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Prof. Adm. Hinton Bentes Castanhal - Pará 2015 3. Gestão da Qualidade, Desenvolvimento Sustentável e os Setores Produtivos Brasileiros: Gestão da Qualidade Meio Ambiente Administração Gestão da Qualidade Meio Ambiente Administração N o s s o p a í s e e s t a d o s ã o conhecidos por suas proporções continentais, uma enorme variedade climática, um gigantesco patrimônio ambiental e a maior diversidade biológica do planeta. A gora nesta unidade vamos trabalhar com a aplicação das ferramentas da gestão da qualidade que aparentemente podem parecer simples e algumas pessoas podem inclusive banalizar ou não dar a devida importância a aplicação. B oa parte da população e algumas empresas já compreenderam que a conservação dos recursos naturais é todavia, cada vez mais desafiadora, mas necessária. À medida que se consolidam demandas direcionadas ao resgate da enorme dívida social existente em nosso país, cresce proporcionalmente a pressão sobre a utilização dos recursos naturais disponíveis, tais como a expansão da fronteira agrícola e o extrativismo como veremos aqui. O Estado precisa garantir, que a utilização dos recursos naturais seja feita de forma apropriada, de acordo com os pressupostos fundamentais do desenvolvimento sustentável e com isso cobra das empresas através das leis e o mercado cobra através dos consumidores. A dministradores estamos chegando a um momento importante desta disciplina onde já analisamos os conceitos de básicos e algumas ferramentas voltadas a gestão da Qualidade para a empresas e para os sistemas produtivos. Espero que todos estejam se interessando cada vez mais sobre esta temática tão cativante que é a gestão da qualidade e o meio ambiente. Adm. Hinton Bentes CRA PA 6363 3 . Gestão da Qual idade , Desenvolvimento Sustentável e os Setores Produtivos Brasileiros: O objetivo da implantação de um sistema de gestão ambiental é ade- quar a organização às diretrizes mun- diais de desenvolvimento, capacitan- do-as a competir pelos mercados internacionais em nível de igualdade e, principalmente, criar e desenvolver uma cultura de preservação em todos os componentes da cadeia de valo- res, se apoiando nas normas de gestão ambiental para uma assistên- cia coerente com o conceito de desen- volvimento sustentável. Um sistema de gestão ambiental consistente deve direcionar e capaci- tar a organização a encarar as demandas ambientais através de identificação e consecução de recursos, definição de responsabilida- des, avaliações programadas das atividades, procedimentos operacio- nais e processos. Conforme as diretrizes da norma ambiental, o sistema de gestão pretende conferir á organização melhoria na relação com o meio- ambiente para otimizar a utilização dos recursos naturais, implicando benefícios diretos de produtividade para a organização, desde o processo industrial até o produto final, pela capacidade de avaliação das consequências ambientais de suas atividades, produtos e serviços, redu- zindo riscos de impactos ambientais, pela economia de matéria-prima e insumos, através de processos mais eficientes e da sua substituição, reutilização ou reciclagem e pela redução de custos com embalagens e atividades de descargas, manuseio, transporte e descarte de resíduos. 3.1 População tradicional: senti- do e significado do conceito na Amazônia: O conceito de população tradicio- nal, que emergiu na Amazônia brasile- ira nas décadas de 1970/1980, faz parte de uma constelação de situa- ções teóricas e práticas produzidas no âmbito das demandas fundiárias e socioambientais dos grupos humanos que se estabeleceram na região, em particular no contexto do chamado ciclo da borracha. No Acre, os seringueiros, inicial- mente chamados de Povos da Floresta face à similaridade ou identi- ficação de suas atividades socioeco- nômicas com o modo de vida indígena (Allegretti, 1994; Simonian, 2000; Silva, 2003; 2007), constituíram-se falecom@hintonbentes.com.br Castanhal - Pará 03 Gestão da Qualidade, Desenvolvimento Sustentável e os Setores Produtivos Brasileiros Prof. Adm. Hinton Bentes Gestão da Qualidade Meio Ambiente Administração nos principais sujeitos protagonistas que estabeleceram o enfrentamento dos novos processos de ocupação dos ecossistemas locais via corte, queima, formação de pasto e criação de gado. Para Castro (1998), esse é um momento de efervescência de um ambientalismo global que identificava nos indígenas, ribeirinhos, quilombo- las, seringueiros e outros um referen- cial importante para a proteção da biodiversidade amazônica. Assim, a conjuntura ambiental planetária, os processos de ocupação da Amazônia no contexto do regime militar, suas externalidades e os anseios das populações extrativistas locais geraram as condições objetivas para a construção do conceito de po- pulação tradicional. Por isso, a ideia de sustentabilida- de ambiental é apresentada como condição indispensável à formação conceitual dessas populações. Há uma infinidade de críticas à concepção de população tradicional ligada à conservação da natureza in situ. Neste contexto, é de se citar o trabalho de Vianna (2008), o qual se baseia na realidade de Unidades de Conservação da Mata Atlântica, ou no que restou delas nos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Na obra, a autora afirma que, em seu nascedou- ro (décadas de 1970/1980/1990), o conceito de população tradicional era vago, impreciso e com uma relação quase nula com os processos da vida real das populações locais. Balizados pela teoria do bom selva- 04 gem, os autores que construíram esse conceito teriam apresentado as populações tradicionais como aque- las que vivem em harmonia com a natureza, dicotomicamente coloca- das frente à sociedade nacional domi- nante (Vianna, 2008). Tais ideias teriam sido encampadas pelo movimento ambientalista e por seringueiros da Amazônia, e estes passaram a utilizar o conceito de maneira política, objetivando garantir o “[...] acesso a seus territórios e ao uso dos recursos naturais” (Vianna, 2008, p. 22). Deste modo, longe de ser uma categoria com valor heurístico, o conceito de população tradicional teria, no sentido preservacionista do termo, um valor muito mais político e ideológico do que propriamente acadêmico-científico. O estudo de caso da autora demonstrou que muitas populações locais residentes em UC na Mata Atlântica passaram a utilizar a nomenclatura de populações tradicionais de maneira estratégica, em decorrência de possíveis ganhos advindos das políticas públicas ou ações de organizações não governa- mentais (ONGs) voltadas às causas ambientais. A tese levantada por Vianna (2008, p. 24) foi a de que o conceito de população tradicional “[...] se consolidou por meio de diplomas legais, de políticas públicas e pela apropriação da expressão pelos movimentos sociais, como um instrumento de fortalecimento da luta pelo acesso à terra e ao uso dos recursos naturais”. 05 Evidentemente que o aspecto da sustentabilidade ambiental como elemento constitutivo do conceito de população tradicional precisa ser relativizado, principalmente no que se refere ao atual momento de homoge- neização do território nacional, forte- mente marcado por uma sociedade calcada na racionalidade instrumen- tal, capitalista e mercadológica (Engels& Marx, 2003). Ao longo desse processo homoge- neizante, as necessidades de sobre- vivência obrigam, muitas vezes, ribei- rinhos, quilombolas, caboclos, serin- gueiros, pescadores artesanais, indígenas, etc., a realizarem antropi- zações nefastas ao meio ambiente, impactando os ecossistemas de maneira nada sustentável. Simonian (2000, p. 10) chama essa realidade de manejo negativo, que seria a “[...] exploração dos recursos naturais feita de modo destrutivo”. Isso ocorre porque as populações tradicionais são geralmente coopta- das por parte de setores do Estado e por particulares, com visão voltada exclusivamente para o mercado e os ganhos imediatos que possam adqui- rir. Pelo que Simonian (2007) ressalta, a problemática da corrupção e outras questões antidemocráticas podem perpassar a realidade de tais segmentos humanos, o que acarreta desdobramentos antipopulações tradicionais. Por outro lado, Castro (1998, p. 5) busca demonstrar que é o próprio processo produtivo e reprodutivo das condições de produção e de vida que liga essas populações ao “[...] regime dos rios, a reprodução das espécies e o ritmo da natureza”. Autores como Balée (1989), Diegues (1996; 1993), Roué (1997) e Simonian (2003), dentre outros, apontam várias características que podem servir de fio condutor à compreensão conceitual dessas populações na Amazônia. 3.1.1Características Destacas: I) modo de vida dependente dos ciclos naturais; II) saber familiar-comunitário transmitido de geração em geração e com concomitante elaboração de estratégias de uso e manejo da natureza; III) Noção de território onde o grupo se reproduz econômica, biológica e socialmente; IV) Produção voltada à subsistên- cia familiar, doméstica ou comunal, ainda que uma parte desses produtos seja vendida em mercados locais; V) Construção simbólico-mítica associada à floresta e aos recursos hídricos; VI) Domínio quase completo dos processos produtivos, com utilização de tecnologia de baixo impacto e com predomínio artesanal e; VII) Sentimento de pertença a uma cultura distinta, particularmente em relação às sociedades urbanas Estas características são indicadas em Diegues (1993) p. 248-249 Como se observa acima, para estes teóricos o fundamento do conceito de população tradicional reside na relação quase simbiótica entre o modo de vida peculiar desses grupos humanos e a natureza. Em virtude da estreita dependência dos ecossistemas locais, certas popu- lações acabam por realizar uma antropização de baixo impacto ambi- ental e, em muitos casos, melhoram qualitativa e quantitativamente a bio- diversidade local, como atestou Diegues (2001, apud Guerra & Coelho, 2009, p. 29). [...] As práticas culturais de manejo dos recursos naturais desenvolvidas por algumas dessas populações interagem com o processo evolutivo das espécies há milhares de anos, de modo que a presença das populações e o manejo que fazem de determina- dos ecossistemas são essenciais à manutenção da biodiversidade. O caso dos maasai é um exemplo, pois a implantação de parques e a retirada desse povo que manejava a paisa- gem de savana em regiões da Tanzânia e do Quênia, com queima- das periódicas, levaram à continuida- de do processo de sucessão ecológi- ca, de modo que áreas anteriormente cobertas por herbáceas passaram a ser dominadas por arbustos, com redução nas populações de grandes mamíferos.” O tipo mais puro dessas popula- ções são os indígenas, como se depreende de Kern (2014), o qual 06 observa que são eles fundamentais na manutenção e no melhoramento de partes relevantes dos ecossiste- mas do bioma Amazônia, a exemplo do que ocorreu nos castanhais, nos balatais e nas terras pretas de índio – TPI, todas fertilíssimas. É com base em características como essas colocadas acima que o conceito de populações tradicionais vem sendo pouco a pouco habitado por pessoas reais, as quais estão pautando suas demandas e exigindo do Estado brasileiro políticas públicas e ações de governo voltadas especifi- camente às suas necessidades. Assim, desde a criação das primei- ras RESEX em 1990, que se constitu- iu no primeiro grande ganho das populações tradicionais amazônicas, observa-se que o governo federal vem propondo e/ou implementando projetos, programas e políticas volta- dos especificamente a essas popula- ções, assim como criou organizações governamentais com objetivos volta- dos à gestão de territórios habitados por populações tradicionais. Foi esse movimento, ora protagoni- zado por sujeitos sociais e suas demandas locais, ora por cientistas sociais ligados às causas ambientais, que fez emergir no campo estatal um conjunto de leis e regulamentações voltadas às demandas das popula- ções tradicionais. Deste modo, a primeira grande definição legal sobre elas encon- tra-se na Lei 9.985/2000, que criou o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC. Conforme Brasil (Art. 18, 2000), pode-se ler que as populações extrativistas tradicionais são aquelas: “[...] cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte”. Entretanto, pode-se dizer que a conceituação mais consistente elaborada no campo legislativo está contida no Decreto nº 6.040/2007, que legalizou a Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos P o v o s e C o m u n i d a d e s Tradicionais, como se lê a seguir: [...] grupos culturalmente diferencia- dos e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social, que ocupam e usam territórios e recursos naturais como condição para sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimen- tos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição (Brasil, 2007, Art. 3º, I). Ao levar-se em consideração as arguições teóricas e conceituais acima, assim como as proposições doutrinárias do Estado Nacional Brasileiro, entender-se-á por popula- ção tradicional como aquela que, por apresentar um modo de vida próprio e dependente dos ciclos naturais tende, em essência, à manutenção ecossis- têmica dos territórios onde habitam, imbricando ecologicamente produção e reprodução econômica e sociocultu- 07 ral com a própria natureza circundan- te. 3.2 Impactos Ambientais: De forma simplificada pode-se afirmar que em termos de avaliação do impacto ambiental das atividades humanas existem três grandes problemas no país, inseparáveis mas inconfundíveis, cada um com uma sistemática de análise científica distinta: as atividades energético- mineradoras, as atividades industria- is-urbanas e as atividades agrossilvo- pastoris. Em geral, os critérios, instru- mentos e métodos utilizados para avaliar o impacto ambiental são próprios a cada uma dessas três atividades e não universais. O impac- to ambiental das atividades energéti- cas e mineradoras é, em geral, intenso, pontual, limitado e preciso em termos de localização (uma hidrelétri- ca, uma mineração, por exemplo). Empreendimentos dessa na tu reza envo lvem parce las pequenas de população nos seus impactos diretos e são bastante dependentes de fatores relativamente controláveis. Existem metodologias bem estabelecidas para avaliar e monitorar o impacto ambiental desses empreendimentos,onde os aspectos de projeto, engenharia e planejamen- to são passíveis de um alto grau de previsão e controle. Segundo o Artigo 1º da Resolução n.º 001/86 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), Impacto Ambiental é "qualquer alteração das propriedades químicas, biológicas do meio ambien- te, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que afetem dire- tamente ou indiretamente: Ÿ A saúde, a segurança, e o bem estar da população; Ÿ As atividades sociais e econômi- cas; Ÿ O biota; Ÿ As condições estéticas e sanitá- rias ambientais; Ÿ A qualidade dos recursos ambi- entais Portanto, a definição de Impacto Ambiental está associada à alteração ou efeito ambiental conside- rado significativo por meio da avalia- ção do projeto de um determinado empreendimento, podendo ser nega- tivo ou positivo (Bitar & Ortega, 1998). O impacto ambiental das atividades industriais-urbanas é, em geral, de intensidade variada, podendo ir de pontual (no caso de uma fábrica poluidora, por exemplo) a difuso (no caso dos poluentes emiti- dos pela frota de veículos, por exem- plo). Uma boa parte desses impac- tos dependem de obras de infra- estrutura e de saneamento, mais amplas do que a abrangência de cada empreendimento. Processos de planejamento e crescimento urbanos também cumprem um papel determi- nante em muitos casos. As atividades industriais- urbanas atingem, direta e indireta- mente, grandes parce las da população. Existe uma grande 08 quantidade de normas, leis e regula- mentos vigindo sobre esse tema, objeto de uma ação fiscalizadora relativamente intensa por parte da população e órgãos públicos. Já os impactos ambientais das atividades agrícolas são em geral tênues, bastante dependentes de fatores pouco controláveis (chuvas, temperaturas, ventos etc.), atingem grandes áreas de forma pouco precisa, frequentemente crônica, pouco evidente, intermitente e de difícil quantificação (perda de solos, produção de gases, erosão genética, contaminação de águas subterrâneas com fertilizantes ou pesticidas etc.). Em muitos casos os piores impactos ambientais da agricultura são invisíveis aos olhos da população, dos consumidores e dos próprios agricultores, ao contrário do que ocor- re com uma fábrica ou uma minerado- ra. Também a nível sócio- econômico, a diferença entre a agricultura e as outras atividades humanas é enorme: empregos gera- dos, condições trabalho, fatores sazo- nais, legislação específica, produção de riqueza, valor agregado etc. O mundo urbano situa-se na montante (fornecimento de insumos) e na jusante (agro-indústrias e consumido- res) da atividade agrícola podendo mascarar o repasse de impactos ambientais indiretos, positivos ou negativos. O uso do álcool combustível nas grandes cidades é um exemplo típico de uma transferência de impac- to ambiental positivo do campo para a área urbana. Nesse sentido, o impacto ambiental de uma atividade agrícola não pode ser tratado como o de uma atividade industrial-urbana ou, pior ainda, como o de uma atividade de exploração energético-mineradora, como pretendem alguns. Um campo cultivado não é uma fábrica, nem uma mina. Os sistemas de produção da cana-de-açúcar ainda são bastante heterogêneos a nível nacional, no que pese a modernização tecnológica dessa atividade. O setor canavieiro emprega desde tecnologias de ponta até práticas que datam do neolítico, como o uso das queimadas para facilitar a colheita. A evolução tecnológica do cultivo da cana-de-açúcar é constante mas diferenciada segundo os interes- ses e as estratégias das empresas. Nesse sentido, a visão e as possibili- dades de gestão do impacto ambien- tal do cultivo para um pequeno plantador-fornecedor são, obrigatori- amente, diferentes da de um grande empresário do setor. Por essas razões, para enten- der-se tecnicamente o caso do impacto ambiental (ecológico + sócio- econômico) da cana-de-açúcar, é necessário uma compreensão de sua inserção nas especificidades da avali- ação de impacto ambiental da agricul- tura. Na tabela a seguir são apre- sentadas as classificações dos impactos ambientais propostas no manual de orientação para elabora- ção do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto 09 Ambiental - EIA/RIMA (Lei 6938/81): OS IMPACTOS AMBIENTAIS PODEM SER: Temporários e Permanentes Diretos e Indiretos Benéficos e Adversos Imediatos e a Médio e Longo Prazos Locais, Regionais e Estratégicos Reversíveis e Irreversíveis O EIA/RIMA é feito por uma equipe multidisciplinar, pois deve considerar o impacto da atividade sobre os diversos meios ambientais: natureza, patrimônio cultural e histórico, o meio ambiente do trabalho e o antrópico 3.3 Elaboração de Indicadores de Qualidade e Ambientais: Devemos entender que os princípios estabelecidos nestas aulas e documentos visam constituir a base fundamental para processos decisóri- os e ações das organizações que buscam promover a sustentabilidade, desta forma deve ser utilizado como referencial e para a melhoria do desempenho de processos produti- vos. O atendimento a um princípio confirma-se quando os respectivos critérios são cumpridos. O cumpri- mento de cada critério é verificado mediante o atendimento dos respecti- vos indicadores. Desta forma, é definida uma estrutura hierárquica de princípios, critérios e indicadores, que tem a função de estabelecer boas práticas e uma referência para o acompanha- mento, avaliação e mensuração de processos produtivos com relação aos requisitos de sustentabilidade. Princípio 1 – Cumprimento da Legislação: A organização deve, em suas decisões e atividades, atender à legislação federal, estadual e munici- pal em vigor e aos acordos internacio- nais ratificados pelo Brasil. Critério 1.1 – A organização deve atender à legislação e outros regula- mentos ambientais, sanitários, traba- lhistas, previdenciários, tributários, fiscais e de defesa do consumidor aplicáveis. 10 Indicadores: 1.1.a) identificação e monitoramento da atualização da legislação e de outros regulamentos aplicáveis. 1.1.b) registros de comprovação do atendimento à legislação e a outros regulamentos aplicáveis. 1.1.c) conformidade ambiental, de acordo com a legislação vigente. 1.1.d) conformidade sanitária, de acordo com a legislação vigente. 1.1.e) conformidade trabalhista, de acordo com a legislação vigente. 1.1.f) conformidade previdenciária, de acordo com a legislação vigente. 1.1.g) conformidade tributária, de acordo com a legislação vigente. 1.1.h) conformidade fiscal, de acordo com a legislação vigente. 1.1.i) conformidade com a legislação de defesa do consumidor. 1.1.j) medidas adotadas junto à cade- ia de valor, visando a sua conformida- de com a legislação e outros regula- mentos ambientais, sanitários, traba- lhistas, previdenciários, tributários, fiscais e de defesa do consumidor aplicáveis. Princípio 2 – Gestão Sustentável dos Recursos Naturais: Alguns principios e ferramen- tas de gestão já foram apresentados e analisados, mas é necessário enten- der que a organização deve promover a gestão sustentável dos recursos naturais renováveis e não renováveis, inclusive na cadeia de valor. Critério2.1 – A organização deve considerar a identificação de aspec- tos e a avaliação dos impactos ambi- entais, sociais e econômicos ao ado- tar estratégias relacionadas ao desenvolvimento de produtos e à seleção e ao uso das matérias-primas e insumos, inclusive na cadeia de valor. Indicadores: 2.1.a) aquisição de matérias-primas e insumos que evitem e reduzam a geração de resíduos, efluentes e emissões. 2.1.b) aquisição e utilização de maté- rias-primas e insumos que evitem e reduzam os impactos sociais negati- vos e potencializem os impactos sociais positivos. 2.1.c) uso de matérias-primas renová- veis. 2.1.d) uso de materiais reciclados. 2.1.e) reuso de insumos. 2.1.f) minimização de desperdícios em todas as atividades da organiza- ção. 2.1.g) minimização do consumo de água. 2.1.h) reutilização dos recursos hídri- cos. 2.1.i) utilização de resíduos, visando à redução do consumo de matérias- primas. 2.1.j) otimização do uso de matérias- primas e insumos. Critério 2.2 – A organização deve adotar procedimentos que permitam rastrear o produto e o serviço em 11 todas suas etapas. Indicadores: 2.2.a) controle de todas as etapas do processo produtivo, incluindo o esto- que. 2.2.b) controle de contratos de com- pra de insumos e venda do produto final. 2.2.c) controle de produto rejeitado. 2.2.d) identificação do produto na área de produção. 2.2.e) identificação, proteção e manu- seio do produto nas áreas de armaze- namento. Critério 2.3 – A organização deve estimular a adoção de práticas que promovam a conservação de energia relacionada aos seus produtos, processos, serviços e instalações. Indicadores: 2.3.a) racionalização do uso de ener- gia nas instalações. 2.3.b) redução do consumo de ener- gia pelos sistemas de iluminação, ventilação, refrigeração e aquecimen- to, assegurando o conforto ambiental. 2.3.c) melhoria da eficiência energéti- ca e conservação de energia na pres- tação de serviços. 2.3.d) redução de perdas e desperdí- cios de energia no processo produti- vo. 2.3.e) melhoria da eficiência energéti- ca de seu produto. 2.3.f) melhoria da eficiência energéti- ca da logística. 2.3.g) utilização de energia renovável. Princípio 3 – Preservação, conser- vação e recuperação da biodiversi- dade: A organização deve realizar suas atividades de modo a minimizar os impactos negativos e potencializar os impactos positivos sobre a flora e a fauna, preservando, conservando e recuperando ecossistemas locais. Critério 3.1 – As atividades do processo produtivo devem ser condu- zidas considerando a preservação, a conservação e a recuperação dos ecossistemas. Indicadores: 3.1.a) estabelecimento do processo produtivo e das obras de infra- estrutura em áreas previstas pela legislação vigente e aplicável. 3.1.b) identificação e atendimento às restrições de uso de unidades de conservação existentes na área de influência do processo produtivo. 3.1.c) identificação e atendimento às restrições de uso de áreas de reserva legal e áreas de preservação perma- nente existentes na área de influência do processo produtivo. 3.1.d) seleção de áreas a serem utilizadas pela organização priorizan- do as áreas antropizadas. 3.1.e) caracterização de fauna e flora na área de influência da organização. P r i n c í p i o 4 – M e l h o r i a e M a n u t e n ç ã o d a Q u a l i d a d e Ambiental: As atividades da organização devem 12 promover a conservação dos recur- sos hídricos, edáficos e atmosféricos. Critério 4.1 – A utilização da área pelas atividades da organização deve ser precedida de planejamento ambi- ental. Indicadores: 4.1.a) caracterização do solo. 4.1.b) caracterização dos recursos hídricos. 4.1.c) planejamento e execução das atividades considerando dados climá- ticos. 4.1.d) caracterização da bacia aérea. 4.1.e) investigação de passivos ambi- entais. Critério 4.2 – A organização deve adotar práticas de monitoramento e conservação dos recursos hídricos, edáficos e atmosféricos. Indicadores: 4.2.a) técnicas que visem à conserva- ção do solo, incluindo o monitoramen- to dos parâmetros qualitativos e quan- titativos. 4.2.b) técnicas que visem à conserva- ção dos recursos hídricos, incluindo o monitoramento dos parâmetros quali- tativos e quantitativos, a utilização racional e a gestão integrada da água. 4.2.c) monitoramento da qualidade do ar no entorno das instalações. Critério 4.3 – A organização deve adotar plano de gestão de resíduos sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas. Indicadores: 4.3.a) coleta seletiva de resíduos sólidos. 4.3.b) aproveitamento dos resíduos gerados. 4.3.c) controle, tratamento e destina- ção adequados de resíduos e rejeitos sólidos. 4.3.d) práticas de logística reversa dos resíduos sólidos. 4.3.e) controle e tratamento de efluentes líquidos. 4.3.f) controle e tratamento de emissões atmosféricas. 4.3.g) elaboração de plano de prevenção, preparação e resposta rápida a emergências ambientais com produtos químicos perigosos. Princípio 5 – Valorização e bem estar dos trabalhadores. A organização deve desenvolver e estabelecer ações de forma a propiciar a valorização e bem estar dos trabalhadores, promovendo a integração e a qualidade de vida. Critério 5.1 – As organizações devem implementar programas para a valorização e engajamento dos traba- lhadores. Indicadores: 5.1.a) programas de alfabetização e educação ambiental dos trabalhado- res e seus dependentes diretos. 5.1.b) execução de ações de valoriza- ção, formação e qualificação profissi- onal e integração dos trabalhadores. 5.1.c) programas de treinamento e 13 aprimoramento da mão-de-obra com o objetivo de diminuição do número de acidentes de trabalho. 5.1.d) planos de divulgação dos programas para a valorização e engajamento dos trabalhadores e seus resultados. 5.1.e) respeito aos direitos dos traba- lhadores, da criança e do adolescen- te. 5.1.f) atendimento aos acordos coleti- vos e convenções coletivas. 5.1.g) atendimento à legislação vigen- te quanto à contratação de mão-de- obra e serviços, aos limites de jornada de trabalho e aos períodos de descan- so, incluindo o combate ao trabalho escravo e infantil e a promoção do trabalho decente. 5.1.h) ações inclusivas e não discrimi- natórias na gestão da organização. 5.1.i) políticas salariais transparentes referentes às remunerações e benefí- cios. 5.1.j) valorização das contribuições dos trabalhadores, visando o compro- metimento, a motivação e o estímulo à criatividade. Critério 5.2 – As organizações devem implementar programas para a melhoria do bem-estar e da qualidade de vida dos trabalhadores. Indicadores: 5.2.a) atendimento às condições de higiene, saúde e segurança no traba- lho, conforme estabelecido nas normas regulamentadoras do traba- lho. 5.2.b) práticas para a melhoria das condições de trabalho e bem estar dos trabalhadores. 5.2.c) programas de aprimoramento da mão-de-obra com o objetivo de reenquadramento funcional. 5.2.d) programas de qualidade de vida para os trabalhadores e seus dependentes diretos. 5.2.e) medidas coletivas e individuais, pela organização, para a prevenção de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho e para a promoção da saúde. Princípio 6 – Desenvolvimentoambiental, econômico e social das regiões em que se inserem as ativi- dades da organização: A organização deve desenvol- ver e estabelecer ações de forma a promover o desenvolvimento das regiões em que se inserem suas atividades, gerando benefícios e minimizando os impactos negativos sociais, ambientais e econômicos. Critério 6.1 – As organizações devem incentivar e implementar programas para a melhoria das condições da comunidade local. Indicadores: 6.1.a) incentivo a programas de edu- cação, inclusive ambiental e de saúde, junto às comunidades locais. 6.1.b) programas que contribuam para a qualidade de vida das comuni- dades locais. 6.1.c) prevenção, eliminação, minimi- zação e compensação dos impactos 14 locais ambientais, sociais e econômi- cos negativos. 6.1.d) ações para potencializar impac- tos locais ambientais, sociais e econô- micos positivos. 6.1.e) respeito às tradições, culturas, hábitos e costumes não predatórios das populações locais. 6.1.f) priorização da mão-de-obra local nas diferentes atividades da organização. 6.1.g) promoção do voluntariado entre trabalhadores e comunidade. Critério 6.2 – A organização deve implementar planos de comunicação e de divulgação para as partes interessadas. Indicadores: 6.2.a) identificação e engajamento das partes interessadas. 6.2.b) comunicação e divulgação dos programas para a melhoria das condi- ções da comunidade local e seus resultados. 6.2.c) divulgação das atividades e formas de atuação da organização. 6.2.d) implementação de um sistema de ouvidoria. 6.2.e) estabelecimento de canais de comunicação com as partes interes- sadas. Princípio 7 – Promoção da inova- ção tecnológica. A organização deve participar, desen- volver e implementar ações de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica em busca de soluções que promovam a sustentabi- lidade. Critério 7.1 – A organização deve participar, desenvolver e implementar ações de pesquisa e inovação tecno- lógica de forma a possibilitar cresci- mento econômico alinhado ao desen- volvimento social e preservação ambi- ental, promovendo a sustentabilidade em todo ciclo produtivo. Indicadores: 7.1.a) fomento a programas de gera- ção e captação de ideias, planeja- mento, execução e acompanhamento de projetos de inovação para melhori- as no processo e na cadeia produtiva focando aspectos de sustentabilida- de. 7.1.b) sistema de gestão da inovação tecnológica visando a sustentabilida- de. 7.1.c) estímulo ao desenvolvimento de estudos de inventários de gases de efeito estufa. 7.1.d) estímulo ao desenvolvimento de estudos de inventários de balanço hídrico. 7.1.e) identificação e utilização de informações de estudos de ACV já realizados do seu produto para aplica- ção em inovação com foco na melho- ria do desempenho ambiental do seu processo. 7.1.f) estímulo ao desenvolvimento de tecnologias limpas. 7.1.g) busca por parcerias estratégi- cas visando complementar suas com- petências e aumentar as chances de sucesso em projetos de inovação. 15 7.1.h) práticas de proteção de proprie- dade industrial. 7.1.i) práticas de proteção do capital intelectual. 7.1.j) participação em eventos, proje- tos e editais de inovação. 3.4 At iv idades Econômicas Ligadas ao Meio Ambiente: São pesquisadores como Allegretti que deram embasamento acadêmico-científico para a institucio- nalização das quatro primeiras RESEX amazônicas em 1990. Isso foi expresso no Decreto presidencial n. 98.897/1990 (BRASIL, Art. 1º., 1990), o qual caracterizou esses espaços como territórios “[...] destinados à exploração auto-sustentável e conservação dos recursos naturais renováveis, por população extrativis- ta”. Ainda na trajetória histórica de reconhecimento institucional das RESEX como uma UC da natureza, destaca-se a promulgação Lei 9.985/2000, a qual criou o SNUC. Com esta lei, o Estado Nacional brasileiro reconhece as RESEX como: [...] uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsis- tência baseia-se no extrativismo e, complementariamente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o Uso Sustentável dos recursos naturais da unidade” (BRASIL, Art. 18, 2000). 16 governamental dentro da área demar- cada. De acordo com o SNUC, o Plano de Manejo é o [...] documento técnico mediante o qual, com fundamento nos objetivos gerais de uma unidade de conserva- ção, se estabelece o seu zoneamento e as normas que devem presidir o uso da área e o manejo dos recursos naturais, inclusive a implantação das estruturas físicas necessárias à gestão da unidade (BRASIL, 2000, Art. 2o., XVII). OBSERVAÇÕES: Após o processo de institucio- nalização das primeiras RESEX, umbilicalmente ligadas aos chama- dos povos da floresta, essas UC passaram também a ser criadas junto a populações ribeirinhas, praianas, caboclas etc., ou seja, em outros espaços amazônicos e brasileiros diferentes das áreas de floresta. Exemplar nessa direção são as RESEX Marinhas que são, na região norte, territórios marcados fortemente pela ocorrência de man- guezais. Como peça de um mosaico em construção de um modelo de desenvolvimento novo do bioma Amazônia, considera-se que a institucionalização de RESEX na região é uma condição necessária e importante, mas evidentemente não suficiente para a preservação ou conservação desse bioma. Um ponto nodal nesse proces- so reside no fato de que a maioria dessas Reservas necessita de ser efetivamente consolidada institucio- nalmente. Precisamente, elas precisam apresentar sustentabilidade instituci- onal, entendida esta como uma duradoura estrutura racional-legal, capaz de oferecer as condições formais de existência das RESEX dentro do Estado Nação brasileiro. Neste contexto, é de destacar-se o Plano de Manejo e o Conselho Deliberativo. Também, apresenta-se como um campo de debate e decisões sobre todas as propostas de interven- ç ã o g o v e r n a m e n t a l e n ã o - 17 recursos hídricos. 4º Questão: A Constituição da República Federativa do Brasil, de 1988, reconheceu o direito ao meio ambiente. As constituições preceden- tes ocupavam-se da proteção do meio ambiente de maneira incidente: a maioria dos temas relativos ao recur- sos naturais - de competência exclusi- va da União - refletiam a questão sob a ótica economicista. As interdepen- dências crescentes entre desenvolvi- mento socioeconômico e proteção da natureza levaram a Assembleia Constituinte, responsável pela elabo- ração da Constituição de 1988, a uma percepção integradora, contrária àquela visão parcial dos problemas. Ao lado da opção _____, passou a ser valorizada a opção _____ ao se cuidar, entre outros temas, do controle dos impactos sobre a natureza e do uso e conservação dos recursos naturais, bem como a opção _____, ao se intervir em favor da redução dos desequilíbrios sociais. Na sequência do texto, a alternativa que completa corretamente as lacu- nas é: a) desenvolvimentista, ambientalista, possibilista. b) desenvolvimentista, determinista, humanista. c) ambientalista, possibilista, huma- nista. d) ambientalista, determinista, desen- volvimentista.e) desenvolvimentista, ambientalista, humanista. Exercício: 1º Questão: As Áreas de Proteção Permanentes - APPS são área de domínio público ou privado protegida por lei em razão de sua importância ecológica. Engloba a flora (florestas e demais formas de vegetação), a fauna, o solo, o ar e os recursos hídricos, e visa assegurar o bem-estar das populações. A APP limita o direito de propriedade sem, no entanto, desapropriar a terra, elabore uma análise SWOT sobre a atual áreas de proteção ambiental na sua cidade. 2º Questão: Aumentam as evidênci- as sobre as vantagens das plantas transgênicas até agora liberadas. Novos produtos apresentam ainda mais vantagens de produtividade, redução de impacto ambiental e riqueza em vitaminas etc. Desta forma elabore um texto com até 10 páginas sobre a relação dos produtos transgênicos com a da agricultura familiar. 3º Questão: São exemplos de meca- nismos de deterioração da biodiversi- dade: a) fragmentação do habitat e manejo do solo. b) introdução de espécies e silvicultu- ra e agroindústrias. c) exploração excessiva das espécies vegetais e animais e criação de reservas biológicas. d) modificações climáticas globais e projetos de redução da emissão de poluentes. e) poluição da água e manejo dos Normalização e Diagramação Av. José Bonifácio, 2628 - Portal da Amazônia Belém - Pará - 66065-362 - Estacionamento Próprio & (91) 3229-5807 - 3229-1067 meridional@meridionalpa.com Hinton Bentes hintonbentes E-mail: falecom@hintonbentes.com.br hintonbentesHinton Bentes Gestão da Qualidade Meio Ambiente Administração
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