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Resenha filme "O Quarto de Jack"

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Acadêmica: Hanna Kemel Brum 
 
Resenha do filme: O quarto de Jack 
 
1. INTRODUÇÃO 
O presente trabalho leva em consideração o filme “O Quarto de Jack” 
(Room), de 2015, dirigido por Lenny Abrahamson, que foi exibido no projeto 
Cinema com Psicologia, dia 21 de novembro de 2016, na ULBRA Cachoeira do 
Sul. 
O filme relata a história de uma mãe (Joy) e seu filho (Jack), que viviam há 
mais de 5 anos presos em um quarto minúsculo, sozinhos. Joy foi sequestrada 
aos 17 anos de idade, sendo mantida em cativeiro no galpão do quintal da casa 
de seu sequestrador, que a molestava diariamente, e Jack foi o fruto desse 
abuso. 
 
2. DESENVOLVIMENTO 
O filme aborda o relacionamento entre Joy e seu filho, trancada em um quarto 
sem janelas, apenas com uma claraboia, e uma porta que só podia ser aberta 
com uma senha - que apenas seu sequestrador sabia - Joy luta para criar Jack 
como uma criança normal, na esperança de que um dia consiga ter contato com 
o mundo externo novamente. 
Após falhas tentativas, Joy resolve planejar uma fuga para seu filho. Mas, 
antes disso, ela precisa explicar ao menino que todo o mundo que ele achava 
que não existia, na verdade era real. Percebe-se uma negação por Jack logo no 
início, quando sua mãe conta que o mundo é muito mais do que apenas aquele 
quarto em que eles vivem desde que Jack nasceu. A fuga dá certo, Joy é 
resgatada e levada de volta para a casa de seus pais, com Jack. 
Depois de tantos anos sem contato com sua família e o mundo externo, Joy 
tem dificuldades ao voltar para sua antiga vida, e acaba passando por um 
estresse pós-traumático, que a leva a depressão e a uma tentativa de suicídio. 
Jack também não se adapta à nova vida logo de início, querendo até voltar a 
viver no quarto onde estavam presos. 
Quando Joy volta do hospital após sua tentativa de suicídio, ela se recupera 
com o apoio do filho e da família, e até aceita o pedido de Jack de ir visitar o 
antigo quarto em que viviam presos. Ao chegar lá, Jack acha o quarto menor, 
porque as coisas não estavam mais ali. E os dois se despedem do quarto. 
O debate ocorrido logo após a exibição do filme teve observações colocadas 
por estudantes do curso de psicologia, cada um colocando em vista seu 
entendimento e considerações sobre o filme, tais quais como as preocupações 
de Joy com Jack, o fato dela ter mentido sobre o mundo dizendo que tudo era 
mágica, a culpa que Joy joga em sua mãe, entre outras coisas. 
 
3. DISCUSSÃO 
Pode-se perceber, no decorrer do filme, uma correlação com o “Mito da 
Caverna”, de Platão. 
“Esse mito diz respeito a prisioneiros que, desde seu nascimento, encontram-
se acorrentados no interior de uma caverna. Os prisioneiros estão dispostos de 
tal modo que seu ângulo de visão alcança somente a parede logo à sua frente. 
A caverna é iluminada por uma fogueira, sendo que as sombras dos objetos que 
passam em frente às chamas são projetadas diretamente na parede ao alcance 
da visão dos prisioneiros. Logo, para os prisioneiros, a realidade se trata apenas 
das figuras de animais, pessoas e objetos que conseguiam ver, sendo que, na 
verdade não se passavam de uma mera projeção. Imaginemos que, certo dia, 
um dos homens seja forçado a sair da caverna. Certamente, a primeira coisa 
que ele notaria ao ser desacorrentado e pudesse ter outros ângulos de visão, é 
que passou a vida toda julgando sombras projetadas e não a realidade tal qual 
ela é cheia de cores e formas multidimensionais. Pensemos então que esse 
mesmo homem seja levado para fora da caverna. Imediatamente, por seus olhos 
nunca terem enxergado a luz do dia, ele sentiria o incômodo da visão ofuscada 
pela luz do sol pela primeira vez. Dessa forma ele levaria um tempo para que 
seus olhos se habituassem à nova realidade até que pudesse desfrutar das 
maravilhas ao seu redor.” (GUERRA, Rafael. 2016). 
Relacionando ao filme, Jack estava muito acostumado com sua realidade 
dentro do quarto, e ao sair de lá não conseguia lidar com as mudanças, querendo 
voltar ao seu local de conforto, comodidade. Até mesmo a cena em que o menino 
consegue sair de dentro do tapete na caminhonete, ao abrir os olhos, ele sente 
o incômodo na visão, relatado no Mito. 
A questão comportamental, “quando o indivíduo interage com o ambiente, 
mudando a contingência e sendo modificado” também é perceptível. Jack não 
interagia com mais ninguém além da mãe, assim, ao sair do quarto e ir morar na 
casa da avó, ele se comunicava apenas com sua mãe, não respondia as outras 
pessoas. Com o passar do tempo, Jack aprende que não precisa falar tudo para 
sua mãe e que pode se comunicar normalmente com todos. Comportamentos 
são aprendidos e precisam de manutenção. 
No modelo de Maslow, as necessidades motivacionais são colocadas em 
uma hierarquia, sugerindo-se que antes que necessidades mais sofisticadas e 
de nível mais alto possam ser satisfeitas, algumas necessidades primárias 
precisam ser sanadas. Na base, onde estão as necessidades mais fundamentais 
e de nível mais baixo, temos as necessidades fisiológicas, após, necessidades 
de segurança, amor e pertencimento, estima, e no topo, autorrealização. Jack 
recebia de sua mãe todas as necessidades que eram necessárias para ele, 
sendo assim, era autorrealizado, uma criança feliz, bem, mesmo trancafiado em 
um quarto pequeno. 
 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
O filme foi de ótima escolha, sendo claro nos objetivos, destacando pontos 
importantes na relação mãe-filho e no comportamento humano. A importância 
do afeto no desenvolvimento ficou clara no decorrer do filme e foi uma ótima 
experiência para os estudantes e a comunidade. 
 
5. REFERÊNCIAS 
Abrahamson, L. (Diretor). (2016). O Quarto de Jack. 
RENNER, Tanya; MORRISSEY, Joe; MAE, Lynda; FELDMAN, Robert; 
MAJORS, Mike. Psico Série A. Artmed, 2012.

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