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Especialidades Clínicas e Cirúrgicas I Neoplasia de Pâncreas · CASO CLÍNICO 1: Paciente do sexo masculino, 75 anos de idade. Refere dor epigástrica e lombar há 4 meses, associada a perda de peso de 20kg nesse periodo (85kg para 65kg). Ex-etilista de 2 doses de destilado diariamente por 50 anos, cessou há 5 anos. Nega outras comorbidades, nega alergias. Nega alterações urinárias ou intestinais. Regular estado geral, emagrecido, descorado +/4+, ictérico 2+/4+, PA 110x70mmHg, FC 80bpm. Ausência de linfonodomegalias cervicais. Exame físico cardíaco e pulmonar sem alterações. Abdômen plano, emagrecido, desconforto a palpação do epigástrio. Presença de formação arredondada palpável em flanco direito, superfície lisa, indolor. Hipótese diagnóstica principal: neoplasia de pâncreas (provável adenocarcinoma). Sindrome consumptiva, ictérica. Conduta: cirúrgica ou paliativa. · CARACTERÍSTICAS GERAIS: - Localizado na altura de L1/L2. - Aproximadamente 15cm. - Dividido em: cabeça, processo uncinado, colo, corpo e causa. - Funções endócrina e exócrina. O indivíduo não sobrevive sem a função exócrina do pâncreas, precisa repor as enzimas. O paciente pode morrer de hipoglicemia - não libera glucacon, não faz glicogenôlise. Em uma pancreatite crônica, primeiro o paciente perde a função exócrina e depois a endócrina. - Passagem do ducto colédoco. Tumor de papila tem icterícia flutuante – icterícia grave, depois diminui a icterícia e depois aumenta de novo. O tumor cresce e obstrui a papila, depois necrosa o centro e a obstrução diminui, ele volta a crescer e aumenta a obstrução. - Proximidade com estruturas vasculares importantes (artéria mesentérica superior, artéria hepática comum, artéria esplênica, tronco celíaco, veia mesentérica superior, veia esplênica e veia porta). · VASCULARIZAÇÂO: ==> CABEÇA/PROCESSO UNCINADO: - Artéria pancreaticoduodenal superior (AGD). - Artéria pancreaticoduodenal inferior (AMS). - Veia pancreaticoduodenal anterior superior (VMS). - Veia pancreaticoduodenal posterior superior (VP). - Veia pancreaticoduodenal anterior inferior (VMS). - Veia pancreaticoduodenal posterior inferior (VMS). ==> CORPO/CAUDA: - Artérias pancreáticas (AE,AGD, AMS). - Veias pancreáticas (VE). · DRENAGEM LINFÁTICA: - A drenagem linfática do pâncreas se dá para os linfonodos pancreaticoesplênicos, que se encontram ao longo da artéria esplênica. Estes drenam para os plexos linfáticos celíacos. · INVERVAÇÂO: ==> PARASSIMPÁTICA: - Ramos dos nervos vagos (X). - Secreção de enzimas digestivas e insulina. ==> SIMPÁTICA: - Gânglios celíacos. - Plexo mesentérico superior. - Secreção de glucagon. · ADENOCARCINOMA DE PÂNCREAS: - Doença agressiva. - Neurotropismo importante – mesmo em fases iniciais pode haver acometimento de nervos. - Cabeça > corpo/cauda > difuso. - Sintomatologia tardia. · FATORES DE RISCO: - Idade. - Tabagismo. - Etilismo. - DM 2 e aumento da resistencia periférica a insulina. - Obesidade/sedentarismo. - Fibrose cística. - Neoplasias benignas com potencial de malignização (cistoadenoma mucinoso e IPMNs). - Condições hereditárias (pancreatite crônica hereditária, BRCA2, Síndrome de Lycnh). · SINTOMATOLOGIA: - Dor abdominal e/ou lombar. - Icterícia. - Anemia. - Colúria. - Acolia fecal. - Prurido. - Sinal de Courvoisier-Terrier. Palpação indolor da vesícula em hipocôndrio ou flanco direito. Sugere TU obstrutivo. Não gera dor pois a obstrução não é aguda, então dilata todo o ducto e a vesícula aos poucos – diferente da colecistite aguda. - Ascite. · DIAGNÓSTICO: ==> IMAGEM TÍPICA: - Nódulo sólido. - Invasão de estruturas adjacentes. - Metástases linfonodais e/ou a distância. Locais de metástase: fígado, pulmão e cavidade abdominal. - Biópsia é somente indicada para realização de neoajuvancia ou tratamento sistêmico em lesões irressecáveis. Caso tenha indicação de biópsia em CA metastático, faz a biópsia no foco secundário, não faz do pâncreas devido ao risco de sangramento. ==> TC DE ABDOME E PELVE: · TRATAMENTO CURATIVO – CIRURGIA: ==> CRITERIOS DE RESSECABILIDADE: - Ausência de metástases à distância. - Ausência de invasão de artéria mesentérica, artéria hepática comum e/ou tronco celíaco. - Ausência de invasão de veia mesentérica superior e/ou da veia porta ou contato de até 180º. ==> LESÕES BORDERLINE: - Ausência de metástases a distância. - Invasão < 180º da artéria mesentérica superior e/ou tronco celíaco. - Invasão <180º da veia mesentérica superior e/ou da veia porta ou contato > 180º (contorno venoso regular) ou formação de trombose venosa mesentérica e/ou portal. ==> CRITÉRIOS DE IRRESSECABILIDADE: - Metástases à distância. - Invasão >180o da AMS, tronco celíaco, VMS, veia porta ou impossibilidade de reconstrução. OBS: 30% dos casos potencialmente ressecáveis são irressecáveis no intraoperatório. ==> NEOADJUVÂNCIA: - Ainda não padronizada para todos os casos. - Indicadas para tumores borderline (limítrofes para ressecção) - ver critérios acima. ==> CIRURGIA: - Cabeça: duodenopancreatectomia com preservação pilórica ou gastroduodenopancreatectomia e reconstrução em alça única ou em dupla alça. - Corpo/cauda: pancreatectomia distal com esplenectomia e vacinação contra bactérias encapsuladas. Baço faz opsonização, sem eles, essas bactérias não são reconhecidas. O ideal é dar antes da cirurgia porém pode ser dada até 2 semanas depois. OBS: realizar quimioterapia adjuvante. · TRATAMENTO PALIATIVO: ==> TRATAMENTO SISTÊMICO: - Quimioterapia. ==> TRATAMENTO DA ICTERÍCIA OBSTRUTIVA: - CPRE com passagem de prótese. - Drenagem transparietohepática. - Derivação biliodigestiva. ==> OBTENÇÃO DE VIA ALIMENTAR: - Gastroenteroanastomose. ==> CONTROLE ÁLGICO: - Alcoolização do plexo celíaco. Alcoolização do plexo celíaco gera hipotensão postural irreversível.