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UNIVERSIDADE DE UBERABA VANESSA DE MATTOS DUARTE DE OLIVEIRA PROCESSO DO ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Anchieta – ES 2022 VANESSA DE MATTOS DUARTE DE OLIVEIRA PROCESSO DO ENSINO E APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO INFANTIL Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Universidade Uberaba como requisito para obtenção do título de Especialista em Educação. ANCHIETA – ES 2022 RESUMO A pesquisa em estudo tem como objetivo abordar, de uma forma bem sucinta o tema “Processo de Evolução no Ensino-Aprendizagem na Educação Infantil: Desenho, Leitura e Escrita”. Numa época de grandes mudanças na educação, buscando respostas nas palavras de diversos autores que ao longo de toda a trajetória do desenvolvimento de evolução da criança, vem acompanhando, investigando e refletindo sobre o papel do alfabetizador, os desafios enfrentados e a relevância de compreender e saber lidar com o processo de ensino-aprendizagem. O fortalecimento de novas concepções no processo de ensino-aprendizagem na fase do desenvolvimento infantil destaca a pré-escola como um ambiente que deve permitir a criança o seu desenvolvimento global, físico, social, intelectual e emocional, cabendo no currículo de educação pré-escolar, trabalhar além da recreação e socialização, o desenvolvimento cognitivo da criança no sentido de prepará-la para a aprendizagem da leitura e escrita e de outros conhecimentos no uso de suas práticas sociais, por isso, a importância da alfabetização na educação infantil. Palavras-chave: Criança, concepções de Ensino, Alfabetização, Socialização SUMÁRIO 1.INTRODUÇÃO..........................................................................................................5 2.DESENVOLVIMENTO..............................................................................................6 2.1 Desenho infantil: processo de ensino aprendizagem......................................6 2.2 As perspectivas do desenho infantil, segundo Wallon, Vygotsky e Piaget......8 2.3 Nascimento da linguagem plástica: A passagem ao ato de rabiscar..............11 2.4 Desenvolvimento Cognitivo e representação gráfica: Relações possíveis entre os dois processos...........................................................................................12 2.5 O papel do profissional da escola infantil.........................................................13 2.6 A importância do desenho infantil no desenvolvimento humano...................15 3.ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL........................17 3.1 Alfabetização: Consciência crítica na construção da leitura e da escrita......17 3.2 Objetivos específicos de letramento e alfabetização.......................................19 3.3 Integrando Alfabetização e Letramento............................................................20 4. CONCEPÇÕES DE LEITURA E ESCRITA............................................................22 4.1.Leitura: Aprendizagem e estratégias................................................................22 4.2. Desenvolvimento da linguagem escrita...........................................................24 4.3. Ambientes e recursos para a construção da leitura e escrita.........................28 4.4 O papel do professor alfabetizador...................................................................30 4.5 Relação escola e família.....................................................................................31 5.CONCLUSÃO.........................................................................................................33 6.REFERÊNCIAS.......................................................................................................34 5 1-INTRODUÇÃO Por compreender que, o processo de ensino e aprendizagem na alfabetização e de suma importância para a formação das crianças, o presente trabalho tem como objetivo abordar estes pontos para que os professores compreendam as etapas e desenvolvimentos da linguagem humana e uma forma de linguagem. Para uma melhor abordagem do assunto foi estabelecido como objetivo geral, analisar o processo de alfabetização na educação infantil, pois a leitura começa a se fazer quando a criança está manipulando e explorando os objetos, descobrindo seus atributos. Em relação ao aprendizado da leitura e escrita, concepções semelhantes àquelas relativas ao trabalho com a linguagem oral vigoram na educação infantil, pois para ler e escrever, a criança precisa construir um conhecimento de natureza conceitual, é preciso compreender que não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. Como objetivos específicos, delineamos os seguintes: conhecer a evolução do desenho infantil no processo de ensino-aprendizagem destacando a passagem das possíveis relações da representação gráfica ao desenvolvimento cognitivo; Definir a alfabetização e letramento como consciência crítica na construção da leitura e da escrita. Perceber a relação do ambiente alfabetizador com a leitura e a escrita; destacar a importância do papel do professor alfabetizador; elencar os principais níveis de evolução da escrita e descrever como e por que avaliar na pré-escola. Quanto aos aspectos metodológicos, utilizamos referências bibliográficas, tomando como fundamentação teórica o RCNEI, Greig, PCNs, Piaget, Fátima, Vygotsky, Wallon, Rioux, Cagliari, Batista, Magda Soares, Teberosky, Ferreiro, Maria Fernandes, Moll, D’ antola e Sposito. O trabalho está organizado em quatro capítulos. O primeiro capítulo apresenta a introdução. No segundo capitulo tratamos a evolução do desenho infantil no processo de ensino aprendizagem. No terceiro capitulo abordamos a importância da alfabetização e do letramento na educação infantil. O quarto capitulo destaca o processo de evolução das concepções de leitura e escrita. O tema proposto “Processo de Evolução no Ensino-Aprendizagem na Educação Infantil: Desenho, Leitura e Escrita”, nos leva a entender e compreender o processo de alfabetização e letramento, como educadores e seus espaços de atuação são de grande importância não apenas para quem assume uma classe de alfabetização, mas para todos que fazem parte do 6 processo educacional. A situação relevante a este tema foi devido a nos depararmos com educadores que pensam que a alfabetização só acontece oficialmente a partir do primeiro ano do ensino fundamental, porém na sociedade letrada, as crianças desde os primeiros meses estão em permanente contato com a linguagem escrita indicando sua reflexão sobre a função e o significado ao perceberem que ela representa algo. Nesse sentido, cada um exerce um papel fundamental dentro do contexto educacional, especialmente aqueles que estão ligados diretamente ao processo de ensino-aprendizagem. 2.DESENVOLVIMENTO 2.1 Desenho infantil: processo de ensino aprendizagem Desde início da história da humanidade o desenho sempre esteve presente em praticamente todas as formações culturais. O homem que desenhou um bisão numa caverna pré-histórica teve que aprender de algum modo, seu ofício. E, da mesma maneira, ensinou para alguém o que aprendeu. Assim, o ensino e a aprendizagem do desenho fazem parte, de acordo com normas e valores estabelecidos em cada ambiente cultural do conhecimento que envolve a produção artística em todos os tempos. O conhecimento da criança acerca do desenho gráfico, ou seja, através das oportunidades que ela tem de vivenciar esta forma de representação. Depois de passar por um período inicial de livre experimentação, a criança inventa configurações para satisfazer a determinadas generalizações visuais que percebe nos objetos que a rodeiam. Esta conquista só é possível depoisde demorada experimentação e a partir de certo nível de desenvolvimento cognitivo. O conhecimento resulta de sua interpretação de mundo e de sua interação com o desenho. As principais mudanças verificadas nos desenhos são uma decorrência da ampliação de sua capacidade perceptiva e das representações simbólicas progressivamente mais complexas que ela vai construindo. Estas transformações na percepção visual e na estruturação cognitiva são fundamentais para que a criança reconheça as configurações desenhadas no papel como substituídas de outros objetos da realidade, estabelecendo a diferenciação entre significante e significado, que é uma característica mental essencialmente humana. 7 Quando observamos uma criança muito pequena rabiscando ou “desenhando”, notamos facilmente que os traços não são nada mais que a fixação no papel de seus movimentos das mãos, dos braços, e, às vezes, até do corpo todo. Os primeiros desenhos ou rabiscos infantis podem ser vistos mais como gestos que imprime marcas em uma superfície do que propriamente como desenhos. O desenvolvimento posterior do desenho não é puramente mecânico nem tem explicação em si mesmo: é preciso que, num dado momento, a criança descubra que os traços feitos por ela podem significar algo. Descoberta de um universo, quando o traçado no papel recebe um nome-desenho infantil A criança, ao nomear o seu desenho depois que o fez, relaciona os traços que produziu (que podem ou não se assemelhar a algo real) a um objeto concreto (no caso, um fusca). E, pelo ato de nomear, seu desenho torna-se significativa. A fala tem, assim, um papel fundamental na descoberta que a criança faz de que seus rabiscos podem significar algo, segundo Vygotsky. É importante lembrar que, antes que a criança nomeie seu desenho, ele é nomeado pelos adultos que a rodeiam (habitualmente perguntam à criança o que ela desenhou, ou dizem coisas como “Olha, você fez um menininho!”). A nomeação, feita inicialmente depois de pronto o desenho, passa gradativamente a acompanhar o ato de desenhar. É muito comum observarmos crianças que começam a fazer traços no papel e vão, durante o ato de desenhar, nomeando o que estão fazendo. A decisão quanto ao que desenhar, não é tomada antecipadamente, mas no decorrer do próprio desenho elas falam e nomeiam o que estão fazendo. Depois, a nomeação começa a se dar no início do processo de desenhar. A criança diz “Vou desenhar uma flor” ou “Vou fazer uma casa”, antes de começar a desenhar. Essa mudança relativa ao momento da nomeação no desenho demonstra que os primeiros traçados da criança ainda não representam simbolicamente, em si mesmos, os objetos reais. È apenas pelo ato de nomeação, pela utilização da linguagem falada que os desenhos ganham algum significado. Tanto é assim que muitas vezes o significado passa a ser outro no decorrer do ato de desenhar. A criança pode explicar que está fazendo um gato e, antes mesmo de completar o desenho, dizer “Isto é uma bruxa”. Por isso, Vygotsky afirma que a “representação simbólica primária deve ser atribuída à fala” e considera que o próprio desenho torna-se 8 simbólico pela utilização da linguagem oral. O desenho transforma-se efetivamente em representação simbólica quando a nomeação passa a se dar no início do ato de desenhar e a criança torna-se capaz de decidir antecipadamente o que vai desenhar. 2.2 As perspectivas do desenho infantil, segundo Wallon, Vygotsky e Piaget Henri Wallon (1879 – 1962), médico francês, desenvolveu vários estudos na área de neurologia, enfatizando a plasticidade do cérebro. Wallon propôs o estudo integrado do desenvolvimento infantil, contemplando os aspectos da afetividade, da motricidade e da inteligência. Para ele, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Neste sentido, os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura contribuem efetivamente para formar o contexto de desenvolvimento. Em sua teoria o autor propôs o estudo integrado do desenvolvimento infantil, contemplando os aspectos da afetividade, da motricidade e da inteligência. Para ele, o desenvolvimento da inteligência depende das experiências oferecidas pelo meio do grau de apropriação que o sujeito faz delas. Neste sentido, os aspectos físicos do espaço, as pessoas próximas, a linguagem, bem como os conhecimentos presentes na cultura contribuem efetivamente para formar o contexto de desenvolvimento. Wallon assinala que o desenvolvimento se dá de forma descontínua, sendo marcado por rupturas e retrocessos. A cada estágio de desenvolvimento infantil há uma reformulação e não simplesmente uma adição ou reorganização dos estágios anteriores, ocorre também um tipo particular de interação entre sujeito e o ambiente: • Estágio impulsivo – emocional (1º ano de vida): nesta fase predominam nas crianças as relações emocionais com o ambiente. Trata-se de uma fase de construção do sujeito, em que a atividade cognitiva se acha indiferenciada da atividade afetiva. • Estágio sensório – motor (um a três anos, aproximadamente): ocorre neste período uma intensa exploração do mundo físico, em que predominam as relações cognitivas com o meio. A criança desenvolve a inteligência prática e a capacidade de simbolizar. No final do segundo ano, a fala e a conduta 9 representativa (função simbólica) confirmam uma nova relação com o real, que emancipará a inteligência do quadro perceptivo mais imediato. • Personalismo (três aos seis anos, aproximadamente): nesta fase ocorre a construção da consciência de si, através das interações sociais, dirigindo o interesse da criança para as pessoas, predominando assim as relações afetivas. • Estágio categorial (seis anos): A criança dirige seu interesse para o conhecimento e a conquista do mundo exterior, em função do progresso intelectual que conseguiu conquistar até então. Desta forma, ela imprime as suas relações com o meio dando uma maior visibilidade do aspecto cognitivo. Segundo a perspectiva de Lev Smenovich Vygotsky (1896-1934), o funcionamento psicológico estrutura-se a partir das relações sociais estabelecidas entre o indivíduo e o mundo exterior. Tais relações ocorrem dentro de um contexto histórico-social, no qual a cultura desempenha um papel fundamental, fornecendo ao indivíduo os sistemas simbólicos de representação da realidade. Isto permite construir certa ordem e uma interpretação do mundo real. Desta forma, o desenvolvimento psicológico não pode ser visto como um processo abstrato, descontextualizado ou universal. Vygotsky afirma que a relação dos indivíduos com o mundo não é direta, mas medida por sistemas simbólicos, por exemplo, o desenho, pois este possibilita o intercâmbio entre os indivíduos. E observa também, que a criança apresenta em seu processo de desenvolvimento um nível que chamou de real (etapas já alcançadas pela criança, isto é, as coisas que ela já consegue fazer sozinha, sem a ajuda das outras pessoas) e o outro potencial (capacidade de desempenhar tarefas com a ajuda de outros). Segundo OLIVEIRA (1993, p.61) Como se sabe, para Vygotsky existem três momentos importantes da aprendizagem da criança: a zona de desenvolvimento potencial, que é tudo que a criança não domina, mas que se espera que ela seja capaz de realizar; a zona de desenvolvimento real, que é tudo que a criança já é capaz de realizar sozinho, a zona de desenvolvimento proximal, que é tudo que a criança somente realiza com o apoio de outras pessoas. É na zona de desenvolvimento proximal que á interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Isso por que os conhecimentos já consolidados não necessitam de interferência externa. 10Na perspectiva de Piaget a imitação pode ocorrer quando o objeto ou acontecimento não estiver presente. Quando uma criança passou do período sensório-motor e atingiu os primórdios do período operatório, torna-se capaz de formar símbolos. A formação de símbolos significa imitação, na falta de um modelo. Se a criança imita um copo que não está presente, simboliza o copo e, para tanto, utiliza-se de uma imitação. O material que a criança usa na simbolização vem dos aspectos operativos das coisas com que lidou. Assim, a criança que tenha experimentado certo copo de determinado tamanho deve imitar aquele aspecto. Em outras palavras, na imitação, a criança imita o aspecto figurativo de certo objeto. De maneira bastante generalizada, em toda formação de símbolos, em todo símbolo exterior ou interior, há o aspecto figurativo que fornece a via do símbolo. Na terminologia de Piaget, a imitação é o segundo instrumento do conhecimento figurativo. E, se essa imitação se tornar interiorizada, temos o terceiro instrumento do conhecimento figurativo, que é a imagem mental. Há, portanto, três processos que entram no conhecimento figurativo: primeiramente, a percepção, e dentro da percepção a acomodação a certo componente figurativo, de onde provém o conhecimento figurativo. Em segundo lugar, na falta do modelo, há imitação exterior, sob forma de elaboração de símbolos, que assume sua matéria ou meio a partir do componente figurativo, em terceiro lugar, se o símbolo interioriza, temos o que sentimos como imagem mental, que pode ser imagem visual, sinestésica ou sonora. Essas são as três fontes, ou instrumentos do conhecimento figurativo. O critério do saber operatório, segundo Piaget, decorre da retroalimentação (feedback) das atividades da própria criança, tal como a atividade de ordenar coisas e mudar sua posição, e de abstrair disso o princípio regulador da comutatividade. Piaget também admite na evolução do desenho infantil os estágios identificados por Luquet. Ele considera que até os 8 - 9 anos o desenho da criança “é essencialmente na intenção, [...] o sujeito começa desenhando o que sabe de um personagem ou de um objeto, muito antes de exprimir graficamente o que nele vê”. Assim como Vygotsky, Piaget considera que o desenho constitui uma espécie de conceptualização, antes de se tornar cópia do real. Piaget vê a evolução do desenho como concomitante ao desenvolvimento do pensamento e, principalmente, 11 à evolução do conhecimento sobre o espaço. Isso porque o desenho envolve sempre a representação de relações espaciais, relações de vizinhança, de envolvimento ou de limites, de perspectiva ou de profundidade, todos implicam uma forma de organizar o espaço gráfico. Em uma análise Piagetiana do desenho infantil o processo de desenvolvimento da criança possui quatro estágios. O primeiro começa com o estágio sensório- motor de 0 a 2 anos aproximadamente, no qual a inteligência da criança é essencialmente prática e as ações de reflexos predominam, a relação com o meio ambiente se dá pela ação e experimentação direta. O segundo estágio chamado pré- operatório de 2 a 7 anos, predomina o egocentrismo, a leitura da realidade é parcial e incompleta e sua percepção abstrata começa a ser aguçada a medida que aumenta sua capacidade de simular, imaginar situações, figuras e pessoas semelhantes. O terceiro estágio chamado de Operações concretas, de 07 a 12 anos aproximadamente, é o período em que a lógica começa a desenvolver-se e a criança já consegue organizar e sistematizar situações e relacionar aspectos diferentes da realidade. O Quarto e último estágio é o das operações formais e pensamento hipotético-dedutivo, predomina a lógica formal, a criança já pode realizar abstrações sem necessitar de representações concretas. As questões acima tratadas podem ser consideradas como uma base lógica a partir da qual Piaget construiu sua teoria de desenvolvimento da cognição e da aprendizagem. 2.3 Nascimento da linguagem plástica: A passagem ao ato de rabiscar Da criança ocupada com seus rabiscos, vemos inicialmente apenas o gesto oscilante do braço. O movimento de vaivém e o movimento circular constitui os dois rabiscos de base. Para compreender esse impulso gráfico primordial, é preciso situá- lo em seu devido lugar dentro do conjunto de interações precoces da criança. Essa passagem de gesto ao traçado se faz primeiramente sem nenhum controle visual. Enquanto o olho não segue a mão, o procedimento gráfico não tem início verdadeiramente. A criança que arrasta um bastão deixa no caminho o rastro de sua passagem. Ela também deixa sua marca, bem diferente, quando sapateia no lugar, de raiva ou de cólera. Quando sua mão apodera-se de uma caneta hidrográfica, o processo não é muito diferente: se o gesto é displicente, ela dá a relativa suavidade das linhas intricadas de tipo informal, sem se preocupar com sua forma, ligadas ao 12 mero fato de seguir seu curvo, ao simples acaso dos movimentos ainda mal controlados do ombro e do braço. Chega o momento em que a criança começa prestar atenção à marca que deixa. Voluntariamente, então, passa a empurrar uma cadeira nos passeios de um jardim, desenhando “uma estrada” ou “os trilhos de um trem”, e “o olho segue a mão” enquanto ela rabisca. Constata-se, depois de algum tempo, uma inflexão muito sensível. Impondo um movimento de vaivém da mão, com o choque do papel servindo de ponto de reversão, o pontilhado revela seu parentesco muito próximo à varredura e aparece como o mais agressivo dos rabiscos em vaivém. São esses dois gestos cuja sistematização permite situar dois rabiscos de base. A evolução harmônica passa, portanto, pelos rabiscos de base aos 2 anos, com um relativo equilíbrio do círculo e do vaivém que, de resto, é o caso mais frequente. Quando essa evolução é rica, graças ao potencial da criança e a um clima familiar favorável, encontram-se toda a amostragem descrita na trajetória “Laure”, os rabiscos primitivos aos rabiscos compostos. Mas, quando as condições são muito menos favoráveis, não apenas se manifesta o atraso, como também a etapa de rabiscos primitivos não aparece, a de rabiscos compostos é ausente, e tudo se apaga em proveito unicamente dos rabiscos de base tardios. Quando uma criança continua fixada desse modo nos rabiscos de base até os 3 anos ou mais, sem dúvida há um certo atraso. A força ou a “pressão” do traço, o opõe a leveza das primeiras linhas informais à violência dos pontilhados ou dos traços arremessados, encontra-se em toda a evolução posterior do desenho e da escrita sempre marcada por esse caráter “declarado” ou não do grafismo. A forma mais ou menos circular ou angulada dos traçados inaugura todo o desenvolvimento de estilos, partilhados pela escolha do arabesco ou da angulação. 2.4 Desenvolvimento Cognitivo e representação gráfica: Relações possíveis entre os dois processos. Desde as primeiras tentativas da criança para perceber o mundo, tornam-se necessárias algumas referências iniciais, onde predominam o indiferenciado, o inexplicável e o indescritível, em percepções que lhe permitam a distinção e diferenciação daquilo que o cerca. A construção da realidade pela criança está apoiada em diferentes formas simbólicas, os símbolos são os meios de que dispõe 13 para fazer representar a realidade e o mundo. Considerando o desenho como um sistema de símbolos e associando outros sistemas, teremos uma diversidade de versões, ou de mundos em construção. O conhecimento da criança acerca do desenho gráfico, ou seja, através das oportunidades que ela tem de vivenciar esta forma de representação. Depois de passar por um período inicial de livre experimentação, a criança inventa configurações para satisfazer a determinadas generalizações visuais que percebe nos objetosque a rodeiam. Esta conquista só é possível depois de demorada experimentação e a partir de um certo nível de desenvolvimento cognitivo. O conhecimento resulta de sua interpretação de mundo e de sua interação com o desenho. As principais mudanças verificadas nos desenhos são uma decorrência da ampliação de sua capacidade perceptiva e das representações simbólicas progressivamente mais complexas que ela vai construindo. Estas transformações na percepção visual e na estruturação cognitiva são fundamentais para que a criança reconheça as configurações desenhadas no papel como substituídas de outros objetos da realidade, estabelecendo a diferenciação entre significante e significado, que é uma característica mental essencialmente humana. Acompanhando o processo de desenvolvimento gráfico, notamos uma crescente organização do caos inicial rumo a formas de representação mais complexas. A mão, o olho, o cérebro darão origem ao círculo que após a sua diferenciação a criança utilizará este novo recurso m sua linguagem gráfica para representar vários elementos. Os referenciais do espaço do papel permitem que ela ordene e organize os elementos gráficos. A constância no fazer é necessária para que aconteçam certas aquisições e, no caso da atividade plástica, um espaço físico adequado, estímulo e apoio emocional são imprescindíveis para que este desenvolvimento seja propiciado. Assim, esta pesquisa procurou analisar as relações existentes entre as etapas do desenvolvimento cognitivo, segundo o referencial da Epistemologia Genética. Os desenhos realizados pelas crianças apresentam diferenças significativas entre elas e no que se refere às etapas de desenvolvimento gráfico correspondente à Pré-esquemática e outras na etapa Esquemática. Em relação ao desenvolvimento cognitivo evoluiu e se caracterizou pela diminuição do número de crianças do período pré-operatório e pelo aumento de criança em desequilíbrio ou em fase de transição. Com relação ao desenvolvimento gráfico houve uma evolução significativa 14 representada pela diminuição do número de crianças que estavam nas fases Pré- Esquemática e Esquemática. Analisando os dados gráficos, pode-se constatar que a maioria dos sujeitos apresentava um nível de desenvolvimento cognitivo correspondente ao período pré-operatório, sendo que destes, a maioria estava na etapa gráfica correspondente às garatujas. No paralelo realizado entre as características das etapas de desenvolvimento cognitivo e do grafismo, pode-se constatar que existem pontos em comum entre os dois processos. A reconstrução dos conhecimentos adquiridos é um processo verificado no desenvolvimento cognitivo e da expressão gráfico-plástica. No período pré-operatório, a função simbólica possibilita a diferenciação de significantes e significados, e é justamente essa capacidade que permitirá que a criança estabeleça relações de significados nos traçados que realiza em seus desenhos. No final da etapa das garatujas, o pensamento da criança passa de sinestésico (prazer pelo prazer de riscar) para imaginativo (conceitos começam a ser associados às garatujas, dando- lhes significados). É o momento em que se inicia uma nova etapa em busca da representação gráfica figurativa. Existem contrastes entre o desenvolvimento cognitivo e o desenvolvimento do grafismo. No paralelo entre os dois processos, constata-se que as crianças que estavam em determinado nível de desenvolvimento gráfico nem sempre apresentavam o mesmo grau de desenvolvimento cognitivo. E também que crianças num mesmo estágio de desenvolvimento cognitivo poderiam apresentar diferentes níveis de desenvolvimento gráfico. 2.5 O papel do profissional da escola infantil O papel do profissional diante do desenvolvimento infantil é desenvolver na criança a capacidades em que ela possa fortalecer sua autoestima, através de experiências que lhes forneça em criar uma imagem positiva de si mesma, estando sempre a disposição, estimulando e apoiando sempre no que for preciso. Contudo, o professor deve escolher os modos e recursos didáticos adequados para apresentar as informações, observando sempre a necessidade de introduzir formas artísticas, porque ensinar arte é um caminho muito eficaz para aprendizagem. Para tanto, o professor deve ficar atento ao uso do desenho na educação, pois os conteúdos da arte não podem ser banalizados, mas devem ser ensinados por meio de situações 15 e/ou propostas que alcancem os modos de aprender do aluno e garantam a participação do aluno no processo de aprendizagem. 2.6 A importância do desenho infantil no desenvolvimento humano Desenhar é uma necessidade humana, nasce com o instinto de representar, simbolizar uma visão de mundo. Deixar marcas pessoais é uma forma fundamental de comunicação humana, inerente ao ser humano. O desenho na escola tem uma presença constante. È visto como possibilidade de expressão, como incentivo à criatividade, ou ainda como indicador do nível de desenvolvimento cognitivo e afetivo das crianças, tendo em vista a alfabetização. O desenho é também considerado uma forma agradável de trabalhar a cooperação das crianças, sua capacidade de atenção e concentração, seus conhecimentos sobre cores, formas e a exploração das diversas possibilidades oferecidas que podem proporcionar e levar à expressão e à criatividade. O ser humano tem que aprender várias linguagens – o desenho expressivo é uma dessas formas de linguagem. A escola, para ajudá-lo nesse trajeto, deve compreender a evolução desse desenvolvimento. Quem desenha, supera os limites físicos, desde a sua limitação corporal até o limite do próprio material para dar vazão a este universo interior que existe nele, podendo-se dizer que a leitura do real passa pelo imaginário, a arte ativa todas as potencialidades do ser humano em desenvolvimento, permitindo-o imaginar outras possibilidades de ser, para que possa, por fim, escolher-se. Trabalhar com atividades que desbloqueiam o imaginário significa fazer explodir as estruturas fixas e estereotipadas que transformam o universo cotidiano, que criam um passado, um presente, um futuro e uma dinâmica criativa irreversível. “Partindo do postulado de que as crianças se expressam através da pintura, diz- se que a mão é o segundo cérebro das crianças”, através das mãos as crianças expressam traços de sua personalidade, usando-as como instrumento que dá forma concreta e material ao mundo interno da criança. “A liberdade de ação é importante para desenvolver a capacidade da criança de criar”. O desenho infantil já é aceito como substituto da linguagem, tudo que a criança não sabe falar ou expressar, ela o faz por meio de brincadeiras ou do desenho, por isso a personalidade da criança pode 16 e é analisada através dele. É necessário à escola possibilitar a criação de alunos com mentes sadias, para ajudá-los a superar as frustrações inevitáveis dentro do inconsciente. Há uma partilha de experiências sobre a atividade do desenho que envolve o que a criança já sabe fazer e os conhecimentos e as concepções da professora e de outras crianças. É nesse jogo que o desenho vai emergindo, trazendo em si as marcas da participação do outro. A criança não desenha sozinha. Seu desenho não é desvinculado do momento e do espaço em que é produzido. Ao contrário, constitui-se sempre a partir de modelos e da participação do outro. Numa sala de pré-escola, a professora trabalha com as crianças em um estudo de arte durante vários dias. Ela apresenta às crianças produções gráficas típicas de diferentes países, como motivos chineses, russos, indianos, egípcios. Apresentam, ainda, reproduções de obras de artistas como Van Gogh, Goya e Picasso, além de outras representativas da pintura renascentista e abstrata. As crianças podem ver conversar, perguntar...A professora informa, explica, direciona a atenção das crianças para determinadas características dessas produções. Novos horizontes são abertos: amplia-se o conhecimento que já se têm, possibilidades interessantes são descobertas. As crianças desenham e em seus desenhos exploram as novas descobertas. Reproduções de motivos egípcios, indianos, russos e chineses aparecem com grande riqueza de detalhes: obras famosas também são reproduzidas pelas tintas, pelos lápis, pelas mãos, pelas cores, como você pode verificar na página ao lado. (Situação reconstituída a partir do relato de experiências da professora Cristina Rufino Jales, da EMEI Agostinho Pátaro, Barão Geraldo. Campinas, que gentilmente compartilhou conosco o material dela resultante.) Os inúmeros modos de lidar com o desenho infantil na escola refletem as diversas concepções que fundamentam trabalho pedagógico cotidiano. Não oferecer modelos, não intervir, deixar que a criança desenhe sozinha. Direcionar a produção da criança, valorizando um único modelo e procurando ensiná-la a “desenhar corretamente”. Distribuir folhas mimeografadas para colorir ou cobrir o pontilhado, determinando as cores que devem ser utilizadas. Essas são algumas práticas relativas ao desenho presente no cotidiano escolar. Quando a escola incentiva a criança a desenhar livremente, a construir sozinho seu próprio trabalho, com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento livre do desenho, da criatividade e da expressão, ainda assim os modelos e o outro estão presentes. Para poder criar e se expressar, por meio do desenho, a criança se 17 apropria das experiências do seu ambiente, servindo-se de modelos e do auxílio de outras pessoas. A experiência que ela tem é que lhe proporciona os meios para se expressar de modo criativo. A preocupação com a correspondência do desenho à realidade revela não só a valorização de determinado padrão estético, mas também o empenho da escola em desenvolver na criança habilidades de observação, concentração, discriminação visual, orientação espacial e coordenação motora. Também as folhas mimeografadas são utilizadas com essa finalidade, considerado requisito para a aquisição da escrita. Quando observamos uma criança desenhando, desde as suas primeiras garatujas até as composições mais definidas, desde suas primeiras experiências de marcar o papel com os próprios movimentos até produções com formas bem determinadas, descobrimos uma grande evolução de suas capacidades de concentração, orientação espacial, coordenação motora, etc. Nesse mesmo processo, o caráter simbólico do desenho também vai se constituindo, com base na linguagem. O simbolismo é a dimensão fundamental do desenho e se vincula mais estreitamente à elaboração da escrita e ao desenvolvimento da conceituação. A escrita, sendo também essencialmente uma atividade simbólica, apresenta uma estreita ligação com outras formas de simbolização, como o desenho e a brincadeira. A relação de continuidade que há na pré-escola entre o desenho e a escrita, na escola fundamental transforma-se em substituição do desenho pela escrita. O espaço para o desenho diminui e não há preocupação em trabalhá-lo. A criança desenha do jeito que sabe e aquilo que já sabe. As possibilidades de transformação, de evolução da atividade do desenho, via regra, são mínimas deixadas a si próprias, gradativamente as crianças vão parando de desenhar. 3.ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL 3.1 Alfabetização: Consciência crítica na construção da leitura e da escrita Atualmente, os estudos na área da alfabetização tem apresentado saídas para o dilema posto pela discussão restrita de apropriação do código linguístico. Pensar a alfabetização escolar somente como um processo de apropriação do código, é esvaziar a sua essência, distanciando do seu significado. Além disso, é necessário lembrar que a escrita é um sistema caracterizado pelos seus usos sociais, o que garante a sua funcionalidade. Tão importante quanto reconhecer letras, silabas, 18 palavras é saber usar a escrita, é compreender o que se lê. E mais... O mundo mudou, as exigências mudaram, as crianças são mais participativas e começam a interagir com a leitura e a escrita ainda precoce. E ainda, os meios de comunicação tem tornado o universo da leitura e da escrita cada vez mais próximo de todos nós, sobretudo na sociedade letrada em que vivemos. Considerando as mudanças no campo da alfabetização, esta tem sido um desafio para a educação escolar brasileira e há décadas as queixas de fracasso de estudantes são assinaladas, sobretudo nas escolar públicas. Mesmo que a pesquisa nesse campo tenha ganhado destaque, encontramos em Cagliari (2005), argumentos que ressaltam o desconhecimento dos alfabetizadores quanto a aspecto fundamentais da fala, da escrita e da leitura. Apenas o domínio técnico da linguística não é procedimento que garante a competência para alfabetização. CAGLIARI (2005, p.31) afirma que: [...] Apesar de todas as interferências recentes no processo de alfabetização, a pratica escolar mais comum em nossas escolas ainda se apoia na cartilha tradicional (a cada ano com nova roupa e maquiagem). Quando o professor diz que não adota a cartilha, continua usando o método da cartilha fazendo ele próprio o que antes vinha nos livros didáticos. Contudo, há cada vez mais um número crescente de professores que estão conduzindo um processo de alfabetização diferente do método da cartilha, procurando equilibrar o processo de ensino com o de aprendizagem, apostando na capacidade de todos os alunos para aprender a ler e a escrever no primeiro ano escolar e desejando que essa habilidade se desenvolva nas séries seguintes, até chegar ao amadurecimento esperado pela escola O ato de ler e escrever são meio de expressão e registro do saber produzido pelo homem que, sendo um ser histórico, está sempre ampliando, inovando e recriando seus conhecimentos. Assim, o educador que atua no campo da alfabetização precisa ter clareza de que necessita apropriar – se de conhecimentos no que diz respeito à especificidade de seu trabalho para que tenha compreensão das razões de suas ações e perceba que quando é preciso mudar, de forma consciente, sua prática pedagógica. Isso requer a inclusão de vários fatores para a condução da alfabetização indo além da técnica (método), o alfabetizador precisa estar ciente de 19 como o ser humano conhece e de quem é o sujeito aprendiz, na suas diferentes dimensões: afetiva, biológica, motora. Além disso, ele deve ser capaz de conceber o educando em interação com a sua realidade social, sem esquecer-se da busca da linguística, da psicogênese da leitura e escrita e, ainda, das aquisições culturais que cada aluno(a) traz consigo de seu meio social. Alfabetização é um processo formativo da pessoa humana. Faz – se necessário proporcionar a ela condições de posicionamento em um mundo letrado. Sendo o ato da escrita uma produção cultural com qualidades especiais de posse desse conhecimento, os indivíduos podem acessar variadas e complexas formas de conhecimento, uma vez que sendo a escrita o objetivo da leitura, como afirma Cagliari(2005), será lendo o “mundo” e reescrevendo-o, que uma pessoa alfabetizada se tornará consciente e crítica. 3.2 Objetivos específicos de letramento e alfabetização Segundo Maria Fernandes (2001), os objetivos são: • Ler e escrever com competência; • Ampliar as possibilidades de comunicação e expressão, por meio de variados gêneros orais e escritos e sua participação no uso social e cotidiano, ouvindo pessoas, elaborando e respondendo as perguntas; • Conhecer a escrita por meio do manuseio de livros, revistas e outros portadores de textos e da vivencia de diversas situações de uso da linguagem; • Executar textos lidos, apreciar a leitura feita pelosoutros, escreverem palavras e textos coerentes e coesos, reconhecer o nome, enfim, usar o conhecimento linguístico para viver o cotidiano de sua comunidade. Já Magda Soares (2009) caracteriza os objetivos como: • Compreender em que é lido e escrever de forma que os outros compreendam o que se escreve; • Conhecer diferentes gêneros e diferentes portadores de textos e fazer uso deles para ler e escrever; 20 • Participar adequadamente dos eventos de várias naturezas de que fazem parte a leitura ou a escrita; • Construir familiaridade com o mundo da escrita e adquirir competências básicas de uso da leitura e da escrita; • Desenvolver atitudes positivas em relação a importância e ao valor da escrita na vida social e individual. 3.3 Integrando Alfabetização e Letramento Entende-se alfabetização como o processo especifico e indispensável de apropriação do sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilita ao aluno ler e escrever com autonomia. Já o letramento entende-se como o processo de inserção e participação na cultura escrita. Trata-se de um processo que tem início quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita. Esta proposta considera que a alfabetização e letramento são processos diferentes, cada um com suas esfericidades, mas complementares e inseparáveis, ambos indispensáveis. Assim não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar, trata-se de alfabetizar letrando. Também não se trata de pensar os dois processos como sequenciais, isto é, vindo um depois do outro, como se o letramento fosse uma espécie de preparação para a alfabetização, ou então, como se a alfabetização fosse condição indispensável para o início do processo de letramento. O desafio que se coloca para os primeiros anos do ensino fundamental é o de conciliar esses dois processos, assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético-ortográfico e condições possibilitadas do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita. Assim, entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento. Alfabetização: como e por que avaliar? A avaliação escolar é estabelecida de acordo com as habilidades e competências que a criança precisa atingir em cada período, habilidades estas elaboradas com base no Referencial Curricular Nacional de Educação Infantil e a 21 Resolução (CEE/ES) n° 1286/2006. Considerando seu desenvolvimento intelectual, social, e afetivo, buscando atingir a maturidade dessa criança que é uma questão muito séria e que tem raízes político-pedagógicas profundas no sistema educacional, inserido no sistema social determinado. O fenômeno avaliativo não é neutro ele ocorre no cotidiano da sala de aula orientado por uma determinada concepção de homem e sociedade de cultura e educação. A avaliação é de caráter essencialmente orientador levando-se em conta o desenvolvimento da criança e possibilitando ao professor acompanhar o seu processo sem a preocupação de notas para a promoção mesmo para o acesso ao Ensino Fundamental. Avaliação é processual e auxilia no processo de aprendizagem da segurança e da autoestima das crianças. Esse trabalho só é possível mediante o acompanhamento individualizado e contínuo que o professor dedica a cada criança, levando em consideração os processos vivenciados pela criança. Assim, a avaliação insere-se na perspectiva da construção do saber, da possibilidade de aprender e da indicação de caminhos para a ação do professor, aluno e família. O processo de avaliação implica na aceitação do educando com suas possibilidades de realização sem a preocupação de enquadrá-los em modelos rígido pré estabelecidos, portanto a avaliação na educação infantil é feita através de fichas avaliativas onde é registrado todo o desenvolvimento do aluno, tendo em vista os aspectos cognitivos, social e afetivo. Dessa forma a Resolução CEE/ES n° 1286/2006 afirma que: Art. 119 Na Educação Infantil, a avaliação deve assumir um caráter essencialmente orientador, levando – se em conta o desenvolvimento da criança nos aspectos sócio afetivo, cognitivo e psicomotor, possibilitando o professor acompanhar o seu processo sem a preocupação de notas para a promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental; Art. 120 Na Educação Infantil a avaliação da aprendizagem deve ser entendida como um instrumento de diagnóstico do desenvolvimento do educando e da tomada de decisões de verificação de qualidade do trabalho docente e suas relações com a família das crianças. 22 Parágrafo Único. A avaliação na Educação Infantil deve ser processual e auxiliar no processo de aprendizagem e no fortalecimento da segurança e da autoestima das crianças. A observação é o principal instrumento para que o professor possa avaliar o processo de construção da criança. O professor no decorrer do processo de avaliação deve relatar o avanço diário da evolução do saber, fazendo também uma coletânea de atividades pedagógicas que foram trabalhadas, a fim de diagnosticar a aprendizagem de seus alunos e trabalhando as dificuldades dos mesmos. Vale ressaltar que: A avaliação mediadora exige a observação individual de cada aluno, atenta ao seu momento no processo de construção de conhecimento. O que exige uma relação direta com ele a partir de muitas tarefas (orais ou escritas). Interpretando- as (um respeito a tal subjetividade), refletindo e investigando teoricamente para soluções apresentadas, em termos de estágios evolutivos do pensamento. (HOFFMANN, 1993, p.75). 4. CONCEPÇÕES DE LEITURA E ESCRITA 4.1.Leitura: Aprendizagem e estratégias A leitura é parte integrante da vida diária. Por este motivo a sua aquisição deve ser direcionada para seus usos e funções sociais, dominar a leitura é ter acesso aos bens culturais é fortalecer o processo de construção do saber alcançando níveis mais elevados de pensamento e consciência crítica. Além disso, segundo Fernandes (2001), “a leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a partir do que está buscando nele, do conhecimento que já possui a respeito do assunto, do autor e do que sabe sobre a língua”. E acrescenta, o processo de leitura depende de várias condições: • Habilidade e estilo pessoal do leitor; • Objetivo da leitura; • Nível de conhecimento prévio do assunto tratado; 23 • Nível de complexidade oferecida pelo texto. O conhecimento prévio é necessário à leitura, mas não é o único. É fundamental também o conhecimento acerca da linguagem (tipo de texto) e da própria leitura, saber sobre a organização e as características do texto, saber para que sirvam os títulos e ter consciência de que não necessitamos conhecer o significado de todas as palavras do texto para compreender uma mensagem escrita. As hipóteses sobre escrita são construções que sucessivamente vão se aproximando da escrita convencional, a criança elabora hipóteses sobre o que se pode ler. Hipóteses de leitura são as concepções e ideias que o aprendiz tem em relação à compreensão do código linguístico. As hipóteses, de leitura indicam que as ideias sobre o que se pode ler evoluem de acordo com as oportunidades de contato com a escrita. Por isso há necessidade de se promover variadas situações de leitura e de escrita, favorecendo a compreensão da correspondência entre o enunciado oral e segmentos gráficos. O ato de ler ativa uma série de ações no pensamento do leitor que passam despercebidas pela consciência. Elas ocorrem ao mesmo tempo e são usadas durante a apropriação do contexto do texto. São: • Antecipação– são hipóteses que tornam possível prever o que ainda está por vir, com base nas informações explícitas e suposições. • Seleção – ações que permitem que o leitor se atenha apenas ao que é útil para a compreensão, desprezando os itens irrelevantes. • Inferência – permite captar o que não está dito no texto de forma explicita. • Verificação – torna possível confirmar ou não as expectativas levantadas, controlando a eficácia das demais estratégias. Há uma relação entre usar as estratégias e interpretar o texto. Usa-se uma estratégia por que se está entendendo o texto e entende – se o texto por que se aplica uma estratégia. Tanto para ler como para escrever, o aluno buscará e colocará em jogo tudo o que sabe sobre a língua. Para realizar a leitura eficiente, necessitará: • Formular perguntas enquanto lê; • Selecionar índices relevantes à compreensão; • Complementar informações, suprindo os elementos ausentes; • Antecipar fatos; 24 • Criticar o conteúdo; • Estabelecer outras relações com outros conhecimentos; • Atribuir intenções ao autor Não é todo texto que permite o uso dessas estratégias, na fase de aprendizagem da leitura. 4.2. Desenvolvimento da linguagem escrita Emília Ferreiro aponta que o desenvolvimento da língua escrita se dá através da evolução em níveis. Cada nível apresenta características e dificuldades que são próprias a eles. A criança pode passar pelos níveis em velocidades diferentes, ás vezes temos até a impressão que ela “queimou” etapas, mas isso ocorre por que a evolução ocorre de forma variada de uma criança para outra e na mesma criança, de um nível para o outro. Em um ambiente alfabetizador, as crianças estão sempre em contato com o mundo da escrita: revistas, cartazes, jornais, nomes de ruas, placas, etc. Sendo assim, este contato faz com que ela descubra a funcionalidade que a escrita nos reserva, levando-a a uma reflexão curiosa sobre o significado da escrita e suas funções. Sabe - se que para aprender a ler e a escrever, ela terá de lidar com dois processos paralelos: as características do sistema de escrita e uso funcional da linguagem. Um aprendiz elabora esses conhecimentos, passando por diferentes hipóteses provisórias até se apropriar de toda a complexidade do sistema. Essas hipóteses dependem do grau de letramento do ambiente social e das vivencias sociais de leitura e de escrita que pode ser presenciado numa comunidade. 4.3. Características dos níveis da escrita, segundo ferreiro Segundo Emília Ferreiro, podemos considerar que a criança evolui graficamente assim como evoluiu a humanidade. As formas gráficas encontradas em cavernas muito se assemelham aos desenhos infantis. Inicialmente observamos que as crianças se expressam por garatujas que não tem significados nem para nós e nem para elas, mas com as experiências adquiridas por elas graficamente, começam a dar sentido aos seus rabiscos e isso é muito interessante já que o mesmo rabisco pode ter significados variados, conforme a sua vontade. Aos poucos a criança vai 25 estruturando melhor sua expressão gráfica, nomeia seus desenhos e reconhece neles formas, semelhanças que marcam a evolução desta fase. Com os desenhos já mais estruturados, desenha por prazer e também para expressar sentimentos, pensamentos que ainda não podem ser expressos através da escrita. Nesta fase quanto mais se puder estimular a criança a falar sobre seus desenhos tanto melhor para ela e para o professor que poderá se aproximar mais da imaginação e da personalidade de seus alunos. Já num período onde a criança consegue estabelecer relações de realidade com seus desenhos, observamos que o que falta é um aperfeiçoamento e mesmo que a criança já tenha encontrado o caminho gráfico para os desenhos, esta nunca pode ser desestimulada a melhorar cada vez mais. Abordamos o desenvolvimento do grafismo que se direciona para o desenho, mas não podemos nos esquecer que a escrita tem esta mesma origem. No esquema que segue podemos observar como se origina a escrita no desenvolvimento infantil. • Fase da Garatuja De acordo com Ferreiro, é evidente que as crianças passam por essas fases em períodos variados, mas em idades aproximadas, quando observamos a divisão da garatuja nominada ou identificada, verificamos que ali se subdivide o grafismo e as crianças, mesmo sem saber ao certo o que estão reproduzindo, ou melhor, reinventando podem distinguir a diferença entre o que é desenho e o que é escrita. Podemos afirmar que houve uma revolução, uma mudança radical na forma de conceber a alfabetização. Os indicadores passam a apontar uma falha na maneira de ensinar e a perceber como a criança se apropria cognitivamente da língua escrita. Foi assim que as pesquisas de Ferreiro e Teberosky (1976, 1979, 1986,) contribuíram com o processo de alfabetização. Segundo Moll (2005, p.10): Ferreiro e Teberosky (1986) descobriram que a escrita não acontece na vida do sujeito através de um estalo fantástico, mas pela construção de estruturas cognitivas, ou seja, pela construção de níveis de 26 conceitualização que possui regras próprias ou hipóteses próprias para seu “funcionamento” (Construção que denominaram de Psicogênese da escrita). A teoria de Emília Ferreiro baseada nos estudos de Jean Piaget, que colaborou enormemente para a compreensão do pensamento infantil pode nos esclarecer acerca deste mundo e nos ajuda a direcionar melhor nossas atividades de acordo com o desenvolvimento natural do aprendiz. Vejamos então como Emília Ferreiro dividiu os níveis de sua psicogênese da língua escrita (gênese-evolução/desenvolvimento): • Pré Silábico Desde muito pequenas, as crianças usam lápis e papel para imprimir marcas, imitando a escrita dos mais velhos. Nesta fase, a criança já conhece letras e as representam graficamente, mas ainda não tem a sonorização. Usa letras quaisquer. Em seguida, começa a registrar os símbolos, pseudoletras, misturadas com letras e números. Já demonstra linearidade e utiliza o que conhece do meio ambiente para escrever (bolinhas, riscos, pedaços de letras). Nesse momento há um questionamento sobre os sinais escritos. Ela pergunta muito aos adultos sobre as representações que vê em sua comunidade. Depois, começa a diferenciar letras de números, desenhos ou símbolos e reconhece o papel das letras na escrita. Percebe que elas servem para escrever, mas não sabem como isso ocorre. Segundo Ferreiro, as principais concepções da hipótese pré - silábica: • Falta de consciência da correspondência entre pensamento e palavra escrita. • Falta de correspondência entre grafema e fonema. Não há reconhecimento do valor sonoro, isto é, não observa a relação que existe entre o que se fala ou pensa e as letras utilizadas para isso. • Impressão de que a ordem das palavras não é importante. Podem ser quaisquer letras, em qualquer ordem, pois a escrita não é estável. A mesma palavra pode mudar de significado em um lugar diferente, por que ela corresponde ao que sujeito desejou escrever. • Impressão de que só existe a possibilidade de escrever substantivos, pois eles tem significado. Geralmente a criança não escreve verbos ou artigos. 27 • Ideia de que a leitura e a escrita só são possíveis se houver muitas letras (sempre mais de três ou quatro) e letras diferentes e variadas. • Crença de que as letras ou silabas não se repetem na mesma palavra. É comum também, a criança dizer que para escrever elefante, por exemplo, ela precisa de muitas letras, por que elefante é grande, e para escrever formiguinha ela precisa de poucas letras, por que formiguinha é pequena. • Intermediário I As características desse nível são: - Ligação difusa entre pronuncia e escrita. A criança já conhece e usa alguns valores sonoros. Ao ser solicitado a escrever elefante, por exemplo,ela escreve EXTATEUSE. Já é capaz de justificar: começa com E e termina com E. - Início de uma certa estabilidade exterior das palavras, dependendo da autoridade de alguém que especifica as letras e a sua ordem. A criança sabe, por exemplo, que a palavra Rodrigo tem dois R, mas não sabe onde colocá-los. • Silábico A criança percebe o som e representa graficamente uma letra para cada silaba. Conforme Kaufman (1994, p.20): As escritas tendem a estabelecer a uma correspondência sistemática entre a quantidade de letras e a quantidade de silabas em que se deseja escrever. As crianças que escrevem desse modo podem acrescentar a preocupação pelo aspecto quantitativo (quantas letras colocar para escrever um nome, em função da quantidade de sílabas) e ou um exigência de tipo qualitativo (que letra colocar, para cada silaba), ou seja, conferir relevância ao valor sonoro convencional das letras e utilizar, para cada silaba, alguma das que pertençam efetivamente à mesma. As características da hipótese silábica são: Aceitação de palavras com uma ou duas letras, mas ainda com uma hesitação. Algumas vezes, depois de escrever a palavra, coloca mais letras só para ficar mais bonito. 28 Possibilidade de convivência da hipótese de quantidade mínima de letras por um bom tempo. Utilização de uma letra para cada palavra ao escrever uma frase. Falta de definição das categorias linguísticas (artigos, substantivo, verbo, etc.). Maior precisão na correspondência som/letra, o que não ocorre necessariamente sempre. É frequente que numa frase algumas palavras sejam registradas com recorte silábico. O essencial da hipótese silábica é a sonorização ou a fonetização da escrita inexistentes em fases anteriores. • Silábico-Alfabético Nesta fase, há um grande conflito cognitivo, ela representa um número de silabas, mas percebe que para o som é necessário acrescentar mais letras. É o avanço para a hipótese alfabética. Segundo Kaufman (1994, p.21): As escritas características desse período são muito familiares para os professores da primeira série escolar. São produções como PTO, quando tentam escrever pato, ou MIPSA, para mariposa. As crianças que escrevem dessa maneira inquietam em especial seus professores, pois esse tipo de produção foi tradicionalmente interpretado como escritas com omissões de letra, dado que remete, inevitavelmente, a considerar que esse aluno é “disléxico”, e, por conseguinte, deve-se com a maior brevidade ser encaminhado para um consultório psicopedagógico. Muitos são os professores, segundo Kaufman que confundem os níveis de evolução com dificuldade de aprendizagem, sobretudo a dislexia que é indicativa de pessoas que não conseguem aprender a ler ou a escrever. É importante esclarecer que a dislexia é um distúrbio de aprendizagem ocasionado por questões neurológicas e de origem genética. • Alfabético Representa a grafia ao som correspondente, já se apropriou desconhecimento, através da reconstrução da leitura e da escrita. Os caminhos dessa construção são os mesmos para todas as crianças, de qualquer classe social. Aqui se estabelece uma grande dúvida dos professores alfabetizadores em relação a passar ou não exercícios para os alunos. De acordo com Kramer (1998): 29 O problema não é tanto se deve fazer o “exercício” na aprendizagem da leitura e da escrita: é preciso que eles estejam vinculados a um contexto, que sejam uma estratégia usada dentre as demais, evitando-se que as crianças apenas repitam exercícios indefinidamente sem compreender para onde estão indo, qual é o significado do que fazem, o que é ler e escrever, qual é a função da escrita. Professor alfabetizador, portanto, deve sim passar exercícios para os alunos, desde que os elabore considerando o contexto vivenciado pelas crianças, o que é relevante considerar para elas naquele momento 4.3. Ambientes e recursos para a construção da leitura e escrita Um ambiente de aprendizagem que pretende ser alfabetizador precisa, primeiramente ser significativo e motivador para os alfabetizando, precisa também ser rico em recursos estimuladores. Um espaço para que a criança possa aprender descobrindo, elaborando e construindo significados num processo no qual ela possa interagir permanentemente com diferentes textos, jogos e vivencias de brincadeiras diversas. Para Ana Teberosky (2000), o ambiente alfabetizador é aquele que: [...] Há uma cultura letrada com livros, textos digitais ou em papel, um mundo de escritos que circulam socialmente. A comunidade que usa esses a todo o momento esses escritos, que faz circular as ideias que eles contêm, é chamada alfabetizadora. Logo podemos dizer que é fundamental que o ambiente seja provocador, estimulante para que a criança queira naturalmente ter contato com ele.O professor ao fazer uso de diversos materiais promovendo a troca, interativa e cooperativa, vai despertando na criança a necessidade e o desejo de apropriar – se desses materiais estabelecendo, assim uma rede de comunicação. Um ambiente alfabetizador não pode ser compreendido apenas como a um lugar com muitos escritos expostos, mas um lugar onde se pratica a leitura e a escrita, onde se podem fazer perguntas a respeito do funcionamento, da organização, das funções e tudo mais que as crianças queiram saber sobre esse sistema. (EDUCAREDE, 2006). 30 O educador por meio de propostas pedagógicas deve estimular seus alunos a buscarem respostas para suas dúvidas e a pensarem sobre o objeto de conhecimento. É importante compreender que é também nesse ambiente de aprendizagem que ocorrerá: • As relações cooperativas entre as crianças, a revelação da afetividade; • Abertura para vivenciar situações novas que serão importantes para o desenvolvimento não só de competências relacionada à linguagem oral e escrita, mas que irão intervir nas habilidades sociais. O alfabetizador precisa ser criativo para fazer seu próprio caminho com seus alunos e com as circunstancias que a realidade escolar pode ofertar. Considerando que o alfabetizando no seu processo de construção da leitura e da escrita, necessita interagir e dialogar com o conhecimento em construção estamos apresentando como recursos auxiliares de ensino, elementos sempre presentes na vida da criança: Jogos e brincadeiras e, além desses, recursos literários que encantam e auxiliam o jogo de faz de conta na vida infantil. Assim, como afirma e questiona Lopes (1999, p. 35): Criança sempre brincou independentemente da época ou de estruturas de civilização. È uma característica universal. Portanto, se a criança brincando aprende, por que então não ensinarmos a criança da maneira que ela aprende, melhor, de uma forma prazerosa para ela e, portanto, eficiente? Buscando apoio na teoria Piagetiana, é importante lembrar que o desenvolvimento intelectual é um processo pelo qual as estruturas da inteligência se constrói progressivamente pela contínua interação entre a criança e o mundo exterior. Porém, é necessário sinalizar que o aprendiz é um ser complexo e que necessita de situações de aprendizagem diversificadas, ou seja, atividades que favoreçam o confronto de hipóteses para a elaboração do pensamento lógico. 4.4 O papel do professor alfabetizador A educação infantil são espaços onde os processos educativos são construídos de forma dinâmica, onde não existe aquele que somente conduz, mas que pode ser conduzido. É um processo permanente de troca mutua de sentimentos, experiências, 31 conhecimentos, no qual a criança é agente central e fundamental. Dessa forma ao produzir espaço de ensino-aprendizagem deve sempre estar preocupada em reproduzir momentos de prazer, de lazer de construção do lúdico, pois brincar é preciso para melhoreducar. O educador em seu trabalho com as crianças, é preciso ter como referência o grupo no qual elas estão inseridas, assim como é fundamental traduzir uma proposta curricular voltada para educação infantil, construída a partir de uma concepção de infância, das suas finalidades, dos pressupostos teóricos-metodológicos, na perspectiva histórico-social de desenvolvimento humano entre outros fatores. É muito importante o conhecimento básico da psicogênese da língua escrita, para descobrir o que os alunos sabem e o que não sabem. Esse conhecimento propicia ao professor, a montagem de instrumentos de diagnósticos. O alfabetizador poderá propor atividades de escrita para a sala toda, fazendo a observação dos alunos na realização de sua tarefa, solicitando que eles façam a leitura do que escreveram. A professora tem um papel determinante no processo de aprendizagem dos alunos, assumindo uma postura ativa e atuante nas propostas de atividade, cabendo assim organizar uma situação de aprendizagem de forma a oferecer informações adequadas. Sua função é observar a ação das crianças, acolher ou problematizar suas produções, intervir sempre que achar necessário, fazer reflexão dos alunos sobre o avanço da escrita. Em termo de desenvolvimento emocional, de como vem evoluindo seu processo de interação social, da natureza, da realidade lingüística envolvida no momento em que está acontecendo à alfabetização, mais condições terá esse professor de encaminhar, de forma agradável e produtiva o processo de aprendizagem, sem os sofrimentos habituais. (CAGLIARI, 2005, p.9). Para que o alfabetizador possa sempre melhorar a construção de sua teia de conhecimentos sobre a alfabetização, é necessário pensar nas atividades, jogos e/ou brincadeiras com que pretende organizar a sua prática. É importante fundamentar essas escolhas na teoria, para que suas propostas tragam resultados significativos para a aprendizagem de seus alunos, tendo em vista que todos esses fatores influenciarão diretamente nessa aprendizagem. 4.5 Relação escola e família 32 A instituição de Educação infantil é um espaço de vivencias, experiências, aprendizagens. Nela, as crianças se socializam, brincam e convivem com a diversidade humana. A convivência com essa diversidade é enriquecida quando os familiares acompanham as vivencias e as produções das crianças. Estando aberta a essa participação, a instituição de educação infantil aumenta possibilidade de fazer um bom trabalho, uma vez que permite a troca de conhecimento entre familiares e profissionais em relação a cada uma das crianças. Assim, família e instituição de educação infantil terão melhores elementos para apoiar as crianças nas suas vivencias, saberão mais sobre suas potencialidades, seus gostos, suas dificuldades. Isso sem dúvida, contribui para aprimorar o processo de cuidar e educar. Segundo D’Antola (1983, p.8): A participação da família nas atividades escolares tem como princípio fundamental, além de aperfeiçoar a utilização dos recursos disponíveis na comunidade, propiciarem uma educação que tenha como característica principal a troca entre a cultura veiculada pela escola e a cultura do contexto social onde a escola está inserida. D’Antola nessa citação, enfatiza a importância do envolvimento da família no processo de ensino aprendizagem do aluno, entretanto, podemos considerar imprescindível, também, o envolvimento de todos aqueles que possam gerar contribuições para essa formação, tornando-a um processo integrado à realidade em que o aluno vive e contextualizado com o meio em que ele é parte. Dessa forma todos se tornam cúmplices dos resultados obtidos e também passam a ser considerados, de certo modo, corresponsáveis pela formação do educando. Conforme Sposito (1994, p.201), A melhoria do ensino envolve, necessariamente, maior aproximação dos pais, da família e da comunidade, em relação à escola; no momento em que essa aproximação é traduzida em resultados, percebe-se que ela reforça a ideia de prestação de pequenos serviços, colaboração material e humana para unidade de ensino. Nesse sentido, é importante acrescentar o quanto ações como esta, que estamos mencionando, podem contribuir para que todos se sintam corresponsáveis pelos resultados é o envolvimento, a participação que promove o sentimento do nós, a sensação é a certeza da cumplicidade, da cor- responsabilidade diante de fatos dos comportamentos e dos acontecimentos. 33 “A família influência positivamente quando transmite afetividade, apoio e solidariedade e negativamente quando impõe normas através de leis, dos usos e dos costumes.” (PRADO – 1981) A relação do professor com o aluno supõe participação ativa de ambos as partes, envolvendo acordos e desacordos, para isto, é importante o professor respeitar e reconhecer. É necessário que os professores e os demais funcionários da escola procure se integrar com os pais de alunos, promovendo brincadeiras, reuniões para tratar não só o comportamento dos alunos, mais com vários temas, com objetivo dos pais estarem em total intimidade e interessados em conhecer os passos do seus filhos e o seu comportamento. A participação da família na escola é uma função de responsabilidade, mas torna-se hoje um desafio diante das alterações estruturais por que a família vem passando. As famílias se se esforçam na medida do possível, porém os pais estão distantes da cultura escolar de seus filhos, tornando-se complexa a integração da comunidade na escola. É necessário comprometer as famílias nesse desenvolvimento de aprendizagem de seus filhos, procurando fazer com que entendam a importância de sua colaboração para se obter alguns compromissos básico. 5.CONCLUSÃO Assim como uma pessoa só pode aprender a expressar-se oralmente se conviver com falantes, a criança desempenha porque vive em uma cultura que tem na atividade gráfica e textual uma de suas formas de expressão. O desenvolvimento do grafismo é marcado pelas interações sociais, o que equivale a afirmar a sua constituição social na escrita e no desenho. O desenvolvimento da leitura é compreendido como um conjunto de ações que transcendem a simples decodificação de letras e silabas. Sendo assim, a leitura e a escrita devem ser trabalhadas de forma 34 integrada e complementar, potenciando-se os diferentes aspectos que cada uma dessas linguagens solicita das crianças. O objetivo deste estudo pode trazer a tona uma análise de uma realidade em que a educação infantil para alguns educadores, não é uma etapa para se iniciar o processo de alfabetização, pois pensam que a alfabetização só ocorre nas séries iniciais do Ensino Fundamental, deixando de lado o compromisso de assumir uma postura de professor alfabetizador, pois os estudos realizados nesta pesquisa nos apresentaram a relevância do processo de evolução da criança desde seus primeiros anos de vida em direto contato com um ambiente alfabetizador, elaborando a construção de seu próprio conhecimento, como um processo natural de seu desenvolvimento. Entretanto, os dados levantados auxiliarão profissionais da educação a reorganizar sua postura pessoal e profissional, buscando conhecer o seu educando, ampliando seus horizontes e descobrindo que a alfabetização vai além de reproduções gráficas ou rabiscos, e a representação consciente ou inconsciente do meio social em que vive e do reflexo do seu desenvolvimento social, cognitivo e emocional, pressupondo que a criança quando se expressa, deixa um registro, um caminho, um rastro de sua passagem pela vida, uma forma particular de refletir seu crescimento e o desenvolvimento de sua capacidade de pensar, que concluem que, é fundamental entender-se alfabetização como um processo especifico e indispensável de apropriaçãodo sistema de escrita, a conquista dos princípios alfabéticos que possibilita ao aluno ler e escrever com autonomia. 35 6.REFERÊNCIAS BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais – Arte – Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. 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