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Vai me ajudar bastante :) Tricuríase Parasitologia Clínica PARASITOLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Tricuríase Características gerais Existem 2 espécies de importância médica; Trichuris, Trichinella e Capilaria; é conhecido como tricuro ou tricocéfalo, provocando a tricuríase, tricurose ou tricocefalose Não é exclusivamente humano Posição taxonômica Reino: Animalia; filo: Aschelminthes; classe: Nematoda; ordem: Trichurida; família: Trichuridae; gênero: Trichuris; espécie: trichiura Epidemiologia Parasita cosmopolita; comum em países subdesenvolvidos; mais frequente na infância; Geohelminto; adaptável à locais tropicais, c/ clima úmido e quente Estimativas apontam que cerca de 350mi [16% da população] de indivíduos esteja infectado; ↑28mi África; 30mi América tropical No Brasil no final dos anos 60: estados do Norte, Nordeste e região litorânea, como Pará (68,1%), Alagoas (72%), Goiás (2,5%), Mato Grosso (8,9%) e Minas Gerais (13,8%). Fatores para alta prevalência Temperatura média elevada Umidade do ambiente elevada Viabilidade do ovo infectante por meses Grande produção de ovos pelas fêmeas Dispersão dos ovos através de chuva, vento e moscas Concentração de indivíduos vivendo em condições precárias Ovos no peridomicílio Localização Intestino grosso; preferencialmente no ceco e cólon ascendente onde aderem à mucosa c/ auxílio do estilete bucal; menos frequentemente podem estar presentes no apêndice e no íleo terminal Morfologia A Representação esquemáticas das fases evolutivas de Trichuris trichiura. Verme adulto Apresentam forma típica semelhante a um ‘’chicote’’ Medem entre 3 – 5cm de comprimento Desprovidos de lábios; possuem estilete seguido de esôfago longo e delgado [2/3 do comprimento total] que, no final, apresenta-se como um tubo delgado circundado por uma camada de estitócitos Presença de esticossoma Possuem coloração esbranquiçada ou rósea Extremidade anterior dos vermes adultos de Trichuris trichiura. A) Extremidade anterior. B) Estitócitos formando o esticossoma. Verme adulto fêmea 3,0 – 5,0cm; extremidade posterior claviforme; órgãos sexuais são únicos [útero e ovário]; a vulva se abre na união das extremidades robusta e delgada; libera 3.000 – 7,000 ovos/dia [pode chegar até 14.000 ovos/dia] – a maioria não é embrionado Verme adulto macho 3,0 – 4,5cm; extremidade posterior recurvada [>360°] p/ ejaculação/acasalamento; testículo único, canais deferente e ejaculador; apresentam espículo [fixa-se no corpo da fêmea] protegido por uma bainha PARASITOLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Representação esquemática da fêmea adulta de T. trichiura. a, intestino; b, útero, c, ovário; d, reto. Morfologia geral do verme adulto fêmea de T. trichiura. A, Extremidade anterior. B, Secção transversal de ovo. C e D, útero gravídico mostrando numerosos ovos. E. Verme adulto. Útero gravídico de T. trichiura mostrando numerosos ovos Representação esquemática do adulto macho de Trichuris trichiura. A, Verme adulto. e, faringe filiforme (esticossomo); f, canal deferente; g, espiculo; h, cloaca; i, testículo. B, Extremidade posterior; espiculo visível e a bainha projetando-se em uma parte exterior. Morfologia geral do verme adulto macho de Trichuris trichiura. A, Extremidade anterior. B, Espículo recoberto por uma bainha protrusível. C, Corte longitudinal da extremidade posterior, a partir de uma amostra de colonoscopia (corados com H & E). Presença da cutícula espessa com anéis (CU), abaixo está a hipoderme fina (HY), e abaixo da hipoderme uma camada de células musculares somáticas (SO). A presença de uma espícula (SP) indica o espécime é um macho. D, Cloaca musculosa (seta) Ovo 50 - 55µm de comp. X 22µm de larg.; formato elíptico c/ formato grosseiro de um ‘’barril’’; possui rolhas polares; casca resistente – membrana tripla; presença de massa embrionária única quando recém eliminado; no interior, tende a evoluir formando uma mórula e, posteriormente, uma larva [não é eliminado embrionado]; presença de tampões de muco Externa Intermediária Interna Constituída de lipídeos, c/ capacidade adesiva e consistência mole Constituída de quitina, protegendo contra condições externas Vitelínica Transmissão ↑ Transmissão fecal-oral – infecção exclusiva pela ingestão de água e/ou alimentos contaminados c/ ovos larvados Veiculadores – insetos, aves, chuvas, ventos, homem Ciclo biológico Ambiente propício – úmido; pouca exposição solar direta – permanecem viáveis por meses Ambiente inviável – locais secos/muito quentes ou c/ exposição solar direta → desidratação → morte do embrião PARASITOLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE É um ciclo monoxênico; indivíduo infectado evacua ovos do parasita → fezes entram em contato c/ o solo – propicio p/ amadurecimento → 2 – 3 semanas; ovo contém embrião capaz de infectar quem o consumir → ingestão da L1 [rabditoide – infectante]– atravessam incólumes [s/ lesão/ferimento] → estômago → ação do suco gástrico e pancreático → eclosão; intestino delgado [especif. criptas cecais] → 3 meses; L3 – L4 → intestino grosso → mucosa duodenal [porção fina] – viável por até 5 anos; local de ação mecânica traumática, enzimática e tóxica [causa ulcerações e abcessos – permite invasão bacteriana] → cauda [porção posterior]/lúmen; acasalamento *Se houver infecção antes do desenvolvimento, não há infecção Patogênese Geralmente, somente indivíduos c/ alta carga parasitária são sintomáticos Período pré-patente; 5 – 7 semanas Não existe migração sistêmica por T. trichuris; as lesões ficam confinadas ao intestino Mecanismo de agressão ao hospedeiro Infecções leves [<1000 ovos/g fezes] – ceco e cólon Processo irritativo local; geralmente assintomático Pode apresentar desconforto e distensão abdominal, náusea, flatulência e diarreia Infecções moderadas [1000 < 9.999 ovos/g fezes] – cólon e parte do íleo Desenvolvimento de colite; sintomas – dores de cabeça; dores abdominais [epigástrica e abaixo do abdome]; flatulência; distensão abdominal; perda de apetite [alteração sistêmica/pró-inflamatória; ação do TNF-alfa]; anorexia; perda de peso; diarreia; náuseas e vômitos Infecções intestinais [> 10.000 ovos/g de fezes] – todo o intestino grosso, reto e íleo distal Processo irritativo disseminado → ulcerações [edema e sangramento] → ↓ absorção de líquidos intestinais [desidratação] → ↑ peristaltismo → inflamação das terminações nervosas do reto [edema e sangramento] → tenesmo → prolapso retal [reação edematosa → inchaço da mucosa retal → ‘’reflexo de defecação’’ [mesmo na ausência de fezes] → esforços contínuos associados às terminações nervosas → prolapso] → síndrome disentérica crônica [náuseas e vômitos são frequentes] Alterações sistêmicas – perda de apetite [pode estar associado à ↑ TNF-alfa]; eosinofilia; anemia [associada à perda de sangue nas fezes e a deficiência nutricional em consequência da perda de apetite [pode resultar em a. ferropriva]]; má-nutrição; retardamento no desenvolvimento físico e cognitivo [↓ IGF-1 [hormônio produzido pelo fígado e células mesenquimais [assoc. ao crescimento normal] e de precursor do colágeno tipo I [principal componente da matriz orgânica óssea]; Sintomas – dor de cabeça; dores abdominais [↑ dor epigástrica]; diarreia intermitente crônica [profusa, sanguinolenta, presença abundante de muco e pus]; prolapso retal; ulcerações intestinais e sangramento da mucosa [deve-se incluir a tricuríase no diagnóstico diferencial de colite ulcerativa]; tenesmo [sensação de ‘’fezes no intestino’’]; anorexia/perda de peso → desnutrição grave [pode causar retardo no desenvolvimento físico]; cólicas; flatulência; náuseas e vômitos; anemia Alterações da mucosa [encontradas apenas no local de aderência]; acontece poisos enterócitos [realizam absorção intestinal] estão sendo destruídos pelos parasitos; os enterócitos jovens não possuem a mesma capacidade absortiva, comprometendo a absorção nutritiva; outras alterações consistem em petéquias ou hemorragia subepitelial, destruição celular e infiltração eosinofílica [associados aos esticossomo [glândulas esofagianas], linfocítica e de células plasmáticas → hipersensibilidade imediata Ação Mecânica Erosão da mucosa intestinal; perfuração das células epiteliais p/ exposição da porção posterior [cauda] Irritativa Inflamação do tipo catarral [exsudativa mucosa] → alteração dos reflexos intestinais [↑ peristaltismo] → alteração na função do intestino grosso [principalmente absorção de líquidos] → desidratação e ↓ absorção de nutrientes Espoliativa O parasita alimenta-se de sangue → anemia [depende da carga parasitária] Ação mecânica/irritativa/espoliativa gera processo inflamatório que causa edema de submucosa e sangramento da mucosa retal, causando inchaço Tóxica Alterações nas terminações nervosas da mucosa intestinal; pode levar à necrose fecal PARASITOLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Imunologia ↑ Resposta imune humoral [Th2]; interleucinas [IL-4; IL-5; IL-9 [junto c/ IL-4 atua sob células da musculatura lisa intestinal → aumento da contratilidade → favorece a eliminação]; IL-13 [principal envolvida na renovação das células epiteliais → favorece a eliminação do parasito]]; ↑ imunoglobulinas [IgA [fator importante na imunidade duradoura; associação à diminuição da intensidade da infecção]; IgE [tricuríase crônica; quando assoc. à degranulação dos mastócitos → aumenta a permeabilidade intestinal → quadro disentérico]; IgG]; mastocitose [mast. em degranulação] intestinal; diferenciação de células caliciformes; ↑ produção de muco, quinases e moléc. semelhantes à resistina [atua lesando a cutícula ou interferindo na atividade de órgãos sensoriais do parasito → favorece sua eliminação]; Lesões Parasitismo provocado T. trichiura. A, aumento da secreção mucoide; A e B, Sangramentos por erosão da mucosa intestinal Prolapso retal com a presença dos vermes fixados à mucosa provocado por infecções intensas de T. trichiura Diagnóstico Clínico São inespecíficos; nervosismo, insônia, perda de apetite, eosinofilia; manifestações intestinais – dor abdominal [destruição da mucosa]; síndrome diarreica crônica [diarreia c/ fezes sanguinolentas; anemia, perda de peso, prolapso retal] Laboratorial Métodos diretos Parasitológico de fezes [Método de Hoffman, Pons e Janer [sedimentação espontânea]; Kato- Katz – avaliação qualitativa e quantitativa]; vermes adultos podem ser vistos macroscopicamente; não deve ser feito o uso de fezes diarreicas e/ou conservadas PARASITOLOGIA CLÍNICA BRENDA RODRIGUES 5° SEMESTRE Métodos indiretos Retossigmoidoscopia; colonoscopia; demonstra mucosa friável, hiperemiada, percebendo-se os locais de aderência ou o próprio parasita adulto no lúmen intestinai Em casos de prolapso retal; exame de mucosa retal através da coproscopia Tratamento Benzimidazóis → Albendazol [alternativo; comprimidos de 200 e 400mg, e de suspensão oral de 100mg/5mL]; Mebendazol [principal; 100 e 500mg e de suspensão oral de 100mg/5mL; ↑ absorção pela mucosa do trato gastrintestinal] → afinidade da droga à beta-tubulina [produzida pelo parasito] → inibição da polimerização de microtúbulos do parasito → paralisia e morte do verme; pacientes com infecção maciça; tratamento prolongado com taxa de cura, geralmente, acima de 90% Contraindicações: gestantes e crianças menores de 2 anos; em gestantes infectadas, o tratamento é adiado até o pós-parto, para diminuir o risco de toxicidade Outras drogas: Pamoato de Oxipirantel e Levamisol [bloqueia a transmissão neuromuscular de nematódeos], Nitazoxanida Profilaxia Educação sanitária em massa; lavar as mãos sempre que usar o sanitário e pré-refeições; manter as unhas cortadas e limpas; beber somente água filtrada; lavar e cozinhar bem os alimentos antes do consumo; proteger reservatórios de água; combater insetos; lavar utensílios domésticos; não sacudir roupas íntimas e de cama – banhar em água fervente; serviço de engenharia sanitária; tratamento dos doentes
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