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Otorrinolaringologia – Otites externas Caio Márcio Silva Cruz Página 1 Otites Externas Microbiologia da Orelha Externa Ambiente – O Conduto Auditivo Externo é ambiente adequado para o crescimento de microrganismos: calor, umidade, debris celulares e nutrientes. Culturas – em culturas de CAEs normais obteve- se crescimento de múltiplos microorganismos em 84 a 90% das amostras. Flora – sua flora normal é estável e não apresenta diferenças significativas quanto a sexo, clima, estação ou pacientes institucionalizados. Fungos raramente são cultivados em CAEs normais! Flora Típica • Staphylococcus epidermidis 87% • Corynebacterium sp. 81% • Bacillus sp. 16% • S. aureus 12% • E. coli 8% • Streptococcus pyogenes 4% • Outros 7% • Pseudomonas aeruginosa 0% A manutenção da integridade da pele do CAE e da flora normal é a chave da prevenção da otite externa. Cerume É o produto da mistura da secreção produzida pelas glândulas sebáceas e ceruminosas junto com a descamação epitelial, pelos e corpos estranhos. Composição: lipídeos (46 a 73%), proteínas, aminoácidos livres, íons minerais, substâncias antibacterianas como lisozima, imunoglobulinas e ácidos graxos poli-insaturados. Otite Externa – Conceito Qualquer doença que curse com inflamação ou infecção do CAE, pavilhão auricular e face externa da MT. Principais tipos de Otite Fatores Predisponentes • Ausência de Cerume - Perda de proteção física e do pH ácido inóspito aos patógenos. • Traumatismos - Rompimento da barreira epitelial, permitindo invasão de patógenos. • Supurações da Orelha Média - É a mesma coisa que secreção da Orelha média. Predispõem a dermatite secundária. - Uma otite média pode se tornar também externa quando há supuração. • Lavagens repetidas - Estagnação de água e remoção do filme lipídico local. • Queimação - Fagulhas elétricas, óleos quentes, levando a formação de escaras. • Corpos estranhos - Impedem a aeração do CAE e produzem irritação no local. • Alterações de temperatura e Umidade - Predispõem ao crescimento dos patógenos. Otite Externa Difusa Aguda • É a mais comum de todas. • Edema e estenose do CAE por acúmulo de debris e secreções. Otorrinolaringologia – Otites externas Caio Márcio Silva Cruz Página 2 Quadro Clínico Otalgia, sensibilidade à palpação e manipulação da orelha, prurido, perda auditiva condutiva e plenitude auricular (“ouvido entupido”). Exame físico CAE eritematoso e com infiltração inflamatória (que oclui a luz do canal), otorreia purulenta ou serosa. Nos quadros mais avançados, febre e linfonodomegalia pré e pós-auricular, e em região cervical anterior podem estar presentes. “Toca-se no ouvido dele e ele sente dor” » A maioria das infecções é causada por P. aeruginosa. Os estafilococos encontram-se em segundo lugar correspondendo a 25% dos organismos isolados. Dentre eles, o S. epidermidis e o S. aureus são os mais frequentes. Complicações Abscesso periauricular, pericondrite, otite externa maligna – OTM - (associada à imunossupressão: quadro extremamente importante, preciso uso de opioides) e otite externa aguda de repetição. Tratamento » Analgesia: anti-inflamatórios não hormonais » Antibioticoterapia: tópica (gotas) e/ou oral. Normalmente esse antibiótico está associado a corticoides. » Cuidados locais: parte mais importante do tratamento, limpeza e proteção contra a água. - O paciente faz uma bola de algodão e molha com óleo (aperta para tirar o excesso) e coloca no ouvido. O óleo pode ser qualquer um, como o de cozinha. Otite Externa Localizada Quadro Clínico Prurido, dor localizada. Se o edema ou abscesso ocluir o canal, o paciente poderá referir hipoacusia. É um abscesso a partir de uma inflamação do folículo piloso. Exame Físico Edema, eritema do CAE e possível ponto de flutuação. Limitada a uma área do CAE, geralmente localizada no 1/3 externo, onde há glândulas sebáceas e folículos pilosos e resulta da obstrução das unidades pilossebáceas com infecção secundária. » A bactéria mais comum é o S. aureus, contudo outras espécies de Staphylococcus e Streptococcus podem ser encontradas. Tratamento Analgesia: anti-inflamatórios não hormonais. Calor local ajuda. Se houver ponto de flutuação, este deve ser incisado e drenado e instituída Antibioticoterapia oral e tópica. Raramente se faz oral, mas comum o a pomada de antibiótico associada a corticoide. Não se usa aqui a gota otológica. Otorrinolaringologia – Otites externas Caio Márcio Silva Cruz Página 3 Otomicose Quadro Clínico - Prurido, otalgia, perda auditiva, sensação de plenitude auricular. Geralmente o que o paciente tem é coceira no ouvido. Exame físico Fungos de coloração negra, acinzentada, verde escuro, amarelada ou branca, com debris celulares no CAE. CAE em hiperemia. » O Aspergillus sp é o mais comum, seguida por Cândida sp. Tratamento Analgesia, anti-inflamatórios não hormonais. Antifúngicos tópicos (gotas) – normalmente o uso com 10 a 14 dias, às vezes precisando usar até 21 dias. Otite Externa Herpética Herpes zoster está associado a patologia otológica que pode afetar a orelha externa, média e interna. Quadro clínico Normalmente quem pega esse caso é o generalista, que encaminha para o especialista. Em indivíduos que já contraíram este vírus, tendo-o desenvolvido o quadro típico de varicela ou apenas uma forma subclínica de viremia. Manifesta-se quando há um fator imunodepressor vigente no indivíduo, como infecções, desnutrição, estresse, doenças de base (DM, Leucemias, Tumores). Otalgia, parestesia de pavilhão auricular e CAE, plenitude auricular (principalmente por estenose). Exame físico Erupção cutânea unilateral, com vesículas coalescentes e posterior formação de crostas em área dolorosa, com base eritematosa, sensação de queimação e dor importante. » Sempre começa com vesículas, que depois vira crosta, extremamente doloroso. Otorrinolaringologia – Otites externas Caio Márcio Silva Cruz Página 4 Complicações Paresia ou paralisia facial e lesões vesiculosas cutâneas, disacusia neurossensorial e vertigem síndrome de Ramsay Hunt. Normalmente não volta ao normal, pois há acometimento da orelha interna. Tratamento • Analgesia e cuidados locais com as vesículas e crostas. Limpar com antibióticos, como a Clorexidine imersa em um algodão, para evitar infecções secundárias. • Antivirais orais (aciclovir) até o quinto dia de aparecimento das lesões. Ele toma o Aciclovir durante 10 dias. Se não começar o tratamento nos Cinco primeiros dias, não tem mais eficácia segundo pesquisas, e o tratamento vai ser focado nas sequelas. É importante por isso uma rápida identificação no pronto socorro para o começo do tratamento e encaminhamento para o especialista. Miringite Bolhosa Quadro clínico Otalgia intensa (é uma das otites mais dolorosas!), sensação de plenitude auricular, disacusia condutiva. Exame físico Vesículas ou bolhas hemorrágicas na porção óssea do CAE ou externa da MT, que se rompem, produzindo uma otorreia serossanguinolenta. A secreção vai ser serosa, serossanguinolenta ou sanguinolenta. A etiologia da doença não está estabelecida e, na literatura, cita-se o Mycoplasma sp como uma provável causa. Tratamento • Analgesia (pode ser dipirona 1g de 6h em 6h), Anti-inflamatório • Antibióticos orais (Eritromicina) por 10 dias.
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