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Doenças Gengivais Induzidas pela PlaCA Inflamação por bactérias é a forma mais comum de gengivite, porém, hoje é evidente que essa doença se manifesta de várias formas nos tecidos gengivais e é induzida por fatores externos diferentes como trauma, agentes químicos e temperaturas extremas. Conforme Mariotti (1999), há características específicas universais das doenças gengivais. E é relativamente fácil inspecionar durante o exame clínico. Sinais e sintomas restritos à gengiva: presença de placa dental para iniciar e/ou exacerbar a gravidade da lesão, contorno gengival aumentado em virtude de edema ou fibrose, transição da cor para vermelho e/ou vermelho-acinzentado, temperatura do sulco aumentada, sangramento ao toque, exsudato gengival aumentado. E é possível reverter esse quadro com remoção da etiologia ou das etiologias. Característica das doenças gengivais · Sinais e sintomas restritos à gengiva; · Presença de placa dental para iniciar ou agravar a lesão; · Sinais clínicos da inflamação; · Sinais clínicos e sintomas associados a níveis estáveis de inserção no periodonto sem perda de inserção ou em um periodonto estável, porem induzido; · Rebversibilidade da doença pela remoção da etiologia. Doenças Gengivais Associadas à Hormônios Endócrinos · Desde o século 19, têm-se acumulado evidências sustentando o conceito de que os tecidos do periodonto são modulados por andrógenos, estrogênios e progesterona. · Embora uma significativa quantidade de dados tenha mostrado que a gengiva é um dos alvo dos hormônios sexuais esteroides, a etiologia para mudanças não foi totalmente elucidada. · As principais explicações para as alterações induzidas têm indicado as mudanças da microbiota na placa dental, função imune, propriedade vascular e função celular na gengiva · As ações no periodonto são multifatoriais. · Os hormônios sexuais esteroides vão afetar o hospedeiro por influência na função celular e imune e junto com a população bacteriana e seletos hormônios que vão ocupar o sulco gengival, induzindo alterações específicas nos tecidos gengivais, que se tornam observáveis clinicamente. Doenças Gengivais Associadas à medicamentos · O uso de medicamentos em situações patológicas do periodonto e gengiva é essencial, visto que atinge áreas inacessíveis da cavidade e mucosa oral; · Porém, sua ação pode se comportar de forma controversa, já que há diversos efeitos adversos e também resistência bacteriana bastante crescente; necessitando uma seleção bastante rigorosa. Alguns medicamentos podem causar um crescimento de tecido nas gengivas (hiperplasia), dificultando a eliminação da placa bacteriana e, muitas vezes, provocando gengivite. Alguns exemplos são: · Fenitoína (utilizada para controlar as convulsões); · Ciclosporina (administrada às pessoas que foram submetidas a um transplante de órgãos); · Bloqueadores dos canais de cálcio, como o nifedipino (que é administrado para controlar as alterações da pressão arterial e da frequência cardíaca). · Os contraceptivos orais ou injetáveis também podem contribuir para o agravamento da gengivite, tal como a exposição ao chumbo, ao bismuto (muito utilizado nos cosméticos) ou a outros metais pesados como o níquel (usado em joias). Doenças Gengivais Associadas à Doenças Sistêmicas · A doença periodontal está totalmente relacionada as alterações sistêmicas, podendo comprometer a resposta imunológica do hospedeiro; · - Podem apresentar alterações como cardiopatias, alterações pulmonares crônicas entre outras; · - Por exemplo, a Diabetes tipo 2 pode causar sangramento gengival, formação de abscessos e mobilidade dentária devido a glicação avançada, hiperglicemia intracelular, e outras condições; · - Risco mais alto na fase adulta do desenvolvimento da doença periodontal · Os distúrbios cardiovasculares como infarto, angina, aterosclerose, hipertensão arterial e acidentes vasculares cerebrais, também estão relacionados a doença periodontal devido ao uso de medicamentos que alteram os tecidos periodontais; · - Nos pacientes que sofrem doença periodontal ativa, os medicamentos aumentarão a incidência das doenças cardíacas coronarianas; · - Pacientes com doenças sistêmicas fazem com que a doença periodontal se manifeste de forma mais severa, como a periodontite agressiva; · - Ter cuidados especiais em todos os procedimentos odontológicos, principalmente nos mais invasivos é essencial, também para contribuir para a manutenção da saúde sistêmica. Doenças Gengivais Associadas à má nutrição Escorbuto: · Grave deficiência de ácido ascórbico; · Dietas restritas correm risco de desenvolver essa condição; Sinal clínico · Gengiva vermelho-brilhante, inchada, ulcerada; · Pode ser difícil detectar clinicamente Doenças Gengivais Associadas à Hereditariedade Fibromatose gengival hereditária · Aumento fibrótico não inflamatório benigno da gengiva da maxila ou mandíbula, em membros da mesma família; · Aumento gengival lento após erupção dos dentes; · Doença localizada ou generalizada, podendo cobrir a maior parte das superfícies oclusais dos dentes. Doenças Gengivais Associadas à Lesões Ulcerativas Gengivite Ulcerativa Necrosante (GUN) · Reconhecida como boca de trincheira e infecção de Vincent; · Aparecimento súbito; · A etiologia tem sido associada à infecção bacteriana; · Sinais clínicos; · Fatores predisponentes, como tabagismo, estresse psicológico, má nutrição e supressão imune, podem predispor o indivíduo à GUN. · Afeta qualquer faixa etária; · Não é considerada contagiosa. DOENÇAS GENGIVAIS NÃO INDUZIDAS POR BIOFILME A gengivite nem sempre é causada pelo acumulo de biofilme na superfície dental, mas também, pode ter diversas causas, tais como infecções bacterianas, virais e fúngicas específicas, de origem genética, sistêmica, traumáticas, alérgicas, químicas, físicas e térmicas. Doenças Gengivais de Origem Bacteriana Específica Infecções por Treponema pallidum (DST - causa Sífilis) As manifestações orais na S. primária: Surgimento do cancro duro no local de penetração da bactéria na mucosa (lesão única, indolor, papular que dá origem a uma úlcera não exsudativa, de bordas endurecidas) S. secundária: lesões papulares acinzentadas ou esbranquiçadas que podem surgir na mucosa oral conhecidas como condiloma lata. Ulceras com bordas irregulares, máculas rosadas/avermelhadas, lesões nodulares, placas mucosas cobertas por uma membrana branca ou acinzentada associadas a áreas eritematosas S. terciária: mais complexa e grave. Granulomas ou gomas se apresentam clinicamente de forma endurecida, nodular ou de úlceras que necrosam rapidamente levando a grande destruição óssea e tecidual Infecções por Neisseria gonorrhoeae · DST - causa "estomatite gonorreal" · Características: lesão hemorrágica versículo- pustular na mucosa oral, sensação de secura e ardência, membrana amarelada que depois torna-se pálida com a superfície áspera, também acompanha dilatação edenomatosa do orifício do ducto de stenon (glândula parótida). Doenças Gengivais de Origem VIRAL Herpes Simplex vírus (DNA): (tipo 1) · Latente no gânglio trigêmeo. · Gengivoestomatite herpética primária tem os seguintes sintomas: gengivite grave, dolorosa, com vermelhidão, vesículas com conteúdo virulento se rompem formando ulcerações com exsudato sorofibrinolento e edema acompanhado de estomatite. · Nos pacientes imunodeprimidos, HIV, normalmente são os mais comprometidos Doenças Gengivais de Origem FÚNGICA · A infecção fúngica da mucosa oral inclui várias doenças, tais como aspergilose, blastomicose, candidíase, coccidioidomicose, criptococose, Histoplasmose, mucormicose e paracoccidiomiose. · As mais comuns são a candidíase e a Histoplasmose, sendo que as duas podem causar infecções gengivais. 1. CANDIDÍASE: · é a infecção mais comum da mucosa oral causada principalmente pelo microrganismo Cândida albicans; · As cepas proteinase positivas de C. albicans são associadas com a doença de invasão de epitélio queratinizado, tal como o da gengiva; · A ocorrência da candidose oral pode construir um preditor de comprometimentoviral e imunológico nos pacientes infectados pelo HIV tratados com fármacos antivirais; · Nos indivíduos saudáveis, a candidose oral raramente se manifesta na gengiva. · A característica clínica mais comum das infecções gengivais por Candida é o eritema da gengiva inserida, muitas vezes associado a uma superfície granulada. · O diagnóstico dessa infecção pode ser realizado com base em cultura, esfregaço e biopsia e o tratamento tópico envolve a aplicação de antifúngicos, tais como nistatina, anfotericina B ou miconazol. 2: ERITEMA GENGIVAL LINEAR: · É observado como manifestação gengival da imunossupressão caracterizada por uma distinta banda linear eritematosa limitada à gengiva livre. · É caracterizado por inflamação de intensidade desproporcional à placa presente. Não há evidência de bolsa ou perda de inserção. · Esse tipo de lesão não responde bem à melhora na higiene oral nem à raspagem e o diagnóstico deve ser considerado caso a lesão persista após a remoção da placa na consulta inicial. · Existe pouca informação sobre o tratamento baseado em estudos controlados. O tratamento convencional associado ao bochecho com gliconato de clorexidina a 0,12%, 2 vezes ao dia, tem demostrado melhora após 3 meses. 3. HISTOPLASMOSE: · Doença causada pelo Histoplasma capsulatum. · A micose sistêmica mais frequente nos EUA é mediada por esporos do micélio do microrganismo dispersos no ar. · Lesões orais têm sido observadas em 30% dos pacientes com Histoplasmose pulmonar e em 66% dos pacientes com a forma disseminada. · As lesões orais podem afetar qualquer área da mucosa oral, incluindo a gengiva, que é um dos locais mais frequentemente afetados. · O tratamento consiste em antifúngicos por via sistêmica. Doenças Gengivais de Origem GÊNETICA 1.FIBROMATOSE GENGIVAL HEREDITÁRIA: · A hiperplasia gengival (sinônimo de crescimento gengival excessivo, fibromatose gengival) pode ocorrer como efeito colateral de medicações sistêmicas, incluindo fenitoína, ciclosporina e nifedipino. · Ela pode ser também de origem genética. Tais lesões são conhecidas como fibromatose gengival hereditária (FGH), a qual é uma condição caracterizada pelo aumento difuso da gengiva. · A FGH pode ser uma doença isolada ou parte de uma síndrome, associada com outras manifestações clínicas, tais como hipertricose, retardo mental, epilepsia... · A FGH apresenta-se como grandes massas de tecido fibroso firme, denso, resiliente e insensível, que cobre os processos alveolares e se estende sobre os dentes, resultando em extensas pseudobolsas. A coloração pode ser normal ou, se inflamada, eritematosa. Dependendo da extensão do aumento de volume gengival, os pacientes podem queixar-se de problemas estéticos e funcionais. · O aumento pode resultar em protrusão labial e o paciente pode mastigar sobre a considerável hiperplasia que recobre os dentes. · As características histológicas da FGH incluem hiperplasia moderada de um epitélio ligeiramente hiperqueratótico com cristas interpapilares estendidas Doenças Gengivais de Origem SISTÊMICAS DISTÚRBIOS MUCOCUTANEOS: Apresentam manifestações gengivais, muitas vezes sob a forma de lesões descamativas ou ulceração da gengiva. Líquen plano oral: - Afeta a pele e a boca; - Se desenvolve qualquer idade, raramente na infância; - São caracterizadas por pápulas com estrias esbranquiçadas (estrias de Wickham), prurido (coceira), lesões atrófica e ulcerativa podem levar a dor moderada a intensa; - Diagnóstico pode ser confirmado por achados histopatológicos de hiperqueratose, alterações generativas basocelulares e inflamação subepitelial dominada por linfócitos e macrófagos; - LPO está associado com aumento no desenvolvimento de câncer; - O tratamento se baseia na higiene oral e remoção efetiva a placa. PENFIGOIDE: - Penfigoide bolhoso afeta a pele, e a mucosa oral em alguns casos; - O Penfigoide cicatrical descreve doença subepitelial, afetando boca e olhos; - A maioria dos pacientes são mulheres com média de idade ao início de 50 anos ou mais; - Cavidade oral costuma ser o primeiro local de atividade da doença; - As lesões são descamativas na gengiva, e como eritema intenso na gengiva inserida; - As bolhas intactas são, frequentemente, claras a amareladas ou podem ser hemorrágicas. PENFIGO VULGAR: - Grupo de doenças autoimunes caracterizadas pela formação de bolhas intraepiteliais na pele ou nas membranas mucosas; - É observada na meia idade ou em idosos; - Se deixada sem tratamento, a doença pode levar a risco à vida; - Tratamento consiste no controle da placa, na limpeza profissional e aplicação de corticosteroide tópico. ERITEMA MULTIFORME: - É uma doença vesiculobolhosa aguda reacional que afeta as membranas mucosas e a pele; - Pode ocorrer em qualquer idade, mas afeta mais jovens; - A lesão pode ou não envolver a mucosa oral, podendo envolver em até 25 a 60 % dos casos; - Lesões cutâneas são características com aspecto de íris, bolha central circundada por halo esbranquiçado em uma área eritematosa; - Lesões intraorais similares, são recorrentes, e a cicatrização pode demorar semanas; - O tratamento consiste em limpeza profissional, e uso de corticoides sistêmicos. LUPUS ERITEMATOSO: - Todas as partes do corpo podem ser afetadas; - Doença é muito mais prevalente nas mulheres que nos homens; - Pode danificar os sistemas do corpo, incluindo os rins, o coração, o sistema nervoso central, o sistema vascular e a medula óssea; - O diagnóstico se baseia em achados clínicos e histopatológicos; - As lesões são hiperqueratose, tampão de queratina e variação no espessamento do epitélio. DISTÚRBIOS MUCOCUTANEOS INDUZIDOS POR MEDICAMENTOS: - Gengivite hiperplásica relacionada à ingestão de fenitoína, ciclosporina e nifedipina; - Ulceração oral, incluindo da gengiva; - As lesões ulcerativas são portas de entrada frequentes para microrganismos da boca; - O tratamento se baseia na remoção da placa, bochechos com clorexidina a 0,1%, com regime de antibióticos profiláticos. Lesões traumáticas Os fatores podem ser autoinduzidos, iatrogênicos ou acidentais. São classificadas em químicas, físicas, térmicas e reações de corpo estranho. Lesões Químicas · Produtos químicos com propriedades tóxicas = Reações na mucosa · Clorexidina e detergente do dentifrício induz descamação da mucosa · Ácido acetilsalicílico e cocaína causa queimaduras · Paraformaldeído provoca inflamação e necrose do tecido gengival · É reversível e pode se resolver quando acaba a influência tóxica Lesões Físicas · Abrasividade dos dentifrícios, força excessiva e movimentos horizontais na escovação, fio dental= Lesão · Trauma físico limitado= Hiperqueratose · Trauma físico violento= Laceração gengival superficial a perda de tecido · Crianças e jovens adultos (2/3 mulheres) higiene oral satisfatória, abrasão dentária cervical e topo da papila interdental não afetado lateral a lesão · Diagnóstico= Achados clínicos X Diagnóstico diferencial= Gengivite necrosante · Lesões autoinduzidas= Gengivites Artefactas · Lesões hemorrágicas= Cutucadas ou arranhões com dedo ou unhas, até mesmo com instrumentos Lesões Térmicas · Queimaduras extensas da mucosa oral = Raras · Tratamentos dentários com manejo inapropriado de material de impressão hidrocoloide, cera quente, instrumentos cauterizantes etc. · Queimaduras menores= Principalmente na mucosa palatina e labial · Dolorosa e eritematosa, descama e coagula · Podem ocorrer vesículas, ulceração, petéquia, erosão · Histórico do paciente é importante · Bebidas quentes como o café, pizza e queijo derretido
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