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Carolina Marqueze Ferrari – TXIV Medicina Faceres Miomatose Uterina Os miomas, fibromas, leiomiomas, fibromiomas ou leiomiofibromas são neoplasias benignas das células musculares lisas uterinas e são tumores extremamente comuns. Os leiomiomas são tumores formados por fibras musculares lisas do útero com estroma de tecido conjuntivo (o estroma não é neoplásico) em proporções variáveis. Podem incidir no corpo e cérvice uterinos. A importância do estudo dos miomas uterinos se apoia na sua frequência, diversidade de apresentações, no impacto sobre a função reprodutiva e na multiplicidade de condutas terapêuticas. O número, o volume e a localização dos miomas correlacionam-se com a sintomatologia e são critérios importantes para definir a terapêutica. Os miomas são tumores nodulares únicos ou múltiplos, pequenos, grandes ou gigantes, podem ter aumento simétrico ou assimétrico. São circunscritos, bem delimitados e pseudoencapsulados. Podem ser pedunculados ou sésseis. Macroscopicamente são brancacentos ou róseo. Histologicamente, apresentas fibras musculares lisas. Mitoses são raras: até 2 mitoses por campo. Formas Anatomoclínicas: Epidemiologia: É a neoplasia benigna mais comum das mulheres. 95% dos tumores benignos do trato genital feminino são os miomas uterinos. 1/3 de todas as mulheres são acometidas por miomas - sua frequência varia com idade, raça, paridade e pelos métodos de avaliação. Fatores de Risco para Desenvolvimento de Miomas: · História familiar. · Idade: · Ausente em meninas pré-púberes. · Raramente ocorrem em adolescentes. · Frequente na 3° e 4° década de vida. · Sintomatologia melhora com a menopausa. · Raça comum em mulheres de raça negra. · Paridade comum em multíparas e inférteis. · Menarca precoce aumento dos riscos na menarca antes dos 10 anos. · Anticoncepcionais orais pode ser fator de proteção. · Anticoncepcionais injetáveis de progesterona (depoprovera) aumenta o risco de crescimento dos tumores. · Tabagismo. · Dieta ingesta de carne vermelha aumenta o risco, enquanto a de verduras diminuem o risco. · Obesidade. · Etilismo. · Hipertensão. Etiopatogenia A gênese dos miomas ainda não está esclarecida. Algumas teorias tentam explicar suas origens e alguns fatores podem explicar o crescimento da musculatura uterina. Níveis de Estrogênio: os estrogênios (principalmente o estradiol) são os principais fatores determinante do crescimento tumoral que parece agir diretamente sobre a proliferação celular dos miomas (ou mediados por fatores de crescimento – EGV, IGV-1 e insulina). Ação Sinérgica do Hormônio do Crescimento (GH) com o Estrogênio: exerce influência no crescimento tumoral. Ação Sinérgica do Hormônio Placentário (hPL) com o Estrogênio: embora ocorra uma diminuição fisiológica do hormônio do crescimento (GH) durante a gravidez, a presença do hormônio lactogênico placentário (hPL) exerce uma ação semelhante ao GH. Níveis de Progesterona na Circulação: progesterona também é responsável pelo crescimento do mioma. O estrogênio aumenta os receptores de progesterona (receptor A e receptor B).Efeitos da progesterona: · Inibição da apoptose estímulo do crescimento tecidual. · Aumento da expressão da proteína bel-2 (inibidora da apoptose). · Diminuição do fator de necrose tumoral (promotor da apoptose). · Aumento do fator de crescimento epidérmico (estímulo do crescimento tecidual). Existem evidências que mostram que a progesterona estimula o crescimento celular e iniba a apoptose (morte celular programada). Ocorre também que o índice mitótico do tumor aumente na fase lútea devido à grande produção de progesterona que tem importante papel no desenvolvimento dos miomas, por inibir a apoptose e estimular as mitoses e crescimento celular durante a fase lútea e aumento do fator de crescimento epidérmico. Deficiência de 17-OH-Desidrogenase: as desidrogenases são um conjunto de enzimas que transformam os esteroides em metabólitos mais fracos. Possuem vários tipos: 1, 2, 3.4. Nos miomas, há um aumento da enzima 17-OH-desidrogenase do tipo 1, que transforma o estrona em estradiol, produzindo um ambiente hiperestrogênico. Aromatase: são enzimas que catalisam a conversão de androgênios em estrogênios, transforma a androstenediona e testosterona em estrona e estradiol, respectivamente. Fatores Genéticos: fatores recessivos promovem uma predisposição para a formação de miomas. Cerca de 40% dos miomas têm anormalidades cromossômicas em suas células 60% possuem cariótipo 46XX. Degenerações Os miomas podem sofres degenerações à medida que crescem. Tipo: · Hialina – a mais comum maior afluxo de sangue. · Cística – liquefação coleções líquidas. · Mucoide cistos gelatinosos. · Rubra vermelha ou carnosa, pode aparecer na gravidez. · Gordurosa. · Calcificação acúmulo de cálcio devido a pouca vascularização. Surge após necrose, degeneração gordurosa e após a menopausa. · Necrose- torção de miomas pedunculados. · Sarcomatosa – transformação maligna do mioma (0,5%). Classificação Subseroso: localizado abaixo da serosa uterina. Provoca menos sintomas. Intramural ou Intersticial: localizado entre as fibras do miométrio. Submucoso: localiza-se em contato com o endométrio. É a forma que mais causa hemorragia uterina anormal. Manifestações Clínicas · Sangramento anormal. · Dor pélvica e dismenorreia. · Aumento do volume abdominal. · Compressão geniturinária. · Corrimento vaginal. · Distúrbios intestinais. · Infertilidade · Compressão do retossigmóidea. · Prolapso de tumor pedunculado submucoso através do colo uterino (mioma parido). · Estase venosa em membros inferiores. · Policitemia. · Ascite. Diagnóstico Clínico: anamnese, verificação dos sintomas e toque vaginal bimanual. Exames complementares: USG pélvica por via transabdominal ou transvaginal. Histerossalpingografia. Histeroscopia. Videolaparoscopia. Tomografia computadorizada: não é utilizado de rotina. Ressonância nuclear magnética: melhor exame para localização e mensuração dos miomas. Diagnóstico Diferencial: deve ser feito com situações que cursam com sangramento uterino anormal ou que causam alterações do volume uterino ou abdominal. · Pólipos endometriais. · Hiperplasia endometrial. · Neoplasias do corpo e colo uterino. · Adenomiose. · Malformações uterinas. · Gestação. · Abortamento. · Neoplasia trofoblastica gestacional. · Tumores císticos e sólidos dos ovários. Algumas situações podem confundir o diagnóstico, como aderências pélvicas, tumores vesicais ou intestinais, tumores retroperitoneais, cistos mesentéricos, rim ectópico, fecaloma e abcessos. Tratamento O tratamento vai depender das seguintes condições: · Tamanho do mioma. · Localização do mioma. · Sintomas. · Idade da mulher. · Desejos reprodutivos e história obstétrica. Conduta Expectante: Tratamento clínico: Indicações: redução tumoral, controle do sangramento, pacientes na perimenopausa e com risco cirúrgico elevado. Análogos do GnRH: o GnRH natural é produzido pelo hipotálamo e estimula a produção e liberação de gonadotrofinas pela adenohipofise. Ex. acetato de gosserrelina (zoladex) e acetato de euprorrelina (lupron) reduz o número de receptores das células gonadotróficas e produz efeito antiestrogênico. Antagonistas do GnRH (ex. cetorrelix). Danazol: é um esteroide sintético derivado da 19- nortestoterona que possui efeitos antigonadotrófico e antiestrogênico (suprime a secreção de GnRH). Efeitos colaterais: hiperandrogênicos e hipoestrogênicos. Gestrinona: derivado da 19-nortestoterona com propriedades androgênica, antiestrogênica e antigonadotrófica. Ex. Dimetrose Inibidores da aromatase: aromatase são enzimas que inibem a conversão da androstenediona e testosterona em estradiol e estrona. DIU de levonorgestrel: possui pouca eficácia e serve para tratamento do sangramento uterino. Anticoncepcionais hormonais: pouca eficácia. Mefepristone: antiprogestogênico (antagonista da progesterona) possui efeito abortivo. Raloxifeno/tamoxifeno: moduladores seletivos dos receptores estrogênicos. Tratamento cirúrgico: · Histerectomia tratamento definitivo. ·Miomectomia. · Ablação do endométrio. · Mióliose. · Oclusão da artéria uterina. · Embolização da artéria uterina.
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