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Estruturalismo - Edward B

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Capítulo 5
Estruturalismo
___________________________________ I ___________________________________ I
Você engoliria um tubo de borracha? Críticas ao estruturalismo
Edward Bradford Titchener (1867-1927) Crít icas à in t rospecção
A biografia de Titchener: " s e u s b igodes estão pegando fogo " M a i s cr ít icas ao s i s tema de Titchener
Os exper imenta l i s ta s de Titchener: proibido para a s m u lhe re s Contribuições do estruturalismo
0 conteúdo da experiência consc iente Questões para discussão
0 erro de est ímulo 
In t rospecção 
Os e lementos da consc iênc ia 
Titchener estava mudando sua ab o rd a g e m ?
Você engoliria um tubo de borracha?
Você seria voluntário para engolir um tubo de borracha que vai até o seu estômago? Para que, em seguida, 
despejassem água quente por ele? E, depois, água gelada? Tudo pela glória da pesquisa psicológica? Precisa de 
mais tempo para decidir?
Se você fosse um aluno de graduação em psicologia na Cornell University, ao norte de Nova York, no 
início do século X X , lhe teriam feito essa pergunta, ou, até mesmo, incentivado para que aceitasse partici­
par disso. E o professor Edward Bradford Titchener, psicólogo que conduziu o experimento, era um ser 
humano tão admirável, que quase todos os seus alunos concordavam com as coisas muitas vezes absurdas 
que ele lhes pedia, tudo em nome da ciência. Os alunos estavam fornecendo dados para o sistema psicoló­
gico que ele estava desenvolvendo. Como? Executando uma forma de introspecção, dizendo-lhe o que 
vivenciavam e sentiam.
Introspecção era um sério empreendimento na Cornell daqueles tempos, e os alunos de graduação de 
Titchener eram dedicados ao trabalho. Considere o tubo de borracha, por exemplo; pedia-se aos alunos que 
engolissem o tubo para estudar a sensibilidade de seus órgãos internos. Os alunos engoliam os tubos pela 
manhã e permaneciam com ele ao longo do dia. Pode-se imaginar que não era fácil desempenhar suas ativi­
dades normais com um tubo enfiado na garganta; muitos vomitavam, mas acabavam se acostumando. D u­
rante o dia, em horários determinados, os alunos se apresentavam ao laboratório, para que se despejasse água 
quente pelos tubos, e então relatavam as sensações. Posteriormente, o processo era repetido com água fria. 
Em outro experimento, os alunos levavam caderno para o banheiro a fim de relatar seus sentimentos e sen­
sações quando urinavam ou evacuavam.
Depois, houve o estudo sobre sexo, outro exemplo de dados que perdidos para a história durante mui­
tos anos antes de terem sido recuperados. Pedia-se a alunos casados que anotassem suas sensações e senti­
mentos elementares durante a relação sexual e que amarrassem dispositivos de medição em seus corpos para 
registrar respostas fisiológicas. Esta pesquisa não foi muito anunciada na época. Foi revelada em 1960, por 
Cora Friedline, uma das alunas de Titchener, em palestra proferida no Randolph-Macon College, em Lyn-
Capítulo 5 Estruturalismo 93
chburg, Virgina.1 O estudo tornou-se muito conhecido no campus da Cornell daquela época, mas atribuiu ao 
laboratório de psicologia a reputação de um local imoral. As responsáveis pelos dormitórios femininos não
permitiam que as alunas visitassem o laboratório depois de escurecer. Quando se espalhou a notícia de que
estavam colocando preservativos nos tubos que os alunos engoliam, o que se falava nos dormitórios, confor­
me Friedline, era que o laboratório “não era um lugar seguro para ninguém”.
Edward Bradford Titchener (1867-1927)
Embora professasse ser um fiel seguidor de Wilhelm Wundt, E. B. Titchener (Figura 5.1) alterou drastica­
mente o sistema de psicologia ao levá-lo da Alemanha para os Estados Unidos. Ele apresentou uma abordagem 
própria, à qual denominou estruturalismo, embora alegasse tratar do mesmo sistema estabelecido por Wundt. 
Na realidade, os dois eram completamente distintos e a denominação “estruturalismo” é adequada para de­
finir apenas a psicologia de Titchener. O estruturalismo permaneceu em evidência por cerca de 20 anos nos 
Estados Unidos, até ser superado por movimentos mais novos.
W undt havia identificado elementos ou conteúdos da consciência, 
mas a questão que mais chamava sua atenção era a organização desses 
elementos, ou seja, a sua síntese em processos cognitivos superiores por 
meio da apercepção. Na opinião de Wundt, a mente era dotada do poder 
de organização voluntária dos elementos mentais, posição divergente da 
explicação mecanicista da passividade mental sustentada pela maioria dos 
empiristas e associacionistas britânicos.
Titchener se concentrava nos elementos ou conteúdos mentais, assim 
como na conexão mecânica mediante o processo da associação, mas des­
cartava a doutrina da apercepção de Wundt. Seu enfoque estava nos ele­
mentos, propriam ente ditos, e, em sua opinião, a principal tarefa da 
psicologia consistia na descoberta da natureza das experiências conscien­
tes elementares — a determinação da estrutura da consciência mediante a 
análise das suas partes componentes.
Os anos mais produtivos de Titchener foram aqueles em que passou na Cornell University. Vestia sua toga 
de Oxford University para dar aulas, e fazia delas uma produção grandiosa. O cenário era cuidadosamente 
preparado por seus assistentes, sob a sua rigorosa supervisão. Os docentes mais novos, obrigados a assistir às suas 
aulas, faziam fila à porta para tomar os primeiros assentos, enquanto Titchener entrava diretamente por outra 
porta, dirigindo-se ao tablado. Embora tivesse estudado apenas dois anos com Wundt, seus modos eram mui­
to parecidos com os do seu mentor, copiando seu estilo autocrático, sua maneira formal de dar aulas, e até 
mesmo o uso da barba. Embora Titchener fosse inglês por nascimento, “aqueles que o conheciam pouco, ou 
que só tinham ouvido falar sobre ele, achavam que fosse alemão” (Boring, 1927, p. 493). Um de seus alunos, 
E. G. Boring, que mais tarde se tornou um eminente historiador de psicologia, comentou que Wundt e Tit­
chener tinham personalidades semelhantes, pois ambos eram autocráticos e dominadores.
Titchener parecia se tornar mais arrogante à medida que envelhecia, e “ele se tornava, progressivamente, 
mais intolerante com a dissensão dos outros” (Jeshmaridian, 2007, p. 20).
figura5.1 E d w a r d B r a d fo r d T itchener.
1 Agradecem os a F. B. R o w e por nos fornecer uma cópia dos com entários de Friedline feitos em abril de 1960.
U.
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94 História da psicologia moderna
A biografia de Titchener: "seus bigodes estão pegando fogo' '
Titchener estudou filosofia e os clássicos na Oxford University e trabalhou como assistente de pesquisas 
em fisiologia. Foi um aluno brilhante, com um gosto por línguas, incluindo latim, grego, alemão, francês 
e italiano. U m professor de Oxford, certa vez, deu a Titchener um artigo em holandês e pediu um relató­
rio no prazo de uma semana. Titchener protestou, pois não sabia holandês. O professor disse que apren­
desse — e ele o fez.
Titchener interessou-se pela psicologia wundtiana enquanto estudava em Oxford, entusiasmo não com­
partilhado e tampouco incentivado pela universidade. Por isso, naturalmente, teve de partir para Leipzig, a 
Meca dos cientistas pioneiros, para estudar com o próprio Wundt, lá obtendo o doutorado em 1892. Duran­
te a vida estudantil, criou uma relação muito estreita com Wundt e sua família, a cuja casa muitas vezes era 
convidado, e passou pelo menos um Natal na residência dos Wundt, nas montanhas (Leys e Evans, 1990).
Ao receber o doutorado, Titchener esperava tornar-se o inglês pioneiro da nova psicologia experimental 
de Wundt, mas quando retornou a Oxford, seus colegas ainda estavam céticos em relação à chamada aborda­
gem científica sobre os seus temas filosóficos favoritos. Ali permaneceu por alguns meses, até perceber que 
as melhores oportunidades estavam em outro lugar. Deixou a Inglaterra e partiu para a Cornell University, 
nos Estados Unidos, para lecionarpsicologia e dirigir um laboratório. Estava então com 25 anos, e ali passou 
o resto da vida, até falecer de tumor cerebral, aos 60 anos; seu cérebro foi preservado em um recipiente de 
vidro, em exposição na Cornell University, corno parte de urna coleção iniciada em 1889 para estudar as 
diferenças das características do cérebro (Young, 2010).
De 1893 a 1900, Titchener implementou seu laboratório, conduziu pesquisas e escreveu artigos acadê­
micos, publicando, por fim, mais de 60 trabalhos. Em razão do grande número de alunos atraídos a Cornell 
por causa de sua psicologia, teve de abrir mão da tarefa de participar pessoalmente dos estudos de pesquisa, 
deixando a cargo dos estudantes a condução das experiências. Em 35 anos na Cornell, Titchener orientou 
mais de 50 doutorandos em psicologia, cujas dissertações, na maioria, contêm a marca das ideias dele. Exerceu 
nítida autoridade na seleção dos temas de pesquisa dos orientandos, atribuindo-lhes as questões de seu maior 
interesse. Dessa forma, criou o sistema do estruturalismo, que mais tarde alegou ser a “ única psicologia cien­
tífica digna do nome” (apud Roback, 1952, p. 184).
Titchener traduziu os livros de Wundt do alemão para o inglês. Quando concluiu a tradução da terceira 
edição de Princípios da psicologia fisiológica [Principies ofphysiological psychology], Wundt já havia terminado a quarta 
edição. E ao traduzir a quarta, constatou que o incansável Wundt havia acabado de publicar a quinta edição.
Os livros de autoria do próprio Titchener são Esboço de psicologia \A n outline o f psychology] (1896), Introdução 
à psicologia [Prim er o f psychology] (1898), e os quatro volumes de Psicologia experim ental: um manual de práticas 
de laboratório [E xp erim en ta l psychology: a manual of laboratory practice] (1901-1905). Esses M a nu a is [M anuais], 
que é como os volumes individuais desse trabalho vieram a ser chamados, incentivaram o trabalho de labo­
ratório da psicologia nos Estados Unidos e influenciaram a geração dos psicólogos experimentalistas. Seus 
livros foram traduzidos para diversos idiomas, como russo, italiano, alemão, espanhol e francês.
Como Wundt, Titchener era elogiado como um excelente professor, cujas aulas ninguém queria perder; 
frequentemente, os corredores ficavam superlotados. Quando Boring foi assistir sua primeira aula com Titchener, 
encontrou alunos espalhados por todas as salas adjacentes. Não exagero quanto a seu magnetismo como pro­
fessor... Lembro-me da aula sobre ritmo de sons como especialmente empolgante; imagine fazer com que 
ritmo de sons seja estimulante! Era aluno de engenharia na época e, no entanto, foi a lembrança dessas aulas 
que me levou a mudar para psicologia, cinco anos mais tarde. (Boring, 1927, p. 494)
Capítulo 5 Estruturalismo 95
A medida que Titchener envelheceu, seus hobbies passaram a ocupar seu tempo e energia, afastando-o do 
trabalho em psicologia. Titchener dividia sua energia entre o trabalho com a psicologia e diversos passatem­
pos. Regia um pequeno grupo musical que se reunia todos os domingos à tarde em sua casa e, mesmo antes 
da criação do departamento de música em Cornell, por vários anos foi o professor responsável por essa disci­
plina. Colecionava moedas e, graças a esse hobby, aprendeu chinês e árabe para decifrar os caracteres gravados 
nos metais. Correspondia-se frequentemente com vários colegas, na maioria das vezes por meio de cartas 
datilografadas, porém com muitas observações manuscritas.
Ele adicionou a palavra “empatia” à língua inglesa, quase por acidente. Esse é outro exemplo de tradução 
que alterou o sentido original de uma palavra (ver Capítulo 1). Titchener traduziu a palavra alemã “simpatia”, 
a partir de um trabalho escrito por um psicólogo alemão, para o inglês como empatia, dando-lhe um signi­
ficado bastante diferente (Jahoda, 2005).
Com o passar dos anos, Titchener afastou-se do convívio social e acadêmico, adquirindo o sta tus de len­
da viva de Cornell, embora muitos docentes nem sequer o houvessem conhecido ou visto. Preferia trabalhar 
em casa. A esposa dele selecionava as pessoas que o procuravam, protegendo-o de estranhos, e os alunos eram 
orientados a procurá-lo apenas em caso de urgência.
Embora sustentasse o modo autocrático como um estereótipo do professor alemão, era igualmente 
solícito para com seus colegas e alunos, desde que fosse tratado com a deferência e o respeito de que acre­
ditava ser merecedor. Histórias dão conta de docentes mais jovens e estudantes de graduação que lavavam 
o carro dele e instalavam telas de proteção na janela da sua residência no verão, não por obrigação, mas 
por admiração.
O ex-aluno Karl Dallenbach cita uma afirmação de Titchener, segundo a qual “um homem não pode 
ter esperança de se tornar um psicólogo enquanto não aprender a fumar” (Dallenbach, 1967, p. 85). E, real­
mente, vários alunos começaram a fumar charutos, pelo menos na presença do mestre (veja Figura 5.2). O 
próprio Dallenbach conta ter ficado enjoado quando fumou seu primeiro charuto.
Cora Friedline relatou a seguinte experiência com Titchener:
[Ela] estava na sala de Titchener, discutindo com ele a sua pesquisa, quando o inseparável charuto encostou 
na barba, que começou a queimar. Ele falava de forma tão imponente naquele momento, que ela não teve 
coragem de interrompê-lo. Finalmente, disse: “Queira me perdoar, dr. Titchener, mas seus bigodes estão 
pegando fogo”. Quando Titchener conseguiu, finalmente, extinguir o fogo, as chamas já estavam atingindo 
sua camisa e a camiseta que ele vestia por baixo.2
Nem a preocupação pelos alunos e muito menos a influência sobre suas vidas terminavam quando eles 
se formavam e deixavam a Cornell. Depois de receber o título de Ph.D., Dallenbach planejava cursar a esco­
la de medicina, mas Titchener arranjou-lhe uma posição acadêmica na University of Oregon. Dallenbach 
pensou que Titchener aprovaria a sua intenção de seguir medicina, mas estava enganado. “Tive de ir para 
Oregon, já que [Titchener] não estava disposto a ver todo o seu trabalho e toda a sua orientação perdidos” 
(Dallenbach, 1967, p. 91).
Outro ex-aluno, E. G. Boring, lembrou-se de que nem todos aceitavam a ingerência de Titchener sobre 
suas vidas. “Diversos de seus alunos mais brilhantes ressentiram-se da interferência e do controle e acabaram
V
2 D e L. T. Benjam in Jr., baseado em docum entos do A cervo Cora Friedline, Arquivos de História da Psicologia Am ericana, da U niversity o f 
A kron, O hio .
96 História da psicologia moderna
rebelando-se, vendo-se, então, excluídos, excomungados, magoados, em uma relação sem retorno” (Boring,
1952, p. 32-33).
VAs vezes, as relações de Titchener com os psicólogos fora do seu grupo também eram tensas. Eleito pelos 
fundadores como membro da APA em 1892, renunciou logo em seguida, porque a associação negou-se a 
expulsar um membro que ele acusava de plágio. Conta-se que um amigo pagou as taxas de Titchener duran­
te vários anos, para que o nome dele sempre estivesse na lista de membros.
Os experimentalistas de Titchener: proibido para as mulheres
Em 1904, um grupo de psicólogos de Cornell, Yale, Clarck, Michigan e Princeton, entre outros, que se auto­
denominavam “os experimentalistas de Titchener”, começou a se reunir regularmente para comparar as obser­
vações obtidas nas pesquisas. Além de selecionar os temas e os participantes, Titchener geralmente conduzia as 
reuniões. Uma das regras era a proibição de participação das mulheres. E. G. Boring conta que Titchener dese­
java “ouvir relatos com liberdade para interromper, debater e criticar, em um ambiente encoberto pela fumaça 
dos charutos e sem a presença das mulheres. Elas são delicadas demais para fumar” (Boring, 1967, p. 315).
Algumas alunas da Bryn Mawr College, na Pensilvânia, tentaram frequentar essas reuniões; no entanto, 
foram prontamente convidadas a se retirar. Em uma das reuniões, elas se esconderam sob a mesa, enquanto a 
noiva de Boring, Lucy May, e outra amiga aguardavam na salaao lado “com a porta entreaberta, para desco­
brir como era a psicologia masculina sem censuras”. Boring lembrou-se de que elas saíram “ilesas” (Boring,
1967, p. 322).
Lucy May Boring, que morreu aos 110 anos (1886-1996), obteve o Ph.D. na Cornell em 1912, e chegou 
a lecionar por um breve período na Vassar College e na Wells College antes de abrir mão da carreira na psi­
cologia e optar pelo casamento. Como muitas mulheres casadas de classe média daquela época, com ótima 
formação e credenciais acadêmicas, ela trabalhava no anonimato em projetos de seu marido, embora sua 
contribuição, em geral, não fosse reconhecida.
FIGURA5.2 O s e x p e r im e n t a l i s t a s de T i t che n e r p o s a m d u ran te uma reun ião em 1916; pe lo m e n o s c in co m e m - 
b r o s p o d e m s e r v i s t o s c o m cha ru to s .
Capítulo 5 Estruturalismo 97
FIGURA5.3 M a r g a r e t F l o y W a s h b u r n .
Em 1912, com o intuito de participar da reunião dos experimenta- 
listas, Christine Ladd-Franklin (1847-1930) escreveu a Titchener para 
solicitar uma oportunidade para ler o relatório da sua pesquisa relativa à 
psicologia experimental. Havia trabalhado no problema da visão das cores 
no laboratorio de G. E. Miiller, na University ofGõttingen, na Alemanha, 
e no laboratorio de Helmholtz, em Berlim. Antes disso, havia completa­
do as exigencias para o obtenção do Ph.D. em matemática, na Johns 
Hopkins University, mas teve o título negado por ser mulher. A direção 
da universidade acabou redimindo-se e concedeu-lhe o título de douto­
rado somente 44 anos mais tarde.
Quando Titchener recusou seu pedido, ela escreveu a ele, dizendo-se 
“chocada em saber que ainda hoje, em 1912, vocês não permitem a par­
ticipação das mulheres nas reuniões dos psicólogos experimentalistas.
Como podem ser tão retrógrados?” (apud Furumoto, 1988, p. 107). Sem
desistir da sua posição, continuou a protestar durante vários anos, chamando a política de Titchener de imo­
ral e anticientífica.
Titchener escreveu a um amigo, dizendo: “A Sra. Ladd-Franklin acusou-me de injúria por não permitir 
a participação das mulheres nas reuniões e ameaça fazer um escândalo pessoalmente e por escrito. Possivel­
mente, ela conseguirá dissolver o grupo e nos obrigará a realizar reuniões escondidas em tocas escuras, como 
os coelhos” (apud Scarborough e Furumoto, 1987, p. 126).
Embora Titchener continuasse a excluir as mulheres das reuniões dos experimentalistas, encorajava e 
apoiava seu progresso na psicologia. Ele aceitava mulheres nos programas de pós-graduação em Cornell, mas 
as universidades de Harvard e Columbia não as admitiam. Mais de um terço dos 56 doutorados concedidos 
por Titchener foi para mulheres. Nenhum psicólogo daquela época concedeu tantos títulos de doutorados a 
mulheres como Titchener. Ele também apoiava a contratação de professoras, ideia que muitos colegas consi­
deravam avançada demais. Em uma ocasião, ele insistiu na contratação de uma professora, mesmo diante da 
recusa do diretor.
A primeira mulher a obter o doutorado em psicologia foi Margaret Floy Washburn (Figura 5.3), que 
também fora a primeira orientanda de doutorado de Titchener. Ela lembrou que: “Ele não sabia muito bem 
o que fazer comigo” (Washburn, 1932, p. 340). Depois do doutorado, ela escreveu um importante livro 
sobre a psicologia comparativa (A m en te an im al — T h e an im a l m ind , 1908) e foi a primeira psicóloga eleita 
para a Academia Nacional de Ciências (National Academy of Sciences). Além disso, chegou a ser presiden­
te da APA.
Essa breve menção ao sucesso de Washburn tem o intuito de salientar o constante apoio de Titchener à 
mulher na psicologia. Embora não abrisse mão da proibição de mulheres nas reuniões dos experimentalistas, 
envidou esforços para abrir as portas totalmente fechadas, pela maioria dos psicólogos, às mulheres.
Em 1929, dois anos após a morte de Titchener, os experimentalistas renasceram como Sociedade de 
Psicólogos Experimentais (Society of Experimental Psychologists), ainda ativa hoje (www.sepsych.org). A 
nova sociedade admitia mulheres (Washburn foi uma das duas mulheres titulares) e tinha reuniões anuais para 
discutir a pesquisa de seus convidados (ver Goodwin, 2005). Em 2004, a Sociedade de Psicólogos Experi­
mentais (Society of Experimental Psychologists) organizou uma reunião por ocasião de seu centenário, no 
campus da Cornell University. Um dos professores da Cornell trouxe um convidado para a reunião: o cérebro 
de Titchener (Benjamín, 2006a, p. 137).
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98 História da psicologia moderna
0 conteúdo da experiência consciente
De acordo com Titchener, o objeto de estudo da psicologia é a experiência consciente como dependente do 
indivíduo que a vivência. Esse tipo de experiência difere da estudada por cientistas de outras áreas. Por exem­
plo, tanto a física quanto a psicologia podem estudar a luz e o som. Enquanto os físicos examinam os fenô­
menos do ponto de vista dos processos físicos envolvidos, os psicólogos analisam a luz e o som com base na 
experiência e na observação humana desses fenômenos.
As outras ciências não dependem da experiência pessoal. Titchener citou, como exemplo da física, a 
temperatura de uma sala, que pode ser de 30 °C, haja ou não uma pessoa presente para senti-la. No entanto, 
quando há observadores que relatem sentir um calor desconfortável, essa sensação — a experiência da tempe­
ratura elevada — depende das experiências individuais dos presentes. Para Titchener, esse tipo de experiência 
consciente é o único enfoque adequado para a pesquisa psicológica.
Text o o r i g i n a l
Trecho sobre o estruturalismo, extraído de4 textbookofpsychology (1909), de E. B. Titchener3
T odo c o n h e c im e n t o h u m a n o é d e r i v a d o da e xp e r iê nc ia hu m an a , não há outra fonte de c o n h e c im e n to . N o entanto a e xpe r iênc ia hu m an a , c o m o v im o s , pode s e r a n a t i s a d a a part i r de p o n t o s de v i s ta d i s t in tos . I m a g i n e m o s e s ta s i t uação : t o m a m o s d o i s p o n t o s 
de v ista, o s m a i s d i s t in to s p o s s í v e i s , e v i v e n c ia m o s , n ó s m e s m o s , a s e x p e r i ê n c ia s n o s d o i s c a s o s . Em p r im e i ro lugar, c o n s i d e r a r e ­
m o s a e xp e r iê nc ia c o m o um todo, i n d e p e n d e n te de q u a lq u e r p e s s o a em part icu la r ; v a m o s s u p o r que ela ocorra , haja ou não a l g u é m 
pa ra v i v e nc iá - l a . Em s e g u n d o lugar, c o n s i d e r a r e m o s a e xpe r iênc ia c o m o um todo, d e p e n d e n te de um a p e s s o a em part icu la r ; v a m o s 
s u p o r que e la o c o r r a a p e n a s q u a n d o há a l g u é m p re se n te pa ra v i ve nc iá - l a . D i f i c i lm ente e n c o n t r a r e m o s d o i s p o n t o s de v i s t a s tão 
a n t a g ô n i c o s quan to e s s e s . Q u a i s a s d i f e r e n ç a s na e xpe r iênc ia a n a l i s a d a a pa rt i r d e s s a s d u a s v i s õ e s ?
P a ra c o m e ç a r , t o m e m o s o s t r ê s p r im e i r o s c o n c e i t o s e n s i n a d o s na f í s ica : e s p a ç o , t e m p o e m a s s a . 0 e s p a ç o f í s ico, que é 
o e s p a ç o da g e o m e t r ia , da a s t r o n o m i a e da g e o lo g i a , é c o n s t a n te , p e r m a n e c e n d o s e m p r e o m e s m o em q u a l q u e r parte. A u n i ­
d a d e de m e d i ç ã o é o cen t ím et ro , que tem e x a t a m e n t e o m e s m o v a l o r o n d e e q u a n d o q u e r que se ja a p l i c a d o . 0 t e m p o f í s i c o é 
i g u a lm e n t e c o n s t a n te , a s s i m c o m o s u a u n id a d e de m e d iç ã o , o s e g u n d o . A m a s s a f í s i c a é c o n s t a n t e e s u a un idade , o g r a m a ,é 
s e m p r e a m e s m a em q u a l q u e r parte. E s s e s s ã o c a s o s de e x p e r i ê n c i a s de e s p a ç o , t e m p o e m a s s a , c o n s i d e r a d a s i n d e p e n d e n t e s 
da p e s s o a que a s v ivenc ia .
P a s s e m o s , então, pa ra a v i s ã o que c o n s i d e r a a e xpe r iênc ia d e p e n d e n te da p e s s o a que a v ivenc ia . A s d u a s l i n h a s v e r t i c a i s (na 
F igu ra 5 .4 ) s ã o id ên t i c a s f i s i c am ente ; p o s s u e m a m e s m a m ed ida em u n id a d e s de cent ímetro . Pa ra você, que a s v i sua l i za , e l a s não 
s ã o igua is . A ho ra que v o c ê p a s s a no s a g u ã o de e s p e r a de um a e s t a ç ã o em um v i larejo e a ho ra que v o cê p a s s a a s s i s t i n d o a um a 
p e ça i n t e r e s s a n t e s ã o f i s i c a m e n te idênt ica s ; p o s s u e m a m e s m a m e d id a em u n id a d e s de s e g u n d o . Pa ra você, a ho ra na p r im e i ra 
s i t u a ç ã o p a s s a d e v a g a r e na outra, rap idam ente ; não s ã o igua is . P e g u e d u a s c a i x a s c i r c u l a r e s de p a p e lã o co m d i â m e t r o s d i f e r e n ­
te s (2 e 8 ce n t ím e t ro s ) e jo gue a re ia dent ro d e l a s até a s d u a s p e s a re m , d i g a m o s , 5 0 g r a m a s .
A s d u a s m a s s a s s ã o f i s i c a m e n te idênt ica s ; c o l o c a d a s n o s p r a to s de um a ba la n ça , o m e d id o r a p o n ta r á o centro, ou seja, a 
m e s m a m e d id a pa ra a s duas . Pa ra você, ao le v an ta r a s d u a s ca ixa s , um a em cada mão, ou ao l e v a n t á - l a s um a de c ad a vez c o m a
m e s m a mão, a ca ixa de m e n o r d iâm e t ro s e r á c o n s i d e r a v e lm e n t e m a i s p e sa d a . T e m o s aqui a e xpe r iênc ia de e sp a ç o , tem p o e m a s s a
/
c o n s i d e r a d a d e p e n d e n t e da p e s s o a que a v ivenc ia . E e x a t a m e n te a m e s m a e x p e r i ê n c ia d i s c u t id a a n te r io rm e n te . N o entanto, a 
p r im e i ra p e r s p e c t i v a a p r e s e n t a - n o s f a to s e le i s da f ís ica; e a s e g u n d a , f a to s e le i s da p s i c o lo g ia .
3 Reim presso mediante a autorização da M acm illan Publishing C o., Inc., extraído de A textbook o f psychology, de E. 13. Titchener (p. 6-9). Copyright 
1909 por M acm illan Publishing C o., Inc. R evisado ein 1937 por Sophia K., Titchener.
Capítulo 5 Estruturalismo 99
figura5.4 E x e m p lo da v i s ã o que c o n s i d e r a a e xp e r ie n c ia d e p e n d e n t e da p e s s o a que a v ivenc ia : 
a s d u a s l i n h a s v e r t i c a i s s ã o f i s i c a m e n t e idênt ica s , m a s não s ã o i g u a i s para quem a s v i sua l i z a .
P a s s e m o s a g o r a a t rê s t e m a s b á s i c o s d i s c u t i d o s n o s l i v r o s de f ís ica: o calor, o s o m e a luz. 0 calor, p r o p r i a m e n te dito, a s s i m 
c o m o a f i rm a m o s f í s i c o s , é a e ne rg ia g e ra d a pe lo m o v im e n to m o le cu la r ; c a l o r é a f o rm a de e ne rg ia de r iv ad a do m o v im e n to entre 
a s p a r t í c u l a s de um co rpo . A r a d ia ç ã o pe r tence , j u n t a m e n t e c o m a luz, à c h a m a d a e n e r g i a r ad ian te - a e n e r g i a p r o p a g a d a po r 
m o v im e n t o s de o n d a s do e s p a ç o c e le s te lum in í fe ro que p re e n c h e o e sp a ç o . 0 s o m é a f o rm a de e ne rg ia re su l tan te d o s m o v im e n t o s 
v ib r a t ó r i o s d o s c o rp o s , e que s e p r o p a g a po r m o v im e n t o s de o n d a s de a l g u m me io e lá s t ico , só l ido , l íqu ido ou g a s o s o . Em re su m o , 
o c a lo r c o n s i s t e na d a n ç a d a s m o lé c u l a s ; a luz, no m o v im e n to de o n d a s do e s p a ç o c e le s te e, o s o m , no m o v im e n to de o n d a s do ar.
0 u n i v e r s o da f ís ica, no q ua l e s s a s e x p e r i ê n c ia s s ã o c o n s i d e r a d a s i n d e p e n d e n t e s d a s p e s s o a s que a s v ivenc iam , não há c a lo r 
n e m frio, n ão há e s c u r i d ã o n e m luz, não há s i l ê n c io nem ruído. S o m e n t e q u a n d o a s e x p e r i ê n c ia s s ã o c o n s i d e r a d a s d e p e n d e n t e s de 
a l g u m ind iv íduo é que e x i s tem o c a lo r e o frio, o preto e o b ranco, o c o lo r id o e o c inzento, tons, a s s o b i o s e e s t a m p id o s .
E e s s e s s ã o o s ob je to s de e s t u d o da p s i co lo g ia .
0 erro de estímulo
N o estudo da experiência consciente, Titchener fez um alerta a respeito de se cometer o que chamou erro 
de estím ulo, que gera uma confusão entre o processo mental e o objeto da observação. Por exemplo, o 
observador que vê uma maçã e a descreve apenas como a fruta maçã, em vez de descrever elementos como a 
cor, o brilho e a forma que está observando, comete o erro de estímulo. O objeto da observação não deve ser 
descrito na linguagem cotidiana, mas em termos do conteúdo consciente elementar da experiência.
Quando o observador se concentra no objeto de estímulo e não no con­
teúdo consciente, não faz distinção entre o conhecimento adquirido no pas­
sado em relação ao objeto (por exemplo, que o nome do objeto é maçã) e a 
própria experiência imediata e direta. Todo observador sabe que a maçã é 
vermelha, redonda e tem certo brilho. Ao descrever outras características que 
não sejam a cor, o brilho e o formato, em vez de observar o objeto, o observador o está interpretando. Trata- 
-se, assim, da experiência mediata, e não da imediata.
Titchener definia a consciência como a soma das experiências existentes em determinado momento. A 
mente é a soma das experiências acumuladas ao longo do tempo. A consciência e a mente são semelhantes, 
apenas com a diferença de que a consciência envolve os processos mentais que ocorrem em determinado 
momento, e a mente, o total desses processos.
Erro de estímulo: c o n fu s ã o entre o 
p r o c e s s o menta l que está s e n d o 
e s tudad o e o e s t ím u lo ou objeto 
que está s e n d o ob se rvado .
100 Historia da psicologia moderna
A psicologia estrutural, na visão de Titchener, era uma ciência pura. Ele não se preocupava com a apli­
cação do conhecimento psicológico. A psicologia, afirmava, não se propõe a curar mentes doentias nem a 
reformar a sociedade. O único propósito legítimo da psicologia é descobrir os fatos estruturais da mente. Ele 
acreditava que os psicólogos deviam se manter distantes das especulações sobre o valor prático do seu trabalho, 
por isso posicionou-se contra o desenvolvimento da psicologia infantil, animal e de outras áreas incompatíveis 
com a psicologia introspectiva experimental do conteúdo da experiência consciente.
Introspecção
Titchener empregava a introspecção, ou auto-observação, com base em observadores rigorosamente 
treinados para descrever os elementos no seu estado consciente, em vez de relatar o estímulo observado 
ou percebido, utilizando apenas nomes conhecidos. Percebeu que todos aprendemos a descrever a expe­
riência no que se refere a estímulo, como chamar o objeto vermelho, redondo e brilhante de maçã, o 
que é suficiente e útil para o cotidiano. Em seu laboratório de psicologia, no entanto, essa prática teve 
de ser desaprendida.
Titchener adotou a mesma definição de Kiilpe para descrever o seu método, introspecção experimental 
sistemática. Como Kiilpe, ele utilizava relatos detalhados, subjetivos e qualitativos das atividades mentais dos 
indivíduos durante o ato de introspecção. Ele se opunha à abordagem de Wundt, cujo foco era as mensurações 
quantitativas e objetivas, porque acreditava não serem úteis na análise das sensações e imagens elementares da 
consciência, ponto central da sua psicologia.
Emoutras palavras, Titchener divergia de Wundt porque seu interesse estava em analisar a experiência 
consciente complexa a partir das partes componentes, e não a síntese dos elementos mediante a apercepção. 
Titchener dava ênfase às partes, enquanto Wundt, ao todo. Alinhado com a maioria dos empiristas e associa- 
cionistas britânicos, o objetivo de Titchener era descobrir os chamados átomos da mente.
FIGURA5.5 T i t che n e r g e r a lm e n te s e e n c o n t r a v a c om o s a l u n o s em s u a b ib l io teca.
Capítulo 5 Estruturalismo 101
Seu conceito de introspecção, aparentemente, já se havia formado antes de ele estudar com Wundt, em 
Leipzig. Um historiador disse que, quando ele ainda frequentava a Oxford, fora influenciado pelos trabalhos 
de James Mill (Danziger, 1980).
O espírito da filosofia mecanicista também o influenciou, como se pode observar na imagem que ele 
tinha dos observadores que lhe forneciam dados em seu laboratório. Em seus relatos de pesquisa publicados, 
os observadores eram chamados de reagentes, termo usado por químicos para se referir às substâncias que, 
por causa de sua capacidade para certas reações, são utilizadas para detectar, examinar ou medir outras subs­
tâncias. O reagente normalmente é passivo, ou seja, é usado para provocar reações nas outras substâncias.
Percebe-se que, ao aplicar esse conceito a observadores humanos, Titchener os enxergava como instru­
mentos mecânicos de registro, que reagiam e respondiam de forma objetiva às observações das características 
do estímulo observado. Os indivíduos seriam meramente máquinas neutras e imparciais. Seguindo a ideia de 
Wundt, as observações treinadas se tornariam tão mecanizadas e habituais, que os observadores não percebe­
riam mais se estavam realizando um processo consciente. Titchener dizia:
Ao prestar atenção no fenômeno, o observador da psicologia, assim como o observador da física, esquece 
completamente de atribuir atenção subjetiva ao estado de observação [...] os observadores, como é do nosso 
conhecimento, são treinados; seu “estado de observação” já está mecanizado. (Titchener, 1912a, p. 443)
Se esses observadores eram considerados máquinas, então não faltava muito para generalizar esse concei­
to a todo ser humano. Esse pensamento mostra a contínua influência da visão mecânica do universo de Ga- 
lileu e N ew to n , conceito que não desapareceu, m esm o com a extinção do estruturalism o. C o m os 
desdobramentos da história da psicologia, observa-se que a imagem do homem como máquina continuou a 
caracterizar a psicologia experimental até a primeira metade do século XX.
A proposta de Titchener consistia na abordagem experimental para a observação introspectiva na psico­
logia. Ele obedecia rigorosamente às normas da experimentação científica, afirmando que
um experimento é uma observação que pode ser repetida, isolada e variada. Quanto maior a quantidade de 
repetições das observações, maior a probabilidade de clareza na percepção e de precisão na descrição do obje­
to observado. Quanto mais isolada a observação, mais fácil será a execução da tarefa e menor o risco de 
confusão proveniente de circunstâncias irrelevantes ou de ênfase no ponto errado. Quanto mais amplamente 
se puder variar a observação, mais clara será a percepção da uniformidade da experiência e maior a chance de 
descoberta de leis. (Titchener, 1909, p. 20)
A introspecção realizada pelos reagentes ou observadores do laboratório de Titchener era baseada em 
vários estímulos, proporcionando observações extensas e detalhadas dos elementos de suas experiências. Por 
exemplo, um acorde seria tocado no piano; o acorde era composto por três notas individuais tocadas juntas. 
Os observadores tinham de relatar quantos sons separados eles conseguiam distinguir, as características men­
tais dos sons, e quaisquer outros átomos básicos ou elementos conscientes que pudessem detectar.
Outro experimento envolvia determinada palavra falada em voz alta. Como Titchener descreveu, pedia- 
-se ao reagente que “observasse o efeito que esse estímulo produz sobre a consciência: como a palavra afeta a 
pessoa, que ideias veem à mente, e assim por diante” (Titchener, 1910, apud Benjamín. 1997, p. 174). Pode-se 
ver por esses exemplos por que os observadores no laboratorio de Titchener tinham de ser rigorosamente 
treinados, e como suas observações eram necessariamente subjetivas, ou qualitativas.
102 Historia da psicologia moderna
Os elementos da consciência
Titchener apresentou três propostas básicas para a psicologia:
1. reduzir os processos conscientes a seus componentes mais simples;
2. determinar as leis de associação desses elementos da consciência;
3. conectar os elementos às suas condições fisiológicas.
Assim, as metas da psicologia estrutural de Titchener coincidem com as das ciências naturais. Depois que 
decidem a parte do universo natural que desejam estudar, os cientistas descobrem seus elementos, demonstram 
como esses elementos são compostos em fenômenos complexos e formulam leis que os governam. A parte 
principal da pesquisa de Titchener dedicava-se ao primeiro problema: descobrir os elementos da consciência.
Titchener definiu três estados elementares da consciência: o estado da sensação, o da imagem e os estados 
afetivos. As sensações são elementos básicos da percepção e estão presentes nos sons, nas visões, nos cheiros e 
nas outras experiências provocadas pelos objetos físicos do ambiente. As imagens são elementos das ideias e 
estão no processo que reflete as experiências não realmente presentes no momento, mas como a lembrança 
de uma experiência do passado. Os estados afetivos, ou as afeições, são elementos da emoção e encontram-se 
nas experiências como o amor, o ódio e a tristeza.
Em U m esboço de psicologia \A n outline o f psychology] (1896), Titchener apresentou a lista dos elementos da 
sensação descobertos nas suas pesquisas. São cerca de 44.500 qualidades sensoriais individuais, sendo 32.820 
visuais e 11.600 auditivas. Cada elemento é considerado consciente e distinto dos demais, podendo haver a 
combinação entre eles para a formação das percepções e das ideias.
Embora básicos e irredutíveis, os elementos mentais podem ser categorizados, do mesmo modo que os 
elementos químicos são agrupados em classes. Apesar da simplicidade, os elementos mentais são dotados de 
atributos distintivos. Titchener adicionou a duração e a nitidez. Essas quatro características eram consideradas 
fundamentais, já que estão, em certo grau, em toda experiência.
Qualidade é a característica, como “frio” ou “vermelho”, que distingue claramente um elemento de 
todos os demais.
Intensidade refere-se a força, fraqueza, sonoridade ou brilho de uma sensação.
Duração é o curso da sensação ao longo do tempo.
Nitidez refere-se à função da atenção na experiência consciente; uma experiência no foco da nossa aten­
ção é mais nítida do que uma que não seja alvo da nossa atenção.
As sensações e as imagens possuem todos esses quatro atributos; no entanto, os estados afetivos são do­
tados apenas de três: qualidade, intensidade e duração, não possuindo nitidez. Por quê? Titchener acredita­
va que era impossível concentrar a atenção diretam ente em u m elemento de emoção ou sentimento. 
Quando tentamos fazê-lo, a qualidade afetiva, como a tristeza, a raiva ou a satisfação, desaparece. Alguns 
processos sensoriais, especialmente a visão e o tato, são dotados de outro atributo, a extensão, já que envol­
vem a noção espacial.
Todo processo consciente pode ser reduzido a um desses atributos. As descobertas feitas no laboratório 
de Külpe, em Würzburg, sobre o problema do pensamento sem imagens, não fizeram Titchener mudar de 
opinião. Ele reconhecia que algumas qualidades mal definidas podem ocorrer durante o pensamento; no
Capítulo 5 Estruturalismo 103
entanto, afirmava que, ainda assim, consistiam em sensações ou imagens. Para Titchener, estava claro que os 
observadores de Külpe sucumbiram ao erro de estímulo porconcentrar mais atenção nos estímulos do obje­
to do que nos próprios processos conscientes.
Os alunos da pós-graduação de Cornell realizaram muitas pesquisas relacionadas com os estados afetivos, 
e suas constatações levaram Titchener a rejeitar a teoria tridimensional dos sentimentos de Wundt. Titchener 
alegava estar o afeto presente em apenas uma dimensão — no prazer/desprazer — e rejeitava as dimensões de 
tensão/relaxamento e excitação/depressão definidas por Wundt.
Titchener estava mudando sua abordagem?
N o final da vida, Titchener alterou de forma significativa a sua psicologia estrutural. Por volta de 1918, não 
abordava mais o conceito de elementos mentais nas aulas, e afirmava que a psicologia devia dedicar-se ao 
estudo das dimensões ou dos processos mentais mais amplos, os quais ele listava como qualidade, intensidade, 
duração, nitidez e extensão, e não dos elementos básicos. Alguns anos mais tarde, escreveu a um aluno de 
pós-graduação: “Desista de pensar em termos de sensações ou afetos. Esses conceitos eram válidos há dez anos, 
mas hoje [...] estão completamente desatualizados. [...] Pense em termos de dimensões e não de constructos 
sistemáticos, como a sensação” (Evans, 1972, p. 174).
Na década de 1920, Titchener colocou em dúvida o uso do termo “psicologia estrutural” e passou a 
chamar sua abordagem de psicologia existencial. Reavaliou seu método de introspecção e adotou o tratamen­
to fenomenológico, examinando a experiência como um todo, e não dividida em elementos.
Se Titchener tivesse vivido tempo suficiente para implementá-la, essas mudanças drásticas de perspecti­
va poderiam ter alterado radicalmente a visão e o destino da psicologia estrutural. Essas ideias supõem flexi­
bilidade e abertura para mudanças, atributos que os cientistas acreditam possuir, mas que nem sempre são 
capazes de demonstrar. As provas dessas mudanças foram reunidas pelos historiadores mediante a análise 
cuidadosa de cartas e aulas de Titchener (ver Evans, 1972; Henle, 1974). Embora não tenham sido incorpo­
radas formalmente a seu sistema, essas ideias indicam a direção para a qual ele seguia, mas a morte o impediu 
de atingir esse objetivo.
Críticas ao estruturalismo
Muitas vezes, as pessoas ganham notoriedade na história porque se opõem a um ponto de vista mais antigo, 
mas no caso de Titchener não foi bem assim, pois ele se manteve firme, mesmo quando todos haviam muda­
do de opinião. Na segunda década do século X X , o pensamento intelectual norte-americano e europeu 
havia mudado, mas o sistema formal de Titchener permanecia o mesmo. Consequentemente, vários psicólo­
gos chegaram a considerar a psicologia estrutural uma tentativa fútil de ater-se a princípios e métodos anti­
quados. O psicólogo James Gibson, que conheceu Titchener já quase no final da vida, observou que, 
embora ele “inspirasse verdadeira admiração [...] a minha geração prescindia da sua teoria ou do seu método. 
Sua influência estava em declínio” (Gibson, 1967, p. 130).
Titchener acreditava que estava estabelecendo uma base para a psicologia; no entanto, seus esforços fize­
ram parte apenas de uma fase da história da disciplina. A era do estruturalismo entrou em colapso quando 
Titchener morreu, e o fato de essa escola ter se mantido por tanto tempo deve ser atribuído, como um ver­
dadeiro tributo, à sua personalidade dominadora.
104 História da psicologia moderna
Críticas à introspecção
As críticas mais relevantes em relação ao método de introspecção estavam voltadas ao tipo de observação 
praticada nos laboratórios de Titchener e Külpe, que lidava com relatos subjetivos de elementos da consciên­
cia, diferentemente do método de percepção interna de Wundt, o qual lidava com as reações mais objetivas 
e quantitativas ao estímulo externo.
A introspecção, no sentido mais amplo, foi empregada durante décadas, e as críticas ao método não eram 
novidade. Um século antes do trabalho de Titchener, o filósofo alemão Immanuel Kant declarou que qualquer 
tentativa de introspecção alterava necessariamente a experiência consciente observada, porque introduzia uma 
variável de observação no conteúdo da experiência consciente.
O filósofo positivista Auguste Comte criticou o método introspectivo, alegando que, se a mente fosse 
capaz de observar as próprias atividades, teria de se dividir em duas partes: uma observadora e outra obser­
vada e, para ele, obviamente, isso era impossível (Wilson, 1991).
A mente é capaz de observar todos os fenômenos, exceto os próprios. [...] O órgão observador e observado 
neste caso é o mesmo, e a sua ação não pode ser pura e natural. Para realizar uma observação, o intelecto 
deve fazer urna pausa em sua atividade; no entanto, essa é exatamente a atividade que se deseja observar.
Se essa pausa não for possível, será impossível realizar a observação; e, se for possível, não haverá objeto a 
ser observado. Os resultados desse método são igualmente proporcionais ao seu absurdo. (Comte, 1830/1896, 
v. 1, p. 9)
O médico inglês Henry Maudsley também fez críticas à introspecção e falou sobre a psicopatologia:
Não existe consenso entre os observadores da introspeção. Se houver concordância, deve-se ao fato de eles 
estarem rigorosamente treinados e, assim, produzirem observações parciais. [...] Devido à extensão patológi­
ca da mente, o autorrelato é dotado de pouca credibilidade. (Maudsley, 1867, apud Turner, 1967, p. 11)
Desse modo, havia dúvidas substanciais a respeito da introspecção, muito antes de Titchener modificar 
e aprimorar o método para adequá-lo aos métodos científicos. Ainda que sua abordagem tenha se tornado 
mais precisa, os ataques continuaram.
Um dos alvos das críticas era a definição, já que Titchener, aparentemente, tinha dificuldades em definir 
exatamente o significado do método introspectivo. Ele tentava explicá-lo, relacionando-o com condições 
experimentais específicas.
A direção seguida pelo observador varia nos detalhes em relação à natureza da consciência observada, ao 
objetivo do experimento, [e] à instrução dada pelo pesquisador. Assim, introspecção é um termo genérico 
e abrange um grupo indefinido enorme de procedimentos metodológicos específicos. (Titchener, 1912b, 
p. 485)
O segundo alvo das críticas à metodologia de Titchener relacionava-se à tarefa exata que os observadores 
estruturalistas eram treinados para executar. Os alunos de pós-graduação de Titchener, que serviam de ob­
servadores, eram instruídos a ignorar algumas classes de palavras (as denominadas palavras com significado) 
que faziam parte de seu vocabulário. Por exemplo, a frase “Vejo uma mesa” não era dotada de significado
Capítulo 5 Estruturalismo 105
científico para o estruturalista; a palavra “mesa” possui significado, com base no conhecimento estabelecido 
e geralmente aceito, relacionado com a combinação específica de sensações que aprendemos para identificar 
e chamar o objeto de mesa. Portanto, a observação “Vejo uma mesa” não expressava, para o psicólogo estru­
turalista, nada a respeito dos elementos da experiência consciente do observador. O interesse do estruturalis­
ta não se concentrava no conjunto das sensações resumido na palavra com significado, mas nas formas básicas 
específicas da experiência. Os observadores que respondiam “mesa” estavam cometendo o que Titchener 
chamava erro de estímulo.
Se as palavras comuns eram ignoradas do vocabulário, como os observadores treinados descreveriam as 
experiências? Seria necessário desenvolver uma linguagem introspectiva. Titchener (e Wundt) enfatizava que 
as condições experimentais externas deviam ser cuidadosamente controladas, de forma a permitir a determi­
nação precisa da experiência consciente. Assim, dois observadores teriam de vivenciar experiências idênticas 
e produzir resultados que se corroborassem mutuamente. E com a realização dessas experiências praticamen­
te idênticas sob condições controladas, teoricamente seria possível desenvolver para os observadores um vo­
cabulário de trabalho com palavras sem significado.Afinal, é em razão das experiências compartilhadas no 
dia a dia que as palavras familiares adquirem significados comuns a todos.
A ideia da criação da linguagem introspectiva nunca se concretizou. Havia muita discordância entre os 
observadores, mesmo quando as condições eram extremamente controladas. Observadores de laboratórios 
diferentes apresentavam resultados distintos. Mesmo os indivíduos do mesmo laboratório, observando o mes­
mo material de estímulo, muitas vezes não conseguiam obter a mesma observação. Ainda assim, Titchener 
insistia que a concordância acabaria ocorrendo. Se tivesse havido uniformidade suficiente nas descobertas 
introspectivas, talvez a escola do estruturalismo tivesse durado mais tempo.
Os críticos também alegavam ser a introspecção, na verdade, uma forma de retrospecção, porque havia um 
intervalo entre a experiência e o seu relato. Ebbinghaus já demonstrara que a taxa de esquecimento é mais 
elevada imediatamente após a experiência; portanto, provavelmente, parte dela se perdia antes da introspecção 
e do relato. Os psicólogos estruturalistas respondiam a essa crítica de duas formas: primeiro, alegando que os 
observadores trabalhavam com um intervalo mínimo, e, segundo, propondo a existência de uma imagem men­
tal primária que, supostamente, mantinha a experiência na mente dos observadores até que pudessem relatá-la.
Observamos anteriormente que o próprio ato de examinar a experiência de forma introspectiva pode, 
de algum modo, alterá-la. Analisemos, por exemplo, a dificuldade de introspecção de um estado conscien­
te de ira. N o processo racional de prestar atenção e tentar dividir a experiência em suas partes componen­
tes, a ira provavelmente diminuiria ou desapareceria. Titchener continuava firme na sua crença de que seus 
observadores treinados continuariam a realizar automaticamente a observação, sem alterar conscientemen­
te a experiência.
A noção da mente inconsciente, proposta por Sigmund Freud no início do século X X (ver no Capítulo 
13), fomentou outra crítica ao método introspectivo. Se, como afirmava Freud, parte da nossa função mental 
era inconsciente, obviamente a introspecção não servia para explorá-la. U m historiador afirmou:
A base da análise introspectiva estava na crença de que todo o funcionamento da mente era passível de obser­
vação consciente, e, se fosse possível observar cada aspecto do pensamento humano e da emoção, a introspec­
ção proporcionaria, na melhor das hipóteses, apenas um retrato fragmentado e incompleto do funcionamento 
mental. Se a consciência representava apenas a ponta visível do iceberg, com a maior parte da área da mente 
permanentemente encoberta pelas poderosas barreiras defensivas, a introspecção estava realmente condenada. 
(Lieberman, 1979, p. 320)
106 História da psicologia moderna
Mais críticas ao sistema de Titchener
A introspecção não era o único alvo das críticas. O movimento estruturalista foi acusado de artificial e esté­
ril na tentativa de analisar os processos conscientes a partir dos elementos básicos. Os críticos afirmavam não 
ser possível resgatar a totalidade da experiência, partindo, posteriormente, de qualquer associação ou combi­
nação das partes elementares. Argumentavam que a experiência não ocorria na forma de sensações, imagens 
ou estados afetivos individuais, mas em uma totalidade unificada. Parte da experiência consciente perde-se 
inevitavelmente em qualquer esforço artificial de análise. A escola de psicologia da Gestalt (ver Capítulo 12) 
partiu desse princípio para lançar sua revolta efetiva contra o estruturalismo.
A definição estruturalista da psicologia tornara-se alvo de ataques. Nos anos finais da vida de Titchener, 
os estruturalistas haviam excluído várias especialidades do escopo da psicologia, porque elas não estavam de 
acordo com a sua visão de psicologia. Observamos, por exemplo, que Titchener não considerava a psicologia 
infantil e a animal como psicologia. O seu conceito era tão restrito, que não permitia incluir os novos traba­
lhos feitos e as novas direções que estavam sendo exploradas. A psicologia estava ultrapassando a fronteira de 
Titchener, e com muita rapidez.
Contribuições do estruturalismo
i
Apesar de todas essas críticas, os historiadores dão o devido crédito às contribuições de Titchener e dos es­
truturalistas. Seu objeto de estudo — a experiência consciente — era claramente definido. Seus métodos de 
pesquisa, baseados na observação, experimentação e medição, eram, cientificamente falando, os mais tradi­
cionais. O método mais adequado para o estudo da experiência consciente consistia na auto-observação, já 
que a consciência é mais bem percebida pela pessoa que a vivência.
Embora o objeto de estudo e os propósitos dos estruturalistas não sejam mais fundamentais, o método 
de introspecção, mais amplamente definido como relato oral baseado na experiência, ainda é empregado em 
diversas áreas da psicologia. Há pesquisadores da psicofísica que pedem aos observadores para relatar se o 
segundo tom é mais alto ou mais baixo que o anterior. Há relatos de pessoas expostas a ambientes incomuns, 
como a falta de gravidade nos voos espaciais. Os relatórios clínicos de pacientes, bem como as respostas dos 
testes de personalidade e a análise do comportamento, são de natureza introspectiva.
Os relatórios introspectivos que envolvem processos cognitivos, como o raciocínio, são frequentemente 
usados na psicologia atual. Por exemplo, os psicólogos industriais/organizacionais obtêm relatos introspectivos 
dos funcionários a respeito da interação com os terminais de computador. Essas informações podem ser uti­
lizadas para o desenvolvimento de componentes de computador de mais fácil manuseio e móveis ergonômi­
cos. Os relatos verbais baseados na experiência pessoal são formas legítimas de coleta de dados. Além disso, a 
psicologia cognitiva, com seu renovado interesse nos processos conscientes, vem conferindo maior legitimi­
dade à introspecção (ver no Capítulo 15). Dessa forma, o método introspectivo, embora diferente daquele 
visto por Titchener, permanece vivo e ativo.
Outra contribuição importante do estruturalismo foi ter servido como alvo de críticas. O estruturalismo 
proporcionou o estabelecimento de forte ortodoxia, contra a qual os mais recentes movimentos da psicologia 
puderam concentrar as suas forças. Essas novas escolas de pensamento devem sua existência à reformulação 
progressiva da posição estruturalista. Os avanços científicos demandam a existência de uma oposição. Com 
o estruturalismo de Titchener como alvo da oposição, a psicologia superou seus limites iniciais.

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