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Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 1 Prof. Nidal Ahmad Prof. Arnaldo Quaresma Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 2 Queridos alunos, Cada material da Revisão Turbo foi preparado com muito carinho para que você possa absorver, de forma rápida, conteúdos de qualidade! Lembre-se: o seu sonho também é o nosso! Esperamos você durante as aulas da Revisão Turbo! Com carinho, Equipe Ceisc ♥ Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 3 . Crimes Omissivos 1.1 Crimes omissivos próprios • Tipo penal específico descrevendo a conduta omissiva. • O agente tem o dever de agir. • Não admite tentativa. Exemplo: Art. 135 do CP. Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública. 1.2 Crimes Omissivos Impróprios Não há tipo penal específico. O agente tem o dever de agir para impedir o resultado e, se deixar de agir, responde pelo resultado produzido. Art. 13, § 2º, do Código Penal. A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. Relevância da omissão § 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. Quem tem o dever jurídico de agir: • Lei • Garantidor • Quem criou o risco https://ceisc.com.br/ead/aula/717/137302/4 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 4 2.1 Iter criminis Iter criminis significa literalmente “caminho do crime”. Trata-se do caminho percorrido pelo agente para a prática da infração penal, passando pela ideação até chegar à consumação. Em síntese, iter criminis é o conjunto de fases pelas quais passa o delito. O primeiro momento do iter criminis é a cogitação. O agente idealiza, internamente, a atividade criminosa. Toda essa representação ainda se encontra no plano interno do agente, ou seja, ainda não há exteriorização de nenhum ato. É exatamente por isso que a fase da cogitação não é punível. Nos atos preparatórios, o agente passa da cogitação para a exteriorização da sua atividade criminosa, buscando, previamente ao início da execução, os elementos necessários para o desenvolvimento da conduta delituosa. É a partir dos atos preparatórios que o agente começa a materializar, ou seja, exteriorizar sua busca pela consumação da infração penal. A aquisição de uma arma, por exemplo, para a prática do homicídio constitui ato preparatório. Da mesma forma, o estudo do local do crime, buscando identificar a melhor hora e forma de ingressar no ambiente, constitui ato preparatório do crime de furto. Os atos preparatórios, via de regra, não são puníveis, nem na forma tentada, uma vez que, nos termos do art. 14, II, do CP, afigura-se necessário o início da execução do delito, com a realização da conduta nuclear descrita no tipo penal. Todavia, em casos excepcionais, o legislador descreve atos que na sua concepção seriam preparatórios como delitos autônomos, por exemplo, os crimes de associação criminosa (art. 288 do CP) e petrechos para falsificação de moedas (art. 291 do CP). Nos atos executórios, o agente passa a desenvolver conduta voltada a realizar o verbo nuclear do tipo. A partir dos atos executórios, o fato passa a ser punível, ao menos na forma tentada. Isso porque o próprio art. 14, II, do CP atrelou a tentativa ao início da execução do crime, condicionando, pois, sua punibilidade ao início da prática de atos executórios. A consumação é o momento de conclusão do delito, reunindo todos os elementos do tipo penal. O exaurimento não integra o iter criminis, que encerra com a consumação. O crime exaurido, também chamado de esgotado, é aquele no qual, após ser alcançada a consumação, continua produzindo efeitos decorrentes da conduta lesiva do agente. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 5 2.2 Tentativa (art. 14, II, do CP) Nos termos do art. 14, II, do CP, para caracterizar ao menos crime tentado, deve o agente passar pelos atos preparatórios e dar início à execução do delito, que, por razões alheias à sua vontade, não alcance a consumação. * Para todos verem: esquema 2.2.1 Algumas infrações que não admitem a tentativa a) Crimes culposos No crime culposo, o agente não deseja nem assume o risco na produção do resultado. O resultado, pois, é involuntário. Na tentativa, o agente deseja ou assume o risco na produção do resultado, que, no entanto, não ocorre por circunstâncias alheias à sua vontade. Logo, verifica- se a absoluta incompatibilidade entre o crime culposo e a tentativa. b) Crimes preterdolosos Nos crimes preterdolosos, a conduta é desenvolvida de forma dolosa, mas o resultado agravador é culposo. Assim, como no crime preterdoloso o resultado agravador não é desejado pelo agente, não há falar em tentativa, que pressupõe a não consumação do delito por circunstâncias alheias à sua vontade. c) Contravenções penais Nos termos do art. 4º do Decreto-lei no 3.688/1941, “não é punível a tentativa de contravenção”. d) Crimes omissivos próprios Os crimes omissivos próprios não admitem tentativa, porque não se afigura possível fracionar a conduta omissiva do agente. Isso porque ou o agente observa o seu dever de agir implícito no tipo penal, e o crime se consuma; ou pratica a conduta, e não há crime. Os crimes omissivos impróprios admitem tentativa. Início da execução do delito Não consumação por circunstâncias alheias à vontade Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 6 e) Crimes unissubsistentes Os crimes unissubsistentes ou de ato único não admitem tentativa, diante da impossibilidade de fracionamento dos atos de execução. Ou seja, não é possível dar início à execução do delito e não atingir a consumação por circunstâncias alheias à vontade do agente. 3. Desistência Voluntária, Arrependimento Eficaz Art. 15 do Código Penal. O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. * Para todos verem: esquema 3.1 Desistência voluntária • O sujeito inicia a execução do delito, mas interrompe os atos executórios; • Não esgota a sua potencialidade lesiva. 3.2 Arrependimento eficaz • Antes da consumação possui uma postura ativa para impedir o resultado; • Esgota a sua potencialidade lesiva. 3.3 Efeitos • Jamais o sujeito responderá por tentativa; • Responde pelos atos até então praticados; • Se não for eficaz o arrependimento, ou seja, se o resultado se produzir, o sujeito responderá pelo delito na modalidade consumada. Início da execução do delito Não consumação por vontade própria https://ceisc.com.br/ead/aula/717/137302/4 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 7 . Arrependimento posterior Art. 16 do Código Penal. Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. • Incide depois da consumação do delito; • É causa de diminuição da pena de 1/3 a 2/3. 4.1 Requisitos * Para todos verem: esquema 5. Crime Impossível Art. 17 do Código Penal. Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. * Paratodos verem: esquema Crimes praticados sem violência ou grave ameaça. Restituição da coisa ou reparação do dano que provocou. Até o recebimento da denúncia ou queixa-crime. Crime impossível Ineficácia absoluta do meio Instrumento Modo de execução Impropriedade absoluta do objeto Coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta do sujeito https://ceisc.com.br/ead/aula/717/137302/4 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 8 • Neste caso, o fato é atípico; • Se a ineficácia ou impropriedade for relativa, o sujeito vai responder pela tentativa. . Erro de Tipo Essencial e Erro De Proibição 6.1 Erro de tipo Art. 20 do Código Penal. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. • Trata-se de erro sobre o elemento constitutivo do tipo, ou seja, sobre as expressões que contam no tipo penal; • O sujeito pratica a conduta sem saber que está praticando um crime, sob uma falsa percepção da realidade. * Para todos verem: esquema Erro de tipo essencial Falsa percepção da realidade fática Praticar conduta sem saber que está comentendo crime Não sabe o que está fazendo https://ceisc.com.br/ead/aula/717/137302/4 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 9 6.1.1 Efeitos * Para todos verem: esquema 6.2 Erro de proibição Art. 21 do Código Penal. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. • Nesse caso, o erro recai sobre a ilicitude do fato; • O sujeito sabe o que está fazendo, mas falta potencial consciência de que a conduta é ilícita. * Para todos verem: esquema Erro de proibição O sujeito sabe o que faz Erro sobre a ilicitudade do fato Supõe ser permitido, quando, na verdade, era proibido Erro de tipo vencível/evitável •Casos em que uma pessoa mais cautelosa não erraria; •Exclui o dolo e responde pela culpa, se previsto em lei. Erro de tipo invencível/inevitável •Casos em que qualquer pessoa também erraria; •Exclui o dolo e a culpa e o fato é atípico. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 10 6.2.1. Efeitos * Para todos verem: esquema 7. Erro de Tipo Acidental 7.1 Erro sobre a pessoa Art. 20, § 3º, do Código Penal. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. * Para todos verem: esquema • Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Ignora-se as condições da vítima efetivamente atingida. 7.2 Erro na execução: “aberratio ictus” Art. 73 do Código Penal. Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. Evitável •Responde pelo delito; •Terá a pena reduzida de 1/6 a 1/3. Inevitável • Isento de pena; •Causa excludente de culpabilidade. Pretende atingir determinada pessoa Erro na identificação Atinge pessoa diversa Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 11 * Para todos verem: esquema • Consideram-se as condições ou qualidades da vítima pretendida. Efeitos idênticos ao do art. 20, §3º do Código Penal; • Se houver resultado duplo, ou seja, atinge a pessoa pretendida e outra pessoa, incide o concurso formal de crimes. 7.3 Resultado diverso do pretendido: “aberratio criminis” Art. 74 do Código Penal. Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. * Para todos verem: esquema • Responde pelo resultado que produziu na modalidade culposa, desde que tenha previsão legal; • Se houver resultado duplo, ou seja, atinge a pessoa pretendida e outra pessoa, incide o concurso formal de crimes. 8. Coação moral irresistível e obediência hierárquica Art. 22 do Código Penal. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem. Pretende atingir determinada pessoa Erro nos meios de execução ou acidente Atinge pessoa diversa Pretende atingir um bem jurídico Acidente ou Erro nos meios de execução Atinge bem jurídico diverso Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 12 * Para todos verem: esquema • Trata-se de causa de exclusão da culpabilidade, pela inexigibilidade de conduta diversa. • Coação física irresistível: o coator emprega força física sobre o coagido e retira a sua vontade. O fato é atípico. 9. Excludentes de Ilicitude Art. 23 do Código Penal. Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito Excesso punível Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. * Para todos verem: esquema •Figura do coator que, por meio de grave ameaça, faz com que o coagido pratique fato típico e ilícito; •Não era exigível que o coagido resistisse. Coação moral irresistível •Figura do superior hierárquico que, por meio de uma ordem não manifestamente ilegal, faz com que o subordinado pratique um fato típico e ilícito; •O subordinado será isento de pena e somente o superior hierárquico responderá pelo delito. Obediência hierárquica Fato típico Ilícito Culpável Crime Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 13 9.1 Estado de necessidade Art. 24 do Código Penal. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir- se. § 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. * Para todos verem: esquema • Comportamento animal: É considerado estado de necessidade quando o animal ataca por instinto. Quando o animal for instigado por alguém para atacar, será considerada legítima defesa. Fato típico Se salvar de situação de perigo - Ação humana - Evento da natureza - Comportamento animal Exclusão da ilicitude Art. 23 do CP Estado de necessidade Legítima defesa Estrito cumprimento de um dever legal Exercício regular de um direito Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 14 • Quem, por sua vontade, provocou a situação de perigo, não poderá alegar estado de necessidade. • A conduta tem que ser inevitável para cessar o perigo. Se existir outro modo menos lesivo de evitar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. • Critério de proporcionalidade: O bem protegido deve ser de igual ou maior valor que o bem sacrificado. • Aquele que tem o dever legal de enfrentar o perigo, não poderá alegar estado de necessidade. 9.2 Legítima defesa Art. 25 do Código Penal. Entende-se em legítimadefesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. Parágrafo único - Observados os requisitos previstos no caput deste artigo, considera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele agressão ou risco de agressão a vítima mantida refém durante a prática de crimes. * Para todos verem: esquema Critério de proporcionalidade: • Meio necessário e suficiente para fazer cessar a agressão; • Uso moderado desse meio. Novidade do Pacote Anticrime: Legítima defesa do Agente de Segurança Pública • Observados os requisitos do caput; • Crime com vítima refém. Fato típico Repelir uma injusta agressão Atual ou iminente Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 15 9.3. Estrito cumprimento de um dever legal e exercício regular de um direito * Para todos verem: esquema 10. Inimputabilidade pela Doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado Art. 26 do Código Penal. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 10.1 Critério biopsicológico • Desenvolvimento mental incompleto ou retardado • Inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito da sua conduta 10.2 Natureza jurídica da sentença • Sentença absolutória imprópria, com imposição de medida de segurança. * Para todos verem: esquema Estrito cumprimento de um dever legal • Agente público • Fato típico • Cumprimento de um dever imposto pela lei Exercício regular de um direito • Cidadão comum • Fato típico • Exercício regular de um direito Medida de segurança Internação Tratamento ambulatorial Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 16 Art. 97 do Código Penal. Se o agente for inimputável, o juiz determinará sua internação (art. 26). Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial. • O tempo de duração da medida de segurança será a pena máxima cominada ao delito, segundo se extrai da Súmula 527 STJ. 11. Embriaguez completa e acidental Art. 28, § 1º, do Código Penal. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. • Completa: em decorrência da embriaguez, o sujeito será inteiramente incapaz de compreender o caráter ilícito da conduta; • Acidental: caso fortuito ou força maior. Natureza jurídica da sentença: • Sentença absolutória própria. 12. Concurso de Pessoas Art. 29 do Código Penal. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (...) 12.1 Conceito • Duas ou mais pessoas contribuem para prática de um crime. Veja o esquema na página a seguir... Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 17 * Para todos verem: esquema Art. 31 do Código Penal. O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. 12.2 Requisitos do concurso de pessoas * Para todos verem: esquema 12.3 Punibilidade Art. 29 do Código Penal. Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Autor •Quem executa a ação descrita no verbo nuclear do tipo. Partícipe •Quem contribui de qualquer modo para a prática delituosa, sem executar a ação descrita no verbo nuclear do tipo. •Induz, instiga ou auxilia o autor. •É acessória a conduta do autor - o autor precisa, ao menos, tentar praticar o delito. Pluralidade de condutas Relevância causal das condutas Liame subjetivo (vínculo subjetivo) • Ainda que não tenha ocorrido ajuste prévio Identidade de infrações • Teoria monista - Todos respondem pelas penas cominadas ao delito Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 18 12.4 Participação de menor importância Art. 29, § 1º, do Código Penal. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço. 12.5 Cooperação dolosamente distinta Art. 29, § 2º, do Código Penal. Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave. 12.6 Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 do Código Penal. Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. 12.7 Participação • Deve ser antes ou durante a execução do delito; • Se a participação for posterior, pode responder por outro delito (ex: favorecimento real). 13. Regime inicial de cumprimento de pena (art. 33 do CP) Art. 33 do Código Penal. A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semi-aberto ou aberto. A de detenção, em regime semi-aberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado. § 1º - Considera-se: a) regime fechado a execução da pena em estabelecimento de segurança máxima ou média; b) regime semi-aberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar; c) regime aberto a execução da pena em casa de albergado ou estabelecimento adequado. § 2º - As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: a) o condenado a pena superior a 8 (oito) anos deverá começar a cumpri-la em regime fechado; b) o condenado não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semi-aberto; c) o condenado não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos, poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 19 § 3º - A determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos critérios previstos no art. 59 deste Código. § 4º O condenado por crime contra a administração pública terá a progressão de regime do cumprimento da pena condicionada à reparação do dano que causou, ou à devolução do produto do ilícito praticado, com os acréscimos legais. Nos termos do art. 33, caput, do CP, nos crimes apenados com reclusão, o juiz poderá fixar o regime inicial fechado, semiaberto ou aberto. Aos crimes apenados com detenção, o juiz poderá fixar o regime inicial semiaberto ou aberto. Logo, nos crimes apenados com detenção, não é possível ao juiz fixar o regime inicial fechado, podendo, no entanto, haver regressão para o regime fechado, no caso, por exemplo, de falta grave. O início do cumprimento da pena para os crimes apenados com reclusão dar-se-á da seguinte forma, nos termos do art. 33, § 2º, do CP: a) o condenado a pena superior a oito anos deverá começar a cumprir a pena privativa de liberdade no regime fechado; b) o primário, cuja pena seja superior a quatro anos e não exceda a oito, poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto; c) o primário, cuja pena seja igual ou inferior a quatro anos, poderá, desde o início, cumpri- la em regime aberto. Súm. 269 do STJ: É admissível a adoção do regime prisional semi-aberto aos reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis as circunstâncias judiciais. Nos crimes apenados com detenção, os critérios para a definição do regime inicial são os seguintes: a) se a pena for superior a quatro anos,o juiz fixará o regime inicial semiaberto; b) se a pena for igual ou inferior a quatro anos, o regime inicial será o aberto; c) se o condenado for reincidente, o regime inicial será o semiaberto, independentemente da quantidade da pena. Além disso, a imposição de regime inicial fechado depende de fundamentação adequada, não se revestindo a gravidade em abstrato do delito motivação idônea para a fixação do regime de cumprimento de pena mais severo do que a pena aplicada exigir. É o que se extrai das Súm. nos 718 e 719 do STF, e Súm. no 440 do STJ. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 20 14. Penas restritivas de direitos (art. 44 do CP) Art. 44 do Código Penal - As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I – aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo; II – o réu não for reincidente em crime doloso; III – a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente. § 1º (VETADO) § 2º Na condenação igual ou inferior a um ano, a substituição pode ser feita por multa ou por uma pena restritiva de direitos; se superior a um ano, a pena privativa de liberdade pode ser substituída por uma pena restritiva de direitos e multa ou por duas restritivas de direitos. § 3º Se o condenado for reincidente, o juiz poderá aplicar a substituição, desde que, em face de condenação anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime. § 4º A pena restritiva de direitos converte-se em privativa de liberdade quando ocorrer o descumprimento injustificado da restrição imposta. No cálculo da pena privativa de liberdade a executar será deduzido o tempo cumprido da pena restritiva de direitos, respeitado o saldo mínimo de trinta dias de detenção ou reclusão. § 5º Sobrevindo condenação a pena privativa de liberdade, por outro crime, o juiz da execução penal decidirá sobre a conversão, podendo deixar de aplicá-la se for possível ao condenado cumprir a pena substitutiva anterior. 14.1. Conceito São penas alternativas às privativas de liberdade, expressamente previstas em lei, com a finalidade de evitar o encarceramento de determinados criminosos, autores de infrações penais consideradas mais leves, provocando-lhes a recuperação por meio de restrições a certos direitos. Nos termos do art. 43 do CP, as penas restritivas de direitos são: a) prestação pecuniária; b) perda de bens e valores; c) prestação de serviço à comunidade ou a entidades públicas; d) interdição temporária de direitos; e) limitação de fim de semana. As penas restritivas de direitos são substitutivas, uma vez que o juiz, depois de fixar a pena privativa de liberdade, verificando a presença dos requisitos, efetua a substituição por uma ou mais penas restritivas de direitos, conforme o caso. Isso porque não há, no preceito secundário dos tipos penais incriminadores, previsão direta de pena restritiva de direitos, mas tão somente pena privativa de liberdade. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/Mensagem_Veto/1998/Mv1447-98.htm Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 21 14.2. Requisitos a) Quantidade da pena aplicada • O legislador estabeleceu como parâmetro para a concessão da pena restritiva de direitos a pena aplicada na sentença, independentemente da pena abstratamente cominada no preceito secundário do tipo penal. • Nos crimes dolosos, praticados sem violência ou grave ameaça, apenados com reclusão ou detenção, o limite estabelecido pelo legislador é de 4 (quatro) anos. • Tratando-se de concurso de crimes, deve-se levar em conta o total da pena imposta, por conta da aplicação das regras do cúmulo material ou exasperação da pena. Dessa forma, se aplicadas as regras do concurso material, concurso formal e crime continuado, e o total da pena privativa de liberdade efetivamente imposta não exceder a 4 (quatro) anos, será possível a substituição por pena alternativa. • No caso de condenação por crime culposo, a substituição será possível, independentemente da quantidade da pena imposta, não existindo tal requisito, ainda que resulte violência contra a pessoa, por exemplo, no homicídio culposo do Código Penal (art. 121, § 3º) e no homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do CTB). b) Natureza do crime cometido Em relação aos crimes dolosos, as penas restritivas de direitos são aplicáveis aos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. c) Réu não reincidente em crime doloso Nos termos do art. 44, II, do CP, para concessão do benefício, é necessário que o sujeito não seja reincidente em crime doloso. O texto não trata de qualquer reincidente. Refere-se ao não reincidente em crime “doloso”, de modo que não há impedimento à aplicação da pena alternativa quando: a) os dois delitos são culposos; b) o anterior é culposo e o posterior é doloso; c) o anterior é doloso e o posterior culposo. Ainda que o réu seja reincidente em crime doloso, o Código Penal, no seu art. 44, § 3o, prevê uma exceção. Se, em face de condenação anterior, a medida for socialmente Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 22 recomendável e a reincidência não se tenha operado em virtude da prática do mesmo crime, será possível aplicar a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. d) A culpabilidade, os antecedentes, a conduta ou a personalidade ou ainda os motivos e circunstâncias recomendarem a substituição. Conforme o art. 44, III, do CP, “a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente”. Convém notar que esses requisitos praticamente reproduzem as circunstâncias judiciais previstas no art. 59, , do CP, com exceção de duas: comportamento da vítima e consequências do crime, coincidentemente as únicas de natureza objetiva. Logo, verifica-se que o art. 44, III, do CP somente levou em conta as circunstâncias subjetivas. 14.3. Penas restritivas de direitos e violência doméstica ou familiar contra a mulher Nos termos do art. 17 da Lei no 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, “É vedada a aplicação, nos casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a substituição de pena que implique o pagamento isolado de multa”. Conforme a Súm. no 588 do STJ, a prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no ambiente doméstico impossibilita a substituição de pena privativa de liberdade por restritiva de direitos. 15. Da pena de multa Multa Art. 49 do CP. A pena de multa consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e calculada em dias-multa. Será, no mínimo, de 10 (dez) e, no máximo, de 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. § 1º - O valor do dia-multa será fixado pelo juiz não podendo ser inferior a um trigésimo do maior salário mínimo mensal vigente ao tempo do fato, nem superior a 5 (cinco) vezes esse salário. § 2º - O valor da multa será atualizado, quando da execução, pelos índices de correção monetária. Conversão da Multa e revogação Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 23 Art. 51 do CP. Transitada em julgado a sentença condenatória, a multa será executada perante o juiz da execução penal e será considerada dívida de valor, aplicáveis as normas relativas à dívida ativa da Fazenda Pública, inclusive no que concerne às causas interruptivas e suspensivas da prescrição. (Redaçãodada pela Lei nº 13.964, de 2019) § 1º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) § 2º - (Revogado pela Lei nº 9.268, de 1º.4.1996) 15.1 Conceito Trata-se de uma sanção penal, de natureza patrimonial, consistente no pagamento de determinada quantia em pecúnia, previamente fixada em lei, em favor do Fundo Penitenciário Nacional. 15.2 Critério de fixação da pena de multa Diversamente da pena privativa de liberdade, cujo sistema é o trifásico, a aplicação da pena de multa observa um sistema bifásico, comportando, pois, duas fases distintas e sucessivas. Para o cálculo da pena de multa, o Código Penal adotou o sistema do dia-multa. • , o juiz deverá estabelecer o número de dias-multa, que varia de, no mínimo, 10 (dez) dias-multa a, no máximo, 360 (trezentos e sessenta) dias-multa. É o que se extrai do art. 49 do CP. • Para chegar ao número de dias-multa, o Magistrado considera as circunstâncias judiciais do art. 59, , do CP, bem como eventuais atenuantes e agravantes, além de causas de diminuição e aumento de pena. • , o juiz deverá fixar o valor do dia-multa, não podendo ser inferior a um trigésimo do salário-mínimo mensal de referência vigente ao tempo do fato, nem superior a cinco vezes esse salário (art. 49, § 1º, do CP). • Para aferir o valor do dia-multa, o juiz deverá considerar a situação econômica do réu, podendo chegar ao triplo, se considerada insuficiente e ineficaz diante da situação financeira do réu, conforme dispõe o art. 60 do CP. 15.3 Execução da pena de multa Conforme o ordenamento jurídico vigente, a inadimplência no pagamento da multa estatal não conduz, em nenhuma hipótese, à aplicação da pena de prisão. Ninguém pode ser privado da liberdade em razão do não pagamento de uma multa estatal. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2019-2022/2019/Lei/L13964.htm#art2 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9268.htm#art3 https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9268.htm#art3 Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 24 Nos termos do art. 51 do CP, transitada em julgado a sentença condenatória, o valor da multa deve ser inscrito como dívida ativa em favor da Fazenda Pública. A multa permanece com sua natureza penal. A execução é que se procede em termos extrapenais. Em face disso, a obrigação de seu pagamento não se transmite aos herdeiros do condenado. A novidade introduzida pela Lei no 13.964/2019 diz respeito à execução da pena de multa. Nos termos da atual redação do art. 51 do CP, a legitimidade para a execução da pena de multa passa a ser do Ministério Público, sendo executada perante o juiz da execução penal. 16. Da aplicação da pena Art. 68 do Código Penal. A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Parágrafo único - No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, pode o juiz limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todavia, a causa que mais aumente ou diminua. 16.1 Introdução Da leitura do art. 68 do CP verifica-se que, em relação à pena privativa de liberdade, a legislação penal adotou o critério trifásico, segundo o qual se deve encontrar a pena-base atendendo-se ao critério do art. 59 deste Código; em seguida, serão consideradas as circunstâncias atenuantes e agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento. Em relação à pena de multa, convém repetir, o Código Penal adotou o sistema bifásico, conforme se extrai do art. 49 do CP. 16.2 Primeira fase da fixação da pena: pena-base e circunstâncias jurídicas Não há nenhum dispositivo legal norteando o juiz na fixação da pena-base, encarregando- se a doutrina e a jurisprudência de estabelecer critérios basilares para o montante da pena-base, sempre ressaltando a discricionariedade do juiz. Todavia, em que pese o grau de discricionariedade, o juiz, nessa fase, está restrito à cominação legal da pena, devendo observar o mínimo e o máximo da pena legalmente prevista. Em outras palavras, ainda que todas as circunstâncias judiciais sejam favoráveis ao réu, a pena- base não poderá ficar abaixo do mínimo legal. De outro lado, se as circunstâncias judiciais forem desfavoráveis ao réu, não será possível ao juiz fixar a pena-base além do máximo da pena Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 25 cominada ao delito. Assim, por exemplo, em relação ao crime de furto simples (art. 155, caput, do CP), o juiz somente poderá fixar a pena-base: dentro do limite de 1 (um) a 4 (quatro) anos. De todo modo, se todas as circunstâncias judiciais do art. 59 do CP forem favoráveis ao réu, a pena-base, como regra óbvia, deverá ser fixada no mínimo legal. Se alguma circunstância judicial for desfavorável ao réu, o juiz está autorizado a fixar a pena-base acima do mínimo legal. 16.3 Segunda fase da fixação da pena: circunstâncias agravantes e atenuantes Após a fixação da pena-base, adotando como parâmetro as circunstâncias judiciais, cumpre ao juiz passar para a segunda fase, fixando a pena, ainda provisória, levando em conta as circunstâncias agravantes e atenuantes. No caput do art. 61, o Código Penal emprega o advérbio “sempre”, indicando que, via de regra, as agravantes são de aplicação obrigatória. Em razão disso, o juiz não pode deixar de agravar a pena, ficando o quantum da pena a seu critério. Todavia, quando uma das circunstâncias agravantes funciona como elementar ou como circunstância qualificadora, não se aplica a agravante, a fim de evitar o bis in idem. Assim, se, por exemplo, o agente praticar homicídio por motivo fútil (art. 121, § 2o, II, do CP), não incide a agravante do art. 61, II, a, 1a figura (ter sido o crime cometido por motivo fútil), pois a circunstância genérica funciona como “qualificadora” do homicídio. A quantidade da pena a ser agravada ou atenuada fica a critério do juiz, uma vez que não há nenhum dispositivo legal fixando os parâmetros. As circunstâncias atenuantes são de aplicação em regra obrigatória, pois o caput do art. 65 reza que: “são circunstâncias que sempre atenuam a pena”. Entretanto, quando a pena-base for fixada no mínimo legal, a incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo da pena mínima cominada. É o que se extrai da Súm. no 231 do STJ: “A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do mínimo legal”. É possível que a atenuante do art. 65 funcione na Parte Especial do Código Penal como causa da diminuição da pena. Nesse caso, não se aplica a atenuante genérica. Ex.: a circunstância consistente em praticar crime por motivo de relevante valor moral ou social integra o homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do CP); logo, não poderá ser considerada atenuante genérica. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 26 Ao contrário das circunstâncias agravantes, que somente podem ser aplicadas se expressamente previstas em lei, pode o Magistrado considerar, na segunda fase de fixação da pena, atenuante não prevista em lei, levando em conta circunstância relevante, anterior ou posterior ao crime. É o que se extrai do art. 66 do CP. Assim, se, por exemplo, restar comprovado que o agente praticou o crime de furto em razão de desemprego ou moléstia grave na família, poderá o Magistrado considerar essa circunstância para atenuar a pena, ainda que não expressamente prevista em lei. 16.4 Terceira fase da aplicação da pena: causas de aumento e de diminuição da pena Na terceira e última fase de aplicação da pena, o juiz deve considerar as causas de aumento e de diminuição da pena presentes no caso concreto. Essas causas de aumento e de diminuição da pena podem estar previstas tanto na Parte Geral do Código Penal quanto na Parte Especial. Ocálculo decorrente da causa de aumento ou diminuição da pena deve incidir sobre a pena provisória, encontrada na segunda fase, de forma cumulada. É importante salientar que, com o reconhecimento de causa de aumento ou de diminuição de pena, o juiz pode aplicar pena acima da máxima ou inferior à mínima cominada em abstrato. 17. Da reincidência (art. 63 do CP) Art. 63 do CP. Verifica-se a reincidência quando o agente comete novo crime, depois de transitar em julgado a sentença que, no País ou no estrangeiro, o tenha condenado por crime anterior. Art. 64 do CP. Para efeito de reincidência: I - não prevalece a condenação anterior, se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação; II - não se consideram os crimes militares próprios e políticos. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 27 17.1 Conceito A reincidência pressupõe uma sentença condenatória transitada em julgado por prática de crime. Há reincidência somente quando o novo crime for cometido após a sentença condenatória de que não cabe mais recurso. É o que se extrai do art. 63 do CP. Ex.: o agente pratica um crime, sendo processado e condenado. Não recorre, vindo a sentença transitar em julgado. Meses depois, vem a praticar novo crime. É considerado reincidente, uma vez que cometeu novo delito após o trânsito em julgado de sentença que o condenou por prática de crime. Se o agente praticar o novo crime exatamente no dia em que transitar em julgado a sentença penal condenatória pelo crime anterior, não incide a agravante da reincidência, pois a lei é expressa ao mencionar que o novo crime deve ser praticado “depois” do trânsito em julgado. No dia do trânsito, portanto, não se encaixa na hipótese legal. Além disso, complementando os pressupostos da reincidência, o art. 7º da Lei de Contravenções Penais (Decreto-lei no 3.688/1941) dispõe que: “verifica-se a reincidência quando o agente pratica uma contravenção depois de passar em julgado a sentença que o tenha condenado, no Brasil ou no estrangeiro, por qualquer crime, ou, no Brasil, por motivo de contravenção”. Assim, podem ocorrer várias hipóteses: a) o agente, condenado irrecorrivelmente pela prática de um crime, vem a cometer outro delito: é reincidente (art. 63 do CP); b) o agente pratica um crime; condenado irrecorrivelmente, vem a cometer uma contravenção: é reincidente (art. 7º da LCP); c) o sujeito pratica uma contravenção, vindo a ser condenado por sentença transitada em julgado; comete outra contravenção: é considerado reincidente (art. 7º da LCP); d) o sujeito comete uma contravenção; é condenado por sentença irrecorrível; pratica um crime: não é reincidente (art. 63 do CP). Informativo 636 STF: Condenações anteriores pelo delito do art. 28 da Lei no 11.343/2006 não são aptas a gerar reincidência. 17.2 Eficácia temporal da condenação anterior para efeito da reincidência Nos termos do art. 64, I, do CP, não prevalece a condenação anterior se entre a data do cumprimento ou extinção da pena e a infração posterior tiver decorrido período de tempo superior Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 28 a 5 (cinco) anos, computado o período de prova da suspensão ou do livramento condicional, se não ocorrer revogação. Logo, o prazo de 5 (cinco) anos começa a correr a partir do cumprimento da pena ou a sua extinção por outro modo, por exemplo, incidência de uma causa extintiva da punibilidade, como a prescrição da pretensão executória, graça ou indulto. O período de prova do livramento condicional e da suspensão condicional da pena será computado para fins de cessar os efeitos da reincidência. Assim, em tese, ao agente condenado a 6 (seis) anos de reclusão, cumprindo 1/3 (ou seja, 2 anos), será concedido o livramento condicional (art. 83, I, do CP), restando outros 4 (quatro) anos para o término da pena, que será o período de prova. Consideremos a hipótese de o agente ter iniciado o cumprimento da pena no dia 10-8- 2010. Após cumprir 1/3 da pena, dois anos, portanto, obteve o livramento condicional em 10-8- 2012, cumprindo integralmente a pena no dia 10-8-2016. Em 10-9-2017, o agente pratica novo crime. Nesse caso, não será considerado reincidente, pois passaram-se mais de 5 (cinco) anos entre a data do cumprimento da pena e a prática do novo crime, computando-se o período de prova do livramento condicional. 17.3 Crimes que não induzem reincidência O art. 64, II, do CP dispõe que, para efeito de reincidência, não se consideram os crimes militares próprios ou políticos. Convém ressaltar que, conquanto não gere reincidência, o trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória por crime militar próprio ou crime político gera maus antecedentes, já que o art. 64, II, do CP limita-se a afastar a reincidência, nada dispondo sobre maus antecedentes. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 29 18. Concurso de Crimes * Para todos verem: esquema 18.1 Concurso Material Art. 69 do Código Penal. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. C o n c u rs o d e c ri m e s Concurso material Pluralidade de crimes Pluralidade de condutas Sistema de cúmula material (penas somadas) Concurso formal Pluralidade de crimes Unidade de conduta Pena depende se perfeito ou imperfeito Crime continuado Pluralidade de crimes Pluralidade de condutas Crimes da mesma espécie, praticados nas mesmas condições de tempo, local e modo de execução Exasperação da pena Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 30 Ocorre o concurso material, também chamado de real, quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não (art. 69, caput, do CP). Há, pois, pluralidade de condutas e pluralidade de resultados. Na hipótese de crimes conexos apurados na mesma ação penal, a soma das penas, pelo concurso material, será realizada na própria sentença, após a adoção do critério trifásico para cada um dos delitos. Ex.: o agente pratica o crime de estupro (art. 213 do CP) e, para assegurar a sua impunidade, mata, na sequência, a vítima (art. 121, § 2º, V, do CP). Imaginemos que o juiz fixe, em relação ao delito de estupro, a pena de 8 (oito) anos; e em relação ao crime de homicídio qualificado, a pena de 20 (vinte) anos. Ao final, verificando-se tratar de concurso material de crimes, o Magistrado aplicará o sistema do cúmulo material, somando as penas, alcançando a pena definitiva de 28 anos. 18.2 Concurso Formal Art. 70 do Código Penal. Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicasse-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no artigo anterior. 18.2.1 Conceito Ocorre o concurso formal (ou ideal) quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, praticar dois ou mais crimes (art. 70, caput, do CP). Há unidade de conduta e pluralidade de crimes. A unidade de conduta concretiza-se quando os atos são realizados no mesmo contexto espacial e temporal, não exigindo, necessariamente, ato único. De fato, pode haver unidade de conduta mesmo quando fracionada em vários atos, por exemplo, agente que subtrai objetos pertencentes a pessoas distintas,no mesmo contexto fático. O Superior Tribunal de Justiça tem entendido que, praticado o crime de roubo em um mesmo contexto fático, mediante uma só ação, contra vítimas diferentes, tem-se configurado o concurso formal de crimes. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 31 18.2.2 Concurso formal perfeito e concurso formal imperfeito O concurso formal perfeito, ou próprio, está previsto na primeira parte do art. 70 do CP. Ocorre quando o agente pratica duas ou mais infrações penais por meio de uma única conduta. Resulta de um único desígnio. O agente, de um só impulso volitivo, dá causa a dois ou mais resultados, sem desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. Desígnio autônomo caracteriza-se pelo fato de o agente pretender, mediante uma única conduta, atingir dois ou mais resultados. Ou seja, o agente, mediante uma ação ou omissão, age com consciência e vontade em relação a cada um deles, considerados isoladamente. Assim, se, por exemplo, o agente, na condução de veículo automotor, atropela e causa a morte de uma pessoa e lesão corporal em outra, pratica crime de homicídio culposo na condução de veículo automotor (art. 302 do CTB), em concurso formal perfeito, já que não tinha desígnios autônomos em relação a cada um dos resultados. No concurso formal imperfeito, ou impróprio, o agente, mediante uma ação ou omissão, pretende, de forma consciente e voluntária, o resultado em relação a cada um dos crimes. Ex.: o agente provoca fogo em uma residência com a intenção de matar todos os moradores. O agente tem desígnios autônomos (intenção de matar) em relação a cada um dos moradores da residência. A expressão “desígnios autônomos” abrange tanto o dolo direto quanto o dolo eventual. Assim, haverá concurso formal imperfeito, por exemplo, entre o delito de homicídio doloso com dolo direto e outro com dolo eventual. 18.2.3 Aplicação da pena no concurso formal Em relação ao concurso formal perfeito, ou próprio, o Código Penal adotou o sistema de exasperação da pena. Aplica-se a pena do crime mais grave ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. No concurso formal imperfeito, ou impróprio, por conta do maior grau de reprovabilidade da conduta do agente, visando a não beneficiar agente que agiu com desígnios autônomos em relação a cada resultado, as penas devem ser somadas, adotando-se o critério do cúmulo material, nos termos do art. 70, caput, 2ª parte, do CP. Veja o esquema na página a seguir... Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 32 * Para todos verem: esquema 18.3 Crime continuado Art. 71 do Código Penal - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 18.3.1 Conceito Ocorre o crime continuado quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie, devendo os subsequentes, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, ser havidos como continuação do primeiro. 18.3.2 Requisitos Para a incidência das regras do crime continuado é preciso verificar a presença de requisitos dispostos no art. 71 do CP, consistentes: a) na pluralidade de condutas; b) na pluralidade de crimes da mesma espécie; c) nas mesmas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes. 18.3.3 Crime continuado específico Art. 71 do Código Penal Parágrafo único - Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo único do art. 70 e do art. 75 deste Código. Concurso formal perfeito • Sem desígnios autônomos; • Exasperação da pena; • Pena do crime mais grave e aumenta de 1/6 até 1/2. Concurso formal imperfeito • Desígnios autônomos; • Cúmulo material. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 33 18.4 Concurso material benéfico Art. 70 do Código Penal Parágrafo único - Não poderá a pena exceder a que seria cabível pela regra do art. 69 deste Código. Se da aplicação da regra da exasperação da pena, no concurso formal, a pena tornar-se superior à que resultaria se somadas, deve-se adotar o critério do cúmulo material, porque, nesse caso, será mais benéfico (art. 70, par. ún., do CP). Ex.: suponha-se que o agente tenha praticado um homicídio simples (art. 121 do CP – pena de 6 a 20 anos) e uma lesão corporal leve (art. 129, , do CP – pena de 3 meses a 1 ano), em concurso formal. Aplicado o critério da exasperação da pena, considerando- se a pena do crime mais agrave, acrescido de 1/6, resultaria na pena de 7 (sete) anos. Se aplicada a pena considerando-se o critério do cúmulo material, considerando-se a pena aplicada para crime de homicídio simples (6 anos) e lesão corporal leve (3 meses), a pena definitiva ficaria em 6 (seis) anos e 3 (três) meses. Essa seria a pena a ser aplicada, já que a aplicação do critério do concurso material é mais benéfico. Em face disso, a pena a ser aplicada não pode ser superior à que seria cominada se fosse caso de concurso material, aplicando-se, nesse caso, o disposto no art. 70, par. ún., do CP. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 34 1. Crimes Contra a Vida: Homicídio, Auxílio ao Suicídio e Infanticídio 1.1 Crimes contra a vida 1.1.1 Homicídio Art. 121 do CP - Matar alguém. Pena - reclusão, de seis a vinte anos. * Para todos verem: esquema 1.1.1.1 Características importantes • Crime de Livre Execução: O legislador não condiciona a prática do homicídio, podendo ser praticado por qualquer meio apto a produzir o resultado morte. Entretanto, a depender da forma executória empregada pelo agente, pode ser qualificado, como, por exemplo, nos incisos III (meio cruel), IV (recurso que dificultou a defesa da vítima) e VIII (arma de fogo de uso proibido ou restrito) do parágrafo 2º do artigo 121. Crime bicomum Sujeito ativo Qualquer pessoa Sujeito Passivo Qualquer pessoa Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 35 • Crime Comissivo: Normalmente é um crime comissivo, pois exige que o agente atue de forma positiva, mas nada impede o reconhecimento da omissão imprópria, nos termos do artigo 13, parágrafo 2º do CP. • Crime material: Somente se consuma com a produção de um resultado naturalístico, qual seja, a morte da vítima (cessação da atividade encefálica). 1.1.1.2 Observações importantes • Homicídio simples (art. 121 caput): O homicídio simples se dá por exclusão, ou seja, quando não presente nenhuma circunstância qualificadora prevista no parágrafo 2º. Via de regra não é considerado crime hediondo, somente se for praticado mediante atividade típica de grupo de extermínio. • Homicídio Privilegiado (art. 121, parágrafo 1º CP): O artigo 121, § 1º, do Código Penal, descreve o homicídio privilegiado como o fato de o sujeito cometer o delito impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima. Neste caso, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 a 1/3. • Homicídio Qualificado (art. 121, parágrafo 2º CP): É o homicídio praticado com circunstâncias legais que integram o tipo penal incriminador,alterando para mais a faixa de fixação da pena. Dizem respeito aos motivos determinantes do crime e aos meios e modos de execução, reveladores de maior periculosidade ou extraordinário grau de perversidade do agente. Portanto, da pena de reclusão de 06 a 20 anos, prevista para o homicídio simples, passa- se ao mínimo de 12 e ao máximo de 30 para a figura qualificada. Tentado ou consumado, o homicídio doloso qualificado é crime hediondo, nos termos do artigo 1º, inciso I, da Lei nº 8.072/90. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 36 • Feminicídio: A partir da edição da Lei nº 13.104/2015, o crime de homicídio passou a ser qualificado também se praticado contra a mulher por razões da condição de sexo feminino. Nos termos do artigo 121, parágrafo 2º-A, o legislador considera que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve: I - Violência doméstica e familiar; II - Menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Para o STJ a qualificadora do feminicídio pode ser cumulada com o motivo torpe ou fútil sem que haja bis in idem. • Lei 14.344 de 2022: Com o advento da lei Henry Borel (Lei 14.344 de 2022) o homicídio praticado contra menor de 14 anos passou a ser qualificado, nos termos do artigo 121, parágrafo 2º, inciso IX do CP. Ademais, o artigo 121, parágrafo 2º-B (incluído também pela Lei Henry Borel) elenca causas de aumento de pena específicas, quais sejam: I - 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é pessoa com deficiência ou com doença que implique o aumento de sua vulnerabilidade; II - 2/3 (dois terços) se o autor é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tiver autoridade sobre ela. 1.1.2 Induzimento, instigação ou auxílio ao suicídio ou automutilação Art. 122 do Código Penal. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos. § 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. § 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. § 3º A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. § 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real. § 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual. § 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 37 § 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código. 1.1.2.1 Conceito de suicídio É a morte voluntária, que resulta, direta ou indiretamente, de um ato positivo ou negativo, realizado pela própria vítima, a qual sabia dever produzir este resultado. O Código Penal leva em conta o ato da vítima, que vem a destruir a própria vida. OBSERVAÇÃO ESPECIAL: Se o ato de destruição é praticado pelo próprio agente haverá o crime de homicídio. Da mesma forma se não houver voluntariedade (vítima induzida a erro ou obrigada a se matar) haverá o crime de homicídio. 1.1.2.2 Automutilação A autolesão não é punida. O que constitui crime é a conduta de induzir, instigar ou auxiliar a vítima a se automutilar, ou seja, de causar lesões em si própria. 1.1.2.3 Ação nuclear Trata-se de um tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado). Induzir significa dar a ideia a quem não possui, inspirar, incutir. Portanto, nessa primeira conduta, o agente sugere à vítima que dê fim à sua vida ou se automutile. Instigar é fomentar uma ideia já existente. Trata-se, pois, do agente que estimula a ideia que alguém anda manifestando. Já o Auxílio é a forma mais concreta e ativa de agir, pois significa dar apoio material ao ato suicida. Exemplo: o agente fornece a arma utilizada para a vítima dar fim à sua vida ou se automutilar. 1.1.2.4 Figuras típicas qualificadas • ART. 122, § 1º: Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código: Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 38 • ART. 122, § 2º: Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 1.1.2.5 Formas majoradas (Art. 122, parágrafo 3º) A) Se o crime é praticado por motivo egoístico Motivo egoístico é o excessivo apego a si mesmo, o que evidencia o desprezo pela vida alheia, desde que algum benefício concreto advenha ao agente. Logicamente, merece maior punição. Exemplo: É o caso, por exemplo, de o sujeito induzir a vítima a suicidar-se para ficar com a herança. B) Se a vítima é menor Em segundo lugar, a pena é majorada quando a vítima é menor. Qual a idade para efeito da majorante? • Se a vítima é maior de 18 anos, aplica-se o “caput” do artigo 122. • Se a vítima é menor de 14 anos, há crime de HOMICÍDIO. • A MAJORANTE SÓ É APLICÁVEL QUANDO A VÍTIMA TEM IDADE ENTRE 14 E 18 ANOS. C) Tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência A terceira majorante prevê a hipótese de a vítima ter diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência, como enfermidade física ou mental, idade avançada. Ex.: induzir ao suicídio vítima embriagada. Por fim, é de ressaltar que o suicida com RESISTÊNCIA NULA, pelos abalos ou situações supramencionadas, incluindo-se a idade inferior a 14 anos, haverá o emprego das regras especiais estabelecidas nos parágrafos 6º e 7º do CP. 1.1.2.6 Pacto de morte É possível que duas ou mais pessoas promovam um pacto de morte, deliberando morrer ao mesmo tempo. Se cada uma das pessoas ingerir veneno, de per si, por exemplo, aquela que sobreviver responderá por participação em suicídio, tendo por sujeito passivo a outra. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 39 Se uma delas ministrar diretamente o veneno na outra, a que sobreviver responderá por homicídio. Em síntese, os atos executórios contra a própria vida devem partir exclusivamente da vítima. 1.1.3 Infanticídio Art. 123 do Código Penal - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após. Pena - detenção, de dois a seis anos. 1.1.3.1 Princípio da especialidade * Para todos verem: esquema • Marco inicial: início do parto (eliminação da vida humana após o início do parto). • Antes do início do parto: aborto. Sujeito ativo: Mãe Sujeito passivo: Próprio filho Elemento temporal: Durante o parto ou logo após Elemento subjetivo: Influência do estado puerperal (perícia) Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 40 Atenção ao erro sobre a pessoa: art. 20, §3º, do CP. 2. Lesão Corporal Art. 129 do CódigoPenal. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem. Pena - detenção, de três meses a um ano. Na lesão corporal o agente atua com animus laedendi, ou seja, age com a intenção de produzir uma lesão corporal na vítima. Assim sendo, o agente não tem intenção de matar nem assume o risco de produzir o resultado morte, pois, em tal caso, responderia pelo crime de homicídio. 2.1 Lesão corporal dolosa A lesão corporal dolosa, regra geral, varia de acordo com o grau da lesão corporal, podendo ser simples (exclusão), grave (parágrafo 1º), gravíssima (parágrafo 2º) ou seguida de morte (parágrafo 3º). 2.1.1 Lesão corporal grave Art. 129 do Código Penal. § 1º Se resulta: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a cinco anos. Cumpre ressaltar que tais resultados podem ser obtidos a título de dolo ou de culpa, com a exceção do perigo de vida que somente admite a culpa. 2.1.2 Lesão corporal gravíssima Art. 129 do Código Penal. § 2° Se resulta: I - Incapacidade permanente para o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inutilização do membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 41 V - aborto: Pena - reclusão, de dois a oito anos. Seguida de morte: § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Cumpre ressaltar que tais resultados podem ser obtidos a título de dolo ou de culpa, com a exceção do aborto que somente admite a culpa. 2.1.3 Lesão corporal seguida de morte Art. 129 do Código Penal. § 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze anos. A lesão corporal seguida de morte possui natureza preterdolosa, ou seja, deve o agente agir com dolo em relação à conduta inicial (lesão corporal) e culpa em relação ao resultado morte. Trata-se de crime expressamente subsidiário, somente podendo ser reconhecido na impossibilidade do homicídio (se o agente agiu com dolo direto ou dolo eventual em relação ao resultado morte). 2.2 Lesão corporal culposa A lesão corporal culposa não varia de acordo com a intensidade, sempre será culposa (se agindo com negligência, imprudência ou imperícia). Art. 129 do Código Penal. § 6° Se a lesão é culposa: Pena - detenção, de dois meses a um ano. 2.3 Lesão corporal especial (art. 129, parágrafo 13) §13º Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 deste Código: (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos). (Incluído pela Lei nº 14.188, de 2021) Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 42 2.4 Lesão corporal funcional É crime hediondo em se tratando de lesão corporal gravíssima ou seguida de morte. Art. 129 do Código Penal. § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços. 3. Crimes Contra a Honra 3.1 Crimes contra a honra * Para todos verem: esquema 3.1.1 Calúnia (art. 138 CP) Imputação falsa de fato definido como crime. Tem certeza de que está imputando um crime a um inocente. O fato precisa ser um CRIME. Via de regra, cabe exceção da verdade. Só não caberá exceção da verdade nos casos previstos no parágrafo 3º do artigo 138. 3.1.2 Injúria (art. 140 CP) Imputação de uma qualidade negativa. Bem jurídico: honra Honra objetiva Reputação social do indivíduo Calúnia e difamação Honra subjetiva Imagem pessoal perante ele mesmo Injúria Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 43 3.1.3 Difamação (art. 139 CP) Imputação de um fato ofensivo à reputação do indivíduo (que não é crime). Pode ser contravenção penal. Via de rega, não cabe exceção da verdade. Caberá exceção da verdade se a ofensa for dirigida a funcionário público no exercício das funções. 3.2 Causas de aumento de pena Art. 141 do Código Penal. As penas cominadas neste Capítulo aumentam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido. I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de governo estrangeiro; II - contra funcionário público, em razão de suas funções, ou contra os Presidentes do Senado Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo Tribunal Federal; III - na presença de várias pessoas, ou por meio que facilite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou portadora de deficiência, exceto no caso de injúria. 3.3 Retratação Art. 143 do Código Penal. O querelado que, antes da sentença, se retrata cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento de pena. Parágrafo único - Nos casos em que o querelado tenha praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se praticou a ofensa. 3.4 Ação penal Art. 145 do Código Penal. Nos crimes previstos neste Capítulo somente se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. Parágrafo único - Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código. *Para todos verem: quadro Súmula 714 do STF. É concorrente a legitimidade do ofendido, mediante queixa, e do ministério público, condicionada à representação do ofendido, para a ação penal por crime contra a honra de servidor público em razão do exercício de suas funções. Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 44 4. Crimes Contra o Patrimônio 4.1 Furto • Ação nuclear é subtrair, que significa tirar, retirar de outrem bem móvel, sem a sua permissão com o fim de assenhoramento definitivo. A substração implica sempre a retirada do bem sem o consentimento do possuidor ou proprietário. • Agente não tem a posse anterior do bem e inverte a posse. • É indispensável que o agente tenha a intenção de possuir a coisa alheia móvel, submetendo-a ao seu poder, isto é, de não devolver o bem, de forma alguma. É o chamado animus rem sibii habendi. • Assim, se ele o subtrai apenas para uso transitório e depois o devolve no mesmo estado, não haverá a configuração do tipo penal. Cuida-se na hipótese de mero furto de uso, que não constitui crime, pela ausência do ânimo de assenhoramento definitivo do bem. • Se o sujeito restituir o objeto subtraído até o recebimento da denúncia, pode incidir o instituto do arrependimento posterior, previsto no artigo 16 do Código Penal, que constitui causa de diminuição da pena. Em outras palavras, o agente será processado pelo delito, mas, se condenado, poderá ter a pena reduzida de 1/3 a 2/3. • Não existe na modalidade culposa. • Para os nossos Tribunais Superiores (STF/STJ), para o furto atingir a consumação basta a subtração da coisa, ou seja, a inversão da posse, ainda que por curto espaço de tempo e em seguida a perseguição do agente, sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou desvigiada. Neste sentido temos a súmula 582 do STJ (referente ao roubo mas aplicável por analogia ao crime de furto), o RESP 1524450/RJ, o AgRg no ARESP 1.546.170/SO de 26/11/2019 do STJ e o HC 135674 de 27/09/2016 da 2° turmado STF. Veja o esquema na página a seguir... Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 45 * Para todos verem: esquema Art. 155 do Código Penal. Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. § 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno. § 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa. § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico. Furto qualificado § 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, se o crime é cometido: I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa; II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza; III - com emprego de chave falsa; IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 4º-B. A pena é de reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa, se o furto mediante fraude é cometido por meio de dispositivo eletrônico ou informático, conectado ou não à rede de computadores, com ou sem a violação de mecanismo de segurança ou a utilização de programa malicioso, ou por qualquer outro meio fraudulento análogo. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 4º-C. A pena prevista no § 4º-B deste artigo, considerada a relevância do resultado gravoso: (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) I – aumenta-se de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime é praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional; (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) II – aumenta-se de 1/3 (um terço) ao dobro, se o crime é praticado contra idoso ou vulnerável. (Incluído pela Lei nº 14.155, de 2021) § 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. § 6º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se a subtração for de semovente domesticável de produção, ainda que abatido ou dividido em partes no local da subtração. § 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. 4.2 Apropriação indébita Art. 168 do Código Penal. Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção. Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. Aumento de pena CONSUMAÇÃO INVERSÃO DA POSSE RETIRA DA DISPONIBILIDADE VÍTIMA Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 46 § 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa: I - em depósito necessário; II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário judicial; III - em razão de ofício, emprego ou profissão. *Para todos verem: esquema O pressuposto do crime de apropriação indébita é a anterior posse lícita da coisa alheia, da qual o agente se apropria indevidamente. A posse, que deve preexistir ao crime, deve ser exercida pelo agente em nome alheio, isto é, em nome de outrem. O núcleo do tipo é o verbo “apropriar-se”, que significa fazer sua a coisa alheia. Tendo o sujeito a posse ou a detenção do objeto material, em dado momento faz mudar o título da posse ou da detenção, comportando-se como se dono fosse. A apropriação pode ser classificada em: * Para todos verem: esquema • Ocorre quando o sujeito realiza ato demonstrativo de que inverteu o título da posse, como a venda, doação, consumo, penhor, ocultação, etc. 1º) APROPRIAÇÃO INDÉBITA PROPRIAMENTE DITA • Neste caso, o sujeito afirma claramente ao ofendido que não irá devolver o objeto material. 2º) NEGATIVA DE RESTITUIÇÃO APROPRIAÇÃO INDÉBITA POSSE DO OBJETO É DESVIGIADA APROPRIAR-SE DE OBJETO POSSE DETENÇÃO AMBOS INICIAMENTE LÍCITOS Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 47 4.3 Roubo Art. 157. Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa. § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até metade: I – (revogado); II - se há o concurso de duas ou mais pessoas; III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem sua fabricação, montagem ou emprego. VII - se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma branca; § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma de fogo; II – se há destruição ou rompimento de obstáculo mediante o emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause perigo comum. § 2º-B. Se a violência ou grave ameaça é exercida com emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, aplica-se em dobro a pena prevista no caput deste artigo. § 3º Se da violência resulta: I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, e multa. *Para todos verem: esquema 4.3.1 Ação nuclear A ação nuclear do tipo, identicamente ao furto, consubstancia-se no verbo subtrair, que significa tirar, retirar, de outrem, no caso bem móvel. Agora, contudo, estamos diante de um crime mais grave que o furto, na medida em que a subtração é realizada mediante o emprego de grave ameaça ou violência contra a pessoa, ou por qualquer outro meio que reduza a capacidade de resistência da vítima. Violência Grave ameaça Redução capacidade resistência Revisão Turbo | 37º Exame de Ordem Direito Penal 48 São os seguintes os meios executórios do crime de roubo: a) Violência física (vis corporalis) Violência física à pessoa consiste no emprego de força contra o corpo da vítima. Para caracterizar essa violência do tipo básico de roubo é suficiente que ocorra lesão corporal leve ou simples vias de fato, na medida em que a lesão grave ou morte qualifica o crime. b) Grave ameaça Ameaça grave (violência moral) é aquela capaz de atemorizar a vítima, viciando sua vontade e impossibilitando sua capacidade de resistência. A grave ameaça objetiva criar na vítima o fundado receio de iminente e grave mal, físico ou moral, tanto a si quanto as pessoas que lhes são caras. É irrelevante a justiça ou injustiça do mal ameaçado, na medida em que, utilizada para a prática de crime, torna-se antijurídica. c) Qualquer outro meio que reduza à impossibilidade de resistência; Cuida-se da violência imprópria, consistente em outro meio que não constitua violência física ou grave ameaça, como, por exemplo, fazer a vítima ingerir bebida alcoólica, narcóticos, soníferos ou hipnotizá-la. * Para todos verem: Quadro 4.3.2 Espécies de roubo: próprio e impróprio a) Roubo próprio (157 CAPUT DO CP) No roubo próprio a violência
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