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RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA Retomando o que foi visto na aula anterior, acerca dos elementos subjetivos da relação jurídico-tributária, vimos que o sujeito passivo pode ser contribuinte ou responsável, correto? É contribuinte, nos dizeres do art. 121 do CTN, quando tenha relação pessoal e direta com a situação que constitua o respectivo fato gerador. Por outro lado, é responsável, quando esteja obrigado por lei a pagar o tributo, mas não seja contribuinte, isto é, não possua uma relação pessoal e direta com o evento que fez acontecer o fato gerador. Costuma-se dizer que a responsabilidade do contribuinte pelo cumprimento da obrigação tributária é originária, pois decorre do próprio fato gerador. Já a responsabilidade do responsável é derivada, pois decorre da lei. A responsabilidade tributária, colega, é uma forma do Fisco otimizar a atividade de fiscalização e arrecadação tributária. Relembre o exemplo citado na aula anterior sobre o IR. O que seria mais fácil: fiscalizar o recolhimento do IR de todos os contribuintes pessoas físicas ou das empresas? Levando em consideração que as empresas podem contratar milhares de empregados, certamente o controle destas será mais efetivo. Nessa esteira, por não fazer acontecer o fato gerador, deve-se haver uma lei que preveja tal responsabilidade, afinal de contas, repita-se, ninguém é obrigado a fazer ou deixar de fazer nada, senão em virtude de lei (CF/88, art. 5º, II). Por consequência, as convenções particulares não podem modificar a definição legal do sujeito passivo das obrigações tributárias (CTN, art. 123). Observação: Nunca se esqueça de que para ser contribuinte também se faz necessário haver previsão legal. Vamos reforçar: quando uma lei institui um tributo, deve haver previsão de fato gerador, base de cálculo, alíquotas e contribuintes. Caso contrário, não há elemento subjetivo na relação jurídico-tributária. Um detalhe, que não pode ser confundido pelo candidato, é a diferença entre sujeito passivo indireto com sujeito passivo de tributo indireto. O sujeito passivo indireto, como já estudamos, é o responsável pelo adimplemento da obrigação tributária. Já o sujeito passivo dos tributos indiretos pode ser tanto o contribuinte como o responsável, se houver. O contribuinte, neste caso, a quem nos referimos é o de direito, já que nesses tributos também há a figura do contribuinte de fato, o qual, como já foi estudado, não integra a relação jurídico-tributária. É o caso da pessoa que compra uma TV sobre a qual incide ICMS. Neste caso, o cliente acaba pagando pelo valor do imposto que está embutido no preço da mercadoria, mas não é ele quem irá recolher o imposto ao Fisco. Nos tributos diretos, há identidade entre os contribuintes de direito e de fato. Nos tributos indiretos, o contribuinte de direito não é contribuinte de fato. O CTN, ao iniciar a abordagem do tema “Responsabilidade Tributária”, estabeleceu o seguinte: Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação. Observação: Não se esqueça de que o crédito tributário, como será visto em outra aula, é a obrigação tributária exigível, com o lançamento. Há que se destacar também que a pessoa eleita pela lei como responsável pelo pagamento do tributo deve possuir uma vinculação, ainda que mínima, com o fato gerador da respectiva obrigação, conforme se destaca no artigo supracitado. O dispositivo ainda evidencia a possibilidade de o responsável ser o único obrigado ao cumprimento da obrigação, hipótese em que haverá exclusão da responsabilidade do contribuinte. Também, há possibilidade de o contribuinte ser colocado na posição subsidiária (supletiva), ou seja, caso o responsável não realize o pagamento da obrigação, chama-se o contribuinte para arcar com o ônus. De modo semelhante, também há permissão no CTN (art. 134) para que o responsável seja colocado na condição de subsidiário. Dessa forma, a obrigação deve ser cumprida pelo contribuinte, que, não o fazendo, torna-se exigível do responsável legal. Nesses dois últimos casos, fica evidente o benefício de ordem, isto é, cobra-se primeiro de uma pessoa, sendo a outra acionada apenas no caso de impossibilidade de recebimento da primeira. Mas tome muito cuidado, pois a responsabilidade tributária nem sempre comporta benefício de ordem. É o caso da responsabilidade solidária, prevista nos arts. 124 e 125 do Código Tributário Nacional. Na solidariedade não há devedor principal, isto é, não há benefício de ordem, podendo o Fisco exigir a dívida integralmente de um ou de outro. Resumindo, veja que o responsável surge na obrigação tributária de quatro modos distintos: O responsável fica obrigado a pagar, excluindo qualquer responsabilidade do contribuinte (o contribuinte é excluído da relação jurídica); O responsável é obrigado a cumprir a obrigação. Caso não cumpra, exige-se do contribuinte (o contribuinte é subsidiário); O contribuinte é obrigado a cumprir a obrigação. Caso não cumpra, exige-se do responsável (o responsável é subsidiário). O(s) contribuinte(s) ou o(s) responsável(eis) podem ser exigidos conjunta ou isoladamente sem benefício de ordem. Além da questão da intensidade em relação ao cumprimento da obrigação tributária, outro aspecto importante é saber em que momento o responsável assunto o dever de pagar, antes ou depois do fato gerador. Quando o vínculo jurídico do responsável surge antes, ou mesmo no momento da ocorrência do fato gerador, diz-se que a modalidade de responsabilidade é por substituição. Por outro lado, se o responsável entra em cena em momento posterior à ocorrência do fato gerador, trata-se da responsabilidade por transferência. A doutrina ainda divide a responsabilidade por transferência em responsabilidade por solidariedade, por sucessão e de terceiros. Vamos ver cada uma dessas modalidades (transferência e substituição) separadamente. De antemão, vamos esquematizar da forma como o assunto tem sido cobrado em provas: Re sp on sa bi lid ad e Tr ib ut ár ia Por Substituição Progressiva/ Regressiva Resp. Terceiros c/ atuação irregular Resp. por Infrações Por Transferência Resp. por Sucessão Resp. por Solidariedade Resp. Terceiros c/ atuação regular Observação: Recomendo que, após a leitura da aula por completo, você retorne a esse esquema e veja se o teu raciocínio está correto. Caso reste alguma dúvida, estamos no fórum para elucidá-la. (Pref. São Luis-Auditor de Controle Interno/2015) O Código Tributário Nacional criou um conjunto extenso de regras atinentes à responsabilidade tributária. De acordo com as regras do CTN, a) a atribuição de responsabilidade a terceira pessoa não impede a atribuição de responsabilidade em caráter supletivo ao contribuinte. b) a atribuição de responsabilidade a terceira pessoa exclui, em definitivo, a responsabilidade do contribuinte. c) o terceiro, a quem a responsabilidade pelo crédito tributário for atribuída, não pode ser pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação. d) somente lei complementar federal pode atribuir, de modo expresso, a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira pessoa. e) a atribuição de responsabilidade a terceira pessoa pode ser feita de modo implícito, vedada essa possibilidade quando se tratar de responsabilidade por infrações. Comentário: Alternativa A: O art. 128, do CTN, estabeleceu a possibilidade de se atribuir a responsabilidade do contribuinte em caráter supletivo. Logo, a alternativa está correta. Alternativa B: Conforme já comentado, o art. 128, do CTN, estabeleceu a possibilidade de se atribuir a responsabilidade do contribuinte em caráter supletivo. Alternativaerrada. Alternativa C: O art. 128, do CTN, esclarece que o terceiro responsável deve ser uma pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação. Alternativa errada. Alternativa D: Não há necessidade de lei complementar federal para se estabelecer responsabilidade a terceira pessoa, bastando que seja uma lei do ente tributante. Alternativa errada. Alternativa E: A atribuição de responsabilidade deve sempre ocorrer de forma explícita, conforme prescreve o art. 128, do CTN. Alternativa errada. Gabarito: Letra A (PGE-SP-Procurador do Estado/2012) Em se tratando de responsabilidade tributária, pessoa que não tenha praticado o fato gerador não pode ser sujeito passivo da relação tributária. Comentário: Sabemos que aquele que pratica o fato gerador é o contribuinte, mas também pode ser sujeito passivo da relação tributária a pessoa que não tenha praticado o fato gerador, caso a lei assim o determine, situação em que será considerado responsável tributário. Gabarito: Errada (TCE-AL-Auditor/2008) ‘Contribuinte’ é aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitui fato gerador. Comentário: Conforme previsto no art. 121, par. único, I, do CTN, contribuinte é o sujeito passivo da obrigação principal que possua relação pessoal e direta com o fato gerador. Gabarito: Correta (SEFAZ-SP-Agente Fiscal de Rendas/2009) A respeito da sujeição passiva da obrigação tributária principal, é possível afirmar que o contribuinte é sujeito passivo indireto e o responsável tributário é sujeito passivo direto. Comentário: Na verdade, é exatamente o contrário: sujeito passivo direto é o contribuinte, e sujeito passivo indireto é o responsável. Gabarito: Errada RESPONSABILIDADE POR SUBSTITUIÇÃO Essa modalidade de responsabilidade tributária também é denominada responsabilidade originária, título que não vem por acaso, já que o responsável fica obrigado no momento da ocorrência do fato gerador ou até mesmo antes dele. Veja um exemplo, mais do que repetido no nosso curso: imposto de renda das pessoas físicas. Quando a lei atribui a responsabilidade das fontes pagadoras em reter o valor do imposto para posterior recolhimento, esta obrigação surge no momento da ocorrência do fato gerador, de forma que o contribuinte (aquele que auferiu os rendimentos) fica substituído. Observação: À pessoa que substitui o contribuinte, dá-se o nome de responsável por substituição, contribuinte substituto, substituto tributário, ou, o mais comum, simplesmente responsável. Há que se ressaltar dois casos em que ocorre responsabilidade por substituição: substituição tributária regressiva (para trás) e substituição tributária progressiva (para frente). 1 – Substituição tributária regressiva A sistemática da substituição tributária regressiva consiste na substituição das pessoas que estão nas etapas anteriores da cadeia de produção ou circulação de mercadorias. Observação: A substituição tributária regressiva também é denominada “para trás” e antecedente. Se quem está “atrás” é substituído, o que ocorre, na verdade, é o diferimento do pagamento dos tributos devidos. A princípio, parece confuso entender que na substituição regressiva ocorre diferimento do pagamento. Mas, veja que é bastante simples de entender: se a pessoa que faz acontecer o fato gerador é substituída por outra que se situa em momento posterior na cadeia de produção, há, por conseguinte, recolhimento a posteriori. Vamos exemplificar! Imagine que um grande frigorífico brasileiro tenha como fonte de insumos (carne bovina) diversos e pequenos criadores espalhados pelo Brasil afora. Como os criadores não possuem escritório, nem qualquer outro aparato fiscal ou contábil, ou seja, tudo é feito lá no meio do “mato”, a lei pode estipular que o adquirente dessas mercadorias (frigorífico) venha se tornar responsável por substituição. Novamente, o raciocínio é o de que o Fisco deve buscar o modo que otimize a sua atividade de fiscalização e arrecadação tributária. Como você já deve imaginar, é muito mais simples fiscalizar o escritório de uma grande empresa, do que ir no meio da “roça”, fiscalizar pequenos contribuintes. DICA DE PROVA: Para facilitar a memorização, guarde que, na substituição “para trás”, quem fica para trás (no elo anterior da cadeia) é substituído. Simples, não? Como consequência lógica, paga o tributo quem vem depois, ou seja, o recolhimento é posterior. 2 – Substituição tributária progressiva Na substituição tributária progressiva, ocorre exatamente o oposto do que acabamos de ver. Ou seja, as pessoas que estão nas etapas posteriores são substituídas pelas ocupam posição anterior na cadeia de produção e circulação de mercadorias. Observação: A substituição tributária progressiva também é denominada “para frente” e consequente. Assim, se quem está “na frente” é substituído, a decorrência lógica é haver a antecipação do pagamento dos tributos. O raciocínio é exatamente o contrário do que vimos no tópico anterior, ao tratar da substituição tributária regressiva. Vamos imaginar o caso da incidência do ICMS sobre as operações de venda de veículos novos. Quando o veículo é produzido na indústria e vendido às concessionárias, ocorre o fato gerador do ICMS. Posteriormente, quando você compra o seu carro “zero” na concessionária, uma nova incidência do ICMS ocorre. Contudo, a concessionária (etapa posterior) pode ser substituída pela indústria automobilística (etapa anterior), ocorrendo antecipação do pagamento do ICMS, e surgimento da substituição tributária progressiva. A sistemática ocorre com base na presunção da base de cálculo e do fato gerador que ainda irão ocorrer. Ou seja, o valor pelo qual a mercadoria será revendida pela concessionária é presumido em momento anterior, com base no regime de valor agregado, estabelecido pelo art. 8º da Lei Kandir (LC 87/96). Na substituição tributária progressiva, o substituto surge antes mesmo da ocorrência do fato gerador. Por mais que se argumente que a sistemática agrida o princípio da tipicidade, por exemplo, por se cobrar algo sem que tenha havido a subsunção do fato à norma tributária, é de se ressaltar que há previsão constitucional para tal situação, conforme verificamos a seguir: Art. 150 - (...): § 7.º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 3, de 1993) Observação: Lembre-se de que nós estudamos em outra aula que, em se tratando de ICMS, cabe à lei complementar dispor sobre substituição tributária. A Lei Kandir (LC 87/96) cumpriu com esse papel. Lembre-se também de que apenas a substituição progressiva foi prevista na CF/88. Ademais, o entendimento do STF (RE 213.396) e do STJ (REsp 89.630) é no sentido da constitucionalidade da substituição tributária progressiva. Aliás, esta Corte decidiu que: o pagamento antecipado não se confunde com o recolhimento do tributo. Na substituição tributária progressiva, não há recolhimento antes da ocorrência do fato gerador, mas apenas antecipação do pagamento realizada por responsável definido em lei. Embora pareça confuso, o assunto já caiu em provas! Note também que o § 7º, do art. 150, da CF/88, restringiu a sistemática da substituição tributária progressiva apenas aos impostos e contribuições. A restrição faz total sentido, tendo em vista que não seria possível estendê-la aos tributos vinculados (taxas e contribuições de melhoria), a fim de ser feita a cobrança antes da prestação da atividade estatal. Cabe ainda destacar que o legislador constituinte assegurou a imediata e preferencial restituição do valor que foi pago ao Fisco, caso não se realize o fato geradorpresumido. Em nosso exemplo, a restituição ocorreria se o veículo ficasse “encalhado” no pátio da concessionária, devendo este bem ser devolvido ao industrial. “Professor, e se a base de cálculo real for diferente (maior ou menor) da presumida? Nesse caso, deve-se restituir o que foi pago a maior ou realizar pagamento complementar?” Atualmente, sim!!! Vamos ver o porquê! Anteriormente, o STF (ADI 1.851/AL) entendia que o fato gerador presumido não seria provisório, mas, sim, definitivo. Portanto, o fato de a base de cálculo presumida ser diversa da base de cálculo definitiva não ensejaria restituição ou complementação do imposto pago pelo sujeito passivo, salvo quando não se realizar o fato gerador presumido, como já comentado acima. Ocorre que, em outubro de 2016, ao julgar o Recurso Extraordinário 593.849, com repercussão geral reconhecida, o STF fixou a seguinte tese (grifamos): “É devida a restituição da diferença do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS pago a mais no regime de substituição tributária para a frente se a base de cálculo efetiva da operação for inferior à presumida”. No voto proferido pelo relator Ministro Edson Fachin, foi dito que “a tributação não pode transformar uma ficção jurídica em uma verdade absoluta, tal como ocorreria se o fato gerador presumido tivesse caráter definitivo, logo, alheia à realidade extraída da realidade do processo econômico”. Ao fim do julgamento, o plenário modulou os efeitos da referida decisão, restringindo-os apenas às ações judiciais que estejam pendentes e aos casos futuros. Trata-se de uma forma de permitir o realinhamento das administrações tributárias à alteração jurisprudencial da Suprema Corte. Na mesma linha julgou o STF o RE 596832, em junho de 2020, em um caso que envolvia também a substituição tributária progressiva, mas desta vez referente à contribuição ao PIS/Pasep e à Cofins, tendo a Suprema Corte fixado a seguinte tese: “é devida a restituição da diferença das contribuições para o Programa de Integração Social – PIS e para o Financiamento da Seguridade Social – Cofins recolhidas a mais, no regime de substituição tributária, se a base de cálculo efetiva das operações for inferior à presumida”. Se o fato gerador presumido não ocorrer, é assegurada a devolução do que foi pago. Caso ocorra o fato gerador, e a base de cálculo seja efetiva seja inferior à presumida, haverá restituição da diferença! DICA DE PROVA: Para facilitar a memorização, guarde que, na substituição “para frente”, quem fica para frente (no elo posterior da cadeia) é substituído. Simples, não? Como consequência lógica, paga o tributo quem vem antes, ou seja, o pagamento é anterior. (PGE-MA-Procurador do Estado/2016) Quando a lei atribui a qualidade de responsável tributário sobre fato gerador que ainda não ocorreu, mas que deva ocorrer posteriormente, estar-se-á diante de a) retroatividade da lei tributária, permitida expressamente por lei. b) sucessão tributária, vedada expressamente pela CF/88. c) ultratividade da lei tributária, permitida expressamente por lei. d) substituição tributária para frente, permitida expressamente pela CF/88. (E) substituição tributária para trás, vedada expressamente pela CF/88. Comentário: A lei que atribui a terceira pessoa a qualidade de responsável tributário por tributo cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido cria um caso de substituição tributária progressiva (ou para frente), permitida expressamente no art. 150, § 7º, para os impostos e contribuições. Gabarito: Letra D (TCE-SP-Auditor/2013) Ao prever a lei de determinado tributo que será atribuído ao sujeito passivo da obrigação tributária a condição de responsável pelo pagamento de imposto, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, estar-se-á diante de a) fato gerador pendente. b) fato gerador futuro. c) substituição tributária para frente. d) substituição tributária para trás. e) lançamento a certo período de tempo. Comentário: A questão trata do instituto da substituição tributária para frente, prevista no art. 150, §7º da CF/88. Alternativa C correta. Gabarito: Letra C RESPONSABILIDADE POR TRANSFERÊNCIA Diferentemente do que ocorre na responsabilidade por substituição, neste caso o responsável tributário somente passa a ser devedor da obrigação tributária após a ocorrência do fato gerador. Pode-se dizer, portanto, que, ocorrido o fato gerador, tem-se o contribuinte como devedor da obrigação tributária. No entanto, diante da ocorrência de certos fatos, o responsável pode assumir a obrigação no lugar do contribuinte. Como foi visto, a doutrina divide a responsabilidade por transferência em responsabilidade “por solidariedade”, “por sucessão” e “de terceiros”. Vamos estudar, a partir de agora, cada um deles! Por questão de organização da nossa aula, os três tipos de responsabilidade por transferência serão classificados em tópicos autônomos, mas não deixam de pertencer a esse assunto. 1 – Transferência por Solidariedade A transferência da responsabilidade do pagamento dos tributos, ocorrida por meio da solidariedade, foi tratada no art. 124 do CTN. Em relação ao art. 124, I, vimos que ficam solidariamente obrigadas as pessoas que tenham interesse comum na situação que constitua o fato gerador da obrigação. Não se nega que o vínculo entre as pessoas que tenham o citado interesse comum e o fato gerador da obrigação é tão forte que elas são, na verdade, contribuintes. Vamos relembrar o nosso exemplo: Carlos, José e Bruno são proprietários de um imóvel urbano, localizado no Município de São Paulo. Carlos detém 5% do imóvel, José, 70% e Bruno, 25%. Vamos supor, ainda, que o valor do IPTU no ano de 2013 foi de R$ 1.000,00. Naquele momento, vimos que o Fisco pode exigir a dívida integralmente de qualquer um dos devedores solidários, correto? Portanto, imagino que José, possuindo 70% da propriedade, seja compelido a pagar o valor total, isto é, R$ 1.000,00. Certamente, ele pagou uma parte (R$ 300,00) que não lhe cabia. Nesse caso, dizemos que José pagou como contribuinte R$ 700,00, e como responsável R$ 300,00. O contribuinte solidário que paga a dívida integralmente, paga a sua parte como contribuinte e, a dos demais codevedores, como responsável. Ademais, cumpre destacar que o art. 124, II, permite que a lei nomeie como devedores solidários pessoas que não tenham relação pessoa e direta com o fato gerador, hipótese em que teríamos mais uma figura de responsabilidade por via do instituto da solidariedade. Observação: Não se esqueça de que a solidariedade foi tratada, pelo CTN, fora do capítulo referente à “responsabilidade tributária”. 2 – Transferência por Sucessão O CTN inicia a abordagem da responsabilidade por sucessão, ou, nas palavras exatas do texto legal, responsabilidade dos sucessores, prevendo o seguinte dispositivo: Art. 129. O disposto nesta Seção aplica-se por igual aos créditos tributários definitivamente constituídos ou em curso de constituição à data dos atos nela referidos, e aos constituídos posteriormente aos mesmos atos, desde que relativos a obrigações tributárias surgidas até a referida data. Nós vimos que a responsabilidade por transferência se dá com a ocorrência de um ato ou fato, posterior à ocorrência do fato gerador, que transfere a obrigação do contribuinte para o responsável. Ok? O que o art. 129 quis dizer, ainda que por uma redação mais confusa, é que o sucessor assume todas as obrigações tributárias surgidas até a data do ato ou fato que demarcou a sucessão. Estamos falando, portanto, de datas de ocorrência dos fatos geradores. Desse modo, se um fato gerador ocorrer anteriormente à data do ato que gerou a sucessão tributária (falecimento de uma pessoa, por exemplo), o tributo correspondente a esse fato será transferido ao sucessor, mesmo que o crédito tributário seja regularmente constituído em momento posterior à data da sucessão.Para não restarem dúvidas, vejamos a linha do tempo abaixo: Responsável FG Anteriores Data da Sucessão FG Posteriores Contribuinte Veja que, em relação aos fatos geradores anteriores à sucessão, o sucessor será responsável e, quanto aos fatos geradores surgidos após a sucessão, este figurará como contribuinte. Afinal, é bastante óbvio: após a sucessão, o sucessor terá relação pessoal e direta com o fato gerador da obrigação tributária, o que o torna contribuinte, nos termos do art. 121, par. único, I, do CTN. Observação: Em relação às obrigações tributárias surgidas após a data do evento que demarcou a sucessão, o responsável (sucessor) é, na verdade, contribuinte. Guarde isso! O que vai definir as obrigações que ficam sujeitas às regras da responsabilidade por sucessão é a data da ocorrência do fato gerador. (Não despreze, contudo, a literalidade do art. 129!) Acrescente-se, também, que a responsabilidade por sucessão é caracterizada pelo desaparecimento do devedor original (contribuinte). De acordo com o ilustre Eduardo Sabbag (2013): “Esse desaparecimento por ser, por exemplo, por morte do primeiro devedor, recaindo o ônus sobre os herdeiros, ou por venda do imóvel ou estabelecimento, incidindo o importe tribtário sobre o comprador.” (SABBAG, Eduardo. Manual de Direito Tributário. 2013. Pág. 727) Podemos dividir os assuntos a serem estudados sobre a responsabilidade por sucessão da seguinte maneira: 1. Sucessão na transmissão de bens imóveis (CTN, art. 130); 2. Sucessão na transmissão de bens móveis (CTN, art. 131, I); 3. Sucessão na transmissão causa mortis (CTN, art. 131, II e III); 4. Sucessão empresarial (CTN, art. 132 e 133). 2.1– Sucessão na transmissão de bens imóveis A sucessão na transmissão de bens imóveis tem como responsável o adquirente de tais bens. Esta pessoa assume a responsabilidade pelo pagamento dos impostos, taxas e contribuições de melhoria relativas ao imóvel objeto da transmissão. Vamos ver o que diz o art. 130 do CTN: Art. 130. Os créditos tributários relativos a impostos cujo fato gerador seja a propriedade, o domínio útil ou a posse de bens imóveis, e bem assim os relativos a taxas pela prestação de serviços referentes a tais bens, ou a contribuições de melhoria, subrogam-se na pessoa dos respectivos adquirentes, salvo quando conste do título a prova de sua quitação. Parágrafo único. No caso de arrematação em hasta pública, a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. Antes de interpretar o dispositivo citado, devemos entender a diferença entre os impactos da sub-rogação real e sub-rogação pessoal no Direito Tributário: Sub-rogação real O imóvel responde pela dívida tributária. Logo, a responsabilidade é limitada ao valor do bem. Sub-rogação pessoal O adquirente assume a responsabilidade sobre os tributos, respondendo por todo o crédito tributário relativo ao imóvel, mesmo que ultrapasse o valor deste. Vamos lá, então! Quando uma pessoa adquire um imóvel, assume a responsabilidade pelos tributos incidentes sobre o bem. Nesse caso, ocorre a sub-rogação pessoal, ficando o responsável (adquirente) com a obrigação de quitar os tributos, ainda que o montante seja superior ao valor do imóvel adquirido. Essa é a regra! Quanto a este ponto, é relevante salientarmos que o STJ (Recurso Repetitivo Tema n° 122) já firmou entendimento segundo o qual, na compra de um imóvel, tanto o promitente comprador (possuidor a qualquer título) do imóvel quanto seu proprietário/promitente vendedor (aquele que tem a propriedade registrada no Registro de Imóveis) são contribuintes responsáveis pelo pagamento do IPTU. Veja que neste caso, mesmo não tendo sido efetivada a transferência da propriedade no registro de imóveis, já se admite a responsabilização do promitente comprador. Contudo, devemos destacar que existem duas exceções previstas no citado artigo do CTN. São elas: Quando constar do título de transferência de propriedade (escritura) a prova da quitação dos tributos (CTN, art. 130, caput); Quando o imóvel for adquirido em hasta pública - leilão – (CTN, art. 130, par. único). Portanto, se no momento do registro da transferência do imóvel for apresentada a prova de quitação dos tributos, o adquirente recebe o bem livre de qualquer ônus tributário. Observação: A comprovação da quitação dos tributos é feita pela emissão da Certidão Negativa de Débitos (CND) ou simplesmente certidão negativa. A que ônus eu estou me referindo se já foram apresentados os comprovantes de quitação dos tributos? Ora, entre o momento da ocorrência do fato gerador e o lançamento do tributo (procedimento com a finalidade de torná-lo exigível), há um prazo determinado no CTN, denominado decadência. Se este prazo não existisse, os fiscais nunca iriam poder lançar os tributos que não foram declarados espontaneamente pelos contribuintes. Tudo isso será detalhadamente estudado nas próximas aulas. Não se preocupe. Por hora, grave apenas que o prazo decadencial é de 5 anos. Diante do exposto, no momento em que se comprova o pagamento dos tributos, pode haver outros a serem posteriormente descobertos e lançados pelo fisco. Nesse caso, o adquirente não assume tal responsabilidade, ou seja, serão cobrados do antigo proprietário. Existe uma situação interessante, digna de nota, por já ter sido objeto de decisão do Superior Tribunal de Justiça, que diz respeito à discussão se há, ou não, sucessão tributária quando há desapropriação de imóvel pertencente à empresa privada pela União Federal, visto que os débitos, objetos de cobrança em execução fiscal promovida por fazenda municipal, têm como fundamento fatos geradores ocorridos em momento pretérito à ocorrência da imissão na posse, relativos ao Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU) e Taxa de Limpeza Pública de Coleta de Resíduos Sólidos: DESAPROPRIAÇÃO. AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA DE PROPRIEDADE. EXIGIBILIDADE DE TRIBUTOS ANTERIORES AO ATO DESAPROPRIATÓRIO. AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DO ENTE EXPROPRIANTE. O ente desapropriante não responde por tributos incidentes sobre o imóvel desapropriado nas hipóteses em que o período de ocorrência dos fatos geradores é anterior ao ato de aquisição originária da propriedade. (STJ, REsp 1.668.058-ES, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, Julgamento em 08/06/2017) Nesta ocasião, o STJ, citando a doutrina, ressaltou que a desapropriação constitui “forma originária de aquisição de propriedade porque não provém de nenhum título anterior, e, por isso, o bem expropriado torna-se insuscetível de reivindicação e libera-se de quaisquer ônus que sobre ele incidissem precedentemente, ficando os eventuais credores sub-rogados no preço". Logo, não há ligação entre o sucedido (antigo proprietário) e sucessor (ente expropriante). Por último, porém não menos importante, em relação ao imóvel adquirido em hasta pública, que é o leilão de bens penhorados, realizado pelo Poder Público, o CTN afirma que a sub-rogação ocorre sobre o respectivo preço. O que isso significa? Significa que o arrematante dos bens imóveis em hasta pública adquire tais bens livres de qualquer gravame tributário, já que se trata de sub-rogação real. Ou seja, os débitos tributários existentes sobre o imóvel são quitados pelo próprio valor da arrematação. Logo, se o valor dos tributos devidos superar o valor do imóvel, o Fisco não pode exigir a diferença do arrematante nem do alienante (antigo proprietário), pois a sub- rogação é real. Grave isso: hasta pública bens imóveis. As bancas tentam confundir o candidato, citando bens móveis. 2.2 – Sucessão na transmissão de bens móveis A norma que rege a responsabilidade do sucessor na transmissão de bens móveis é o art. 131, I, do CTN, cuja redação é a seguinte: Art. 131. São pessoalmente responsáveis: I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos; Embora não o legislador não tenha mencionadoexpressamente que se trata de bens móveis, essa é a interpretação da maioria dos autores, tendo em vista que a responsabilidade dos bens imóveis já foi tratada no art. 130. Essa espécie de responsabilidade em muito se assemelha à dos bens imóveis, com a distinção de que, neste caso, não há exceções que eximem o adquirente dos bens móveis. Se houve a transmissão dos bens, há sucessão tributária, sem exceções. No que se refere aos responsáveis, a norma assevera que são eles o adquirente ou o remitente. Quando ao adquirente, não há observações a serem feitas. É a pessoa que compra o bem móvel de outra. No que concerne ao remitente, embora não deixe de ser um adquirente, é bom que conheçamos, ainda que superficialmente, a origem do termo. Remitente é aquele que realiza a remição, que pode ser traduzida no resgate e aquisição de bens que foram penhorados ou objeto de leilão judicial, pelo cônjuge, ascendente ou descendente da pessoa executada. Tais pessoas (remitentes) possuíam preferência sobre o arrematante. Destaque-se que, atualmente, o instituto foi revogado. Contudo, para nossa prova, você pode responder normalmente: o remitente é pessoalmente responsável pelos tributos relativos aos bens (móveis) remidos. Observação: Não confunda remição com remissão. Esta é um benefício fiscal, já citado em outra aula, mas que só será detalhadamente estudado na aula em que tratarmos das hipóteses de extinção do crédito tributário. 2.3 – Sucessão na transmissão causa mortis A responsabilidade com base na transmissão causa mortis foi prevista no art. 131, II e III, do CTN, nos seguintes termos: Art. 131. São pessoalmente responsáveis: (...) II - o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação; III - o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Observação: Confira abaixo um mini-dicionário para que você possa entender o assunto com tranquilidade: De cujus: pessoa falecida Espólio: conjunto de bens, direitos, dívidas e responsabilidades do falecido Abertura da sucessão: momento capaz de gerar os efeitos da sucessão (morte) Quinhão: parcela do patrimônio deixado pelo de cujus Legado: patrimônio deixado pelo de cujus, por meio de testamento. Meação: é a metade do patrimônio do casal que pertence a cada cônjuge Nesse tipo de transmissão, a lógica é que, da mesma forma que os bens do de cujus são transferidos para seus herdeiros, as dívidas tributárias também o são. Assim, quando em vida, a pessoa é sujeito passivo, na condição de contribuinte, de vários tributos. Após a sua morte, alguém deve se responsabilizar por isso. Portanto, os sucessores devem arcar com as dívidas, na condição de responsáveis. Afinal, não foram eles que praticaram o fato gerador (não houve relação pessoal e direta com o fato gerador), havendo, tão somente, a transferência da responsabilidade. Ocorre que, logo após a morte, há o procedimento de inventário, e até que seja feita a partilha aos herdeiros, o ente que fica responsável pelas dívidas do de cujus é o espólio, assim considerado o conjunto coisas e direitos que compunham o patrimônio do falecido. Dessa forma, o CTN estabeleceu que o espólio, embora não seja pessoa, fica pessoalmente responsável pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão (morte). Por outro lado, em relação aos fatos geradores ocorridos após a abertura da sucessão e antes da sentença da partilha, o espólio é considerado contribuinte. No que concerne aos sucessores, são pessoalmente responsáveis por todos os fatos geradores ocorridos antes da sentença de partilha, inclusive o que ocorreram antes da abertura da sucessão, caso o espólio não os tenha quitado. De maneira análoga, em relação aos fatos geradores ocorridos após a partilha, os sucessores são contribuintes, possuindo relação pessoa e direta com o fato gerador. Em síntese, o que você precisa saber é que há três marcos temporais para definirmos o contribuinte e o responsável perante a administração tributária: antes da morte (abertura da sucessão), entre esta e a partilha ou e após a partilha. Antes da abertura da sucessão fatos geradores ocorridos até esse momento possuem como contribuinte o de cujus e como responsáveis o espólio ou os sucessores. Entre a abertura da sucessão e a partilha fatos geradores ocorridos dentro desse período possuem como contribuinte o espólio e como responsáveis os sucessores. Após a partilha ou adjudicação fatos geradores após essa data possuem como contribuintes os sucessores. Os sucessores (inclusive o cônjuge meeiro) somente são responsáveis até o limite do valor que lhes foi repassado. Observe que a responsabilidade vai sendo transferida para os demais envolvidos na relação jurídica. Por fim, deve ser ressaltado que a responsabilidade na sucessão causa mortis engloba não só o valor dos tributos devidos, mas inclui as multas moratórias, que são aquelas impostas pelo não pagamento do tributo na data de vencimento. Esse é o entendimento do STJ: TRIBUTÁRIO. INTERPRETAÇÃO DO ARTIGO 2º, § 8º, DA LEI 6.830, DE 1980, E DO ART. 131, III, DO CTN. (...) 3. A multa moratória é imposição decorrente do não pagamento do tributo na época do vencimento. 4. Na expressão créditos tributários estão incluídas as multas moratórias. 5. O espólio, quando chamado como sucessor tributário, é responsável pelo tributo declarado pelo "de cujus" e não pago no vencimento, incluindo-se o valor da multa moratória.(...)" (STJ, REsp 295.222/SP, Primeira Turma, Rel. Min. José Delgado, Julgamento em 12/06/2001) 2.4 – Sucessão Empresarial O CTN estabelece que a sucessão empresarial gera, nos termos do art. 132 do CTN, responsabilidade tributária às empresas resultantes das operações societárias. Vejamos a íntegra desse dispositivo: Art. 132. A pessoa jurídica de direito privado que resultar de fusão, transformação ou incorporação de outra ou em outra é responsável pelos tributos devidos até à data do ato pelas pessoas jurídicas de direito privado fusionadas, transformadas ou incorporadas. De Cujus •É contribuinte pelos FGs antes da morte. •A resposabilidade é transferida ao espólio. Espólio •É responsável pelos FGs antes da abertura da sucessão; •É contribuinte pelos FGs após a abertura da sucessão; Sucessores •É responsável pelos FGs antes da partilha; •É contribuinte pelos FGs após a partilha; A sucessão empresarial consiste em operações societárias entre empresas, que são denominadas fusão, incorporação, transformação ou cisão. Vamos entender cada uma das operações: Fusão Operação em que duas empresas se unem para formar uma só. As empresas fusionadas deixam de existir, surgindo uma nova, que será a sucessora. Incorporação Operação em que uma (ou mais do que uma) sociedade é absorvida por outra. A empresa incorporada deixa de existir. Transformação Operação em que a sociedade muda de forma (de Ltda. Para S.A., por exemplo). Cisão A cisão pode ser total ou parcial. Na cisão total, uma empresa transfere todo o seu patrimônio para outra, deixando de existir. Na cisão parcial, a empresa transfere parcela do seu patrimônio para uma (ou mais de uma) empresa, continuando a existir. Cabe observar que o CTN não cita expressamente a “cisão”, pois a operação só foi regulada 10 anos após a publicação do CTN, conforme consta na Lei das S.A. (Lei 6.404/76): Art. 229. A cisão é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-se a companhia cindida, se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o seu capital, se parcial a versão. Apesar disso, a doutrina e a jurisprudência têm aceitado a aplicação da regra da responsabilidade tributária na sucessãoempresarial aos casos de cisão, como o trecho da ementa do acórdão abaixo transcrito: PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. EXECUÇÃO FISCAL. PRESCRIÇÃO. CISÃO DE EMPRESA. HIPÓTESE DE SUCESSÃO, NÃO PREVISTA NO ART. 132 DO CTN. REDIRECIONAMENTO A SÓCIO- GERENTE. INDÍCIOS SUFICIENTES DE FRAUDE. (...) 2. Embora não conste expressamente do rol do art. 132 do CTN, a cisão da sociedade é modalidade de mutação empresarial sujeita, para efeito de responsabilidade tributária, ao mesmo tratamento jurídico conferido às demais espécies de sucessão (REsp 970.585/RS, 1ª Turma, Min. José Delgado, DJe de 07/04/2008). (STJ, REsp 852.972/PR, Primeira Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki, Julgamento em 25/05/2010) Dando continuidade ao nosso estudo, o marco temporal para se definir se a empresa sucessora será contribuinte ou responsável é a data do ato que gerou a operação societária. As operações societárias não se confundem com operações comerciais. Logo, não ocorre fato gerador do ICMS. A responsabilidade por sucessão também é extensiva aos casos de extinção das pessoas jurídicas de direito privado, conforme preceitua o par. único do art. 132, do CTN: Art. 132 – (...): Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se aos casos de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Veja que, para a responsabilidade tributária ficar caracterizada, é necessário que a atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente ou seu espólio, podendo a atividade ser explorada sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Observação: 1) Firma individual, em termos atuais, significa “empresário individual”. 2) O sócio que continuar a respectiva atividade pode ser responsabilizado, ainda que exerça a atividade sem regular constituição, já que o art. 126, III, do CTN, impõe a capacidade passiva, independentemente de a pessoa jurídica estar regularmente constituída. No que se refere à abrangência do crédito transferido na responsabilidade por sucessão empresarial, deve ficar claro que, neste caso, abrange tanto as multas moratórias como as punitivas. Vejamos o posicionamento do STJ a respeito do tema: "(...) A responsabilidade tributária do sucessor abrange, além dos tributos devidos pelo sucedido, as multas moratórias ou punitivas, que, por representarem dívida de valor, acompanham o passivo do patrimônio adquirido pelo sucessor, desde que seu fato gerador tenha ocorrido até a data da sucessão. (...)" (STJ, REsp 923.012, Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, Julgamento em 09/06/2010) Tal posicionamento encontra-se, hoje, cristalizado na Súmula 554: Súmula STJ 554 - Na hipótese de sucessão empresarial, a responsabilidade da sucessora abrange não apenas os tributos devidos pela sucedida, mas também as multas moratórias ou punitivas referentes a fatos geradores ocorridos até a data da sucessão. 2.5 – Responsabilidade do adquirente de fundo de comércio ou estabelecimento profissional Além da responsabilidade na sucessão empresarial, o legislador do CTN disciplinou também a responsabilidade tributária na alienação de fundo de comércio e estabelecimentos profissionais, conforme se vê abaixo: Art. 133. A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até à data do ato: I - integralmente, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade; II - subsidiariamente com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. Antes de partirmos para análise do art. 133, vamos entender o que vem a ser “fundo de comércio” e “estabelecimento comercial”. Fundo de comércio é caracterizado pelo conjunto de bens tanto materiais (máquinas, móveis, computadores etc.) como imateriais (marca, ponto comercial etc.), utilizados para cumprir com a atividade empresarial. O fundo de comércio pode ser composto por um ou mais estabelecimentos. Portanto, os estabelecimentos são considerados parcelas do fundo de comércio, já que este pode conter vários estabelecimentos. Nesse contexto, repare que o CTN responsabiliza tanto o adquirente de todo o fundo de comércio, como o que adquire apenas um estabelecimento comercial. Assim, o adquirente que continua a respectiva exploração da atividade comercial, ainda que sob a mesma ou outra razão social ou sob firma individual, responde pelos tributos relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido. Daí, podemos tirar duas conclusões: O adquirente deve continuar a exploração da respectiva atividade comercial. Dessa forma, se compra um estabelecimento onde há a exploração de uma farmácia, e decide abrir um lava-jato, não há que se falar em responsabilidade do adquirente. Havendo o prosseguimento na exploração da respectiva atividade, o adquirente somente responde pelos tributos relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido. Nesse sentido, seria responsável pelo ICMS ou IPI, por exemplo, mas não sobre o Imposto de Renda devido pela pessoa jurídica alienante. Vamos esquematizar para deixar tudo mais simples: É importante destacar que o STJ (REsp 108.873/SP) já decidiu que, se uma empresa aluga um imóvel que já foi anteriormente locado a outra pessoa jurídica devedora, não há que se falar em responsabilidade tributária. Entendido tudo até aqui, correto? Então, vamos prosseguir no assunto, explicando a intensidade da responsabilidade assumida pelo adquirente, que pode ocorrer de duas maneiras. Vamos lá! Imagine, a título de exemplo, que um japonês, inconformado com o elevado índice de inadimplência na sua loja de roupas, decide vendê-la a outra pessoa, com a finalidade de regressar ao seu país de sua origem. Adquirente de Fundo de Comércio ou Estabelecimento Se continuar a exploração Torna-se Responsável Subsidiariamente Se o alienante continuar atividade comercial; ou Iniciar nova atividade dentro dos próximos 6 meses. Integralmente Se o alienante cessar exploração comercial Outro exemplo seria o de um italiano, que possui duas pizzarias. Decepcionado com o baixo volume de vendas de uma das pizzarias, decide aliená-la e continuar com a exploração da outra, que já se encontra estruturada. A primeira hipótese ocorre quando o alienante, após realizar a venda do fundo de comércio ou do estabelecimento, cessa completamente a exploração do comércio, indústria ou atividade. Perceba que, para o fisco, fica difícil localizar o japonês, para cobrar-lhe os tributos porventura devidos. Por esse motivo, se o alienante cessa a exploração comercial ou industrial, o adquirente responde integralmente pelos tributos (art. 133, I). A segunda hipótese refere-se ao caso de o alienante prosseguir na exploração da atividade comercial ou industrial, ou iniciar, dentro dos próximos seis meses, contados da data da alienação, nova atividade, no mesmo ou até mesmo em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. Como o alienante pode ser encontrado com maior facilidade, o adquirente somente responderá pelos tributos devidos se a Fazenda não lograr êxito na cobrança do alienante. Ou seja, a responsabilidade é subsidiária do adquirente. Percebe-se que há benefício de ordem, ou seja, o adquirente só irá cumprir com a obrigação, caso o alienante não possa fazê-lo. Um detalhe a ser notado é que, para o adquirente se responsabilizar pelo fundo de comércio ou estabelecimento adquirido, deve continuar a exploração da respectivaatividade. Por outro lado, a responsabilidade do alienante continua, ainda que venha a iniciar atividade distinta dentro dos próximos seis meses. Observação: O que foi dito sobre a transferência da responsabilidade das multas moratórias e punitivas também se aplica na aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento. Impende destacar que o advento da LC 118/2005 trouxe importantes alterações no art. 133 do CTN, acrescentando 3 parágrafos a ele. Como tais alterações envolvem o processo de recuperação judicial e de falência, é muito importante que você entenda a relação desses conceitos com o assunto que estamos estudando. Na sistemática da recuperação judicial (antiga concordata), o objetivo é fazer com que a empresa supere a crise econômico-financeira pela qual está passando. Para que isso ocorra, pode ser necessário alienar um dos estabelecimentos da empresa. Da mesma forma que na recuperação judicial, em que está presente o princípio da preservação da empresa, na falência pode haver alienação dos estabelecimentos. Em ambos os casos, o alienante está repleto de dívidas tributárias. Aplicando-se a regra da responsabilidade por sucessão, o adquirente seria responsável por tais dívidas. A LC 118/05 alterou justamente esse ponto, ou seja, criou uma hipótese de exclusão da responsabilidade do adquirente dos fundos de comércio e dos estabelecimentos. Art. 133 – (...): § 1o O disposto no caput deste artigo não se aplica na hipótese de alienação judicial: I – em processo de falência; II – de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial. A princípio, poderíamos pensar que foi aberta a possibilidade de os sócios da sociedade falida, ou em recuperação judicial, utilizarem terceiros para adquirir os estabelecimentos livres do ônus tributário. Contudo, de modo a prevenir que tal exceção seja utilizada com fins fraudulentos, o legislador estabeleceu no § 2º o seguinte: Art. 133 – (...): § 2o Não se aplica o disposto no § 1º (que estabelece a exclusão da responsabilidade) deste artigo quando o adquirente for: I – sócio da sociedade falida ou em recuperação judicial, ou sociedade controlada pelo devedor falido ou em recuperação judicial; II – parente, em linha reta ou colateral até o 4o (quarto) grau, consangüíneo ou afim, do devedor falido ou em recuperação judicial ou de qualquer de seus sócios; ou III – identificado como agente do falido ou do devedor em recuperação judicial com o objetivo de fraudar a sucessão tributária. O objetivo de tais restrições é evitar fraude contra o benefício estabelecido no CTN. Por último, a LC 118/05 acrescentou o § 3º ao art. 133, asseverando que o dinheiro arrecadado com a alienação de empresa, filial ou unidade produtiva isolada permanecerá à disposição do juízo de falência pelo prazo de 1 ano, só podendo ser utilizado para pagar dívidas contraídas ao longo da falência (créditos extraconcursais), ou para pagar créditos que, na falência, possuem privilégio em relação ao crédito tributário. Não se preocupe, amigo(a) concurseiro(a) com tais conceitos, pois tudo isso será muito bem detalhado em momento oportuno. Não vamos complicar nosso curso sem necessidade. Tudo deve fluir naturalmente! (SEFAZ-DF-Auditor Fiscal/2020) A sociedade empresária que tenha sócio remanescente de sociedade extinta e que explore a mesma atividade não responde pelos débitos tributários desta. Comentário: O art. 132, par. único, do CTN, prevê que há responsabilidade em caso de extinção de pessoas jurídicas de direito privado, quando a exploração da respectiva atividade seja continuada por qualquer sócio remanescente, ou seu espólio, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma individual. Gabarito: Errada (MPE-CE-Promotor de Justiça/2020) João arrematou um imóvel em hasta pública, tendo descoberto posteriormente que havia dívidas de IPTU relativas ao imóvel, constituídas antes da data da arrematação e que não haviam sido informadas no leilão. Nessa situação hipotética, de acordo com o Código Tributário Nacional (CTN), a sub-rogação do crédito tributário ocorrerá sobre a) o patrimônio do arrematante, o qual passa a ser pessoalmente responsável pela dívida. b) o patrimônio do proprietário anterior, o qual deverá responder sozinho pela dívida tributária. c) o preço pago pelo arrematante, não devendo ser gerado qualquer gravame no imóvel. d) o imóvel, sobre o qual incidirá o gravame, até o limite do seu valor. e) o patrimônio tanto do proprietário anterior quanto do arrematante, sendo hipótese de responsabilidade solidária. Comentário: O art. 130, par. único, do CTN, prevê que, no caso de arrematação em hasta pública, a sub- rogação ocorre sobre o respectivo preço. Isso significa que o arrematante não responde pela dívida tributária anterior à arrematação, como é o caso de João. Por isso, a alternativa correta é a Letra C. Gabarito: Letra C (SEFAZ-SC-Auditor Fiscal/2018) Conforme o Código Tributário Nacional (CTN), no que tange à responsabilidade tributária, a pessoa de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração a) não responde pelos tributos devidos pelo alienante ou pelo estabelecimento alienado até a data da compra, se o alienante continuar exercendo a atividade econômica no mesmo ramo ou for declarado falido. b) não responde pelos tributos devidos até a data da compra, se a alienação for judicial, no âmbito de processo de falência, exceto se for sócio da sociedade falida, sociedade controlada pelo devedor falido, parente em linha reta ou colateral até o 4º grau do devedor falido ou de seus sócios, ou agente do falido. c) não responde pelos tributos devidos após a compra do estabelecimento adquirido, por até 3 anos, se o alienante estava falido ou em recuperação judicial. d) responde integralmente pelos tributos devidos até 12 meses da data da aquisição, se o alienante, por qualquer motivo, cessar a atividade econômica ou, estando em recuperação judicial, falir. e) responde subsidiariamente pelos tributos devidos até a data da compra, se o alienante, por qualquer motivo, cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade. Comentário: A responsabilidade tributária nos casos de aquisição de fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional foi disciplinada no art. 133, do CTN, estabelecendo-se que, caso o adquirente continue a exploração da respectiva atividade sujeita-se à responsabilidade integral, se o alienante cessar a exploração do comércio, indústria ou atividade. A responsabilidade, por outro lado, é subsidiária com o alienante, se este prosseguir na exploração ou iniciar dentro de seis meses a contar da data da alienação, nova atividade no mesmo ou em outro ramo de comércio, indústria ou profissão. Fica, ainda, isento da responsabilidade, o adquirente nos casos de alienação judicial em processo de falência ou de filial ou unidade produtiva isolada, em processo de recuperação judicial, exceto se for sócio da sociedade falida, sociedade controlada pelo devedor falido, parente em linha reta ou colateral até o 4º grau do devedor falido ou de seus sócios, ou agente do falido. Desse modo, só nos resta a alternativa B como resposta. Gabarito: Letra B (CLDF-Consultor Legislativo/2018) A condição de responsável tributário é uma das formas de sujeição passiva em relação à obrigação tributária principal. O Código Tributário Nacional contempla várias regras atinentes à responsabilidade. Relativamente à responsabilidade dos sucessores, prevista no CTN, o a) cônjuge meeiro, que não se qualifique como herdeiro, é pessoalmente responsável, por sucessão, pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da partilha, limitada esta responsabilidade ao montante da meação. b) adquirente, que compra um bem por meio de contrato de venda e compra, é responsável pelos tributos devidos pelovendedor, embora essa responsabilidade não seja pessoal, por não se tratar de uma situação de sucessão. c) herdeiro, parente em linha colateral, até o quarto grau, é responsável, ilimitadamente, pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da abertura da sucessão. d) legatário que tiver aceitado o legado, desde que não tenha tido relação de parentesco com o autor da herança, não é pessoal nem limitadamente responsável pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da abertura da sucessão. e) espólio é excluído de qualquer forma de responsabilização, por não ter personalidade jurídica. Comentário: Alternativa A: O art. 131, II, do CTN, estabelece que é pessoalmente responsável o sucessor a qualquer título e o cônjuge meeiro, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da partilha ou adjudicação, limitada esta responsabilidade ao montante do quinhão do legado ou da meação. Alternativa correta. Alternativa B: O art. 131, I, do CTN, estabelece que é pessoalmente responsável o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos. Alternativa errada. Alternativa C: A responsabilidade dos sucessores é limitada ao montante do quinhão do legado ou da meação. Alternativa errada. Alternativa D: O legatário é responsável pessoal pelos tributos devidos pelo de cujus, até a data da partilha, limitada sua responsabilidade ao do quinhão do legado. Alternativa errada. Alternativa E: O art. 131, I, do CTN, estabelece que é pessoalmente responsável o espólio, pelos tributos devidos pelo de cujus até a data da abertura da sucessão. Alternativa errada. Gabarito: Letra A (TCM-GO-Auditor de Controle Externo/2015) Os tutores e curadores respondem solidariamente pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados, nos atos em que intervierem ou não, ou pelas omissões de que forem responsáveis, independentemente da possibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte (“responsabilidade por sucessão"). Comentário: A responsabilidade solidária dos tutores e curadores pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados, nos atos em que intervierem ou não, ou pelas omissões de que forem responsáveis, somente haverá nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte. Gabarito: Errada 3 – Responsabilidade de Terceiros Diferentemente do que vimos nos tópicos anteriores, em que há sucessão patrimonial e consequente responsabilidade, o que vamos estudar aqui é a responsabilização de pessoas (denominadas “terceiros”), que possuem o dever de administrar os bens dos contribuintes, de representá-los. Caso tais pessoas se omitam do seu dever, ainda que não atuem contrariamente à lei, devem ser responsabilizadas, já que a elas foi confiada a gestão patrimonial. Nesse rumo, a responsabilidade de terceiros foi dividida, no CTN, em duas partes: o art. 134 trata da responsabilização por atuação regular, e o art. 135 se refere à responsabilidade de terceiros que agiram de forma irregular, infringindo a lei, por exemplo. Vamos estudá-los separadamente a partir deste momento. 3.1 – Responsabilidade de terceiros com atuação regular Vamos começar o estudo desse tipo de responsabilidade, analisando o caput do art. 134: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigência do cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omissões de que forem responsáveis: (...) De início, cumpre ressaltar uma imprecisão terminológica do CTN. A Lei diz que, não sendo possível exigir o cumprimento da obrigação principal do contribuinte, o terceiro passa a ser responsável “solidário” com aquele. Nós estudamos que a solidariedade não comporta benefício de ordem, podendo ser exigida de um ou de outro. No caso, o comando é claro que a exigência deve ser feita ao contribuinte e, não sendo possível adimplir a obrigação, cobra-se do responsável. Embora o CTN tenha sido impreciso na terminologia utilizada, devemos guardar que a responsabilidade é solidária, mas que deve seguir a ordem estipulada no caput. Esse conselho deve ser seguido, pois é assim que as bancas costumam cobrar. Observe que a responsabilidade é considerada por transferência, pois, ao ocorrer o fato gerador, o contribuinte é o sujeito passivo da obrigação. Em caso de impossibilidade do cumprimento pelo sujeito passivo direto, transfere-se a responsabilidade ao terceiro. Repare que no final do caput do art. 134, uma informação adicional também nos foi dada: o terceiro deve intervir no ato que culminou no inadimplemento da obrigação ou se omitir de um dever que lhe cabe. Ou seja, a atuação do terceiro possui relação com o nascimento da obrigação tributária e, se o contribuinte não pagar, o terceiro se torna responsável. Logo, podemos esquematizar os dois requisitos para que a dívida venha a ser exigida do responsável: Deve ficar claro, quanto ao artigo em análise, que os responsáveis somente assumem o tributo devido e as multas de caráter moratória, isto é, por mero atraso de pagamento. Isso porque o seu par. único estabelece que a responsabilidade decorrente do art. 134 só se aplica, em matéria de penalidades, às de caráter moratório. Responsabilidade “Solidária” de Terceiros com Atuação REGULAR (art. 134) Impossibilidade de exigir a dívida do contribuinte Colaborou, de algum modo, com o não pagamento do tributo As multas por descumprimento de obrigações acessórias (que, como vimos, “convertem- se” em obrigação principal) não são transferidas nesse tipo de responsabilidade. Nesse momento, você de estar se perguntando: quem são esses terceiros responsáveis? Nos incisos do art. 134, o legislador elenca os terceiros que podem ser tornar responsáveis em relação à obrigação tributária. São eles: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio; V - o síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário; VI - os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razão do seu ofício; VII - os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas. Observação: Lembre-se de que os menores, tutelados e curatelas, embora sejam incapazes, possuem capacidade tributária passiva, em decorrência do disposto no art. 126 do CTN. Em todos os casos, observe que o responsável exerce uma função de representação do contribuinte. Os pais, os tutores e os curadores, por exemplo, representam aqueles que são incapazes para praticar os atos da vida civil (filhos menores, tutelados e curatelados). O inventariante, por seu turno, exerce a função de gerir o patrimônio do espólio, podendo, por isso mesmo, se tornar responsável quando colaborar para o inadimplemento da obrigação tributária principal (tributos ou multas moratórias). No que se refere aos síndicos e comissários, na legislação falimentar atual, são denominados Administrador Judicial. Na falência, o administrador assume a administração dos bens da massa. Na recuperação judicial, o administrador judicial atua como auxiliar. Os tabeliães, também conhecidos por notários, podem ficar responsáveis, por exemplo, quando não exigirem (omissão) a comprovação de quitação dos tributos relativos a determinado imóvel, no momento da transferência de sua propriedade. Por fim, quando o CTN se referiu aos sócios de sociedade de pessoas, quis se referir àquelas sociedades em que a responsabilidade dos sócios é ilimitada em relação à sociedade, ou seja, respondem pelas dívidas das sociedades com o próprio patrimônio. 3.2 – Responsabilidade de terceiros com atuação irregularAcabamos de estudar a responsabilidade “solidária” (que, na verdade, é subsidiária) dos terceiros que atuam ou se omitem, acarretando o não pagamento dos tributos devidos. Não houve, portanto, qualquer infração dolosa à lei ou excesso de poderes, por exemplo. A partir desse momento, veremos a responsabilidade pelos terceiros que agem com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Dessa forma, o art. 135 do CTN estabelece o seguinte: Art. 135. São pessoalmente responsáveis pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior (art. 134, estudado no tópico anterior); II - os mandatários, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Repare que as pessoas mencionadas nos incisos II e III desse artigo não foram previstas na responsabilidade “solidária” do art. 134. Isso cai em prova. Cuidado! Vamos imaginar que o diretor de uma empresa, embora não tenha poderes para adquirir imóveis sem anuência dos sócios da pessoa jurídica, compra uma fazenda a fim de que os funcionários da organização tenham um local para o lazer. Como houve excesso de poder por parte do referido diretor, ele será pessoalmente responsável pela obrigação tributária relativa ao ITBI, por conta da transmissão onerosa de bens imóveis. Observe que não é difícil ilustrar uma situação em que ocorre a prática de um ato com excesso de poderes. Porém, quanto à prática de infrações à legislação tributária, que também ensejam a responsabilidade pessoal do agente, é importante tecermos alguns comentários. Primeiramente, deve-se destacar que o mero descumprimento da obrigação tributária principal, ou seja, o não pagamento do tributo, caso não haja dolo ou fraude, não caracteriza infração legal, de modo que a mora é da empresa, e o gestor não passa a ser pessoalmente responsabilizado. A jurisprudência atual do STJ é pacificada quanto a isso: Súmula STJ 430 - O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. Agora, imaginemos o caso de uma empresa que simplesmente deixa de funcionar no seu endereço, ou seja, encerra suas atividades, deixando débitos tributários em aberto sem qualquer respaldo patrimonial como garantia do pagamento da dívida. Neste caso, isso seria uma infração à lei? Esta situação retrata a famigerada dissolução irregular de uma pessoa jurídica que, para o STJ, configura infração passível de responsabilização do sócio-gerente: Súmula STJ 435 - Presume-se dissolvida irregularmente a empresa que deixar de funcionar no seu domicílio fiscal, sem comunicação aos órgãos competentes, legitimando o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente. Em relação à dissolução irregular, em 2015, embora seja divergente do entendimento da 1ª Turma, a 2ª Turma do STJ decidiu, por votação unânime, no REsp 1.520.257/SP, para caracterizar a responsabilidade do sócio-gerente não é necessário que ele já estivesse no comando da entidade no momento do fato gerador das obrigações tributárias ou nas datas dos vencimentos dos respectivos débitos tributários, mas sim no momento da prática da infração, isto é, ao tempo da dissolução irregular da sociedade. Observação: Pelo exposto, fica claro que não se pode responsabilizar toda e qualquer pessoa que já tenha figurado como administrador de uma empresa em momentos anteriores ou posteriores, nada tendo a ver com a prática dos ilícitos. Talvez, em decorrência da leitura da Súmula 435 do STJ, você esteja se perguntando se o redirecionamento da execução fiscal para o sócio-gerente implicaria exclusão da pessoa jurídica do polo passivo. Não obstante a redação do art. 135 mencione o termo “pessoalmente”, a jurisprudência do STJ indica que a pessoa jurídica persiste no polo passivo da execução fiscal: (...) 12. Não há sentido em concluir que a prática, pelo sócio-gerente, de ato ilícito (dissolução irregular) constitui causa de exclusão da responsabilidade tributária da pessoa jurídica, fundada em circunstância independente. 13. Em primeiro lugar, porque a legislação de Direito Material (Código Tributário Nacional e legislação esparsa) não contém previsão legal nesse sentido. 14. Ademais, a prática de ato ilícito imputável a um terceiro, posterior à ocorrência do fato gerador, não afasta a inadimplência (que é imputável à pessoa jurídica, e não ao respectivo sócio-gerente) nem anula ou invalida o surgimento da obrigação tributária e a constituição do respectivo crédito, o qual, portanto, subsiste normalmente. (...) (STJ, Segunda Turma, REsp 1.455.490/PR, rel. Min. Herman Benjamin, Julgamento em 26/08/2014) Ambas as súmulas acima citam o sócio-gerente. A propósito, nós vimos quem são os terceiros responsáveis do art. 134, mas ainda não comentamos quem pode ser pessoalmente responsabilizado nos termos do art. 135. Saiba que todas as figuras citadas no art. 134 podem sofrer a responsabilização, caso ajam com excesso de poderes ou infração de lei, contrato social ou estatutos. Além disso, também podem ser responsabilizados os mandatários, prepostos e empregados, bem com os diretores (citado no nosso exemplo), gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado. Os mandatários podem vir em provas como “procuradores”! Em relação aos sócios de uma empresa, é importante ter em mente que são as atividades desenvolvidas na gestão da empresa que podem acarretar responsabilização pessoal, e não o simples fato de ser sócio. Por conseguinte, o sócio-gerente pode ser responsabilizado, ao passo que o sócio-quotista não pode. Destaque-se que a responsabilidade pessoal, prevista no art. 135, objeto de nosso estudo, abrange os tributos, os juros e as multas, sejam elas de caráter moratório ou punitivo. Trata-se, na definição da doutrina em geral, de uma modalidade de responsabilidade por substituição. Observação: As multas punitivas também podem ser denominadas multas de ofício, multas formais, multas fiscais ou até mesmo multas pessoais. (SEFAZ-DF-Auditor Fiscal/2020) A atribuição de responsabilidade tributária solidária ao administrador da massa falida pelas penalidades tributárias por ela devidas se restringe às de caráter moratório. Comentário: Trata-se da responsabilidade prevista no art. 134, V, do CTN, que abrange os tributos e penalidades tributárias de caráter moratório. Quando a banca fala em responsabilidade solidária, indica claramente que deseja como resposta o art. 134, do CTN. Gabarito: Correta (SEFAZ-AL-Auditor Fiscal/2020) A responsabilidade tributária corresponde à imposição do pagamento do tributo a terceira pessoa vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação: é originária quando o responsável é colocado diretamente na posição de sujeito passivo, como ocorre, por exemplo, no caso da responsabilidade dos pais pelos tributos devidos pelos filhos menores. Comentário: A banca fez uma associação incorreta ao dizer que a responsabilidade dos pais pelos tributos devidos pelos filhos menores é originária, quando na realidade, é conhecida como responsabilidade por transferência, isto é, não surge diretamente com a ocorrência do fato gerador, mas depende de fato posterior para transferir ao responsável a obrigação de pagar o tributo. Gabarito: Errada (PGE-MT-Procurador/2016) A pessoa jurídica DAMALINDA, dedicada ao varejo de vestuários, é composta por dois sócios, um dos quais assumiu a administração da empresa conforme previsto em seus atos constitutivos. Em razão de dificuldades financeiras, essa empresa passou a interromper os recolhimentos do ICMS, visando a obter recursos para o pagamento de seus empregados e fornecedores. Não obstante a inadimplência, a empresa continuou a declarar o valor mensalmente devido. Apóscerto período de tempo, a atividade se revelou efetivamente inviável, e o administrador optou por encerrar suas atividades e fechou todas as lojas, leiloando em um site de internet todo o saldo de estoques. A decisão deste administrador I. foi acertada, pois se a empresa estava em dificuldades não haveria motivo para continuar com as atividades e incrementar ainda mais seu passivo tributário. II. foi incorreta, pois ao simplesmente fechar as portas das lojas ficou caracterizada a dissolução irregular, o que poderá justificar o futuro redirecionamento de execuções fiscais à pessoa física dos sócios. III. foi incorreta, pois o administrador poderia ter recorrido a remédios legais para a proteção de empresas em dificuldade, tais como a recuperação de empresas e a falência, ao invés de simplesmente encerrar suas atividades sem a comunicação aos órgãos administrativos competentes. IV. não alterou a situação legal do outro sócio no tocante à respectiva responsabilidade pelo crédito tributário, uma vez que todos os sócios respondem pelos débitos fiscais da sociedade. Está correto o que se afirma APENAS em a) I e IV. b) II e III. c) II. d) III. e) IV. Comentário: Item I: A decisão foi incorreta, pois o o administrador poderia ter recorrido a remédios legais para a proteção de empresas em dificuldade, tais como a recuperação de empresas e a falência, ao invés de simplesmente encerrar suas atividades sem a comunicação aos órgãos administrativos competentes. Item errado. Item II: A decisão foi incorreta, mas o redirecionamento de execução fiscal só alcança o sócio-gerente. Da forma como foi redigida a assertiva, fica subentendido erroneamente que a execução fiscal pode recair sobre qualquer sócio. Item errado. Item III: É exatamente a justificativa da primeira assertiva. Item correto. Item IV: Somente os sócios que exercem a administração na sociedade podem ser pessoalmente responsabilizados pelas dívidas da empresa. Item errado. Gabarito: Letra D (TRF - 4ª REGIÃO-Técnico Judiciário/2014) Sobre responsabilidade tributária, o representante legal de pessoa jurídica de direito privado, ainda que não seja sócio da empresa, é pessoalmente responsável pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto. Comentário: Realmente, ainda que não seja sócio da empresa, o representante legal é pessoalmente responsável pelos créditos correspondentes a obrigações tributárias resultantes de atos praticados com excesso de poderes, infração de lei, contrato social ou estatuto. Gabarito: Correta RESPONSABILIDADE POR INFRAÇÕES O CTN trata das responsabilidades por infrações nos arts. 136 e 137. Normalmente, quando uma pessoa pratica infrações tributárias, fica sujeita às penalidades pecuniárias. Ser punido com multas é o mais corriqueiro. Contudo, há que se destacar que, no âmbito da legislação dos tributos incidentes sobre o comércio exterior, há infrações puníveis com penas de perdimento de mercadorias ou veículos, e até outras que não possuem conteúdo pecuniário. Nessa esteira, é importante entender que aquele que pratica infrações possui relação pessoal e direta com o fato, o que o tornaria impreciso dizer que é “responsável”. Contudo, é assim que o CTN estabelece, e é o que vamos levar para a nossa prova, não é mesmo? Pode-se dizer também que, como a pessoa é responsável pela infração desde o momento de sua prática, é uma forma de responsabilidade por substituição. Pois bem, vamos ver então o que o CTN diz acerca dessa “responsabilidade”: Art. 136. Salvo disposição de lei em contrário, a responsabilidade por infrações da legislação tributária independe da intenção do agente ou do responsável e da efetividade, natureza e extensão dos efeitos do ato. Pode-se inferir do dispositivo que a responsabilidade por infrações tributárias é, via de regra, objetiva, ou seja, não se leva em consideração as características pessoais (subjetivas) do infrator e os efeitos que o ato pode causar. Tudo isso, salvo disposição de lei em contrário, havendo, portanto, exceções, se forem previstas em leis. Observação: O entendimento desse assunto tornar-se-á mais compreensível quando estudarmos a distinção entre Direito Tributário Penal e Direito Penal Tributário. Deve ficar muito claro que não estamos tratando de tributo, mas de infrações e penalidades. Aí vai um exemplo para ficar claro: o cidadão que recolhe imposto de renda durante o ano, em conformidade com a legislação que rege tal imposto, mas que não presta a declaração ao Fisco na data correta, está sujeito à penalidade pela infração à legislação tributária. Nunca é tarde para se lembrar de que a lei mais benéfica sobre penalidades é aplicada retroativamente, desde que o ato não esteja definitivamente julgado (art. 106, II, do CTN). Além disso, a lei tributária que define infrações ou lhe comina penalidades deve ser interpretada em benefício do infrator (acusado), quando houver dúvida sobre (art. 112, do CTN): a capitulação legal do fato; a natureza ou às circunstâncias materiais do fato, ou à natureza ou extensão dos seus efeitos; a autoria, imputabilidade, ou punibilidade; a natureza da penalidade aplicável, ou à sua graduação De qualquer modo, deve sempre ser conferido ao acusado o direito de defesa. 1 – A responsabilidade pessoal do agente Em matéria tributária, a responsabilidade pelas infrações cabe a quem praticou o ato ilícito. Logo, se foi a pessoa jurídica, ela será responsabilizada, ainda que, na prática, seja uma pessoa natural que atue em nome da empresa. A punição é aplicada ao sujeito passivo da obrigação tributária principal ou acessória, que não foi cumprida. Essa é a regra! O art. 137 do CTN traz justamente a exceção à referida regra. São situações em que a responsabilidade é pessoal do agente quanto à punição, permanecendo a pessoa jurídica na condição de sujeito passivo do tributo. As três hipóteses de responsabilização pessoal do agente são as seguintes: Art. 137. A responsabilidade é pessoal ao agente: I - quanto às infrações conceituadas por lei como crimes ou contravenções, salvo quando praticadas no exercício regular de administração, mandato, função, cargo ou emprego, ou no cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito; II - quanto às infrações em cuja definição o dolo específico do agente seja elementar; III - quanto às infrações que decorram direta e exclusivamente de dolo específico: a) das pessoas referidas no artigo 134, contra aquelas por quem respondem; b) dos mandatários, prepostos ou empregados, contra seus mandantes, preponentes ou empregadores; c) dos diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurídicas de direito privado, contra estas. A primeira se refere às infrações que foram definidas na lei penal como crimes ou contravenções. As penas previstas para os crimes e contravenções penais aplicam-se às pessoas naturais. O CTN, seguindo essa lógica, também estabeleceu que a responsabilidade caberá ao agente. Destaque-se que há duas exceções, que acabam por afastar o agente da responsabilidade pelas infrações à legislação tributária: se forem praticadas no exercício regular da administração ou se for por cumprimento de ordem expressa emitida por quem de direito. A segunda hipótese se refere à infração em que o agente possui dolo específico, ou seja, age com uma finalidade específica. O dolo específico é um elemento subjetivo que, como regra, não está presente nas infrações à legislação tributária, já que estas têm natureza objetiva (CTN, art. 136). No entanto, lembre-se de que há possibilidade de as infrações à legislação tributária serem subjetivas (o art. 136 prevê a exceção). Portanto, sempre quando o elemento subjetivo (dolo específico) estiver presente na legislação que preveja a infração, dizemos que o dolo específico
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