossa espécie. Será que, ao inventarmos tecnologias que nos permitam ampliar nossas capacidades físicas e mentais, ou mesmo máquinas pensantes, estaremos decretando nosso próprio fim? Será esse nosso destino evolucionário, criar uma nova espécie além do humano? É bom começar distinguindo tecnologias transumanas daquelas que são apenas corretivas, como óculos ou aparelhos para surdez. Tecnologias corretivas não têm como função ampliar nossa capacidade cognitiva: só regularizam alguma deficiência existente. A diferença ocorre quando uma tecnologia não apenas corrige uma deficiência como leva seu portador a um novo patamar, além da capacidade normal da espécie humana. Por exemplo, braços robóticos que permitem que uma pessoa levante 300 quilos, ou óculos com lentes que dotam o usuário de visão no infravermelho. No caso de atletas com deficiência física, a questão se torna bem interessante: a partir de que ponto uma prótese como uma perna artificial de fibra de carbono cria condições além da capacidade humana? Nesse caso, será que é justo que esses atletas compitam com humanos sem próteses? Poderia parecer que esse tipo de hibridização entre tecnologia e biologia é coisa de um futuro distante. Ledo engano. Como no caso do celular, está acontecendo agora. Estamos redefinindo a espécie humana através da interação – na maior parte ainda externa – com tecnologias que ampliam nossa capacidade. Sem nossos aparelhos digitais – celulares, tabletes, laptops – já não somos os mesmos. Criamos personalidades virtuais, ativas apenas na internet, outros eus que interagem em redes sociais com selfies arranjados para impressionar; criações remotas, onipresentes. Cientistas e engenheiros usam computadores para ampliar sua habilidade cerebral, enfrentando problemas que, há apenas algumas décadas, eram considerados impossíveis. Como resultado, a cada dia surgem questões que antes nem podíamos contemplar. (Folha de S.Paulo, 01.02.2015. Adaptado.) a) De acordo com o físico, nós já podemos ser considerados transumanos? Justifique sua resposta. b) Dêiticos: expressões linguísticas cuja interpretação depende da pessoa, do lugar e do momento em que são enunciadas. Por exemplo: “eu” designa a pessoa que fala “eu”. (Ernani Terra. Leitura do texto literário, 2014.) Cite dois dêiticos empregados nos dois primeiros parágrafos do texto. 02. (FUVEST) Examine a seguinte matéria jornalística: Sem-teto usa topo de pontos de ônibus em SP como cama Às 9h desta segunda (17), ninguém dormia no ponto de ônibus da rua Augusta com a Caio Prado. Ninguém a não ser João Paulo Silva, 42, que chegava à oitava hora de sono em cima da parada de coletivos. “Eu sempre durmo em cima desses pontos novos. É gostoso. O teto tem um vidro e uma tela embaixo, então não dá medo de que quebre. É só colocar um cobertor embaixo, pra ficar menos duro, e ninguém te incomoda”, disse Silva depois de acordar e descer da estrutura. No dia, entretanto, ele estava sem a coberta, “por causa do calor de matar”. Por não ter trabalho em local fixo (“Cato lata, ajudo numa empresa de carreto. Faço o que dá”), ele varia o local de pouso. “Às vezes é aqui no centro, já dormi em Pinheiros e até em Santana. Mas é sempre nos pontos, porque eu não vou dormir na rua”. www1.folha.uol.com.br, 19/03/2014. Adaptado. a) Qual é o efeito de sentido produzido pela associação dos elementos visuais e verbais presentes na imagem acima? Explique. b) O vocábulo “pra”, presente nas declarações atribuídas a João Paulo Silva, é próprio da língua falada corrente e informal. Cite mais dois exemplos de elementos linguísticos com essa mesma característica, também presentes nessas declarações. 03. (UNICAMP) Reproduzimos abaixo a chamada de capa e a notícia publicadas em um jornal brasileiro que apresenta um estilo mais informal. Governo quer fazer a galera pendurar a chuteira mais tarde Duro de parar Como a vovozada vive até mais tarde, a intenção, agora, é criar regra para aumentar a idade mínima exigida para a aposentadoria; objetivo é impedir que o INSS quebre de vez. Descanso mais longe O brasileiro tá vivendo cada vez mais – o que é bom. Só que quanto mais ele vive, mais a situação do INSS se complica, e mais o governo trata de dificultar a aposentadoria do pessoal pelo teto (o valor integral que a pessoa teria direito de receber quando pendura as chuteiras) – o que não é tão bom. A última novidade que já tá em discussão lá em Brasília é botar pra funcionar a regra 85/95, que diz que só se aposenta ganhando o teto quem somar 85 anos entre idade e tempo de contribuição (se for mulher) e 95 anos (se for homem). Ou seja, uma mulher de 60 anos só levaria a grana toda se tivesse trampado registrada por 25 anos (60 + 25 = 85) e um homem da mesma idade, se tivesse contribuído por 35 (60 + 35 = 95). Quem quiser se aposentar antes, pode – só que vai receber menos do que teria direito com a conta fechada. (notícia JÁ, Campinas, 30/06/2012, p.1 e 12.) PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR10 INTERPRETAÇÃO 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO a) Retire dos textos duas marcas que caracterizariam a informalidade pretendida pela publicação, explicitando de que tipo elas são (sintáticas, morfológicas, fonológicas ou lexicais, isto é, de vocabulário). b) Pode-se afirmar que certas expressões empregadas no texto, como “tá” e “botar”, se diferenciam de outras, como “galera” e “grana”, quanto ao modo como funcionam na sociedade brasileira. Explique que diferença é essa. 04. (UFPR) O gráfico a seguir apresenta os resultados da 4ª edição da pesquisa nacional Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Ibope e encomendada pelo Instituto Pró-Livro. O país possui, atualmente, 104,7 milhões de leitores (56% da população), o que representa um crescimento de 6 pontos percentuais em relação à última apuração, feita em 2011. Foram ouvidas, ao todo, 5.012 pessoas em todas as regiões do Brasil, com uma população de 5 anos ou mais. Escreva um texto, em que você apresente a um leitor as informações do enunciado e do infográfico, explicitando as correlações possíveis entre os dados. 05. (UFPR) Considere o seguinte texto: Um inadiável acerto de contas com a Mãe Terra A encíclica do Papa Francisco sobre “O cuidado da Casa Comum” (Laudato Si) está sendo vista como a encíclica “verde”, semelhantemente como quando dizemos economia “verde”. Eis aqui um grande equívoco. Ela não quer ser apenas “verde”, mas também propor a ecologia “integral”. Na verdade, o Papa deu um salto teórico da maior relevância ao ir além do ambientalismo verde e pensar a ecologia numa perspectiva holística, que inclui o ambiental, o social, o político, o educacional, o cotidiano e o espiritual. Ele se coloca no coração do novo paradigma, segundo o qual cada ser possui valor intrínseco, mas está sempre em relação com tudo, formando uma imensa rede, como aliás o diz exemplarmente a Carta da Terra. Em outras palavras, trata-se de superar o paradigma da modernidade. Este coloca o ser humano fora da natureza e acima dela, como “seu mestre e dono” (Descartes), imaginando que ela não possui nenhum outro sentido senão quando posta a serviço do ser humano, que pode explorá-la a seu bel-prazer. Esse paradigma subjaz à tecnociência, que tantos benefícios nos trouxe, mas que simultaneamentegestou a atual crise ecológica, pela sistemática pilhagem de seus bens naturais. E o fez com tal voracidade que ultrapassou os principais limites intransponíveis (a sobrecarga da Terra). Uma vez transpostos, colocam em risco as bases físico-químico-energéticas que sustentam a vida (clima, água, solos e biodiversidade, entre outros). É hora de se fazer um ajuste de contas com a Mãe Terra: ou redefinimos uma nova relação mais cooperativa para com ela, e assim garantimos a nossa sobrevivência, ou conheceremos um colapso planetário. O Papa inteligentemente se deu conta dessa possibilidade. Daí que sua encíclica se dirige a toda a humanidade e não apenas aos cristãos. Tem como propósito fundamental cobrar um novo estilo de vida e uma verdadeira “conversão ecológica”. Esta implica um novo modo de produção e de consumo, respeitando os ritmos e os limites da natureza também em consideração das futuras gerações às quais igualmente pertence a Terra. Isso está implícito no novo paradigma ecológico. Como temos a ver com um problema global que afeta indistintamente a todos, todos são convocados a dar a sua contribuição: cada país, cada instituição, cada saber, cada pessoa e, no caso, cada religião. Assevera claramente que “devemos buscar no nosso rico patrimônio espiritual as motivações que alimentam a paixão pelo cuidado da criação” (Carta do Papa Francisco de 6/08/2015). Observe-se a expressão “paixão pelo cuidado da criação”. Não se trata de uma reflexão ou algum empenho meramente racional, mas de algo mais radical, “uma paixão”. Invoca-se aqui a razão sensível e emocional. É ela e não simplesmente a razão que nos fará tomar decisões, nos impulsionará a agir com paixão e de modo inovador, consoante a urgência da atual crise ecológica mundial. O Papa tem consciência de que o cristianismo (e a Igreja) não está isento de culpa por termos chegado a esta situação dramática. Durante séculos pregou-se um Deus sem o mundo, o que propiciou o surgimento de um mundo sem Deus. Não entrava em nenhuma catequese o mandato divino, claramente assinalado no segundo capítulo do Genesis, de “cultivar e cuidar o jardim do Éden”. Pelo contrário, o conhecido historiador norte-americano Lynn White Jr., ainda em 1967, acusou o judeu-cristianismo, com sua doutrina do domínio do ser humano sobre a criação, como o fator principal da crise ecológica. Exagerou, como a crítica tem mostrado. Mas, de todo modo, suscitou a questão do estreito vínculo entre a interpretação comum sobre o senhorio do ser humano sobre todas as coisas e a devastação da Terra, o que reforçou o projeto de dominação dos modernos sobre a natureza. O Papa opera em sua encíclica uma vigorosa crítica ao antropocentrismo dessa interpretação. Entretanto, na carta de instauração do dia de oração, com humildade suplica a Deus “misericórdia pelos pecados cometidos contra o mundo em que vivemos”. Volta a referir-se a São Francisco, com seu amor cósmico e respeito pela criação, o verdadeiro antecipador daquilo que devemos viver nos dias atuais. (BOFF, Leonardo. Em <http://www.jb.com.br/leonardo-boff/noticias/2015/09/06/um- inadiavel-acerto-de-contas-com-a-mae-terra/>. Acesso em 14 set 2015. Adaptado.) – Elabore um resumo desse texto, de 09 a 12 linhas, respeitando as características do gênero textual. – Apresente a tese do autor e os argumentos que ele utiliza para justificá-la. – Escreva com suas próprias palavras, sem copiar trechos do texto. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO 11 INTERPRETAÇÃO GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. B 02. B 03. E 04. D 05. A 06. C 07. D 08. D 09. B 10. E 11. A 12. B 13. D 14. C 15. D 16. E 17. C 18. D 19. B 20. D EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a. Sim, segundo o autor, os recursos tecnológicos mais sofisticados e especializados já estão presentes no nosso cotidiano como celulares, tabletes e laptops. b. Se a definição de dêitico se aplica a elementos linguísticos que fazem referência ao momento da enunciação, ao contexto situacional, ao próprio discurso ou aos atores do discurso. todas as ocorrências do pronome “você” no primeiro parágrafo e “nos” e “seu”, no segundo, constituem exemplos de dêiticos. 02. a) Estamos diante de uma contradição e, por conseguinte, de uma ironia. Diante desta imagem, nossos olhos sentem um estranhamento imediato fruto do contraste produzido pela palavra escrita em letras garrafais e tomando boa parte do anúncio: CONFORTO. Em cima, com custo, percebemos a existência de um homem deitado. Abaixo do homem um anúncio imenso. O efeito de sentido é produzido pelo contraste gerador da ironia presente entre a palavra CONFORTO e um homem dormindo ao relento, em um lugar que não foi feito para isso. A posição toda torta do homem enquanto dorme colide com a segurança e a beleza escritas também no anúncio, outro contraste que levará à ironia. Refletido pelo vidro, no canto à esquerda, há um outro homem, que também parece maltrapilho, e que parece estar se penteando e utilizando o vidro do ponto de ônibus para sua toalete, o que também remete à beleza expressa na mensagem escrita do anúncio. Uma ironia produzida pela própria realidade. b) (...) ninguém te incomoda (...) O pronome te usado com o sentido de você ou do oblíquo o faz parte do coloquial brasileiro. (...) por causa do calor de matar (...) expressão hiperbólica usada informalmente. 03. a) O texto apresenta várias marcas que caracterizam a informalidade pretendida pela publicação, relativamente à estrutura das frases (sintáticas), aos fragmentos mínimos capazes de expressar significado (morfológicas), aos recursos que exploram o sistema sonoro (fonológicas) e aos lexicais, relacionados com as unidades significativas, como nos seguintes casos: Sintáticas: “Quem quiser se aposentar antes, pode”, ao invés de quem quiser, pode aposentar-se antes. Morfológicas: “vovozada”, pelo acréscimo do sufixo –ada ao termo vovó. Fonológicas: “tá” e “pra”, em vez de está e para. Lexicais: “galera”, “pendurar a chuteira”, “duro”, “botar pra funcionar”, “grana” e “trampado” com valor semântico de grupo de pessoas, encerrar atividades, difícil, colocar em prática, dinheiro e trabalhado, respectivamente. b) Enquanto as expressões “tá” e “botar” configuram marcas de oralidade presentes nos mais diversos contextos, “galera” e “grana” são gírias, fenômeno de linguagem que se origina de um grupo social restrito e alcança, pelo uso, outros grupos, tornando-se de uso corrente. 04. O enunciado apresentado traz informações confirmadas pelo infográfico: o número de leitores no Brasil aumentou entre 2011 e 2015. Essa afirmação é verdadeira para todas as regiões do país, excetuando o Nordeste, que manteve os mesmo 51% como índice de leitores. No Norte, o crescimento foi de 6% (de 47% para 53%), no Centro-Oeste de 4% (de 53% para 57%), no Sul de 7% (de 43% para 50%) e no Sudeste tivemos o maior crescimento, com 11% (de 50% para 61%). Assim, não houve sequer uma área em que esse crescimento foi negativo. No entanto, é preciso considerar que o infográfico acaba cobrindo eventuais exceções, uma vez que parte o país apenas em 5 regiões, tornando as particularidades menos visíveis. Ou seja, apesar de no Sudeste encontrarmos um crescimento geral de 11% no número de leitores, é possível que existam cidades em que esse crescimento não ocorreu. De qualquer forma, no geral, o Brasil parece estar apresentando um crescente no índice de leitores. Isso pode ser relacionado ao grau de desenvolvimento do país. De 2011 a 2015 houve um desenvolvimento, que envolveu a educação, por exemplo. A taxa de analfabetismo diminuiu, o que também representa um fator favorável para a formação de mais leitores. 05. O candidato deverá ler e resumir o texto que compõe a questão, apresentando a tese do autor e os argumentos utilizados. Pede-se para manter o gênero textual, ou seja, texto informativo, com linguagem apropriada aos padrõesda norma culta. O candidato terá de escrever com suas próprias palavras sem copiar nenhuma parte do texto. Trata-se da discussão da encíclica papal, descrita pelo teólogo Leonardo Boff, que pede para que todos os homens e mulheres tenham mais respeito pela natureza para que a vida possa continuar seu curso na Terra. Para isso, o Papa critica o consumismo exagerado e pede que todas as pessoas usem a paixão ao criador para refletir sobre as formas de reverter esse processo gradual de destruição. Caberá ao candidato captar as ideias principais do texto e quais os argumentos utilizados pelo teólogo para defendê-los. ANOTAÇÕES PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR12 INTERPRETAÇÃO 18 GÊNERO TEXTUAL JORNALÍSTICO ANOTAÇÕES
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