Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
A área de gestão de pessoas é responsável por gerir o bem mais precioso de toda e qualquer organização: os profissionais. Independentemente do tamanho da empresa, do tipo de seu negócio ou de quantas pessoas performam lá, a gestão de pessoas volta toda sua atenção aos profissionais que aplicam seus conhecimentos e habilidades para garantir que os objetivos traçados pela organização sejam alcançados em seus diversos níveis. Esta obra tem a grata tarefa de auxiliá-lo no entendimento da gestão estratégica de pessoas e de como ela pode ser feita por meio do planejamento de RH. Você vai entender como a área de recursos humanos é organizada e subdividida, de modo a garantir que todas as funções sejam realizadas. Vai conhecer e compreender os conceitos da área, as principais políticas de RH e os sistemas de informação que favorecem o planejamento, além das novas tendências e perspectivas da área. Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6469-4 9 788538 764694 Código Logístico 58466 www.iesde.com.br facebook.com/iesdebrasil Gestão estratégica e planejam ento em RH Gestão estratégica e planejamento em RH Fernanda Alves Chaves Fernanda Alves Chaves Gestão estratégica e planejamento em RH IESDE BRASIL S/A 2019 Fernanda Alves Chaves Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ C438g Chaves, Fernanda Alves Gestão estratégica e planejamento em RH / Fernanda Alves Chaves. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE Brasil, 2019. 142 p. : il. ; 21 cm. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6469-4 1. Administração de pessoal. 2. Planejamento estratégico. I. Título. 19-56621 CDD: 658.3 CDU: 005.95/.96 © 2019 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito da autora e do detentor dos direitos autorais. Capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: tomertu/Shutterstock Fernanda Alves Chaves Mestre em Gestão Urbana pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR); especialista em Gestão Estratégica de Pessoas pela Faculdade Bagozzi e bacharel em Administração de Empresas pela Universidade Positivo (UP). Aperfeiçoamento em Gestão Empresarial pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC); Professional & Self Coaching pelo Instituto Brasileiro de Coaching (IBC); leciona na graduação e pós- -graduação disciplinas relacionadas à gestão de pessoas há mais de 13 anos em grandes grupos educacionais. Sumário Apresentação 7 1. A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 9 1.1 Mudanças organizacionais, tecnológicas e humanas 9 1.2 Mudanças na gestão de pessoas 14 1.3 Gestão de pessoas na ciência administrativa 16 2. Ambiente organizacional 25 2.1 Negócio da empresa 25 2.2 Cultura organizacional 27 2.3 Clima organizacional 32 3. Subsistemas de RH 43 3.1 Agregando pessoas 44 3.2 Aplicando pessoas 48 3.3 Recompensando pessoas 51 3.4 Desenvolvendo pessoas 55 3.5 Mantendo pessoas 61 3.6 Monitorando pessoas 65 4. Políticas de RH 71 4.1 Políticas de gestão em RH 71 4.2 Compliance em RH 74 4.3 Sistemas de informação de RH 76 5. Planejamento de RH 85 5.1 Planejamento organizacional 86 5.2 Planejamento em recursos humanos 90 5.3 Documentos de planejamento para o RH 93 6. Gestão estratégica de pessoas 103 6.1 Papel estratégico dos recursos humanos 104 6.2 Pilares da gestão estratégica de pessoas 108 6.3 Elaboração de metas e avaliação de resultados 110 6.4 O líder na gestão estratégica de pessoas 112 7. Perspectivas e tendências 119 7.1 Mudanças no ambiente externo 120 7.2 Mudanças no ambiente interno 126 Gabarito 137 Apresentação A área de gestão de pessoas é responsável por gerir o bem mais precioso de toda e qualquer organização: os profissionais. Independentemente do tamanho da empresa, do tipo de seu negócio ou de quantas pessoas performam lá, a gestão de pessoas volta toda sua atenção aos profissionais que aplicam seus conhecimentos e habilidades para garantir que os objetivos traçados pela organização sejam alcançados em seus diversos níveis. Esta obra tem a grata tarefa de auxiliá-lo no entendimento da gestão estratégica de pessoas e de como podemos fazê-la por meio do planejamento da área de RH. Iniciaremos, no Capítulo 1, discorrendo sobre a ciência e os conceitos administrativos que nos permitirão verificar o histórico e a evolução das empresas. Entenderemos a maneira como as empresas e a sociedade esculpiram a forma de se fazer gestão de pessoas atualmente, considerando todas as transformações envolvidas nesse processo. Isso contribuirá para que, já no Capítulo 2, possamos entender a importância da análise dos ambientes organizacionais (tanto internos quanto externos) para o desenvolvimento da gestão de pessoas, considerando o negócio da empresa, a estrutura organizacional, a cultura que permeia o comportamento e percepção dos colaboradores (clima organizacional). No Capítulo 3, objetiva-se ativar a percepção da área de maneira setorizada, conhecendo suas funções. Serão apresentadas as seis subáreas do RH, que são as formas pelas quais a área se organiza para garantir todas as responsabilidades pertinentes. No Capítulo 4 buscaremos compreender as políticas de RH – normas e regras que precisam ser desenvolvidas –, com a necessidade do compliance ordenado pela área e, por fim, os conhecimentos necessários para desenvolver e utilizar melhor os sistemas de informações possíveis, favorecendo o feitio e o desenvolvimento do planejamento do RH e da sua gestão estratégica. De posse dos conhecimentos e entendimentos dos capítulos anteriores, no Capítulo 5 entraremos efetivamente no desenvolvimento de um planejamento de RH de sucesso por meio da efetiva consciência das atividades administrativas. Com a missão de garantir os objetivos estratégicos da empresa, são utilizados o planejamento organizacional, os planos, programas e projetos que dimensionam todos os tipos de recursos necessários, mas, principalmente, os recursos humanos. Já no Capítulo 6, abordaremos a formulação das estratégias que a área adotará e as decisões que precisará tomar para assegurar o alinhamento com os objetivos da estratégia organizacional. Discutiremos de maneira prática a gestão estratégica de pessoas. As perspectivas e tendências do planejamento de RH e da gestão estratégica de pessoas serão abordadas no Capítulo 7, quando discorreremos sobre novos perfis profissionais, as formas contemporâneas de atração e retenção dos talentos, o futuro da educação corporativa e da avaliação de performance e, por fim, discorreremos sobre o desafio de remunerar os funcionários de maneira mais adequada. Boa leitura! 1 A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH As empresas não estão isoladas e nem são entidades, elas nascem e vivem da interação dinâmica dos ambientes externo e interno. A área de recursos humanos é a responsável por cuidar do capital mais valioso da empresa, o humano. Não existe organização que se sustente sem as competências advindas das pessoas. Pode parecer egocêntrico, mas, no final de tudo, o mundo se trata apenas e tão somente de pessoas. Neste capítulo é apresentado o histórico da área de recursos humanos, como ela foi pensada e desenvolvida ao longo desses grandes anos de mudanças mercadológicas. A ordenação das ideias levará em consideração as mudanças ocorridas em três áreas: a organizacional, a tecnológica e a humana. Também mostraremos as transformações ocorridas nesse período e, paralelamente, estabeleceremos uma relação entre essa e as demais áreas da empresa, analisando o caminho evolutivo dessas áreas. 1.1 Mudanças organizacionais, tecnológicas e humanas Embora haja indícios de que existiam ambientes fabris nas antigas Roma e Grécia, há mais de dois milênios,não há indícios de que se assemelhassem ao que temos hoje. Toffler (1980) nos lembra de que anteriormente tirávamos energia dos homens, dos animais, do vento e até da água e, no início da sociedade industrial, do carvão, da eletricidade, do gás, e do petróleo. Já a característica da sociedade industrial em que estamos imersos hoje é nos trazer educação em massa, canais de comunicação mais abertos, separação clara entre 10 Gestão estratégica e planejamento em RH produção, cliente e consumidor, padronização da organização dos trabalhos e maior especialização laboral. Novas formas de organização empresarial, muitas apresentadas por Max Weber por meio da Teoria da Burocracia, privilegiaram a divisão do trabalho que levou à especialização. Weber nos trouxe: • hierarquia como impulsionadora da eficiência; • padronização facilitando a previsibilidade; • burocracia buscando a impessoalidade dos atos; • meritocracia favorecendo a construção de carreiras por méritos; • função do administrador como especialista da gestão; • formalização dos contratos de trabalho e das carreiras. Na prática, embora haja disfunções do modelo, reconhecemos que ele foi o trampolim para o que hoje conhecemos como a sociedade da informação. A sociedade da informação nos trouxe a complexidade das relações econômicas, políticas, sociais, tecnológicas, culturais e de valores pessoais que Peter Drucker chamou de Knowledge Society, que se refere a uma sociedade com pessoas instruídas e instituições organizadas em torno de aplicação dos conhecimentos dos seus membros. Nela há mais exploração do trabalhador intelectual, aquele trabalho que exige maior esforço cerebral em detrimento da atividade manual, corpórea ou maquinal. Na sociedade da informação da qual fazemos parte, as decisões caminham por países e continentes, advindos de movimentos de mercado e negócios, desenvolvendo fluxos de comércio, bens e serviços e favorecendo o capital. Também são reveladas complexidades maiores, acirrando competitividade, parcerias, blocos econômicos e aumentando consideravelmente o movimento de globalização. As características da sociedade da informação e do processo de globalização atual são: A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 11 • manifestação e quebra de paradigmas e contradições; • quantidade, velocidade e alta complexidade de informações disponíveis; • interdependência de fenômenos; • fronteiras menores em todos os aspectos, econômicos, regionais etc.; • parcerias, alianças e alta competitividade; • envelhecimento da população e crescente participação feminina. Em relação ao movimento de globalização, vale salientar que ele possibilita e favorece intercâmbios culturais. Esse tipo de processo ocorre desde o início dos tempos, mas esse movimento mais estruturado evidencia as diferenças culturais, o que não pode ser negligenciado quando estamos entendendo as organizações para planejar estrategicamente os recursos humanos das empresas. Muitos fatos ocorreram em nossa época, mas, sem sombra de dúvidas, a estrela dos acontecimentos modernos é o advento tecnológico. A lista de inclusão de equipamentos tecnológicos é grande e passa por aparelhos cada vez menores e mais potentes: automação de dados e máquinas, código de barras, customizações de produtos e serviços favorecidos pelo uso de softwares e robôs, espaçonaves, nanotecnologias, cirurgias telemáticas, impressão de órgãos em 3D, física e mecânica quânticas aplicadas, prospecções geológicas via satélite, cruzamento de trilhões de dados em segundos, reconhecimento facial etc. O que poucas pessoas analisam é que a tecnologia a que temos acesso hoje é apenas um meio, um caminho, pois a razão-fim do que pensamos ou fazemos sempre é o favorecimento, a melhoria das nossas vidas. Uma preocupação da área de gestão de pessoas é que, infelizmente, o desenvolvimento tecnológico tem mostrado elevada tendência ao baixo desenvolvimento pessoal e interpessoal, o que afeta diretamente as empresas, já que essas são maioritariamente feitas por pessoas. 12 Gestão estratégica e planejamento em RH Temos enfrentado problemas dentro das organizações relacionados a isolamento, falta de empatia entre pessoas, dificuldades de comunicação, falta de paciência e generosidade, egos exacerbados e incapacidade de convivência social, provavelmente causados pelo enfraquecimento da ética, moral e valores. Os dilemas enfrentados pela sociedade são os mesmos que também travamos nos ambientes organizacionais: consumismo ou recessão? Controle populacional ou direito à vida? Expansão ou conservação? Quantidade ou qualidade? Parceria ou dominação? Cooperação ou competição? Sendo assim, apesar dos desequilíbrios advindos da nova consciência humana sobre a sua vivência/permanência no mundo, entendemos que o modelo de desenvolvimento apresentado nos dias atuais leva-nos a pensar e a fazer gestão de pessoas compreendendo o contexto atual que traz a consciência social e ecológica, o aparecimento de novos valores pessoais e o crescimento do consumismo resultados em aproximações tecnológicas (devido ao alto conhecimento tecnológico) e dificuldades de relacionamento interpessoal resultantes dos isolamentos físicos – consciência social presente e polaridade política também fazem parte do contexto. Dentro das empresas tendemos a encontrar pessoas mais hábeis e especializadas. O surgimento de valores pessoais novos nos trouxe a urgência de avaliar novos paradigmas. Até então os olhos dos administradores, executivos e gestores estavam no crescimento econômico, no desenvolvimento tecnológico, em modelos de gestão cada vez mais adaptados e na globalização dos negócios. Agora, a qualidade de vida entra em voga, trazida pela realização do potencial humano e valorização da participação pessoal. Tais valores pessoais, que tanto tem modificado estilos de vida e a percepção do ser humano para com ele mesmo, vêm da necessidade de olhar para si e para o outro. O aforismo grego, de A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 13 aproximadamente 500 a.C. que nos dizia “Conhece-te a ti mesmo”, tem sido muito praticado em todos os âmbitos. Em relação a essa nova perspectiva, apontamos como auxílio o entendimento dos valores pessoais em voga, caracterizando-os da seguinte maneira: Figura 1 – Valores pessoais em voga As partes de um fenômeno devem ser tratadas por seus mútuos relacionamentos e também pelo relacionamento com o todo. Ênfase no ser humano holístico. Valorização do ser humano, que sob a perspectiva da integralidade, não pode ser tratado ou considerado como simples recurso humano, como um gerador de recurso. Não aceitação de dicotomias, ou seja, separações entre corpo, mente, matéria e espírito. As pessoas devem ser consideradas como um todo físico, intelectual, espiritual e emocional. Fonte: Elaborada pela autora. Sendo assim, ao perceber o papel cada vez mais importante e expressivo das empresas na sociedade, as mudanças tecnológicas evidentes e o novo olhar do ser humano sobre si e sua importância, relacionamos itens que podem nos auxiliar no entendimento do ambiente organizacional na contemporaneidade: • ampliação de fronteiras geográficas e culturais; • competição acirrada entre empresas e mercados; • fluxo intenso de informações e ausência de critérios qualitativos; • movimentos de aliança, parceria e cooperação crescentes; • desenvolvimento tecnológico ampliado; • degradação de recursos naturais levando a extinções; 14 Gestão estratégica e planejamento em RH • exigência de aumento da qualidade de vida com base em valores pessoais estruturados; • consciência cidadã elevada por parte de colaboradores, clientes e consumidores. Tais características do ambiente de negócios atual nos mostram alguns pontos a serem observados que estão favorecendo mudanças cada vez mais complexas e velozes, desafiando, assim, a adaptabilidade organizacional. Frente a essa realidade,a área de gestão de pessoas ainda tem muito trabalho a fazer. 1.2 Mudanças na gestão de pessoas Nos primórdios dos processos organizacionais as pessoas foram vistas como insumos, como recursos a serem administrados. Esse conceito não está errado, o que precisamos entender é que os colaboradores não se resumem a meros recursos e que são infinitamente mais complexos de serem administrados do que se entendia no passado. Com a superação do conceito inicial, entendemos que as mudanças acerca da gestão de pessoas, por parte das empresas, devem levar em consideração adaptar e flexibilizar as estruturas e formas de trabalho, pois as empresas e as pessoas estão em constante processo adaptativo; demanda por pessoas comprometidas e envolvidas com o negócio da empresa, aptas a descentralizar decisões e torná-las mais ágeis; encorajamento de pessoas atualizadas com tendências mercadológicas, com atuação em mercados globalizados, e; formação de equipes (times de profissionais) em sinergia e em constante aprimoramento para atender altos níveis de competições empresariais. As transformações enfrentadas pelas empresas, no que tange ao seu quadro funcional, se deram em virtude de muitas alterações de padrões socioeconômicos e culturais sofridas pelas pessoas. As transformações ambientais, políticas, tecnológicas, econômicas e culturais, aliadas às mudanças nas condições de vida, afetaram o A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 15 arcabouço de expectativas das pessoas em relação ao significado do trabalho e também das empresas que o provêm. Tais transformações podem ser percebidas atualmente como uma maior liberdade e autonomia sobre as escolhas de carreira e desenvolvimento adquiridos pela consciência de si mesmas como seres humanos; maior cuidado com a integridade física, psíquica e social das pessoas, adquirindo consciência da cidadania organizacional e exigindo qualidade de vida no trabalho; maior expectativa de vida, o que gera mais tempo produtivo para as pessoas e, consequentemente, a busca por contínuo desenvolvimento profissional, e; maior demanda e exigência, por parte das pessoas, de ambientes organizacionais que sejam pessoal e profissionalmente desafiadores, com ganho de competências, buscando competitividade profissional. Pelas pressões do ambiente interno e externo, as empresas precisaram se adaptar, se reformular e se reorganizar, assumindo novas maneiras de fazer a gestão de pessoas. Desse modo, as novas formas de gestão encontradas pelas empresas levam em consideração as práticas de gestão, tanto das pessoas quanto da empresa como um todo, que atingem não apenas os colaboradores com vínculos formais, mas também os parceiros da organização. Também deve haver relações produtivas entre a área de gestão de pessoas e os colaboradores, de modo a integrar políticas e práticas que atendam às necessidades das empresas e às expectativas dos profissionais. A área de gestão de pessoas e toda a organização deve ofertar à empresa uma visão clara sobre o nível de contribuição das pessoas para com o atingimento do objetivo organizacional e também da empresa para com os objetivos profissionais. O desenvolvimento organizacional da empresa está relacionado com a capacidade da empresa de aprender com as pessoas e da capacidade das pessoas de aprender com a empresa, fazendo 16 Gestão estratégica e planejamento em RH com que esse inter-relacionamento gere evolução, respeitando as individualidades. Sendo assim, Dutra (2009, p. 17) caracteriza a gestão de pessoas como “um conjunto de políticas e práticas que permitem a conciliação de expectativas entre a organização e as pessoas para que ambas possam realizá-la ao longo do tempo”. Quando falamos de políticas, referimo-nos ao conjunto de princípios e diretrizes que devem balizar os comportamentos e decisões das pessoas dentro das organizações e, quando falamos de práticas, apresentamos os diversos tipos de técnicas, métodos e procedimentos que permitem que as decisões sejam implementadas tanto interna quanto externamente. 1.3 Gestão de pessoas na ciência administrativa Conforme vimos anteriormente, embora a gestão de pessoas possa ser encontrada na Antiguidade, foi somente no final do século passado que ela assumiu a relevância que nos permitiu sistematizar os conhecimentos e aplicações até então. As primeiras preocupações com a gestão do capital humano aconteceram no século XIX, na Revolução Industrial, devido à pressão dos sindicatos e do parlamento inglês. Nesse mesmo período, nos EUA, as preocupações se deram pelo medo de que os funcionários se organizassem e tivessem poder. Esse movimento fez com que se formasse uma organização do trabalho norteando as práticas relacionadas às pessoas com o intuito de suportar, de maneira científica, a produção de bens e serviços em larga escala, o que era fator primordial para o desenvolvimento econômico almejado. Como não se tratava de algo pensado, ou seja, não eram políticas, mas apenas práticas, a organização do trabalho foi reproduzida, confirmando-se como uma forma eficiente de “fazer as pessoas fazerem”. Inclusive, tais práticas foram batizadas A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 17 de paradigma taylorista ou fordista, homenageando dois grandes nomes da Administração Científica: Frederick Taylor (1856-1915) e Henry Ford (1863-1947). Os traços desses paradigmas foram duramente criticados por transformarem o trabalho em algo, aparentemente, humilhante e degradante, impondo limitações de desenvolvimento aos ocupantes. Podemos pensar neles como: • especialização do trabalho por meio da racionalização, levando à divisão horizontal (divisão de tarefas) e divisão vertical (divisão entre a concepção e a execução das tarefas); • produção em massa; • recompensas financeiras por produtividade; • utilização de ferramentas e equipamentos que desenvolvam a mecanização das atividades. Na década de 1960 surgiram as primeiras quebras nesses paradigmas adotados, mas é apenas na década de 70 que percebemos mais mudanças. Já na década de 80 as empresas pioneiras tiveram novos referenciais advindos de experiências de outras organizações sobre a aplicação das teorias administrativas iniciais que os permitiram amadurecer e refletir. Na década de 90 as outras empresas se sentiram à vontade para colocar o aprendizado adquirido nos últimos 30 anos para modificar modelos produtivos de gestão de pessoas. A percepção da área de gestão de pessoas como área organizacional vem do início do século XX, mais precisamente do ano 1916, quando Henri Fayol (pai da Administração Clássica) fez uma analogia entre empresas e corpos humanos, demonstrando que empresas precisam ter áreas essenciais que se assemelham em importância a órgãos humanos. Dessa maneira, a área destinada à gestão dos recursos humanos – ainda não se nominava dessa maneira – tinha como responsabilidades fazer a atração, manutenção, motivação, treinamento e desenvolvimento dos envolvidos. Notem que, embora 18 Gestão estratégica e planejamento em RH parecesse uma abordagem bastante funcionalista, também pode ser entendida como um sistema inserido dentro de outro sistema maior, que era a proposta da Teoria Geral dos Sistemas, difundido por Ludwig Von Bertalanffy em meados da década de 1950 a 1960. No processo evolutivo funcionalista, segundo a Teoria Clássica da Administração de Jules Henri Fayol (1841 a 1925), a gestão de pessoas também pode ser identificada por três fases: Figura 2 – Fases da gestão de pessoas As funções baseavam-se na operacionalização da captação, do treinamento, da remuneração e das informações das pessoas. As funções interferiram nos processos da empresa, sendo requisitadas no desenvolvimento organizacional. As funções assumiam timidamente o papel estratégico na internalização de novos conceitos e na maneira de pensar o valor das pessoas nas empresas. Fase operacional até a década de 1960 Fase gerencialde 1960 a 1980 Fase estratégica a partir de 1980 Fonte: Elaborada pela autora. Tanto a prática funcionalista de Fayol quanto a proposta sistêmica de Bertalanffy não dão conta do principal objeto da área de gestão de pessoas, que são as próprias pessoas. Sendo assim, precisaremos complementar com outros pontos de vista e sinalizarmos questões que têm sido importantes na percepção da área de gestão de pessoas sobre si mesmas. São eles: • as competências das pessoas são mandatórias para que elas assumam maiores atribuições e responsabilidades nas empresas; A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 19 • as formas de se pensar a vida útil dos profissionais e suas carreiras está em consonância com a remuneração ofertada e a geração de valor dessas pessoas ao negócio; • a comunicação é priorizada e aperfeiçoada, com foco nas próprias pessoas, na melhoria dos processos e na perpetuação dos negócios; • existe maior investimento em transparência de processos relacionais colaborador x empresa; • as expectativas dos colaboradores e da empresa são alinhadas e colocadas em prática por meio de modelos de gestão ajustados. Não esqueçamos que, além dos vários desafios da área, houve uma preocupação muito grande, por parte das empresas, em se adequar aos processos e exigências pertinentes à realidade brasileira, que eram diferentes dos países de referência. Considerações finais Sabemos que o mundo está em constante transformação e que, devido a isso, podemos acreditar que terão êxito apenas as empresas e pessoas que melhor se adequarem às mudanças. O capítulo que acabamos de encerrar teve como principal função contextualizar quais foram os elementos que levaram o mundo às suas transformações, mas, principalmente, as lições que devem ser aprendidas com as mudanças que nos foram impostas. A gestão de pessoas, ao ser relembrada em seus primórdios, mostrou a evolução dos conceitos que envolviam todo o ambiente externo organizacional (globalização, economia, política, concorrentes, geografia etc.) e como isso afetou o ambiente interno (as áreas e a empresa em si). Pudemos perceber que, de maneira lenta, mas contínua, conseguimos evoluir em nossos modelos de gestão nos aproximando das necessidades dos parceiros de negócio. 20 Gestão estratégica e planejamento em RH Ao analisarmos a inserção da empresa moderna e também a evolução dela dentro dos conceitos apresentados, percebemos que as pressões sofridas nos encaminharam para um modelo de gestão, com políticas e práticas, que buscam atender às expectativas das empresas e também das pessoas. De fato, a mudança de valores pessoais foi fator relevante nesse processo todo, mudando o rumo de muitos acontecimentos. A compreensão das bases que formaram a área de gestão de pessoas e orientaram a sua evolução fundamenta nosso momento atual e nos prepara para os desafios vindouros. Ampliando seus conhecimentos • CHIAVENATO, I. Teoria geral da administração: abordagens descritivas e explicativas. 7. ed. São Paulo: Manole, 2013. Esse livro é considerado um guia da administração. Foi escrito há décadas e tem recebido inúmeras atualizações ao longo dos anos. Ele trata do estado da arte da ciência administrativa concentrando-se no essencial de cada abordagem teórica. Apresenta exercícios individuais, coletivos e glossários que reforçam os principais conceitos. A teoria predomina no livro, mas é sempre acompanhada de exemplos e exercícios com soluções concretas que proporcionam visualizar aplicações práticas em empresas conhecidas. Nas teorias administrativas mais recentes são inclusos tópicos sobre a estratégia organizacional. • CLICK. Direção de Frank Coraci. Estados Unidos: Columbia Pictures, 2006. (107 min.). O filme Click foi escrito por Steve Koren e Mark O´Keefe e dirigido por Frank Coraci. Adan Sendler é o produtor e também protagonista. A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 21 Michael Newman (Adam Sandler) é casado e tem dois filhos pré-adolescentes. Ele passa muito tempo no trabalho por estar buscando uma promoção e se dedica pouco à família. Certo dia, sem saber, ele compra um controle remoto universal que tem o poder de paralisar pessoas, adiantar o tempo etc. Com o novo controle remoto universal ele passa a ter controle sobre tudo em sua vida. Atividades 1. Desenvolva um esquema que sintetize as ideias contidas neste capítulo. Para facilitar seu processo, tente utilizar o quadro a seguir: Ambientes organizacionais 1. Xxx 2. Xxx 3. Xxx Tecnologias Pessoas Área de gestão de pessoas 2. Analise o caso da empresa Conhecimentum, que tem como prerrogativa buscar o desenvolvimento empresarial por meio do seu capital humano. Trata-se de uma empresa que desenvolve aplicativos para celulares. Seu diferencial é a velocidade entre captar uma necessidade do mercado e apresentar o produto acabado, com preço competitivo e qualidade no nicho de mercado apropriado. Adquiriram essa velocidade utilizando-se de uma grande integração entre as áreas de marketing, desenvolvimento de produtos, produção de códigos e testagem, comercialização e assistência técnica. O mercado que ela atua é competitivo e a 22 Gestão estratégica e planejamento em RH empresa tem dificuldades de atrair e reter seus colaboradores estratégicos. A perda de cada colaborador é uma perda significativa do capital humano e intelectual. Qual a sua proposta para que a Conhecimentum se torne atrativa e mantenha seus colaboradores? 3. Vamos tentar nos tornar conscientes dos nossos valores por meio do entendimento do seu significado e alicerçando-os com o exercício proposto. a) Qual é a sua definição de valores? b) Quais são os principais fatores que influenciam os seus valores em qualquer situação? c) Quais os três valores mais importantes para você, hoje? d) Quais os valores mais importantes na organização na qual trabalha? e) Quando esses valores são comprometidos e por quê? Faça uma reflexão pessoal sobre as respostas dadas. Referências BRAHMA K. Vivendo valores: um manual. São Paulo: Brahma Kumaris Spiritual University, 1995. CHIAVENATO, I. Como transformar RH: de um centro de despesa em um centro de lucro. São Paulo: Makron Books, 1996. CHIAVENATO, I. Recursos Humanos na empresa. São Paulo: Atlas, 1989. CHIAVENATO, I. Teoria Geral da Administração: abordagens descritivas e explicativas. 7. ed. São Paulo: Manole, 2013. DRUCKER, P. F. Fator humano e desempenho. São Paulo: Biblioteca Pioneira de Adm. e Negócios, 1981. DRUCKER, P. Administrando em tempos de grandes mudanças. São Paulo: Pioneira, 1995. A evolução dos conceitos de planejamento, gestão e RH 23 DRUCKER, P. As novas realidades: no governo e na política, na economia e nas empresas, na sociedade e na visão de mundo. São Paulo: Pioneira, 1989. DUTRA, J. S. Gestão de pessoas: modelo, processos, tendências e perspectivas. 1. ed., 8. reimpr. São Paulo: Atlas, 2009. FISCHER, R. M. Gestão do trabalho: dimensões institucionais e organizacionais. Revista de Administração de Empresas. São Paulo, v. 4, n. 31, p. 85-90, 1991. LEVY, A. R. Competitividade organizacional: decisões empresariais para uma nova ordem econômica mundial. São Paulo: Makron Books, 1992. RESENDE, Ê. J. É preciso mudar o discurso em recursos humanos. 2 ed. São Paulo: Summus Editorial Ltda., 1986. SROUR, R. H. Formas de gestão: o desafio da mudança. Revista de Administração de Empresas, v. 4, n. 34, p. 31-45, 1994. TOFFLER, A. A terceira onda. Rio de Janeiro: Record, 1980. 2 Ambiente organizacional Gestão estratégica e planejamento em RH nada mais é do que um processo dinâmico que alinha as expectativas do negócio organizacional às pessoas que fazem parte dela. Ela é parte da decisão organizacional e não apenas dos procedimentos técnicos departamentais; reflete as características da empresa e de seus profissionais, equalizando a maneira como atingem objetivos. É necessário o entendimento profundo acerca das premissas,dos princípios, dos valores, das crenças, das metas e dos objetivos da empresa, pois esse é um agente de mudanças, uma vez que não se criam realidades estruturadas sem o domínio do passado e o conhecimento do que se almeja no futuro. Neste capítulo estudaremos fatores que nos permitirão fazer análises organizacionais mais apuradas. Passaremos pelo entendimento da importância da análise do ambiente organizacional para o desenvolvimento da gestão de pessoas, levando em consideração o negócio da empresa, a cultura organizacional que permeia a inter-relação e o comportamento dos colaboradores e também o clima organizacional, que nada mais é do que a percepção dos colaboradores em relação à organização. Convido você a conhecer mais sobre os ambientes organizacionais. Vamos nos aprofundar no conhecimento das empresas e do que as permeia? 2.1 Negócio da empresa Ao contrário do que se imagina, as forças econômicas não criam as empresas, o que elas criam são as oportunidades para as 26 Gestão estratégica e planejamento em RH ações gerenciais e estabelecem limites para tais. As empresas são organizações de negócios criadas e geridas por pessoas. Outra afirmação que precisamos incutir nos nossos modelos mentais é que as empresas e seus negócios também não são definidos por seu lucro, na verdade a lucratividade dela chega a ser irrelevante perto de toda a responsabilidade de qualquer empreendimento. Para entendermos um pouco mais, precisamos pesquisar e entender o propósito da organização. E, de maneira incrível, o propósito da empresa sempre está fora dela e costuma ser a “satisfação do seu cliente”. Drucker (2012) nos mostra que as necessidades que são satisfeitas pelas organizações devem ter sido sentidas pelos seus clientes antes mesmo de qualquer empresa dispor de meios para satisfazê-las, e foi assim que surgiram os clientes e os próprios mercados. De qualquer maneira, é a ação empresarial que cria o cliente e é o cliente que determina uma empresa. O que os clientes estão comprando ou usufruindo, o que consideram de valor, é decisivo e define o negócio da empresa. As empresas são feitas por pessoas, com pessoas e para pessoas. É importante explicar a primeira afirmação lembrando que o Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica é, inevitavelmente, a transformação de um ou mais cadastros nacionais de pessoas físicas, mostrando que para se criar um CNPJ é necessário ter CPF, fazendo com que seja necessário ter pessoas por trás de organizações. Já o fato de que as empresas são feitas com pessoas traz a realidade de que, independentemente do seu ramo de atuação, toda e qualquer empresa precisa de pelo menos um personagem que tome as decisões acerca dos recursos que se tem em prol do objetivo a ser alcançado, ou seja, as empresas se concretizam com pessoas nelas atuantes. E, por último, as empresas são feitas para pessoas. Independente do produto ou serviço que ela se proponha a oferecer, o seu consumidor final sempre será uma pessoa. A empresa que desenvolve a resina utilizada no aglomerado de madeira, por exemplo, o faz sem perder o foco de que aquele compensado será a Ambiente organizacional 27 matéria-prima de um móvel que será utilizado, possivelmente, como armário para as roupas de uma pessoa. Poderíamos limitar a abordagem de planejamento de recursos humanos ou da gestão estratégica de pessoas aos aspectos técnicos, qualitativos ou quantitativos da provisão de pessoas, do treinamento, desenvolvimento delas, adequação das legislações que envolvem a remuneração, medicina, saúde e segurança do trabalhador, planos de carreira, processos de melhoria da produção e da produtividade etc., mas esse pensamento traria algo incompleto e diminuiria a complexidade do contexto empresarial e humano. Precisamos levar em consideração muitos aspectos inerentes à realidade e pressão do ambiente interno e externo organizacional quando se trata de gestão de pessoas. Esses ambientes estão em processos transformatórios constantes. O mercado partilhado pelas organizações é exigente, crescente e muito competitivo. Todas as pessoas, físicas e jurídicas, têm se mostrado mais exigentes com relação ao consumo de produtos e serviços, fazendo com que as empresas busquem mais qualidade, melhoria dos processos internos e diminuição de custos. Essas exigências implicam em ajustes frequentes relacionados à infraestrutura produtiva, incorporação de novas tecnologias e trabalhos sob demanda. A qualidade do RH é o que vai garantir a qualidade da empresa, pois, na prática, os conceitos “recursos humanos” e “empresa” são indissociáveis. 2.2 Cultura organizacional A cultura organizacional é um assunto que passou a ser difundido no Brasil a partir da década de 1980. As discussões abordam a cultura organizacional e o impacto do papel dos fundadores nela, em como ela afeta a performance dos colaboradores etc. Na verdade, conhecer 28 Gestão estratégica e planejamento em RH e se apropriar da cultura de uma organização pode auxiliar a prever ou talvez a explicar o comportamento das pessoas nos seus trabalhos. O conceito mais adotado sobre isso, por ser bastante completo, é o de Edgar Schein, trazido por Freitas (1991, p. 73), o qual afirma que a cultura organizacional é o modelo dos pressupostos básicos que um dado grupo inventou, descobriu ou desenvolveu no processo de aprendizagem, para lidar com os problemas de adaptação externa e integração interna. Uma vez que estes pressupostos tenham funcionado bem o suficiente para serem considerados válidos, são ensinados como a maneira certa de se perceber, pensar e sentir em relação aqueles problemas. Já para Luz (2003, p. 22), “a cultura organizacional pode ser definida como um conjunto de crenças, valores, costumes, rituais, slogans, mitos, tabus, tradições, sentimentos e comportamentos compartilhados pelos membros de uma organização”. Cada empresa tem sua própria maneira de funcionamento, a qual tem relação com suas regras, sua comunicação, suas formalizações, estilos gerenciais, benefícios, padrões éticos etc. É fácil perceber que cada empresa tem sua própria cultura organizacional quando se tem a oportunidade de ter trabalhado em duas ou mais delas que, embora possam ter o mesmo tipo de negócio, sempre serão diferentes. Edgar Schein (1985 apud FREITAS, 1991) considera que as culturas organizacionais têm três níveis fundamentais e de profundidade crescente, que se manifestam em: • Artefatos: este primeiro nível tem relação com artefatos que são observáveis, como a disposição física da empresa, missão, slogan, mobiliário, vestimentas utilizadas pelos colaboradores, a forma como as pessoas se relacionam, o clima organizacional, a intensidade emocional e vários outros fenômenos, como os arquivos, os registros, os produtos e serviços ofertados, as filosofias etc. Trata-se do mais visível Ambiente organizacional 29 aspecto da empresa, embora também seja o mais difícil de ser decifrado. Os artefatos são acessíveis e têm três categorias: Figura 1 – Artefatos da cultura organizacional MANIFESTAÇÕES comportamentais MANIFESTAÇÕES físicas MANIFESTAÇÕES verbais Formas de comunicação, punições, recompensas, rituais, cerimônias. Logomarca, vestuário, instalações físicas, objetos, layout. Jargões, vocabulário, mitos, história, anedotas. Fonte: Elaborada pela autora. • Normas e valores: o segundo nível é o das normas e valores das pessoas e da empresa como um todo. Pode ser levantado por meio de questionários, instrumentos de avaliação e entrevistas que mostram como as pessoas pensam, sentem-se e comportam-se. A cultura traz ideologias, normas, regras, valores e filosofias que são perceptíveis, mas não são registradas formalmente. Se por um lado os valores demonstram o que é importante para os membros da empresa, por outro são as normas que estabelecem quais os comportamentos que se pode ou deve esperar dos outros. • Crenças e pressupostos: no último nível consideramosas crenças e os pressupostos da empresa como muito importantes, pois são a base da cultura organizacional, o nível mais profundo. Eles existem além da consciência das pessoas que permeiam a empresa, são invisíveis e não facilmente identificáveis. Determinam os processos mentais, os sentimentos e os comportamentos. Temos em outro autor, Robin (2002), a afirmação de que a cultura organizacional é um termo que nos traz a maneira como os colaboradores percebem e entendem a empresa, não estando relacionada ao fato de as pessoas gostarem ou desgostarem dela. 30 Gestão estratégica e planejamento em RH O mesmo autor indica algumas características básicas que ele intitula como essências da cultura organizacional. São elas: • Inovação e riscos: o nível que os colaboradores são estimulados a trabalhar inovação e riscos. • Atenção ao detalhe: o grau em que os colaboradores são estimulados a demonstrar atenção aos detalhes, análise e precisão. • Orientação aos resultados: o nível a que os colaboradores são levados a se preocupar mais com o resultado do que com as técnicas e os processos. • Orientação às pessoas: o grau em que as pessoas se prevalecem ao desenvolvimento dos resultados. • Orientação às equipes: o nível em que as atividades são organizadas para serem desenvolvidas por equipes e não por pessoas isoladamente. • Agressividade: o nível de agressividade estimulada e experenciada, fazendo com que existam graus maiores ou menores de competitividade. • Estabilidade: o grau em que as ações da empresa garantem a manutenção da estabilidade das atividades e a manutenção do estado atual da empresa. Cada característica da cultura organizacional garante a sua continuidade, dando à empresa a possibilidade de, por meio das próprias características, resolver suas questões internas, desenvolvendo um processo denominado institucionalização das suas escolhas e ações. Esses elementos fazem parte da cultura que funciona como uma cola para manter a coesão organizacional. Ambiente organizacional 31 O lado positivo da cultura organizacional é que ela dá a sensação de identidade tanto para os colaboradores quanto para a empresa, diferenciando-a de outras. Também favorece o comprometimento dos membros para algo além dos interesses pessoais, estimulando a estabilidade de um contexto social. O lado negativo é que culturas organizacionais muito arraigadas podem funcionar como barreira às mudanças que geralmente são muito necessárias no ambiente organizacional. Profissionais novos também enfrentam dificuldades em culturas fechadas, mesmo que todos saibam que a oxigenação de competências técnicas e comportamentais é benéfica às empresas. As culturas organizacionais começam a acontecer quando as tradições, os costumes e a maneira como as coisas acontecem na empresa começam a dar certo, e tudo isso é iniciado pelos fundadores da empresa, pois são a fonte primária da cultura. A criação e o desenvolvimento de uma cultura ocorre em três etapas. Inicialmente os fundadores contratam pessoas que sentem e pensam como eles, depois orientam e socializam seus colaboradores de acordo com seus pensamentos e comportamentos e, por fim, encorajam as pessoas e introjetam seus valores, suas premissas e também suas convicções. Conforme a empresa se desenvolve, cresce e tem sucesso, tanto os fundadores quanto os profissionais de alto escalão se tornam exemplos a serem seguidos. O papel da gestão de pessoas é fundamental no que tange à cultura, pois ela é uma espécie de guardiã das culturas organizacionais que tem a responsabilidade de disseminar, promover, manter ou até mudar essas culturas. As atribuições da área da gestão de pessoas envolvem definir perfis compatíveis com os valores da empresa, orientando o recrutamento 32 Gestão estratégica e planejamento em RH e a seleção. Também desenhará as práticas de treinamento e desenvolvimento, enfatizando os comportamentos e as competências dos colaboradores para a realização de um trabalho de socialização e a elaboração de sistemas de recompensa que premiem a manutenção do estado da empresa, o lugar já conquistado pela empresa perante a sociedade. Devemos também levar em consideração as subculturas que possam existir dentro das empresas, que na maioria das vezes são definidas por departamentos ou experiências comuns dos seus membros em virtude dos valores essenciais e dos valores específicos de determinados grupos, como a equipe de vendas, de compras, de tecnologia e até das pessoas que fazem parte da agremiação da empresa. Não se deve ignorar nenhuma das subculturas que influenciam o comportamento das pessoas. Avaliar a cultura de uma empresa é de suma importância para o seu diagnóstico, para compreender situações e para preparar projetos de intervenção na organização. 2.3 Clima organizacional A análise do ambiente organizacional deve levar em consideração o clima organizacional, que nada mais é do que a percepção coletiva que as pessoas têm do seu ambiente de trabalho. Essa percepção se dá por meio da experimentação que as pessoas fazem da estrutura, práticas, políticas, regras, normas e sistemas da empresa. De uma maneira simplista, podemos entender até que o clima organizacional é a percepção da cultura organizacional. Para analisarmos, segue figura comparativa entre a cultura organizacional e o clima organizacional: Ambiente organizacional 33 Figura 2 – Diferenças entre cultura e clima organizacional CULTURA organizacional CLIMA organizacional É o caráter e a personalidade da empresa. É como a empresa funciona. A perspectiva temporal é de médio e longo prazo. Está relacionada ao grau de comprometimento e de motivação dos seus membros. A perspectiva temporal é de curto e médio prazo. Refere-se ao grau de satisfação dos membros, com sentimentos positivos ou negativos deles em relação à empresa. É a percepção das pessoas sobre a empresa. É o estado de espírito verifi cado entre os membros. Fonte: Elaborada pela autora. Quando pensamos em clima organizacional, sabemos que o que é estudado são os seus membros e não a organização em sim. Luz (2003) nos traz que, enquanto o clima organizacional advém de fatores internos da organização como saúde, educação, regiões demográficas e até lazer, o maior influenciador do clima é, sem dúvida, a cultura. Ele também afirma que o clima organizacional é a consequência momentânea, pois a causa é a cultura, a prática recorrente da empresa. 34 Gestão estratégica e planejamento em RH Conceituando o clima organizacional, temos alguns autores a lembrar: • Segundo Schneider (1972 apud LUZ, 2003), uma percepção generalizada que o indivíduo forma da organização é que resulta de experiências vivenciadas por ele nesse ambiente. • Para Schneider e Bowen (1995 apud LUZ, 2003), são as percepções compartilhadas sobre o que é importante em uma organização, obtidas pelas suas experiências no trabalho e suas percepções do tipo de comportamentos de gerenciamento esperados e suportados O clima pode ser entendido como os sentimentos que as pessoas têm em relação à organização e à maneira como interagem com esses sentimentos, os quais podem trazer satisfação ou insatisfação, repercutindo diretamente na produtividade dos colaboradores. É fundamental que possamos dar a importância devida ao clima e a influência que ele tem na motivação dos membros da empresa. Em virtude da influência tão grande que o clima organizacional tem sobre as pessoas e, consequentemente, sobre a empresa, faz- se necessária a avaliação constante das expectativas e percepções das pessoas da organização. Isso, inclusive, orientará o trabalho da própria gestão de pessoas, pois assim não serão investidos energia, tempo e dinheiro em projetos e processos que não estão sendo bem percebidos pelos colaboradores em detrimento de outros que possam estar sendo bem avaliados. A seguir veremos fatores que podem ser percebidos como determinantes na percepçãopositiva ou negativa das pessoas com relação à empresa. Ambiente organizacional 35 Figura 3 – Fatores determinantes FATORES POSITIVOS FATORES NEGATIVOS Autonomia nas atividades, sentimento de realização profissional, identificação com a função, bom relacionamento com colegas, relacionamentos construtivos com a liderança, satisfação com a remuneração, companheirismo. Conflitos entre colaboradores, coação, insatisfação com remuneração, desvalorização profissional, ausência de perspectivas, insatisfação com lideranças, falta de identificação com as atividades ou até com a cultura da empresa. Fonte: Elaborada pela autora. Tais fatores são exemplos de percepções que as pessoas costumam ter nas empresas. É importante salientar que muitas vezes os sentimentos negativos perceptíveis em um determinado departamento, filial ou grupo profissional podem não ser verificados em outros grupos. Para que a avaliação das percepções seja mensurada de maneira adequada e com seus resultados possamos criar ações de favorecimento de sentimentos benéficos, lançamos mão do instrumento PCO, que é a pesquisa de clima organizacional. A pesquisa de clima funciona como uma ferramenta estratégica para as empresas e, embora existam diversos tipos e técnicas instrumentais para propósitos diferentes, ela costuma ser elaborada customizadamente, de acordo com o contexto das organizações. Ela serve para analisar o ambiente interno e fazer o levantamento e mapeamento dos fatores críticos que causam os sentimentos (benéficos ou maléficos) que configuram o momento motivacional dos colaboradores, apurando aspirações, expectativas, pontos fortes, fracos e deficiências. 36 Gestão estratégica e planejamento em RH Ao pesquisar, tem-se uma base de informações rica que possibilita a identificação e compreensão de aspectos que impactam o clima organizacional e, sendo assim, pode-se utilizar essas informações para a criação ou adaptação de planos de ação para a melhoria do clima, atacando focos de problemas que dificultam o ambiente de trabalho. A área de gestão de pessoas costuma ser responsável pela pesquisa de clima organizacional e de todas as etapas necessárias para que ela aconteça, contando, é claro, com o apoio de toda a empresa em todos os níveis hierárquicos. As etapas básicas da pesquisa envolvem a elaboração do instrumento de coleta de dados, a aplicação da pesquisa junto aos empregados, depois a tabulação da pesquisa, posteriormente o retorno aos participantes sobre as percepções manifestadas e, por último, a apresentação do plano de ação com base nos resultados da PCO. Salientamos que a pesquisa de clima deve ser coerente com o planejamento estratégico da organização e, para tanto, precisa contemplar questões de diferentes variáveis organizacionais, apresentadas no Quadro 1. Quadro 1 – Questões variáveis organizacionais Comunicação Avaliar canais de comunicação da empresa e da própria comunicação entre as pessoas. Condições físicas de trabalho Verificar as condições físicas de trabalho: conforto, instalações, riscos de acidentes e doenças laborais. Desenvolvimento profissional Oferecer oportunidades de treinamento e desenvolvimento profissional. Estilo gerencial Buscar a satisfação do colaborador com a gestão nos quesitos competência, organização, feedback, relacionamento, equidade etc. (Continua) Ambiente organizacional 37 Imagem da empresa Conhecer o sentimento das pessoas em relação à empresa como um todo. Integração Avaliar a cooperação e o relacionamento entre os funcionários e áreas. O trabalho Conhecer a percepção e o comportamento das pessoas em relação ao seu trabalho, horário, suficiência de pessoal etc. Orientação para resultados Verificar os estímulos dados pela empresa e se os colaboradores se responsabilizam por resultados. Pacote de benefícios Conhecer o grau de satisfação com relação ao pacote de benefícios ofertado pela empresa. Processos de decisão Revelar facetas da centralização ou descentralização das decisões em todos os níveis. Salário Avaliar salários ou descontentamentos em relação ao que se é pago. Trabalho em equipe Medir como se dá o trabalho em grupo nas empresas, se ele é favorecido ou não. Fonte: Elaborado pela autora. Embora seja muito importante se basear nos dados que advêm da PCO, muitas situações e comportamentos, quando percebidos, podem sugerir o tipo de sentimento que paira no ambiente organizacional. Os elementos sugestivos a um clima ruim podem ser: alta rotatividade de colaboradores; excesso de atrasos e faltas, conflitos entre pessoas e/ou áreas, metas não atingidas, desmotivação dos colaboradores, mau humor para executar as tarefas ou no trabalho em geral, irritabilidade, estresse e dificuldades para comunicação. O clima organizacional é forte influenciador do comportamento de uma pessoa no ambiente organizacional e, por isso, precisamos estar atentos ao fato de que um indivíduo pode influenciar outros ou até mesmo todo um grupo no trabalho. Pesquisas demonstram que 38 Gestão estratégica e planejamento em RH pessoas com baixos índices motivacionais utilizam apenas 8% de sua capacidade de produção e, por outro lado, colaboradores motivados utilizam 60% das mesmas capacidades. Esse é um grande motivo para nos preocuparmos em manter colaboradores motivados. Considerações finais A análise do ambiente organizacional é de suma importância para que exista uma gestão eficaz da área de gestão de pessoas, uma gestão que está alinhada com o negócio e com o planejamento estratégico. Para fazê-lo é necessário entender qual é o propósito da organização, ou seja, a que a empresa se propõe, já que seus objetivos devem ser muito mais do que questões econômico-financeiras, têm relação, inclusive, com a responsabilidade da sua existência na sociedade. O negócio precisa ser claro a todos. A área de gestão de pessoas é um dos guardiões da cultura organizacional, mas só é possível cuidar do que conhecemos essencialmente. O entendimento da cultura organizacional favorecerá a manutenção ou até a mudança eventual de normas, regras, procedimentos, mitos e tabus, para que esses se transformem em padrões virtuosos. O clima organizacional, advindo da cultura organizacional, que traz sentimentos positivos e negativos das pessoas para com suas empresas, deve ser medido e cuidado levando a favorecer a motivação, a satisfação no trabalho e a produtividade. Ampliando conhecimentos • LUZ, R. S. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: QualityMark, 2003. Essa obra é fruto da experiência de vários anos do autor como executivo, professor e consultor. De uma forma didática e Ambiente organizacional 39 prática, o livro não traz longas discussões teóricas, pois o autor aborda o tema com a objetividade de grandes gestores, apontando caminhos que podem ser seguidos pelas empresas para que haja efetiva melhora nas relações de trabalho e aumento da produtividade e motivação dos colaboradores. • ENRON, os mais espertos da sala. Direção de Alex Gibney. EUA, 2005. (109 min.). Para ver como a cultura organizacional pode funcionar, assista ao filme Enron: The Smartest Guys in the Room (Enron: os mais espertos da sala). É um documentário estadunidense de 2005, dirigido por Alex Gibney. O filme traz a ascensão e a queda da corporação do ramo de petróleo e gás natural Enron. Também mostra o envolvimento dessa empresa com a crise energética da Califórnia, decorrente da desregulamentação do seu sistema elétrico. O presidente da Enron negociava contratos futuros de energia e a cultura da empresa, naturalmente, era “agressiva” e implacável. Atividades 1. Apresente uma breve explicação do conceito de clima organizacional. 2. Qual a relação existente entre o clima e a cultura organizacional? 3. Quais são os principais fatores que influenciam o clima organizacional? 4. Escolha uma empresa para que você faça uma análise da sua cultura organizacional. Comoroteiro de sua análise, tente responder às questões a seguir. Busque também conversar com ex-funcionários e recrutadores da organização. https://pt.wikipedia.org/wiki/Document%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Estadunidense https://pt.wikipedia.org/wiki/2005 https://pt.wikipedia.org/wiki/Alex_Gibney https://pt.wikipedia.org/wiki/Petr%C3%B3leo https://pt.wikipedia.org/wiki/G%C3%A1s_natural https://pt.wikipedia.org/wiki/Enron https://pt.wikipedia.org/wiki/Calif%C3%B3rnia 40 Gestão estratégica e planejamento em RH a) Investigue no site da empresa qual é a imagem que a empresa quer passar para as pessoas. b) Procure evidências de rotatividade ou turbulências administrativas. c) Observe o ambiente físico, o vestuário, o mobiliário e fotos das pessoas. d) Como foi o relacionamento entre as pessoas que encontrou? e) Qual o estilo pessoal dos colaboradores? f) Existem normas e regras impressos em manuais de política de pessoal? São detalhadas? g) Verifique se as respostas entre as pessoas que conversar são parecidas. h) Procure conhecer o histórico dos fundadores da empresa. i) Qual o histórico dos dirigentes (promovidos ou trazidos de fora)? j) Como a organização integra seus novos funcionários? k) Existe meritocracia na empresa? O que são méritos, para eles? l) Como as pessoas são recompensadas financeira e não financeiramente? m) Você pode identificar alguém que esteja na pista rápida para o sucesso? n) Você consegue perceber pessoas que não se encaixam na cultura organizacional? o) Como a organização responde a esse membro? p) Consegue descrever decisões que tenham dado certo? Ou errado? q) Consegue descrever uma crise ou evento crítico, e qual a reação dos dirigentes? Ambiente organizacional 41 5. Considere as seguintes assertivas referentes à cultura organizacional: I. Negociar e fixar junto aos grupos componentes da estrutura organizacional os valores e crenças compartilhadas que deverão sustentar o programa de cultura da organização. II. Desenvolver as lideranças como referenciais de fixação dos elementos culturais e multiplicadores internos. III. Acompanhar e avaliar, quando possível, o processo por meio de instrumentos de pesquisa de clima organizacional, recebendo o feedback e os subsídios necessários para a introdução de eventuais ajustes. IV. Identificar os elementos que compõem o conjunto cultural da organização, de forma a cruzar o real e o desejado. V. Analisar e diagnosticar o perfil cultural da empresa. São elementos essenciais para a gestão de cultura em uma organização pública: a) apenas I, III e V. b) apenas I, II, III e IV. c) apenas I, II e IV. d) apenas I, II e V. e) I, II, III, IV e V. Referências DRUCKER, P. F. Pessoas e desempenhos. Tradução de Afonso Celso da Cunha Serra. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012. FREITAS, M. E. de. Cultura organizacional, grandes temas em debate. Revista de Administração de Empresas (RAE) da FGV, São Paulo, julho/ setembro de 1991. 42 Gestão estratégica e planejamento em RH LUZ, R. S. Gestão do clima organizacional. Rio de Janeiro: QualityMark, 2003. ROBBINS, S. P. Fundamentos do comportamento organizacional. Tradução técnica de Reynaldo Marcondes. São Paulo: Prentice Hall, 2004. ROBIN, S. P. Comportamento Organizacional. São Paulo: Prentice Hall, 2002. SANTOS, N. M. B. Clima organizacional: pesquisa e diagnóstico. Lorena: Siciliano, 1999. SANTOS, N. M. B. Cultura organizacional e desempenho: pesquisa, teoria e aplicação. Lorena: Siciliano, 2000. SCHNEIDER, B. Organizational climate: individual preferences and organizational realities. Journal of Applied Psychology, 56: 211-217, 1972. SROUR, R. H. Poder, cultura e ética nas organizações. 8. ed. Rio de Janeiro: Campus, 2002. WAGNER III, J. A. Comportamento organizacional. São Paulo: Saraiva, 1999. 3 Subsistemas de RH A área de gestão de pessoas é formada, basicamente, por dois elementos: as pessoas e as organizações. Até pouco tempo o relacionamento entre pessoas e organizações era antagônico, como se tivesse que ser, necessariamente, conflitante. Isso acontecia porque acreditava-se que os objetivos organizacionais eram incompatíveis com os objetivos das pessoas e, sendo assim, era um relacionamento oposto. Ao longo do tempo temos verificado que a melhor maneira de as empresas alcançarem seus objetivos é por meio da satisfação dos objetivos dos seus colaboradores. Em resumo, como as organizações são constituídas de pessoas, nada mais inteligente que fazer com que essa relação seja ganha-ganha. Existe um esforço dos profissionais em se tornarem e se manterem empregáveis e, por outro lado, as empresas têm se desenvolvido para utilizar habilidades e competências dessas mesmas pessoas da melhor maneira possível. A convergência de todos esses processos garante que essas tarefas sejam bem desenvolvidas e os objetivos organizacionais e pessoais sejam alcançados. Desse modo, as pessoas serão tratadas como seres humanos, diferentes entre si e com particularidades essenciais; também utilizaremos as pessoas como ativadores inteligentes de recursos organizacionais, assumindo que esses são impulsionadores da empresa com seus talentos e das pessoas como parceiros da empresa, pois são capazes de conduzir as organizações ao sucesso. A gestão de pessoas é estruturada dentro de um esquema de departamentalização funcional que privilegia as especialidades e a cooperação. Essa separação por especializações e objetivos traz vantagens pela coordenação e integração. Essa departamentalização será trazida conforme sugere Chiavenato (2014) na figura a seguir. 44 Gestão estratégica e planejamento em RH Figura 1 – Modelo de diagnóstico de RH Infl uências organizacionais internas • Missão organizacional • Visão, objetivos e estratégia • Cultura organizacional • Natureza das tarefas • Estilo de gestão Processos de agregar pessoas • Recrutamento • Seleção • Integração Processos de aplicar pessoas • Modelagem do trabalho • Avaliação do desempenho Processos de recompensar pessoas • Remuneração • Benefícios • Incentivos Processos de desenvolver pessoas • Treinamento • Desenvolvimento • Aprendizagem • Gestão do conhecimento Processo de monitorar pessoas • Banco de dados • Sistemas de informações gerenciais • Gestão do conhecimento Infl uências ambientais externas • Leis e regulamentos legais • Sindicatos • Condições econômicas • Competitividade • Condições sociais e culturais Processos de GP Resultados fi nais desejáveis • Práticas éticas e socialmente responsáveis • Produtos e serviços competitivos e de alta qualidade • Qualidade de vida no trabalho Fonte: Chiavenato, 2014, p. 13. Este capítulo trata dos aspectos fundamentais da modernidade da gestão de pessoas, levando em consideração os subsistemas de RH, que nada mais são do que as atividades estruturadas e cadenciadas para: descrição e análise de cargos, remuneração do colaborador, recrutamento, seleção, orientação profissional, treinamento, desenvolvimento, relações sindicais, comunicação, saúde, medicina, segurança do trabalhador, questões legais e sistemas de tomada de decisão. 3.1 Agregando pessoas O processo de agregar pessoas é o processo pelo qual a empresa traz pessoas para seu convívio. As empresas buscam e localizam no mercado pessoas que sejam compatíveis técnica e comportamentalmente com elas próprias. São utilizadas técnicas Subsistemas de RH 45 para recrutamento e também para a seleção e isso engrossa o processo seletivo que vai desde a abertura de uma vaga até o momento em que o novo profissional entra na empresa. O mercado de trabalho é dinâmico e lidar com ele faz parte das atividades de busca por pessoas adequadas para compor seus quadros. Esse mercado é composto por oferta e procura: • Mercado em oferta: é quando as oportunidades de trabalho são maiores do que a busca por elas e as pessoas são insuficientes para preencher todas as posições em aberto. Essa característica domercado pode ser favorável ou desfavorável. Exige pouco investimento em recrutamento; os critérios para seleção são mais flexíveis; devem existir investimentos em treinamento para compensar a inadequação de alguns candidatos; as ofertas salariais precisam ser muito atrativas para chamar atenção dos candidatos; benefícios sociais se tornam importantes atrações para buscar e reter colaboradores e, por fim, o recrutamento interno passa a ser interessante para dinamizar carreiras e facilitar o processo seletivo. • Mercado em procura: é quando as oportunidades de trabalho são menores do que a procura por elas. As empresas se veem diante de abundantes recursos humanos e as pessoas disputam empregos entre si. Essa característica também pode ser favorável ou desfavorável. Exige baixos investimentos em recrutamento devido à grande oferta de candidatos; os critérios de seleção podem se tornar mais rígidos por parte da empresa em virtude do excesso de candidatos; serão poucos os investimentos em treinamento para aproveitar candidatos já prontos; ofertas salariais e benefícios mais baixos continuam atraindo pessoas e podemos dar ênfase no recrutamento externo para aumentar o potencial humano da empresa toda. O recrutamento corresponde às práticas pelas quais as empresas se empenham e criam técnicas para atrair candidatos que abastecerão 46 Gestão estratégica e planejamento em RH o processo seletivo. Trata-se da comunicação pela qual a empresa divulga, oferta, atrai e até vai em busca de mão de obra qualificada e adequada. Do ponto de vista da aplicabilidade, os recrutamentos podem ser internos ou externos. Recrutamento interno é quando o preenchimento das vagas é feito com pessoas que já compõem o quadro funcional por meio de ofertas de transferências, movimentação lateral e promoções. Esse processo valoriza os profissionais já atuantes e favorece muito o clima organizacional. Recrutamento externo é quando o preenchimento das vagas é feito com pessoas que estavam disponíveis no mercado de trabalho ou que vieram de outras organizações. Esse processo favorece a cultura organizacional com a oxigenação por meio de novas pessoas. Existem muitas maneiras de se recrutar, mas as mais usuais são os anúncios em jornais e revistas especializadas, a utilização de agências de emprego, sites de emprego, contatos em escolas, universidades e agremiações, cartazes e anúncios em locais físicos ou virtuais que sejam frequentados pelo público-alvo, apresentação de candidatos por indicação de profissionais, abertura de oportunidades no site da empresa, captação de currículos, utilização de banco de dados de candidatos ou por meio do hunting. A seleção de candidatos é o processo posterior ao recrutamento. Sua função é fazer o filtro adequado das pessoas que desejam ingressar na organização utilizando-se de técnicas que garantam a adequação técnica, cultural e comportamental dos candidatos com a oportunidade ofertada. Uma boa seleção nasce da investigação adequada de quais são os fatores importantes e que devem ser levados em consideração na contratação de uma pessoa. Envolve uma boa descrição e análise do cargo que está aberto por meio do entendimento das tarefas a serem executadas, dos resultados esperados e também das especificações ou características necessárias ao profissional para que ele consiga hunting: técnica de “caçar” profissionais que já estejam no mercado de trabalho. Subsistemas de RH 47 performar de maneira adequada e atingir as expectativas. São importantes também a clareza dos aspectos burocráticos como nome do cargo, salário e benefícios envolvidos, horário de trabalho, conhecimento do estilo de liderança do gestor direto e também dos colegas de trabalho, conhecimento do cargo no mercado etc. Baseado na colheita de informações sobre o cargo a ser preenchido, o responsável pelo processo, que costuma ser um recrutador, tem a possibilidade de indicar quais são as melhores técnicas de seleção para obtenção das informações necessárias que favoreçam a escolha da pessoa ideal. Vejamos algumas técnicas que podem ser utilizadas e suas características: Quadro 1 – Técnicas de seleção Entrevista de seleção Intercâmbio recíproco de informações entre candidato e empresa. Objetiva obter informações sobre as atitudes, modos de pensar e capacidades da pessoa. Provas de conhecimentos gerais ou específicos Provas de conhecimento utilizando questões objetivas para verificação de conhecimentos, como, por exemplo, línguas, conhecimentos gerais, matemática etc. Testes psicométricos Medem o conhecimento ou aptidão e são aplicados para identificar habilidades como, por exemplo, fluência verbal, memória, capacidade numérica, inteligência etc. Testes de personalidade Testes projetivos da personalidade que sinalizam tendências de comportamento, caráter e temperamento, como, por exemplo, DISC, MBTI, Warttegg, Quati, HTP, Grafologia etc. Testes de simulação Colocam o candidato em situações similares ao que encontrará no dia a dia para verificar reações como conflitos, tomada de decisões, problemas em geral. Podem ser escritos, orais, vivenciais etc. Dinâmica de grupo Jogos ou exercícios grupais lúdicos que visam a observar comportamentos do candidato frente a várias situações. Fonte: Elaborado pela autora. 48 Gestão estratégica e planejamento em RH Cada uma das técnicas proporciona um tipo de informação e aprofundamentos diferentes. Embora não exista um número adequado de técnicas a serem utilizadas – pois isso deve ser customizado de acordo com a cultura da empresa, o mercado de trabalho, o cargo a ser preenchido e o conhecimento das técnicas por parte da gestão e do recrutador – é sabido que quanto maior o número de técnicas utilizadas, mais informações se terá sobre os candidatos e, consequentemente, mais material para o processo decisório. Como o processo seletivo nas empresas, como um todo, é uma sequência de etapas e alternativas, a avaliação e mensuração do trabalho é importante para analisar o custo operacional e os benefícios oferecidos. 3.2 Aplicando pessoas É responsabilidade da empresa fazer a correta socialização dos seus novos colaboradores, independentemente se eles vieram de processos seletivos internos ou externos. Essa ação é de suma importância para criar um ambiente de trabalho favorável e receptivo na fase inicial do emprego. A socialização organizacional tem como atribuições receber, adaptar e dar foco aos novos colaboradores, fazendo com que esses se familiarizem com a cultura da empresa, com as normas, as regras, os valores e os comportamentos mais adequados, seguindo as funções exigidas do profissional em questão. É nessa etapa que os membros começam a se considerar parte efetiva da empresa, pois têm diminuídas suas ansiedades, estresse, expectativas e o medo do desconhecido que vem junto a novos desafios. Ao longo do tempo a relação entre colaborador e organização se estreitará, a empresa se mostrará e o colaborador imporá seu comportamento individualizado. Será uma dança em que a empresa Subsistemas de RH 49 segue tentando moldar os comportamentos à sua cultura enquanto o colaborador tenta influenciá-la para atingir satisfação e realização das suas necessidades. O que permeia a socialização organizacional, o acolhimento das pessoas novas na empresa são: o profissional que conduzirá o processo com o novo colaborador; o método escolhido para ser utilizado (processo seletivo, grupo de trabalho, tutoria, programa de integração etc.), o membro novato e o resultado esperado. Ao fazermos esse trabalho, a organização tem vantagens, como: • Desenvolvimento de habilidades, competências e conhecimentos. • Diminuição da ansiedade. • Disseminação da cultura organizacional. • Alinhar expectativas do novo colaborador e da empresa. • Melhoria da imagem da organização. • Melhoria da performance do novo colaborador. • Entendimento do seu novo papel, por parte do colaborador.• Promoção de relacionamento interpessoal e interdepartamental. • Redução da rotatividade de profissionais. A socialização, segundo Borges (2004, p. 44), ganha importância estratégica para a organização e “é preciso se concentrar no envolvimento das pessoas, e, portanto, privilegiar as atividades integrativas e tornar a aprendizagem a questão central desse processo”. Os cargos são a composição das funções desempenhadas pelas pessoas e as funções nada mais são que um conjunto de tarefas. A descrição de cargos constitui o levantamento dos aspectos intrínsecos ao cargo, ou seja, seu conteúdo por meio da descrição detalhada do que o ocupante do cargo faz, como faz, quando faz, onde faz, subordinação e, principalmente, o motivo pelo qual faz as coisas. 50 Gestão estratégica e planejamento em RH Já a especificação de cargos determina os fatores extrínsecos ao cargo e retrata o que uma pessoa precisa ter e saber – as aptidões necessárias como requisitos físicos, requisitos mentais, responsabilidades, condições de trabalho, experiências etc. – para ocupar o cargo e desempenhá-lo da melhor maneira possível. A maneira como as pessoas trabalham na empresa depende de como esse mesmo trabalho foi organizado, planejado e modelado, ou seja, como foi feita a divisão e distribuição das tarefas. Quanto mais flexível é o desenho de cargos, mais fácil é fazer com que os cargos e tarefas também sejam maleáveis e também mais favorável é o ambiente para a criação e manutenção de equipes autogerenciadas. A estrutura organizacional demonstra como os cargos e atividades estão dispostos, de maneira lógica e racional, adequando os níveis hierárquicos (especialização vertical) com as departamentalizações (especialização horizontal). As estruturas de cargos, demonstradas pelos organogramas, estão condicionadas ao desenho organizacional que representam como os cargos são estruturados e distribuídos, as relações e comunicação entre departamentos, as especificações dos cargos, mas, principalmente, a relação processual que define o funcionamento da empresa. A avaliação de performance é uma apreciação sistemática do desempenho dos profissionais da organização, relacionado ao cargo que ocupa e às funções que desempenha, também levando em consideração as metas e os resultados e o potencial de desenvolvimento do colaborador. Essas avaliações fazem parte das práticas das empresas que desejam administrar seus colaboradores com excelência. Subsistemas de RH 51 As avaliações podem ser feitas de diversas formas, utilizando várias técnicas para objetivos diferentes. Existe a autoavaliação que é feita pela própria pessoa, a avaliação feita pelo gestor, uma outra feita pela pessoa e pelo gestor, a avaliação pela equipe de trabalho, a feita por todos os parceiros internos e externos, a avaliação desenvolvida pelo RH e também a feita por uma comissão (interna ou externa) de avaliação. Os modelos tradicionais são a escolha forçada, escalas gráficas, incidentes críticos, pesquisa de campo e listagem de verificação. Já os métodos mais modernos estão mais voltados à administração participativa e também à administração por objetivos. 3.3 Recompensando pessoas Todas as organizações trocam o tempo e a especialidade dos seus colaboradores por sistemas de recompensas. Como é um tipo de parceiro da organização, os colaboradores se propõem a investir seus conhecimentos, esforços e dedicação mediante retribuição adequada. A recompensa nada mais é do que um reconhecimento ou uma retribuição pelos serviços. As recompensas organizacionais, como explica Chiavenato (2014) na Figura 2 a seguir, podem ser divididas em financeiras e não financeiras. As financeiras são as retribuições diretas e em dinheiro, compostas por salário, prêmios e comissões. As indiretas são as recebidas em contraprestação do serviço prestado, como as férias, gratificações, horas extras, décimo-terceiro etc. As não financeiras dizem respeito às oportunidades na organização, como o desenvolvimento pessoal e profissional, as promoções, qualidade de vida no trabalho e sentimento de orgulho que o colaborador pode ter. 52 Gestão estratégica e planejamento em RH Figura 2 – Os diversos tipos de recompensas organizacionais Recompensas organizacionais Financeiras Não fi nanceiras Diretas Indiretas • Salário direto • Prêmios • Comissões • DSR (para horistas) • Férias • Gratifi cações • Gorjetas • Horas extras • Décimo-terceiro salário • Adicionais • Decorrências fi nanceiras dos benefícios concedidos • Oportunidade de desenvolvimento • Reconhecimento e autoestima • Segurança no emprego • Qualidade de vida no trabalho • Promoções • Liberdade e autonomia no trabalho Fonte: Chiavenato, 2014, p. 223. A recompensa mais comum é a remuneração total e sua composição é a remuneração básica, os incentivos salariais e os benefícios: • Remuneração básica: é o componente principal da remuneração total, é representada pelo salário que pode ser por hora, mensal ou por empreitada. O salário só pode ser pago em dinheiro. O salário nominal é o volume de dinheiro acordado entre empregado e empregador e o salário real é a quantidade de bens que podem ser adquiridos com o volume de dinheiro recebido. • Incentivos salariais: são os programas que recompensam colaboradores por sua dedicação e bom desempenho. Os Subsistemas de RH 53 incentivos salariais costumam ser concedidos de diversas formas, sendo as mais comuns a participação nos resultados, participação nos lucros, bônus etc. • Benefícios: são as recompensas concedidas por meio de programas. Existem os benefícios legais e sociais: os legais são obrigatórios pela legislação trabalhista do país (CLT) e também as obrigatoriedades advindas dos sindicatos; os sociais são os que as organizações ofertam para melhorar ou aumentar a qualidade de vida e também como método de manutenção ou atração de profissionais. Podem ser exemplificados por planos de previdência privada, planos de saúde etc. As recompensas organizacionais, sejam elas quais forem, visam não apenas a remunerar, incentivar ou dar benefícios aos colaboradores, elas também desejam tornar a vida dos membros melhor e mais fácil. O desenho do sistema de remuneração das empresas para com seus colaboradores é um robusto conjunto de normas e procedimentos que estabelece e mantém estruturas salariais que sejam equilibradas e equitativas com o propósito de manter o equilíbrio remuneratório interno e externo. O equilíbrio interno é assegurado quando existem avaliações e classificações de cargos e o equilíbrio externo é assegurado pelas pesquisas de salário feitos entre empresas compatíveis. Os métodos tradicionais de avaliação de cargos para fins de manutenção do equilíbrio e remuneratórios são: categorias predeterminadas, escalonamento simples, comparação por fatores e avaliações por pontos. Por meio dessas técnicas, é possível proporcionar a distribuição correta dos salários dentro da empresa e eliminar arbitrariedades. A remuneração não deve ser a única preocupação das organizações, pois é preciso incentivar os colaboradores a resultados mais desafiantes por meio do atingimento de metas. As empresas 54 Gestão estratégica e planejamento em RH contemporâneas têm desenvolvido programas de incentivo salarial que incrementam as relações entre os objetivos organizacionais e pessoais. Novos métodos de remuneração necessariamente incluem remuneração variável que, de certa maneira, incentivam e premiam a criatividade, o espírito empreendedor, a inovação e a iniciativa. Temos diversas maneiras de remunerar de forma variável, são elas: plano de bonificação anual; distribuição de ações da empresa aos colaboradores; opções de compra de ações; participação nos resultados alcançados; remuneração por competência e distribuição de lucros. A escolha da melhor maneira depende exclusivamente do que é mais adequado tanto para a empresa quanto para os colaboradores, levando sempre
Compartilhar