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de quadrados de outros dois lados menores, enta˜o o triaˆngulo e´ retaˆngulo no aˆngulo oposto ao maior lado. Logo o triaˆngulo ∆3 tem que ter aˆngulo reto em α, por ter um lado cuja medida e´ λ2 + λ2. Logo y = ax e y = −1 a x sa˜o de fato ortogonais, pois α e´ reto. Apenas com as noc¸o˜es de coeficiente angular e de ortogonalidade e´ poss´ıvel provar fatos bonitos e fundamentais da Geometria Euclidiana. E´ o que faremos nas duas Sec¸o˜es seguintes. 3. Teorema de Tales no c´ırculo Um dos mais bonitos teoremas da geometria Euclidiana e´ o Teorema de Tales no C´ırculo, que diz: Afirmac¸a˜o 3.1. (Teorema de Tales) Todos os aˆngulos inscritos no c´ırculo determinados pelo diaˆmetro sa˜o aˆngulos retos (= pi 2 radianos). CAPI´TULO 7. GEOMETRIA ANALI´TICA PLANA 91 Figura: O Teorema de Tales no Cı´rculo Demonstrac¸a˜o. Vamos provar para pontos do C´ırculo com coordenada y > 0 (para os outros e´ ana´logo). Tome um ponto no do C´ırculo de raio r > 0, de coordenadas (x,+ √ r2 − x2), onde x ∈ [−r, r]. Queremos ver se os coeficiente angular a da reta ligando (x,+ √ r2 − x2) a (r, 0) e o coeficiente angular a′ da reta ligando (x,+ √ r2 − x2) a (−r, 0) satisfazem a condic¸a˜o que expressa a ortognalidade: a′ · a = −1. Mas a′ = √ r2 − x2 − 0 x− (−r) = √ r2 − x2 x+ r , enquanto que a = √ r2−x2 x−r e portanto: a′ · a = √ r2 − x2 (x+ r) · √ r2 − x2 (x− r) = r2 − x2 x2 − r2 = −1. � 4. A equac¸a˜o da reta de Euler Um Teorema muito geral, que escapou de Euclides, mas na˜o de Euler, e´ o seguinte: Afirmac¸a˜o 4.1. (Reta de Euler) Considere qualquer triaˆngulo. Se o triaˆngulo na˜o e´ equila´tero, o Baricentro B, o Circuncentro C e o Ortocentro H sa˜o pontos distintos mas sa˜o colineares. Ademais as distaˆncias entre eles verificam: HB = 2 · BC. Se o triaˆngulo e´ equila´tero, os treˆs pontos coincidem num mesmo ponto. Essa reta que conte´m esse treˆs pontos e´ a reta de Euler. 4. A EQUAC¸A˜O DA RETA DE EULER 92 0 10,80,60,40,20 2 1,5 1 0,5 Figura: A reta de Euler representada por segmento intersectando uma mediana, uma altura e uma mediatriz, para P = (2 3 , 2) 0 10,80,60,40,20 2 1,5 1 0,5 Figura: A reta de Euler representada por segmento intersectando uma mediana, uma altura e uma mediatriz, para P = (1 5 , 2) A` medida que formos demonstrando esse fato iremos relembrando os conceitos envolvidos. A demosntrac¸a˜o dara´ as coordenadas expl´ıcitas dos pontos e a equac¸a˜o expl´ıcita da reta de Euler. Demonstrac¸a˜o. Na˜o perdemos muita generalidade se supusermos que o triaˆngulo tem ve´rtices: (0, 0), (1, 0) e (A,B), B 6= 0, pois isso se obte´m escolhendo um sistema de coordenadas cartesiano adequado. Os lados do triaˆngulo fazem parte de treˆs retas, das quais obviamente a primeira e´ l1 : y = 0. CAPI´TULO 7. GEOMETRIA ANALI´TICA PLANA 93 A reta l2 e´ a que conte´m (0, 0) e (A,B), cuja equac¸a˜o e´: l2 : y = B A · x, se A 6= 0, ou a reta vertical: l2 : x = 0, se A = 0. E a terceira e´ a que contem (1, 0) e (A,B), cuja equac¸a˜o e´: l3 : y = B A− 1 · x− B A− 1 , se A 6= 1 ou a reta vertical l3 : x = 1, se A = 1. Os pontos me´dios de cada lado do triaˆngulo sa˜o: ( 1 2 , 0), ( A+ 1 2 , B 2 ) e ( A 2 , B 2 ). Considero agora as treˆs medianas : retas ligando ve´rtices a pontos me´dios dos lados opostos. A reta que liga (0, 0) a (A+1 2 , B 2 ) e´ m1 : y = B 2 A+1 2 · x = B A + 1 · x, se A 6= −1, ou a reta vertical m1 : x = 0, se A = −1. A reta que liga (1, 0) a (A 2 , B 2 ) e´ m2 : y = B A− 2 · x− B A− 2 , se A 6= 2, ou a reta vertical m2 : x = 1, se A = 2. A reta que liga (A,B) a (1 2 , 0) e´: m3 : y = 2B 2A− 1 x− B 2A− 1 , se A 6= 1 2 ou a reta vertical: m3 : x = 1 2 , se A = 1 2 . Supondo por um instante que estamos no caso geral, em que A 6= −1, 2, a intersecc¸a˜o m1 ∩m2 se obtem facilmente, resolvendo: B A+ 1 x = B A− 2 · x− B A− 2 que da´ (usando B 6= 0): x = A+ 1 3 e portanto e´ B := (A+ 1 3 , B 3 ). 4. A EQUAC¸A˜O DA RETA DE EULER 94 Agora tratemos dos casos particulares que faltaram. Se A = −1, enta˜o m1 ∩m2 consiste na intersecc¸a˜o de x = 0 e y = −B3 x+ B3 . Ou seja e´ o ponto (0, B 3 ), que coincide com o B. Se A = 2, enta˜o m1 ∩m2 e´ dada por y = B3 x intersectada com x = 1, que da´ o ponto: (1, B 3 ), que coincide tambe´m com o B. Agora Afirmo que B ∈ m3. Se A 6= 1 2 enta˜o o fato ques eja verdade ( 2B 2A− 1) · ( A+ 1 3 )− B 2A− 1 = B 3 diz que B ∈ m3. Se A = 1 2 , enta˜o m3 e´ dada por x = 1 2 , que obviamente passa por B = ( 1 2 + 1 3 , B 3 ) = ( 1 2 , B 3 ). Esse ponto B, que em todos os casos poss´ıveis e´ B = m1 ∩m2 ∩m3 e´ chamado Baricentro. Considero agora as treˆs mediatrizes : retas saindo de cada ponto me´dio em aˆngulo reto com o lado. A mediatriz pelo ponto me´dio (1 2 , 0) e´ fa´cil, e´ a reta: md1 : x = 1 2 . O lado que conte´m o ponto me´dio (A 2 , B 2 ) esta´ na reta l2 e essa reta ou e´ y = B A x, se A 6= 0, ou a reta vertical x = 0 se A = 0. Portanto mediatriz md2 pelo ponto me´dio ( A 2 , B 2 ) ou e´ horizontal md2 : y = B 2 , se A = 0, ou a reta: md2 : y = −A B · x+ (B 2 + A2 2B ), se A 6= 0, (lembre que nunca B = 0). Enta˜o md1 ∩md2 e´ o ponto: C : (1 2 , B 2 ), se A = 0 ou C : (1 2 , A · (A− 1) 2B + B 2 ), se A 6= 0. CAPI´TULO 7. GEOMETRIA ANALI´TICA PLANA 95 Afirmo agora que em qualquer caso: C ∈ md3 onde md3 e´ a mediatriz do lado contendo om ponto me´dio ( A+1 2 , B 2 ). De fato, o lado esta´ contido em l3, cujas equac¸o˜es sa˜o: l3 : y = B A− 1 · x− B A− 1 , se A 6= 1 ou a reta vertical l3 : x = 1, se A = 1. Portanto ou md3 e´ y = B 2 no caso A = 1 e claramente passa por C : (1 2 , B 2 ), ou md3 : y = −A− 1 B · x+ B 2 + A2 − 1 2B , se A 6= 1, que passa tambe´m por C = (1 2 , A · (A− 1) 2B + B 2 ), como se veˆ em seguida. Esse ponto C que verifica: C = md1 ∩md2 ∩md3 e´ chamado Circuncentro (o Exerc´ıcio 8.7 ajudara´ a justificar essa nomenclatura). Ja´ podemos nos perguntar o que acontece se B = C. Isso ocorre quando: A+ 1 3 = 1 2 e B 3 = A · (A− 1) 2B + B 2 . A primneira da´ A = 1 2 , que posta na segunda da´: B2 = 3 4 , ou seja B = √ 3 2 ou B = − √ 3 2 . Esse triaˆngulo com (A,B) = (1 2 , √ 3 2 ) ou (A,B) = (1 2 ,− √ 3 2 ) e com os outros ve´rtices em (0, 0) e (1, 0) e´ equila´tero. Agora consideremos as treˆs alturas : retas que saem de ve´rtices e sa˜o ortogonais ao lado oposto. Como veremos no Exerc´ıcio 8.6, se P = (x, y) 6∈ r, a reta PQ intersecta ortogonalmente r : y = ax+ b em Q ∈ r com coordenadas Q = (x, b) se a = 0 4. A EQUAC¸A˜O DA RETA DE EULER 96 ou coordenadas Q = ( x− a(b− y) a2 + 1 , a · ( x− a(b− y) a2 + 1 ) + b ), se a 6= 0. A altura que sai de (A,B) e vai ortogonal ate´ o lado l1 : y = 0 e´ portanto: h1 : x = A. A altura que sai de (0, 0) e´: h3 : y = 0, se A = 1, pois nesse caso l3 : x = 1. Ou h3 = −A− 1 B · x, se A 6= 1, pois no caso geral l3 : y = B A− 1 · x− B A− 1 . A intersecc¸a˜o h1 ∩ h3 e´ portanto: (1, 0), se A = 1 ou (A,−A · (A− 1) B ), se A 6= 1. Em qualquer caso, H = (A,−A · (A− 1) B ) = h1 ∩ h2. Afirmo que H ∈ h2, onde h2 e´ a altura que sai de (1, 0) e chega ortogonal a l2. Se l2 : x = 0 (quando A = 0) enta˜o h2 : y = 0 obviamente passa por H. E se l2 : y = BA · x (no caso A 6= 0) enta˜o: h2 : y = −A B · x+ A B . Nesse caso tambe´m