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Fundamentos de administração guia de estudos ©2018, Associação Santa Marcelina. Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610 de 12/02/1998. Nenhuma parte desta publicação, sem autorização prévia por escrito da Associação Santa Marcelina, poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Associação Santa Marcelina. Ficha técnica Autoria: Alessandra Lopes de Oliveira Gerente EAD: Profa. Dra. Lúcia Sanchez Projeto gráfico: Fagner Barreto Revisor técnico: Enrico D´Onofrio Revisor ortográfico: Fernando Curtti Sumário 1 . 2 . 11 25 Antecedentes históricos da Administração Entenda a adminstração A influência dos filósofos A influência da Igreja Católica Influência da organização militar Influência das ciências Influência da Revolução Industrial Influência dos economistas liberais Conteúdo e objeto de estudo Conceitos Funções básicas do administrador Habilidades fundamentais do administrador Competencias fundamentais do administrador Papeis do administrador Perfil do profissional administrador As variáveis da administração Perspectiva da administração A administração do futuro 1.1 1.2 1.3 1.4 1.5 1.6 2.1 2.2 2.3 2.4 2.5 2.6 2.7 2.8 2.9 2.10 12 16 17 18 21 22 27 27 31 36 39 42 47 49 51 53 3 . 57Início às teorias da administração Teoria da administração Teoria científica da administração Organização racional do trabalho Tempos e movimentos (motion-time study) Estudo da fadiga humana Divisão do trabalho e especialização do operário 3.1 3.2 3.3 3.3.1 3.3.2 3.3.3 59 60 62 63 64 65 Desenhos de cargos e tarefas Incentivos saláriais e prêmios de produção Conceito de “homo economious” Condições de trabalho Padronização Principios da administração científica Princípio do planejamento Princípio do preparo Princípio do controle Princípio da execução Fordismo Relações com os funcionarios Declínio do fordismo Teoria clássica da administração Os 14 princípios de fayol Críticas a teoria clássica de administração Teoria das relações humanas Críticas a teoria das relações humanas Decorrência da teoria das relações humanas Influência da motivação Influência da liderança Teorias sobre liderança Teoria sobre estilos de liderança Teorias situacionais da liderança Comunicação Rede de comunicação Organização informal Dinâmica de grupo Resumo 3.3.4 3.3.5 3.3.6 3.3.7 3.3.8 3.4 3.4.1 3.4.2 3.4.3 3.4.4 3.5 3.5.1 3.5.2 3.6 3.6.1 3.6.2 3.7 3.7.1 3.7.2 3.7.3 3.7.4 3.7.5 3.7.5.1 3.7.5.2 3.7.6 3.7.6.1 3.7.7 3.7.8 3.8 66 66 67 68 68 69 69 69 69 70 71 73 74 75 78 80 81 85 86 87 89 91 92 93 93 94 95 97 97 4 . 99Teoria Neoclássica às novas abordagens Teoria neoclássica Características da teoria neoclassica EficiêncIa versus eficácia Aspectos comuns a organização Processo decisorial Administração por objetivos (apo) Teoria da burocracia O caráter legal de normas e regulamentos Caráter formal das comunicações Caráter racional e divisão do trabalho Impessoalidade nas relações Hierarquia da autoridade Rotinas e procedimentos padronizados Competência técnica e meritocracia Especialização da administração Profissionalização dos participantes Previsibilidade dos resultados Disfunções da teoria burocrática Adhocracia Teoria estruturalista Sociedade das organizações O homem organizacional Análise das organizações Tipologias de organizações Tipologia de Etzioni Teoria comportamental- behaviorismo Teoria motivacional Teoria dos dois fatores Teorias x e y Teoria dos sistemas Características da teoria de sistemas 4.1 4.1.1 4.1.2 4.1.3 4.1.4 4.1.5 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.2.5 4.2.6 4.2.7 4.2.8 4.2.9 4.2.10 4.2.11 4.2.12 4.3 4.3.1 4.3.2 4.3.3 4.34 4.3.4.1 4.4 4.5 4.6 4.7 4.8 4.8.1 101 101 102 103 104 106 106 108 108 108 109 109 109 110 110 110 111 111 111 112 113 114 115 117 119 120 120 122 123 124 126 Tipos de teorias de sistemas Teoria contingencial Principais premissas da teoria contingencial Ambiente como variável indenpendente Tipologia de ambientes Pesquisa de Joan Woodward sobre a tecnologia Tecnologia como variável independente Pesquisa de Lawrence e Lorsch sobre os ambientes Pesquisa de Chandler sobre estratégia e estrutura Pesquisa e Burns e Stalker sobre organizações Novas abordagens da administração Período Cartesiano e Newtoniano Período Sistêmica Período atual Administração participativa Administração empreendedora Reengenharia Benchmarking Visão holística Administração estratégica Resumo 4.8.2 4.9.1 4.9.2 4.9.3 4.9.4 4.9.5 4.9.6 4.9.7 4.9.8 4.9.9 4.10 4.11 4.12 4.13 4.14 4.15 4.16 4.17 4.18 4.19 4.20 128 129 130 131 132 134 135 136 137 137 139 139 140 140 142 142 143 143 146 146 147 EMENTA Conceito de administração. A história da administração. Evolução do pensamento e da teoria administrativa. Modelos organizacionais. Características, finalidades e funções das organizações. O processo ad- ministrativo. Novos paradigmas da administração do mundo globaliza- do. A administração e suas perspectivas. O papel da administração e do administrador nas organizações contemporâneas. Habilidades de administração. As tendências da administração. OBJETIVO Desenvolver a habilidade conceitual do discente visando à com- preensão da ciência da Administração. Apresentar a visão sistêmica das organizações, o papel do administrador nas organizações, bem como as funções da empresa, a fim de apresentar ao discente o campo da Administração, suas características, e a atuação profissional do gestor em qualquer organização. Contribuir no aprimoramento da compreensão das instituições, em especial a empresa, e analisar a visão sistêmica das organizações e seus processos (eficiência e eficácia). Apresentar o histórico da ad- ministração, conceitos e papéis do administrador, bem como suas hab- ilidades, para que o discente compreenda o campo de trabalho da Ad- ministração e suas características. Apresentar aos discentes não só as funções da empresa e o planejamento, mas também a organização quanto à direção e ao con- trole, que serão objetos de estudo durante todo o curso de Adminis- tração. INTRODUÇÃO Aprender a administrar no contexto atual é um desafio para todos os administradores. Para se ter êxito, é preciso desenvolver habilidades e competências cruciais, entender o contexto no qual a empresa está inserida e transformar conhecimentos em ação. A administração é muito importante para a gestão eficiente de uma organização. A administração data dos primórdios. Seus primeiros movimentos surgiram muito antes de ser cientificamente comprovada. Esse histórico resume-se desde o período pré-histórico, mais precisamente há 5.000 a.C, na Suméria, quando não se falava na palavra “negócio” ou “comér- cio” e quando os primeiros povos sumerianos que habitavam a terra exerciam práticas de trocas de produtos e serviços apenas para se sus- tentarem, ou seja, era uma forma organizada de se buscarem soluções para a sobrevivência. Para fundamentar, Chiavenato (2014, p. 27) afirma que Embora de maneira simples e improvisada, alguns princípios el- ementares de administração foram utilizados desde tempos ime- moriais para resolver problemas de organização do trabalho, [de] cidade e de pessoas. No Egito, Ptolomeu desenvolveu um sistema para a economia que dependia de uma administração pública estruturada para a opera- cionalização. Logo depois, na China, um novo sistema de governo foi implantado para o Império, a Constituição de Chow, a partir de princípi- os e de regras que orientavam a Administração Pública. Nesse processo evolutivo da administração, seguem as con- tribuições da Igreja Católica, dos militares, dos cientistas, dos profissio- nais liberais e dos pioneiros empreendedores. As práticas administrativas foram-se consolidando, de modo a favorecer o surgimento de novas abordagens da administração, e che- garam ao que temos hoje: umaadministração ampla, cientificamente comprovada e prática. Ser administrador é uma tarefa que exige múltiplos conhecimen- tos, habilidades e desafiadores papéis dentro das empresas e fora delas. O administrador precisa ser multidisciplinar e exercer várias funções; além disso, ser apto para elaboração de relatórios, de planos estratégi- cos e de ação, de projetos, de coordenação de pessoas e processos, entre outros. As escolas da administração que abordam as principais teorias da administração, desde o início do século XX até o momento, permitem trazer de forma cronológica os avanços que ocorreram nesse campo de atuação cada vez mais necessário às empresas. As teorias “Administração Científica” e “Administração Clássica” foram as pioneiras na abordagem das atividades operacionais dentro das fábricas: a preocupação era executar tarefas e trazer produtividade para as indústrias. Logo outras teorias passaram a surgir, de acordo com as lacunas encontradas naquelas, e as abordagens sobre a admin- istração foram além dos movimentos produtivos. As pessoas passaram a ser vistas como importantes para a administração e para a opera- cionalização das fábricas; ademais, as organizações começaram a ter estruturas básicas que norteavam os gestores e os funcionários. Por fim, houve a incessante preocupação com o ambiente externo e o foco no cliente por meio dos revolucionários conceitos da qualidade total. As últimas teorias dão conta que as organizações não funcionam por si só, que elas dependem de um grupo de componentes que ultrapassa as quatro paredes da empresa: estamos falando da vida que existe após as instalações da organização, trazendo novas variáveis que tornam as empresas um rico ambiente de estudos. 01 antecendentes históricos da administração A administração foi lentamente se consolidando por meio de ações e de reações de pessoas importantes de épocas bem distantes. A história da administração é um pouco oculta, tanto que poucas são as referências sobre o momento pré-histórico da administração; sabe- -se que ela contou com a contribuição de muita gente com diferentes papéis. Podemos citar alguns desses antecedentes a seguir. Influência dos Filósofos A filosofia sempre foi uma grande influenciadora da administra- ção. Os saberes filosóficos indicam-nos que quanto mais o tempo pas- sa, mais novos desdobramentos acontecem para sua administração. Durante os séculos que vão da Antiguidade ao início da Idade Moderna, a filosofia voltou-se para uma variedade de preocupações dis- tanciadas dos problemas administrativos. Chiavenato (2014, p. 32-33) discorre (p. 32-33) sobre os principais filósofos da administração: Sócrates (470-399 a.C) O filósofo grego, em discussão com Nicomaquides, expõe seu ponto de vista sobre administração como uma habilidade pessoal sepa- rada do conhecimento técnico e da experiência. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 12 https://davidarioch.com/wp-content/uploads/2017/06/9135166134_fe50ad0b19_h.jpg Acesso em: 29/08/2019 1.1 Platão (429-347 a.C) Filósofo grego, discípulo de Sócrates, analisou os problemas políticos e sociais decorrentes do desenvolvimento social e cultural do povo grego. Em sua obra “A República”, expõe a forma democrática de governo como a preferida na Administração dos negócios públicos. Aristóteles (384-322 a.C) Deu impulso inicial à filosofia, à cosmologia, à nosologia, à me- tafísica, à lógica e às ciências naturais, abrindo a perspectiva atual do conhecimento humano. Em política, versa sobre a organização do Es- tado e distingue três formas de administração pública: monarquia ou governo; aristocracia ou governo de uma elite; democracia ou governo do povo. (CHIAVENATO, 2014) Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 13 https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2016/07/arist%C3%B3teles_202409779.jpg Acesso em: 29/08/2019 https://www.benitopepe.com.br/wp-content/uploads/2009/08/doutrina-de-platao.jpg Acesso em: 29/08/2019 Thomas Hobbes (1588-1679) Filósofo político inglês que defende o governo absoluto em fun- ção da sua visão pessimista da humanidade. Na ausência do governo, os indivíduos tendem a viver em guerra permanente e em conflito inter- minável para obtenção dos meios de subsistência. Em sua obra “Levia- tã”, assinala que o povo renuncia a seus direitos naturais em favor de um governo que, investido do poder, a ele conferido, impõe a ordem, organiza a vida social e garante a paz. (CHIAVENATO, 2014) Jean Jaques Rousseau (1712-1778) Desenvolveu a teoria do contrato social: o Estado surge a partir de um acordo de vantagens. Contrato social é um acordo entre os mem- bros de uma sociedade, por meio do qual se reconhece a autoridade de um governo, o regime político ou o conjunto de leis ou de regras sobre todos de modo igual. Para Rousseau, o homem é bom e afável por na- tureza, e a vida em sociedade é que o deturpa. (CHIAVENATO, 2014) Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 14 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d8/Thomas_Hobbes_%28portrait%29.jpg Acesso em: 29/08/2019 Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) Teoria da origem econômica do Estado. O poder político e do Es- tado nada mais são do que o fruto da dominação econômica do homem pelo homem. O Estado vem a ser uma ordem coativa imposta por uma classe social exploradora. (CHIAVENATO, 2014) Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 15 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/b7/Jean-Jacques_Rousseau_%28painted_portrait%29.jpg Acesso em: 29/08/2019 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/Karl_Marx_001.jpg Acesso em: 29/08/2019 https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2017/04/friedrich-engels-378x450.jpg Acesso em: 29/08/2019 Influência da Igreja Católica Com a queda do Império Romano em 476 d.C, a Igreja Católi- ca Romana passou a ser a maior organização de sua época, segundo Chiavenato (2014, p. 33), que completa: “Através dos séculos, as normas administrativas e os princípios de administração públicas foram se transferindo das instituições dos estados (Atenas, Roma, etc) para as instituições da igreja católica e da organização militar” (CHIAVENATO, 2014, p. 33) No início do século XX, a Igreja Católica foi uma grande propul- sora da administração, e sua influência norteou o modo de reger a so- ciedade, trazendo, como maior contribuição, os princípios disciplinares e hierárquicos de autoridade. Era dita na sociedade como um estado maior, uma soberania. Até hoje, o modelo da Igreja Católica predomina nas organizações. Temos, como exemplo, a figura do Papa que passa- va seus comandos para os demais sacerdotes, bispos, arcebispos, etc., distribuindo os princípios para o mundo. Papa Cardeais Bispos e Arcebispos Padres e Párocos Abades Monges Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 16 1.2 Influência da Organização Militar Assim como a Igreja Católica, até hoje vemos os princípios da organização militar nas empresas. Ao folhear o livro “A Arte da Guerra”, versão contemporânea inspirado na obra primária de Sun Tzu que dis- corre sobre estratégias de como enfrentar e superar uma guerra. Também sobre estratégias de como enfrentar uma guerra, de acordo Chiavenato (2014, p. 34) Carl Von Clausewitz, grande e maior inspirador do pensamento estratégico versava sobre as guerras e seus princípios e de como os administradores deveriam enfrentá-las. Para ele a administração não poderia funcionar de forma intuitiva. Para tanto, a organização do exército teve grande responsabilidade pelo surgimen- to das teorias administrativas. Sua atuação foi focada em: Unidade de comando Considerado o cerne da organização militar orientava que cada subordinado obedecesse às regras de apenas um superior. Hierarquia Também adotada pela Igreja Católica, era praxe do exército a formaçãode autoridades e reponsabilidades, o que hoje chamamos de hierarquização da gestão estratégica - dos colaboradores que estão na linha de comando. À medida que o volume de operações militares aumenta, cresce também a necessidade de se delegar autoridade para os níveis mais baixos da organização militar. (CHIAVENATO, 2014, p. 34). Centralização e descentralização Com o passar do tempo foram surgindo outras necessidades e foi com a influência de Bonaparte que outros princípios foram surgindo. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 17 1.3 Com aumento das guerras houve a necessidade de pautar um planejamento e controle centralizados e operações descentralizadas, diz Chiavenato (2014, p.34) Princípio de direção Todo soldado deve saber perfeitamente o que se espera dele e aquilo que ele deve fazer, segundo Chiavenato (2014). Continua dizen- do na sua obra que “mesmo Napoleão Bonaparte, o general mais auto- crata da história militar, nunca deu uma ordem sem explicar seu objetivo e certificar-se de que havia sido compreendido corretamente. E conclui que Bonaparte estava convencido de que a obediência cega jamais leva a uma execução inteligente. Influência das Ciências As ciências também influenciaram o surgimento da administra- ção. Trê0s grandes cientistas foram responsáveis por esta contribuição, como explica Chiavenato (2014), discorre (texto original do autor). Francis Bacon Fundador da lógica moderna, baseada no método experimental e indutivo, mostra a preocupação prática de se separar experimentalmen- te o que é essencial do que é acidental ou acessório. Bacon antecipou- -se ao princípio conhecido como princípio da prevalência do principal sobre o acessório. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 18 encurtador.com.br/pxAD0 Acesso em: 29/08/2019 1.4 René Descartes De acordo Chiavenato (2014, p. 35) René é considerado o funda- dor da filosofia moderna criou as coordenadas cartesiana e deu impulso à matemática e à geometria da época. O método cartesiano, cujo prin- cípios são: Princípio da dúvida sistemática ou da evidência: não aceitar como verdadeira coisa alguma enquanto não se souber com evidência Princípio da análise ou decomposição: dividir e decompor cada dificuldade ou problemas em tantas partes possíveis e necessá- rias à sua compreensão e solução e resolvê-las separadamente. Princípio da síntese ou da composição: conduzir ordenada- mente o pensamento e o raciocínio começando pelos aspectos mais fá- ceis e simples de conhecer para passar gradualmente aos mais difíceis. Princípio da enumeração ou verificação: fazer verificações, recontagens e revisões para assegurar que nada foi omitido ou deixado de lado. O método cartesiano até hoje tem papel importante na adminis- tração. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 19 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/73/Frans_Hals_-_Portret_van_Ren%C3%A9_Descartes.jpg Acesso em: 29/08/2019 Galileu Galilei Considerado o pai da ciência moderna. Mostrou que muitos en- sinamentos de Aristóteles estavam errados. Partiu da observação de fatos isolados para estabelecer leis capazes de prever acontecimentos futuros e criou as condições para o surgimento da física newtoniana. Toda a ciência passou a funcionar dentro desse esquema. (CHIAVENA- TO, 2014, p. 35) Isaac Newton Considerado o cientista mais fluente da história. A tradicional físi- ca newtoniana trouxe forte tendência ao determinismo matemático e à exatidão na Administração. Para Newton, o mundo físico era um mundo ordenado, lógico e matematicamente previsível. (CHIAVENATO, 2014, p. 35) Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 20 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/3/39/GodfreyKneller-IsaacNewton-1689.jpga Acesso em: 29/08/2019 encurtador.com.br/lqL47 Acesso em: 29/08/2019 Influência da Revolução Industrial Primeira Revolução Industrial (1780 a 1860) Conhecida como a revolução do carvão e do ferro. Matérias pri- mas básicas das indústrias daquela época. Criou-se um mecanismo que permitia máquinas, trens e navios potencializarem a produção e transporte de mercadorias e matérias-primas. A primeira revolução industrial surgiu como uma bola de neve em aceleração crescente a partir do século XIX. A primeira revolução indus- trial passou por quatro fases. (CHIAVENATO, 2014, p. 36) 1ª fase: Teve avanço a mecanização da indústria por volta do final do século XVIII e foi inventada a máquina de fiar que substituía a força do homem e do animal. A máquina de fiar contribuiu para o au- mento da produtividade nas indústrias. 2ª fase: A força motriz foi aplicada às indústrias. O vapor passou a ser o principal agente de transformação nas máquinas industriais e po- tencialmente transformador, trouxe como consequência grandes trans- formações das oficinas (que se converteram em fábricas), nos transpor- tes, na comunicação e na agricultura. (CHIAVENATO, 2014, p. 36) 3ª fase: As fábricas começaram a se desenvolver ganhando lu- gar para a produção manufatureira. Os artesãos perderam postos para operários que passaram a trabalhar nas indústrias. A sociedade rural começou a se deslocar para a zona urbana em busca de emprego nas fábricas e usinas. 4ª fase: Período de grande relevância para a administração. Vá- rios experimentos foram colocados em prática. Houve aceleramento dos transportes e das comunicações. (CHIAVENATO, 2014, p. 36) Nessa época surgiram grandes invenções, como a navegação a vapor e seu aperfeiçoamento, o telégrafo elétrico, o selo postal Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 21 1.5 e o telefone. A partir da Primeira Revolução Industrial o mercado começou a ganhar escala, pois, já se envolvia grandes contribuições de inovação e tecnologia. Segunda Revolução Industrial (1860 – 1914) Conhecida como a revolução do aço e da eletricidade que pas- saram a substituir o ferro e o carvão como principal matéria prima dos espações fabris. De acordo Chiavenato (2014, p. 37), são características da se- gunda revolução industrial: 1. Substituição do ferro pelo aço como material industrial básico. 2. Substituição do vapor pela eletricidade e derivados do petróleo como fontes de energia. 3. Desenvolvimento da maquinaria automática e da especializa- ção do trabalhador. 4. Crescente domínio da indústria pela ciência. 5. Transformações radicais nos transportes e nas comunicações. 6. Desenvolvimento de novas formas de organização capitalista. 7. Expansão da industrialização desde a Europa até o Extremo Oriente. Influência dos Economistas liberais Já no final do século XVIII os economistas clássicos liberais tive- ram êxito em colocar suas teorias como verdades perante a sociedade. Eles analisavam os aspectos microeconômicos que norteava o ambien- te empresarial de forma empírica. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 22 1.6 Para Chiavenato (2014) “segundo o liberalismo, a vida econômi- ca deve se afastar da influência estatal”. Os três mais importantes economistas da história da administra- ção, segundo Chiavenato (2014, p. 39-40) são: Adam Smith Fundador da economia clássica. Sua ideia central era a competi- ção. Reforçando o papel do governo perante a sociedade, quando este deixa de agir em conformidade, o mercado supre. Além disso, antecipou as teorias de Taylor e Gilbreth, trazendo como fator riqueza para as indústrias, a divisão do trabalho, especialização das tarefas, do planeja- mento e da organização das funções dentro das empresas. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 23 https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2007/09/AdamSmith.jpg Acesso em: 29/08/2019 Karl Marx e Friedrich Engels Criaram o socialismo científico e o materialismo histórico. No livro escrito pelos dois “O Manifesto Comunista”, analisaram diversosregi- mes econômicos e sociais e o que chamamos até hoje de sociedade capitalista e afirma que “o Estado é um órgão a serviço da classe domi- nante, cabendo à classe operária lutar pela sua conquista implementar a ditadura do proletariado” (CHIAVENATO, 2014, p. 39). Logo depois surge o conceito de mais-valia – uma expressão da economia criada por Marx que consiste no processo de explorar a mão de obra assalariada, onde o lucro excedente do esforço humano adotado na produção fica para as organizações. Antecedentes históricos da Administração 01 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 24 https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d4/Karl_Marx_001.jpg Acesso em: 29/08/2019 https://www.infoescola.com/wp-content/uploads/2017/04/friedrich-engels-378x450.jpg Acesso em: 29/08/2019 02 ENTENDA A ADMINISTRAÇÃO objetivo de aprendizagem • Conteúdo, objeto de estudo e conceitos da administração, • As principais funções do administrador e suas variáveis. • O perfil do administrador atual • Como funciona o processo de mudança • Competências básicas e o perfil básico do administrador. • Os papéis do administrador • Antecedentes que foram responsáveis pelo surgimento da ad- ministração e seu processo evolucionário. Há várias abordagens e mudanças que foram acontecendo ao longo do tempo, desde os antecedentes às influências atuais. No que tange ao conceito, percebe-se que os autores têm visões diferencia- das, porém, chegam a conclusão de que administrar é atingir objetivos através de pessoas com uso adequado de recursos e utilização do planejamento, controle, direção e organização. CONTEÚDO E OBJETO DE ESTUDO A aplicação da administração é influenciada pelas mudanças no comportamento humano e na produção das indústrias, comércios, uni- versidades, hospitais ou qualquer outro tipo de organização. Para tanto, saber conviver com pessoas, provocando a coletividade e interpretar situações em cenários altamente complexos pode não ser uma tarefa tão simples como muitos pensam. Chiavenato (2014, p. 10), diz que “A Administração vem do latim, ad – que significa direção, tendên- cia para, e minister – que significa subordinação ou obediência e significa aquele que realiza uma função sob o comando de out- rem”, isto é, presta serviço para o outro”. Na mesma obra o autor afirma que administrar é o ato de traba- lhar com e por meio das pessoas para atingir resultados das organiza- ções e das pessoas (p. 11). Aduz-se que o objeto de estudo está rela- cionado às organizações e às pessoas que nela trabalham. As pessoas geralmente trabalham em empresas cujo perfil profissional é parecido com o seu, as mais otimistas procuram empresas otimistas, as mais conservadoras quase sempre laboram em empresas conservadoras. CONCEITOS O conceito de administração foi alterado ao longo do tempo e é interpretado de várias maneiras, por diversos autores: Vejamos a defini- ção, em ordem cronológica, na visão de alguns: RICHARD (1993) - “Alcançar objetivos organizacionais de ma- neira eficaz e eficiente graças ao planejamento, à organização, à liderança e ao controle dos recursos organizacionais. SAMUEL – (1994) - “Planejar, organizar, liderar e controlar o uso de recursos para alcançar objetivos de desempenho” Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 27 2.1 2.2 Tabela 4: Definição de Administração Com a complexidade e meio a tantas definições, Chiavenato (2014, p. 11) faz as interpretações sobre administração: • É um processo contínuo e sistêmico: consiste em planejar, or- ganizar, dirigir e controlar recursos e processos; refere-se também a multitarefa. • Envolve articulação e aplicação de vários conjuntos de recursos e competências organizacionais; MAXIMIANO (1997) - “A administração é o processo de to- mar e colocar em prática decisões sobre objetivos e utilização de recursos”. DRUCKER (2001) - “Administrar é aplicar o conhecimento à ação, uma vez que a administração transforma a informação em conhecimento e este em ação”. SILVA (2001) - “Administração é um conjunto de atividades dirigidas à utilização eficiente e eficaz de recursos, no sentido de alcançar um ou mais objetivos ou metas organizacionais” PATRICK e BRUCE (2003) - “Ato de trabalhar com o interme- diário de outras pessoas para realizar os objetivos da organi- zação, bem como de seus membros” Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 28 • Exige várias ações orientadas para alcançar objetivos por meio de diferentes pessoas e órgãos que trabalham conjunta e integralmente; • Envolve liderança e direcionamento de atividades executadas por todo o conjunto organizacional e em todos os níveis das organiza- ções. Chiavenato (2014, p. 12) conclui que: • Administração ocorre exclusivamente dentro das organi- zações: Toda organização precisa de uma administração, porém, cada uma atua de um jeito único baseado na sua estrutura singular. • Administração requer fazer as coisas por meio das pes- soas: O administrador precisa ter habilidade para ajudar as pessoas a realizarem as tarefas. Ele não é um executador de tarefas. Precisa dessas pessoas. • Administração requer lidar simultaneamente com situações múltiplas e complexas, muitas vezes inesperadas e potencialmen- te conflitantes: Precisa desenvolver habilidade de lidar com diversas situações em um processo integrado e articulado • O administrador deve continuamente localizar e aproveitar novas oportunidades de negócios: Ser empreendedor e buscar opor- tunidades onde quase ninguém vê. Estar continuamente aprendendo e desenvolvendo habilidades. • O administrador precisa saber reunir simultaneamente con- ceitos e ação: O administrador precisa ter o conhecimento e aplicá-lo simultaneamente. O entendimento do que é administração é individual, pois, esta- mos sempre administrando nossa vida pessoal e profissional e, para isso, é preciso alocar recursos para atingir metas da melhor forma pos- sível. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 29 Para Chiavenato (2014, p. 13) a Administração é muito mais do que o ato de fazer as coisas. Pode ser compreendida como arte, ciência e tecnologia: • Ciência: A administração é fundamentada em metodologias e teorias sobre os fatos, testada e experimentada na prática pelo homem. • Técnica (tecnologia): É a utilização de técnicas, ferramentas e metodologias baseadas na ciência para facilitar a vida do administrador. • Arte: A utilização da intuição e a leitura de cada situação para tomadas de decisões criativas e inovadoras. Figura 17: Administração como ciência, tecnologia e arte Fonte: (CHIAVENATO, 2014) Diante de tudo isso, como se definiria a administração? Ciência (análise metódica e sistematizada de fatos e evidências) Tecnologia (aplicação prática e metódica de princípios e teorias científicas) Arte (visão, intuição, abordagem criativa e inovadoras) Administração Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 30 FUNÇÕES BÁSICAS DO ADMINISTRADOR As funções básicas do administrador foram desenvolvidas logo no início da abordagem da administração, em especial nas teorias clás- sica e neoclássica, que estudaremos mais a frente. O administrador precisa desenvolver quatro funções básicas (PDCO – Planejar, Dirigir, Controlar e Organizar) de forma eficiente e eficaz. As funções básicas levariam o administrador à eficiência e eficácia. Na visão de Chiavenato (1994, p. 70), Eficácia é uma medida normativa do alcance dos resultados, en- quanto eficiência é uma medida normativa da utilização dos recur- sos nesse processo. (...) A eficiência é uma relação entre custos e benefícios. Assim, a eficiência está voltada para a melhor maneira pela qual as coisas devem ser feitas ou executadas (métodos), a fim de que os recursos sejam aplicados da forma mais racional possível (...) A eficácia e eficiência não necessariamente atuam juntas (mas é de grande estratégia que isso ocorra). Um processo pode ser eficaz e não ser eficiente.Veja: Durante os tradicionais 90 minutos de um jogo de futebol o artilheiro fez uma partida espetacular mesmo sem ter marcado algum gol. O jogador foi eficiente porque fez percursos corretos em campo, mas não foi eficaz, afinal, o gol, que seria o resultado, não saiu. Em outras palavras podemos dizer que a eficiência é um meio correto para realizar determinadas tarefas e a eficácia é o objetivo real alcançado. Voltando a falar sobre o PDCA entende-se como: Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 31 2.3 encurtador.com.br/bcdm8 Acesso em: 29/08/2019 Planejar O planejamento está presente no nosso cotidiano. Estamos sem- pre planejando uma viagem, comprar algum móvel ou imóvel, ter filhos, casar ou entrar na faculdade. Está relacionado a fixação de objetivos da empresa, a curto, médio e longo prazo. Para atingir esses objetivos, o planejamento deve contemplar as metas a serem alcançadas e todos os recursos necessários para che- gar até elas. O planejamento contribui para o direcionamento da organi- zação, porém, se for mal aplicado pode trazer problemas sérios. Outra vantagem de planejar é a possível previsão do futuro da or- ganização. Os fatores internos e externos que permeiam a organização devem ser levados em consideração na hora de elaborar/desenvolver o planejamento. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 32 Organizar Consiste em praticar o que foi planejado fazendo as suas devidas distribuições de tarefas e departamentos responsáveis. Com a organização o administrador pensa nos colaboradores, quem tem afinidade para exercer quais papeis. É importante que estes colaboradores sejam organizados, facil- itando o processo organizacional e trazendo resultados rápidos. Organizar também se refere a alocar de maneira correta os recur- sos disponibilizados no planejamento e minimizar esforços desnecessári- os. Isso faz com que a empresa ganhe mais tempo em produção e/ou comercialização sem prejudicar a entrega do produto final ao cliente e o comprometimento financeiro da organização. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 33 https://unsplash.com/photos/hCJgkGzHpqY Acesso em: 29/08/2019 https://unsplash.com/photos/K0c8ko3e6AA Acesso em: 29/08/2019 Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 34 Dirigir Dirigir está estreitamente ligado ao que denominamos hoje como liderar. O líder que ficará responsável pelos projetos ou atividades rotinei- ras tem um papel importante na hora de motivar e direcionar as pessoas ao resultado esperado através do cumprimento do planejamento. A má administração dos recursos humanos na implantação de projetos tem sido causa de insucesso de muitas empresas. É que as pessoas são seres pensantes, logo, são mutantes e multiculturais. A figura do líder nas organizações pode comprometer seus resultados se não tiver a competência de lidar com essa diversidade. Controlar O controle é a técnica de acompanhar o andamento das ações e projetos. Para isso, o administrador deve monitorar se os colaboradores estão desempenhando bem as atividades que lhe foram atribuídas e identificar se os indicadores de produção estão sendo desempenhados. O controle está muito relacionada a observar se as “peças” es- tão sendo montadas corretamente, ou seja, o uso adequado e quan- tidade necessária de materiais, se o método de execução está sendo eficiente para exercer as atividades e o desempenho de cada colabora- dor naquela atividade ou função. Do que adiantaria elaborar um projeto, fazer seu planejamento, organizar procedimentos e dirigir as pessoas se o administrador perder o controle de tudo? Seria um desperdício de tempo e energia. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 35 https://unsplash.com/photos/unRkg2jH1j0 Acesso em: 29/08/2019 Planejar Definir objetivos, metas e estratégias Organizar Definir o que fazer e como fazer. Dar atribuições Controlar Acompanhar. Ver o desempenho Dirigir Liderar e motivar pessoas Ideias Resultados Pessoas Coisas Figura 22: Funções básicas da Administração. HABILIDADES FUNDAMENTAIS DO ADMINISTRADOR Enquanto um químico ou um físico são considerados profissio- nais porque passaram em um teste de conhecimento, acerca de suas profissões, o mesmo não acontece com o administrador. (Chiavenato, 2014, p. 9 apud Levitt). Na mesma obra o autor reforça que apenas o conhecimento não torna um profissional administrador, mas também pela forma de agir e como ele desenvolve suas habilidades. O administrador de sucesso precisa desenvolver três habilidades fundamentais, quais sejam: Habilidades técnicas São aquelas habilidades que usamos para manusear determi- nado processo, ferramenta ou atividade que envolvem o uso de conhe- cimentos especializados (CHIAVENATO, 2014, p. 3). Devemos, como profissionais, ser especialistas naquilo que nos propomos a fazer, co- nhecer a fundo sobre cada processo a ser realizado no serviço, ter do- mínio de conhecimento e causa. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 36 2.4 O administrador deve se dedicar na sua área de competência para que os afazeres sejam verdadeiramente pertinentes. Durante a carreira é recomendável que o administrador entenda um pouco de cada área que cerca o cenário organizacional. Se há convicção de que se sabe realizar determinada função, atividade ou projeto, com certeza a segurança é maior na hora de abrir um empreendimento ou de se comprometer em gerenciar o empreendimento de outros. Chiavenato (2000, p. 3) conclui que é importante o administrador ser especialista em utilizar conhecimentos, técnicas e equipamentos necessários para o desempenho de tarefas específicas por meio da ex- periência e educação. Neste sentido, a habilidade técnica é muito importante para o nível operacional. Habilidades humanas É o ato de trabalhar com e para pessoas. Para desenvolver bem esta habilidade, o administrador precisa possuir boa relação interpesso- al e compreender como as pessoas se comportam, inclusive perceber suas diferenças. “O sucesso do administrador depende muito mais de como ele sabe lidar com as pessoas e com as situações, do que com o que ele sabe efetivamente”. (CHIAVENATO, 2014, p. 3). A organização tem como uma das premissas trabalhar com pes- soas. O líder, por sua vez, é o grande maestro de uma organização, ele é capaz de conduzir seus liderados aos resultados da empresa e criar uma inter-relação e provocar grandes mudanças dentro e fora dela. Entender a importância e trabalhar em grupo é uma habilidade importante para quem quer negócios sustentáveis. Essa mobilização grupal, que começou desde o início dos estudos teóricos científicos da administração faz com que a empresa alcance resultados muitos mais rápidos. Quem está à frente de uma organização, na condição de geren- te, coordenador, administrador, precisa desenvolver o trabalho humano. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 37 Habilidades conceituais Outro grande desafio e que faz parte do tripé de habilidades bá- sicas da administração, desenhado por Katz (1955) é entender as si- tuações nas quais as organizações se encaixam e se correlacionam. Pensar sobre as situações e diagnosticá-las para ter embasamento nas tomadas de decisões. A habilidade conceitual está muito ligada à visão, missão, valores e estratégias gerais da organização. São os atributos que dão norte à instituição e define toda sua forma de funcionamento. São os atributos que dão norte à instituição e define toda sua forma de funcionamento. Dá-se quando o administrador pensa no futuro e identifica as possibili- dades. Segundo Chiavenato (2014, p. 3) “à medida em que um profis- sional faz carreira e sobe na organização, ele precisa, cada vez mais, desenvolver suas habilidades conceituais para não limitar sua emprega- bilidade”. Numa empresa de estrutura linear esta habilidade está muito clara a presença do presidente ou dono de umaempresa, cujo papel principal é planejar e executar ações voltadas ao melhor funcionamento organizacional. Geralmente é ele quem identifica oportunidades e ame- aças e consegue fazer uma ligação das ferramentas internas e externas da organização, além de mensurar e trabalhar em cima da missão da organização. A aplicação das três habilidades garante o sucesso do adminis- trador nas empresas. Se ele sobe de cargo, diminui o nível técnico e aumenta o poder de decisão. A teoria geral da administração se preocupa em desenvolver as habilidades conceituais não deixando para trás as técnicas, mas dá ên- fase às conceituais (CHIAVENATO, 2014, p. 3). Isso porque as empre- sas têm necessidade de serem planejadas e projetadas para diagnos- ticar situações mais complexas e buscar soluções inovadoras. A inova- ção é o principal desafio, conclui o autor. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 38 A medida que o tempo passa, os administradores se compro- metem em desenvolver novas habilidades e se adaptam às reações do ambiente externo que norteiam as organizações. COMPETÊNCIAS FUNDAMENTAIS DO ADMINISTRADOR Diante de todos esses desafios, o administrador para ser bem- -sucedido, precisa desenvolver quatro competências duráveis (CHIA- VENATO, 2014, p. 4). São elas: Conhecimento Conhecimento é todo o acervo de informações, conceitos, ideias, experiências e aprendizagens que o administrador possui a respeito de sua especialidade (CHIAVENATO, 2014). Figura 27: As três habilidades do administrador definidas por Katz (1955) e reforçadas por Chiavenato (2014) Nível Institucional Nível Intermediário Nível Operacional Alta Direção Gerência Supervisão Habilidades Humanas (relacionamento interpessoal) Habilidades conceituais (Ideias e conceitos abstratos) Habilidades técnicas (manuseio de coisas físicas) Fazer e executarExecução das operações Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 39 2.5 Conhecer a empresa, seus processos de fabricação, a forma de atender e entender colaboradores, conhecer cada etapa no desenvolvi- mento de produtos e suas particularidades. Entender ao máximo sobre as situações que ligam a empresa é uma das habilidades do adminis- trador. O autor chama a atenção que “As empresas estão repletas de profissionais com excelentes cur- rículos e um enorme cabedal e conhecimentos mas que não são capazes de transformar sua bagagem pessoal em contribuições efetivas ao negócio”. (CHIAVENATO, 2014, p. 3). Pensando dessa forma, não adianta muita coisa termos o conhe- cimento se não aplicamos à empresa. Perspectiva Apenas obter os melhores conhecimentos de qualquer situação não basta. Outra competência que deve ser complementar, não isolada, é a capacidade de colocar os conhecimentos em prática. O que chama- mos de “fazer acontecer”. Com efeito, perspectiva “é a capacidade de colocar o conheci- mento em ação, saber transformar a teoria em prática e aplicar o co- nhecimento na análise das situações e solução dos problemas e na condução do negócio”. (CHIAVENATO, 2014, p. 5) É exercendo essa competência que o administrador traz ideias inovadoras para as empresas e se destacam como profissionais proati- vos, por decidir e por criar soluções próprias para realizar suas tarefas. Na realidade, a perspectiva é a condição pessoal que torna o adminis- trador capaz de diagnosticar situações e propor soluções criativas e inovadoras. (CHIAVENATO, 2014, p. 5). Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 40 julgamento É de inteira responsabilidade das organizações tomarem medi- das preventivas e/ou corretivas em situações demandadas; nisso entra a capacidade de avaliar o que deve ou que não deve ser implantado na organização. O administrador precisa analisar e avaliar a situação com clareza, obter informações suficientes para julgar os fatos com espírito crítico, ponderar e definir prioridades (CHIAVENATO, 2014, p. 5). O au- tor conclui que isso é fundamental para tomada de decisões. atitude Para Chiavenato (2014, p. 5), a atitude é a competência que “re- presenta o estilo pessoal de fazer as coisas acontecerem, a maneira de liderar, motivar, comunicar e levar as coisas para a frente”. Trata-se de ter iniciativa para resolver problemas ou adotar novas estratégias. Ir em busca dos melhores projetos, das melhores propostas, colocar-se no mercado para analisar concorrentes, buscar oportunidades, são alguns dos fatores que devem compor a atuação dos administradores. “É esta competência durável que transforma o administrador em um agente de mudança nas empresas e nas organizações, e não sim- plesmente um agente de conservação e manutenção de status quo”. (CHIAVENATO, 2014, p. 5) Conhecimento Perspectiva Saber Know-how Aprender a aprender Aprender continuamente Amplia conhecimento Transmitir conhecimento Compartilhar conhecimento Saber fazer Aplicar o conhecimento Visão global e sistêmica Resolver problemas Saber fazer bem Trabalhar com os outros Proporcionar soluções Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 41 Sem essas competências se torna difícil ao administrador execu- tar suas funções de forma satisfatória. Concluímos que as novas com- petências que vão surgindo na vida do profissional devem ser comple- mentos das competências antigas. Papéis do administrador O administrador – gerente, diretor, coordenador ou líder – exerce funções dentro da organização que estão ligadas à forma como esses administradores se comportam enquanto representantes da empresa. De acordo Chiavenato (2014, p. 7 apud MINTZBERG, 2009, p. 12), es- ses comportamentos são denominados “papéis” do administrador. O administrador destaca-se nas organizações pelos diversos papéis que compõem no mundo dos negócios. São papéis não tão fáceis de exercer, porém exigem muita disci- plina e flexibilidade para compreender seus efeitos nas pessoas dentro das organizações; de fato, seus recursos devem ser utilizados e devem ser adequadas as crenças empresariais ao comportamento do ambien- te externo. Figura 28: Competências duráveis do administrador Fonte: (CHIAVENATO, 2014) Julgamento Atitude Saber analisar Avaliar situações Obter dados Espírito crítico Julgar os fatos Ponderar com equilíbrio Definir prioridades Saber fazer acontecer Atitude empreendedora Criatividade e inovação Agente de mudança Iniciativa e riscos Foco em resultados Autorrealização Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 42 2.6 O administrador deve ter pleno domínio de sua língua pátria e conhecer outros idiomas necessários ao bom relacionamento organiza- cional. Chiavenato (2014, p. 7 apud MINTZBERG, 2009) discorre sobre os seguintes papéis: os interpessoais, os informacionais e os deciso- riais. Quanto aos papéis interpessoais, o administrador mantém redes (contatos com pessoas) dentro e fora da organização e estabelece a comunicação entre elas, estabelecendo um intercâmbio de interesses comuns. O administrador é visto pela sociedade como a pessoa que re- presenta a empresa e sempre é lembrado e simbolizado como um re- presentante; além disso, tem o papel de promover a coletividade dentro da empresa. O papel interpessoal “mostra como o administrador inte- rage com as pessoas e influência seus subordinados”. (CHIAVENATO, 2014, p. 7) Tabela 1: papéis informacionais do administrador Adaptado de Chiavenato (2014). Categorias Interpessoal AtividadesPapeis Representação Liderança Ligação Assume deveres cerimoniais e simbólicos, representa a organização, acompanha visitantes e assina documentos legais Dirige e motiva as pessoas, treina, aconcelha, orienta e se comunica com os outros subordinados Mantém redes de comunicação dentro e fora da organização, usa malotes, telefonemas e reuniões Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 43 Quanto aos papéis informacionais, trata-se de um papel tão im- portante quanto os demais. O administrador encarrega-se de acompa- nhar e de fazera gestão do fluxo de informações que circulam nas or- ganizações. É papel do administrador coletar, avaliar e disseminar as informa- ções pertinentes aos fornecedores, aos clientes, aos parceiros, dentre outros. Para Chiavenato (2014, p. 7), um administrador no nível insti- tucional passa cerca de 75% do seu tempo trocando informações com outras pessoas, dentro e fora das organizações. O administrador tem, portanto, o perfil de ser um o porta-voz da organização. Tabela 2: papéis informacionais do administrador Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014) Quanto aos papéis decisoriais, trata-se do papel de inovar nos empreendimentos, aplicar novas tecnologias nos produtos ou proces- sos, além de se estar a postos para resolver conflitos, alocar os recur- sos (materiais, humanos, tecnológicos e financeiros). Categorias Informacional AtividadesPapeis Monitoração Disseminação Porta-voz Manda e recebe informação, lê revistas e relatórios e mantém contatos pessoais Envia informação para os membros de outras organizações, envia memorandos e relatórios, telefonemas e contatos Transmite informações para pessoas de fora por meio de conversas, relatórios e memorandos Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 44 Esse papel existe para auxiliar o profissional na solução de pro- blemas; por isso nem todo mundo se sente apto a exercer o cargo. O papel decisório “envolve eventos e situações em que o administrador deve fazer uma escolha”. (CHAVENATO, 2014, p. 7) Nesse sentido, uma habilidade imprescindível dos administradores na organização é o de negociação. Constantemente os administradores estão negociando na compra e venda de produtos, na aquisição de matérias-primas e em quaisquer outros produtos e serviços. Tabela 3: papéis decisoriais do administrador Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014) Para Lacombe e Heilborn (2008, p. 3), o administrador de suces- so é capaz de: obter resultados por meio de pessoas: como estamos na era da informação, em que muitos conhecimentos chegam rapidamente às organizações, obrigando-as na restruturação de sua gestão, as pesso- as obtêm conhecimentos múltiplos e diversificados. Nesse quesito, o desafio do administrador é fazer com que os colaboradores trabalhem em prol da organização e garantam a produtividade. Categorias Decisorial AtividadesPapeis Empreendimentos Resolução de conflitos Alocação de recursos Inicia projetos, identifica novas ideias, assume riscos, delega responsabilidade de ideias para outros Toma ação corretiva em disputas ou crises, resolve conflitos entre subordinados, adapta o grupo a crises e mudanças Decide a quem atribuir recursos. Programa, orça e estabelece prioridades Representa interesses das organizações em negociações com sindicatos, em vendas, compras ou financiamentos Negociação Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 45 É preciso juntar o conhecimento individual de cada colaborador para atingir o objetivo e, então, mobilizar a equipe para trabalhar em con- junto e trazer resultados reais. O administrador que atua em qualquer posição dentro uma organização (gerente, coordenador, chefe, diretor, etc.) deve fazer com que os resultados sejam proveitosos atendendo às expectativas da empresa. Esses resultados podem ser dois, a saber: • resultado econômico: consiste em trazer lucro para a empre- sa ou para si próprio. Refere-se ao crescimento e desenvolvimento fi- nanceiro; • resultados não econômico: consiste na satisfação dos clien- tes, em como a empresa é reconhecida no mercado, no crescimento organizacional, no desenvolvimento da imagem empresarial e na credi- bilidade perante a sociedade; ter bom senso: de acordo o dicionário (Aurélio,2016) bom sen- so significa equilíbrio nas decisões ou nos julgamentos em cada situa- ção que se apresenta. Apesar das técnicas utilizadas e comprovadas da administração, o bom senso faz parte e é influenciado pelas habilidades e pelos conhecimentos do administrador na hora de tomar decisões e de analisar determinadas situações. Para desenvolver o bom senso, é importante conhecer bem a equipe, desenvolver habilidades para lidar com elas e ter responsabilidades diante dos fatos; ter conhecimentos genéricos: o administrador que deseja al- cançar um nível maior na empresa em que labora precisa conhecer diversas áreas e diversos tipos de funções dentro da organização. Em outras palavras, ele tem que entender de marketing, de recursos hu- manos, de contabilidade, de finanças, de logística, entre outros; além do mais, é muito importante que ele saiba um pouco de Psicologia, So- ciologia, Filosofia, Direito, etc. O desafio vai além do ambiente local: o administrador contemporâneo tem que saber no mínimo uma ou duas línguas estrangeiras: no mercado globalizado é inevitável o contato com negócios e com pessoas de outras nações. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 46 Perfil do profissional administrador Faz parte dos processos seletivos nas organizações a contrata- ção adequada dos funcionários para ocupar os cargos, principalmente os de níveis mais altos. Com base em Lacombe e Heilborn (2008, p. 5), que utilizaram fontes do Ministério da Educação, o profissional que deseja ocupar a função de administrador deve ter os seguintes perfis básicos: • capacidade de adotar os princípios da ética, da justiça e da res- ponsabilidade social; • ter formação focada nas relações humanas e visão global; • formação técnica e científica para poder exercer as atividades específicas; • desenvolver competências empreendedoras, transformando conhecimento em ação e antecipando decisões; • capacidade de administrar e conviver com pessoas diversifica- das; • capacidade para compreender o autoconhecimento e a busca constante pelo conhecimento. Para tanto, é necessário também ter as seguintes habilidades: • comunicação e expressão; • raciocínio lógico, crítico e analítico; • visão sistêmica e estratégica; • criatividade e iniciativa; • negociação; • tomadas de decisão; Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 47 2.7 • liderança; • trabalho em equipe. A experiência na vida do administrador é outro fator que traz di- versas observações. O preparo dos funcionários para exercer as ativida- des é tão importante que a maioria das grandes corporações oferecem treinamentos e capacitações constantes para sua força de trabalho. Podemos perceber dois tipos de experiências nos administrado- res, a saber: • Profissional especialista: sabe muito de pouca coisa. São administradores profissionais que aprendem a exercer apenas uma ou poucas atividades. O conhecimento sobre essas atividades é profundo; • Profissional generalista: sabe um pouco de cada campo. Com a capacidade de visão global, o administrador tem um básico entendi- mento de todos os campos que permeiam as organizações, no ambien- te interno e externo. Ele não precisar saber apertar um parafuso com precisão, pois existe um profissional específico para isso, mas ele en- tende de forma gerencial as características e a funcionalidade de como trabalhar com parafusos, por exemplo, para intervir quando necessário. “Especialista é o que sabe cada vez mais sobre cada vez menos. Generalista é o que sabe cada vez menos sobre cada vez mais” (LA- COMBE E HEILBORN, 2008, p. 6) Essas reflexões sobre as experiên- cias do administrador ressaltadas pelo autor estendem-se para o campo profissional e para o campo pessoal. De outra forma, o administrador deve ter boa experiência de vida e também uma bagagem de mercado; além disso, o fato de o administrador generalista ter mais posição no mundo globalizado não quer dizer que ele não deva ser especialista em alguma área. Para esse profissional que almeja um cargo diferenciado nas empresas, é exigido que, com essas experiências e conhecimentos ao longo da vida, ele tenha um perfil prático. É preciso entender que a busca pela experiência deve ser incessante. Entenda aAdministração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 48 A partir desse pensamento Lacombe diz que “administração é para toda uma vida”. As variáveis da administração Há mais de um século, a administração vem sendo estudada por diversos autores com variados focos centrais de estudo. O que estimula essas abordagens organizacionais são algumas influências ou variáveis que se destacam a cada período. A variável da administração refere-se às causas que remodelam os negócios durante um determinado período. No início do século XX, por exemplo, e com todas aquelas movimentações industriais, a variável da administração era a tarefa, ou seja, os estudos e os ensinamentos nos ambientes fabris eram evidenciados não só pela distribuição e pela especificação das tarefas dos colaboradores, mas também por como se tornariam produtivas para as indústrias. Na contemporaneidade, a variável da administração hoje é a competitividade, em que os negócios estão totalmente instáveis e o en- foque passa a ser a busca pela superação e a conquista por posição no mercado em relação ao concorrente. Para garantir essa competiti- vidade, os administradores investem na satisfação dos consumidores, definida na qualidade de produtos e serviços. O que era bom ontem para os clientes já não é hoje. Novos atri- butos são necessários para adquirir qualidade. Para Chiavenato (2014, p. 14), o conteúdo do estudo da admi- nistração varia de acordo com a teoria ou com a escola considerada. Estudaremos cada uma das teorias: todas elas são importantes, e ne- nhuma substitui a outra. As teorias surgem para complementar ideias e experimentos das anteriores. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 49 2.8 Em um período de pouco mais de um século, o estudo da admi- nistração foi-se transformando, e tudo indica que esse fenômeno sem- pre aconteça à medida que novos comportamentos sejam notados nas indústrias e comércios. As variáveis responsáveis pela evolução das teorias administrati- vas, segundo Chiavenato (2014, p. 14), são as seguintes: • Tarefas: análise das tarefas para melhorar o processo produti- vo por meio da racionalização do trabalho (teoria: Administração Cien- tífica); • Estrutura: foco na estrutura organizacional, ou seja, na arru- mação das pessoas e suas funções dentro da empresa (teoria: Teoria Estruturalista); • Pessoas: as pessoas passaram a ser foco de estudo. Surgem os conceitos de motivação, de liderança, de organização informal – re- lacionamento e comportamento grupal dentro das empresas (teoria: Te- oria das Relações Humanas, Teoria Comportamental); • Ambiente: análise do sistema aberto. Não existe uma forma de gestão para todas as empresas. A estrutura delas depende das circuns- tâncias ambientais que a circulam (teoria: Teoria Estruturalista, e Teoria da Contingência); • Tecnologia: saber lidar e extrair o máximo de resultados dentro das organizações por meio da tecnologia. (teoria: Teoria dos Sistemas); • Competitividade: complexidade das organizações e o caos em que elas vivem. A sobrevivência perante os concorrentes, inclusive com os conceitos de aprendizagem organizacional e capital intelectual (teo- ria: Novas Abordagens). Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 50 O gráfico anterior mostra como as variáveis se interligam, criando uma interdependência. Cada uma dessas seis variáveis - tarefas, estrutura, pessoa, ambi- ente, tecnologia e competitividade – provocou, ao seu tempo, uma diferente teoria administrativa, marcando um gradativo passo na Teoria Geral da Administração. (CHIAVENATO, 2014, p. 14) A junção dessas variáveis funciona e traz impactos na forma de produzir e comercializar. Perspectiva da administração Segundo Chiavenato (2014, p. 17), nos próximos anos, o mundo verá o fim da forma organizacional de hoje (a organização burocrática que ainda predomina em muitas organizações). Figura 32: Variáveis da organização Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014) Competitividade Tecnologia Pessoas AmbienteEstrutura Tarefas Organização Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 51 2.9 Já é possível imaginar este novo cenário mercadológico, total- mente inovador, mas veloz, dinâmico e altamente tecnológico. Causas de enfraquecimento das organizações O modelo atual, principalmente com predominância burocrática, irá enfraquecer-se por algumas razões. Segundo Chiavenato (2014, p.17), são elas: a) o crescimento em tamanho das organizações que se tornam complexas e internacionais. b) as mudanças nas organizações estão acontecendo de forma rápida e há crescimento populacional. Atender a essa população está sendo um desafio. As empresas nem sempre estão preparadas para este fenômeno. c) as atividades administrativas exigem competências diversas envolvendo problemas de coordenação e acompanhamento das mu- danças. Os problemas serão cada vez mais complexos. Fatores de grande impacto nas organizações Na mesma obra, Chiavenato (2014, p.18) define os fatores que vão impactar as organizações nos próximos anos: a) crescimento das organizações: aumento no tamanho e na ex- pansão. As organizações irão internacionalizar-se cada vez mais; b) concorrência mais aguda: produtos melhores, busca de novos mercados, novas tecnologias, etc.; enquanto o mercado aumenta, au- menta também a concorrência; Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 52 c) sofisticação da tecnologia: com o avanço tecnológico, as orga- nizações estão internacionalizando suas operações e atividades a todo vapor. A tecnologia será mais precisa e será introduzida nos novos pro- cessos e novos instrumentos que causarão impactos sobre a estrutura e sobre os comportamentos das empresas; d) taxas elevadas de inflação: inflação alta, maior custo de mão de obra, matérias-primas demais, custos de produção, imposição de novas pressões e ameaças no mercado financeiro; e) globalização e negócios internacionais: maior esforço para ex- portação – as empresas vão investir pesado no mercado exterior; f) visibilidade maior das organizações: maior necessidade de chamar a atenção da sociedade. A empresa precisará investir na positi- vidade da sua imagem. A administração do futuro O futuro será muito preocupante para os administradores tradi- cionais. Para fundamentar essa ideia, Chiavenato (2014, p.19) discorre sobre as megatendências revolucionárias do mercado: 1. A sociedade deixará de ser industrial para ser sociedade da informação: mudança definitiva da era industrial, dando lugar à in- formação, que será o elemento mais estratégico das empresas. Esta- mos a caminho da era pós-industrial; 2. Haverá transação da simples tecnologia para a tecnologia sofisticada: as tecnologias que irão surgir serão totalmente novas, não apenas uma melhoria das que temos hoje. Novos negócios com novos formatos irão impactar o mercado; Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 53 2.10 3. Da economia nacional para a economia mundial: as orga- nizações não terão mais limites de localização. O mundo será um mer- cado muito mais unificado, globalizado. O administrador terá o papel de desenvolver produtos altamente desejáveis. Haverá maior investimento em P&D – Pesquisa e Desenvolvimento; 4. Planejamento sairá do curto para longo prazo: será neces- sária visão de futuro, pensamento a longo prazo, que é evidenciado pelos japoneses. O administrador não poderá planejar apenas para o próximo mês ou trimestre. O plano de longo prazo norteará as ações cotidianas. Haverá maior enfoque no perfil do profissional com habilida- de conceitual; 5. Da democracia representativa para a participativa: as orga- nizações não deverão apenas palestrar sobre democracia. Será mesmo necessário exercê-la. Isso significa que as organizações serão cada vez mais colaborativas. A gestão será participativa; 6. Mudanças da hierarquia para a comunicação lateral inten- siva: a hierarquia dará lugar às redes informais. Esse fenômenoserá uma grande contribuição da prática da democracia dentro das organi- zações; 7. Sairá da opção dial para a opção múltipla: os administra- dores não se limitarão a tomar decisões baseadas em duas premissas – isso ou aquilo, sim ou não. O sistema será aberto. Eles terão natu- ralmente várias opções para decidir, sempre com muitas alternativas diante das situações; 8. Da centralização para a descentralização: as decisões den- tro do ambiente empresarial serão descentralizadas, mas não é só isso. Elas em si se deslocarão fisicamente para outros lugares. Algumas ins- tituições como bancos já se instalam em periferias, por exemplo. Isso tudo aumenta o nível de imprevisibilidade e incerteza na gestão, e o ambiente externo tende a influenciar muito mais nas organizações; Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 54 9. Mudança da ajuda institucional para a autoajuda: as pes- soas estão mudando de postura em relação à aprendizagem. Elas não buscam essa responsabilidade nas organizações. Procuram aprender sozinhas para se tornarem sustentáveis e opcionais em buscar outras oportunidades. Esse fator influencia o empreendedorismo. Tabela 4: administração do futuro Fonte: Chiavenato (2014) De Para Alteração Sociedade Industrial Tecnologia simples Economia nacional Curto prazo Democracia representativa Opção dual ou binária Ajuda institucional Autoajuda Centralização Descentralização Opção múltipla Visão sistêmica e contingencial Incerteza e imprevisibilidade Autonomia e serviços diferenciados Hierarquia Democracia participativa Comunicação lateral Democratização empowerment Pluralismo e participação Economia mundial Longo prazo Visão de negócio e futuro Sociedade da informação Inovação e mudança Maior eficiência Globalização e competitividade Tecnologia sofisticada Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 55 O que se espera da Administração nos próximos anos? Como será a forma de administrar grandes indústrias e pequenos negócios? Talvez não tenhamos uma resposta concreta, mas sabemos que o ob- jetivo da Administração é gerar lucros para as empresas por meio de pessoas e com pessoas. Estamos vivendo em um caos de mudanças significativas, e a Administração vem sendo considerada a principal chave para a solução dos mais graves problemas que atualmente afligem o mundo moderno. Por essa compreensão, a forma de administrar fará toda a diferença tanto nos negócios tradicionais, quanto os mais inovadores, nos conso- lidados e nos emergentes. Um grande desafio para a administração será o trabalho coletivo: essa interdependência das empresas com as outras e com as pessoas. Chiavenato (2014, p. 9) conclui que “na sociedade atual predominam as organizações, e o esforço cooperativo do homem é a base funda- mental para a sociedade”; ademais afirma que “o avanço tecnológico e o conhecimento humano serão estendidos e nortearão os próximos passos da Administração, e fica evidente a Administração como meio de resolver as coisas através de pessoas”. O autor reafirma que o papel do administrador é comum a todos os administradores, sejam eles de nível mais elevado, sejam eles de menos elevados, de empresas de qualquer porte ou seguimento. Entenda a Administração 02 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 56 03 início às teoriasda administração objetivo de aprendizagem • teoria da administração científica: primeira e segunda fase; • teoria clássica; • teoria das relações humanas; • decorrências das relações humanas; • os 14 princípios de fayol; • diferenças e ligações entre as três teorias: cientifica, clássica e relações humanas. • Antecedentes que foram responsáveis pelo surgimento da ad- ministração e seu processo evolucionário. As teorias da administração correspondem ao maior acervo histórico da administração. A cada teoria posta no mercado, outras no- vas originam-se. Os problemas não abordados na teoria cientifica servi- ram para o surgimento da clássica, que, por sua vez, também deu lugar à teoria de relações humanas. Até aqui, o objetivo das organizações não era as pessoas como destaque: as indústrias queriam mesmo pro- duzir e chegar ao nível máximo de eficiência. Teoria da administração Com o passar dos anos, a administração foi evoluindo junto à civilização humana, podendo ser detectada em várias culturas, como, por exemplo, no Egito antigo, onde Ptolomeu planejou um sistema eco- nômico que não poderia ser gerenciado sem uma administração pú- blica, ou, na China, em que se vê um esforço para definir as bases de uma administração pública na constituição Chow, idealizada pelo pró- prio Confúcio e constituída de 8 princípios conforme os quais se deveria governar, quais sejam: a) o alimento; b) o mercado; c) os ritos; d) o Ministério do Emprego; e) o Ministério da Educação; f) a administração da justiça; g) a recepção dos hóspedes; h) o exército. Além desses exemplos supracitados, é possível enxergar a im- portância da administração em várias instituições importantes, como para o exército romano e para a igreja católica, que utilizavam a ad- ministração à sua própria maneira, mas sem esforços ou estudos para aprofundá-la e melhorá-la. James Watt, em 1766, contribuiu para a melhoria da máquina a vapor, intensificando sua aplicação no processo fabril, desenvolvendo a industrialização, dando surgimento a novas empresas, aumentando a concorrência e a busca por lucros e por resultados maiores , exigindo Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 59 3.1 uma administração organizada sem espaços para erros e impro- visos. Foi durante esse período que a administração deu um salto em importância, momento em que surgiu também a teoria científica que abriu espaço para o estudo da administração como ciência, trocando o empirismo por métodos científicos. É fácil perceber que as organizações primitivas tinham caracte- rísticas muito diferenciadas das que são consideradas modernas. Anti- gamente, a forma estrutural das empresas seguia parâmetros influen- ciados por poucas variáveis, ou seja, elas não mudavam tanto e não sofriam tanto a interferência externa quanto as de hoje. À medida que o mundo evolui, a administração também evolui dentro da organiza- ção por consequências dessas variáveis (tecnologias, competitividades, etc.). Entendemos que compreender, processar, analisar essas variá- veis e transformá-las em resultados têm sido uma tarefa difícil que faz parte do cotidiano dos profissionais que, segundo Chiavenato (2014), não conseguem acompanhar essas interferências pela dinâmica e pela velocidade dos acontecimentos. As escolas científicas servem como referência e instrumento científico para consolidarem a administração, e são essas escolas que estudaremos a seguir. Teoria científica da administração A escola científica de administração foi iniciada pelo engenheiro americano Frederick W. Taylor entre o fim do século XIX e o início do século XX. Tem esse nome porque busca utilizar métodos científicos de mensuração e de observação para melhorar o sistema e resolver os problemas no modelo de administração da época, dentre eles a falta de padronização dos métodos de trabalho, o desconhecimento por parte Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 60 3.2 dos administradores do trabalho dos operários, a vadiagem pro- posital de alguns operários e a forma de remuneração utilizada nas em- presas da época. A administração científica pode ser dividida em duas etapas cru- ciais. Quanto à primeira fase, esta refere-se ao período após o lança- mento do primeiro livro de Taylor, intitulado “Shop Management”, em que o autor decompõe o processo fabril e propõe ideias para racionali- zação do trabalho com o chamado “estudo de tempos e movimentos”. Esse estudo mostra o resultado de suas pesquisas em fábricas, propon- do alteração de movimentos para aperfeiçoá-lo e proporcionar melhor produtividade.Taylor também propõe uma mudança na forma de remuneração da época, o qual ele considera contraproducente, pois um funcionário eficiente, quando percebesse que tinha recebido a mesma quantia que seu colega que não produz a mesma quantidade ele, não teria motiva- ção para continuar produzindo e deixaria sua produção cair, ocasionan- do prejuízos para empresa; assim Taylor propõe que os operários rece- bessem, baseando-se em sua produção, de modo que, quanto maior o montante produzido, maior seria a remuneração e, consequentemente, a empresa lucraria mais. O livro “Shop Management” traz como principais abordagens: • a administração deve pagar salários justos e reduzir custos de produção; para isso deve aplicar métodos científicos e pesquisas expe- rimentais para formular princípios fundamentais; • as empresas devem selecionar e treinar cientificamente os tra- balhadores, alocá-los nos cargos em “condições de trabalho adequadas para que as normas sejam cumpridas”; Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 61 • os colaboradores “devem ser cientificamente treinados para aperfeiçoar suas aptidões” e executar tarefas para cumprir a produção; • é necessário promover o cooperativismo dentro das fábricas para garantir seu funcionamento. (CHIAVENATO, 2014, p. 56) Quanto à segunda fase, esta pode ser definida como o período após o lançamento do segundo livro de Taylor, intitulado “Princípios da Administração Científica”. Nessa obra, Taylor busca aumentar a abran- gência da sua teoria, não se limitando mais ao chão de fábrica e defi- nindo métodos para a gerência. Ele acreditava que a racionalização do trabalho precisava ser acompanhada de uma estrutura consoante a sua aplicação. “A partir daí, desenvolveu seus estudos sobre a Administração Geral, a qual denominou Administração Científica, sem deixar de lado sua preocupação quanto à tarefa do operário.”. (CHIAVENATO, 2014, p. 57) Taylor procurou entender a administração como ciência e elimi- nar a possibilidade de improviso, trazendo para dentro das fábricas a importância do planejamento. Seus estudos e seus ensinamentos eram aplicados ao “chão de fábrica”, e, apesar de ter-se preocupado com a melhoria financeira das industrias, ele não descartou a importância de estudar a prosperidade dos funcionários. Na sua concepção, patrão e operário deveriam ser beneficiados no processo administrativo. Organização racional do trabalho Com a organização racional do trabalho, Taylor busca definir a melhor forma de realizar cada operação fabril e, dessa vez, engloba não só a produção, mas também a gerência. Basicamente, Taylor separou o trabalho mental, que seria responsabilidade da gerência, do trabalho físico, de responsabilidade do empregado. Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 62 3.3 Com essa organização, Taylor buscava uma diferenciação de responsabilidades: a supervisão é responsável por planejar e repassar aos funcionários como a gerência planeja as atividades. A supervisão é responsável por repassar o planejamento e controlar a execução, e ao operário fica a execução pura e simplesmente das tarefas, o trabalho braçal. (CHIAVENATTO, 2014, p.57). Para fundamentar sua teoria, Taylor desenvolveu oito aspectos que mudaria a forma da administração de se posicionar. Esses funda- mentos são conhecidos como ORT – Organização Racional para o Tra- balho. Tempos e movimentos (motion-time study) Buscando a otimização defendida em sua teoria, Taylor criou o estudo de tempos e movimentos, que permitiu a racionalização dos mé- todos de trabalho do operário e a fixação de tempos padrões para a execução de cada tarefa; todas as atividades eram divididas e ensina- das aos funcionários, criando-se, assim, o conceito de treinamento na empresa. Era a subdivisão de cada movimento necessária para a produ- ção. O trabalhador fabril tinha todas as peças ao alcance das mãos e era treinado para realizar uma sequência predefinida de movimentos no menor intervalo de tempo possível – cada função tinha uma cadeia de movimentos que buscava otimizar, da melhor forma possível, o tempo de produção: isso possibilitou a maior especialização do funcionário em sua função e também o maior controle do empregador sobre o desem- penho do operário. Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 63 3.3.1 Eliminar a força braçal e movimentos inúteis Uniformizar os salários e premiações dos funcionários Facilitar o treinamento dos funcionários e especializa-los Racionalizar a seleção de funcionários e adaptá-los ao trabalho Distribuir o trabalho, evitar horas vagas ou trabalho em excesso Figura 38: Vantagens do método tempos e movimentos Fonte: Adaptado de Chiavenato (2014) Estudo da fadiga humana O engenheiro Gilbreth acreditava que a fadiga humana influen- ciava negativamente na produtividade dos funcionários e fundamentou seus estudos em cima dessa fadiga. Ele tinha como interesse contri- buir para que os operários evitassem os movimentos desnecessários ao executar as tarefas. Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 64 3.3.2 Com métodos estatísticos, o engenheiro verificou algumas con- sequências decorrentes da fadiga humana: • as indústrias sofriam com a diminuição da produtividade e da qualidade do trabalho; • os funcionários perdiam tempo durante a produção, e o fluxo de admissão e demissão aumentava, trazendo transtorno para as indús- trias, tanto financeira quanto tecnicamente. Sua teoria diz que a fadiga também tende a causar doenças, desconfortos e acidente; além disso, diminui a capacidade do indivíduo na produção; portanto propôs-se a desenhar um novo formato dentro das indústrias o qual utilizava o uso adequado do corpo humano e o adequado arranjo físico dos materiais e do ambiente, para se adapta- rem aos operários e ao desempenho das ferramentas utilizadas para executar as tarefas. O objetivo do estudo era diminuir a fadiga para aumentar a pro- dutividade. Foi constatado pelo cientista que a fadiga é uma das causas da ineficiência organizacional dentro dos ambientes fabris. Divisão do trabalho e especialização do operário O fundamento da divisão do trabalho e especialização do ope- rário é consequência dos estudos de tempos e de movimentos, a partir dos quais surge a necessidade de se especializarem os operários para exercerem apenas uma função. Isso é chamado, hoje, de “especializa- ção do trabalho”. A força braçal perdeu a autonomia de trabalhar de maneira livre e passou a obedecer a um conjunto de normas e regras predefinidas. O objetivo geral da divisão de trabalho e da especialização do operário era também a eficiência organizacional. Início às teorias da Administração 03 fundamentos de aDMINISTRAÇÃO 65 3.3.3 Desenhos de cargos e tarefas Nas administrações atuais, encontramos os vestígios desta fun- cionalidade – desenhos de cargos e tarefas –, que são vistos hoje nos departamentos de recursos humanos ou na gestão de recursos huma- nos, claro, em versões atualizadas. Fruto da administração científica idealizada por Taylor como uma estratégia para se chegar a eficiência organizacional, a tarefa é toda a atividade executada pelos operários, “é a menor unidade possível den- tro da divisão do trabalho em uma organização. E cargo é o conjunto de tarefas executadas de maneira cíclica ou repetitiva.”. (CHIAVENATO, 2014, p. 62) Com essa técnica, Taylor pretendia contratar empregados com pouca qualificação para pagar salários menores, a fim de reduzir custos operacionais, diminuir o custo com treinamentos para os funcionários e reduzir os erros de execução das tarefas. O funcionário passaria a se- guir as normas preestabelecidas para executar qualquer tarefa, o que, consequentemente, diminuiria o poder de interferir na produção e au- mentaria o controle dos gerentes de fábrica. Apesar desse formato com essência taylorista ter sido criticado, surtiu efeito e contribuiu
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