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INTERPRETAÇÃO PRÉ-VESTIBULAR 1PROENEM.COM.BR TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO24 A comunicação sempre fez parte das sociedades humanas e, de forma decisiva, essa capacidade comunicativa construiu a evolução humana e seus modelos de organização social. Ao longo do tempo, as informações que eram passadas de forma oral materializaram-se pela escrita e constituíram um patrimônio cultural que era passado de geração a geração. As formas de comunicar e de informar foram evoluindo ao longo dos séculos. Rochas, tábuas, papiros, a humanidade desenvolvia novas tecnologias que permitiam o armazenamento, a transmissão e o acesso a informações. Legiões de copistas reproduziam livros manualmente até serem suplantados pelos tipos móveis da prensa de Gutemberg. Em passagens de tempo cada vez mais curtas, os conhecimentos se multiplicavam, as informações produziam cada vez mais livros, revistas, panfletos e jornais. Ideologias manifestavam-se, leis tornavam-se conhecidas e, ao mesmo tempo, não eram poucas as tentativas de impedir o acesso a esses conhecimentos: proibições de publicações ou mesmo de instalação de gráficas conviviam com listas de livros censurados para determinados públicos, crenças e povos. A informação e o conhecimento conferiam poder a quem os possuía e apresentava- se como um perigo caso fosse disseminado. Mas as revoluções do engenho humano não podem ser paradas e dia após dia, década após década, surgiam mais inventos, mais possibilidades para a disseminação do conhecimento. O letramento foi ampliado em inúmeras sociedades, as artes levavam mensagens ideológicas e definiam nacionalidades, grupos se organizavam, difundiam suas ideias e mesmo comunicavam-se de forma cifrada. O século XX trouxe o rádio e a televisão como meios de comunicação de massa. O desenvolvimento dessas novas tecnologias permitiu que o acesso à informação se tornasse fácil e rápido. Por outro lado, acentuou o poder daqueles que comandavam esses meios: quem domina a informação, domina a sociedade. Esses modelos de comunicação funcionam em uma única direção: o emissor lança as informações para milhões de espectadores. A informação virou um produto de consumo e, com ele, toda a ideologia subjacente a quem produz o discurso. Uma das verdades incontestáveis é aquela que postula a inexistência de um discurso neutro. Todos, desde os donos dos meios de comunicação ao redator de um texto, possuem alguma intenção ao produzir seus discursos. Desta forma, jornais, telenovelas, filmes e tantos outros “produtos” apresentam bem mais do que aquilo que sua superfície discursiva faz notar; existem comportamentos, ideias e visões que são expostas de maneira a influenciar a visão da sociedade e sua própria construção cultural. Em meio a um cenário de expansão de todas essas formas de comunicação, empresas investem em comerciais para alavancar vendas de seus produtos ou simplesmente fazer propaganda de suas marcas e das suas propostas de estilo de vida. A sociedade é bombardeada cada vez mais com mais informação e entender na plenitude os significados das mensagens passou a ser um desafio para cada indivíduo. Se em séculos anteriores seria possível que um indivíduo conhecesse praticamente toda a produção de conhecimento reunida nos livros, isso se tornou impossível na contemporaneidade. A produção de conhecimento e informações atingiu níveis que jamais possibilitarão a um indivíduo conhecer nem sequer a milésima parte daquilo que se produziu. O final do século XX ainda assistiu a uma nova revolução, a Internet. Com a popularização dos computadores, os meios digitais associados em rede trouxeram uma nova visão à construção de conhecimentos. O espectador, antes passivo diante dos meios de comunicação, passava a colaborador ativo na transmissão de informações por meio de redes sociais e tantos outras ferramentas que são criadas quase que diariamente. O centro de poder da informação foi abalado, com a horizontalização do domínio dos saberes e a influência de pessoas comuns sobre a sociedade, independentemente de aparecer nos grandes meios de comunicação de massa. Hoje, indivíduos contam com milhões de seguidores que lhes acompanham os pensamentos, ideologias e tantos outros conteúdos que são veiculados. A cultura audiovisual eletrônica da atualidade proporciona à sociedade, sobretudo aos jovens, outras informações, novos ou velhos valores, diferentes saberes resultando em uma nova forma de ler e compreender o mundo em que vivem. Atualmente as tecnologias passam despercebidas na vida cotidiana, por já estarem completamente adaptadas à cultura, de forma que as atividades mais comuns são realizadas com produtos, equipamentos e processos projetados especificamente para efetivá-las. Existe uma impressão de que todas as ações humanas sempre foram feitas da maneira como hoje são realizadas ou que estas são as formas mais corretas de se realizá-las. Muitas vezes, a constante inovação causa a aceitação de uma realidade como se ela sempre tivesse sido assim. Professores, estudiosos e outras referências não são mais os detentores exclusivos do conhecimento e as bibliotecas virtualizaram-se, estando disponíveis a um clique do mouse ou a um toque na tela. Da mesma forma, pela velocidade do mundo atual, vendem-se resumos e superficialidades como substitutos de antigos conhecimentos. A integração cada vez maior de indivíduos em redes colaborativas ou sociais possibilita o compartilhamento de visões pessoais ao lado de impressões subjetivas tomadas como fatos. Como tudo o que se produz está subordinado à ideologia, não são poucas as vezes que opiniões são colocadas a serviço de interesses comerciais ou políticos de maneira a ignorar e contraria fatos, fazendo informações falsas circularem livremente e alcançarem status de verdade para boa parcela da população. A era da informação é também a era das fake news. Por tudo isso, estar atento aos sistemas de informação e comunicação, conhecer seu funcionamento e entender a forma como se constroem os discursos é fundamental para ser um bom leitor na sociedade moderna, que oferece tantas informações e conhecimentos ao mesmo tempo em que permite a existência de armadilhas que capturam os incautos para a difusão de ideias estranhas ao próprio indivíduo. Entre os recursos para a construção dos discursos, estão as imagens, as formas e as próprias cores utilizadas na linguagem visual. Figuras de linguagem, palavras-chave e desconstruções semânticas exprimem outro lado na forma de estruturar informações para atrair leitores. Mas talvez nada se compare com a revolução provocada pelo hipertexto, conceito que possibilitou a construção de uma nova maneira de se relacionar com as informações. Sua importância advém do fato de estabelecer um processo de enunciação não linear e não hierarquizada, possibilitando ao leitor a multiplicidade de direções em sua leitura, permitindo a formação PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR2 INTERPRETAÇÃO 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO de uma trama textual, sem que haja sequências ou regras impostas à leitura. Nesse modelo de diálogo a construção interdiscursiva não depende apenas do enunciador, pois o papel do interlocutor é ativo, construindo sua própria cadeia relacional, gerando conexões que orientam sua própria forma de entender os discursos. Esses “saltos” são possibilitados por links, espécies de nós que conectam discursos. Essa ideia – longe de ser algo contemporâneo (foi enunciada em 1945, por Vannevar Bush, apesar de o termo hipertexto só aparecer nos anos sessenta) – parte da concepção de que nossos pensamentos, ideologias e enunciados não se organizam de maneira hierárquica, mas formando teias em que se associam concepções culturais, sociais e individuais. Essa rede é formada por nossos conhecimentos e pelos quais saltamos intuitivamente, interagindo de maneira interdiscursiva e intertextual de maneira associativa, não linear. PROTREINOEXERCÍCIOS 01. Cite como os livros eram reproduzidos antes da invenção da prensa. 02. Descreva como a invenção da prensa de Gutemberg interferiu na comunicação. 03. Indique como os modelos de comunicação passaram a funcionar após o século XX. 04. Explique como a Internet interferiu na divulgação de informações. 05. Defina o hipertexto. PROPOSTOS EXERCÍCIOS 01. (ENEM) Com o texto eletrônico, enfim, parece estar ao alcance de nossos olhos e de nossas mãos um sonho muito antigo da humanidade, que se poderia resumir em duas palavras, universalidade e interatividade. As luzes, que pensavam que Gutenberg tinha propiciado aos homens uma promessa universal, cultivavam um modo de utopia. Elas imaginavam poder, a partir das práticas privadas de cada um, construir um espaço de intercâmbio crítico das ideias e opiniões. O sonho de Kant era que cada um fosse ao mesmo tempo leitor e autor, que emitisse juízos sobre as instituições de seu tempo, quaisquer que elas fossem e que, ao mesmo tempo, pudesse refletir sobre o juízo emitido pelos outros. Aquilo que outrora só era permitido pela comunicação manuscrita ou a circulação dos impressos encontra hoje um suporte poderoso com o texto eletrônico. CHARTIER, R. A aventura do livro: do leitor ao navegador. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo; UNESP, 1998. No trecho apresentado, o sociólogo Roger Chartier caracteriza o texto eletrônico como um poderoso suporte que coloca ao alcance da humanidade o antigo sonho de universalidade e interatividade, uma vez que cada um passa a ser, nesse espaço de interação social, leitor e autor ao mesmo tempo. A universalidade e a interatividade que o texto eletrônico possibilita estão diretamente relacionadas à função social da internet de a) propiciar o livre e imediato acesso às informações e ao intercâmbio de julgamentos. b) globalizar a rede de informações e democratizar o acesso aos saberes. c) expandir as relações interpessoais e dar visibilidade aos interesses pessoais. d) propiciar entretenimento e acesso a produtos e serviços. e) expandir os canais de publicidade e o espaço mercadológico. 02. (ENEM) O que é bullying virtual ou cyberbullying? É o bullying que ocorre em meios eletrônicos, com mensagens difamatórias ou ameaçadoras circulando por e-mails, sites, blogs (os diários virtuais), redes sociais e celulares. É quase uma extensão do que dizem e fazem na escola, mas com o agravante de que as pessoas envolvidas não estão cara a cara. Dessa forma, o anonimato pode aumentar a crueldade dos comentários e das ameaças e os efeitos podem ser tão graves ou piores. “O autor, assim como o alvo, tem dificuldade de sair de seu papel e retomar valores esquecidos ou formar novos”, explica Luciene Tognetta, doutora em Psicologia Escolar e pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Disponível em http://revistaescola.abril.com.br. Acesso em: 3 ago. 2012 (adaptado). Segundo o texto, com as tecnologias de informação e comunicação, a prática do bullying ganha novas nuances de perversidade e é potencializada pelo fato de a) atingir um grupo maior de espectadores. b) dificultar a identificação do agressor incógnito. c) impedir a retomada de valores consolidados pela vítima. d) possibilitar a participação de um número maior de autores. e) proporcionar o uso de uma variedade de ferramentas da internet. 03. (ENEM) A emergência da sociedade da informação está associada a um conjunto de profundas transformações ocorridas desde as últimas duas décadas do século XX. Tais mudanças ocorrem em dimensões distintas da vida humana em sociedade, as quais interagem de maneira sinérgica e confluem para projetar a informação e o conhecimento como elementos estratégicos, dos pontos de vista econômico-produtivo, político e sociocultural. A sociedade da informação caracteriza-se pela crescente utilização de técnicas de transmissão, armazenamento de dados e informações a baixo custo, acompanhadas por inovações organizacionais, sociais e legais. Ainda que tenha surgido motivada por um conjunto de transformações na base técnico-científica, ela se investe de um significado bem mais abrangente. LEGEY, L. -R; ALBAGLI, S. Disponível em: www.dgz.org.br. Acesso em: 4 dez. 2012 (adaptado). O mundo contemporâneo tem sido caracterizado pela crescente utilização das novas tecnologias e pelo acesso à informação cada vez mais facilitado. De acordo com o texto, a sociedade da informação corresponde a uma mudança na organização social porque a) representa uma alternativa para a melhoria da qualidade de vida. b) associa informações obtidas instantaneamente por todos e em qualquer parte do mundo. c) propõe uma comunicação mais rápida e barata, contribuindo para a intensificação do comércio. d) propicia a interação entre as pessoas por meio de redes sociais. e) representa um modelo em que a informação é utilizada intensamente nos vários setores da vida. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO 3 INTERPRETAÇÃO 04. (ENEM) Como escrever na internet Regra 1 – Fale, não GRITE! Combine letras maiúsculas e minúsculas, da mesma forma que na escrita comum. Cartas em papel não são escritas somente com letras maiúsculas; na internet, escrever em maiúsculas é o mesmo que gritar! Para enfatizar frases e palavras, use os recursos de _sublinhar_ (colocando palavras ou frases entre sublinhados) e *grifar* (palavras ou frases entre asteriscos). Frases em maiúsculas são aceitáveis em títulos e ênfases ou avisos urgentes. Regra 2 – Sorria :-) pisque ;-) chore &-( ... Os emoticons (ou smileys) são ícones formados por parênteses, pontos, vírgulas e outros símbolos do teclado. Eles representam carinhas desenhadas na horizontal e denotam emoções. É difícil descobrir quando uma pessoa está falando alguma coisa em tom de brincadeira, se está realmente brava ou feliz, ou se está sendo irônica, em um ambiente no qual só há texto; por isso, entram em cena os smileys. Comece a usá-los aos poucos e, com o passar do tempo, estarão integrados naturalmente às suas conversas on-line. Disponível em: www.icmc.usp.br. Acesso em: 29 jul. 2013. O texto traz exemplos de regras que podem evitar mal-entendidos em comunicações eletrônicas, especialmente em e-mails e chats. Essas regras a) revelam códigos internacionalmente aceitos que devem ser seguidos pelos usuários da internet. b) constituem um conjunto de normas ortográficas inclusas na escrita padrão da língua portuguesa. c) representam uma forma complexa de comunicação, pois os caracteres são de difícil compreensão. d) foram desenvolvidas para que usuários de países de línguas diferentes possam se comunicar na web. e) refletem recomendações gerais sobre o uso dos recursos de comunicação facilitadores da convivência na internet. 05. (ENEM) O que é Web Semântica? Web Semântica é um projeto para aplicar conceitos inteligentes na internet atual. Nela, cada informação vem com um significado bem definido e não se encontra mais solta no mar de conteúdo, permitindo uma melhor interação com o usuário. Novos motores de busca, interfaces inovadoras, criação de dicionários de sinônimos e a organização inteligente de conteúdos são alguns exemplos de aprimoramento. Dessa forma, você não vai mais precisar minerar a internet em busca daquilo que você procura, ela vai passar a se comportar como um todo, e não mais como um monte de informação empilhada. A implementação deste paradigma começou recentemente, e ainda vai levar mais alguns anos até que entre completamente em vigor e dê um jeito em toda a enorme bagunça que a internet se tornou. Disponível em: www.tecmundo.com.br. Acesso em: 6 ago. 2013 (adaptado). Ao analisar o texto sobre a Web Semântica, deduz-se que esse novo paradigma auxiliará os usuários a a) armazenar grandes volumes de dados de modo mais disperso. b) localizar informações na internet com mais precisão. c) captar os dados nainternet com mais velocidade. d) publicar dados com significados não definidos. e) navegar apenas sobre dados já organizados. 06. (ENEM) O texto faz referência aos sistemas de comunicação e informação. A crítica feita a uma das ferramentas midiáticas se fundamenta na falta de a) opinião dos leitores nas redes sociais. b) recursos tecnológicos nas empresas jornalísticas. c) instantaneidade na divulgação da notícia impressa. d) credibilidade das informações veiculadas nos blogs. e) adequação da linguagem jornalística ao público jovem. 07. (ENEM) Mas assim que penetramos no universo da web, descobrimos que ele constitui não apenas um imenso “território” em expansão acelerada, mas que também oferece inúmeros “mapas”, filtros, seleções para ajudar o navegante a orientar-se. O melhor guia para a web é a própria web. Ainda que seja preciso ter a paciência de explorá-la. Ainda que seja preciso arriscar-se a ficar perdido, aceitar “a perda de tempo” para familiarizar-se com esta terra estranha. Talvez seja preciso ceder por um instante a seu aspecto lúdico para descobrir, no desvio de um link, os sites que mais se aproximam de nossos interesses profissionais ou de nossas paixões e que poderão, portanto, alimentar da melhor maneira possível nossa jornada pessoal. LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999. O usuário iniciante sente-se não raramente desorientado no oceano de informações e possibilidades disponíveis na rede mundial de computadores. Nesse sentido, Pierre Lévy destaca como um dos principais aspectos da internet o(a) a) a espaço aberto para a aprendizagem. b) grande número de ferramentas de pesquisa. c) ausência de mapas ou guias explicativos. d) infinito número de páginas virtuais. e) dificuldade de acesso aos sites de pesquisa. PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR4 INTERPRETAÇÃO 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO 08. (ENEM) A inteligência está na rede Pergunta: Há tecnologias que melhoram a vida humana, como a invenção do calendário, e outras que revolucionam a história humana, como a invenção da roda. A internet, o iPad, o Facebook, o Google são tecnologias que pertencem a que categoria? Resposta: À das que revolucionam a história. O que está acontecendo no mundo de hoje é semelhante ao que se passou com a sociedade agrária depois da prensa móvel de Gutenberg. Antes, o conhecimento estava concentrado em oligopólios. A invenção de Gutenberg começou a democratizar o conhecimento, e as instituições do feudalismo entraram num processo de atrofia. A novidade afetou a Igreja Católica, as monarquias, os poderes coloniais e, com o passar do tempo, resultou nas revoluções na América Latina, nos Estados Unidos, na França. Resultou na democracia parlamentar, na reforma protestante, na criação das universidades, do próprio capitalismo. Martinho Lutero chamou a prensa móvel de “a mais alta graça de Deus”. Agora, mais uma vez, o gênio da tecnologia saiu da garrafa. Com a prensa móvel, ganhamos acesso à palavra escrita. Com a internet, cada um de nós pode ser seu próprio editor. A imprensa nos deu acesso ao conhecimento que já havia sido produzido e estava registrado. A internet nos dá acesso ao conhecimento contido no cérebro de outras pessoas em qualquer parte do mundo. Isso é uma revolução. E, tal como aconteceu no passado, está fazendo com que nossas instituições se tornem obsoletas. TAPSCOTT, D. Entrevista concedida a Augusto Nunes. Veja, 21 abr. 2011 (adaptado). Segundo o pesquisador entrevistado, a internet revolucionou a história da mesma forma que a prensa móvel de Gutenberg revolucionou o mundo no século XV. De acordo com o texto, as duas invenções, de maneira similar, provocaram o(a) a) ocorrência de revoluções em busca por governos mais democráticos. b) divulgação do conhecimento produzido em papel nas diversas instituições. c) organização das sociedades a favor do acesso livre à educação e às universidades. d) comércio do conhecimento produzido e registrado em qualquer parte do mundo. e) democratização do conhecimento pela divulgação de ideias por meio de publicações. 09. (ENEM) O jornal vai morrer. É a ameaça mais constante dos especialistas. E essa nem é uma profecia nova. Há anos a frase é repetida. Experiências são feitas para atrair leitores na era da comunicação nervosa, rápida, multicolorida, performática. Mas o que é o jornal? Onde mora seu encanto? O que é sedutor no jornal é ser ele mesmo e nenhum outro formato de comunicação de ideias, histórias, imagens e notícias. No tempo das muitas mídias, o que precisa ser entendido é que cada um tem um espaço, um jeito, uma personalidade. Quando surge uma nova mídia, há sempre os que a apresentam como tendência irreversível, modeladora do futuro inevitável e fatal. Depois se descobre que nada é substituído e o novo se agrega ao mesmo conjunto de seres através dos quais nos comunicamos. Os jornais vão acabar, garantem os especialistas. E, por isso, dizem que é preciso fazer jornal parecer com as outras formas da comunicação mais rápida, eletrônica, digital. Assim, eles morrerão mais rapidamente. Jornal tem seu jeito. É imagem, palavra, informação, ideia, opinião, humor, debate, de uma forma só dele. Nesse tempo tão mutante em que se tuíta para milhares, que retuítam para outros milhares o que foi postado nos blogs, o que está nos sites dos veículos on-line, que chance tem um jornal de papel que traz uma notícia estática, uma foto parada, um infográfico fixo? Terá mais chance se continuar sendo jornal. LEITÃO, M. Jornal de papel. O Tempo, n. 5 684, 8 jul. 2012 (adaptado). Muito se fala sobre o impacto causado pelas tecnologias da comunicação e da informação nas diferentes mídias. A partir da análise do texto, conclui-se que essas tecnologias a) mantêm inalterados os modos de produção e veiculação do conhecimento. b) provocam rupturas entre novas e velhas formas de comunicar o conhecimento. c) modernizam práticas de divulgação do conhecimento hoje consideradas obsoletas. d) substituem os modos de produção de conhecimentos oriundos da oralidade e da escrita. e) contribuem para a coexistência de diversos modos de produção e veiculação de conhecimento. 10. (ENEM) 10 anos de “hashtag”: a ferramenta que mobiliza a internet A “hashtag”, ícone das redes sociais, celebrou em 2017 seus primeiros 10 anos de uso no acompanhamento dos grandes eventos mundiais com um efeito de mobilização e expressão de emoção e humor. A palavra-chave precedida pelo símbolo do jogo da velha foi popularizada pelo Twitter antes de ser incorporada por outras redes sociais. A invenção foi de Chris Messina, designer americano especialista em redes sociais. Em 23 de agosto de 2007, o usuário intensivo do Twitter propôs em um tuíte usar o jogo da velha para reagrupar mensagens sobre um mesmo assunto. Ele lançou, então, a primeira “hashtag” #barcamp sobre oficinas participativas dedicadas à inovação na web. O compartilhamento das palavras-chaves – que já são citadas 125 milhões de vezes por dia no mundo – já serviu de trampolim para mobilizações em massa. Alguns slogans que tiveram grande efeito mobilizador foram o #BlackLivesMatter (Vidas negras importam), após a morte de vários cidadãos americanos negros pela polícia, e #OccupyWallStreet (Ocupem Wall Street), referente ao movimento que acampou no coração de Manhattan para denunciar os abusos do capitalismo. AFP. Disponível em: http://exame.abril.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado). Ao descrever a história e os exemplos de utilização da hashtag, o texto evidencia que a) a incorporação desse recurso expressivo pela sociedade impossibilita a manutenção de seu uso original. b) a incorporação desse recurso expressivo pela sociedade o flexibilizou e o potencializou. c) a incorporação pela sociedade caracterizou esse recurso expressivo de forma definitiva. d) esse recurso expressivo se tornou o principal meio de mobilização social pela internet. e) esse recurso expressivo precisoude uma década para ganhar notabilidade social. 11. (ENEM) Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor navegador passa a ter um PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO 5 INTERPRETAÇÃO papel mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões. MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007. No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conhecimento por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de autoria, porque a) é o leitor que constrói a versão final do texto. b) o autor detém o controle absoluto do que escreve. c) aclara os limites entre o leitor e o autor. d) propicia um evento textual-interativo em que apenas o autor é ativo. e) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para o leitor. 12. (ENEM) Palavra indígena A história da tribo Sapucaí, que traduziu para o idioma guarani os artefatos da era da computação que ganharam importância em sua vida, como mouse (que eles chamam de angojhá) e windows (oventã) Quando a internet chegou àquela comunidade, que abriga em torno de 400 guaranis, há quatro anos, por meio de um projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta e com antena cedida pela Star One (da Embratel), Potty e sua aldeia logo vislumbraram as possibilidades de comunicação que a web traz. Ele conta que usam a rede, por enquanto, somente para preparação e envio de documentos, mas perceberam que ela pode ajudar na preservação da cultura indígena. A apropriação da rede se deu de forma gradual, mas os guaranis já incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida. A importância da internet e da computação para eles está expressa num caso de rara incorporação: a do vocabulário. — Um dia, o cacique da aldeia Sapucaí me ligou. “A gente não está querendo chamar computador de “computador”. Sugeri a eles que criassem uma palavra em guarani. E criaram aiú irú rive, “caixa pra acumular a língua”. Nós, brancos, usamos mouse, windows e outros termos, que eles começaram a adaptar para o idioma deles, como angojhá (rato) e oventã (janela) — conta Rodrigo Baggio, diretor do CDI. Disponível em: http://www.revistalingua.uol.com.br. Acesso em: 22 jul. 2010. O uso das novas tecnologias de informação e comunicação fez surgir uma série de novos termos que foram acolhidos na sociedade brasileira em sua forma original, como: mouse, windows, download, site, homepage, entre outros. O texto trata da adaptação de termos da informática à língua indígena como uma reação da tribo Sapucaí, o que revela a) a possibilidade que o índio Potty vislumbrou em relação à comunicação que a web pode trazer a seu povo e à facilidade no envio de documentos e na conversação em tempo real. b) o uso da internet para preparação e envio de documentos, bem como a contribuição para as atividades relacionadas aos trabalhos da cultura indígena. c) a preservação da identidade, demonstrada pela conservação do idioma, mesmo com a utilização de novas tecnologias características da cultura de outros grupos sociais. d) adesão ao projeto do Comitê para Democratização da Informática (CDI), que, em parceria com a ONG Rede Povos da Floresta, possibilitou o acesso à web, mesmo em ambiente inóspito. e) a apropriação da nova tecnologia de forma gradual, evidente quando os guaranis incorporaram a novidade tecnológica ao seu estilo de vida com a possibilidade de acesso à internet. 13. (ENEM) Entrevista Almir Suruí Não temos o direito de ficar isolados Soa contraditório, mas a mesma modernidade que quase dizimou os suruís nos tempos do primeiro contato promete salvar a cultura e preservar o território desse povo. Em 2007, o líder Almir Suruí, de 37 anos, fechou uma parceria inédita com o Google e levou a tecnologia às tribos. Os índios passaram a valorizar a história dos anciãos. E a resguardar, em vídeos e fotos on-line, as tradições da aldeia. Ainda se valeram de smartphones e GPS para delimitar suas terras e identificar os desmatamentos ilegais. Em 2011, Almir Suruí foi eleito pela revista americana Fast Company um dos 100 líderes mais criativos do mundo dos negócios. EPOCA - Quando o senhor percebeu que a internet poderia ser urna aliada do povo suruí? Almir Suruí - Meu povo acredita no diálogo. Para nós, é uma ferramenta muito importante. Sem a tecnologia, não teríamos como dialogar suficientemente para propor e discutir os direitos e territórios de nosso povo. Nós, povos indígenas, não temos mais o direito de ficar isolados. Ao usar a tecnologia, valorizamos a floresta e criamos um novo modelo de desenvolvimento. Se a gente usasse a tecnologia de qualquer jeito, seria um risco. Mas hoje temos a pretensão de usar a ferramenta para valorizar nosso povo, buscar nossa autonomia e ajudar na implementação das políticas públicas a favor do meio ambiente e das pessoas. RIBEIRO, A. Época, 20 fev. 2012. (fragmento) As tecnologias da comunicação e informação podem ser consideradas como artefatos culturais. No fragmento de entrevista, Almir Suruí argumenta com base no pressuposto de que a) as tecnologias da informação presentes nas aldeias revelam-se contraditórias com a memória coletiva baseada na oralidade. b) as tradições culturais e os modos de transmiti-Ias não são afetados pelas tecnologias da informação. c) as tecnologias da informação inviabilizam o desenvolvimento sustentável nas aldeias. d) as tecnologias da informação trazem novas possibilidades para a preservação de uma cultura. e) as tecnologias da informação permitem que os povos indígenas se mantenham isolados em suas comunidades. 14. (ENEM) O bit na galáxia de Gutenberg Neste século, a escrita divide terreno com diversos meios de comunicação. Essa questão nos faz pensar na necessidade da “imbricação, na coexistência e interpretação recíproca dos diversos circuitos de produção e difusão do saber...”. É necessário relativizar nossa postura frente às modernas tecnologias, principalmente à informática. Ela é um campo novidativo, sem dúvida, mas suas bases estão nos modelos informativos anteriores, inclusive, na tradição oral e na capacidade natural de simular mentalmente os acontecimentos do mundo e antecipar as consequências de nossos atos. A impressão é a matriz que deflagrou todo esse processo comunicacional eletrônico. Enfatizo, assim, o parentesco que há entre o computador e os outros meios de comunicação, principalmente a escrita, uma visão da informática como um “desdobramento daquilo que a produção literária impressa e, anteriormente, a tradição oral já traziam consigo”. NEITZEL. L. C. Disponível em: www.geocities.com. Acesso em: 1 ago. 2012 (adaptado). Ao tecer considerações sobre as tecnologias da contemporaneidade e os meios de comunicação do passado, esse texto concebe que a escrita contribui para uma evolução das novas tecnologias por PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR6 INTERPRETAÇÃO 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO a) se desenvolver paralelamente nos meios tradicionais de comunicação e informação. b) cumprir função essencial na contemporaneidade por meio das impressões em papel. c) realizar transição relevante da tradição oral para o progresso das sociedades humanas. d) oferecer melhoria sistemática do padrão de vida e do desenvolvimento social humano. e) fornecer base essencialpara o progresso das tecnologias de comunicação e informação. 15. (ENEM) Blog é concebido como um espaço onde o blogueiro é livre para expressar e discutir o que quiser na atividade da sua escrita, com a escolha de imagens e sons que compõem o todo do texto veiculado pela internet, por meio dos posts. Assim, essa ferramenta deixa de ter como única função a exposição de vida e/ou rotina de alguém — como em um diário pessoal —, função para qual serviu inicialmente e que o popularizou, permitindo também que seja um espaço para a discussão de ideias, trocas e divulgação de informações. A produção dos blogs requer uma relação de troca, que acaba unindo pessoas em torno de um ponto de interesse comum. A força dos blogs está em possibilitar que qualquer pessoa, sem nenhum conhecimento técnico, publique suas ideias e opiniões na web e que milhões de outras pessoas publiquem comentários sobre o que foi escrito, criando um grande debate aberto a todos. LOPES, B. O. A linguagem dos blogs e as redes sociais. Disponível em: www.fateczl.edu.br. Acesso em: 29 abr. 2013 (adaptado). De acordo com o texto, o blog ultrapassou sua função inicial e vem se destacando como a) estratégia para estimular relações de amizade. b) espaço para exposição de opiniões e circulação de ideias. c) gênero discursivo substituto dos tradicionais diários pessoais. d) ferramenta para aperfeiçoamento da comunicação virtual escrita. e) recurso para incentivar a ajuda mútua e a divulgação da rotina diária. 16. (ENEM) Embora particularidades na produção mediada pela tecnologia aproximem a escrita da oralidade, isso não significa que as pessoas estejam escrevendo errado. Muitos buscam, tão somente, adaptar o uso da linguagem ao suporte utilizado: “O contexto é que define o registro de língua. Se existe um limite de espaço, naturalmente, o sujeito irá usar mais abreviaturas, como faria no papel”, afirma um professor do Departamento de Linguagem e Tecnologia do Cefet-MG. Da mesma forma, é preciso considerar a capacidade do destinatário de interpretar corretamente a mensagem emitida. No entendimento do pesquisador, a escola, às vezes, insiste em ensinar um registro utilizado apenas em contextos específicos, o que acaba por desestimular o aluno, que não vê sentido em empregar tal modelo em outras situações. Independentemente dos aparatos tecnológicos da atualidade, o emprego social da língua revela-se muito mais significativo do que seu uso escolar, conforme ressalta a diretora de Divulgação Científica da UFMG: “A dinâmica da língua oral é sempre presente. Não falamos ou escrevemos da mesma forma que nossos avós”. Some-se a isso o fato de os jovens se revelarem os principais usuários das novas tecnologias, por meio das quais conseguem se comunicar com facilidade. A professora ressalta, porém, que as pessoas precisam ter discernimento quanto às distintas situações, a fim de dominar outros códigos. SILVA JR., M. G.; FONSECA. V. Revista Minas Faz Ciência, n. 51, set.-nov. 2012 (adaptado). Na esteira do desenvolvimento das tecnologias de informação e de comunicação, usos particulares da escrita foram surgindo. Diante dessa nova realidade, segundo o texto, cabe à escola levar o aluno a a) interagir por meio da linguagem formal no contexto digital. b) buscar alternativas para estabelecer melhores contatos on- line. c) adotar o uso de uma mesma norma nos diferentes suportes tecnológicos. d) desenvolver habilidades para compreender os textos postados na web. e) perceber as especificidades das linguagens em diferentes ambientes digitais. 17. (ENEM) Bons dias! 14 de junho de 1889 Ó doce, ó longa, ó inexprimível melancolia dos jornais velhos! Conhece-se um homem diante de um deles. Pessoa que não sentir alguma coisa ao ler folhas de meio século, bem pode crer que não terá nunca uma das mais profundas sensações da vida, – igual ou quase igual à que dá a vista das ruínas de uma civilização. Não é a saudade piegas, mas a recomposição do extinto, a revivescência do passado. ASSIS. M. Bons dias! (Crônicas 1885-1839). Campinas Editora da Unicamp, São Paulo: Hucitec, 1590. O jornal impresso é parte integrante do que hoje se compreende por tecnologias de informação e comunicação. Nesse texto, o jornal é reconhecido como a) objeto de devoção pessoal. b) elemento de afirmação da cultura. c) instrumento de reconstrução da memória. d) ferramenta de investigação do ser humano. e) veículo de produção de fatos da realidade. 18. (ENEM) Textos e hipertextos: procurando o equilíbrio Há um medo por parte dos pais e de alguns professores de as crianças desaprenderem quando navegam, medo de elas viciarem, de obterem informação não confiável, de elas se isolarem do mundo real, como se o computador fosse um agente do mal, um vilão. Esse medo é reforçado pela mídia, que costuma apresentar o computador como um agente negativo na aprendizagem e na socialização dos usuários. Nós sabemos que ninguém corre o risco de desaprender quando navega, seja em ambientes digitais ou em materiais impressos, mas é preciso ver o que se está aprendendo e algumas vezes interferir nesse processo a fim de otimizar ou orientar a aprendizagem, mostrando aos usuários outros temas, outros caminhos, outras possibilidades diferentes daquelas que eles encontraram sozinhos ou daquelas que eles costumam usar. É preciso, algumas vezes, negociar o uso para que ele não seja exclusivo, uma vez que há outros meios de comunicação, outros meios de informação e alternativas de lazer. É uma questão de equilibrar e não de culpar. COSCARELLI. C. V. Linguagem em (Dis)curso. n. 3. set.-dez. 2009. A autora incentiva o uso da internet pelos estudantes, ponderando sobre a necessidade de orientação a esse uso, pois essa tecnologia a) está repleta de informações contáveis que constituem fonte única para a aprendizagem dos alunos. b) exige dos pais e professores que proíbam seu uso abusivo para evitar que se torne um vício. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO 7 INTERPRETAÇÃO c) tende a se tornar um agente negativo na aprendizagem e na socialização de crianças e jovens. d) possibilita maior ampliação do conhecimento de mundo quando a aprendizagem é direcionada. e) e) leva ao isolamento do mundo real e ao uso exclusivo do computador se a navegação for desmedida. 19. (ENEM) A ascensão das novas tecnologias de comunicação causou alvoroço, quando não gerou discursos apocalípticos acerca da finitude dos objetos nos quais se ancorava a cultura letrada. As atenções voltaram-se, sobretudo, para o mais difundido de todos esses objetos: o livro impresso. A crer nesses diagnósticos sombrios, os livros e a noção romântica de autoria estavam fadados ao desaparecimento. O triunfo do hipertexto e a difusão dos e-books inscreveriam um marco na linha do tempo, semelhante aos daqueles suscitados pelo advento da escrita e da “revolução do impresso”. Decerto porque as mudanças no padrão tecnológico de comunicação alteram práticas e representações culturais. Contudo, os investigadores insistem que uma perspectiva evolutiva e progressiva acaba por obscurecer o fato de que as normas, as funções e os usos da cultura letrada não são compartilhados de maneira igual, como também não anulam as formas precedentes. Apesar dos avanços, a história da leitura não pode restringir seu interesse ao livro, tendo de considerar outras formas de impresso de ampla circulação e suportes de textos não impressos. Isso é particularmente relevante no Brasil, onde a imprensa aportou tardiamente e o letramento custou a se espalhar pela sociedade. SCHAPOCHNIK, N. Cultura letrada: objetos e práticas – uma introdução. In: ABREU, M.; SCHAPOCHNIK, N. (Org.). Cultura letrada no Brasil: objetos e práticas. Campinas: Mercado das Letras, 2005 (adaptado). Nesse texto, ao abordar o desenvolvimento da cultura letrada no país, o autor defende a ideia de que a) livros eletrônicos revolucionam açõesde letramento. b) veículos midiáticos interferem na formação de leitores. c) tecnologias de leitura novas desconsideram as anteriores. d) aparatos tecnológicos prejudicam hábitos culturais. e) práticas distintas constroem a história da leitura. 20. (ENEM) Interfaces Um dos mais importantes componentes do hipertexto é a sua interface. As interfaces permitem a visualização do conteúdo, determinam o tipo de interação que se estabelece entre as pessoas e a informação, direcionando sua escolha e o acesso ao conteúdo. O hipertexto retoma e transforma antigas interfaces da escrita (a noção de interface não deve ser limitada às técnicas de comunicação contemporânea). Constitui-se, na verdade, em uma poderosa rede de interfaces que se conectam a partir de princípios básicos e que permitem uma “interação amigável”. As particularidades do hipertexto virtual, como sua dinamicidade e seus aspectos multimidiáticos, devem- se ao seu suporte ótico, magnético, digital e à sua interface amigável. A influência do hipertexto é tanta, que as representações de tipo cartográfico ganham cada vez mais importância nas tecnologias intelectuais de suporte informático. Esta influência também é devida ao fato de a memória humana, segundo estudos da psicologia cognitiva, compreender e reter melhor as informações organizadas, especialmente em diagramas e em mapas conceituais manipuláveis. Por isso, imagina-se que o hipertexto deva favorecer o domínio mais rápido e fácil das informações, em contraponto a um audiovisual tradicional, por exemplo. Disponível em: vsites.unb.br. Acesso em: 1 ago 2012. O texto informa como as interfaces são reaproveitadas pelo hipertexto virtual, influenciando as tecnologias de informação e comunicação. De acordo com o texto, qual é a finalidade do uso do hipertexto quanto à absorção e manipulação das informações? a) Mesclar antigas interfaces com mecanismos virtuais. b) Auxiliar os estudos de psicologia cognitiva com base nos hipertextos. c) Amparar a pesquisa de mapas e diagramas relacionados à cartografia. d) Salientar a importância das tecnologias de informação e comunicação. e) Ajudar na apreensão das informações de modo mais eficaz e facilitado. 05. APROFUNDAMENTO EXERCÍCIOS DE 01. (UFU) TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Quando perguntaram a John von Neumann, um dos primeiros a desenvolver programas para computadores ainda na década de 1950 e inventor da teoria dos jogos, quantos computadores achava que haveria nos Estados Unidos no futuro, o brilhante matemático respondeu "dezoito". Von Neumann acreditava que computadores custariam mais caro na medida em que ficassem mais poderosos. (Só para constar, seu gigantesco cérebro eletrônico ocupava um enorme salão em Princeton e tinha memória de 4 kilobytes.) Para ele, apenas algumas organizações governamentais e privadas teriam recursos e necessidade de ter essas máquinas, que seriam usadas para cálculos extremamente complexos, como táticas de defesa global e meteorologia. O que Von Neumann não previu foi o que o físico e escritor Freeman Dyson chama de "domesticação" do computador, o fato de que computadores não só cresceriam em potência, mas diminuiriam de preço, a ponto de hoje fazerem parte da vida de centenas de milhões de pessoas, dos três aos 90 anos de idade. A plasticidade dos computadores se deve ao sucesso do que chamamos de interface, a maneira como homem e máquina se comunicam. Quanto mais acessível a máquina, mais desejável e, portanto, mais comercial, ela é. E, quanto mais comercial a máquina maior a demanda e menor o preço. Ademais, tecnologias evoluem de forma irreversível: seria impensável hoje um mundo sem TV, rádio ou internet. Os computadores estão aqui para ficar. Nenhum veículo na história da humanidade trouxe voz para tantos. A internet é o instrumento democrático mais poderoso que existe. As pessoas trocam ideias (boas e más, mal e bem intencionadas) como nunca trocaram antes, rapidamente, eficazmente. Esse novo mundo dá vazão à criatividade, seja ela artística ou técnica. A digitalização da cultura permite que qualquer um vire artista, manipule imagens, áudio, pesquise textos, crie galerias de arte virtuais e salões de discussão. A domesticação do computador mudou o mundo irreversivelmente. Qual será o produto a ser domesticado no século 21? Muitos dizem, e eu concordo, que a ciência que mais crescerá será a biologia. 1Embora a tendência das ciências seja caminhar para uma interdisciplinaridade crescente, serão as questões da biologia, a origem da vida, a manipulação de genes de animais, pessoas e vegetais, o estudo da mente pela neuropsicologia, que provocarão as revoluções deste século. Dentre as novas tecnologias, a que mais tem causado estardalhaço é sem dúvida o sequenciamento do genoma humano e outros. As consequências são enormes, tanto em termos de promessas de uma nova medicina quanto em relação a questões éticas. O que fazer com alimentos transgênicos, com a clonagem de animais e de humanos, com o uso das células-tronco? PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR8 INTERPRETAÇÃO 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO Em uma palestra recente, Dyson sugere que a tecnologia a ser domesticada será o sequenciamento de DNA. Da mesma forma como os computadores ficaram acessíveis, a capacidade de manipular genes também ficará. Adolescentes poderão inventar seus animais de estimação, híbridos de sapo e beija-flor. Adultos poderão desenhar sua prole. Dyson, muito espertamente, deixa a questão ética e da regulamentação de lado. Mas o que sugere leva à reflexão. Se somos controlados pelas forças de mercado, quanto tempo demorará para que a comercialização da genética seja feita? E como ficará determinado quem poderá brincar com esse brinquedo perigoso? Marcelo Gleiser, Folha de S. Paulo, 11 de junho de 2006. Sobre as ideias de Von Neumann e de Freeman Dyson a respeito da expansão e uso do computador, a) explique em que sentido essas ideias se distanciam. b) construa um parágrafo, posicionando-se a respeito das ideias de um e de outro pesquisador. 02. (UFTM) E dizem que rola um texto na internet com minha assinatura baixando o pau no “Big Brother Brasil”. Não fui eu que escrevi. Não poderia escrever nada sobre o “Big Brother Brasil”, a favor ou contra, porque sou um dos três ou quatro brasileiros que nunca o acompanharam. O pouco que vi do programa, de passagem, zapeando entre canais, só me deixou perplexo: o que, afinal, atraía tanto as pessoas – além do voyeurismo* natural da espécie – numa jaula de gente em exibição? Também me dizem que, além de textos meus que nunca escrevi, agora frequento a internet com um Twitter. Aviso: não tenho tuiter, não recebo tuiter, não sei o que é tuiter. E desautorizo qualquer frase de tuiter atribuída a mim a não ser que ela seja absolutamente genial. Brincadeira, mas já fui obrigado a aceitar a autoria de mais de um texto apócrifo (e agradecer o elogio) para não causar desgosto, ou até revolta. Como a daquela senhora que reagiu com indignação quando eu inventei de dizer que um texto que ela lera não era meu: — É sim. — Não, eu acho que... — É sim senhor! Concordei que era, para não apanhar. O curioso, e o assustador, é que, em textos de outros com sua assinatura e em tuiters falsos, você passa a ter uma vida paralela dentro das fronteiras infinitas da internet. É outro você, um fantasma eletrônico com opiniões próprias, muitas vezes antagônicas, sobre o qual você não tem nenhum controle, — Olha, adorei o que você escreveu sobre o “Big Brother”. É isso aí! — Não fui eu que... — Foi sim! (Luiz Fernando Veríssimo, http://oglobo.globo.com, 30.01.2011. Adaptado.) * voyeurismo: forma de curiosidade mórbida com relação ao que é privativo, privado ou íntimo. a) Pode-se afirmar que essa crônica foi escrita com uma finalidade específica. Que finalidade é essa? b) O que o autor quer dizer com a expressão outro você, no trecho – É outro você, um fantasma eletrônico comopiniões próprias, muitas vezes antagônicas, sobre o qual você não tem nenhum controle – e no título do texto? 03. (UNICAMP) A sobrevivência dos meios de comunicação tradicionais demanda foco absoluto na qualidade de seu conteúdo. A internet é um fenômeno de desintermediação. E que futuro aguardam os meios de comunicação, assim como os partidos políticos e os sindicatos, num mundo desintermediado? Só nos resta uma saída: produzir informação de alta qualidade técnica e ética. Ou fazemos jornalismo de verdade, fiel à verdade dos fatos, verdadeiramente fiscalizador dos poderes públicos e com excelência na prestação de serviços, ou seremos descartados por um consumidor cada vez mais fascinado pelo aparente autocontrole da informação na plataforma virtual. (Carlos Alberto di Franco, Democracia demanda jornalismo independente. O Estado de São Paulo, São Paulo, 14/10/2013, p. A2.) a) “Desintermediação” é um termo técnico do campo da comunicação. Ele se refere ao fato de que os meios de comunicação tradicionais não mais detêm o monopólio da produção e distribuição de mensagens. Considerando esse “mundo desintermediado”, identifique duas críticas ao jornalismo atual formuladas pelo autor. b) Os processos de formação de palavras envolvidos no vocábulo “desintermediação” não ocorrem simultaneamente. Tendo isso em mente, descreva como ocorre a formação da palavra “desintermediação”. 04. (UNICAMP) Leia o excerto abaixo, adaptado do ensaio “Para que servem as humanidades?”, de Leyla Perrone-Moisés. As humanidades servem para pensar a finalidade e a qualidade da existência humana, para além do simples alongamento de sua duração ou do bem-estar baseado no consumo. Servem para estudar os problemas de nosso país e do mundo, para humanizar a globalização. Tendo por objeto e objetivo o homem, a capacidade que este tem de entender, de imaginar e de criar, esses estudos servem à vida tanto quanto a pesquisa sobre o genoma. Num mundo informatizado, servem para preservar, de forma articulada, o saber acumulado por nossa cultura e por outras, estilhaçado no imediatismo da mídia e das redes. Em tempos de informação excessiva e superficial, servem para produzir conhecimento; para “agregar valor”, como se diz no jargão mercadológico. Os cursos de humanidades são um espaço de pensamento livre, de busca desinteressada do saber, de cultivo de valores, sem os quais a própria ideia de universidade perde sentido. Por isso merecem o apoio firme das autoridades universitárias e da sociedade, que eles estudam e à qual servem. Adaptado de Leyla Perrone-Moisés, Para que servem as humanidades? Folha de São Paulo, São Paulo, 30 jun. 2002, Caderno Mais!. a) As expressões “agregar valor” e “cultivo de valores”, embora aparentemente próximas pelo uso da mesma palavra, produzem efeitos de sentido distintos. Explique-os. b) Na última oração do texto, são utilizados dois elementos coesivos: “eles” e “à qual”. Aponte a que se refere, respectivamente, cada um desses elementos. PRÉ-VESTIBULAR PROENEM.COM.BR 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO 9 INTERPRETAÇÃO 05. (UFU) O anúncio publicitário, produzido por uma revista para divulgar seus blogs, dialoga com outro texto. Considerando essa informação, c) indique que texto é esse e explique o processo de intertextualidade que se estabelece entre ele e o anúncio publicitário. d) explique de que maneira a linguagem não verbal do anúncio publicitário contribui com o diálogo estabelecido entre os dois textos. GABARITO EXERCÍCIOS PROPOSTOS 01. A 02. B 03. E 04. E 05. B 06. C 07. A 08. E 09. E 10. B 11. A 12. C 13. D 14. E 15. B 16. E 17. C 18. D 19. E 20. E EXERCÍCIOS DE APROFUNDAMENTO 01. a) Von Neumann acreditava que computadores custariam mais caro na medida em que ficassem mais poderosos, enquanto Freeman Dyson afirmou que os computadores não só cresceriam em potência, mas diminuiriam de preço e fariam parte da vida de uma grande quantidade de pessoas. b) Resposta Pessoal. 02. a) O autor pretende esclarecer que nem sempre a internet é recurso confiável para saber a verdade dos fatos, pois muitas vezes reproduz afirmações e comportamentos que nunca aconteceram e atribui responsabilidade de autoria de artigos a quem nunca os produziu, como já havia acontecido com ele. b) A expressão “outro você” sugere um personagem irreal, com atitudes e posicionamentos sobre os quais a verdadeira pessoa não possui nenhum controle. 03. a) O autor faz críticas implícitas ao jornalismo atual, quando diz que só resta ao jornalista que convive rotineiramente com a internet: produzir informação de alta qualidade técnica e ética, fiel à verdade dos fatos, verdadeiramente fiscalizadora dos poderes públicos e com excelência na prestação de serviços, comentário em que se subentende que na era da frugalidade virtual, nem todo jornalista produz informações com alto teor ético e de qualidade. O autor alerta que para os dias atuais, a única maneira do jornalismo sobreviver à internet é primando pela fidelidade da informação e dos fatos, a fim de prestar um serviço confiável e essencial à sociedade. b) O prefixo – des tem o sentido de negação, de ação contrária. O também prefixo – inter tem o sentido de entre. O radical é – mediar. O sufixo – ção é utilizado para formar um substantivo a partir de um verbo. Sendo assim, o processo de formação é de dois prefixos + radical + sufixo, para a criação do neologismo. 04. a) A expressão “agregar valores” é usada no sentido mercadológico, conferindo aos bens materiais a importância de bens econômicos que contribuem para a qualidade de vida do ser humano. Já a expressão “cultivo de valores” está ligada a conceitos morais e éticos adquiridos em determinado contexto social e que, ao serem difundidos e aplicados por cada um, beneficiam a sociedade como um todo. b) Os pronomes “eles” e “à qual” referem-se a “cursos de humanidades” e “sociedade”, respectivamente. 05. a) O anúncio publicitário dialoga com a colocação de Lavoisier: “Na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. b) A linguagem não verbal aponta para duas teclas do computador unidas, representando um atalho para o recurso de copiar dados. Ambas, unidas, são alvo de crítica, representada pelo pejorativo arremesso de objetos. ANOTAÇÕES PRÉ-VESTIBULARPROENEM.COM.BR10 INTERPRETAÇÃO 24 TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E DA COMUNICAÇÃO ANOTAÇÕES
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