Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CASO PRÁTICO - Laboratório de Direito Privado 1) Clara ingressa com ação de guarda em relação a sua filha Amanda em face de João, genitor da criança. O juiz defere a guarda provisória em sede de tutela antecipada inaudita altera partes. João deseja a guarda de sua filha ou ao menos a regulamentação do direito de visita. No caso em questão é cabível a contestação c/c reconvenção (artigo 343 do CPC) no diz respeito a regulamentação do direito de visita por se tratar de um novo pedido no bojo da contestação. Quanto a guarda provisória aplica-se o instituto da ação dúplice, tendo em vista que, nas ações de guarda e responsabilidade em que os polos da demanda são preenchidos pelo pai, de um lado, e pela mãe, do outro, ambos litigando pela guarda do filho, pode-se dizer que se trata de ação dúplice, decorrente da natureza da relação processual. Isto é, o réu formulará o pedido de improcedência da ação de guarda no bojo da contestação, o que, se procedente, acarretará a procedência da guarda ao réu. A improcedência do pedido reconhece a existência do direito do réu. OBS: toda ação declaratória se trata de ação dúplice (ex. reconhecer que um contrato é válido, está declarando que o contrário não é verdade, ou seja, não é inválido). Se o advogado apenas reconvir e não contestar o juiz irá declarar a revelia, nesse caso quando se usa um instrumento processual errado pode se aplicar o princípio da fungibilidade (receber um instrumento processual errado como se certo fosse – receber essa reconvenção como se contestação fosse). No caso do enunciado, se a ação principal tratasse da guarda e do impedimento de visita do pai bastaria a contestação (caberia ação dúplice aos dois), mas por ampliar o objeto litigioso aplica-se a reconvenção. Para se aplicar a reconvenção precisa: 1 competência absoluta que se trás na reconvenção tem que ser a mesma competência da ação principal 2 procedimento – as duas ações tem que ter possibilidade de correr no mesmo rito 3 reconvenção deve ser feita obrigatoriamente na fase de resposta, depois disso não, pois atrapalharia o andamento do processo. Será peça autônoma se tratar apenas da reconvenção, agora se for contestar e reconvir é uma peça única 4 a demanda da reconvenção tem que ser conexa com a demanda principal 2) Uma empreiteira ingressa com ação judicial de reintegração de posse buscando retirar Manoel do terreno que o mesmo já ocupa desde 2016. Manoel fez benfeitorias no imóvel e deseja permanecer e manter sua posse ou ao menos ser indenizado No caso em análise é cabível a contestação c/c pedido contraposto referente a indenização pelas benfeitorias necessárias, conforme artigo 1219 do CC, artigo 556 CPC e entendimento jurisprudenciais: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE. COMODATO VERBAL. CONTESTAÇÃO. PEDIDO CONTRAPOSTO. POSSIBILIDADE. INDENIZAÇÃO POR BENFEITORIAS. LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. 1. Em se tratando de ação possessória é cabível pedido contraposto para postular indenização por benfeitorias. 2 O possuidor de boa-fé deve ser indenizado pelas benfeitorias úteis e necessárias realizadas com o consentimento do proprietário (CC 1219). 3 A discussão quanto ao estado de conservação das benfeitorias realizadas deve se dar na fase de liquidação de sentença, quando o valor das mesmas será apurado. O pedido contraposto aplica-se quando a fundamentação se baseia nos mesmos fatos que constituem a controvérsia, mencionado no artigo 278, § 1º. do Código de Processo Civil. É um pedido feito contra o autor, não se pode ampliar subjetivamente o processo (diferente da reconvenção), feito na própria contestação. Isso é benéfico ao réu, pois a reconvenção geraria custas e o pedido contraposto não, essa simplificação do procedimento é muito mais benéfica ao cliente. Já no que se refere ao pedido de se manter na posse do terreno é aplicado o instituto da ação dúplice, pois as ações possessórias possuem natureza dúplice. Isso significa que esta natureza permite que o réu demande também proteção em face do autor, na própria contestação, não sendo necessária outra ação. O pedido contraposto nas ações possessórias diz respeito apenas a indenização, demais pedidos devem ser feitos por meio da reconvenção. 3) Angélica ingressa com ação indenizatória em face de Joana no Juizado Especial Cível. Joana alega que foi ela quem sofreu danos nos fatos narrados por Angélica. No âmbito do juizado especial não se aplica o instituto da reconvenção, conforme disposição do artigo 31 da Lei nº 9.099/95. O próprio dispositivo citado possibilita uma alternativa aplicável ao juizado especial, chamado pedido contraposto. O pedido contraposto é uma simples pretensão dentro da própria contestação, em que não se configura uma relação nova, ou seja, o pedido não pode conter alegação de fatos novos. Nesse sentido evidencia Marcus Vinicius Rios Gonçalves (2017, p. 863) "Uma das características dos procedimentos do juizado especial é que ao réu será dado formular, na contestação, pedido contraposto, desde que o seu valor não ultrapasse os quarenta salários-mínimos ou, ultrapassando, haja renúncia quanto ao excesso. É indispensável que a matéria suscitada não seja daquelas excluídas da competência do Juizado. O pedido contraposto deve estar fundado nos mesmos fatos em que se baseia o pedido inicial.". Nesse sentido também estabelece o enunciado 27 FONAJE: “Na hipótese de pedido de valor até 20 salários-mínimos, é admitido pedido contraposto no valor superior ao da inicial, até o limite de 40 salários mínimos, sendo obrigatória à assistência de advogados às partes”. Logo, observada a competência delimitada do Juizado referente a valor e matéria, e tendo por fundamentos os mesmos fatos que constituem o objeto da controvérsia Joana poderá formular o pedido contraposto Se quiser questionar fatos novos no juizado deverá ser feita ação própria, tendo em vista que não cabe reconvenção e, neste caso, pedido contraposto. Os fundamentos do pedido contraposto no juizado especial DEVE ter como fundamento OS MESMOS FATOS.
Compartilhar