Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Neurologia – 5° Período Edith Carvalho DEMÊNCIAS Quadros demenciais: incidência aumentando Córtex: de forma indireta começa a alterar as funções O que é cognição: estar consciente, saber, pensar, aprender e julgar. São todas as funções que nos tornam seres superiores dos outros seres vivos. As síndromes demenciais afetam exatamente o córtex ou diretamente ele, degenerando a região cortical, substância cinzenta ou de forma indireta irá alterar a função do córtex. COGNIÇÃO – 4 GRUPOS PRINCIPAIS MEMORIA: armazenar e resgatar informações -amnésia. Amnesia GNOSIAS: capacidade de reconhecimento de objetos e pessoas familiares. Agnosia: incapacidade de reconhecer um objeto e pessoas familiares. PRAXIAS: como faz determinada tarefa (praxia de marcha- saber andar; dirigir; escovar os dentes; andar de bicicleta) → córtex Apraxia LINGUAGEM: capacidade de comunicação Afasia Esses fazem parte da capacidade de planejar e executar uma ideia. Fala: articulação das palavras DEMÊNCIA: Demências são perdas cognitivas adquiridas causando alteração das atividades da vida diária. ▪ Perda da capacidade de planejar e executar ideias → cognição ↓ ▪ Comprometimento da memória e uma ou mais áreas da cognição (afasia, agnosia e disfunção executiva). ▪ Causa comprometimento social ou ocupacional e representa um declínio na funcionalidade. ▪ Distúrbios emocionais e comportamentais que alteram as atividades. Comprometimento da memória e uma ou mais áreas da cognição, causando comprometimento social ou ocupacional e que representam declínio na funcionalidade. Perda da independência. Criança não nasce com demência → déficit cognitivo ▪ Distúrbios emocionais e comportamentais que alteram as atividades de vida diária tanto no âmbito profissional quanto relacionamento social → demência ▪ Causa comprometimento social ou ocupacional e representa um declínio na funcionalidade. (perda da independência) ▪ Na demência a pessoa não consegue se lembrar. Geralmente os familiares que notam os distúrbios. ▪ no dia a dia -> perda de concentração, estresse, ansiedade (não patológico) CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA DEMÊNCIAS PRIMÁRIAS: são degenerativas (a demência já é a própria doença) ▪ Alzheimer (DA) ▪ Demência com corpúsculo de Lewy (DCL) ▪ Demência frontotemporal (DFT) DEMÊNCIAS SECUNDÁRIAS: não degenerativas ▪ Demência vascular (DV) ▪ Neoplasias intracranianas → tumor no cérebro atingindo o córtex ▪ Doenças carenciais ▪ Doenças infecciosas ▪ deficiência de b12 e ácido fólico (bariátricos) ▪ HIV e neurosífilis ▪ hematoma subdural crônico CLASSIFICAÇÃO CLÍNICA DEMÊNCIAS CORTICAIS: amnésia, afasia, agnosia, apraxia Doença de Alzheimer DEMÊNCIAS SUBCORTICAIS: bradifrenia, distúrbios da atenção e motivação Paralisia supranuclear progressiva (PSP) Doença de Parkinson Doença de Huntington EVOLUÇÃO DA DEMÊNCIA Envelhecimento normal → transtorno cognitivo leve ou comprometimento cognitivo leve → demência ▪ perda da capacidade de armazenamento → cérebro atrofia ▪ paciente que queixa em relação à memória Neurologia – 5° Período Edith Carvalho ▪ alteração objetiva da memória ▪ função cognitiva geral normal ▪ atividades diárias preservadas ▪ não preenche critérios para demência medicamento para tratamento DOENÇA DE ALZHEIMER Causa mais comum de demência Acomete adultos a partir dos 60 anos de idade COMPROMETE: intelecto, memória, raciocínio, aprendizado, comunicação, execução de tarefas. Há perda de neurônio no: ▪ Hipocampo → memória. ▪ Lobos → frontal, parietal, temporal. ▪ Sistema límbico → influencia os instintos, impulsos e emoções. A primeira região afetada é o hipocampo → perda de memória recente (anterógrada) Há perda de neurônio no: ▪ Núcleo basal de meynert (rica em neurotransmissor – acetilcolina) Perda de neurotransmissores associada ao mal de Alzheimer: Acetilcolina → atenção, aprendizado e memória Serotonina → humor e ansiedade Glutamato → aprendizado e memória de longo prazo Dopamina → movimentos físicos EPIDEMIOLOGIA – DOENÇA DE ALZHEIMER Após os 65 anos a prevalência dobra a cada 5 anos de idade A DA acomete de 8 a 15% da população > 65 anos Fator de risco principal → envelhecimento PATOLOGIA Marcadores histopatológicos: PLACAS SENIS: lesões extracelulares – relacionada a anormalidade da proteína beta amilóide. NOVELOS OU EMARANHADOS NEUROFIBRILARES : são lesões intraneuronais – relaciona-se a anormalidade da proteína Tau. GENÉTICA Doenças pré-senil ( <65 anos)→ 4 a 5% dos casos são genéticos Na doença de Alzheimer pré-senil familiar foram identificadas mutações nos cromossomos 21, 14 e 1 → são fatores de risco genéticos para DA. A doença de Alzheimer senil (>65 anos), é quase sempre esporádica. Com que idade seu familiar iniciou o quadro demencial → se abaixo de 60 anos tem 40% de desenvolver FATORES DE RISCO IDADE AVANÇAS: acima de 60 anos (quanto mais velho maior a chance) SEXO FEMININO: mulheres são mais longevas GENÉTICO: portadores do alelo E4 apresentam maior risco, principalmente numa forma pré-senil ESCOLARIDADE BAIXA: é controverso; tanto pessoas altamente intelectuais (diagnóstico tardio por conta da reserva cerebral maior) quando com baixa escolaridade tem as mesmas chances de desenvolver o Alzheimer DOENÇA VASCULAR TRAUMATISMOS CRANIANOS DE REPETIÇÃO SÍNDROME DE DOWN História familiar de DA: se início precoce HAS Hipercolesterolemia Diabetes QUADRO CLÍNICO Amnésia, afasia, apraxia, agnosia INICIAL: 2 a 3 anos INTERMEDIÁRIA: 2 a 8 anos AVANÇADA: 8 a 12 anos Neurologia – 5° Período Edith Carvalho ALTERAÇÕES COGNITIVAS Alteração da memória principalmente a recente, seja ela visual ou verbal (87%) Déficits de linguagem → anomia/disnomia, afasia/disfasia Déficits visuoespaciais Déficits de atenção Disfunção executiva O acometimento de múltiplas funções cognitivas na DA ocorre em virtude da multifocalidade das lesões neuroanatômicas observadas nesta demência. A doença afeta de forma generalizada o córtex ALTERAÇÕES DE COMPORTAMENTO SÍNDROMES COMPORTAMENTAIS: SÍNDROME DE KLUVER-BUCY: hiperoralidade (hiperfagia e tendencia compulsiva de levar objetos a boca), hipermetamorfose (compulsão para examinar os objetos de um ambiente novo), hipersexualidade. SÍNDROME DE OTHELO: ciúme patológico SÍNDROME DE GODOT: ansiedade antecipatória patológica diante de eventos/compromissos futuros. SINAL DO ESPELHO: não reconhece sua própria imagem refletida no espelho Delírio de pobreza Crença de que a casa onde vive não é a sua verdadeira residência Hóspedes fantasmas → alucinações Delírio de roubo Delírio de abandono Inicialmente não tem alucinações (acontece mais tardio) INVESTIGAÇÃO DIAGNÓSTICA DA DOENÇA DE ALZHEIMER História clínica detalhada Exame físico e neurológico: geralmente está normal Avaliação do estado mental (MEEM): alterado Avaliação neuropsicológica Exames complementares: dosagem de vitamina b12, ácido fólico, hemograma, lipidograma, HIV, VDRL, glicemia, função tireoidiana, renal e hepática. Exames de imagem: eletroencefalograma (0 necessidade); SPECT (não solicita para Alzheimer); RNM DE CRÂNIO; TC de crânio quando não consegue fazer a RNM. TC de crânio → hidrocefalia ex-vácuo (HPN) Observa-se atrofia cerebral (involução cerebral) LCR → não tem necessidade Somente quando tem uma demência rapidamente progressiva → aguda, piora rápida Neurossífilis OUTRAS CAUSAS: avaliar LCR ▪ Neurocisticercose ▪ Neuro-Aids (complexo demência-Aids ▪ Meningoencefalite herpética ▪ Meningites crônicas ▪ Doença de Creutzfeldt-jakob ▪ Paraneoplásicas e linfoproliferativas ▪ Demências de doenças inflamatórias e auto- imunes ▪ Hidrocefalia de pressão normal (HPN) – “tap- test” DIAGNÓSTICODA POSSÍVEL: déficit cognitivo de evolução lenta e progressiva sem distúrbios da consciência e ausência de transtornos vasculares, metabólicos ou tóxicos do SNC. DA PROVÁVEL: sintomas de DA possível com piora da memória, antecedentes familiares de DA e idade de início entre 40-90 anos (mais frequentemente ao redor dos 65 anos). DA DEFINITIVA: sintomas de DA provável e, quando morre, na autópsia se encontram elementos característicos dela. Portanto o diagnóstico de DA é histopatológico. HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL - HPN Alteração relativamente comum Demência potencialmente reversível → deve ser tratada Doença idiopática em que o paciente vai apresentar hidrocefalia importante Neurologia – 5° Período Edith Carvalho TRÍADE: déficit cognitivo, ataxia de marcha, incontinência urinária HPN: hidrocefalia sem alteração do parênquima TAP TEST → serve para verificar MEEEM; teste de marcha (tempo calculado); 700 gts do LCR e 24h depois repete os testes Na HPN haverá a melhora → será feito a DVP Tap test – serve para avaliar se o paciente vai se beneficiar do DVP (não serve para diagnóstico) TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Serve para reduzir a velocidade de progressão → torna a doença mais lenta, mas não melhora os sintomas Em casos muito avançados não adianta dar a medicação BLOQUEADORES DA ENZIMA ACETILCOLINESTERASE: fazer um desses medicamento somente FUNÇÃO: bloquear a ação da enzima acetilcolinesterase, que decompõe a acetilcolina, pois a falta de acetilcolina está relacionada com os sintomas da doença de Alzheimer. Rivastigmine: Exelon cápsulas de 1,5mg – 3mg – 4,5mg – 6mg e solução oral Galantamina: 8mg – 16mg – 24mg (Reminyl ER) Donepezila: 5mg – 10mg (Eranz, Epéz, Lábrea, Donila) INIBIDOR GLUTAMATÉRGICO: FUNÇÃO: diminuir o nível de glutamato. Memantina: 10mg (Ebix, Alois, Heimer, Zider) Geralmente começa com inibidor da acetilcolinesterase e mais tardiamente inbidor glutamatérgico. TRATAMENTO COM ABORDAGEM MULTIDISCIPLINAR ▪ Terapia de orientação ▪ Fisioterapia ▪ Terapia ▪ Ocupacional ▪ Reabilitação cognitiva ▪ Visitas ▪ Lugares públicos ▪ Parceria, amor e carinho ▪ Terapia com música DEMÊNCIA VASCULAR – 2° MAIOR CAUSA Pode coexistir com a doença de Alzheimer → demência mista Início mais precoce que a DA Homens > mulheres Lesão vascular contribui para gravidade da DA FATORES DE RISCO mesmos para AVC Idade ▪ Aterosclerose/hipercolesterolemia ▪ Hipertensão arterial ▪ Tabagismo ▪ Diabetes Mellitus ▪ Patologias cardíacas ▪ Etilismo ▪ Obesidade Quadros podem surgir em qualquer tipo de alteração cerebral DEMÊNCIA SECUNDÁRIA A DIFERENTES AGRAVOS AO CÉREBRO ▪ Infarto único ▪ Infartos lacunares ▪ Múltiplos infartos ▪ Infartos fronteiriços ou divisor de águas (Watershed Infaction) ▪ Encefalopatia arteriosclerótica subcortical (Doença de Binswanger) Microangiopatias infartos mínimos – giro angular esquerdo, tálamo, núcleo caudado → demência retrógrada TRATAMENTO Controle dos fatores de risco: ▪ Anti-hipertensivos ▪ Hipoglicemiante ▪ Sinvastatina ▪ Anti-agregantes plaquetários ▪ Inibidores da colinesterase (galantamina; efeitos gastrointestinais) Neurologia – 5° Período Edith Carvalho DEMÊNCIA FRONTOTEMPORAL – DFT É uma demência pré-senil, afetando indivíduos de 45 a 60 anos e com duração de mais ou menos 8 anos. Disfunção dos lobos frontal e temporal, preservando as regiões posteriores do cérebro. A DFT INCLUI 4 SUBTIPOS: ▪ Doença de Pick ▪ Degeneração dos lobos frontais ▪ Demência semântica (variante temporal das DFTs) ▪ DFT associada ao comprometimento do neurônio motor (ELA) Início mais precoce 40 – 65 anos (evolução média de 8 anos) Incidência: Homens = mulheres Alteração de comportamento e de personalidade Atrofia frontal e/ou temporal unilateral ou bilateral 50% têm história familiar com herança AD Memória e praxia afetadas mais tardiamente DOENÇA DE PICK Doença degenerativa (afeta lobos frontal e temporal) Alterações de personalidade Deterioração das habilidades sociais Embotamento emocional Desinibição comportamental Anormalidades da linguagem Obs: memória, apraxia e outros aspectos de demência em geral ocorrem mais tarde no curso da doença. confundidos com distúrbios psiquiátricos no exame de imagem: atrofia da região frontal; afeta lobos frontal e parietal Tratamento sintomático: antidepressivo, ansiolíticos prognóstico geralmente ruim DEMÊNCIA COM CORPOS DE LEWY Corpúsculos de Lewy: inclusões intracitoplasmáticas eosinofílicas hialinas no córtex cerebral, tronco encefálico. 3° causa de demência Mais comum em idosos Prevalência: sexo masculino Evolução mais rápida do que a Doença de Alzheimer TRÍADE: ▪ Parkinsonismo (rígido-acinético, quase sem tremor) ▪ Alucinações (visuais, vivas, detalhadas) ▪ Flutuação na cognição (flutua ao longo do dia) Quedas repetidas e síncope Sensibilidade a neurolépticos (haldol) → piora o quadro e são contraindicados Obs: déficit de memória pode não existir nas fases iniciais. Déficit de atenção, desorientação visuoespacial. Tratamento: inibidores da acetilcolinesterase DOENÇA DE PARKINSON Doença neurodegenerativa com redução de neurônios dopaminérgicos Quadro clínico: tremor de repouso assimétrico, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural Incidência: 50 a 60 anos; > homens Demência instala-se em fases mais tardias da doença → 10 a 15 anos depois não causa demência inicial tratamento: inibidores da colinesterase (Ex. Rivastigmine) DOENÇAS RELACIONADAS AO ÁLCOOL A bebida em excesso e prolongada pode conduzir a uma forma de demência. Síndrome de Korsakoff – causado pelo consumo excessivo de bebidas alcoólicas. Neurologia – 5° Período Edith Carvalho
Compartilhar