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5 1 Evolução histórica do basquete

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METODOLOGIA DO 
ESPORTE I - VÔLEI E 
BASQUETE
Patrick da 
Silveira 
Gonçalves
 
Evolução histórica 
do basquete
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
  Descrever o processo de criação do basquete.
  Relacionar a evolução histórica da modalidade com aspectos 
socioculturais.
  Explicar a nova modalidade olímpica 3x3.
Introdução
O basquete, também conhecido como basquetebol, é um dos esportes 
mais conhecidos e praticados mundialmente. Sua história começa em 
Springfield, nos Estados Unidos, em um período marcado por recessão 
econômica e diversos problemas sociais. Aos poucos, esse esporte foi 
sendo incorporado à cultura hip-hop, um movimento de resistência e 
identidade de afro-americanos. Ao longo de sua história, o basquete 
 influenciou e foi influenciado por questões socioculturais, como o 
 apartheid racial ocorrido nos séculos XIX e XX. Atualmente, o basquete 
tem milhões de adeptos e está presente nos principais eventos esportivos 
mundiais, inclusive na modalidade com que ganhou forma nas ruas das 
periferias urbanas.
Neste capítulo, você conhecerá o processo de criação do basquete 
— desde sua origem, quando foi idealizado por James Naismith —, 
relacionará sua a evolução com os principais eventos socioculturais pre-
sentes ao longo do século XX e entenderá o basquete 3x3, uma nova 
modalidade olímpica que surgiu nos subúrbios de Nova York e que, hoje, 
desenvolve-se pelo mundo todo.
Processo de criação do basquete
O basquetebol ou basquete, como é mais conhecido, é um jogo em que duas 
equipes, compostas cada uma por cinco jogadores, devem arremessar a bola 
em uma cesta suspensa. Cada cesta realizada é convertida em pontos, que 
defi nem, ao fi nal de uma partida, a equipe que mais marcou como a vencedora. 
Sua origem data do fi nal do século XIX, quando o professor de Educação 
Física, James Naismith, em 1891, propôs um novo jogo frente às possibilidades 
encontradas à época. Naismith nasceu na cidade de Almonte, no Canadá, em 
1861, e tinha formação acadêmica em Teologia. Ainda que posteriormente 
tenha obtido o título de pastor, sua primeira atividade profi ssional exercida foi 
como instrutor de atividades físicas na Escola Internacional de Treinamento da 
Associação Cristã de Moços, que veio a ser chamada, mais tarde, de Springfi eld 
College, localizada na cidade de Springfi eld, no estado de Massachusetts, na 
Região Nordeste dos Estados Unidos.
Ao assumir o Departamento de Educação Física do colégio norte-americano, 
em 1891, Naismith se deparou com algumas situações conflitantes. Os jovens 
daquela instituição eram ávidos por esportes e jogos que tinham como elemen-
tos principais a competição e a recreação. No entanto, a localização geográfica 
de Springfield fazia com que a cidade sofresse com invernos rigorosos, com 
temperaturas negativas e incidências recorrentes de neve. Nessa época, eram 
comuns alguns esportes praticados em ambientes abertos, como, por exemplo:
  Futebol americano e rúgbi: esportes jogados entre duas equipes e pre-
dominantemente com as mãos, a partir de lançamentos e condução de 
uma bola oval com o objetivo de fazê-la chegar a uma área demarcada, 
no solo e no ar, por traves;
  Futebol (soccer): esporte criado oficialmente em 1863, jogado predo-
minantemente com os pés, por meio de condução, passes e chutes de 
uma bola contra um alvo demarcado por traves; e
  Lacrosse: esporte originado em 1867, jogado com um bastão composto 
por uma rede, em uma de suas extremidades, utilizada para conduzir e 
arremessar uma bola em um alvo demarcado por traves. 
Naturalmente, o frio intenso e a necessidade de uma área extensa e ampla 
impossibilitavam a prática desses esportes em todas as estações do ano. Assim, 
o verão se destinava às práticas esportivas, os invernos, às práticas corporais 
em locais cobertos. Essas práticas resumiam-se a exercícios calistênicos, muito 
influenciados pelos métodos ginásticos alemão e sueco.
Evolução histórica do basquete2
De viés nacionalista, o método ginástico alemão utilizava obstáculos (aparelhos de 
ginástica como barras, barras paralelas e cordas) para produzir corpos ágeis, fortes e 
robustos, capazes de defender a pátria. O método sueco, desenvolvido para todos os 
públicos, consistia em exercícios simétricos e sem aparelhos, sob o comando verbal 
ou musical, para o desenvolvimento harmonioso de todo o corpo.
As práticas corporais calistênicas e ginásticas esbarravam na pouca motiva-
ção dos jovens americanos em desenvolvê-las. Assim, o diretor da Associação 
Cristã de Moços (ACM), Luther Gullick, buscava discutir reiteradamente, 
nos grupos de estudos formados pelos docentes da instituição, uma forma de 
desenvolver um método alinhado aos interesses dos jovens e que pudesse ser 
realizado no inverno, em um espaço físico limitado, sob luzes artificiais e que 
ainda contasse com a facilidade de ser aprendido e jogado. Nesse sentido, o 
diretor Gullick lançou o desafio ao professor Naismith de desenvolver uma nova 
proposta de jogo que fosse capaz de motivar alguns adultos pouco engajados 
nas práticas corporais durante o inverno.
Segundo o próprio criador, Naismith (1941), vários dias se passaram na 
tentativa de reunir ideias para atender ao solicitado pelo diretor da ACM. 
Inicialmente, Naismith tentou adaptar as regras do futebol americano, do 
futebol e do lacrosse para as condições físicas de que dispunha. No entanto, 
percebeu que os alunos ainda demonstravam certa insatisfação. O professor, 
ao modificar as possibilidades e propostas dos jogos que já eram praticados 
pelos jovens, constatava um sentimento de rejeição à nova proposta. Reco-
nheceu, então, que, para atender ao que fora solicitado, deveria propor algo 
totalmente novo. No entanto, era preciso identificar e inserir, na sua nova 
proposta, os elementos basilares que mantinham os praticantes engajados 
nos outros esportes.
Ao fracassar recorrentemente na tentativa de adaptar os esportes existen-
tes, então, Naismith decidiu fazer uma análise sobre os aspectos comuns nos 
esportes que faziam parte do contexto histórico que estava vivendo. Grande 
parte dos esportes da época utilizava bolas que eram de diversos tamanhos 
e materiais, e algumas ainda apresentavam formatos diferentes. Naismith 
identificou que as bolas maiores, geralmente, eram manipuladas com as mãos, 
enquanto as pequenas necessitavam da utilização de outros objetos, como 
o bastão do lacrosse, tornando a necessidade de percepção e coordenação 
mais complexa. Assim, notou que inserir uma bola grande como elemento de 
3Evolução histórica do basquete
disputa e manejo poderia facilitar a compreensão entre aqueles que deveriam 
aprender uma nova proposta de jogo.
Em seguida, percebeu que, nos esportes em que havia a corrida e a condução 
da bola, como o rúgbi, era necessário o ataque corporal áspero ao adversário, a 
fim de contê-lo, aumentando consideravelmente o risco de lesões e de quedas, 
o que era impensável para o ambiente fechado de que dispunha. Outra moti-
vação era o fato de seu público ser predominantemente uma elite burguesa, 
acostumada aos esportes sem contato e com a necessidade de uma aparência 
corporal distinta das classes empobrecidas, que, muitas vezes, apresentavam 
marcas corporais devido à natureza braçal de seus ofícios. Assim, na tentativa 
de eliminar os ataques proferidos pelos jogadores, Naismith (1941, p. 46) 
chegou à conclusão de que “[...] se ele (o jogador de posse da bola) não pode 
correr com a bola, nós não temos que atacar; e se não tivermos que atacar, a 
aspereza será eliminada”. Ao imaginar a solução para a ausência da corrida 
em posse da bola, concluiu que os jogadores deveriam bater ou arremessar 
para os seus colegas de equipe.
O terceiro elemento que Naismith se viu desafiado a incorporar no jogo foi 
o objetivo a ser alcançado por cada uma das equipes. Imediatamente, lembrou 
de uma brincadeira da qual participava enquanto criança, ainda no Canadá,chamada de “pato sobre a rocha” (NAISMITH, 1941, p. 49), que consistia em 
arremessar pedras atrás de uma linha demarcada na terra, na tentativa de acertar 
outra pedra repousada sobre uma imensa rocha. Assim, idealizou duas caixas, 
localizadas cada uma em uma extremidade da quadra, dispostas no solo. Ao 
perceber que seria muito difícil fazer com que a bola repousasse dentro da caixa 
com nove homens de uma equipe fazendo a guarda desse objeto, entendeu que 
era melhor suspender essa a uma altura maior que a estatura dos jogadores.
Tendo o equipamento e os objetivos, seu próximo desafio foi decidir a 
melhor forma de começar o jogo. A exemplo dos esportes que conhecia, 
percebeu que o início da partida concedia chances iguais de tomar a posse de 
bola para as duas equipes. Inicialmente, pensou em rolar a bola ao centro da 
quadra. No entanto, reconheceu que as duas equipes correriam fervorosamente 
na tentativa de obter a bola. Assim, tal qual no polo aquático, entendeu que 
arremessá-la para cima, entre linhas avançadas de jogadores, seria a melhor 
forma de prevenir possíveis lesões. Para evitar ainda mais a chance de algum 
incidente, percebeu que conceder a apenas um jogador de cada equipe a 
obtenção da bola seria melhor.
Na manhã seguinte, ao chegar a seu escritório, Naismith deveria escolher 
a bola. Lado a lado, estavam as bolas de futebol e futebol americano. Os dife-
rentes formatos fizeram com que o professor escolhesse a bola de futebol, uma 
Evolução histórica do basquete4
vez que julgou que seria mais fácil, para os jogadores, carregá-la nos braços. 
A partir disso, saiu à procura das caixas que seriam o objetivo do seu jogo. 
Ao encontrar o superintendente de infraestrutura, foi informado de que não 
havia caixas no tamanho que procurava. No entanto, o superintendente lhe 
ofereceu dois cestos de pêssego (Figura 1), que tratou de pregar nas madeiras 
de sustentação nas duas extremidades do ginásio.
Figura 1. Estátua em homenagem a James Naismith, criador do basquete, retratando a 
bola de futebol e o cesto de pêssegos utilizado para a criação do esporte. Almonte, Canadá.
Fonte: Martin Good/Shutterstock.com.
Antes de colocar em prática seu novo jogo, Naismith sentiu que os homens 
deveriam ter um guia sobre as regras do jogo. As exaustivas horas imaginando 
os alunos jogando fizeram com que ele tivesse claras quais seriam as regras. 
Escreveu, assim, treze regras fundamentais à nova modalidade:
1. A bola pode ser lançada em qualquer direção com uma ou ambas as mãos.
2. A bola pode ser rebatida em qualquer direção com uma ou ambas as mãos 
(nunca com o punho).
3. Um jogador não pode correr com a bola, devendo jogá-la do local em que 
a pegar.
4. A bola deve ser mantida entre as mãos; os braços ou o corpo não devem 
ser usados para segurá-la.
5Evolução histórica do basquete
5. Não é permitido segurar, empurrar ou golpear, de qualquer forma, a pessoa 
da equipe adversária; a primeira infração dessa regra contará como uma falta, a 
segunda o suspenderá até que a próxima cesta seja feita, ou, se houver intenção 
evidente de machucar a pessoa durante todo o jogo, haverá a desqualificação.
6. Será considerado falta golpear a bola com o punho, violar as regras 3, 4 e 
tal como descrito na regra 5.
7. Se um dos lados fizer três faltas consecutivas, um ponto deverá ser con-
vertido para os adversários.
8. Uma meta deve ser feita quando a bola é arremessada ou rebatida da qua-
dra para dentro da cesta e fica lá, desde que aqueles que defendem o gol não 
toquem ou perturbem o gol. Se a bola repousa na borda e o oponente move a 
cesta, ela deve contar como um gol.
9. Quando a bola sai de campo, deve ser lançada ao campo e jogada pela 
primeira pessoa a tocá-la. 
10. O árbitro será o juiz dos homens, anotará as faltas e notificará quando 
três faltas consecutivas tiverem sido feitas. Ele terá poder para suspender e 
desqualificar os jogadores de acordo com a regra 5.
11. O árbitro deve julgar a bola e decidir, quando a bola está em jogo, dentro 
dos limites, a que lado ela pertence e controlar o tempo. Ele deve decidir 
quando uma meta foi feita e manter a contagem das metas com quaisquer 
outras tarefas que normalmente são executadas por um árbitro.
12. O tempo será de duas metades de quinze minutos, com cinco minutos 
de descanso. 
13. O lado que fizer mais metas nesse tempo será declarado o vencedor. Em 
caso de empate, o jogo pode, por acordo dos capitães, ser continuado até outra 
meta ser feita. (NAISMITH, 1941, p. 53-55).
Com os equipamentos e as regras básicas definidos, e aliados ao agrado dos 
jovens senhores e do diretor da ACM, o basketball (que, na tradução literal, 
significa bola ao cesto) estava criado. O diretor da ACM logo enviou essa nova 
proposta de jogo para todas as filiais dessa instituição, contribuindo para a 
difusão em diversas regiões dos Estados Unidos e, posteriormente, no mundo, 
até chegar às dimensões que o esporte tem hoje. De fato, os contextos sociais 
da época em que o esporte foi criado eram bastantes diferentes dos que temos 
hoje e foram responsáveis por atribuir alguns aspectos específicos à evolução 
do basquete, os quais vamos discutir na próxima seção. 
Aspectos socioculturais na evolução 
histórica do basquete 
Como vimos, a origem do basquete remete ao fi nal do século XIX, o que nos 
leva a pensar que o contexto sociocultural de mais de um século atrás se modi-
fi cou bastante. Para melhor compreender os aspectos históricos de esportes e 
Evolução histórica do basquete6
modalidades específi cos, é importante contextualizar os aspectos sociais pre-
sentes nas épocas em questão. Dessa forma, buscaremos aproximar os aspectos 
socioculturais que estão relacionados ao surgimento e à evolução do basquete. 
Na Europa do início do século XIX, muitos esportes já haviam sido desen-
volvidos e implementados amplamente. Nos Estados Unidos, esse processo 
demorou um pouco mais para ocorrer. Ainda que houvesse muitos esportes 
presentes trazidos pelos imigrantes anglo-saxões que chegaram em massa 
desde o século XVII, os processos de prática e desenvolvimento esportivos 
nos Estados Unidos só começaram a ganhar força com o final da Guerra Civil 
(também conhecida como Guerra da Secessão) em 1865. 
Esse evento ficou marcado pelos embates políticos e sangrentos que se ori-
ginaram a partir da decisão norte-americana pelo fim da escravidão (ALONSO, 
2006). Os Estados Confederados da América (também conhecidos como 
Confederação e Sul), localizados ao Sul do país, não concordaram com a 
medida, iniciando combates que tinham por objetivo a formação de um novo 
Estado. Após quatro anos de combates que deixaram centenas de milhares 
de americanos mortos, os Estados Confederados (também conhecidos como 
União ou Norte), liderados pelo presidente norte-americano Abraham Lincoln, 
venceram as batalhas e o fim da escravidão foi oficializado. Com as batalhas, 
no entanto, boa parte da economia do Sul, que era baseada nos campos de 
algodão, ficou destruída, tendo que ser recuperada após o final da Guerra 
Civil. Ainda que a escravidão tenha sido oficialmente extinguida, as lutas 
raciais se intensificaram, principalmente ao Sul do país, quando as tropas da 
Confederação deixaram os Estados vencidos. Muitos negros sofreram com 
atos de violência, como espancamentos, mutilações, linchamentos e mortes 
em fogueiras, por exemplo, devido à sua ascendência racial. 
Outro fenômeno que marca o final do século XIX é a recessão econômica 
vivida pelos Estados Unidos, que agravou os problemas sociais existentes na 
época (ALONSO, 2006). A industrialização e a mecanização das fábricas eram 
crescentes e intensas, e muitos jovens que perdiam ou não conseguiam sua 
colocação nos postos de trabalho dos campos agrícolas do interior migravam 
para os centros urbanizados, na tentativa de encontrar emprego. Junto a isso, 
ainda ocorria a crescente migração de povos europeus que também procuravam 
exercer algum ofício. Com uma oferta escassa de empregos em oposiçãoà alta 
procura, os níveis de criminalidade e o número de pessoas sem-teto e envolvidas 
com bebidas, prostituição e apostas aumentaram consideravelmente, agravando 
o caos social. Além disso, eram recorrentes as paralisações das rodovias do país 
por parte dos trabalhadores que lutavam por situações dignas de trabalho e de 
salário e que eram reprimidos por militares, por vezes, resultando em mortes. 
7Evolução histórica do basquete
A preocupação da elite política e econômica até então era com a sobre-
vivência do capitalismo, desconsiderando os aspectos do desenvolvimento 
social. No entanto, algumas parcelas de matriz religiosa protestante e de classe 
média começaram a voltar suas atenções para a reordenação da sociedade 
civil por meio da salvação pelos preceitos cristãos. O esporte, então, volta-se 
a questões de desenvolvimento moral em uma época que ficou conhecida 
como a Era Progressiva. 
Como abordado anteriormente, grande parte dos esportes populares eram 
vistos como violentos. Embora existissem alguns esportes nos quais o contato 
físico era mínimo, como o golfe e o hipismo, por exemplo, tais modalidades 
eram restritas às elites econômicas da época (ALONSO, 2006). Diante disso, 
surge a necessidade de: uma abordagem que pudesse transmitir os valores mo-
rais cristãos, a fim de manter a expressividade do protestantismo no território 
americano, cada vez recebendo mais imigrantes de sociedades não praticantes 
dessa matriz religiosa; estabelecimento da coesão social em uma sociedade 
plural; um ideal de desenvolvimento humano voltado ao corpo sadio e dis-
ciplinado, abrindo espaço para os esportes genuinamente norte-americanos. 
A partir dessa perspectiva, podemos compreender que o basquete não 
surge apenas como proposta de uma prática durante o inverno, mas como uma 
possibilidade de estabelecer um controle moral e simbólico sobre os corpos e 
mentes dos indivíduos que se encontravam nos Estados Unidos. A abrangên-
cia da ACM, que possuía filiais em diversos estados norte-americanos e em 
diversos países localizados nos mais diversos continentes, contribuiu para que 
o basquete se popularizasse, sendo, em seguida, praticado em clubes atléticos, 
instituições de ensino superior, colégios, igrejas e instituições industriais, 
além de ser transmitido mundialmente pelos soldados norte-americanos em 
missões de guerra em outras nações (NAISMITH, 1941).
O modelo político dos Estados Unidos, no qual cada estado federativo pode formular 
suas próprias leis, fez com que muitos estados sulistas aderissem a um modelo de 
segregação racial, impedindo algumas pessoas, sobretudo os negros, de frequentar 
os mesmos espaços que os brancos. Assim, os negros não podiam entrar em locais 
como restaurantes, igrejas, ônibus, escolas, clubes, entre outros espaços sociais. Essa 
forma de tornar legal a separação racial ficou conhecida como Leis de Jim Crown e 
vigorou entre 1876 e 1965.
Evolução histórica do basquete8
A rápida popularização do basquete fazia com que muitos jogos fossem 
realizados nos ginásios esportivos, e o esporte era impulsionado pela publi-
cidade de estabelecimentos comerciais locais ao mesmo tempo que a impul-
sionava. Ganharam dimensão, também, as partidas de basquete nos subúrbios 
urbanos, uma vez que o pouco espaço disponível em cidades cada vez mais 
urbanizadas restringia a prática de outros esportes. Logo, o esporte foi sendo 
praticado por homens e mulheres de diversas classes sociais. Essa notoriedade 
internacional fez com que o basquete fosse apresentado nos Jogos Olímpicos 
de 1904, em Saint Louis, nos Estados Unidos. Contudo, ele só foi apresentado 
oficialmente, passando a integrar o quadro de medalhas, nos Jogos Olímpicos 
de 1936, em Berlim, na Alemanha, quando também foi testado o basquete 
outdoor, realizado em quadras de tênis improvisadas.
Ainda que a popularização do basquete aumentasse mundialmente e o 
esporte estivesse sendo praticado por muitos indivíduos de diversas etnias 
e classes sociais, as competições oficiais norte-americanas não permitiam a 
participação de pessoas negras — como fica evidente, o racismo e o apar-
theid racial são marcas comuns da história dos Estados Unidos. Os jogadores 
negros, então, em uma alternativa à profissionalização que lhes era restrita, 
formavam times de jogadores negros, viajando pelo país para desafiar times 
de brancos em troca de poucos dólares. Nessas viagens, eram comuns os 
episódios racistas (SILVA; CORREIA, 2008): muitas vezes, sobretudo nos 
estados do Sul, os negros eram impedidos de ingressar em estabelecimentos 
de hospedagem e alimentação devido à cor de sua pele. Um dos principais 
times de jogadores negros foi o New York Renaissance (também conhecido 
como The Renaissance Big Five), que foi fundado em 1923 e teve cerca de 
duas mil vitórias contra aproximadamente duzentas derrotas até ser encerrado 
em 1948 (SILVA; CORREIA, 2008).
Outro fenômeno marcante na história do basquete foi o surgimento da 
equipe Harlem Globetrotters, em 1927, que transformou a estética do jogo. No 
início, a forma com que os jogadores praticavam o esporte se assemelhava ao 
Renaissance Big Five: viajavam pelo país, desafiando equipes de jogadores 
também negros e equipes de jogadores brancos em pequenos torneios. Em 
1939, durante uma liga semiprofissional, os Globetrotters venciam uma equipe 
pelo elástico placar de 112 pontos contra 5 da equipe adversária. Com tamanha 
vantagem a seu favor, Inman Jackson, um dos trotters, passou a realizar alguns 
malabarismos com a bola, equilibrando-a e girando-a em um de seus dedos, 
escondendo-a em suas costas, fingido passar a bola, mas mantendo-a em suas 
mãos, ludibriando o adversário. As jogadas fizeram o público local dar inúme-
ras risadas e pedir que ele repetisse o feito, o que acabou transformando-se em 
9Evolução histórica do basquete
uma marca da equipe. Inicialmente, os malabarismos com a bola não agradaram 
aos adversários, que os consideravam ofensivos, resultando em muitas brigas. 
Da mesma forma, a comunidade negra apresentava certa resistência à forma 
como os negros representavam suas raízes étnicas em quadra, uma vez que o 
papel dos negros havia ganhado espaço apenas como uma forma de diversão 
aos brancos (SILVA; CORREIA, 2008).
No entanto, a atuação dos Globetrotters contribuiu para a popularização 
do basquete e as habilidades performáticas foram logo sendo incorporadas aos 
subúrbios de comunidade negra dos Estados Unidos. Logo, esse novo jeito de 
jogar basquete foi construindo o que, hoje, chamamos de basquete de rua, um 
jogo rápido, sem arbitragem, em que os elementos performáticos e as fintas 
são fatores fundamentais. Suas raízes negras estão atreladas ao movimento 
hip-hop (SILVA; CORREIA, 2008), uma cultura alinhada à afirmação e 
à identidade do povo afro-americano que tem como principais formas de 
expressão e protesto a dança, a música e a poesia.
Ao longo dos anos, o Harlem Globetrotters teve diversas formações. Segue jogando 
até os dias atuais, apresentando-se e lotando ginásios em diversas partes do mundo. 
No link a seguir, você poderá apreciar alguns lances dessa famosa e irreverente forma 
de jogar basquete, apresentados em Barcelona e Madri, no ano de 2018.
https://goo.gl/KuQmjb
A principal liga profissional dos Estados Unidos, a National Basketball 
League (NBA), foi criada em 1937. No entanto, o primeiro jogador negro só 
veio a participar dessa liga alguns anos mais tarde. Earl Lloyd, aos 22 anos 
de idade, após conseguir acesso à universidade por seu desempenho nas 
quadras e se destacar na liga universitária, tornou-se o primeiro jogador negro 
a participar de uma competição oficial da NBA, em 31 de outubro de 1950, 
pela equipe Washington Capitols. O mesmo ocorreu com Chuck Cooper, que 
foi para o Boston Celtics, e com Nat Clifton, no New York Knicks. Os três 
jogadores ingressaram na mesma temporada, mas o calendário permitiu que 
Lloyd entrasse primeiro em quadra, ganhando maior destaque por romper com 
Evoluçãohistórica do basquete10
https://goo.gl/KuQmjb
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para 
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual 
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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