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FACULDADE UNYLEYA ESPECIALIZAÇÃO EM ENGENHARIA DE SEGURANÇA DO TRABALHO VINICIUS TAVARES AVALIAÇÃO DOS RISCOS E DAS CONDIÇOES DE TRABALHO EM UMA CARVOARIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL PELOTAS 2022 Vinicius Tavares AVALIAÇÃO DOS RISCOS E DAS CONDIÇOES DE TRABALHO EM UMA CARVOARIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Monografia apresentada a Faculdade Unyleya como requisito parcial para obtenção do título de “Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho”. Orientador: Professor Luis Santos Pelotas 2022 Vinicius Tavares AVALIAÇÃO DOS RISCOS E DAS CONDIÇOES DE TRABALHO EM UMA CARVOARIA NO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL Monografia aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Especialista no Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho, na Faculdade Unyleya. Orientador: _____________________________________________ Banca: _____________________________________________ _____________________________________________ _____________________________________________ Pelotas 2022 RESUMO O Brasil é de fato um grande consumidor de carvão vegetal, ao passo que esta dentre um dos com maior consumo no mundo. Esta produção é espalhada por praticamente todo território brasileiro e é realizada por pequenas propriedades rurais, estas propriedades possuem baixo nível tecnológico e pouca ou nenhuma mão de obra qualificada. Um trabalho extremamente exaustivo e penoso ao trabalhador, e que o expõe a diversos riscos físicos, químicos e biológicos. De acordo com os trabalhadores a tarefa mais árdua é a retirada da madeira de acácia negra queimada no forno, o carvão. Nesta tarefa os trabalhadores lidam com cargas extremamente pesadas além de uma grande quantidade de poeira no ar. Desta forma concluísse que este tipo de atividade é realidade de forma extremamente precária no Brasil, com baixo nível tecnológico e pouca qualificação profissional. ABSTRACT Brazil is in fact a major consumer of charcoal, while it is among the most consumed in the world. This production is spread over practically the entire Brazilian territory and is carried out by small rural properties, these properties have a low technological level and little or no skilled labor. An extremely exhausting and painful job for the worker, which exposes him to various physical, chemical and biological risks. According to the workers, the most arduous task is the removal of the black wattle wood burned in the oven, the charcoal. In this task the workers deal with extremely heavy loads plus a lot of dust in the air. In this way, it was concluded that this type of activity is extremely precarious in Brazil, with low technological level and little professional qualification. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Oferta de Energia ........................................................................... 10 Figura 2 - Fornos tipo Iglu ............................................................................... 12 Figura 3 - Sivicultura x Extração vegetal......................................................... 13 Figura 4 - Toretes De acácia .......................................................................... 18 Figura 5 - Forno com toretes .......................................................................... 19 Figura 6 - Forno Iglu ....................................................................................... 21 Figura 7 - Carvão estocado ............................................................................ 22 Figura 8 - Forno realizando a carbonatação ................................................... 23 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 8 1.1 OBJETIVO GERAL ...................................................................................... 9 1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS........................................................................... 9 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA ................................................................... 10 3 METODOLOGIA: .................................................................................... 16 4 DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS ............................................... 17 4.1 FABRICAÇÃO E ATIVIDADES INICIAIS .......................................................... 17 4.2 CARBONATAÇÃO..................................................................................... 18 4.3 ESTOCAGEM E ARMAZENAMENTO ............................................................. 21 4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 23 5 CONCLUSÃO ......................................................................................... 25 6 REFERENCIAS ....................................................................................... 26 8 1 INTRODUÇÃO O Trabalho industrial e rural são extremamente importantes para o desenvolvimento do pais e das regiões onde estão instalados, e para que este ocorra de forma correta a segurança do trabalho e as leis trabalhistas precisam ser cumpridas e exigidas da melhor forma possível. No último século a segurança do trabalho ganhou profunda importância e relevância dentro da produção. Entretanto no pais em que vivemos as condições de trabalho e o numero de acidentes e de mortes e extremamente alto, o Brasil figura na quarta posição dos países com mais acidentes do trabalho. Desta forma se faz cada vez mais necessário trabalhos e pesquisas dos mais diversos campos profissionais afim de melhorar essa condição. Para que essa perspectiva seja mudada, é necessário um trabalho muito forte com relação a segurança do trabalho, com analises preliminares de riscos e planejamento no campo da higiene do trabalho. Com estes estudos em mãos fica possível executar melhorias na vida dos trabalhadores e ate mesmo melhorias na produção. Estranhamente mesmo com a alta produção de carvão vegetal no Brasil devido ao seu grande consumo interno, fato que coloca o pais entre um dos maiores produtores e consumidores do produto. O pais ainda apresenta péssimas condições de trabalho e até mesmo mão de obra infantil. É de suma importância que esse tipo de atividade seja estudado e regularizado, pois diversas empresas produtoras da matéria prima trabalham de forma correta e segura, e estas são prejudicadas por empresas que trabalham em desacordo com a legislação, pois produzem o mesmo produto gastando menos recursos e assim conseguem vender a um preço menor ao consumidor. O lado ambiental também se faz muito presente neste tipo de atividade, pois esta atividade esta diretamente ligada a exploração do meio ambiente, muitas produções se utilizam de mata nativa para produzir o carvão e não tem a menor preocupação com os gases lançados a atmosfera. 9 1.1 OBJETIVO GERAL O principal objetivo deste trabalho e analisar os riscos inerentes a produção de carvão vegetal. 1.2 OBJETIVOS ESPECIFICOS. Os objetivos específicos são: Observar os ricos físicos, químicos e biológicos nos trabalhadores Analisar os principais problemas na saúde dos trabalhadores analisados Identificar as atividades mais perigosas dentro da atividade da produção de carvão. 10 2 REVISÃO BIBLIOGRAFICA No pais em que vivemos a oferta de energia, apresentada na figura 1, é notavelmente dominada em primeiro lugar pelo petróleo e derivados, 39,3%, energiasrenováveis contribuem com 41% na produção interna, O carvão vegetal e a lenha participam com 8,3%. Figura 1 - Oferta de Energia Fonte: EPE (2014) Segundo Oliveira (2010). O brasil quando comparado a outros países da américa latina e até do mundo e com certeza um dos maiores produtores e consumidores desta fonte de energia. Dos países com maior produção industrial o Brasil é o único que utiliza tal fonte na área industrial. Ao passo que o brasil chega a ter um terço da produção mundial de carvão vegetal. Ao contrário de outros países no Brasil é muito comum a produção como meio de subsistência de algumas famílias, utilizando florestas próximas e até mesmo plantando acácia e eucalipto.(MUNIZ et al.,2012). 11 Segundo silva ( 2007). A produção de cavão vegetal pode ser dividida em duas, a de carvão produzido através de matas nativas e a produção através de plantações de eucaliptos e acácias. A produção do carvão vegetal é um subproduto da floresta, ele é criado através do processo de pirólese do material, nada mais é do que um processo de decomposição físico-quimica. (CASTRO et. al 2007). Segundo dias (2002). O rendimento térmico deste material advindo da queima da madeira é considerado baixo, já que este fica por volta de 50%, pois durante o processo de produção diversos elementos são desperdiçados na queima. Segundo zuchi (2000). O carvão vegetal no Brasil sempre esteve por trás da produção siderúrgica, este método de utilização do calor influenciou diretamente a forma como as siderúrgicas trabalham. Para que o aço brasileiro seja competitivo em mercados externos, o custo na produção do ferro gusa esta diretamente ligado aos métodos de produção. O carvão vegetal e amplamente utilizado nos fornos que realizam a produção deste tipo de aço ( VITAL e PINTO, 20110). Processo de Fabricação do carvão vegetal Segundo Dias (2002). A primeira vista de um observador ao perceber uma carvoaria, são de fornos de barro envolvidas em uma grande fumaça, e a sensação de ardência forte nos olhos. Silva e Silva (2004) Inspecionando locais de trabalho onde o carvão e produzido no Mato grosso sul, é possível perceber desde industrias siderúrgicas até produções rurais de pequeno porte. Grande parte da produção nacional de carvão vegetal é feita em fornos de alvenaria, em fornos com formato iglu conforme a figura 2(PINHEIRO et al., 2006 BEMERGUI 2011). 12 Figura 2 - Fornos tipo Iglu Fonte: Pinheiro (2006) Problemas ambientas na produção de carvão Segundo Canettieri (2003). A agua ao entrar em contato com os produtos gerados na produção do carvão a agua muda o ph e fica acidificada gerando grandes riscos ambientais. Muniz (2012). Como a produção feita através de floretas plantadas não se faz suficiente perante ao consumo, este fato faz com que aumente a pressão para que se utilize florestas nativas, fato que constitui crime ambiental. No período entre os anos de 1997 e 2006 foi constatado que a produção de carvão através de florestas nativas era maior do que a produção de florestas plantadas conforme a figura 3 (VITAL e PINTO 20011). 13 Figura 3 - Sivicultura x Extração vegetal Fonte: Vital e Pinto (2011) Zuchi (2000). Avalia que a atividade de produção de carvão nos últimos anos é sinônimo de precariedade nas condições de trabalho e exploração do trabalhador. Segundo Pitombeira (2008). A produção de carvão vegetal na região de Carajás, é de profunda relevância para a produção siderúrgica local e é constantemente denunciada por práticas de trabalho escravo e em condições degradantes de trabalho. Santos (2007). Ao realizar comparações aos métodos de produção verificou que é comum do descumprimento de leis trabalhistas e produção de forma precária em fornos do tipo igulu, inclusive com a presença de crianças no trabalho. Condições desumanas são amplamente visualizadas, trabalhadores em situações insalubres e com jornadas de até 12h, exposição a gases tóxicos sem nenhuma proteção e a alta temperatura dos fornos.(CANETTIERI 2013). Segundo Souza (2010). É necessário novas pesquisas referente aos gases e as partículas desprendidas na produção de carvão. Polezer (2012). As partículas advindas da queima da madeira vem de fontes antropogênicas e é um dos principais poluentes da atmosfera, contendo uma grande variedade de materiais ácidos, compostos orgânicos e outras substancias toxicas. Segundo a organização internacional do trabalho calcula-se cerca de 35 milhoes de casos de doenças ligadas a exposições a substancias químicas e por volta de 35mil mortes por doenças respiratórias. 14 Dias (2002). As variações térmicas no entorno dos fornos de carvão são responsáveis por um grande numero de gripes e resfriados. A alta temperatura no entorno reage com o organismo do trabalhador, fazendo com que o corpo do mesmo produza sudorese, e aceleração do metabolismo. Grande parte do processo de produção de carvão é feito a ceu aberto desta forma os trabalhadores estão constantemente expostos a intemperes e a radiação UV. De acordo com Pozzebon e Rodrigues (2009), a exposição diária a radiação ultra violeta pode provocar queimaduras, catarata e até câncer de pele. Outro fator prejudicial a saúde do trabalhador é o trabalho excessivo carregando peso, este fator contribui para dores na lombar e fadiga muscular ( SOUZA e MINETTE 2002). O Trabalho com ferramentas perigosas sem qualquer pericia ou curso de segurança referente a maquinas rotativas também e um fator preponderante nos acidentes deste tipo de atividade. O uso da motosserra é frequente para cortar arvores (CAMARA 2007). De acordo com Canettieri (2013), As comunidades e pessoas vizinhas das fabricas deste tipo de atividade, também são amplamente atingida, pois o ar carrega partículas da queima dos fornos e pode gerar danos a saúde de terceiros. Dias et al. (2002) fazendo referência a carvoarias artesanais no estado de Minas Gerais e descreve os trabalhadores, geralmente seminus e com o corpo coberto pela fuligem. O autor também relaciona as atividades com o tipo de dano a saúde do tabalhador: Preparo da carga de madeira, uso de motosserras, machados e facões: Provocaram ferimentos e traumatismos, lesões graves, elevado ruído e vibrações Enchimento do forno: Queda de toras provocando lesões graves, faturas, escoriações Carbonização: Fumaça, irritação nos olhos e vias aéreas. Retirada do carvão do forno: Esforço físico intenso, movimentos repetitivos, condições climáticas adversas. Todas as etapas: 15 Riscos potenciais de traumatismos e picadas por animais peçonhentos De acordo com Silva e silva (2004), Os trabalhadores que atuam neste tipo de atividade em sua grande maioria são explorados e vivem em moradias precárias. Os autores se depararam com situações em que os trabalhadores não possuíam nenhum EPI. Entretanto Oliveira (2013) cita que realizou avaliação em diversas empresas do ramo carvoeiro, que atuam de forma totalmente legal e responsável com o meio ambiente, utilizando em sua produção apenas madeira plantada. Esses trabalhadores e empresas visitadas todos os trabalhadores utilizavam bota, calça, protetor auricular, mascaras e etc. Todos equipamentos de EPI de forma correta. O não uso dos EPIs de forma adequada gera diversos danos ao trato respiratório do trabalhador, de acordo com Souza (2010), Os sintomas mais comuns nas vias áreas são espirros e secreção nazal. Também é possível identificar tosse, expectoração e dispneia. É muito comum encontrar nos trabalhadores rinite ocupacional. 16 3 METODOLOGIA: A carvoaria a ser estudada fica localizada no Rio grande do sul, no município de Morro Redondo. A empresa em questão e considerada de pequeno porte, é administrada pelo dono da propriedade e se enquadra em pequena propriedade rural. Segundo Brito (1990).Este tipo de atividade é normalmente rural e é encontrada em vários pontos do pais. A carvoaria possuí um forno do tipo igulu. E a matéria prima utilizada no forno e plantada na própria propriedade. Coleta de informação dos trabalhadores: Para fazer uma melhor avaliação do trabalho realizado será feita algumas perguntas aos trabalhadores, com o objetivo de conhecer melhor o trabalho. Na produção do carvão qual a etapa mais cansativa? Alguma atividade é desconfortável? Ao final de uma jornada, você sente algum desconforto? Você utiliza algum material de proteção? Avaliação dos ricos ambientais: Em conjunto com as repostas dos trabalhadores será feito um levantamento de dados qualitativos no ambiente de trabalho, com o objetivo de verificar os riscos químicos, físicos e biológicos da atividade. 17 4 DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS 4.1 FABRICAÇÃO E ATIVIDADES INICIAIS O processo da fabricação do carvão vegetal e iniciada apartir da derrubada da mata de acácia, em seguida os troncos cortados são seccionados em toretes menores. Este processo é feito através do corte com a motosserra e os trabalhadores ficam expostos aos raios ultra violeta que são emitidos pelo sol, além disso os trabalhadores são expostos a riscos com a ferramenta moto serra e a animais, como cobras e outros. Nesta tarefa não foram utilizados luvas, botas e protetor solar contra os raios UV. Segundo Cunha (1999). O trabalho com a motosserra pode acarretar riscos a audição do trabalhador pela vibração. Mesmo não tendo feito aferição no ruido presente no ambiente, segundo Rodrigues (2011), ao avaliar o ruido produzido com tal ferramenta em florestas de eucalipto, foi constatada valores superiores a 85db. Os toretes são colocados na caçamba do trator e levados até o forno. Estas tarefas exige grande esforço físico e geram grandes danos a lombar dos trabalhadores, de acordo com Sant’nna e Malinovisk (1999), esse tipo de trabalho configura atividade perigosa a sobre carga a coluna do trabalhador. Araujo e Alves (1992), citam que durante a tarefa de corte das arvores e corte dos toretes os trabalhadores ficam expostos a ataques de animais, esta categoria de trabalhadores é a que mais sofre com ataques de animais peçonhentos no Brasil. Durante essa tarefa foi constatado que os trabalhadores não utilizaram qualquer Epi de proteção, tanto na parte superior quanto na parte inferior. 18 Figura 4 - Toretes De acácia Fonte: Próprio Autor 4.2 CARBONATAÇÃO Esta tarefa se inicia com o preenchimento dos fornos que é realizado de forma manual, os troncos são acomodados dentro do forno em forma de iglu, ate que preencham em sua totalidade. Após o preenchimento do forno é feito o acendimento na parte do topo do forno, os funcionários monitoram esse processo e vão fechando os buracos do forno ao 19 longo do processo. É importante destacar que o principal risco observado nesta etapa e o risco químico, devido ao alto teor de fumaça no local. Figura 5 - Forno com toretes Fonte: Próprio Autor A fumaça proveniente desta queima e os efeitos causados pela mesma foram objeto de estudo de Andrade (2002), Os gases emitidos pela queima da madeira causam irritação aos olhos humanos e apresentam alta toxidade. Nesta etapa nenhum funcionário utilizou mascara para não respirar os gases do local, mascaras faciais inteiras combinadas com mascara seriam os equipamentos adequados. A etapa a seguir é a retirada dos torrentes de dentro do forno, todos funcionários entrevistados mencionaram esta tarefa com a de maior desgaste e desconforto. Esta etapa leva aproximadamente 3h e cada forno tem entorno de 900kg 20 de carvão no seu interior. Além do alto peso no trabalho, foi identificado bastante farelo de carvão. Trabalhadores também mencionaram que nessa etapa é necessário muito cuidado, pois ainda é possível ter fogo no interior do forno, e ao abrir e circular o oxigênio, se inicie novamente a combustão. Um fato bastante claro é que os trabalhadores apesar de realizarem a tarefa de forma diária e com facilidade, eles não possuem conhecimento dos riscos oferecidos, o que mostra falta de capacitação dos trabalhadores. Na figura 6 é possível ver o forno tipo igulu utilizado na carbonatação. 21 Figura 6 - Forno Iglu Fonte: Próprio Autor 4.3 ESTOCAGEM E ARMAZENAMENTO Após todo carvão ser retirado dos forno, estes seguem para um galpão onde ficam ensacados e empilhados. Este carvão fica estocado e é vendido a empresas que fazem a industrialização. 22 Devido ao alto poder de combustão do carvão vegetal, estes deveriam ser armazenados em locais com sistema de prevenção de incêndio e detectores de fumaça, além de extintores e hidrantes próximos ao local, fato que não foi constatado. Este carvão vegetal e pesado em caixas e vendido a outras empresas que fazem o empacotamento e colocam suas marcas. Na figura 7 e possível ver o carvão já estocado. Figura 7 - Carvão estocado Fonte: Próprio Autor Na figura 8 é possível ver o forno realizando o processo químico de carbonatação, e a quantidade de gases emitido pelo forno. 23 Figura 8 - Forno realizando a carbonatação Fonte: Próprio Autor 4.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS Visitando as instalações da propriedade, fica evidente a falta de pericia e conhecimento dos trabalhadores, desta forma fica extremamente difícil que sejam implementadas melhorias. O fato de ser uma empresa familiar e que o trabalho e feito pelos próprios, dificulta a melhoria das condições de trabalho, além disso o fato de todos realizarem todas atividades causa a percepção de que as tarefas são realizadas de forma justa, já que todos realizam todas as tarefas. Na figura 8 fica visível como este tipo de atividade agride o meio ambiente e ate os vizinhos do local, a quantidade de dióxido de carbono lançado na atmosfera atinge ate mesmo as propriedades vizinhas, causando desconforto e reclamações. A atividade da produção de carvão vegetal e de fundamental importância para a região, gerando empregos e desenvolvimento para a comunidade, porem é necessário um pouco de atenção do poder publico afim de melhorar as condições de trabalho e a qualidade de vida dos trabalhadores. Desta forma fica clara que melhorias estão longe de acontecerem no local, a única forma de mudar as praticas no trabalho, seria o poder publico se fazer presente, 24 mas apenas punir não resolveria o problema, somente mudaria o problema, pois são pequenos agricultores. 25 5 CONCLUSÃO O procedimento observado na fazenda avaliada é totalmente precário e praticamente totalmente artesanal e sem nenhuma tecnologia. Dentre todos os ricos observados vale destacar o ruido da motosserra, as elevadas temperaturas oferecidas pelos fornos e a grande quantidade de gases. A falta de iluminação e conforto dentro do galpão onde são realizadas as atividades de empacotamento e pesagem também saltam aos olhos. Através das respostas obtidas junto ao questionário feito aos funcionários, pode se constatar que a atividade que mais causa dano a sua saúde, e a retirada dos toretes já queimados de dentro do forno, isso causado pelo alto peso da matéria prima e a quantidade imensa de poeira no ambiente. Se faz necessário uma analise quantitativa de riscos físicos e químicos mais detalhada, para ter uma real perspectiva dos danos a saúde de cada trabalhador. 26 6 REFERENCIAS ANDRADE, M. V. A. S.; PINHEIRO, H. L. C.; PEREIRA, P. A. P.; ANDRADE, J. B. Compostos carbonílicos atmosféricos: fontes, reatividade, níveis de concentração e efeitos toxicológicos. Química Nova. V. 25, n. 6, p. 1117-1131. 2002. ARAÚJO, M. L.; ALVES, M. L. M. O que vem de baixo também atinge. A granja. Ano 48, n. 527, p. 33-37, Ago. 1992. ARBEX, M. A.; CANÇADO, J. E.D.; PEREIRA, L. A. A.; BRAGA, A. L. F.; SALDIVA, P. H. N. Queima de biomassa e efeitos sobre a saúde. Jornal Brasileiro de Pneumologia. 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