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Lep���p��o�� ● Doença infecciosa ● Caráter febril ● Início abrupto ● Causada por uma bactéria aeróbica ● Espectro clínico variável ○ Desde quadros oligossintomáticos, até formas graves com caráter ictohemorragicos da doença que leva a insuficiência renal aguda. ● Zoonose de distribuição mundial ● Importante problema de saúde pública ● Doença considerada negligenciada Agente etiológico ● Bactéria helicoidal (espiroqueta) ○ caráter móvel e flexível, possui certa mobilidade que influencia no seu modo de transmissão. ● Aeróbica obrigatória ○ Alta capacidade de sobrevivência no meio ambiente → Até 180 dias )principalmente em água doce e solos úmidos) ● Gênero Leptospira ○ dividido em dois grupos: OBS: Saprófitas não causam doenças. Dentre as patogênicas existem 14 espécies conhecidas, porém a interrogans é a mais importante. Leptospira interrogans ● Individualizadas em sorotipos ou sorovares pelas suas características antigênicas OBS: Normalmente cada sorovar tem um hospedeiro preferencial, mas um animal pode albergar um ou mais sorovares. Qualquer sorovar pode determinar as diferentes formas de apresentação clínica no homem. ● No Brasil, os sorovares Icterohaemorrhagiae e Copenhageni estão relacionados aos casos mais graves. ● Alguns sorovares de leptospiras patogênicas e respectivos reservatórios Reservatórios ● Esses animais não desenvolvem a doença quando infectados e albergam a leptospira nos rins, eliminando-a viva no meio ambiente e contaminando água, solo e alimentos. ● Outros reservatórios são caninos, suínos, bovinos, equinos, ovinos e caprinos. ● Principais espécies de ratos: Rattus novergicus, Rattus rattus, Mus musculus. ○ O R. novergicus é o principal reservatório do Icterohaemorrhagiae, que é o sorovar mais patogênico pro homem. ● O homem entra como hospedeiro acidental e terminal. Modo de transmissão ● A infecção humana resulta da exposição direta ou indireta à urina de animais infectados. ● Penetração do microrganismo: ○ Através da pele com presença de lesões ○ Pele íntegra imersa por longos períodos em água contaminada ○ Através de mucosas ● Contato com sangue, tecidos e órgãos de animais infectados; ● Transmissão acidental em laboratórios ● Ingestão de água ou alimentos contaminados. ● A transmissão pessoa a pessoa é rara Ciclo epidemiológico da doença OBS: Os principais reservatórios que são os roedores eliminam leptospira na urina, esses animais infectados podem eliminar na urina por meses, anos ou toda a sua vida, depende da espécie animal, e do sorovar envolvido. Essa leptospira eliminada na urina vai contaminar a água e o solo. Os principais fatores de risco são os locais onde há ocorrência de enchentes, onde há falta de saneamento básico, e onde se pratica esportes na água. As pessoas entram em contato com esses locais contaminados e acabam se infectando. Pode ocorrer de mamíferos (reservatórios) eliminarem a leptospira na urina, e em órgãos, e aí vai haver outros fatores de risco, como quem trabalha em abatedouros, ou produção desses animais. E aí a infecção humana pode ocorrer se a pessoa entrar em contato com a urina desses animais infectados. Os sinais clínicos vão ser disfunção renal e hepática, e hemorragia pulmonar. ● Período de incubação ○ Varia de 1 a 30 dias ( média entre 5 e 14 dias) ● Todas as pessoas são suscetíveis. ● A imunidade após a infecção é considerada sorovar específica ○ Um mesmo indivíduo pode apresentar a doença mais de uma vez, se for um sorovar diferente da vez anterior. Manifestações clínicas Fase precoce (fase leptospirêmica) ● Febre de início abrupto, cefaléia, mialgia (principalmente na panturrilha), anorexia, náuseas e vômitos ● Corresponde de 85 a 90% das formas clínicas, mas poucos casos são identificados e notificados nessa fase da doença, em decorrência das dificuldades inerentes ao diagnóstico clínico e à confirmação laboratorial. ● Podem ocorrer diarreia, artralgia, hiperemia ou hemorragia conjuntival, fotofobia, dor ocular e tosse ● Exantema ocorre em 10 a 20% dos pacientes ● Em menos de 20% dos casos também podem ocorrer hepatomegalia, esplenomegalia e linfadenopatia. ● Autolimitada e regride entre 3 e 7 dias OBS: Costuma ser diagnosticada como uma "síndrome gripal", "virose"ou outras doenças que ocorrem na mesma época, como dengue ou influenza. OBS: Alguns sinais que poderiam diferenciar Leptospira de outras doenças, seriam a sufusão conjuntival que é considerado um achado característico em 30% dos pacientes, mas aparece no final da fase precoce caracterizado por hiperemia e edema de conjuntiva ao longo das fissuras palpebrais, com a evolução da doença os pacientes podem desenvolver petéquias e hemorragias conjuntivais. E a leptospirose é geralmente associada a intensa dor muscular, principalmente na região da panturrilha e lombar. Fase tardia (fase imune) - Síndrome de Weil ● Em aproximadamente 15% dos pacientes - após a primeira semana de doença. ● Síndrome de Weil ○ Icterícia ○ Insuficiência renal ○ hemorragias ● Síndrome de hemorragia pulmonar - lesão pulmonar aguda e sangramento maciço ● Comprometimento pulmonar - tosse seca, dispneia, expectoração hemoptoica, dor torácica e cianose ● Síndrome da angústia respiratória aguda – SARA ● Manifestações hemorrágicas – pulmonar, pele, mucosas, órgãos e SNC OBS: Nesses casos pode ocorrer o óbito nas 24 primeiras horas de internação. A letalidade geral da doença torno de 10%, nos pacientes que evoluem para hemorragia pulmonar a letalidade é maior que 50% Convalescença e sequelas ● De 1 a 2 meses → à persistir febre, cefaléia, mialgias e mal-estar geral por alguns dias. ● Nesta fase, astenia e anemia podem ser observadas. ● A icterícia desaparece lentamente, podendo durar por semanas. ● Os níveis de anticorpos, detectados pelos testes sorológicos, diminuem progressivamente; Em alguns casos, porém, os níveis de anticorpos permanecem elevados por vários meses. ● A eliminação de leptospirose pela urina (leptospirúria) pode continuar por uma semana até vários meses após o desaparecimento dos sintomas. Diagnóstico ● Suspeição clínica e epidemiológica ○ Antecedente de contato com ratos; ○ Exposição a enchentes ou animais; ○ Icterícia rubínica; ○ Mialgia na panturrilha; ○ Petéquias conjuntivais; ● Exames gerais ○ Principalmente relacionados a função do fígado e rim ● Confirmação por exames laboratoriais Diagnóstico laboratorial ● O método laboratorial de escolha depende da fase evolutiva em que se encontra o paciente: ● Fase precoce: ○ Exame direto ○ Cultura ■ Demora a ficar pronta ○ PCR ● Fase tardia: ○ Cultura ○ ELISA-IgM ○ Microaglutinação (MAT) ■ Esses exames devem ser realizados pelos Lacens, pertencentes à Rede Nacional de Laboratórios de Saúde Pública. ■ Padrão ouro OBS: O resultado negativo de qualquer exame sorológico específico para leptospirose (ELISA-IgM, MAT), com amostra sanguínea coletada antes do 7º dia do início dos sintomas, não descarta o caso suspeito. Tratamento ● Assistência médica ao paciente ● Hospitalização imediata dos casos graves, visando evitar complicações e diminuir a letalidade. ● Nos casos leves, o atendimento é ambulatorial. ● Fase precoce ○ Doxiciclina* ○ Amoxicilina ● Fase tardia ○ Penicilina ○ Ampicilina ○ Ceftriaxona OBS: A Doxiciclina, seria a droga de escolha, mas não pode ser usada em pacientes com nefropatias e hepatopatias, nem gestantes, nem crianças… OBS: O tratamento é mais efetivo na primeira semana do aparecimento dos sinais. Características epidemiológicas ● A leptospirose tem distribuição universal ● No Brasil, é uma doença endêmica ● Torna-se epidêmica em períodos chuvosos, principalmente nas capitais e áreas metropolitanas: ○ Enchentes ○ Aglomeração populacional de baixa renda ○ Condições inadequadas de saneamento ○ Alta infestação de roedores infectados ● Nos últimos 10 anos: ○ Média anual de 3.600 casos e 375 óbitos no país ● As regiões Sudeste e Sul concentram o maior número de casos confirmados ● A doença apresenta uma letalidade média de 9% ● Entre os casos confirmados,o sexo masculino com faixa etária entre 20 e 49 anos estão entre os mais atingidos. ● Quanto às características do LPI, a maioria ocorre em área urbana, e em ambientes domiciliares. ● Algumas ocupações facilitam o contato com as leptospiras: ○ Trabalhadores em limpeza e desentupimento de esgotos, garis, catadores de lixo, agricultores, veterinários, tratadores de animais, pescadores, magarefes, laboratoristas, militares e bombeiros, entre outras. Vigilância epidemiológica ● Objetivos: ○ Reduzir a letalidade da doença ○ Monitorar a ocorrência de casos e surtos ○ Identificar os sorovares circulantes Notificação ● Notificação compulsória imediata ● Tanto a ocorrência de casos suspeitos isolados como a de surtos devem ser notificadas, o mais rapidamente possível, para o desencadeamento das ações de vigilância epidemiológica e controle. ● A notificação deve ser registrada no SINAN ● Ficha de Investigação da Leptospirose ● Investigação epidemiológica Medidas de prevenção e controle Relativas às fontes de infecção ● Controle da população de roedores ● Armazenamento apropriado dos alimentos em locais inacessíveis aos roedores. ● Nas áreas urbanas, deve-se ter atenção com o armazenamento e destinação do lixo doméstico: ○ As latas de lixo devem ser bem vedadas, e seu conteúdo, destinado ao serviço de coleta pública. ● Manutenção de terrenos, públicos ou privados, murados, limpos e livres de mato e entulhos, evitando condições propícias à instalação e proliferação de roedores. ○ desratização periódica das bocas de lobo. ● Segregação e tratamento de animais de produção e companhia acometidos pela doença ● Criação de animais seguindo os preceitos das boas práticas de manejo e posse responsável. ○ A vacinação de animais domésticos e de produção (cães, bovinos e suínos) evita o adoecimento e transmissão da doença por aqueles sorovares que a vacina protege; ■ A vacina previne a doença, e não a transmissão. ○ Está disponível em serviços particulares, ficando a critério do proprietário vacinar ou não o animal, sendo válida como estratégia de proteção individual. ● Manter sempre os locais de criação limpos, as rações bem armazenadas, para evitar a proliferação de roedores. ● Não está disponível a vacina para humanos Relativas às fontes de exposição ● Conhecimento da distribuição espacial e temporal dos casos ● Mapeamento das áreas e do período de ocorrência dos casos ● Locais com maior potencial para a transmissão de leptospirose ● Uso de informações dos sistemas de previsão climática, para desencadear alertas de risco de enchentes às populações que vivem em áreas sujeitas a esses eventos e, com isso, orientá-las a evitar a exposição às águas das enchentes ● Organização de um sistema de orientação aos empregadores e profissionais que atuam nos serviços de maior risco sobre a necessidade do uso de equipamentos de proteção individual. OBS: Para os três primeiros tópicos, são utilizados o banco de dados das áreas prioritárias, para controle e prevenção. Relativas às vias de transmissão ● Cuidados com a água e alimentos para consumo humano ● Garantia da utilização de água potável, filtrada, fervida ou clorada para consumo humano, haja vista serem comuns quebras na canalização durante as enchentes; ● Limpeza da lama residual das enchentes → A lama das enchentes, de alto poder infectante, adere a móveis, paredes e chão; ● Limpeza de reservatórios domésticos de água (caixa d’água e cisternas); ● Descartar alimentos que entraram em contato com águas de enchentes; ● Armazenar os alimentos em locais elevados, acima do nível das águas e fora do alcance de roedores ou outros animais; ● Lavar as mãos com água tratada, antes de manipular os alimentos. Saneamento ambiental ● O efetivo controle de roedores e da leptospirose depende, em primeira instância, das melhorias das condições de saneamento ambiental e de habitação ● Águas superficiais e esgotos ○ Implantação, ampliação ou aprimoramento dos sistemas de coleta, afastamento e tratamento de esgotos domésticos e industriais. ● Resíduos sólidos ○ Implantação, ampliação ou aprimoramento dos sistemas de coleta e tratamento de resíduos domésticos e industriais. ○ Destinação correta dos resíduos coletados conforme o tipo de resíduo e as exigências legais ● Infraestrutura urbana ○ Execução de obras que evitem ou contenham enchentes e alagamentos em áreas habitadas. Questões comentadas (UFSM, 2019) Na saúde pública, a leptospirose é uma importante doença infecciosa febril, cujo agente etiológico são bactérias espiroquetas do gênero Leptospira. Em relação a essa enfermidade, é correto afirmar que: A) a transmissão do microorganismo de pessoa a pessoa é rara, entretanto pode ocorrer pelo contato com urina, sangue, secreções e tecidos de pessoas infectadas. B) os roedores Rattus norvegicus, Rattus rattus e Mus musculus são os hospedeiros acidentais, albergando o agente etiológico nos rins, no fígado e no intestino, e desenvolvem a doença quando infectados. (São reservatórios, e não hospedeiros acidentais. E eles não desenvolvem a doença, apenas albergam a bactéria nos rins) C) o indivíduo, após a infecção com o agente etiológico, desenvolve imunidade adquirida, sendo protegido de novas infecções, independentemente do sorovar. (Imunidade sorovar dependente) D) é preconizado, no tratamento da enfermidade, o uso de doxiciclina em crianças com menos de 9 anos de idade e mulheres grávidas, pois é um antimicrobiano de eleição em pacientes que não podem usar amoxicilina. (Doxiciclina não pode ser utilizada em crianças, e nem em gestantes) E) o resultado negativo de qualquer exame sorológico específico para leptospirose, com soro coletado antes do sétimo dia do início dos sintomas, é conclusivo, descartando os casos suspeitos. (Antes do sétimo dia, não descarta caso suspeito) (UFF, 2019) Sobre a epidemiologia da leptospirose: (A) os cães podem permanecer como portadores assintomáticos, eliminando a bactéria causadora da enfermidade pela urina. (B) os cães não são capazes de eliminar a bactéria causadora da enfermidade pela urina em função da imunidade inata. (C) os cães não podem ser fonte de infecção da bactéria causadora da enfermidade, já que o único animal que transmite a doença é a ratazana de esgoto. (D) os gatos são mais suscetíveis que os cães à doença. (Os gatos aparentam ser menos suscetíveis) (UEPG, 2018) A leptospirose é uma doença causada por uma bactéria do gênero Leptospira. Sobre esta doença, assinale o que for correto. 01) No Brasil, a prevenção da doença em humanos e animais se dá por meio de vacinação. (Não há vacinação para humanos) 02) A transmissão só acontece se a urina contaminada de um roedor entrar em contato com a pele com algum ferimento ou arranhão. (Ela ocorre em outras situações, a bactéria tem penetração ativa se a pele íntegra ficar em contato com a água contaminada algum tempo) 04) Cães e gatos podem desenvolver a doença e transmiti-la ao ser humano por meio da sua urina contaminada. 08) A principal forma de transmissão da doença em área urbana é a urina de roedores.
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