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AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 PROBLEMA 1 SISTEMA REPRODUTOR FEMININO ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS OVÁRIOS: gônadas femininas, agem também como glândulas endócrinas, secretando vários hormônios necessários para a fertilidade, menstruação e maturação sexual das mulheres. É sustentado em sua posição por vários pares de ligamentos: • Ligamento suspensor do ovário (por onde passam nervos, vasos sanguíneos e linfáticos) • Mesovário (parte do ligamento largo do útero) • Ligamento útero-ovárico TUBAS UTERINAS: são revestidas por uma parte do ligamento largo do útero, o mesossalpinge. • Infundíbulo: parte distal, onde se localizam as fímbrias. • Ampola: a parte mais longa e mais larga da tuba uterina. É o local mais comum de fertilização. • Ístmo: é a parte mais estreita da tuba uterina. • Parte intramural (uterina): se comunica diretamente com a cavidade uterina através do óstio uterino. ÚTERO:órgão muscular oco, geralmente está localizado na pelve menor, com o corpo sobre a bexiga urinária e o colo entre a bexiga e o reto. Na mulher adulta, o útero geralmente encontra-se antevertido e antefletido. É dividido em: • Corpo: é a porção dilatada • Fundo: é a parte superior. • Colo uterino: porção mais estreita e mais baixa. Apresenta: Endocérvice (parte interna): epitélio colunar simples (glandular). Ectocérvice (parte externa): epitélio escamoso e estratificado. Junção Escamocolunar (JEC): entre os dois epitélios, variável dependendo da situação hormonal. A parede do corpo do útero é formada por 3 camadas: • Perimétrio: revestimento seroso externo. • Miométrio: camada média de músculo liso. • Endométrio: camada mucosa interna. O útero é parcialmente revestido pelo peritônio, a partir dele, têm-se duas pregas: • Escavação reto-uterina (de Douglas) • Escavação vesico-uterina. Ligamentos: • Ligamento largo • Ligamento redondo do útero • Ligamento útero-ovárico Saúde da Mulher AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO - 1/2022 MÓDULO II https://www.kenhub.com/pt/library/anatomia/peritonio AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 VAGINA: estende-se do útero à vulva, apresenta epitélio escamoso, que sofre a ação do estrógeno. Possibilita a menstruação, a relação sexual e o parto. CONSULTA GINECOLÓGICA ANAMNESE IDENTIFICAÇÃO: importante para avaliação epidemiológica. QP: frequente não há queixas específicas, pode ser um atendimento para realizar exames de rastreio, bem como pacientes que buscam uma conversa para tirar dúvidas. Dentre as queixas específicas predominam: dor pélvica, alterações menstruais e leucorreias. HMA: investigar as queixas procurando: início, duração, intensidade, periodicidade, fatores agravantes e atenuantes, etc. HP: doenças da infância, cirurgias prévias, obesidade, etilismo e tabagismo, uso de medicamentos, tromboembolismo, HAS, DM. HF: história de CA ginecológico (útero, ovário, endométrio) e CA de mama, outras neoplasias, DM, HAS, tromboembolismo, patologias de tireoide e etc. HGO: Menarca (precoce: < 9 anos), telarca, pubarca, sexarca, DUM, regularidade dos ciclos, número médio de dias, duração da menstruação, quantidade do fluxo menstrual, sintomas perimenstruais, alterações no padrão menstrual, uso de métodos contraceptivos (quais métodos, idade de início e por quanto tempo, nível de adaptação e satisfação com o método atual), sintomas associados à relação sexual, riscos de exposição à ISTS. GXPXAX, anormalidades no pré-natal, particularidade dos partos, peso dos RN, tempo de amamentação anticoncepção no puerpério, investigar sintomas climatéricos, corrimentos, alterações nas mamas e queixas urinárias se presentes, tratamentos ginecológicos, exames de rastreio (PCCU, mamografia, data do último exame e laudo). HBPS: condições de habitação, noções de higiene, nível socioeconômico e grau de instrução, situação familiar, animais em casa, hábitos de vida. RS: alterações no hábito intestinal, alterações urinárias, dificuldade para dormir, apetite. EXAME FÍSICO GERAL Dados vitais, antropométricos e ectoscopia. EXAME FÍSICO GINECOLÓGICO EXAME CLÍNICO DAS MAMAS INSPEÇÃO ESTÁTICA: feita com a paciente sentada e com os braços pendentes ao lado do corpo. Deve-se observar volume, contorno, forma, simetria, abaulamento e retrações, pigmentação areolar, morfologia da papila e circulação venosa, presença de cicatrizes cirúrgicas prévias, nevos, marcas congênitas e tatuagens. INSPEÇÃO DINÂMICA: pede-se a paciente que eleve os membros superiores acima da cabeça, coloque a mão na cintura e depois, incline o tronco para frente. O objetivo é realçar possíveis retrações e abaulamentos e verificar o comprometimento dos planos musculares, cutâneo e do gradil costal. PALPAÇÃO: abrange o exame dos linfonodos das cadeias axilares, supra e infraclaviculares e palpação das mamas: 1ª Etapa: ainda com a paciente sentada, pede-a para apoiar o braço no ombro do médico, e ele palpa a axila com a mão contralateral com os dedos em forma de concha, buscando linfonodos, caracterizando-os pelo tamanho, consistência e mobilidade. 2º Etapa: com a paciente deitada em decúbito dorsal, solicita que ela coloque as mãos atrás da nuca e com os braços elevados para trás. Deve-se pressionar, suavemente, o parênquima mamário, deve fazer movimentos circulares no sentindo horário, pode-se utilizar somente a ponta dos dedos ou a mão espalmada, não se deve pinçar a mama. Deve palpar a mama seguindo como limite superior a clavícula, inferior o sulco infra-mamário, lateral a linha axilar média e medial a borda do esterno, pois o tecido mamário pode estender até essas regiões. Expressão mamilar: não é um consenso da literatura, mas caso feito deve ser suave e pegar da região da aréola indo para o bico. É essencial quando há queixa de derrame papilar espontâneo. Os principais achados no ECM que necessitam de referência para investigação diagnóstica são: • Nódulo endurecido e fixo, independente da idade. • Nódulo persistente por mais de um ciclo menstrual em mulheres com > 30 anos ou presente depois da menopausa. • Nódulo em mulheres com história prévia de câncer de mama. • Alteração unilateral na pele da mama, como eczema, edema (casca de laranja), retração ou distorções do mamilo. • Descarga papilar sanguinolenta unilateral e espontânea. OBS: o ministério da saúde não indica o autoexame das mamas como método de rastreio, é importante no autoconhecimento da mulher. EXAME DO ABDÔMEN INSPEÇÃO: estado nutricional da paciente, depósito de tecido adiposo, o aspecto da pele e a distribuição de pelos, a presença de abaulamentos ou retrações, circulação colateral, hérnias umbilicais e estrias, pigmentação da linha alba (gravidez). AUSCULTA: verifica presença de ruídos hidroaéreos, e no caso de gestantes, os batimentos cardíacos do feto. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 PALPAÇÃO: superficial e profunda, devendo orientar a paciente a esvaziar a bexiga antes do exame, pois bexiga cheia pode simular tumor pélvico. Os ovários e úteros não são palpáveis, a presença de uma massa no andar inferior do abdômen é sugestiva de patologia ginecológica. PERCUSSÃO: identifica som de macicez ou timpanismo em todas as regiões abdominais. EXAME DA GENITÁLIA EXTERNA É imprescindível explicar à paciente, previamente, tudo que vai ser feito deixá-la à vontade e tranquila. O ideal é a posição de litotomia em mesa ginecológica: decúbito dorsal, nádegas na borda da mesa, pernas fletidas sobre as coxas e estas fletidas sobre o abdome. É importante que a paciente esteja despida e, de preferência, coberta com um avental e um lençol. Além disso, a avaliação deve ser realizada com luva. INSPEÇÃO ESTÁTICA:observa-se a distribuição e aspectos dos pelos, forma do períneo e a conformação externa da vulva, deve-se afastar os grandes lábios par a visualizar os pequenos lábios, o clitóris, o hímen, o meato uretral e as glândulas vestibulares. Na região anal, procura-se por hemorroidas, fissuras ou prolapsos. INSPEÇÃO DINÂMICA: o vestíbulo e o introito vaginal devem ser avaliados sob esforço (manobra de Vasalva), tornando mais evidentes possíveis distopias. Pode observar com mais precisão a integridade anatômica das paredes vaginais e seus órgãos adjacentes. EXAME ESPECULAR O objetivo é realizar a exposição do colo do útero, permitindo a visualização completa e a coleta adequada de material para o exame citológico, bem como permitir a visualização do conteúdo e da mucosa vaginal (o que só pode ser feito no momento da retirada do espéculo). Utiliza-se o espéculo de Collins, articulado, que pode ser em aço ou material descartável, apresentando variados tamanhos, deve-se escolher sempre o menor espéculo que possibilite o exame adequado, de forma a não provocar desconforto na paciente. Ao abrir o campo estéril, o qual contém o espéculo e a pinça Cheron, se procederá à disposição organizada do material sobre o campo. Introdução do espéculo e inspeção: Deve-se avisar a paciente de que será introduzindo o espéculo, preveni-la quanto ao desconforto e a dor. Para a introdução do espéculo, considerando um indivíduo destro, o examinador afastará os grandes e pequenos lábios com o polegar e o 3º dedo da mão esquerda para que o espéculo possa ser introduzido suavemente na vagina. A mão direita, que introduzirá o espéculo, deverá pegá-lo pelo cabo e borboleta. O espéculo é introduzido fechado. Apoia-se o espéculo sobre a fúrcula, ligeiramente oblíquo (para evitar lesão uretral), e faz-se sua introdução lentamente; antes de ser completamente colocado na vagina, quando estiver em meio caminho, deve ser rodado, ficando as valvas paralelas às paredes anterior e posterior; posição que ocupará no exame. A extremidade do aparelho será orientada para baixo e para trás, na direção do cóccix, enquanto é aberto. Na abertura do espéculo, a mão esquerda segura e firma a valva anterior do mesmo, para que a mão direita possa, girando a borboleta para o sentido horário, abri-lo e expor o colo uterino. A visualização das paredes vaginais deve considerar a coloração, rugosidade, trofismo, comprimento, elasticidade, fundos de sacos laterais, anterior e posterior. Analisar presença ou não de cistos, tumorações, bridas, fístulas e cicatrizes. Observar o colo uterino, quanto a sua localização, forma, volume e forma do orifício externo, presença de muco, sangue ou outras secreções, cistos, pólipos, ectopias, hipertrofias e etc. EXAME PREVENTIVO (PCCU) É um exame rápido, prático e de baixo custo, muito importante no rastreamento do câncer de colo de útero. É oferecido pelo SUS, para todas as mulheres que tem ou já tiveram vida sexual ativa entre 25 e 64 anos. Os dois primeiros exames devem ser realizados anualmente e, se ambos os resultados forem negativos, os próximos devem ser realizados a cada 3 anos. • mulheres sem história prévia de doença neoplásica pré-invasiva: interromper quando tiverem pelo menos dois exames negativos consecutivos nos últimos cinco anos. • maiores de 64 anos que nunca se submeteram ao exame citopatológico: realizar dois exames com intervalo de um a três anos. Se negativos, estão liberadas. Imunossuprimidas: deve ser realizado após o início da atividade sexual com intervalos semestrais no primeiro ano e, se normais, manter anualmente enquanto se mantiver imunossupressão. Gestantes: deve seguir as recomendações de periodicidade e faixa etária como para as demais mulheres. Para realizar o exame é necessário: espéculo vaginal, espátula de Ayre, escova endocervical, luvas, pinça Cherron, lâmina. Primeiro é introduzido o espéculo no canal vaginal, para que seja possível visualizar o colo do útero e realizar a coleta, que deve ser feita em duas áreas: na ectocérvice (região mais externa) e na endocérvice (região mais interna). Para coleta na ectocérvice utiliza-se espátula de Ayre, realiza uma raspagem em movimento rotativo de 360º graus, para que toda superfície do colo seja raspada, coloca a amostra na lâmina. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 Depois é feita a coleta na endocérvice, com a escova endocervical, que deve ser feita da mesma forma, em movimento giratório de 360º graus, coloca a amostra na mesma lâmina. Após a colocação da amostra na lâmina, fixa-se com com álcool etílico e encaminha-se para o laboratório para observação em microscópico. Há algumas recomendações prévias: • evitar e lubrificantes, espermicidas ou medicamentos vaginais 48h antes da coleta; • evitar a realização de exames intravaginais, como a ultrassonografia 48h antes da coleta • evitar a coleta no período menstrual. TESTE COM ÁCIDO ACÉTICO Após a coleta de secreção vaginal, devem-se limpar as secreções que ficam à frente do colo com a pinça Cheron e gaze. Aplica-se ácido acético a 5%. Aguarda-se alguns minutos (2-4 min), e se realiza novamente a inspeção do colo uterino, à procura de lesões que foram realçadas pelo produto (mais brancas e brilhantes). O ácido acético coagula as proteínas citoplasmáticas do epitélio alterado. Assim, quanto mais proteínas houver, mais esbranquiçada ficará a lesão. TESTE DE SCHILLER Aplica-se lugol com iodo no colo uterino para avaliar a reação dele com o glicogênio das células do epitélio. Células normais do colo são ricas em glicogênio e tornam-se mais escuras (marrom-escuro), enquanto as células alteradas, que possuem baixo teor de glicogênio, se coram pouco pelo lugol, assumindo cor amarelo- mostarda. Teste de Shiller negativo, iodo-positivo: o epitélio se cora, demonstrando a interação do iodo. Teste de Shiller positivo, iodo-negativo: o epitélio não se cora, uma vez que as células não possuem glicogênio para reagir com o iodo. TOQUE VAGINAL COMBINADO O exame do útero e dos anexos é realizado através do toque vaginal bimanual, que é feito com o dedo indicador e médio lubrificados, que devem ser introduzidos na vagina no sentido posterior com o bordo cubital dos dedos deprimindo a fúrcula. O polegar deve estar abduzido e o anular e o mínimo fletidos na direção da palma da mão. Avaliar o tônus muscular perineal e pesquisar nodularidades e hipersensibilidade vaginal. Palpar o colo uterino verificando: posição, formato, comprimento, consistência, bem como palpar os fórnices. Para a palpação uterina é necessário que a outra mão pressione parede abdominal em direção à profundidade, entre o umbigo e sínfise púbica, enquanto os dedos que estão dentro da vagina realizam uma elevação do colo. Com isto avaliam-se volume, forma, consistência, mobilidade, orientação. A palpação dos anexos, que envolvem os ovários e trompas, só é possível quando aumentados de volume. Para melhor avaliação do paramétrio, pode-se utilizar o toque retal, pouco usado na prática. PROBLEMA 2 CICLO MENSTRUAL É o conjunto de eventos endócrinos que dependem do Sistema Hipotálamo - Hipófise - Ovário, que resulta em alterações fisiológicas no sistema reprodutor feminino, que envolve a maturação e liberação de um óvulo e a preparação do útero para receber o embrião, caso haja fecundação. CICLO MENSTRUAL FISIOLÓGICO: • Duração do ciclo menstrual: 21 a 35 dias (média, 28 dias). • Duração do fluxo menstrual: 2 a 6 dias. • Perda sanguínea: 20 a 60 ml. FASES DO CICLO MENSTRUAL: • Ciclo ovariano: fase folicular, período ovulatório, fase lútea. • Ciclo uterino: endométrio proliferativo, endométrio secretor e endométrio menstrual. SISTEMA HORMONAL FEMININO HIPOTÁLAMO É influenciado por sinais extrínsecose intrínsecos ao SNC. Liberação pulsátil: • Fase folicular inicial: pulsos frequentes, de pequena amplitude. • Fase folicular tardia: aumento da frequência e da amplitude dos pulsos. • Fase lútea: diminuição da frequência e aumento da amplitude. O Sistema Límbico exerce influência sobre o funcionamento do hipotálamo. As emoções (estresse, AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 depressão, ansiedade, fobias) podem influenciar a liberação pulsátil do GnRH, culminando por alterar todo o eixo neuroendócrino determinando alteração do ciclo menstrual. HIPÓFISE O GnRH do hipotálamo age nas células gonadotróficas da hipófise anterior, estimulando-as a sintetizar e secretar LH e FSH na circulação, de forma pulsátil. A prolactina é um hormônio também secretado pela hipófise, cuja produção é regulada pela dopamina. As gonadotrofinas e a prolactina exercem um retro controle sobre a produção do GnRH pelo hipotálamo. LH: ovulação e produção de progesterona FSH: secreção de estrógeno levando ao desenvolvimento e maturação folicular OVÁRIOS Duplo papel de produzir gametas e secretar hormônios. Estas atividades inter-relacionadas são desenvolvidas pelo folículo de Graaf, que é a unidade funcional básica do ovário. O estrógeno e a progesterona, principais hormônios esteroides secretados pelo ovário, são encontrados, no sangue, conjugados a proteínas plasmáticas, como a albumina e a proteína carreadora de hormônios sexuais (SHBG). Estrógeno (estradiol): ação no desenvolvimento endometrial e folicular, além da promoção do pico de LH no meio do ciclo. Progesterona: ação na manutenção do arcabouço endometrial e pela retroação negativa sobre a secreção hormonal hipotalâmica. Inibina: ação inibitória sobre o hipotálamo, em associação ao estrogênio, suprimindo a produção de FSH. CICLO OVARIANO FASE FOLICULAR É a primeira fase do ciclo menstrual, e ocorre do 1° dia da menstruação até o dia do pico de LH (14° dia). Pode variar, sendo responsável por definir a duração do ciclo. Permite que apenas um único folículo se torne maduro, preparado para o processo de ovulação. Folículo primordial: são oócitos suspensos na 1ª divisão meiótica, circundado por uma única camada de células da granulosa gerados durante a vida fetal, essas células oferecem nutrição e secretem um fator inibidor da maturação do oócito. Durante a puberdade, o FSH e LH da hipófise anterior começam a ser secretados em quantidades significativas, os ovários, em conjunto com alguns dos folículos em seu interior, começam a crescer. Folículos primários: aumento moderado do próprio óvulo, com desenvolvimento de outras camadas das células da granulosa. Folículo Antral: durante os primeiros dias de cada ciclo, o pico FSH, causa o crescimento acelerado de 6 a 12 folículos primários por mês. Teca: são células estimuladas pelo LH, e produzem androgênios. Teca interna: capacidade de secretar mais hormônios sexuais esteroides (estrogênio e progesterona). Teca externa: cápsula de tecido conjuntivo muito vascular, que passa a ser a cápsula do folículo em desenvolvimento. Células da granulomatosa: são estimuladas pelo FSH e esse FSH estimula a enzima aromatase, transformando os androgênios em hormônios femininos (estrona e estradiol). Folículo maduro: após uma semana de crescimento, mas antes de ocorrer a ovulação, um dos folículos começa a crescer mais do que os outros, e os outros 5 a 11 folículos em desenvolvimento involuem (atresia). AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 FASE OVULATÓRIA A ovulação é estimulada pelo pico de LH. Um pouco antes de ovular, a teca externa começa a liberar enzimas proteolíticas dos lisossomos, causando a dissolução da parede capsular do folículo com consequente enfraquecimento dilatação da parede. Posteriormente, a parede do folículo maduro se rompe, liberando o óvulo FASE LÚTEA É a fase fixa do ciclo, com duração sempre de 14 dias. Após a expulsão do óvulo do folículo, tem-se a formação do corpo lúteo pelas células da granulosa e tecais internas remanescentes. O corpo lúteo começa a formar hormônios sexuais femininos, sobretudo a progesterona. Posteriormente, ele começa a involuir e perde suas funções secretoras e sua característica lipídica amarelada, cerca de 12 dias depois da ovulação (26° dia do ciclo sexual feminino normal), passando a ser o corpus albicans, que, durante as semanas subsequentes, é substituído por tecido conjuntivo e absorvido ao longo de meses. Em caso de fecundação, a produção de progesterona passa a ser responsabilidade da placenta. CICLO UTERINO ENDOMÉTRIO PROLIFERATIVO Após a menstruação, permanece apenas uma pequena camada de estroma endometrial. Durante a primeira parte do ciclo ovariano mensal, as células do estroma e as células epiteliais proliferam rapidamente e a superfície endometrial é reepitelizada de 4 a 7 dias após o início da menstruação, sob a influência do estrogênio. Em seguida, antes de ocorrer a ovulação, a espessura do endométrio aumenta bastante, devido ao crescente número de células estromais e ao crescimento progressivo das glândulas endometriais e novos vasos sanguíneos. ENDOMÉTRIO SECRETOR Após a ovulação, a progesterona. causa inchaço e desenvolvimento secretor do endométrio e os vasos sanguíneos ficam muito tortuosos. A finalidade geral é produzir endométrio altamente secretor que contenha grande quantidade de nutrientes armazenados, para prover condições apropriadas à implantação do óvulo fertilizado, durante a última metade do ciclo mensal. ENDOMÉTRIO MENSTRUAL A menstruação é causada pela redução de estrogênio e progesterona, especialmente da progesterona, no final do ciclo ovariano mensal. O primeiro efeito é a redução da estimulação das células endometriais por esses dois hormônios, seguida rapidamente pela involução do endométrio, reduzindo sua espessura, os vasos sanguíneos sofrem vasoespasmo, ocorre diminuição dos nutrientes, todos esses aspectos desencadeiam necrose. A massa de tecido descamado e sangue na cavidade uterina mais os efeitos contráteis das prostaglandinas agem em conjunto, dando início a contrações que expelem os conteúdos uterinos. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 SÍNDROME DO OVÁRIO POLICÍSTICO CONCEITO É uma endocrinopatia que se caracteriza por oligo- ovulação ou anovulação, sinais de excesso androgênico e múltiplos pequenos cistos ovarianos. EPIDEMIOLOGIA É o distúrbio endócrino + comum em mulheres em idade reprodutiva. FISIOPATOLOGIA Associam-se fatores genéticos, comportamentais e endócrinos. Ocorre uma dessensibilização parcial da hipófise devido ao ↑ da frequência dos pulsos de GnRH. Isso desencadeia ↑ da secreção de LH. Essa hipersecreção de LH, ocasiona a hiperatividade das células tecais que passam a produzir mais androgênios, principalmente testosterona - que não será convertida proporcionalmente em estradiol, o que explica o hiperandrogenismo. Isso mexe com o perfil lipídico e predispõe o surgimento da acne, além de que na periferia, sob ação da enzima 5-alfa-redutase a testosterona é transformada em Di-hidrotestosterona, hormônio que causa hirsutismo. A secreção ↓ de FSH, ↓ a estimulação da produção da enzima aromatase nas células da granulosa, que converteria os androgênios em estrogênios. Sendo assim, ocorre a ↓ da produção de estrogênios na gônada, propiciando um acúmulo de androgênios. Isso dificulta o completo crescimento do folículo até estágios maduros, os quais acabam estacionados em estágios intermediários (anovulação e confere ao ovário a morfologia policística). Sem a ovulação não há formação do corpo lúteo e produção adequada de progesterona por ele, o útero sofre ação somentedo estrogênio (em função da estrona), propiciando o aparecimento de sangramento uterino anormal e hiperplasia endometrial. A insulina tem ação sinérgica ao LH nas células da teca, o que leva ao ↑ da produção de androgênios ovarianos, sendo que a mulher com SOP apresenta mais frequentemente resistência à insulina e hiperinsulinemia compensatória. Além disso, a insulina também está envolvida na ↓ da produção da proteína carreadora de androgênios (SHBG) pelo fígado, o que ↑ a concentração de testosterona livre. A obesidade, promove o ↑ da aromatização periférica de androgênios, tendo, portanto, a conversão dos andrógenos em estrona que a hipófise interpreta como um pico de estrogênio, desencadeando o ↑ LH. Além disso, o excesso de peso leva a ↓ dos níveis do SHBG e ↑ da produção de insulina. A suprarrenal também se associa a ↑ da produção androgênica, devido a uma deficiência enzimática. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DISFUNÇÃO MENSTRUAL: Sangramento uterino anormal: oligomenorreia (ciclos longos, com intervalos > 35 dias) ou amenorreia (ausência de menstruação por 3 ciclos regulares ou 6 meses em ciclos irregulares). Infertilidade: devido à anovulação. Além disso as que engravidam apresentam taxa de abortamento precoce, além de outras complicações como DM gestacional e prematuridade. Possível complicação a longo prazo: Neoplasia endometrial devido ao quadro de anovulação crônica, associada a estimulação estrogênica sem oposição da progesterona. HIPERANDROGENISMO: Acne: se deve ao bloqueio da abertura folicular por produção excessiva de sebo e inflamação por ação androgênica. Alopecia: ação da 5-alfa-redutase no folículo piloso, gerando queda do cabelo. Hirsutismo: a testosterona e principalmente a di- hidrotestosterona (produzida dentro do folículo piloso pela enzima 5-alfa-redutase) são as responsáveis por engrossar e enegrecer os pelos de áreas sensíveis a androgênios. DISFUNÇÕES METABÓLICAS Acantose Nigricans: em decorrência da resistência insulínica, que estimula o desenvolvimento de queratinocitos e fibroblastos da pele, levando ao espessamento e escurecimento em áreas de flexão da pele, principalmente nas axilas e na nuca. • Diabetes tipo 2 • Dislipidemia • Obesidade: > da relação cintura/quadril. • HAS e risco de doença cardiovascular • Infertilidade AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS ROTTERDAM: ao menos 2 dos 3 critérios: Oligoamenorreia: ciclos longos, com intervalos > 35 dias. Hiperandrogenismo: clínico (acne, hisurtismo, alopecia de padrão androgênico ou hiperandrogenismo laboratorial – testosterona, adrostenediona ou SDHEA). USG TRANSVAGINAL: presença de 20 ou + folículos com diâmetro médio de 2 a 9 mm e/ou volume ovariano total maior ou igual 10cm3 (exceto se houver cisto funcional, neste caso deve-se repetir o exame no ciclo seguinte), em um ou em ambos os ovários. PERFIL ENDÓCRINO DA SOP: • ↑ da testosterona, da androstenediona e SDHEA • ↑ LH • FSH normal ou ↓ • ↑ estrogênios (em decorrência da estrona) • Hiperinsulinemia • ↓ SHBG • Prolactina: geralmente normal. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL OBS: b-HCG para excluir gestação. TRATAMENTO Deve ser individualizado de acordo com as queixas de cada paciente, mas de maneira geral, é fundamental para toda paciente com SOP a mudança do estilo de vida, com a prática de exercícios físicos regulares e acompanhamento nutricional e psicológico. IRREGULARIDADE MENSTRUAL: Progestetágenos: 1ª opção para paciente que tem disfunção menstrual sem hiperandrogenismo cutâneo, é indicado por 10 a 14 dias para mimetizar a fase lútea do ciclo menstrual, visando a regularização do ciclo, mas sem oferecer função anticoncepcional. Anticoncepcionais Hormonais Combinados: mulheres com SOP que não desejam gestar. Promove anticoncepção, redução dos níveis de androgênios circulantes (↑ síntese e liberação da SHGB e ↓ a testosterona livre) e promove antagonismo endometrial com a progesterona. HIRSUTISMO: Anticoncepcionais Hormonais Combinados: diminuem a produção adrenal e ovariana de androgênios e o crescimento de pelos por meio da supressão do LH pela progesterona, ↑da produção hepática de SHBG, que diminui a testosterona livre e inibição da 5-alfa-redutase. Hirsutismo não resolvido pelos AHC-> deve associar ao AHC substâncias antiandrogênicas, como o acetato de ciproterona –inibe competitivamente os efeitos dos androgênios nos órgãos-alvo. Depilação a laser: após cerca de 6 meses pós tratamento medicamentoso. Espironolactona: antagonista da aldosterona, tem forte efeito antiandrogênico, pois inibe a síntese de testosterona nas células produtoras de esteroides, tanto na gônada quanto na suprarrenal e compete com os androgênios por seus receptores. DESEJO DE ENGRAVIDAR: Citrato de Clomifeno: atua induzindo a ovulação, compete com o estrogênio endógeno nos receptores estrogênicos no hipotálamo e leva ao ↑ da produção LH e FSH. Gonadotrofinas: 2º opção para mulheres não responsivas ao citrato de clomifeno. Fertilização in vitro (FIV): também tem altas taxas de sucesso em pacientes com SOP que desejam engravidar. RESISTÊNCIA INSULÍNICA: Quando não controlada por medidas não farmacológicas, quando há acantose nigricans ou obesidade com antecedentes familiares de diabetes melito do tipo II é necessário o uso de metformina que atua suprimindo a glicogênese hepática, ↑ a sensibilidade periférica à insulina e ↓ a absorção intestinal de glicose. OLIGOAMENORREIA HIPERANDROGENISMO CLÍNICO E/OU LABORATORIAL MORFOLOGIA ULTRASSONOGRÁFICA POLICÍSTICA OVARIANA AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 PROBLEMA 3 VULVOVAGINITES E VAGINOSES VULVOVAGINITE: processo inflamatório que acomete a vulva, as paredes vaginais e a ectocérvice. VAGINOSE: em decorrência de um desequilíbrio na microbiota vaginal fisiológica. SECREÇÃO VAGINAL FISIOLÓGICA: varia de mulher para mulher, conforme a fase do ciclo menstrual, idade, estado emocional, gravidez e temperatura, é branco ou transparente, fluido e sem odor característico. Apresenta um pH ácido devido à produção de ácido láctico pelos lactobacilos, como mecanismo protetor, impedindo o crescimento de microrganismos oportunistas. FATORES DE RISCO/PREDISPONENTES • Múltiplos parceiros • Uso de duchas vaginais • Má higienização e vestuários inadequados • Higienização em excesso e depilação frequente • Anticoncepcionais hormonais • DIU (nas primeiras semanas após implantação) • Relação sexual desprotegida • Imunossupressão • Diabetes • Uso de antibióticos VAGINOSE BACTERIANA Causada pelo desequilíbrio da microbiota vaginal normal, há diminuição dos Lactobacillus e crescimento de outras bactérias anaeróbicas (Garnerella vaginalis, Mycoplasma, Ureaplasma, Streptococcus agalactiae) É a causa mais comum de corrimento em mulheres em idade fértil. Pode facilitar a transmissão/aquisição de ISTS, associa- se à infecção pelo HPV e lesões intraepiteliais cervicais e ao aumento em até 6x na taxa de aquisição do HIV. FISIOPATOLOGIA Com a ↓ dos Lactobacillus, o pH ↑ e a Gardnerella vaginalis produz aminoácidos que são quebrados em aminas voláteis, que aumentam mais o pH e levam ao odor desagradável particularmente após o coito. Além disso, há a produção de sialidase que decompõe o muco cervical, levando ao corrimento bolhoso. QUADRO CLÍNICO • A maioria é assintomática. AO EXAME ESPECULAR: corrimento vaginal de odor fétido, principalmente depois da relação sexual e durante o período menstrual. É fluido, homogêneo, branco acinzentado, não aderente, podendo formar bolhinhas. A parede vaginal ao exame especular sem sinais inflamatórios. DIAGNÓSTICO CRITÉRIOS DE AMSEL São 4, sendo que a presença de 3 indicam o diagnóstico:Propedêutica: coletar a secreção vaginal para o exame de pH, teste das aminas e exame a fresco. Teste das aminas/Whiff-test: adicionar de 1 a 2 gotas de hidróxido de potássio (KOH) a 10% na secreção vaginal e depositar em uma lâmina. Caso surja um odor desagradável (peixe podre) - causado pela volatilização das bases aminadas, o teste é considerado positivo. Exame a fresco: presença de clue cells (que são células epiteliais recobertas por cocobacilos Gram variáveis). ESCORE DE NUGENT Baseia-se em elementos avaliados na bacterioscopia com coloração pelo método de Gram. TRATAMENTO METRONIDAZOL: por via oral 2x ao dia por 7 dias METRONIDAZOL GEL: um aplicador intravaginal à noite durante 5 dias. CLINDAMICINA CREME: um aplicador intravaginal à noite durante 5 dias. Nas pacientes que apresentem intolerância ao metronidazol por via oral (reações como náuseas, vômitos, cefaleia, insônia, tontura, boca seca e gosto metálico), pode ser usada a via vaginal, mas as que apresentam reação alérgica devem ser tratadas com clindamicina. Recidivas: metronidazol por VO 2x ao dia, durante 7 a 14 dias. Se não for efetivo, utilizar metronidazol gel intravaginal 2x por semana, durante 4 a 6 meses. Tratar o parceiro não é necessário. Recomendações: • Abstinência de álcool durante 24 horas após o tratamento (efeito dissulfiram -desconforto abdominal, rubor, vômitos e cefaleia) • Abstenção de atividade sexual ou o uso de preservativos durante o tratamento. pH vaginal > 4,5 Corrimento vaginal branco-acinzentado homogêneo não aderente às paredes vaginais. Teste das aminas + (Whiff-test) Presença de clue cells AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 OBS: a clindamicina tem base oleosa e pode enfraquecer preservativos até 5 dias após o uso. CANDIDÍASE É a 2ª causa mais comum de corrimento vaginal. O principal agente etiológico é a Candida albicans que é encontrada na microbiota normal sem causar sintoma, mas alguns fatores podem levar ao desequilíbrio, ocasionando em infecção. Não é uma IST, mas é considerada uma doença com eventual transmissão sexual. FISIOPATOLOGIA A C. albicans apresenta dimorfismo, ou seja, de alterar sua forma habitual para uma forma mais invasiva. Quando o sistema imune não consegue inibir a proliferação dos fungos, ocorre a passagem para o estado patogênico, então, ocorrendo invasão das camadas do epitélio vaginal, resposta inflamatória e aparecimento de sintomas. São produzidas enzimas com atividade proteolítica que favorecem a aderência e o dano às células epiteliais, o que favorece a invasão. OBS: o estrogênio aumenta a concentração de glicogênio vaginal, com consequente acidificação do meio o que favorece a proliferação do fungo e adesão celular. QUADRO CLÍNICO • Prurido vulvovaginal e corrimento vaginal • Dispaneuria e disuria podem estar presentes. AO EXAME ESPECULAR: corrimento branco, grumoso, inodoro e com aspecto caseoso (“leite coalhado”). Hiperemia e edema vulvar, podem ter escoriações e a vagina e colo são recobertos por placas brancas aderidas à mucosa. DIAGNÓSTICO O diagnóstico clínico deve sempre ser confirmado pela presença de fungos, que pode ser realizada por meio de: • Exame a fresco, colocando-se em lâmina de vidro uma gota de conteúdo vaginal e uma gota de soro fisiológico ou hidróxido de potássio a 10% e observando ao microscópio a presença de hifas e/ou esporos. • Bacterioscopia com coloração pelo método de Gram e cultura em meios específicos (Sabouraud ou Nickerson), o que permite a identificação do fungo, sua espécie e eventual realização do antifungigrama, recomendável nos casos recorrentes. A positividade do exame a fresco dispensa a continuidade da investigação. TRATAMENTO CANDIDÍASE NÃO COMPLICADA: MICONAZOL: creme vaginal um aplicador intravaginal à noite por 7 dias NISTATINA: creme vaginal um aplicador intravaginal à noite por 14 dias FLUCONAZOL: VO dose única ITRACONAZOL: 2 comprimidos, VO, 2x dia, por 1 dia CANDIDÍASE COMPLICADA: MICONAZOL intravaginal por 14 dias FLUCONAZOL VO, 1x ao dia, sendo o total de 3 doses com intervalos de três dias (1º dia, 4º dia e 7º dia), seguido de terapia de manutenção 1x por semana, por 6 meses. Durante a gravidez, o tratamento deve ser realizado somente por via vaginal O tratamento oral está contraindicado na gestação e lactação. Tratar parceiros sintomáticos. Para a prevenção de novos episódios, é importante a eliminação ou pelo menos o controle de fatores predisponentes como diabetes melitus descompensada, estados de imunossupressão, tabagismo, distúrbios alimentares, hábitos de higiene ou vestuário inadequados, estresse excessivo. TRICOMONÍASE É a IST (não-viral) mais comum no mundo. Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis. FISIOPATOLOGIA Após penetrar na vagina, o Trichomonas vaginalis adere fortemente às células epiteliais, ligando uma proteína de sua superfície à membrana das células. Para sua sobrevivência, o parasita adquire nutrientes do meio externo, fagocitando bactérias, fungos e células do hospedeiro. Eritrócitos incorporam sua membrana celular para adquirir o ferro, que utiliza para seu metabolismo e aumento de virulência. Provoca resposta inflamatória e facilita a aquisição de outras infecções. QUADRO CLÍNICO MULHER • Corrimento vaginal • Ardor genital • Disúria e dispareunia. • Polaciúria AO EXAME ESPECULAR: corrimento fluido e abundante de cor amarelo-esverdeada, bolhoso, de odor fétido. Intensa inflamação na região da vagina, presença de pontos hemorrágicos na parede cervical (colpite ou“colo em framboesa/morango”). AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 HOMEM: assintomático. dependendo da carga parasitária, o paciente pode apresentar uma uretrite com fluxo leitoso ou purulento e uma leve sensação de prurido na uretra, desconforto ao urinar e hiperemia do meato uretral. DIAGNÓSTICO Exame a fresco e corado da secreção vaginal ou uretral para a pesquisa de trofozoítas. Recomendações prévias ao exame: não higienizar a região 18 a 24 horas, abstinência sexual 3 dias, não usar medicamentos e/ou sabonetes genitais antimicrobianos (últimos 15 dias). O pH vaginal encontra-se > 4,5 e o teste das aminas pode ser positivo. TRATAMENTO METRONIDAZOL: uso oral dose única. TINIDAZOL: uso oral dose única. Recomendações: • Abstenção de álcool durante 24 horas após o uso de metronidazol e 72 horas após o uso de tinidazol. • Pesquisa de outras ISTS. Tratar parceiros mesmo assintomáticos. PROBLEMA 4 CERVICITE É a inflamação e irritação do epitélio colunar do colo do útero (endocérvice), geralmente de causa infecciosa como as ISTS. A maioria dos casos é assintomático, a ausência de sintomas dificulta o seu diagnóstico e favorece as inúmeras complicações, como endometrite, doença inflamatória pélvica (DIP), maior risco de aquisição do HIV e do câncer cervical, infertilidade e complicações gestacionais. FATORES DE RISCO • Mulheres sexualmente ativas geralmente menores de < 25 anos • Novos ou múltiplos parceiros sexuais • História previa ou presença de outra IST • Relação sexual desprotegida CLAMÍDIA AGENTE ETIOLÓGICO A Chlamydia trachomatis é bactéria que apresenta tropismo pelas células epiteliais da conjuntiva, uretra, endocérvice e trompas. EPIDIEMIOLOGIA A mais comum IST causada por bactéria em todo o mundo, superando a infecção gonocócica e a sífilis. TRANSMISSÃO Contato sexual e transmissão vertical. QUADRO CLÍNICO Geralmente é assintomática, mas pode gerar sintomas locais (cervicite, uretrite e bartholinite), complicações locais (endometrite e salpingite) e disseminadas (conjuntivite, peri-hepatite e artrite). A paciente pode queixar de corrimento vaginal, disíria e dispareunia. AO EXAME ESPECULAR:colo uterino edemaciado com secreção mucopurulenta, hiperemiado, sangrante, friável, com ectopia. Complicação mais comum: DIP. OBS: homens geralmente são sintomáticos e podem apresentar uretrite, epididimite, síndrome de Reiter. DIAGNÓSTICO • Cultura: utiliza-se cultura em células vivas (McCoy); • Método de biologia molecular (NAAT) • PCCU • ELISA • PCR TRATAMENTO AZITROMICINA: 2 comprimidos via oral, dose única. DOXICILINA: via oral, 2x ao dia por 7 dias (exceto gestantes). AMOXICILINA: via oral, 3x ao dia por 7 dias. Os parceiros devem ser tratados. OBS: Testar HIV e sífilis. GONORRÉIA AGENTE ETIOLÓGICO A Neisseria gonorrhoeae apresenta tropismo pelo epitélio colunar e transicional do trato geniturinário, além de ser capaz de infectar faringe, conjuntiva e articulações. TRANSMISSÃO A transmissão é por contato sexual ou perinatal. QUADRO CLÍNICO Geralmente assintomática. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 Nas mulheres sintomáticas, as principais queixas são corrimento vaginal, dor pélvica, dispareunia e disúria. AO EXAME ESPECULAR: colo uterino edemaciado com secreção mucopurulenta esbranquiçada, hiperemiado, sangrante, friável. Complicações: bartonilite, salpingite, DIP, na gestante prematuridade, retardo de crescimento intrauterino e febre puerperal. No RN, a principal manifestação clínica é a conjuntivite, podendo ocorrer septicemia, artrite, abcessos de couro cabeludo, pneumonia, meningite, endocardite e estomatite. No homem: uretrite gonocócica, se manifesta com disúria e secreção purulenta abundante. Outras manifestações possíveis: faringite, conjuntivite, acometimento retal, infecção meningocócica disseminada. DIAGNÓSTICO • Cultura: em meio seletivo (Thayer-Martin modificado) a partir da amostra cervical. • NAAT • Captura híbrida TRATAMENTO INFECÇÃO GENITAL NÃO COMPLICADA (uretra, colo do útero e reto) 1ª escolha: CEFTRIAXONA: via oral, dose única + AZITROMICINA: via oral, 2 comprimidos, dose única. Alternativa: CIPROFLOXACINA: via oral, dose única + AZITROMICINA: via oral, 2 comprimidos, dose única. OBS: a ciprofloxacina é contraindicada em < 18 anos e gestantes. OBS: a azitromicina é associada pois é possível que não se faça a distinção com clamídia, dessa forma tratando as duas. Deve-se tratar o parceiro. INFECÇÃO NÃO COMPLICADA NA FARINGE CEFTRIAXONA: intramuscular, dose única + AZITROMICINA: via oral, 2 comprimidos, dose única. INFECÇÃO GONOCÓCICA DISSEMINADA CEFTRIAXONA: intramuscular ou endovenosa ao dia, por pelo menos 7 dias + AZITROMICINA: via oral, 2 comprimidos, dose única. CONJUNTIVITE GONOCÓCICA DISSEMINADA CEFTRIAXONA: intramuscular dose única. Prevenção oftalmia neonatal: nitrato de prata a 1% (método de crede), aplicação única ao nascer. CONJUNTIVITE NEONATAL CEFTRIAXONA: intramuscular, 25-50mg/kg/dia. HERPES GENITAL AGENTE ETIOLÓGICO O agente etiológico é o herpes simples vírus (HSV), tipos 1 e 2, que pertencem à família Herpesviridae. HSV-1 é a causa mais frequente das lesões orais. O HSV- 2 costuma ser encontrado nas lesões genitais, embora ambos os tipos possam causar herpes genital. EPIDEMIOLOGIA É a doença ulcerosa genital de maior prevalência e é uma infecção crônica. Sua importância em saúde pública reside na alta frequência, no alto risco de recorrência, em possíveis complicações, como a meningite asséptica, transmissão neonatal e, principalmente, pelo risco aumentado para a transmissão e aquisição do HIV. TRANSMISSÃO Contato sexual, inclusive orogenital, podendo ocorrer também pelo contato direto com lesões ou objetos contaminados. FISIOPATOLOGIA A infecção por HSV inicia-se com a fase aguda, onde há intensa replicação viral no local de contato. O vírus, então, se liga a células epiteliais e adentram nesta célula. O vírus penetra nas terminações dos nervos sensoriais e é transportado retrogradamente pelo axônio para as raízes dos gânglios dorsais, onde fica potencialmente latente por toda a vida, e por isso pode ser frequentemente reativado na mucosa e na pele. A reativação ocorre através do transporte axonal anterógrado viral para as células epiteliais. Ao atingir o destino, o vírus se replica e pode ser transmitido de forma assintomática ou manifestar suas ulcerações clássicas. QUADRO CLÍNICO HERPES GENITAL PRIMÁRIO A sintomatologia é variável, podendo cursar com ausência de sintomas. No local de inoculação surgem aumento da sensibilidade, formigamento, edema, ardor e prurido, antecedendo o aparecimento das lesões. Inicialmente, formam-se pápulas eritematosas. Após 1 a 3 dias transformam-se em vesículas dolorosas, que se rompem, formando ulcerações, posteriormente recobertas por crostas. Podem ocorrer sintomas gerais como mal-estar, febre, mialgia, cefaleia e frequentemente há linfadenopatia inguinal dolorosa bilateral. RECIDIVAS Após a infecção genital primária, podem ocorrer novos episódios nos primeiros 12 meses, por reativação dos vírus. Geralmente, os sinais e sintomas são menos intensos que os da primo-infecção, mais localizados. Há recorrência AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 de pródromos característicos, por exemplo: aumento de sensibilidade no local, prurido, queimação, mialgias, e “fisgadas" nas pernas, quadris e região anogenital. Fatores desencadeantes: trauma mecânico, tensão emocional, doença sistêmica, alteração imune, menstruação, febre, exposição ao sol ou frio intenso, fadiga, estresse. HERPES NEONATAL É um quadro grave. A primo-infecção e as infecções recorrentes na gestação podem levar ao aborto espontâneo, parto prematuro, retardo de crescimento uterino e infecção neonatal (sobretudo se a primo- infecção for adquirida nas últimas 12 semanas da gravidez). OBS: presença de herpes genital ativa é contraindicação para o parto normal. A infecção congênita é rara, podendo ocasionar meningoencefalite com retardo psicomotor, hidrocefalia, microcefalia e alta taxa de mortalidade. DIAGNÓSTICO Essencialmente clínico, a confirmação laboratorial deve ser realizada sempre que o diagnóstico clínico não for definitivo. Citologia: modificações citológicas sugestivas podem ser identificadas em esfregaços corados pelo Giemsa ou pelo método de Papanicolaou, que mostra células gigantes multinucleadas (células de Tzanck). Cultura: é o padrão ouro em pacientes que apresentam úlcera genital ou outra lesão mucocutânea. A sensibilidade deste teste diminui à medida que as lesões melhoram. Marcadores sorológicos: identifica o anticorpo específico para HSV-1 e 2 (IgG e IgM). Útil no diagnóstico da infecção primária. Colposcopia: para visualizações de lesões no colo. TRATAMENTO A terapia antiviral deve ser iniciada o mais rápido possível após o aparecimento da lesão. A dor pode ser aliviada com analgésicos e anti- inflamatórios. O tratamento local consiste em lavar a lesão com soro fisiológico. O antibiótico tópico (neomicina) pode ser útil em de infecções secundárias. PRIMO-INFEÇÃO ACICLOVIR: 2 comprimidos, VO, 3x ao dia por 7 a 10 dias. RECIDIVA ACICLOVIR: 2 comprimidos, VO, 3x ao dia por 5 dias. OBS: ideal iniciar no período prodrômico. Em casos de 6 episódios ou mais por ano indica-se a terapia supressiva: aciclovir 2 comprimidos, VO, 2x ao dia, por até 6 meses, podendo ser prolongado até 2 anos. Gestantes: se a primo-infecção ocorreu na gestação ou se recidivas forem frequentes, pode-se utilizar terapia supressiva, a partir da 36º semana, com aciciclovir 3x ao dia. Imunossuprimidos: Aciclovir IV de 8/8hrs por 5 a 7 dias. DOENÇA INFLAMATÓRIA PELVICA CONCEITO Síndrome clínica secundária à ascensão de microrganismos da vagina e/ou endocérvice ao trato genital feminino, acometendo útero, tubas uterinas, ovários, superfície peritoneal e/ou estruturascontíguas ao trato genital superior. ETIOLOGIA EPIDEMIOLOGIA E FATORES DE RISCO • Idade de início da atividade sexual: os picos de incidência da doença acontecem entre 16-24 anos (nessa idade o muco é mais fluido e a JEC frequentemente se exterioriza) • Tabagismo • ISTS (clamídia, gonorreia, tricomoníase). • Período menstrual (o colo se encontra mais aberto, o endométrio faz “sucção” e o corrimento se torna mais fluido) • Imunossupressão • Múltiplos parceiros sexuais • Uso do DIU (primeiras semanas pós colocação) • Episódios anteriores de DIP PATOGENIA É uma infecção do trato genital superior causada pela ascensão de microrganismos da endocérvice, infectando o endométrio. A endometrite que evolui para uma salpingite que leva a uma destruição do endossalpinge (membrana que reveste a trompa) com produção de exsudato purulento, resultando em pelviperitonite. Para proteger o abdome superior, as fímbrias se fecham, formando a piossalpinge (trompas uterinas cheias de pus) AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 e, se houver o envolvimento do ovário, forma-se o abscesso tubo-ovariano. QUADRO CLÍNICO Dor na parte inferior do abdome, à mobilização do colo e à palpação dos anexos, febre, corrimento cervical e sangramento uterino anormal, em particular durante ou após a menstruação. Ocasionalmente, há dispareunia e disúria. A DIP por de N. gonorrhoeae é mais aguda e causa sintomas mais graves que a DIP por C. trachomatis. Complicações: Síndrome de Fitz-Hugh-Curtis (peri-hepatite que causa dor no hipocôndrio direito) pode resultar de salpingites agudas por gonococo ou clamídia. Abscesso tubo-ovariano: há dor, febre e sinais peritoneais, que podem ser graves. Uma massa anexial pode ser palpável, embora sensibilidade extrema possa limitar o exame. O abscesso pode se romper, causando sintomas cada vez mais graves e possivelmente choque séptico. Salpingite pode causar cicatrizes e adesões tubárias, que geralmente resultam em dor pélvica crônica, menstruação irregular, infertilidade e risco aumentado de gestação ectópica. DIAGNÓSTICO ANAMNESE Deve-se obter informações a respeito do número de parceiros, hábitos sexuais, método anticoncepcional, história anterior de DIP e tratamentos realizados. Para o diagnóstico clínico é necessário a presença de: 3 critérios maiores + 1 critério menor OU 1 critério elaborado CRITÉRIOS MAIORES/MÍNIMOS Dor no abdome inferior Dor à palpação de anexos Dor à mobilização do colo uterino CRITÉRIOS MENORES/ADICIONAIS Febre Secreção vaginal ou cervical anormal (mucopurulenta) Massa pélvica > 5 leucócitos por campo de imersão em material de endocérvice PCR ou VHS ↑ Comprovação laboratorial de infecção cervical por gonococo, clamídia ou micoplasmas CRITÉRIOS ELABORADOS/DEFINITIVOS Evidência histopatológica de endometrite Presença de abcesso tubo-ovariano ou de fundo de saco de Douglas em exames de imagem Laparoscopia com evidência de DIP EXAMES COMPLEMENTARES Hemograma: leucocitose com aumento do número de bastonetes. Ecografia: Pode revelar a ocorrência de líquido livre ou de coleções líquidas na pelve e avaliar a presença de abscesso tubovariano. US pélvica ou transvaginal: tubas uterinas cheias de material espesso, liquido livre na pelve e presença de abscesso tubo-ovarino Biopsia endometrial: evidencia de endometrite. Laparoscopia: padrão ouro – permite o diagnóstico e a coleta de material para cultura, evidencia a presença de hiperemia da superfície tubária, edema da parede tubária, exsudato purulento cobrindo a superfície tubária ou extravasando pela extremidade fimbriada. Bacterioscopia: presença dos germes aeróbicos e anaeróbicos no material obtido da endocérvice, do fundo de saco de Douglas ou das tubas uterinas quando a paciente for submetida à laparoscopia. Urina Rotina e Gram de gota: realizado para afastar o diagnóstico de infecção urinária. Dosagem de B-HCG: afasta o diagnóstico de gravidez ectópica; DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL Gravidez ectópica, apendicite aguda, torção e/ou ruptura de cistos ovarianos, endometriose e ITU. ESTADIAMENTO E CONDUTA Critérios para indicação de tratamento hospitalar: • Abcesso tubo-ovariano • Gravidez • Imunossupressão • Ausência de resposta clínica após 72 horas do início do tratamento com antibioticoterapia oral • Intolerância aos ATBS orais ou dificuldade de seguimento ambulatorial • Estado geral grave com náuseas, vômitos e febre • Dificuldade na exclusão de emergência cirúrgica (ex: apendicite, gravidez ectópica) TRATAMENTO TERAPIA AMBULATORIAL CEFTRIAXONA: intramuscular, dose única. + DOXICICLINA: via oral, 2x/dia por 14 dias + METRONIDAZOL: via oral, 2x/dia por 14 dias. I Endometrite e salpingite aguda sem irritação peritoneal Tratamento ambulatorial II Salpingite aguda com peritonite Tratamento hospitalar III Salpingite aguda com oclusão tubária ou abcesso tubo-ovariano Tratamento hospitalar IV Abscesso tubo-ovariano roto ou abcesso > 10 cm Tratamento hospitalar e cirúrgico AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 OBS: como 2ª opção a ceftriaxona pode ser substituída por cefotaxima. TERAPIA HOSPITALAR CEFTRIAXONA: endovenosa, 1x/dia, por 14 dias. + DOXICICLINA: via oral, 2x/dia por 14 dias + METRONIDAZOL: endovenoso, 12/12hrs por 14 dias. A doxiciclina é contraindicada em gestantes. Nesse caso o indicado é a 2ª opção de tratamento: CLINDAMICINA: endovenosa, 3x/dia, por 14 dias. + GENTAMICINA: endovenosa ou intramuscular, 1x/dia por 14 dias. Recomendações: • Abstenção de álcool durante 24 horas após o uso de metronidazol • Tratar os parceiros. TRATAMENTO CIRÚRGICO: laparoscopia ou laparotomia. Indicações: • Falta de resposta ao tratamento clínico • Presença de massa pélvica que persiste ou ↑ apesar do tratamento com antibióticos • Piora clínica da paciente • Suspeita de rotura do abscesso tubo-ovariano • Evidência de sangramento intraperitoneal secundário à erosão e rotura vascular pelo processo infeccioso SIGILO MÉDICO Art. 74. do Código de Ética Médica: É vedado ao médico revelar sigilo profissional relacionado a paciente menor de idade, inclusive a seus pais ou representantes legais, desde que o menor tenha capacidade de discernimento, salvo quando a não revelação possa acarretar dano ao paciente. PROBLEMA 5 SÍFILIS É uma doença infecciosa, sistêmica, de evolução crônica, sujeita a surtos de agudização e períodos de latência. AGENTE ETIOLÓGICO Treponema pallidum- bactéria helicoidal (espiroqueta). CLASSIFICAÇÃO Sífilis adquirida recente (< 1 ano de evolução): primária, secundária e latente recente. Sífilis adquirida tardia (>1 ano de evolução): latente tardia e terciária. Sífilis congênita recente (casos diagnosticados até o 2º ano de vida). Sífilis congênita tardia (casos diagnosticados após o 2º ano de vida). TRANSMISSÃO Sexual ou vertical. Pela via sexual, ocorre através do contato direto com a lesão, que deve estar aberta e com presença de microrga- nismos, como ocorre na lesão primária e em algumas manifestações secundárias da sífilis. Já as lesões cutâneas apresentam baixas risco de transmissão por conter poucos treponemas. Pacientes com sífilis latente também são considerados infecciosos. Gestantes que não foram tratadas ou tratadas inadequa- damente, a sífilis pode ser transmitida para o feto, mais frequentemente intraútero (com taxa de transmissão de até 80%), embora a transmissão também possa ocorrer na passagem do feto pelo canal do parto. A transmissão por transfusão sanguínea, embora possível, é rara. QUADRO CLÍNICO SÍFILIS PRIMÁRIA (CANCRO DURO) Lesão genital ulcerada, quase sempre única, indolor, de bordos endurecidos, de fundo limpo e rica em treponemas, sem presença de exsudato. Apareceapós 1 a 3 semanas após o contato sexual e dura cerca de 2 a 6 semanas e desaparece espontaneamente. Além disso, pode ocorrer, associado à lesão, adenopatia satélite inguinal indolor, móvel e sem sinais flogísticos. SÍFILIS SECUNDÁRIA Pacientes com essa forma clínica podem não ter tido apresentação do cancro (assintomáticos) ou essa lesão ter passado despercebida. Suas manifestações ocorrem cerca de 4 a 8 semanas após o aparecimento do cancro. Caracteriza-se pela presença de lesões polimorfas cutaneomucosas, não ulceradas. Roséolas: pápulas ou lesões planas eritematosas que acometem principalmente o tronco, podendo formar exantema morbiliforme. Sifílides: pápulas eritemato-acastanhadas, lisas a princípio e, posteriormente, escamosas, que acometem a cavidade oral, genital, palmas das mãos e planta dos pés. Apresenta manifestações sistêmicas: Sintomas constitucionais: febre, cefaleia, mal-estar, anorexia, odinofagia, mialgias e perda de peso. Linfadenopatia generalizada: linfonodos palpáveis em região cervical posterior, axilar, inguinal e femoral, com consistência minimamente macia, firme e aspecto emborrachado. Alopecia: “devorada por traça”, devido ao padrão irregular de queda de cabelo. Pode ocorrer em região de DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 couro cabeludo, sobrancelhas ou barba e é reversível com o tratamento. Acometimentos gastrointestinais, renais e hepáticos também podem ocorrer. SÍFILIS LATENTE (RECENTE E TARDIA) É a forma da sífilis na qual não se observam sinais e sintomas clínicos e, portanto, tem o seu diagnóstico feito por meio de testes sorológicos. Sua duração é variável, e seu curso poderá ser interrompido por sinais e sintomas da forma secundária ou terciária. SÍFILIS TERCIÁRIA Sífilis cardiovascular: aortite com envolvimento do arco ascendente, resultando em aorta dilatada e regurgitação da valva aórtica. Relaciona-se esse distúrbio como consequência da vasculite, levando um enfraquecimento da parede da aorta. Apresenta-se com sopro assintomático ou insuficiência cardíaca esquerda. Aparecem tipicamente 15 a 30 anos após a infecção. Sífilis gomatória: Também chamado de Gummas. É mais raro, sendo um achado mais frequente em paciente infectados por HIV. Pode ocorrer em qualquer lugar, como pele, mucosas, ossos ou órgãos internos. Sífilis cutânea: as manifestações podem ser em forma de nódulos, tubérculos, placas nódulo-ulceradas ou tuberocircinadas e gomas. Podem ser solitárias ou em pequeno número, assimétricas, com pouca inflamação, endurecidas, com bordas demarcadas, policíclicas ou em formato de círculos, destrutivas, com tendência à cura central com extensão periférica, com formação de cicatrizes e hiperpigmentação periférica. Neurossífilis: paresia geral e tabes dorsalis, meningite aguda, goma do cérebro ou da medula, atrofia do nervo óptico, lesão do sétimo par craniano, paralisia geral e demência. SÍFILIS CONGÊNITA A taxa de transmissão vertical da sífilis, em mulheres não tratadas, é de 70 a 100%, nas fases primária e secundária da doença, reduzindo para 30% nas fases latente e terciária. DIAGNÓSTICO A triagem diagnóstica da sífilis deve ser realizada em pacientes: • Com sinais e sintomas de infecção, seja primária, secundária ou terciária. • Gestantes • Comportamento sexual de risco • HIV + Exames diretos: diagnóstico das lesões sifilíticas em atividade, como cancro duro, condiloma plano, sifílides e sífilis congênita precoce. • Microscopia de campo escuro: visualização dos treponemas. • Imunofluorescência direta Testes imunológicos: • VDRL: é um teste não treponêmico, que torna se positivo entre 4 a 6 semanas pós exposição. O seu resultado é dado em formas de diluição, quanto maior for a diluição em que ainda se detecta o anticorpo, mais positivo é o resultado. Após início do tratamento, os títulos caem progressivamente. • FTA-ABS: é um teste treponêmico, se torna positivo mais precocemente, cerca de alguns dias após o aparecimento do cancro duro, uma vez positivo, assim permanecerá, mesmo após a cura do paciente. TRATAMENTO SÍFILIS RECENTE (primária, secundária e latente recente) PENICILINA G BENZATINA: intramuscular, dose única. 2ª opção- DOXICICLINA: via oral, 12/12 hrs, por 15 dias. SÍFILIS TARDIA (terciária, latente tardia) PENICILINA G BENZATINA: intramuscular, semanalmente, por 3 semanas. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 2ª opção- DOXICICLINA: via oral, 12/12 hrs, por 30 dias. A doxiciclina é contraindicada em gestantes. ACOMPANHAMENTO: VDRL a cada 3 meses até completar 1 ano (queda progressiva de 4 títulos a cada exame, demonstra evolução para a cura). Se for gestante o acompanhamento deve ser mensal. Recomendações: • Tratar o parceiro. • Testar para outras ISTS. NEUROSÍFILIS PENICILINA G CRISTALINA: endovenosa, 4/4 hrs, por 14 dias. 2ª opção- CEFTRIAXONA: endovenosa, por 10 a 14 dias. ACOMPANHAMENTO: exame do líquor de 6 em 6 meses até a normalização. PROBLEMA 6 PLANEJAMENTO FAMILIAR CONCEITO O planejamento familiar é um conjunto de ações regulamentadas por lei federal (1996), que garantem assistência à concepção e contracepção, visando o atendimento integral à saúde. É um direito sexual e reprodutivo que vai além da assistência à concepção e contracepção, deve assegurar o acesso ao pré natal, a assistência ao parto, ao puerpério e ao neonato, envolve também o controle de ISTS e o controle/prevenção dos cânceres de colo de útero, de mama, de próstata e de pênis. MÉTODOS CONTRACEPTIVOS A decisão deve levar em consideração: • A escolha da mulher, do homem ou do casal. • Características dos métodos (eficácia, efeitos secundários, aceitabilidade, disponibilidade, facilidade de uso, reversibilidade e proteção as ISTS). • Fatores individuais e situacionais (condições socioeconômicas, estado de saúde, fase da vida, características da personalidade da mulher e/ou do homem, comportamento sexual, aspirações reprodutivas e questões emocionais). CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE OMS MÉTODOS COMPORTAMENTAIS Têm baixa eficácia, dependem da motivação e aprendizado e não protegem contra ISTS. Devem ser ensinados por exemplo para situações em que a crença religiosa do casal não aceite outros métodos. Benefícios: ausência de efeitos sistêmicos e favorece o conhecimento da fisiologia reprodutiva. MÉTODO OGINO-KNAUS (RITMO, CALENDÁRIO OU TABELINHA) Baseia-se no fato de que a duração da 2ª fase do ciclo é constante. O cálculo do período fértil da mulher é feito pela análise de seu padrão menstrual prévio, durante 6 a 12 meses. Técnica de uso do método • Verificar a duração de cada ciclo, contando desde o 1º dia da menstruação até o dia que antecede a menstruação seguinte (último dia do ciclo). • Verificar o ciclo mais curto e o mais longo. • Calcular a diferença entre eles. Se a diferença entre o ciclo mais longo e o mais curto for > 10 dias, a mulher não deve usar este método. EX: Ciclo mais curto: 25 – 18 = 7 Ciclo mais longo: 34– 11 = 23 Período de abstinência: entre o 7º e o 23º dia do ciclo. Desvantagens: não é indicada pós parto ou durante a amamentação, ou para adolescentes e mulheres na pré- menopausa que estejam apresentando ciclos menstruais irregulares. Mulheres com ciclos muito curtos (<26 duas) ou muito longos (>32 dias) devem evitar estes métodos, por sua menor efetividade. TEMPERATURA BASAL CORPORAL Fundamenta-se nas alterações da temperatura basal que ocorrem na mulher ao longo do ciclo menstrual. Após a ovulação, ela ↑ ligeiramente (0,3-0,8 Cº), permanecendo nesse novo nível até a próxima menstruação. Este ↑ de temperatura é resultado da elevação dos níveis de progesterona, que tem um efeito termogênico, atuando no centrotermorregulador no hipotálamo. Período de abstinência: durante toda a 1ª fase do ciclo até o 4º dia de aumento da temperatura. Técnica de uso do método • A partir do 1º dia do ciclo, verificar diariamente a temperatura basal, pela manhã, antes de realizar qualquer atividade e após um período de repouso de no mínimo 5 horas. • Usar um termômetro comum para a medida da temperatura, mantendo sempre a mesma via durante o ciclo (oral – 5 minutos, retal- 3 minutos ou vaginal). Desvantagens: fatores podem interferir (estados infecciosos, insônia, estresse, mudanças de horário, AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 álcool), a aferição diária acarreta ansiedade. O método não permite prever a ovulação, dificultando a contracepção nos dias que a precedem. MUCO CERVICAL OU BILLINGS Técnica de uso do método Observar, diariamente, a presença ou ausência de fluxo mucoso mediante sensação de secura ou umidade da vulva. • Início do ciclo: muco não é perceptível. • Muco perceptível, uma vez que é espesso e pegajoso. • Próximo à ovulação: muco torna-se elástico, transparente e escorregadio, parecido com clara de ovo. • Após ovulação: muco volta a ficar espesso, turvo e perde a distensibilidade. Período de abstinência: da percepção do muco (espesso e pegajoso) até o 4º dia após a percepção máxima de umidade. Desvantagens: envolve vários fatores subjetivos. A presença de uma infecção vaginal, por exemplo, influencia a percepção das características do muco. MÉTODO SINTO-TÉRMICO É a combinação entre as observações da temperatura basal + muco cervical + sinais indicativos (dor pélvica, mamas inchadas, enxaqueca, náusea, etc). EJACULAÇÃO EXTRAVAGINAL (COITO INTERROMPIDO) A interrupção da relação sexual antes da ejaculação requer grande controle por parte do homem, o que nem sempre acontece. Além disso, a ejaculação é precedida de liberação de líquido pré ejaculatório que pode conter espermatozoides de ejaculações prévias. MÉTODO DA LACTAÇÃO E AMENORREIA Pré-requisitos: amenorreia, aleitamento exclusivo e < 6 meses do parto. Mecanismo de ação: inibição da ovulação pela ação da prolactina que inibe o GnRH. MÉTODOS DE BARREIRA Obstáculos mecânicos ou químicos à penetração dos espermatozóides no canal cervical. PRESERVATIVO MASCULINO É um envoltório de látex que deve ser colocado no pênis ereto, antes do início do ato sexual. Deve-se retirar o pênis logo após a ejaculação, evitando que seu conteúdo saia do reservatório com a diminuição da ereção. Mecanismo de ação: retém o esperma no preservativo. Vantagens: protege contra ISTS, não depende de controle médico, é de fácil acesso, ausência de efeitos sistêmicos. Desvantagens: pode ocorrer roturas e reações alérgicas. PRESERVATIVO FEMININO É um tubo com uma extremidade fechada e a outra aberta, acoplado a 2 anéis flexíveis. Um anel serve para ajudar na inserção e na fixação de preservativo no interior da vagina. O segundo anel serve como um reforço externo do preservativo que, quando corretamente colocado, cobre parte da vulva. Mecanismo de ação: retém o esperma no preservativo. Vantagens: pode ser colocada na vagina antes da penetração ou até 8 horas antes da relação sexual, protege contra ISTS, ausência de efeitos sistêmicos. Desvantagens: maior custo, provoca ruídos. DIAFRAGMA É um dispositivo circular flexível coberto por uma membrana de silicone ou látex. Pode ser associado a espermicidas. Pode ser inserido até 2h antes do ato sexual e sua remoção só deverá ser feita após 6-8 horas após – para garantir maior tempo de exposição do espermatozoide ao espermicida, mas deve ser removido dentro de 24 horas. O uso correto inclui urinar e lavar as mãos, inicialmente. Em seguida, colocar um pouco de espermicida dentro do diafragma e dobrá-lo a fim de introduzir em direção ao fundo da vagina. Não é descartável, podendo ser utilizado por até 3 anos, mas para isso é preciso que após a última relação sexual ele seja retirado para higienização e armazenamento de forma correta. Vantagens: proteção contra algumas ISTS, ausência de efeitos sistêmicos. Desvantagens: depende do médico para ser utilizado, pois é necessário avaliação do tamanho adequado, aumenta o risco de infecções genitourinárias, Contraindicações: alergia ao látex, história de síndrome de choque tóxico, história de doença valvular cardíaca complicada, virgens, infecções vaginais ou DIP, distopias ou alterações anatômicas. GELEIA ESPERMICIDA São substâncias químicas que recobrem a vagina e o colo do útero – principal: nonoxinol. Devem ser aplicados antes da relação sexual e são efetivos por 2h. Mecanismo de ação: imobilizando ou destruindo os espermatozoides por lesão da sua membrana celular Desvantagens: podem provocar microfissuras na mucosa vaginal, com aumento do risco de transmissão de HIV, pode causar reações alérgicas, não previne ISTS. Contraindicações: pacientes com HIV/AIDS ou elevado risco para infecção, pacientes com história recente de infecção genital. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 ESPONJA Constitui-se de poliuretano + espermicida. É descartável e de fácil colocação. Tem como principal limitação ao uso o custo. Pode ser utilizada por 24hrs. As contraindicações são as mesmas para o diafragma. MÉTODOS HORMONAIS São constituídos estrogênio + progesterona sintéticos ou somente progesterona. Mecanismo de ação: Combinados: promovem a anovulação através do bloqueio do eixo hipotálamo-hipofisário. Assim, suprimem o LH (progesterona inibe) e FSH (estrógeno inibe) basais e ↓ a capacidade da hipófise de secretar gonadotrofinas quando estimulada pelo GnRH. Além disso, tornam o muco cervical espesso, e provocam alterações no endométrio. Apenas progestogênios: promovem atrofia do endométrio e tornando o muco cervical mais espesso, alterando a motilidade tubária, inibem a ovulação em 15 a 40% dos casos. ANTICONCEPCIONAIS ORAIS (ACOs) Combinado: existem 3 tipos de formulações contendo doses variadas de hormônios: • Monofásicas- mantêm a mesma dose hormonal durante todo o ciclo • Bifásicas ou trifásicas- variações na quantidade hormonal tentando mimetizar o ciclo. Modo de uso: A primeira cartela deve ser iniciada no 1º dia da menstruação. Existem cartelas com 21 (pausa de 7 dias), 22 (pausa de 6 dias), 24 (pausa de 4 dias) e 28 (uso ininterrupto- os 4 últimos comprimidos são placebos). Durante a pausa ocorre o sangramento por privação hormonal. Em caso de esquecimento de 1 pílula: tomar a pílula esquecida assim que lembrar, tomar a pílula seguinte no horário regular, tomar o restante das pílulas regularmente, uma a cada dia. Em caso de esquecer 2 ou + pílulas: uso de preservativo ou evitar relações sexuais nos próximos 7 dias. Tomar uma pílula imediatamente. Contar quantas pílulas restam na cartela: se restam >7: tomar o restante como de costume. se restam <7: tomar o restante como de costume e iniciar uma nova cartela no dia seguinte após a última pílula da cartela, neste caso, a menstruação pode não ocorrer naquele ciclo. Efeitos adversos: Progestogênios: acne, ganho ponderal, depressão, ↓ da libido, etc. Estrogênios: náuseas, vômitos, mastalgia, cefaleia, edema, etc. Benefícios: regularizam o ciclo, promovem alivio da TPM, ↓ o risco de DIP, ↓ dismenorreia, previnem endometriose. Contraindicações: • Mutações trombogênicas • Amamentação < 6 meses pós parto • CA de mama • Uso de rifampicina ou anticonvulsivantes (fenitoína, carbamazepina, topiramato etc). • Tabagismo • Diabetes • Histórico de trombose venosa profunda ou tromboembolismo pulmonar • Histórico de AVE, IAM, cardiopatia valvar • Enxaqueca com aura em qualquer idade • Enxaqueca sem aura > 35 anos • Hepatite viral aguda • Cirrose • Tumor hepáticoMINIPÍLULAS Contêm apenas progestogênio em baixas doses. A ausência do componente estrogênico permite sua utilização em algumas situações em que há contraindicação ao uso desse esteroide: durante amamentação, HAS, coagulopatias e cardiopatias valvares, tabagista. São os anticoncepcionais orais mais indicados para a mulher que amamenta (a partir de 6 semanas pós-parto), uma vez que sua eficácia menor pode ser compensada pelo efeito anticoncepcional da lactação. Modo de uso: contínuo. INJETÁVEIS Mensais: são combinados, a primeira injeção deve ser tomada até o 5º dia do início da menstruação e as seguintes, devem ser administradas a cada 30 dias. O retorno da fertilidade ocorre cerca de 4 meses após a interrupção do método. Trimestrais: exclusivamente de progestogênios. Administrar no 5º dia do início da menstruação e repetir a cada 3 meses. Neste caso, a mulher não menstrua. O retorno da fertilidade ocorre cerca de 6 meses após a interrupção do método. IMPLANTES SUBCUTÂNEOS Bastão de progestogênio, inserido no subcutâneo da face interna do braço. Duração de 3 anos (a mulher não menstrua). Liberação de microdoses diárias. Não há necessidade de períodos de “descanso” para inserir novo implante após a mulher ter usado o anterior por 3 anos. Inibe a ovulação, além de alterar o muco cervical. ADESIVOS TRANSDÉRMICOS 3 adesivos 1 por semana. Fazer pausa na 4ª semana, quando ocorre o sangramento de escape. Pode ser colocado no braço, na barriga, nas costas ou nas nádegas, não deve ser colocado próximo à mama. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 ANEL VAGINAL COMBINADO Deve ser colocado dentro da vagina até o 5º dia do ciclo menstrual e lá permanecer por 3 semanas, fazer pausa de 1 semana e colocar outro anel. Possui mesmo mecanismo de ação e contraindicações dos ACOs orais, porém menos efeitos adversos. DISPOSITIVO INTRAUTERINO Aparelho pequeno e flexível que é inserido dentro do útero, com ou sem adição de substancias metálicas ou hormonais. Podem ser classificados em duas categorias: DIUs não medicados: não contêm ou liberam substancias ativas, sendo unicamente de polietileno. DIUs medicados (ativos): além do polietileno, contêm substancias como metais (cobre) ou hormônios), que exercem ação bioquímica local, ↑ a eficácia anticonceptiva. Antes da inserção do DIU deve-se realizar um exame ginecológico detalhado e ultrassom endovaginal, afim de descartar a possibilidade de contraindicações. Após a inserção deve-se realizar o acompanhamento anual com ultrassonografia. Contraindicações: infecção ginecológica ativa, anormalidades anatômicas do útero, suspeita de gravidez, câncer de colo de útero ou de endométrio, SUA, 48h a 3 semanas após o parto. OBS: CA de mama e de ovário são contraindicações para o SIU com levonorgestrel. A DIP associada ao DIU ocorre pouco tempo após a inserção, por conta de infecções preexistentes não diagnosticadas ou devido à técnica inadequada. DIU DE COBRE É feito de plástico, com filamento de cobre enrolado em sua haste vertical. Entre os DIUs de cobre, o mais utilizado é o Tcu 380A, com duração de 10 anos. Não há necessidade de período de descanso entre a troca de DIUs. É disponibilizado no SUS. Mecanismo de ação: a presença de um corpo estranho e de cobre na cavidade endometrial causa uma reação inflamatória no endométrio, causando mudanças bioquímicas e morfológicas no endométrio, com aumento da produção de prostaglandinas e inibição das enzimas endometriais, além de ter um efeito direto na motilidade espermática, reduzindo a capacidade de penetração no muco cervical. A melhor época para inserção é no período menstrual. A ovulação não é afetada em usuárias do DIU de cobre. Efeitos adversos: pode causar alterações no sangramento menstrual, como sangramento de escape, aumento do fluxo ou cólicas. Benefícios: longa duração, muito eficaz, não interfere nas relações sexuais, não apresentam efeitos colaterais do uso de hormônios, imediatamento reversível (a mulher pode engravidar imediatamente), pode ser inserido logo após o parto; SIU COM LEVONORGESTREL O sistema intrauterino de levonorgestrel consiste numa matriz de plástico em forma de T, contendo um reservatório de levonorgestrel, que libera progestágeno diariamente, diminuindo de forma gradual. Seu efeito contraceptivo perdura por 5 a 7 anos. Mecanismo de ação: devido aos níveis ↑ de levonorgestrel na cavidade uterina, ocorre inibição da síntese do receptor de estradiol no endométrio e efeito antiproliferativo, com atrofia endometrial e inibição da passagem do espermatozoide através da cavidade uterina. Torna o muco cervical espesso e hostil à penetração dos espermatozoides, inibindo a sua motilidade no colo, no endométrio e nas tubas uterinas, prevenindo a fertilização. Impede a resposta ao estradiol circulante. Mantêm a produção estrogênica, o que possibilita uma boa lubrificação vaginal – ação local Efeitos adversos: sangramento irregular, amenorreia, cefaleia, náuseas, depressão, acne, mastalgia, ganho de peso Benefícios: ↓ a quantidade de fluxo menstrual, previne anemia relacionada à menstruação, não altera a PA, promove o controle de menorragia. CONTRACEPÇÃO DE EMERGÊNCIA Mecanismo de ação: 1ª fase do ciclo menstrual (antes da ovulação): altera o desenvolvimento dos folículos, impedindo a ovulação ou a retardando por vários dias 2ª fase do ciclo menstrual (após ovulação): altera o transporte dos espermatozoides e do óvulo nas trompas; modifica o muco cervical, tornando-o espesso e hostil, impedindo ou dificultando a migração dos espermatozoides. Método de levonorgestrel: 1 cp de 1,5mg ou 2 cps de 0,75mg de uma só vez, até 5 dias após a relação sexual. 2ª opção: 1 cp de 0,75mg de 12/12 horas, no total de 2 comprimidos até 5 dias após a relação sexual. Método de yuzpe: pílula combinada em 2 doses a cada 12h. Deve ser tomado em até 5 dias após relação. Indicações: • Relação sexual sem uso de anticoncepcional. • Falha ou esquecimento do uso de algum método: ruptura do preservativo, esquecimento de pílulas ou injetáveis, deslocamento do DIU ou do diafragma. • No caso de violência sexual, se a mulher não estiver usando nenhum método anticoncepcional. Efeitos secundários: Náuseas, Vômitos, Cefaleia, Mastalgia, Diarreia, Dor abdominal, Irregularidade menstrual. AMANDA GODINHO BALISA ALMEIDA- 5º PERÍODO 1/2022 MÉTODOS CIRÚRGICOS Por serem métodos contraceptivos de caráter definitivo, deve-se levar em consideração a possibilidade de arrependimento da mulher ou do homem e o pouco acesso das pessoas às técnicas de reversão da cirurgia. Somente é permitida a esterilização voluntária nas seguintes situações: I – em homens ou mulheres com capacidade civil plena e maiores de 25 anos de idade ou, pelo menos, com 2 filhos vivos, desde que observado o prazo mínimo de 60 dias entre a manifestação da vontade e o ato cirúrgico, período no qual será propiciado à pessoa interessada acesso a serviço de regulação da fecundidade, incluindo aconselhamento por equipe multidisciplinar. II – risco à vida ou à saúde da mulher ou do futuro concepto, testemunhado em relatório e assinado por 2 médicos. LAQUEADURA TUBÁRIA Pode ser feita por via abdominal, (por laparotomia ou videolaparoscopia) ou via vaginal (por colpotomia ou histeroscopia). A esterilização cirúrgica feminina durante os períodos de parto ou aborto ou até o 42º dia do pós- parto ou aborto, é proibida por lei, exceto nos casos de comprovada necessidade. Essa restrição visa à ↓ da incidência de cesárea para procedimento de laqueadura. VASECTOMIA Consiste no bloqueio dos ductos deferentes, interrompendo o fluxo de espermatozoides. Realiza-se um espermograma após 3 meses do procedimento ou após 20 ejaculações, para avaliar
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