Buscar

3d35eb2f-54f9-4fbc-905a-de5e3a69ab79

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 16 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ANTROPOLOGIA 
SOCIAL 
Mayara Joice Dionizio
Direitos étnico-culturais 
dos povos indígenas
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Descrever os efeitos da guerra para a Constituição dos direitos étnico-
-culturais dos povos indígenas.
 � Reconhecer a relação do território e da floresta com a cosmopolítica 
dos povos ameríndios.
 � Analisar a demarcação das terras indígenas como um pilar existencial 
desses povos.
Introdução
Os indígenas são considerados os povos originários do Brasil, mas esse 
fato somente foi reconhecido jurídica e culturalmente com a Constituição 
Federal de 1988. Anteriormente a esse período, eles tinham seus direitos 
inexistentes ou tutelados por órgãos governamentais. Todas as conquistas 
ocorridas colocam a questão indígena em um paradoxo: direitos foram 
reconhecidos desde o processo de redemocratização do país, porém, 
para além da lei, o reconhecimento por parte da sociedade continua 
sendo dificultoso. A população ainda tenta compreender o modo de vida 
indígena a partir de um ideal com resquícios colonizadores, integrando-
-o a um modelo que não é próprio a esses povos, pois não entende a 
cosmovisão indígena do mundo.
Neste capítulo, você estudará os efeitos da Guerra da Conquista 
(processo de colonização do Brasil pelos portugueses), a batalha cultu-
ral em que vivem os indígenas até a atualidade; os caminhos que eles 
percorreram até terem seus direitos reconhecidos; o que fundamenta a 
cosmopolítica, de que forma o território e a floresta se atrelam à cultura 
ameríndia; e como a demarcação de terras possibilita o modo de exis-
tência desses povos.
Luta pela constituição dos direitos étnico-
culturais dos povos indígenas
Os direitos étnico-culturais sempre foram alvo de ataques, mas atualmente, 
estes têm sido muito discutidos como uma forma de não compreensão do modo 
de vida do indígena, além da necessidade civilizatória como uma padronização 
e hierarquização entre as formas de vida. Para tratar dos direitos étnico-
-culturais, deve-se antes compreender o que é cultura, por exemplo, a partir 
da diversidade, pluralismo e patrimônio cultural, ela não é pensada como um 
conceito fechado e terminado, mas, sim, aberto e em constante modificação. 
A Organização das Nações Unidas (ONU) entende como cultura: “o conjunto 
de traços espirituais e materiais, intelectuais e afetivos que distinguem e 
caracterizam uma sociedade ou um grupo social e que abrange, além das 
artes e das letras, os modos de vida, as formas de viver em comunidade, os 
valores, as tradições e as crenças” (UNITED NATIONS EDUCATIONAL, 
SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION, 2001, p. 1).
Nesse contexto, evidencia-se um paradoxo cultural e de perspectiva sobre 
como a sociedade compreende os povos indígenas e como estes entendem a 
si mesmos. A maioria da sociedade parte dos pré-conceitos e preconcepções 
sobre seu modo de vida, alguns caracterizam-no a partir de símbolos que não 
representam mais (ou nunca representaram) a cultura desses povos, os quais 
lutam para sobreviver física e culturalmente em mundo que, ao mesmo tempo, 
os pertence e os excluí.
Atualmente, os indígenas compartilham da realidade de vida das cidades, se 
vestem de forma padrão e usam tecnologias, porém, sua inserção no cotidiano 
urbano não é inclusivo. Mesmo nas reservas próximas às cidades, seu modo de 
vida está inserido no contemporâneo, com acesso às coisas utilizadas no dia a 
dia do cidadão comum, contudo, esse acesso por parte da população indígena 
é muito dificultoso. Entre todas as dificuldades, sobressaem as necessidades 
de atendimento médico, a demarcação de território e o combate à violência 
contra esses povos. Além das necessidades de caráter mais físico, há o caráter 
cultural, de direito cultural, pelo qual eles lutam, uma vez que seus modos 
de vida são incompreendidos ou rejeitados pela maioria da sociedade, que, 
muitas vezes, não respeita sua cultura.
Entretanto, o modo não relacional ou de exclusão social dos indígenas 
não é relativamente novo, assim, a forma como a sociedade nacional os 
compreende ainda carrega a perspectiva colonizadora. Isso significa reco-
Direitos étnico-culturais dos povos indígenas2
nhecer que, desde a chegada dos portugueses e do processo de colonização 
do Brasil, a visão eurocêntrica impôs a esses povos uma cultura valorativa. 
Assim, impôs-se um modelo de religião, no caso a católica, um ideal de raça, 
valores artísticos e de conduta aos indígenas. Nesse sentido, o reconhecimento 
deles, ou a dignificação justa desses povos originários, sempre foi marcada 
por uma guerra.
Esse período ficou conhecido como a Guerra da Conquista, marcada pela 
exploração e dizimação dos povos indígenas pelos portugueses, mas, segundo 
Krenak (2019), ela dura até os dias atuais. Assim, além de uma guerra especí-
fica, a existência indígena sempre esteve em um processo de batalha com as 
dimensões colonial e biológica. Isso significa dizer que os indígenas foram 
mortos não apenas pela questão cultural, como também por serem escravizados 
e pelas epidemias de doenças trazidas pelos colonizadores.
Portanto, as constituições nacionais buscaram, desde 1891, a integração 
dos povos indígenas à sociedade para que se estabelecesse a hegemonia racial 
— eles eram escravizados — e cultural (que permanece até a atualidade). 
Nesse sentido, a herança colonial no modo de visão da sociedade nacional 
estabelecia, de forma legislativa, uma política de integração no período 
republicano.
Com a Constituição que ocorreu a partir da Proclamação da República, a 
situação dos indígenas não se alterou, pois a Carta de 1891 apenas afirmou as 
ideias colonizadoras por meio de um conservadorismo da elite, que enxergava 
os indígenas como um povo a ser distinguido e inferior em todos os aspectos. 
Nesse contexto, um grupo de positivistas propôs que a Constituição garantisse 
alguns direitos aos indígenas, porém, os conservadores impossibilitaram que 
o projeto fosse votado. Tal proposta argumentava em prol da inserção desses 
povos na sociedade de modo gradativo, utilizando o processo de modernização 
do Brasil como o momento ideal para mudanças dessa ordem. Nesse cenário, a 
sociedade brasileira vivia um período de industrialização e influência cultural 
extremamente europeia, desde então até a Carta de 1934, nada foi alterado 
em relação aos direitos dos indígenas.
Neste período, mais especificamente em 1918, criou-se o Serviço de Pro-
teção ao Índio, que tinha como função implementar um programa de inte-
gração do indígena como um trabalhador, de acordo com a visão colonialista 
permeada até então. Já em 1966 foi criada a Fundação Nacional do Índio 
(Funai). Contudo, na Carta de 1934, houve a primeira referência à existência 
de indígenas no Brasil e como povos originários, na qual não se apresentava 
3Direitos étnico-culturais dos povos indígenas
nada de novo, apenas eles como indivíduos dotados de identidade cultural e 
que deveriam ser integrados à comunhão nacional, conduzidos e moldados 
pelo Estado para a vida em sociedade.
Porém, esta visão menos tolerante em relação à alteridade cultural e racial 
se aprofundou em 1937 quando a Constituição de 1934 foi revogada, devido à 
ascensão do fascismo no Brasil, pois vários setores do Estado novo se identi-
ficavam com a ideologia nazista aplicada na Alemanha nesse período. O ideal 
predominante do fascismo é a padronização nacional e, no caso do nazismo, 
esta também é eugenista, contribuindo para o acirramento entre a sociedade 
e os povos indígenas que eram ignorados, senão extirpados. Nesse contexto, 
os índios não foram mais vistos como sujeitos a serem integrados, e sim de-
finitivamente excluídos, contudo, isso não culminou em um reconhecimento 
identitário cultural, mas em uma exclusão e insignificância.
Em 1967, adotou-se outra proposta integracionista, em que a Constituição 
buscou se assemelhar à visão internacional sobre o integracionismo, que tinha 
como baseproteger a vida e o patrimônio indígena. Assim, a Funai começou 
a gerir estas políticas voltadas aos direitos indígenas: preservação da cultura, 
estímulo ao estudo sobre esses povos e sua cultura, sua proteção e demarcação 
dos territórios habitados por eles. Já em 1973, criou-se o Estatuto do Índio com 
a finalidade de, por meio da Funai, cuidar dos povos indígenas.
Portanto, o integracionismo assume o caráter tutelar, estabelecendo uma 
forma de proteção que culmina com uma legitimação à destruição cultural 
indígena, com a desculpa de se preservar esses povos. Entretanto, em 1970, 
houve a união dos indígenas, devido à sua exclusão, em que os povos isolados 
começaram a se buscar e se conhecer. Com isso, a organização indígena se 
articulou em relação aos diferentes contextos e problemas enfrentados, “[é] 
nesta fase que a troca de experiência e problemas vividos dá origem a um senso 
de solidariedade indígena [unidade] nunca antes vivenciado, constituindo um 
espírito de corporação, que é a marca desta fase e que passou a ser a base de 
todas as mobilizações indígenas” (NEVES, 2004, p. 89).
Essa articulação foi nomeada como supraétnica por caracterizar uma 
identidade indígena múltipla. Para tanto, a organização indígena começou a 
formação de assembleias compostas de organizações religiosas e entidades 
de direitos humanos e indígenas. A partir disso, no ano de 1980, formou-se a 
União das Nações Indígenas (UNI).
Contudo, as dificuldades enfrentadas pelos povos indígenas, inclusive 
para participar das mobilizações, eram grandes uma vez que, para sair da 
Direitos étnico-culturais dos povos indígenas4
reserva, deveriam ter uma justificativa e ser autorizados pela Funai. Em 1980, 
o Brasil vivia um período de redemocratização, e os indígenas se colocaram 
como força atuante e uma voz a ser ouvida. Assim, as lideranças indígenas 
conseguiram incluir na Constituição um capítulo intitulado “Dos índios”, com 
dois artigos. O primeiro artigo reconhece seu modo de vida e responsabiliza 
a União por demarcar e defender seus territórios e bens. Já o segundo reco-
nhece a autonomia dos povos indígenas e suas organizações em seus direitos 
e interesses, o direito de defesa diante do Ministério Público. Isso foi um 
grande marco para essas lideranças, pois garantia aos povos falarem por si, 
de seus direitos de defesa e agência por meio de organizações, o que rompe 
com a visão integralista e de tutela deles, ao menos em relação à Constituição 
de 1988 e à Carta Magna.
Desde 1988, a inserção desse capítulo na Constituição se tornou um impor-
tante dispositivo constitucional para a luta indigenista por romper, acima de 
tudo, com a lógica de dominação desses povos. A partir desse momento, eles 
começaram a ser vistos legalmente como diferentes, mas essa diferença não 
é compreendida como incapacidade. Já a concepção de tutela foi substituída 
pela ideia de proteção, assim, órgãos como a Funai têm o papel de proteger 
esses povos. Em 2008, o Brasil adotou a declaração da ONU que reconhece o 
direito dos indígenas à autodeterminação em relação à condição política e ao 
desenvolvimento econômico; o direito à autonomia quanto à sua organização 
interna; o direito à conservação de suas instituições políticas, jurídicas, cultu-
rais e sociais; o direito, caso queiram, de participar da vida social, em ampla 
esfera, da sociedade nacional e do Estado; e repudia a remoção desses povos de 
seus territórios sem acordo prévio, passivo de indenização (ORGANIZAÇÃO 
DAS NAÇÕES UNIDAS, 2008).
Apesar dessas importantes mudanças jurídicas, a realidade dos povos 
indígenas continua muito difícil. No sentido cultural, a visão colonialista 
por parte da sociedade brasileira ainda não compreende o modo de vida 
indígena e o rechaça. Assim, muitos indígenas enfrentam dificuldades quanto 
a pertencer a um mundo, uma vez que vivem, muitas vezes, isolados e não 
conseguem se adequar ao estilo de vida do Estado. Já os que decidem viver 
de modo afirmativo culturalmente e posicionados em relação às reservas 
e demarcações são constantemente atacados, geralmente por garimpeiros, 
fazendeiros e outros grupos que não respeitam os territórios e tentam explorar 
essas áreas.
Na Figura 1, você pode ver uma das marchas em prol dos direitos indígenas.
5Direitos étnico-culturais dos povos indígenas
Figura 1. Marcha em prol dos direitos indígenas.
Fonte: Estado... (2015, documento on-line).
Você sabia que um brasileiro é um dos maiores nomes da antropologia atual? O 
antropólogo e filósofo Eduardo Viveiros de Castro ocupa um lugar de destaque nesse 
cenário, cursou ciências sociais na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de 
Janeiro, bem como é mestre e doutor em antropologia social no Museu Nacional. 
Ele foi aluno de Claude Lévi-Strauss, o qual percebeu sua compreensão inovadora no 
campo da antropologia e disse que Viveiros de Castro seria o fundador de uma nova 
escola antropológica. Eduardo também criou a corrente perspectivista e dedica suas 
obras a pensar os modos de vida dos povos indígenas e descentralizar a hierarquia 
em que o pensamento ocidental se estabeleceu. Seus principais livros são Metafísicas 
Canibais (2009) e Araweté: os deuses canibais (1986).
Visão cosmopolítica — relações entre território 
e floresta dos povos ameríndios
O modo de vida dos povos indígenas ou ameríndios são, em suma, uma ou-
tra forma de pensar o mundo, a natureza e a realidade. Para a sociedade 
ocidentalizada, a simbologia referente ao mundo está atrelada aos sistemas 
Direitos étnico-culturais dos povos indígenas6
matemáticos, lógicos, científicos e filosóficos, já para os povos ameríndios, 
a realidade refere-se a uma relação com o cosmos, embasada em tradições e 
culturas. A partir dessa relação conflituosa, surge o conceito de cosmopolítica, 
que foi formulado e utilizado pela primeira vez pela filósofa Isabella Stengers, 
em 1996 — posteriormente, o filósofo Bruno Latour começa a endossar seu 
conceito e sua argumentação.
Contudo, o que é cosmopolítica e de que forma ela se relaciona com o 
território e a floresta em que os povos ameríndios habitam? Sem buscar uma 
equalização entre as compreensões de mundo, a cosmopolítica se propõe a 
dignificar as diferenças de visão de mundo diante de um pluriverso. Assim, 
tanto ela necessita de um universo plural para existir como esse universo 
precisa de uma cosmopolítica que garanta o respeito aos modos de se olhar 
o mundo. Nesse contexto, Stengers (2014) relata que o termo cosmopolítica 
surgiu quando se deparou com o paradigma científico de dignificação do 
sujeito conhecedor, que fala e pode atestar o conhecimento sobre algo. Assim, 
a cosmopolítica implica pensar que toda forma de conceber o cosmos está 
atrelada a um modo de refletir sobre a política.
Portanto, para Stengers (2014), o cosmos pode ser concebido a partir das 
infinitas articulações que implicam em diversos modos de entender a política. 
Não existe universalidade política uma vez que há diferentes formas de com-
preender o mundo, é apenas possível que a política de cada povo se disponha 
a respeitar a cosmovisão dos outros e ache modos de habitar o mesmo mundo, 
ainda que seja de perspectivas diferentes.
Neste cenário, a reflexão sobre a cosmopolítica na atualidade segue duas 
correntes teóricas: a etnografia multiespécie, a qual se fundamenta em um 
novo materialismo que dignifica humanos e não humanos; e os pensadores 
que defendem uma virada ontológica em que seja considerada a alteridade de 
modo radical ou os mundos plurais, e não uma pluralidade cultural. Assim, 
essas duas correntes compõem o cosmopolitismo perspectivista na atualidade, 
partindo para uma relação mais direta com a cosmovisão dos povos ameríndios 
acerca do território e da floresta, bem como criando a “oportunidade para 
a emergência de uma sensibilidade um pouco diferente dos problemas e das 
situações que nos movem” (STENGERS, 2014, p. 17, tradução nossa).
Isso significa que a cosmogonia indígena é diferente do modo deprodução 
simbólica da chamada cultura ocidentalizada, pois o processo pelo qual ocorre 
a cultura não se restringe a uma manifestação apenas, como também a uma 
amplitude de manifestações dos seres que vivem no mundo. Por conseguinte, 
a lógica dos povos ameríndios é relacional e abarca contextualizações com 
a realidade totalmente diferentes. Assim, se para alguns o Sol é uma estrela 
7Direitos étnico-culturais dos povos indígenas
posicionada no centro da via láctea e todos os planetas orbitam ao seu redor, 
para determinados povos ameríndios, trata-se de uma entidade. Portanto, são 
compreensões heterogêneas.
Por exemplo, a história infantojuvenil intitulada “Onde a onça bebe água”, 
escrita por Veronica Stigger e baseada na obra do filósofo e antropólogo Edu-
ardo Viveiros de Castro, traz uma cosmologia que ilustra um pouco da cultura 
indígena. Ela é protagonizada por Joaci, um indígena que gostava de se perder 
na mata e, certo dia, decide tomar água em um rio no qual escuta uma voz 
dizendo que não deveria beber água onde a onça bebe. Após ficar indignado por 
não saber de onde vinha essa voz, ele corre e chega a uma aldeia abandonada. 
Ao entrar em uma oca, se depara com uma onça que começa a falar com ele 
e lhe oferece cauim (bebida feita de mandioca) e frutinhas, porém, quando 
ele vai experimentar, percebe que a bebida era sangue; e as frutinhas, fezes 
de onça. O menino fica irritado, e a onça diz que, para ela, aquilo é cauim e 
frutas. O menino se assusta e pergunta a ela o que vê quando olha para ele, ela 
afirma que vê um porco-do-mato. Por fim, ao voltar ao rio e olhar seu reflexo, 
Joaci vê uma onça (STIGGER; VIVEIROS DE CASTRO, 2015).
Trata-se de uma abertura cosmológica ao que é o mundo do outro e exterior 
a todas as relações fundadas a partir da alteridade. Nesse sentido, o mundo dos 
povos ameríndios se configura em uma outra produção simbólica e relacional. 
O modo de vida da sociedade ocidental é fundamentado na explicação lógica 
e de caráter colonialista, culturalmente formado por uma tradição histórica e 
de pensamento que visa conquistas, descobrimento e apropriação; já a cultura 
ameríndia parte da relação receptiva ao que é o outro. 
A partir dessa compreensão da cosmologia ameríndia, surge o estudo do 
perspectivismo, termo cunhado por Eduardo Viveiros de Castro. Nesse sentido, o 
perspectivismo não trata de toda a natureza, nem se refere a todos os animais, pois, 
segundo a cosmologia de cada mito ameríndio, existem animais espiritualizados, 
considerados entidades, e outros que não o são. Os espíritos também participam 
e desempenham um papel em várias cosmologias, assim, eles são incorporados 
a estas em um contexto de comunicação entre o que é humano e o que não é.
Portanto, é necessária a aplicação de uma cosmopolítica em relação ao modo 
de vida e a tudo que envolve cosmologicamente os povos ameríndios. Pensar 
o território demarcado e as florestas ocupadas por eles não deve ser apenas 
uma questão geográfica e baseada na herança colonialista, que os trata como 
uma fonte de exploração natural com finalidade lucrativa. Para tanto, deve-se 
compreender que os ameríndios têm uma relação espiritual e cultural com a 
floresta e seus territórios, pensando a partir do ponto de vista ecológico, uma 
vez que esses povos preservam essas regiões, o que garante um equilíbrio 
Direitos étnico-culturais dos povos indígenas8
ambiental para o planeta. Nesse contexto, o maior contingente populacional está 
localizado na Amazônia. Assim, somente a partir de uma visão cosmopolítica 
que se poderia instituir uma política visando a alteridade indígena.
Já em relação ao sistema latifundiário, no ano de 1850, houve a Lei de 
Terras, em que se instituiu que a posse de terra ocorreria por meio de compra, 
rompendo com as concessões feitas pela Coroa (e começando as falsificações de 
documentos referentes a ela). No Brasil, percebe-se que a questão latifundiária 
aconteceu em meio a um conflito econômico e político, o qual nem sempre ocor-
ria por vias legais. Nesse contexto, os povos ameríndios viveram sob a ameaça 
de serem expropriados de suas terras e, além da questão cultural, tiveram suas 
formas de vida ameaçadas, pois eles subsistiam, em geral, do que produziam 
nesses territórios. Essa lei ainda institucionalizou as expropriações, na medida 
em que oficializou de modo financeiro a posse de terras. Disso decorreu a 
migração dos indígenas às áreas mais remotas, que ainda não foram exploradas.
Já na contemporaneidade, após o reconhecimento do direito à terra presente 
na Constituição de 1988 e na Carta Magna, o processo de demarcação volta 
a sofrer ameaças e não somente por parte da classe agrária, que demonstra 
interesse na exploração das riquezas naturais, como também em relação a 
Funai. Além do sucateamento e das diversas terceirizações, a Funai sofre 
com as propostas políticas que sugerem alteração nas demarcações dos povos 
ameríndios. Atualmente, existem no Brasil 462 terras indígenas demarcadas, 
o que significa 12% do território brasileiro.
Apesar de todas as fissuras e ilegalidades que ocorrem em relação aos povos 
indígenas, pode-se notar, desde 1988, um avanço quantos aos seus direitos. 
Portanto, trata-se de uma importante conquista política e constitucional para 
os ameríndios, mesmo com os processos de expropriação e não aceitação da 
necessidade deles por parte da sociedade, garantindo a eles o direito aos seus 
territórios, como foi reconhecido ao longo da história do Brasil. Porém, os 
direitos também devem ser vistos como uma forma de preservar as riquezas 
naturais como condição de sobrevivência de todos.
Importância da demarcação de terras indígenas 
na preservação cultural e social desses povos
Segundo a literatura jurídica brasileira, o termo terra indígena foi instituído 
juntamente aos outros direitos na Constituição Federal, precisamente no art. 
231 (BRASIL, 1988). Contudo, o direito a esses territórios data do alvará 
régio de 1680, em que a Coroa garantia alguns direitos aos povos em relação 
9Direitos étnico-culturais dos povos indígenas
aos territórios que habitavam. No ano de 1934, no período republicano, se 
asseguraram também os direitos às terras pela Constituição Federal: “Art. 
129 — Será respeitada a posse de terras de silvícolas que nelas se achem 
permanentemente localizados, sendo-lhes, no entanto, vedado aliená-las.” 
(BRASIL, [1934], documento on-line). Porém, o artigo não era totalmente 
respeitado pelas autoridades locais de diversas regiões do país, o que ocorreu 
até 1946, mas com a ressalva de que essas terras pertenceriam aos povos 
indígenas se eles estivessem ali permanentemente.
Em 1988, reconheceu-se os direitos indígenas com destaque para o principal 
deles, a diferença, atribuindo aos povos a originalidade quanto ao território 
brasileiro e às terras ocupadas tradicionalmente. Tanto para o Estado como para 
os indígenas, tratava-se de um reconhecimento em relação à sua reprodução 
cultural e física, o que ampliou a compreensão que antes era vigente de ocupação 
permanente. Dessa forma, uma vez que eles se reproduzissem, precisariam de 
mais espaço, o que fez o processo de demarcação ser realizado com base em 
um lugar necessário para sua habitação, reprodução física, cultural, econômica 
e social. Outro aspecto importante é que, ao reconhecer os povos indígenas 
como originários, admitiu-se o direito às terras por meio do direito congênito, 
isso significa que são reconhecidos pelo Estado de Direito como os donos da 
terra, pois estavam aqui antes mesmo da instituição jurídica brasileira.
Portanto, as terras indígenas começaram a ser reconhecidas como per-
tencentes a esses povos mediante o Estado. Apesar desse reconhecimento, o 
modo de vida nessas áreas é complicado, pois enfrentam inúmeras dificuldades 
relacionadas à prestação de serviços, inclusive por parte do Estado, como 
saneamento, unidade de atendimento médico, etc. Muitas vezes, isso leva 
vários indígenas a migrarem para as cidadesem busca de acesso aos serviços 
básicos, porém, em geral, não há políticas públicas destinadas a esses migrantes, 
o que os faz viverem em situação de rua. Na prática, a demarcação de terras 
deve ser feita pelo órgão que dá assistência aos indígenas, a Funai, e o tempo 
de ocupação tende a garantir a posse permanente do território aos povos.
Com efeito, essa ocupação não pode ser pensada nos moldes da propriedade 
privada ou pública, uma vez que esses espaços não têm finalidade pública, e a 
interpretação de posse do indígena é muito diferente das sociedades ocidentais. 
Isso significa que são espaços coletivos, que pertencem aos povos que habitam 
essas terras. Portanto, a relação que estabelecem é de outra ordem, carregada de 
espiritualidade e cultura, não se trata de um valor de mercado a ser atribuído.
Há outro aspecto que aprofundou e ampliou o reconhecimento cultural em 
1988. No Brasil, até a metade do século XX, a influência cultural sempre foi 
Direitos étnico-culturais dos povos indígenas10
de origem europeia, desde a colonização portuguesa, o que foi instituído como 
produção cultural se reduzia à cultura deles. Posteriormente, com as missões 
francesa e holandesa, a produção cultural brasileira teve uma influência mais 
direta dessas culturas. Assim, começou-se a imitar ou reproduzir a cultura 
desses países de modo geral: a moda, a arte, a comida, os modos, etc.
Neste período, a história do Brasil também era contada apenas do ponto de 
vista dos colonizadores. Além da não dignificação e do genocídio, a história e 
cultura indígenas foram praticamente inexistentes, os povos ameríndios viviam 
à margem em todos os contextos. Portanto, desde a nova Constituição, a arte 
e cultura indígenas começaram a ser compreendidas por seu valor cultural 
imaterial, contribuindo para que tais etnias também fossem identificadas por 
seus aspectos culturais na medida em que se ligam à identidade e memória 
desses povos. Pode-se afirmar que esses direitos culturais e seu reconhecimento 
dignificam esses povos em seus valores, pois refletem o que são de modo a 
serem apreciados, respeitados e estudados.
A importância das demarcações territoriais, sociais e culturais também estão 
presentes na história desses povos, sendo que, a partir dessas dignificações, se 
pode passar para as futuras gerações sua tradição e criar laços históricos com 
os antepassados. Assim, reconhece-se que a terra, a relação com a natureza, 
a produção cultural/artística e a espiritualidade também estão atreladas às 
demarcações de patrimônio cultural. Segundo Cureau (2011, p. 148): “nas 
tradições, na observação atenta e na utilização dos processos e recursos que 
cercam os membros das comunidades indígenas e tradicionais [...] o conceito 
de território deve ser compreendido como o espaço necessário à reprodução 
física e cultural de cada povo tradicional”.
Conclui-se que, para os povos indígenas, o que é natural e cultural simboliza 
a mesma categoria, pois se relacionam com o ambiente em que vivem de modo 
outro. A posição que eles ocupam em relação à natureza também possibilita 
a existência da humanidade culturalmente, porque, ao preservar essas terras, 
conservam o ecossistema e a própria condição para o perpetuamento cultural 
de outros povos. Assim, simbioticamente, a natureza se torna o registro da 
vida indígena, e o indígena é o cuidador da natureza.
Portanto, garantir os direitos indígenas é assegurar também sua relação 
identitária, sem a qual esses povos não podem sobreviver, pois perde-se sua 
dignidade e o sentido de suas vidas culturais e sociais. Além dessas garantias 
normativas legais, necessita-se de uma relação estabelecida entre a natureza e 
a cultura para que a sociedade comece a considerar os problemas ecológicos 
que o planeta apresenta atualmente.
11Direitos étnico-culturais dos povos indígenas
Assista, no link a seguir, à defesa feita por Ailton Krenak (importante líder indígena) 
da emenda popular da UNI.
https://qrgo.page.link/wUbPd
BRASIL. [Constituição (1934)]. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. 31. 
ed. Brasília: Casa Civil da Presidência da República, [1934]. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm. Acesso em: 16 set. 2019.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil. 31. ed. São 
Paulo: Saraiva, 2003. 364 p.
CUREAU, S. Biodiversidade, Conhecimento tradicional associado e Patrimônio cultural 
imaterial. Revista Internacional de Direito e Cidadania, [S. l.], v. 4, n. esp. p. 243–256, 2011. 
Disponível em: http://aneste.org/biodiversidade-conhecimento-tradicional-associado-
-e-patrimnio.html. Acesso em: 16 set. 2019.
KRENAK, A. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. 88 p. 
NEVES, L. J. O. Olhos mágicos do sul (do sul): lutas contra-hegemônicas dos povos 
indígenas no Brasil. In: SANTOS, B. S. (org.). Reconhecer para libertar: os caminhos do 
cosmopolitismo multicultural. Porto: Afrontamentos, 2004. p. 87–116.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração das Nações Unidas sobre os direitos 
dos povos indígenas. Rio de Janeiro: UNIC Rio, 2008. 12 p. Disponível em: https://www.
acnur.org/fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Declaracao_das_Nacoes_Uni-
das_sobre_os_Direitos_dos_Povos_Indigenas.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
STENGERS, I. La Propuesta Cosmopolitica. Revista Pléyade, Santiago, n. 14 p. 17–41, 
jul./dic. 2014. Disponível em: http://www.revistapleyade.cl/wp-content/uploads/14-
-Stengers.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
STIGGER, V.; VIVEIROS DE CASTRO, E. Onde a onça bebe água. São Paulo: Cosac Naify, 
2015. 32 p.
UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Declara-
ção Universal sobre a Diversidade Cultural. In: CONFERÊNCIA GERAL DA ORGANIZAÇÃO 
DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA, 31., 2001, Paris. Anais 
[...]. Paris: UNESCO, 2001. 7 p. Disponível em: http://www.unesco.org/new/fileadmin/
MULTIMEDIA/HQ/CLT/diversity/pdf/declaration_cultural_diversity_pt.pdf. Acesso 
em: 16 set. 2019.
Direitos étnico-culturais dos povos indígenas12
Leituras recomendadas
ALMEIDA, A. C. Aspectos das políticas indigenistas no Brasil. Interações — Revista Inter-
nacional de Desenvolvimento Local, Campo Grande, v. 19, n. 3, p. 611–626, jul./set. 2018. 
Disponível em: http://www.interacoes.ucdb.br/article/view/1721. Acesso em: 16 set. 2019.
ESTADO brasileiro responderá na OEA sobre massacre de indígenas em seus territórios. 
Instituto Humanitas Unisinos, São Leopoldo, 20 out. 2015. Disponível em: http://www.
ihu.unisinos.br/169-noticias/noticias-2015/548051-estado-brasileiro-respondera-na-oea-
-sobre-massacre-de-indigenas-em-seus-territorios. Acesso em: 16 set. 2019.
FUNDAÇÃO NACIONAL DO ÍNDIO (FUNAI). Carta de serviços ao cidadão. Brasília: Funai, 
2013. 31 p. Disponível em: http://www.funai.gov.br/arquivos/conteudo/cogedi/pdf/
Carta-de-servicos/Carta%20de%20Servicos-FUNAI%20-2014.pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
GOMES, A. C. A. J.; IRIGARAY, C. T. J. H. Terra como mínimo existencial ecológico dos 
povos indígenas: (re)pensando os bens ambientais. JURIS — Revista da Faculdade de 
Direito, Rio Grande, v. 21, p. 149–164, 2014. Disponível em: https://periodicos.furg.br/
juris/article/view/6260. Acesso em: 16 set. 2019.
LACERDA, R. F. Os povos indígenas e a Constituinte: 1987–1988. Brasília: Conselho Indige-
nista Missionário, 2008. 240 p.
ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO. Convenção n. 169 da OIT sobre Povos Indí-
genas e Tribais e Resolução referente à ação da OIT. 5. ed. Brasília: OIT, 2011. 61 p. Disponível 
em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/convencao_169_2011.
pdf. Acesso em: 16 set. 2019.
SANTOS, S. C. Povos indígenas e a Constituinte. Florianópolis: UFSC, 1989. 83 p.
STENGERS, I. A proposição cosmopolítica. Revista IEB, São Paulo, n. 69, p. 442–464, 
abr. 2018. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/rieb/article/view/145663/. Acesso 
em: 16 set. 2019.
STENGERS, I. Pour en finiravec la tolérance. Paris: La Découverte/Les Empécheurs de 
Penser en Rond, 1997. 152 p. (Cosmopolitiques, 7).
VALENTIM, M. A. Extramundanidade e sobrenatreza. Natureza Humana, São Paulo, v. 15, 
n. 2, p. 48–93, 2013. Disponível em: http://revistas.dwwe.com.br/index.php/NH/article/
view/31. Acesso em: 16 set. 2019.
VIVEIROS DE CASTRO, E. O nativo relativo. Mana — Estudos de Antropologia Social, Rio 
de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 113–148, abr. 2002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_abstract&pid=S0104-93132002000100005&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt. 
Acesso em: 16 set. 2019.
VIVEIROS DE CASTRO, E. Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio. Mana 
— Estudos de Antropologia Social, Rio de Janeiro, v. 2, n. 2, p. 115–144, 1996. Disponível em: 
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104-93131996000200005&ln
g=pt&nrm=iso&tlng=pt. Acesso em: 16 set. 2019.
13Direitos étnico-culturais dos povos indígenas

Outros materiais