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LEPTOSPIROSE CANINA Veterinária Sou Animal A leptospirose é uma zoonose de curso agudo a crônico, causada por bactérias do gênero Leptospira. Acomete todos os animais homeotérmicos, além do homem, sendo considerada uma zoonose ocupacional. É de distribuição mundial e ocorre principalmente em regiões tropicais e subtropicais, sendo considerada uma doença emergente e reemergente. O rato de esgoto é o principal reservatório e portador são universais. O cão tem papel importante na cadeia de transmissão da doença para o homem, potencializado pela proximidade estabelecida no mundo contemporâneo entre ambos, coloca a leptospirose canina como uma preocupação relevante na saúde pública e como problema socioeconômico, dependendo da espécie acometida. A leptospirose é uma doença bacteriana, sendo a Leptospira o agente infeccioso. Ela se desenvolve no organismo dos ratos de bueiro, que constantemente estão em contato com sujeira, fossas e esgotos. A leptospirose atinge principalmente o fígado e os rins, trazendo aspectos típicos da doença, como a cor amarelada das mucosas O período de incubação, ou seja, tempo entre a infecção da doença até o momento que o animal leva para manifestar os sintomas, pode variar de 1 a 30 dias e normalmente ocorre entre 7 a 14 dias após a exposição a situações de risco. As manifestações clínicas variam desde formas assintomáticas e subclínicas até quadros graves, associados a manifestações fulminantes. São divididas em duas fases: fase precoce e fase tardia. A doença apresenta elevada incidência em determinadas áreas além do risco de letalidade, que pode chegar a 40% nos casos mais graves. Sua ocorrência está relacionada às condições precárias de infraestrutura sanitária e alta infestação de roedores infectados. A transmissão normalmente acontece por meio da urina do rato, que pode ser propagada pela água de rios, córregos e relacionados. Quem mora em casas deve ter atenção redobrada: os ratos podem entrar nos quintais de casa e, assim como os próprios cães, podem urinar para marcar território. Um dos grandes problemas nesse sentido é que a ração do seu cachorro pode ser o destino de um rato esfomeado, que marcará seu território diretamente na comida do pet. Nesses casos, o risco de infecção é alto, pois a doença é contraída através da penetração da bactéria nas mucosas – boca, língua, olhos e ferimentos abertos. Por ser uma doença sistêmica, os sinais clínicos apresentados pelo pet podem ser variados e, em um primeiro momento, associados a problemas específicos e pontuais do seu companheiro. Por isso, ressaltamos a necessidade de um olhar clínico e observador nos sintomas e hábitos do animal. Os principais sintomas da doença, são: Vômitos e diarreia; Perda de apetite; Febre; Urina escura (cor de coca-cola) ; Ulceras bucais; Cor amarelada nas mucosas dos olhos e da boca; Debilitação geral do animal. Atenção com períodos de chuva e alagamentos Se recorrentes chuvas estão acontecendo na sua cidade e a rota de passeio com o seu cão é próximo a grandes poças, enchentes e alagamentos, rios transbordados e afins, considere deixar o passeio para uma outra ocasião. Essas situações são propícias a propagação da Leptospira. O tratamento da leptospirose é realizado com potentes antibióticos que inibem e eliminam a Leptospira. Em paralelo, medicamentos de suporte com foco nos órgãos debilitados também devem ser aplicados, assim como suplementos e uma dieta específica e especial, levando em consideração que o trato gastrointestinal possa estar comprometido. Na grande maioria dos casos, os cães contaminados devem ser internados de forma integral ou parcial, de acordo com o estado de avanço da doença no organismo. Eles devem ficar em clínicas com estruturas especiais, e isolados para que o contagio a outros pets não aconteça. O diagnóstico pode ser realizado por meio da suspeita clínica do médico veterinário, seguida da confirmação via exame sanguíneo. A partir daí, o médico veterinário deve prescrever o tratamento. O acompanhamento profissional durante todos os estágios – da suspeita até a cura – é essencial. Como é feito o diagnóstico? Diagnóstico laboratorial Exames específicos O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva em que se encontra o paciente. Exame direto Cultura Detecção do DNA pela reação em cadeia da polimerase (PCR) ELISA-IgM Exames inespecíficos Hemograma Bioquímica (ureia, creatinina, bilirrubina total e frações, TGO, TGP, gama-GT, fosfatase alcalina e CPK, Na+ e K+) Radiografia de tórax Eletrocardiograma (ECG) Gasometria arterial Quais são as complicações? Insuficiência renal aguda - não oligúrica e hipocalêmica Insuficiência renal oligúrica por azotemia pré-renal Necrose tubular aguda Miocardite - acompanhada ou não de choque e arritmias por distúrbios eletrolíticos Pancreatite Anemia Distúrbios neurológicos (confusão, sinais de irritação meníngea) Como prevenir? Prevenção A prevenção é muito importante para reduzir ao máximo as chances do animal contrair a Leptospirose. O modo mais eficaz de prevenir essa enfermidade é a vacinação, que deve ser feita anualmente ou semestralmente com as vacinas polivalentes chamadas de V8, V10, ou V11, dependendo da recomendação do Médico Veterinário. Além da imunização, é interessante regrar a alimentação do animal para que a ração não fique exposta ao logo do dia. Essa medida é indicada para evitar que os roedores (principais hospedeiros) cheguem próximo à residência. A presença deles pode ser perigosa, pois é comum que os ratos contaminados urinem enquanto comem. Também é recomendado higienizar o ambiente com cloro rotineiramente, retirar os lixos e restos de comida todos os dias, tratar rapidamente as feridas, evitar o acesso as áreas alagadas, acúmulo de água parada e ambientes que costumam ter umidade. O controle de animais silvestres é outra preocupação que o tutor deve ter, portanto, é preciso ficar atento aos locais que podem servir de abrigo, como buracos em telhas e tocas. Obras de saneamento básico (drenagem de águas paradas suspeitas de contaminação, rede de coleta e abastecimento de água, construção e manutenção de galerias de esgoto e águas pluviais, coleta e tratamento de lixo e esgotos, desassoreamento, limpeza e canalização de córregos), melhorias nas habitações humanas e o controle de roedores. Evitar o contato com água ou lama de enchentes e impedir que crianças nadem ou brinquem nessas águas. Pessoas que trabalham na limpeza de lama, entulhos e desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha (ou sacos plásticos duplos amarrados nas mãos e nos pés). A água sanitária (hipoclorito de sódio a 2,5%) mata as leptospiras e deve ser utilizada para desinfetar reservatórios de água: um litro de água sanitária para cada 1.000 litros de água do reservatório. Para limpeza e desinfecção de locais e objetos que entraram em contato com água ou lama contaminada, a orientação é diluir 2 xícaras de chá (400ml) de água sanitária para um balde de 20 litros de água, deixando agir por 15 minutos. Controle de roedores - acondicionamento e destino adequado do lixo, armazenamento apropriado de alimentos, desinfecção e vedação de caixas d´água, vedação de frestas e aberturas em portas e paredes, etc. O uso de raticidas (desratização) deve ser feito por técnicos devidamente capacitados. Como é feito o diagnóstico? Quais são as complicações?
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