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Indaial – 2021 Fundamentos e práticas em Gestão Prof. José Luciano Sobreira de Alencar 1a Edição Copyright © UNIASSELVI 2021 Elaboração: Prof. Susan Renée Klein Revisão, Diagramação e Produção: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Impresso por: apresentação Prezado (a) aluno (a) A administração é sem dúvida uma das mais relevantes atividades humanas pois, a partir do momento que os seres humanos deram início a formação de uma sociedade organizada, houve a necessidade da concentração de esforços comuns para se alcançar metas e atingir determinados objetivos. Mas como conseguir realizar esse feito com eficiência e eficácia com a finalidade de se alcançar determinados resultados? A resposta está nos fundamentos e práticas administrativas! A administração vem sendo essencial para assegurar a coordenação dos recursos organizacionais e do desempenho individual. Ressalta-se que o processo de administrar percorreu um longo caminho onde, no limiar da organização humana ocorreu de forma rudimentar e intuitiva mas, no entanto, durante os séculos sofreu diversas influências de diversas organizações, de filósofos, pensadores e, por fim, pesquisadores que tornaram a administração uma ciência. A administração como ciência aplicada, teve seu início no final do século XIX, onde por meio de diversos estudos tornou-se um objeto de estudo onde preconizou o abandono de antigas práticas sem nenhum embasamento cientifico. Assim, esses estudos desenvolveram novos métodos de trabalhos, racionalizando-os com o objetivo de melhorar a utilização dos recursos das empresas e, dessa forma, maximizar seus resultados. A partir de então, diversos estudos que foram desenvolvidos pressupondo que as empresas podem melhorar seu desempenho desenvolvendo as melhores práticas. Nesse contexto, com o estudo da disciplina de fundamentos e práticas administrativas, você conhecerá a história da administração ao longo do tempo, desde a sua prática em eras antigas, quanto a evolução do pensamento administrativo através dos séculos. Conhecerá quais foram as principais organizações e personagens que contribuíram de forma efetiva para o aprimoramento da administração. Você compreenderá como a administração tornou-se uma ciência aplicada; Saberá também, quais as principais escolas da administração moderna, seus representantes, seus objetos de estudos, métodos, finalidades, bem como, as principais contribuições para o desenvolvimento da administração contemporânea. Como acadêmico de administração, vai entender porque a administração se refere ao desenvolvimento continuo das organizações, a relevância do planejamento, da organização, da coordenação e do controle para os processos decisórios nas empresas. Por fim, compreenderá que a administração, por meio da gestão, implica e abrange as habilidades gerenciais do administrador na busca constante de solução de problemas, da liderança, da gestão eficiente dos recursos organizacionais para garantir o sucesso empresarial. Bons Estudos e Sucesso! Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi- dades em nosso material. Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra- mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo. Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilida- de de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assun- to em questão. Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade. Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE. Bons estudos! NOTA Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento. Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complemen- tares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento. Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo. Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada! LEMBRETE sumário UNIDADE 1 EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO ............................................9 TÓPICO 1 Os Legados Pensadores Modernos ..................................................................................13 TÓPICO 2 A Revolução Industrial e suas influências sobre A Administração ............................17 TÓPICO 3 O Pensamento Administrativo – A Administração como Ciência, Arte e Técnicas ..21 TÓPICO 4 Escolas Clássicas da Administração.................................................................................23 TÓPICO 5 Funções da Administração ................................................................................................41 Resumo ....................................................................................................................................................52 UNIDADE 2 ÁREAS DA ADMINISTRAÇÃO .................................................................................53 TÓPICO 1 Administração Financeira ................................................................................................61 TÓPICO 2 Administração de Recursos Humanos ............................................................................69 TÓPICO 3 Administração Mercadológica/Marketing ......................................................................75 TÓPICO 4 Administração Estratégica .................................................................................................81 TÓPICO 5 Papel do administrador .....................................................................................................87 Resumo ....................................................................................................................................................93 UNIDADE 3 FUNDAMENTOS E OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO .....................................95 TÓPICO 1 Princípios da Administração ...........................................................................................103 TÓPICO 2 Conceitos da Administração ...........................................................................................113 TÓPICO 3 Processos da Administração ...........................................................................................121 TÓPICO 4 Tendências da Administração .........................................................................................133 Resumo ..................................................................................................................................................141 OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações. CHAMADA EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO UNIDADE1 Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer da unidade você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado. TÓPICO 1 – Os legados pensadores modernos TÓPICO 2 – A revolução industrial e suas influências sobre a administração TÓPICO 3 – O pensamento administrativo – a administração como ciência, arte e técnicas TÓPICO 4 – Escolas Clássicas da Administração TÓPICO 5 – Funções da administração A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de: • Compreender o contexto histórico e evolutivo do pensamento administrativo; • Conhecer quais foram as principais influências do pensamento administrativo; • Identificar as principais teorias da administração; • Reconhecer as principais funções administrativas. 10 A habilidade de gerenciar é intrínseca ao ser humano emergindo da necessidade de tomar decisões, coordenar e executar várias tarefas. Desde os primórdios, quando o homem teve a necessidade de viver em comunidade, desenvolveu uma capacidade de coordenar atividades mais complexas que lhe permitiram alcançar um maior desenvolvimento político, econômico e social. As civilizações antigas demonstraram suas habilidades para as atividades administrativas, desde a engenharia aplicada para edificação de templos até o desenvolvimento do comércio, como é caso do império romano, que aplicava contratos entre as elites, que concediam terras ou aluguéis, e os vassalos que deveriam restituir sua fidelidade forçada e prestar determinados serviços. De acordo com Maximiano (2007), os povos antigos deixaram diversas contribuições, como por exemplo: a. Egípcios: com a burocracia administrativa; b. Babilônios: diversos registros de transações comerciais e controle das mesmas; c. Assírios: possuíam armazéns de suprimentos e colunas de transportes; d. Gregos: implantaram a democracia participativa, planos de estratégia, conceitos de qualidade, pregação da ética e igualdade na administração; e. Romanos: criadores dos tributos, primeiros organizadores de empresas em outro país e de associações artesanais; f. Chineses: ensinamento de planejamento, comando, doutrina e estratégia militar. Nesse panorama, a evolução do conceito de administração se inicia com o próprio homem pois em qualquer época histórica houve a necessidade de planejar, coordenar, tomar decisões e executar. Ao analisar a história da humanidade, encontraremos as mais diversas contribuições que povos antigos como os sumérios, gregos, romanos e egípcios desenvolveram para a arte de administrar. Além do mais, organizações como a militar e a igreja católica também influíram o aprimoramento da administração. Assim, Jacobsen e Neto (2015, p. 13), afirmam que ao estudar a história das antigas civilizações “encontramos traços relacionados à organização do trabalho e ao dimensionamento estratégico nas relações comerciais e no estabelecimento de ordenamentos sociais e organizacionais orientados à construção do bem comum.” O Quadro 1, elenca e descreve as principais contribuições de povos e pensadores da administração através de suas determinadas épocas. OS LEGADOS PENSADORES MODERNOS 11 Quadro 1 - Histórico do Pensamento Administrativo CRONOLOGIA DOS PRINCIPAIS EVENTOS DOS PRIMÓRDIOS DA ADMINISTRAÇÃO Anos Autores Eventos 4.000 a.C. Egípcios Necessidade de Planejar, Organizar e Controlar 2.600 a.C. Egípcios Descentralização da organização 2.000 a.C. Egípcios Necessidade de ordens escritas. Uso de consultorias 1.800 a.C. Hamurabi (Babilônia) Uso de controle escrito e documental. 1.491 a.C. Hebreus Conceito de Organização. Princípio escolar. 600 a.C. Nabucodonosor (Babilônia) Controle de produção. Incentivos salariais. 500 a.C. Mencius (China) Necessidade de Sistemas e padrões 400 a.C. Sócrates (Grécia) Universidade da administração Platão (Grécia) Enunciado do princípio da especialização. 175 a.C. Cato (Roma) Uso de descrição de funções 284 Dioclécio (Roma) Delegação da autoridade 1436 Arsenal de Veneza Contabilidade de custos, inventários, padronização 1525 Niccoló Machiavelli (Itália) Princípio do consenso, lideranças, táticas políticas 1767 Sir James Stuart Teoria da fonte de autoridade, automação, especilização 1776 Adam Smith Princípio de especialização dos operários, conceito de controle 1799 Eli Whitney Método científico, controle de qualidade, amplitude de comando 1800 Mathew Boulton Padronização da produção, especializações, métodos de trabalho 1810 Robert Owen Práticas de RH, Treinamento para operários, casas para operários 1832 Charles babbage Abordagem científica, divisão do trabalho, estudo do tempo 1856 Daniel C. McCallum Organograma, administração em ferrovias 1886 Henry Matcalfe Arte e Ciência da administração 1900 Frederick W. Taylor Princípios da administração científica Fonte: Chiavenato (2014, p 33). Sendo assim, destaca Carvalho (2008), os principais acontecimentos que caracterizam os primórdios da administração encontram-se nos fatos históricos, sociais, políticos e econômicos, caracterizando o panorama no qual estão inseridas as organizações dos ancestrais. Dessa forma, ao longo dos séculos observa-se que as aplicações e conceitos da administração, como estrutura formal de ação, foram sendo delineados por influências de diversas áreas do conhecimento humano (ROSSÉS, 2014). 12 UNIDADE 1 O contexto histórico da administração constitui o resultado de diversas práticas empíricas, resultados das ações administrativas de diversas figuras lendárias iniciadas há mais de seis mil anos. A Administração, tal como a encontramos hoje, é o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa de numerosos precursores, alguns filósofos, outros físicos, economistas, estadistas, e outros até mesmo empresários que, no decorrer dos tempos, foram, cada qual no seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando as suas obras e teorias. Nesse contexto, Ferreira (2009, p.2), corrobora ao afirmar que “ao longo dos séculos que vão da antiguidade até o início da atividade moderna, a Filosofia concentrou-se em preocupações distanciadas dos problemas administrativos”. Segundo esse autor, apenas após as primeiras décadas do século XVII desponta René Descartes (Figura 1), filósofo, matemático e físico francês, que desenvolveu as coordenadas cartesianas impulsionando. Figura 1 - René Descartes Fonte: Google Imagens (2020). TÓPICO 1 OS LEGADOS PENSADORES MODERNOS 14 Assim, a matemática e a geometria desse período em que o método cartesiano apresenta quatro princípios: a. Dúvida sistemática ou da Evidência: não se deve aceitar como verdadeiro, coisa alguma, enquanto não se souber com evidência; b. Análise ou Decomposição: dividir um problema em partes para solucioná-lo, resolvendo as partes separadamente; c. Síntese ou Composição: conduzir ordenadamente o raciocínio, começando pelo mais simples e fácil, passando gradativamente para os mais difíceis; d. Enumeração ou Verificação: fazer verificações e revisões em tudo, para que nada seja omitido ou deixado de lado. Esses quatro princípios racionais, lineares e analíticos da metodologia cartesiana, inspiraram a teoria administrativa até o final da Era Industrial. O Método Cartesiano contribuiu para diversas teorias, entre elas a divisão do trabalho, da ordem e do controle (FERREIRA, 2009, p. 2). No entanto, durante os séculos, que vão desde a antiguidade até ao início da Idade Moderna, a filosofia estudou uma grande variedade de assuntos que não estavam relacionados com problemas administrativos. Porém, Chiavenato (2004), elenca e descreve os principais filósofos da era moderna da humanidade, bem como suas principais contribuições para o pensamento administrativo, sendo eles: Figura 2 - Karl Marx e Friedrich Engels Fonte: Google Imagens (2020). a. Thomas Hobbes (1588-1679): filósofo político inglês, defende o governo absoluto em função de sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendema viver em guerra permanente e conflito interminável para obtenção de meios de subsistência. No livro Leviatã, assinala que o povo renuncia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder OS LEGADOS PENSADORES MODERNOS 15 a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz. O Estado representa um pacto social que, ao crescer alcança as dimensões de um dinossauro ameaçando a liberdade dos cidadãos; b. Jean-Jacques Rousseau (1712-1778): desenvolveu a teoria do Contrato Social: o Estado surge de um acordo de vontades. Contrato social é um acordo entre os membros de uma sociedade pelo qual reconhecem a autoridade igual sobre todos de um regime político, governante ou de um conjunto de regras. Rousseau assevera que o homem é por natureza bom e afável e a vida em sociedade o deturpa; c. Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895): Figura 2, propõem uma teoria da origem econômica do Estado. O poder político e do Estado nada mais é do que o fruto da dominação econômica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa, imposta por uma classe social exploradora. No Manifesto Comunista, afirmam que a história da humanidade é uma história da luta de classes. Homens livres e escravos, patrícios e plebeus, nobres e servos, mestres e artesãos, em outras palavras exploradores e explorados, sempre mantiveram uma luta, oculta ou manifesta. Marx afirma que, os fenômenos históricos são o produto das relações econômicas entre os homens. O marxismo foi a primeira ideologia a afirmar o estudo das leis objetivas do desenvolvimento econômico da sociedade, em oposição aos ideais metafísicos. 16 O contexto histórico da administração constitui o resultado de diversas práticas empíricas resultados das ações administrativas de diversas figuras lendárias iniciadas há mais de seis mil anos. A Administração, tal como a encontramos hoje, é o resultado histórico e integrado da contribuição cumulativa de numerosos precursores, alguns filósofos, outros físicos, economistas, estadistas, e outros até mesmo empresários que, no decorrer dos tempos, foram, cada qual no seu campo de atividades, desenvolvendo e divulgando as suas obras e teorias. Baseando-se nos estudos da unidade 1, elenque e descreva quais foram os principais pensadores modernos e quais foram seus legados. AUTOATIVIDADE UNIDADE 1 A revolução industrial, ocorrida na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, marca um novo período de desenvolvimento produtivo e econômico, no qual transforma grande parte da sociedade, que era baseada na produção artesanal e agrária, em uma sociedade urbana e industrializada. Produtos e mercadorias que até então eram manufaturados e em pequenas quantidades, começaram a serem produzidos em larga escala nas fábricas. Essa nova forma de produção só foi possível graças ao desenvolvimento e a utilização de máquinas e técnicas da indústria têxtil, da metalurgia, com a fabricação e ferro, e de nova força motriz. A partir de 1776, com o invento da máquina a vapor (Figura 3) por James Watt (1736-1819) e sua futura aplicação na produção industrial, uma nova concepção de trabalho transformou totalmente a estrutura social e comercial da época, originando intensas e velozes alterações econômicas, políticas e sociais que, em um período de aproximadamente um século, foram maiores do que as ocorridas no milênio anterior. Figura 3 - Máquina a vapor Fonte: Maestrovirtuale (2020a). Para Chiavenato (2014, p. 39): Revolução Industrial, que se iniciou na Inglaterra e que pode ser dividida em duas épocas distintas: a) 1780 a 1860: Primeira Revolução Industrial ou revolução do carvão e do ferro e b) 1860 a 1914: Segunda Revolução Industrial ou revolução do aço e da eletricidade. A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS INFLUÊNCIAS SOBRE A ADMINISTRAÇÃO TÓPICO 2 18 De acordo com o autor, esse período de industrialização nasceu como uma bola de neve em aceleração crescente e atingiu todo seu ponto alto a partir do século XIX. A Primeira Revolução Industrial passou por quatro fases distintas (CHIAVENATO, 2014): a. 1ª fase: mecanização da indústria e da agricultura, no fim do século XVIII, com a máquina de fiar (inventada pelo inglês Hargreaves em 1767), o tear hidráulico (Arkwright, em 1769), o tear mecânico (Cartwright, em 1785) e o descaroçador de algodão (Whitney, em 1792), que substituíram o trabalho do homem e a sua força motriz, do animal ou da roda de água; b. 2ª fase: aplicação da força motriz à indústria. A força elástica do vapor, descoberta por Denis Papin no século XVII, ficou sem aplicação até 1776, quando Watt inventou a máquina a vapor; c. 3ª fase: desenvolvimento do sistema fabril. O artesão e sua pequena oficina patronal desapareceram para ceder lugar ao operário e às fábricas e usinas baseadas na divisão do trabalho; d. 4ª fase: aceleramento dos transportes e das comunicações. A navegação a vapor surgiu com Robert Fulton (1807) e logo depois as rodas propulsoras foram substituídas por hélices. A locomotiva a vapor foi aperfeiçoada por Stephenson, surgindo a primeira estrada de ferro na Inglaterra (1825) e logo depois nos Estados Unidos (1829) e no Japão (1832). Esse novo meio de transporte propagou-se vertiginosamente. Chiavenato (2014), ainda destaca que a partir de 1860, a revolução industrial iniciou sua segunda fase, impulsionada por 03 grandes acontecimentos: i) o aparecimento do processo de fabricação do aço (1856), ii) o aperfeiçoamento do dínamo (1873) e iii) a invenção do motor de combustão interna (1873) por Daimler. As principais particularidades da 2ª Revolução Industrial são as seguintes: a) substituição do ferro pelo aço como material industrial básico; b) substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia; c) desenvolvimento da maquinaria automática e da especialização do trabalhador; d) crescente domínio da indústria pela ciência e e) Transformações radicais nos transportes e nas comunicações: as vias férreas foram ampliadas. A partir de 1880, Daimler e Benz construíram automóveis na Alemanha; Dunlop aperfeiçoou o pneumático em 1888 e Henry Ford iniciou a produção do seu modelo T em 1908 – Divisão de trabalho conforme ilustrado na Figura 4. Em 1906, Santos Dumont fez a primeira experiência com o avião; A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E SUAS INFLUÊNCIAS SOBRE A ADMINISTRAÇÃO 19 Figura 4 - Divisão de Trabalho Uma pessoa que realiza as cinco fases necessárias na fabricação de um produto só pode fabricar uma unidade. Cinco pessoas, cada uma delas especializada em uma das fases de fabricação, fabricam dez unidades ao mesmo tempo. A divisão do trabalho é um princípio básico da industrialização. Na divisão do trabalho, cada trabalhador é designado para uma tarefa, ou fase, diferente no processo de fabricação, o que resulta em um aumento da produção total. Como mostra a ilustração superior, se uma pessoa realizar as cinco fases na fabricação de um produto, poderá produzir uma unidade ao dia. Cinco trabalhadores, cada um especializado em uma das cinco fases, poderão produzir 10 unidades ao mesmo tempo. Fonte: Microsoft ® Encarta ® Enciclopédia 2002. © 1993-2001 Microsoft Corporation. Fonte: Ferreira (2009, p. 4). Esses primeiros administradores tiveram problemas parecidos com os dos administradores modernos, e o curso do pensamento administrativo é a história de como buscamos resolver esses problemas ao longo dos anos, enquanto cresciam em tamanho e em complexidade (SILVA, 2008, p. 92). 20 A revolução industrial ocorrida na Inglaterra na segunda metade do século XVIII marca um novo período de desenvolvimento produtivo e econômico no qual transforma grande parte da sociedade, que era baseada na produção artesanal e agrária, em uma sociedade urbana e industrializadas. Produtos e mercadorias que até então eram manufaturadas e em pequenas quantidades, começam a ser produzidas em larga escala nas fábricas. Essa novaforma de produção só foi possível graças ao desenvolvimento e a utilização de máquinas e técnicas da indústria têxtil, da metalurgia com a fabricação e ferro e de nova força motriz. De acordo com o conteúdo da unidade 1 a revolução industrial passou por duas fases peculiares. Dessa forma, descreva as quatro fases distintas da Primeira Revolução Industrial. AUTOATIVIDADE UNIDADE 1 Arte pode ser considerada como sendo uma prática hábil e sistematizada. Para um indivíduo corresponde a uma habilidade de uma parte de dotação natural, isto é, nata, porém a outra parte pode ser construída pelo esforço em aprender e dominar determinadas técnicas. Por muito tempo a administração foi denominada como uma arte, como foi visto nos antecedentes históricos. Existia no passado uma máxima que afirmava que os administradores nascem e não são feitos. Essa era a razão pela qual o treinamento não tinha papel na preparação de futuros administradores. Por definição, administração nada mais é do que o processo de planejar, organizar, dirigir e controlar o trabalho dos membros da organização e de utilizar os recursos disponíveis da organização para atingir os objetivos estabelecidos. Porém, esta definição principal deve ser ampliada. De acordo com Chiavenato (2014, p. 17): a administração é muito mais que simplesmente planejar, organizar, dirigir e controlar, (...). A administração envolve um complexo de decisões e ações aplicadas a uma variedade de situações, em uma ampla diversidade de organizações. Na concepção de Ortiz (2008), o desenvolvimento subsequente das organizações está ligado à evolução da administração, não só na sua dimensão científica, mas também na sua aplicação e caráter técnico. É necessário conhecer previamente o significado dos termos ciência, técnica e arte, a fim de avaliar o verdadeiro lugar da administração no campo acadêmico. O Quadro 2 faz essa contextualização. Quadro 2 - Administração como Ciência, técnica e Arte COMO CIÊNCIA A administração tem um conjunto de conhecimentos organizados de forma sistemática que se baseia na acumulação de conhecimentos históricos e tem os seus próprios princípios. Tem um objeto de estudo que é a organização. Possui vários métodos e teorias de aplicação geral cujas conclusões são viáveis e podem ser tornadas unitárias. COMO TÉCNICA A administração é constituída por um conjunto de procedimentos validados por conhecimentos e experiência, e de aplicação geral ou particular. Estes procedimentos e recursos, que são moldados pela profissão de administração, requerem um exercício constante para adquirir maior perícia e habilidade na sua utilização para resolver problemas práticos. COMO ARTE A administração é caracterizada pela virtude, disposição e personalidade para construir um cenário favorável numa organização de seres humanos com atributos variados e complexos. A administração resgata a necessidade de usar a criatividade na solução de problemas com o avanço das estratégias e objetivos propostos. O carácter da arte está também presente na seleção de soluções simples, harmónicas e integradoras. Fonte: Ortiz (2008). O PENSAMENTO ADMINISTRATIVO – A ADMINISTRAÇÃO COMO CIÊNCIA, ARTE E TÉCNICAS TÓPICO 3 22 Arte pode ser considera como sendo prática hábil e sistematizada. Para um indivíduo corresponde a uma habilidade de uma parte de dotação natural, isto é, é nata, porém a outra parte pode ser construída pelo esforço em aprender e dominar determinadas técnicas. Por muito tempo a administração foi denominada como uma arte, como foi visto nos antecedentes históricos. É necessário conhecer previamente o significado dos termos ciência, técnica e arte a fim de avaliar o verdadeiro lugar da administração no campo acadêmico. Nesse contexto, complete o quadro abaixo. COMO CIÊNCIA COMO TÉCNICA COMO ARTE AUTOATIVIDADE UNIDADE 1 As escolas clássicas de administração, deram origem às teorias clássicas da administração, o que ocorreu durante a revolução industrial. Essas escolas, atualmente, são consideradas as principais teorias que buscaram a eficácia das organizações e deram origem ao pensamento administrativo moderno. Diversos autores relatam que se originaram quando novos problemas relacionados ao sistema fabril começaram a surgir. Nesse período os gerentes não tinham certeza e convicção de como treinar funcionários ou lidar com o aumento da insatisfação no trabalho, então começaram a avaliar soluções. Como resultado, a teoria clássica da administração desenvolveu-se a partir de esforços para encontrar a melhor maneira de executar e gerenciar tarefas. Essas escolas do pensamento administrativo descrevem quatro teorias principais: a Teoria da Administração Cientifica de Taylor, a Teoria Clássica da Administração de Fayol, a Teoria das Relações Humanas de Mayo e a Teoria Burocrática de Weber. O estudo do pensamento administrativo, desde o seu nascimento como disciplina, formou diversas teorias administrativas com a qual o administrador trabalha e analisa. No entanto, não há uma teoria definitiva em nenhuma ciência, ou seja, não há soluções para todos os tipos de problemas, mas abordagens. Na administração, as teorias são continuamente geradas como correntes de pensamentos peculiares ao seu tempo, algumas são adaptações de teorias clássicas para novos problemas. As teorias são o motor que impulsionam o crescimento do pensamento administrativo. As teorias, também conhecidas como correntes ideológicas, agrupam os pensamentos mais seletos de uma determinada abordagem. Os autores principais, já citados, possuem determinadas características que lhes permitem agrupar-se em sua corrente de pensamento. Obviamente, não há uma abordagem igual, o que existe é uma abordagem principal, que demonstra os métodos para aquela escola, referindo-se a um determinado momento histórico e para determinadas situações. Teoria da Administração CientÍfica A Teoria da Administração Científica, também é conhecida por sua aplicabilidade na engenharia de produção e nos níveis mais operacionais das organizações. O maior contribuidor dessa teoria é o engenheiro norte-americano Fredrick Winslow Taylor (1856-1915), e é por esse motivo que a administração TÓPICO 4 ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 24 científica é frequentemente chamada de “taylorismo”. Taylor, (Figura 5) era um engenheiro mecânico que se interessava principalmente pelo tipo de trabalho feito nas fábricas e oficinas. Ele observou que os proprietários e gerentes das fábricas sabiam pouco sobre o que realmente acontecia. Taylor acreditava que o sistema poderia ser melhorado e procurou um incentivo. Figura 5 - Frederick Winslow Taylor Fonte: Google Imagens (2020). De acordo com Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 56): Frederick Winslow Taylor começou conhecido como o pai da administração cientifica, começou sua carreira na Midvale Steel Company, na Filadélfia, no ano de 1878. Enquanto lá trabalhava galgou postos, como líder de grupos, assistente de capataz, capataz, mecânico-chefe e engenheiro-chefe. Foi também responsável pela organização do gerenciamento de empresas importantes como Bethlehem Steel Company, Cramps Shipbuilding Company e Midvale Steel Company, no ano de 1900, Taylor recebeu uma medalha de ouro da Exposição em Paris, por sua invenção de processo de tratamento de ferramentas modernas de alta velocidade. Ele decidiu, pela remuneração surgindo, na concepção de Taylor, o homo economicus, que tinha por princípio que o indivíduo busca por trabalho não porque gosta dele, mas como uma maneira de sobrevivência, que o salário pode proporcionar. Taylor acreditava que um trabalhador deveria receber “um dia de pagamento justo por um dia de trabalho justo” - nem mais, nem menos. Se o trabalhador não conseguia trabalhar pelo objetivo, então a pessoa não deveria estar trabalhando. ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 25 Rodriguez (2006), afirma que Frederico W. Taylor tem sido consideradocomo o “pai da administração científica” por investigar sistematicamente o trabalho humano em operações de produção em empresas utilizando o método científico. Observou os operários (Figura 6), quando produziam peças metálicas ou peças para a construção de edifícios (lingotes). Nas alturas das construções, cada trabalhador fazia à sua maneira e, portanto, cada lingote era diferente na forma e no custo. Não existiam normas, que atualmente conhecemos como padronização das operações de qualidade, na produção de um objeto e/ou serviço que facilitassem a sua medição. Figura 6 - Operários do início do século XX Fonte: Google Imagens (2020). Assim, Taylor afirmou: a. Não havia um sistema de trabalho eficaz; b. Não havia incentivos econômicos para que os trabalhadores melhorassem o seu desempenho; c. As decisões eram tomadas militarmente e empiricamente, e não pelo conhecimento científico. Ou os trabalhadores foram contratados sem levar em consideração suas competências. O conceito do homem econômico É uma visão estreita da natureza humana: o homem econômico não se limitava a ver o homem como um empregado por dinheiro; via no operário da época um indivíduo limitado e mesquinho, preguiçoso e culpado pela vadiagem e desperdício das empresas e que deveria ser controlado por meio do trabalho racionalizado e do tempo-padrão. UNI 26 A administração científica constitui uma teoria de gerenciamento que busca analisar os fluxos de trabalho com o objetivo de melhorar a eficiência econômica, principalmente a produtividade do trabalhador. Esta teoria era popular nas décadas de 1880 e 1890 nas indústrias manufatureiras dos Estados Unidos. “Essa essência - que ainda perdura em muitas tecnologias administrativas contemporâneas – repousa no que Taylor chamava de administração cientifica e nos pré-requisitos básicos para sua aplicação” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 57). Seu propósito era a redução do acaso, e a extinção da ‘regra do polegar’ do empirismo, ou seja, a experiência sem fundamentação científica no processo produtivo, bem como os fatores de personalidade na tomada de decisão, defendendo, assim, administração por sistemas e padrões. Nesse contexto, Chiavenato (2014), divide em dois períodos os estudos de Taylor, como segue: 1. O primeiro período de Taylor corresponde à época da publicação de seu livro Shop Management (1903), Figura 7, sobre as técnicas de racionalização do trabalho do operário, por meio do estudo de tempos e movimentos (motion-time study). Taylor começou por baixo, com os operários no nível de execução, efetuando um paciente trabalho de análise das tarefas de cada trabalhador, decompondo seus movimentos e processos de trabalho para aperfeiçoá-los e racionalizá-los. Verificou que o operário médio, com o equipamento disponível, produzia muito menos do que era potencialmente capaz. Concluiu que, se o operário mais produtivo percebesse que obtinha a mesma remuneração que o seu colega menos produtivo, acabava se acomodando, perdendo o interesse e não produzindo de acordo com sua capacidade. Daí a necessidade de criar condições de pagar mais ao operário que produz mais. Em essência, Taylor diz, em Shop Management, que: Figura 7 - Livro Shop Management Fonte: Google Imagens (2020). ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 27 a. O objetivo da administração é pagar salários melhores e reduzir custos unitários de produção; b. Para realizar tal objetivo, a administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa e experimentos para formular princípios e estabelecer processos padronizados que permitam o controle das operações fabris; c. Os empregados devem ser cientificamente selecionados e colocados em seus postos com condições de trabalho adequadas para que as normas sejam cumpridas; d. Os empregados devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoarem suas aptidões e executarem uma tarefa, para que a produção normal seja cumprida; e. A administração precisa criar uma atmosfera de íntima e cordial cooperação com os trabalhadores para garantir a permanência desse ambiente psicológico. 2. Segundo período de Taylor Corresponde à publicação do seu livro The Principles of Scientific Management (1911), Figura 8, quando concluiu que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação geral para tornar coerente a aplicação dos seus princípios na empresa como um todo. A partir daí, desenvolveu seus estudos sobre a administração geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar de lado sua preocupação quanto à tarefa do operário. Para Taylor, as indústrias de sua época padeciam de três males: a. Vadiagem sistemática dos operários, que reduziam a produção a cerca de 1/3 do que seria normal, para evitar a redução das tarifas de salários pela gerência. Há três causas determinantes da vadiagem no trabalho: 1. O engano disseminado entre os trabalhadores de que o maior rendimento do homem e da máquina provoca desemprego. 2. O sistema defeituoso de administração que força os operários à ociosidade no trabalho, a fim de proteger seus interesses pessoais. 3. Os métodos empíricos ineficientes utilizados nas empresas, com os quais o operário desperdiça grande parte de seu esforço e tempo. b. Desconhecimento, pela gerência, das rotinas de trabalho e do tempo necessário para sua realização; c. Falta de uniformidade das técnicas e dos métodos de trabalho. 28 Figura 8 - Livro The principles of scientific management Fonte: Google Imagens (2020). Taylor acreditava que os operários de uma fábrica poderiam melhorar sua eficiência se realizasse um estudo científico de sua forma de trabalhar, conceito que basicamente provém da análise do tempo e dos movimentos. Era o que se denominou Organização Racional do Trabalho (ORT) conforme ilustrado na Figura 9. Figura 9 - Organização Racional do Trabalho (ORT) Antes do Estudo Depois do Estudo Fonte: Google Imagens (2020). Taylor descobriu que os operários aprenderam a executar tarefas observando os seus colegas. Ele percebeu que isto levou a diferentes métodos de execução da mesma tarefa, bem como a utilização de diversos instrumentos e ferramentas em cada operação. Uma vez que, entre os diferentes métodos e instrumentos utilizados em cada trabalho há sempre um método mais rápido e um instrumento mais adequado que os outros, é possível encontrar estes últimos e aperfeiçoá-los através de análises científicas e estudo detalhado dos tempos e dos movimentos, em vez de deixar aos critérios pessoais de cada operário. ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 29 A intenção de Taylor era substituir métodos empíricos e rudimentares por métodos científicos em todas as tarefas. De acordo com Chiavenato (2004), A ORT se fundamenta nos seguintes aspectos: a. análise do trabalho e do estudo dos tempos e movimentos; b. estudo da fadiga humana; c. divisão do trabalho e especialização do operário; d. desenho de cargos e de tarefas; e. incentivos salariais e prêmios de produção; f. conceito de homo economicus; g. condições ambientais de trabalho, como iluminação, conforto etc.; h. padronização de métodos e de máquinas; i. supervisão funcional. Teoria Clássica da Administração A teoria clássica da administração, também denominada corrente Fayolista em honra do seu criador Jules Henri Fayol (1841-1925), Figura 10, distinguiu-se pela sua abordagem sistêmica. Os seus estudos contemplam todas as áreas da organização, uma vez que se faz imprescindível para Fayol a empresa vender, produzir, financiar e segurar os ativos. Em suma, a organização e os seus componentes eram vistos como um grande sistema interdependente, como clientes internos. Figura 10 - Jules Henri Fayol Fonte: Maestrovirtuale (2020b). Dos teóricos da administração, foi o primeiro a identificar a administração como um processo contínuo de avaliação. Ele se concentrava na estrutura e nas funções que uma organização deve ter para alcançar a eficiência.30 De acordo com Münch (2010), Henri Fayol inicia a escola do processo administrativo, também conhecida como teoria clássica. Postula que a administração é feita por meio de várias fases. Com o passar do tempo e a contribuição de vários autores, a Teoria Clássica deu origem à Escola Eclética, que compreende uma conjunção de ideias de correntes para a aplicação da administração. De acordo com Rodriguez (2006): “Fayol é o autor mais reconhecido no campo da administração mundial. Seu trabalho foi regido principalmente nas regras universais que regem a administração de empresas”. O pensamento de Fayol, divulgado por meio dos seus livros, conferências e por membros da academia, como por exemplo o do Centro de Estudos Administrativos em Paris, é conhecido mundialmente como Fayolismo, constituído por princípios de gestão e processos administrativos, produtivos, comerciais e financeiros. Tal como Taylor, Fayol considerou necessário introduzir o método científico na gestão das organizações, ou seja, observando, registrando, classificando e interpretando os fatos de maneira a conseguir regras gerais que permitiam o prognóstico das situações para as prever antes que elas acontecessem. Fayol observou que “o empirismo tem reinado na administração dos negócios. Cada gestor (gerente ou diretor) governa ou dirige à sua maneira, sem se preocupar com a existência de leis que regulem a boa gestão” (RODRIGUEZ, 2006). Na administração, Fayol atribuiu as suas realizações à aplicação consistente e sistemática de uma série de princípios simples, eficazes e universalmente aplicáveis que a experiência humana, ao longo dos séculos, tinha alcançado e que ele tinha sintetizado e adaptado cientificamente. Abriu, assim, claramente, o caminho para uma escola inteira entre os pensamentos confusos sobre a natureza da gestão da alta gerência. A Figura 11 elenca as principais contribuições de Fayol para a administração. Figura 11 - Principais contribuições de Henri Fayol Processos administrativos (PA) Criador do Centro de Estudos Administrativos em Paris Universalidade da Administração. Habilidades administrativas e gerenciais por hierarquia Princípios Gerais da Administração Áreas funcionais nas organizações Fonte: Rodríguez (2006). ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 31 Fayol organizou a gestão administrativa, enquanto Taylor deu ordem as tarefas e os seus processos. Coloquialmente falando, o primeiro organizou a cabeça, enquanto o segundo organizou os pés e as mãos. Estes autores, como todos os teóricos da administração que vamos ver, são complementares, não excludentes (RODRIGUEZ, 2006). De acordo com Marco e Loguzzo (2016), a principal obra de Fayol é a Administration Industrielle Et Generale (Administração Industrial e Geral, Figura 12) publicada em 1916. Dela, parte a afirmação de que, o conjunto de funções realizadas por cada empresa pode ser dividido em seis grupos: Figura 12 - Administration Industrielle Et Generale Fonte: Google Imagens (2020). a. Técnicas: relacionadas com a produção de bens ou serviços; b. Comerciais: relacionadas com a compra, venda e troca; c. Financeiras: relacionadas com a procura e administração do capital; d. Segurança: relacionadas com a proteção e preservação de bens e pessoas; e. Contabilísticas: relacionadas com registos, inventários, balanços, análise de custos e estatísticas; f. Administrativas: relacionadas com a integração das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e sincronizam as outras funções da empresa, e estão sempre localizadas em um nível hierárquico superior a elas. De acordo com Silva (2008), “as funções da administração são aquelas atividades básicas que devem ser desempenhadas por administradores para alcançar os resultados determinados e/ou esperados pelas organizações”. Essas funções constituem o processo administrativo e estão descritas no Quadro 3. 32 Quadro 3 - Funções da Administração PLANEJAMENTO Determinação de objetivos e metas poro o desempenho organizacional futuro e decisão dos tarefas e recursos utilizados poro alcance desses objetivos. ORGANIZAÇÃO Processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação de recursos paro os departamentos. DIREÇÃO Influencia para que outras pessoas realizem suas tarefas de modo o alcançar os objetivos estabelecidos, envolvendo energização, ativação e persuasão dessas pessoas. CONTROLE Função que se encarrega de comparar o desempenho atual com os padrões predeterminados, isto é, com o planejado. Fonte: Silva (2008). Na perspectiva de Chiavenato (2014), “Fayol define o ato de administrar como: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar. As funções administrativas envolvem os elementos da administração”, isto é, as funções do administrador denominado de POCCC: a. Prever: visualizar o futuro e traçar o programa de ação. b. Organizar: constituir o duplo organismo material e social da empresa. c. Comandar: dirigir e orientar o pessoal. d. Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e esforços coletivos. e. Controlar: verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens dadas. Segundo Maximiano (2000), Fayol completa sua teoria com a proposição de 14 princípios que devem ser seguidos para que a administração seja eficaz: 1. Divisão de trabalho, a designação de tarefas específicas para cada indivíduo, resultando na especialização das funções e separação dos poderes; 2. Autoridade e responsabilidade, sendo a primeira o direito de mandar e o poder de se fazer obedecer, e a segunda, a sanção - recompensa ou penalidade - que acompanha o exercício do poder; 3. Disciplina, o respeito aos acordos estabelecidos entre a empresa e seus agentes; 4. Unidade de comando, de forma que cada indivíduo tenha apenas um superior; 5. Unidade de direção, um só chefe e um só programa para um conjunto de operações que visam ao mesmo objetivo; 6. Subordinação do interesse individual ao interesse geral; ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 33 7. Remuneração do pessoal, de forma equitativa e com base tanto em fatores externos, quanto internos; 8. Centralização, o equilíbrio entre a concentração de poderes de decisão no chefe, sua capacidade de enfrentar suas responsabilidades e a iniciativa dos subordinados; 9. Cadeia de comando (linha de autoridade), ou hierarquia, a série dos chefes, desde o primeiro, ao último escalão, dando-se aos subordinados de chefes diferentes a autonomia para estabelecer relações diretas (a ponte de Fayol); 10. Ordem, um lugar para cada pessoa e cada pessoa em seu lugar; 11. Equidade, o tratamento das pessoas com benevolência e justiça, não excluindo a energia e o rigor quando necessários; 12. Estabilidade do pessoal, a manutenção das equipes como forma de promover seu desenvolvimento; 13. Iniciativa, que faz aumentar o zelo e a atividade dos agentes; 14. Espírito de equipe. TEORIA DAS RELAÇÕES HUMANAS No mundo intelectual, a importância que a maximização da produtividade exige, para que seja viável o uso de uma tecnologia que parte de concepções válidas sobre a natureza do homem, está aos poucos ganhando corpo nos negócios. As investigações estão acontecendo, e sobre seus resultados se delineia a corrente sociológica da administração. A teoria das relações humanas nasceu nos Estados Unidos, na década de 1920 do século XX, e foi possível graças ao desenvolvimento das ciências sociais, especialmente da psicologia. Foi basicamente um movimento de reação e oposição à teoria clássica da administração. A Teoria das Relações Humanas foi desenvolvida pelo psicólogo George Elton Mayo (1880-1949). Mayo, Figura 13, foi professor de Filosofia, Lógica e Ética na Austrália. Em 1922 emigrou para os Estados Unidos onde, imediatamente, se dedicou à pesquisa industrial. Mayo junto com seus colaboradores, Mery Perker Follet, Abraham Maslow e Douglas McGregor, realizaram uma série de estudos na Western ElectricCompany em Hawthorne (Illinois), iniciando a aplicação das relações humanas que, ainda hoje, são vitais para o sucesso de uma empresa. 34 Figura 13 - George Elton Mayo Fonte: Google Imagens (2020). Na perspectiva de Chiavenato (2014), a Teoria das Relações Humanas tem suas origens nos seguintes fatos: a. Necessidade de humanizar e democratizar a administração, libertando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas da Teoria Clássica e adequando-a aos novos padrões de vida do povo americano. Nesse sentido, a Teoria das Relações Humanas se revelou um movimento tipicamente americano e voltado para a democratização dos conceitos administrativos; b. Desenvolvimento das ciências humanas, principalmente a psicologia, bem como sua crescente influência intelectual e suas primeiras aplicações à organização industrial. As ciências humanas vieram demonstrar a inadequação dos princípios da Teoria Clássica; c. Ideias da filosofia pragmática de John Dewey e da psicologia dinâmica de Kurt Lewin fundamentais para o humanismo na administração. Elton Mayo é o fundador da escola. Dewey e Lewin também contribuíram para sua concepção, e a sociologia de Pareto foi fundamental; d. Conclusões da Experiência de Hawthorne: realizada entre 1927 e 1932, sob a coordenação de Elton Mayo, que puseram em xeque os principais postulados da Teoria Clássica da administração. Para Silva (2008 p. 186), Mayo foi o responsável pela coordenação e realização da “experiência de Hawthorne, que desencadeou uma série de descobertas sobre o comportamento humano no trabalho. Realizou quatro estudos importantes com relação ao comportamento e aos resultados da produtividade no trabalho, entre 1923 e 1944”, como segue abaixo: a. O primeiro foi desenvolvido em uma fábrica de tecidos na Filadélfia, onde ocorria uma intensa troca de funcionários, que se mostravam tristes e deprimidos, o que, de acordo com Mayo, era conseqüência ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 35 da fadiga. Mayo então estabeleceu períodos de descanso ao longo do dia, o que não provocou grande alteração na motivação. Houve significativa melhora no comportamento dos operários quando eles passaram a participar da decisão de estabelecer os períodos mais convenientes de descanso; b. O segundo estudo desenvolvido foi a experiência na fábrica de Hawthorne, a mais famosa pesquisa sobre o relacionamento das pessoas no trabalho; c. O terceiro estudo foi uma pesquisa que se desenvolveu em três indústrias metalúrgicas (uma cidade da costa ocidental dos Estados Unidos) onde ocorria um alto índice de absenteísmo, exceto em uma delas. Mayo descobriu que nesta última o grupo tinha sua reputação valorizada, o que foi conseqüência de treinamento dos contramestres feito muito tempo antes, a fim de preservar a dignidade pessoal do empregado, o que se mantinha até então. O treinamento dos contramestres se fundamentava em serem pacientes, atenciosos e em evitar o descontrole emocional no trato com seus subordinados; d. A quarta pesquisa foi realizada em uma fábrica de aviões, em 1944, no sul da Califórnia, onde se constatava alta rotatividade da mão- de-obra. Mayo verificou que, dentre os tipos de comportamento dos grupos da empresa, destacava-se aquele com espírito de equipe criado pelos gerentes, que incitavam a solidariedade com os demais participantes. Figura 14 - Western Electric Company Fonte: Chuckman (2013). De acordo com Ali (2014), foram realizados estudos da Hawthorne para encontrar a relação entre o ambiente físico e a produção dos trabalhadores. Foram realizadas experiências da Hawthorne na Western Electric Company em Chicago (Figura 14). Mayo foi envolvido no projeto em 1929 e 1930, e entrevistou os trabalhadores envolvidos nas experiências. Através destes estudos, Mayo concluiu que os trabalhadores se tornam mais produtivos se receberem atenção 36 da direção. O resultado das suas descobertas nos estudos da Hawthorne, mais tarde deu lugar ao movimento de relações humanas. O movimento centra-se no conceito de satisfação profissional, normas de grupo e liderança, qualidade e o seu significado na melhoria da produtividade. Teoria Burocrática A partir do pensamento administrativo direcionados para as organizações, diversas teorias ao longo do tempo têm sido construídas sobre a organização do trabalho nas empresas. O século XX foi um manancial de correntes para a área da administração e, uma das mais significantes foi a Teoria Burocrática de Max Weber (Figura 15). Figura 15 - Max Weber Fonte: Rodrigues (2020). Maximilian Karl Emil Weber (1864-1920), foi um filósofo, economista, jurista, historiador, cientista político e sociólogo alemão. Ele é considerado o fundador do estudo moderno da sociologia e da administração pública. Conceito de homem social Os precursores da Administração Científica se baseavam no conceito do homo economicus - pelo qual o homem é motivado e incentivado por estímulos salariais - e elaboravam planos de incentivo salarial para elevar a eficiência e baixar os custos operacionais. Para a Teoria das Relações Humanas, a motivação econômica é secundária na determinação do rendimento do trabalhador. Para ela, as pessoas são motivadas pela necessidade de reconhecimento, aprovação social e participação nas atividades dos grupos sociais nos quais convivem. Chiavenato (2014). UNI ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 37 Weber iniciou o estudo sistemático da burocracia. Ele desenvolveu uma série de observações a respeito e configurou as condições que contribuem para isso, com conceitos como a economia monetária, o sistema capitalista e a revolução industrial. Weber é considerado um dos pais da sociologia. “Seu trabalho mais relevante para o campo organizacional – A teoria da Organização Social Econômica – foi publicado em 1922, dois anos após sua morte” (CARAVANTES; PANNO; KLOECKNER, 2005, p. 64). Max Weber é considerado uma das grandes figuras intelectuais dos séculos XIX e XX. Ele manteve uma curiosidade incessante por várias disciplinas, como direito, economia e história. Sua trajetória acadêmica e intelectual o posicionou como um dos pais da sociologia. Um de seus objetivos era descobrir quais foram as condições culturais que permitiram o desenvolvimento do capitalismo. Hoje, seu pensamento continua influenciando uma infinidade de disciplinas. De acordo com Caravantes, Panno e Kloeckner (2005, p. 65), Weber estava “interessado nos aspectos referentes a organização formal, isto é, os meios racionais utilizados para dirigir as atividades de muitos indivíduos ocupantes de cargos diferentes, visando atingir um objetivo comum”. “Uma organização é um arranjo sistemático de pessoas reunidas para alcançar um propósito comum” (ROBBINS; DECENZO, 2004, p. 4). Basicamente a Teoria Burocrática está relacionada à estrutura e ao processo administrativo das organizações. Mas afinal, o que é burocracia? Podemos definir o termo burocracia como as regras e regulamentos, processos, procedimentos, padrões, onde, todos os processos são formulados com a finalidade de reduzir a complexidade do funcionamento da organização. Essa teoria surgiu para resolver as limitações da teoria clássica e da teoria das relações humanas que, por outro lado, eram opostas e contraditórias entre si. Assim, Weber levantou essa teoria racionalista por meio de uma abordagem eficiente, aplicável a fábricas e diferentes formas de organização humana. Figura 16 - The theory of social and economic organization Fonte: Google Imagens (2020). 38 Silva (2008, p. 146), relata “Os escritos de Weber sobre burocracia foram publicados em duas diferentes seções de um rascunho incompleto de Economia e sociedade”. A primeira parte foi traduzida por Parsons e M. Henderson em 1947, na seção 3 do livro The theory of social and economic organization (A teoria da organização social e econômica – Figura 16). A segunda parte apareceu no livro From Max Weber, essays in sociology (De Max Weber, ensaios em sociologia),publicado em 1946, de Hans Gerth e C. Wright Mills. De acordo com Souza (2015, p. 170), “a Teoria da Burocracia foi originada dentro da Administração por volta dos anos 1940, em função de alguns aspectos da Burocracia na Administração”. “A burocracia é uma forma de organização humana que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos objetivos (fins) pretendidos, a fim de garantir a máxima eficiência possível no alcance desses objetivos”, segundo Chiavenato (2014, p. 258). Ainda, de acordo com o autor, Weber distingue três tipos de sociedade: a. Tradicional: predominam características patriarcais e patrimonialistas, como família, clã, sociedade medieval, etc.; b. Carismática: predominam características místicas, arbitrárias e personalísticas, como nos grupos revolucionários, nos partidos políticos, nas nações em revolução, etc.; c. Legal, racional ou burocrática: predominam normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes empresas, nos estados modernos, nos exércitos, etc. Na concepção de Souza (2015), na prática, a teoria da burocracia segue premissas cuja características resultam em objetivos predefinidos, conforme demonstra a Figura 17. Figura 17 - Premissas da Burocracia Burocracia baseada em: • Caráter legal das normas e regula- mentos • Caráter formal das comunicações • Caráter racional e divisão do trabalho • Impessoalidade nas relações • Hierarquia da autoridade • Rotinas e procedimentos • Competência técnica e Meritocra- cia • Previsibilidade do funcionamento Consequências Previstas: • Previsibilidade do comportamento humano • Padronização do desempenho dos participantes. Objetivo • :Máxima eficiência da organização Fonte: Souza (2015, p. 173). Silva (2008, p. 146), afirma que do ponto de visto da perspectiva clássica, “uma organização é a estrutura de relacionamentos, poder, objetivos, papéis, atividades, comunicações e outros fatores que existem quando pessoas trabalham juntas”. Como desenvolvidas por Weber, a burocracia possui característica conforme descritas no Quadro 4. ESCOLAS CLÁSSICAS DA ADMINISTRAÇÃO 39 Quadro 4 – Característica da Burocracia DIVISÃO DE TRABALHO As atividades são desmembradas em tarefas simples, de tal modo que qualquer pessoa, de qualquer tipo de organização, poderia se tornar especializada em um tempo mínimo; a especialização faz a trabalho humano intercambiável, o que contribui grandemente paro a eficiência organizacional. Cada posição tem claramente definidas as responsabilidades e a delegação de autoridade competentes. HIERARQUIA DE AUTORIDADE Posições ou empregados são organizados de modo a formar a hierarquia (cadeia de comando) na qual a organização está estruturada. Cada posição nessa hierarquia contém responsabilidades e deveres específicos, bem como privilégios. RACIONALIDADE Todos os membros da organização são selecionados com base na qualificação técnico paro um desempenha adequado; as promoções ocorrem por desempenho e capacitação técnica (mérito). Um esforço consciente é feito para adequar o desempenho do trabalho às qualificações da funcionário e/ou candidato, independentemente das características de raça, sexo, religião ou classe social deste. O critério- guia deveria ser simplesmente o grau de adequação do potencial do empregado em termos de educação, treinamento, conhecimento e habilidade para desempenhar a atividade em uma organização. REGRAS E PADRÕES As decisões gerenciais são guiadas por regras, disciplina e controles, relacionadas à conduta dos deveres oficiais, aplicados de forma impessoal tanto aos empregados da organização como aos clientes foro dela. COMPROMISSO PROFISSIONAL Os administradores trabalham por solários fixos e não são os donos dos negócios que administram; os gerentes são treinados para as atividades administrativos visando a melhor qualificação para o alcance da eficiência organizacional e para a controle das atividades dos empregados nesse mesmo sentido. REGISTROS ESCRITOS Com o objetiva de estabelecer continuidade organizacional e com o propósito de alcançar uniformidade de ação, as burocracias mantêm registros, elaborados para detalhamento das transações da organização. IMPESSOALIDADE As regras e os procedimentos são aplicados de modo uniforme e imparcial; todos os funcionários são avaliados de acordo com regras objetivas, de tal modo que não se permito ao superior considerações pessoais ou emocionais poro ‘colorir’ as avaliações. Essas são as características apresentadas pelas organizações que Weber estudou. Entretanto, mais do que a análise dessas organizações, Weber propôs um modelo analítico de organizações. Fonte: Silva (2008, p.147). Segundo a teoria burocrática de Max Weber, a burocracia é a base para a formação sistemática de qualquer organização e visa garantir a eficiência e a eficácia econômica. É um modelo ideal de gestão e administração para colocar em foco a estrutura de poder de uma organização. Com essas observações, ele estabelece os princípios básicos da burocracia e enfatiza a divisão do trabalho, hierarquia, regras e relacionamento impessoal. UNIDADE 1 A administração tem sido considerada como sendo um processo social que abrange a responsabilidade pelo planejamento e regulamentação econômica e eficaz das operações das organizações, tendo como finalidade o cumprimento de determinados objetivos. Corresponde a um processo dinâmico que consiste em diversos elementos e atividades. O termo administração, se refere ao processo de fazer com que as coisas sejam executadas, com eficácia e eficiência, por meio de outras pessoas e com elas (ROBBINS E DECENZO, 2004). Esse processo é caracterizado por um conjunto de funções desempenhadas pelos gestores para o cumprimento dos objetivos da organização. Dentro das empresas a administração desempenha um papel primordial para que, as metas estabelecidas, sejam atingidas. O principal objetivo das funções administrativas é atingir os objetivos organizacionais ao mesmo tempo em que utiliza os recursos organizacionais de forma mais eficaz. No contexto contemporâneo, deve-se ser aceita as atribuições mínimas das funções administrativas declarando as funções de gestão de forma simplificada, tais como planejamento, organização, direção e controle – PODC – ou seja, um modo de enunciação comumente aceite atualmente (Figura 18). Figura 18 - As quatro funções administrativas Recursos • Humanos • Financeiros • Materiais • Tecnológicos • Informação Resultados • Desempenho • Objetivos • Produtos • Serviços • Eficiência • Eficária Controle Monitorar as atividades e corrigir os desvios Organização Modelar o trabalho, alocar recursos e coordenar atividades Direção Designar pessoas, dirigir seus esforços, motivá-las, liderá-las e comunicar Planejamento Formular objetivos e os meios para alcançá-los Fonte: Chiavenato (2007, p. 27) TÓPICO 5 FUNÇÕES DA ADMINISTRAÇÃO 42 De acordo com Chiavenato (2004, p. 167): quando consideradas em um todo integrado, as funções administrativas formam o processo administrativo. Quando consideradas isoladamente, o planejamento, a direção, a organização e o controle constituem funções administrativas. Conforme ilustra a Figura 19: Figura 19 - O processo administrativo Planejamento • Definir a missão • Formular objetivos • Definir os planos para alcançar os objetivos • Programar as atividades Organização • Dividir o trabalho • Designar as atividades • Agrupar as atividades em órgãos e cargos • Alocar recursos • Definir autoridade e responsabilidade Direção • Designar as pessoas • Coordenar os esforços • Comunicar • Motivar • Liderar • Orientar Controle • Definir os padrões • Monitorar o desempenho • Avaliar o desempenho • Ação corretiva Fonte: Chiavenato (2007, p. 26) Assim, conceitua-se a administração, como sendo o processo para alcançar os objetivos organizacionais. Nesse sentido, um processo representa um conjunto de atividadesdinâmicas, contínuas e inter-relacionadas. Dinâmica porque as organizações sofrem constantes impactos internos e externos. Contínuo significa que as atividades não são realizadas de forma linear, passo a passo, onde a responsabilidade é passada de uma atividade para a próxima. Em vez disso, as atividades continuam à medida que novas atividades são iniciadas. Inter-relacionado significa que os resultados de cada atividade influenciam as outras atividades e tarefas. É responsabilidade da administração zelar para que as atividades essenciais sejam realizadas com eficiência - da melhor maneira possível - e com eficácia - fazendo a coisa certa. Planejamento Planejar significa definir metas de desempenho para a organização e determinar quais ações e recursos são necessários para atingir as metas. Por meio do planejamento, a administração define os planos estratégicos e táticos, como deve ser o futuro da organização qual o melhor caminho a percorrer. Os planos estratégicos são de longo prazo e afetam toda a organização. Planejar preenche a lacuna entre o que uma organização é e o que ela se tornará, conforme ilustra a Figura 20. 43 Figura 20 - Função de Planejar Planejamento Organizar Dirigir Controlar • Definir objetivos • Verificar onde as coisas estão hoje • Desenvolver premissas sobre condições futuras (cenários) • Identificar meios para alcançar os objetivos • Implementar os planos de ação necessários Fonte: Chiavenato (2007, p. 30). Segundo Münch (2010), o planejamento é quando são determinados os cenários futuros e a direção da empresa, assim como a definição dos resultados que se pretende obter e as estratégias para os atingir, minimizando os riscos. Para Marco e Loguzzo (2016), é a função que inicia o ciclo administrativo (Figura 21), uma vez que estabelece os elementos e critérios gerais em que os outros se baseiam. Figura 21 - As premissas do Planejamento Onde estamos agora Planejamento Onde pretendemos chegar Presente Futuro Situação atual Planos Objetivos pretendidos Fonte: Chiavenato (2007, p. 28). O planejamento consiste em determinar as bases que irão orientar a ação futura da organização. O processo de planejamento consiste em determinar os objetivos, a situação futura a alcançar e as orientações gerais das ações a levar a cabo para os atingir. Neste sentido, o planejamento consiste em determinar os objetivos a alcançar e as linhas de ação apropriadas para os atingir. Conforme Chiavenato (2014, p. 173), “quando consideradas em um todo integrado, as funções administrativas formam o processo administrativo. Quando consideradas isoladamente, constituem funções administrativas”. Dessa forma, a sequência das funções do administrador forma o ciclo administrativo (Figura 22): 44 Figura 22 - Ciclo das funções administrativas Ciclo Administrativo Controle Monitorar as atividades e corrigir os desvios Direção Designar as pessoas, dirigir seus esforços, motivá-las, liderá-los e comunicá-los Planejamento Formular objetivos e os meios para alcançá-los Organização Desenhar o trabalho, alocar recursos e coordenar atividades Fonte: Google Imagens (2020). 1. À medida que se repete o ciclo administrativo, ocorre contínua correção e ajustamento por meio da retroação. Assim, o desenvolvimento de um ciclo permite definir quais correções devem ser introduzidas no ciclo seguinte, e assim por diante. Graficamente, a representação dessas correções e ajustamentos; 2. Na realidade, as funções do administrador que formam o processo administrativo são mais do que uma sequência cíclica, pois estão intimamente relacionadas em uma interação dinâmica. O processo administrativo é cíclico, dinâmico e interativo. O planejamento atravessa todos os níveis da organização e, por conseguinte, é planejado em diferentes realidades em cada caso, consequentemente, existem planos de natureza diferente. Podem ser estabelecidos planos sobre métodos de trabalho, podem ser relacionados com a sucessão de atividades a longo prazo, podem referir-se a comportamentos desejados ou podem ser estabelecidos em relação à atribuição de pessoas (MARCO E LOGUZZO, 2016). Mediante o conteúdo acima pare, pense e reflita: Há na empresa em que você trabalha algum processo de planejamento? Caso sim, está sendo aplicado? Caso não, o que você faria para realizar o planejamento da empresa? UNI 45 Organização A segunda função principal da administração (Figura 23) corresponde ao processo de organizar. Para ter sucesso nas escalas de eficácia e eficiência, a organização deve distribuir recursos, tanto humanos como materiais, de uma maneira que os alinhe para produzir o melhor resultado possível. Um dos resultados da organização é o conceito de estrutura organizacional. O agrupamento de pessoas em departamentos, unidades de trabalho ou outras entidades operacionais define essas interações, assim como a hierarquia e a estrutura de liderança necessárias para ajudar a organização a atingir seu potencial. Figura 23 - A Função de Organizar Planejar Dirigir Controlar Organizar • Dividir o trabalho • Agrupar as atividades em uma estrutura lógica • Designar as pessoas para sua execução • Alocar os recursos • Coordenar os esforços Fonte: Chiavenato (2007, p. 34). De acordo com Maximiano (2000, p. 27), a “organização é o processo de definir o trabalho a ser realizado e as responsabilidades pela realização; é também o processo de distribuir os recursos disponíveis segundo algum critério”. Para Silva (2008, p. 9), a organização para o “processo de designação de tarefas, de agrupamento de tarefas em departamentos e de alocação de recursos para os departamentos”. De acordo com Marco e Loguzzo (2016), a organização, neste caso, refere- se à ação da organização de uma organização, ou seja, uma entidade social, deliberadamente constituída para a prossecução de fins específicos. Chiavenato (2014), afirma que uma organização pode ser estruturada em três níveis diferentes: a. Nível global: organização que abrange a empresa como uma totalidade. É o chamado desenho organizacional, que pode assumir três tipos: linear, funcional e linha-staff; b. Nível departamental: abrange cada departamento da empresa. É o chamado desenho departamental ou simplesmente departamentalização. c. Nível das tarefas e operações: focaliza cada tarefa, atividade ou operação especificamente. É o chamado desenho dos cargos ou tarefas. É feito por meio da descrição e análise dos cargos. 46 d. Esta função consiste essencialmente em estruturar a organização para prosseguir os objetivos estabelecidos. Refere-se à melhor forma de dividir o trabalho e como agrupar e coordenar tarefas da forma mais eficaz, bem como ao estabelecimento de linhas de autoridade e responsabilidade, e à associação de pessoas e recursos a posições específicas (Figura 24). Figura 24 - Os níveis da organização Presidentes Diretores Institucional Intermediário Operacional Níveis: Gerentes Supervisores Funcionários e Operários Administração de Cúpula Definição de objetivos Planejamento, Organização, Direção e Controle Execução das tarefas e operações Administração das Operações Supervisão da execução das tarefas e operações da empresa Fonte: Chiavenato (2007, p. 13). Consoante o nível da organização a que nos referimos, podemos falar de diferentes tarefas de concepção organizacional. A nível operacional, a concepção consiste na análise e descrição das funções, que consiste em determinar o conjunto de tarefas que compõem cada trabalho específico, ou seja, o seu conteúdo. A nível médio, o design inclui o agrupamento de unidades com base em algum padrão homogêneo, ou seja, o agrupamento de trabalhos de acordo com algum critério racional, como por função, por produto, por cliente, por área geográfica, entre outros. Ao nível gerencial, a concepção organizacional refere-seà organização como um todo e, de acordo com os critérios acima mencionados, determina o tipo de organização com base nas características da sua estrutura (MARCO E LOGUZZO, 2016). Segundo Chiavenato (2014, p. 181), a organização como função administrativa “é parte do processo administrativo: nesse sentido, organização significa o ato de organizar, estruturar e integrar os recursos e os órgãos incumbidos de sua administração e estabelecer suas atribuições e as relações entre eles”. Assim, organizar consiste em: 47 a. Determinar as atividades específicas necessárias ao alcance dos objetivos planejados - especialização; b. Agrupar as atividades em uma estrutura lógica - departamentalização; c. Designar as atividades às específicas posições e pessoas - cargos e tarefas. Direção A direção consiste na execução de todas as fases do processo administrativo através da orientação e orientação de recursos, e do exercício da liderança. De acordo com Chiavenato (2014, p. 92), a direção (Figura 25) é “a tarefa contínua de tomar decisões e incorporá-las em ordens e instruções específicas e gerais, e ainda a de funcionar como líder da empresa”, e acrescenta que: A direção é a terceira função. Definido o planejamento e estabelecida a organização, resta fazer as coisas andarem e acontecerem. Esse é o papel da direção: acionar e dinamizar a empresa. A direção está relacionada com a ação, com o colocar-se em marcha, e tem muito a ver com as pessoas. Ela está diretamente relacionada com a atuação sobre os recursos humanos da empresa. As pessoas precisam ser aplicadas em seus cargos e funções, treinadas, guiadas e motivadas para alcançarem os resultados que delas se esperam. A função de direção se relaciona diretamente com a maneira pela qual os objetivos devem ser alcançados, por meio da atividade das pessoas que compõem a organização. Assim, a direção é a função administrativa que se refere às relações interpessoais dos administradores em todos os níveis da organização e os seus respectivos subordinados. Para que o planejamento e a organização possam ser eficazes, eles precisam ser dinamizados e complementados pela orientação dada por meio de uma adequada comunicação e habilidade de liderança e motivação. Chiavenato (2014, p. 92). Figura 25 - A Função de Direção Planejar Organizar Controlar Dirigir • Dirigir os esforços para um propósito comum • Comunicar • Liderar • Motivar • Orientar as pessoas • Impulsionar as pessoas Fonte: Chiavenato (2007, p. 36). Alguns autores também denominam a função de direção de liderança. No entanto, se deve compreender que a liderança é uma condição de direção. É possível liderar sem dirigir, o que não é a melhor das condições. É necessário liderar de forma eficaz e eficiente, fazendo-o com atitude e habilidade. A direção é aquele aspecto funcional inerte da administração que lida diretamente 48 com a influência, orientação, supervisão, motivação dos subordinados para o cumprimento das metas organizacionais. A direção tem os seguintes elementos: a. Supervisão: implica em supervisionar o trabalho dos subordinados por seus superiores. É o ato de observar e dirigir o trabalho e os trabalhadores; b. Motivação: significa inspirar, estimular ou encorajar os subordinados com zelo para o trabalho. Incentivos positivos, negativos, monetários e não monetários podem ser usados para esse fim; c. Liderança: pode ser definida como um processo pelo qual o gerente orienta e influencia o trabalho dos subordinados na direção desejada; d. Comunicações: é o processo de passar informações, experiências, opiniões etc. de uma pessoa para outra. É uma ponte de compreensão. É muito importante para a organização porque trata de lidar com as pessoas de tal forma que elas ajudem de todas as formas possíveis a alcançar os objetivos da organização. Para que a direção seja eficiente, é importante que a alocação dos recursos seja feita com muito critério. Os administradores que desempenham o papel de direção devem ter fortes capacidades de comunicação e ter a convicção de julgar e convencer as pessoas de uma forma positiva. Segundo Marco e Loguzzo (2016), na estrutura organizacional, o peso relativo da função de gestão são os três níveis de direção (Quadro 5), sendo responsáveis pelos resultados alcançados pelas pessoas que estão a seu cargo. Por conseguinte, deve primeiro procurar gerar as melhores condições possíveis para que o pessoal responsável possa realizar as tarefas atribuídas e obter os resultados esperados. Para esta tarefa, competências específicas em relação a supervisão, comunicação, liderança e motivação. Quadro 5 - Os três níveis de direção NÍVEIS DE ORGANIZAÇÃO NÍVEIS DE DIREÇÃO CARGOS ENVOLVIDOS ABRANGÊNCIA INSTITUCIONAL Direção Diretores e altos executivos A empresa ou áreas da empresa INTERMEDIÁRIO Gerência Gerentes e pessoal do meio do campo Cada departamento ou unidade da empresa OPERACIONAL Supervisão Supervisores e encarregados Cada grupo de pessoas ou tarefas Fonte: Chiavenato (2007). A direção, tal como outras funções administrativas, também atravessa toda a estrutura organizacional, uma vez que, a todos os níveis, há necessidade de endereço. A nível operacional, eles são os supervisores e encarregados; ao centro, na direção intermediária os gerentes; no nível institucional da organização os 49 diretores e altos executivos. A terminologia a utilizar para chamar cada um destes atores derivará da natureza da organização e da sua estrutura. Controle O quarto elemento das funções administrativas é a função de controle (Figura 26), a qual implica na medição de cumprimento em relação aos padrões e correção de desvio do planejamento, caso haja, para garantir o cumprimento das metas organizacionais. O objetivo do controle é garantir que tudo ocorra em conformidade com as normas e requisitos estabelecidos. Um sistema eficiente de controle contribui para prever desvios antes que eles realmente ocorram. Controlar é o processo de verificar se o progresso adequado está sendo feito em relação aos objetivos e metas e, se necessário, agir para corrigir qualquer desvio. Figura 26 - A função de Controlar Planejar Organizar Dirigir Controlar • Definir padrões de desempenho • Monitorar o desempenho • Comparar o desem- penho com os padrões estabelecidos • Tomar a ação correti- va para corrigir desvios e assegurar o alcance dos objetivos Fonte: Chiavenato (2007, p. 39). Segundo Marco e Loguzzo (2016), como função da administração, o controle tem o objetivo de verificar os resultados obtidos através da ação organizacional e de os contrastar com os planos estabelecidos. O objetivo dos processos de controle é identificar os desvios existentes entre o que foi planejado e os resultados obtidos, a fim de perceber as causas do desvio e retificar o curso da ação organizacional através de ações corretivas, orientando-a para os objetivos estabelecidos. Para Chiavenato (2014), a palavra controle pode assumir vários significados em administração: a. Como função restritiva e coercitiva: utilizado no sentido de coibir ou limitar certos tipos de desvios indesejáveis ou de comportamentos não aceitos. Nesse sentido, o controle apresenta caráter negativo e limitativo, sendo, muitas vezes, interpretado como coerção, delimitação, inibição e manipulação. É o controle social aplicado nas organizações e na sociedade para inibir o individualismo e a liberdade das pessoas; b. Como um sistema automático de regulação: utilizado no sentido de manter automaticamente um grau constante de fluxo ou de funcionamento de um sistema. É o caso do processo de controle 50 automático das refinarias de petróleo, de indústrias químicas de processamento contínuo e automático. O mecanismo de controle detecta possíveis desvios ou irregularidades e proporciona automaticamente a regulação necessária para voltar à normalidade. Quando algo está sob controle significa que está dentro do normal;
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