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Definição Comprometimento da memória e uma ou mais áreas da cognição (Afasia, Agnosia, Apraxia e Disfunção executiva). Causa comprometimento social ou ocupacional e representa um declínio na funcionalidade. Córtex cerebral É responsável pelas funções cognitivas superiores como: memoria, comportamento, linguagem (fala e entendimento da fala) e motricidade. É uma condição adquirida que leva a um decréscimo no nível cognitivo e comprometimento das funções sociais e funcionais. A depender do mecanismo fisiopatológico, podem ser reversíveis ou irreversíveis. A principal causa de demência em idosos é a doença de Alzheimer, mas, além dela, diversas outras causas podem levar a um quadro demencial. O maior fator de risco para demências é a idade avançada. Lorena Loureiro Attention A perda de memória isolada não caracteriza demência. Ex.: paciente lembra do esquecimento, podendo ser transtorno de ansiedade ou falta de atenção. Cognição Estar consciente, saber, pensar, aprender e julgar Memória Gnosias Praxias Linguagem ARMAZENAR E RESGATAR INFORMAÇÕES RECONHECER OBJETOS E FAMILIARES COMO FAZER DETERMINADA TAREFA CAPACIDADE DE COMUNICAÇÃO Capacidade de planejar e executar uma ideia Na demência, há perda dessas áreas cognitivas. Demências Perdas cognitivas adquiridas Alteração das atividades da vida diária MEMÓRIA DISTURBIOS EMOCIONAIS COMPORTAMENTO Relacionamento social Profissional Classificação etiológica Demências Primárias ou Degenerativas: Progridem ao longo do tempo independente do tratamento. Subdivididas de acordo com a área cerebral afetada, podendo ser cortical ou subcortical. Exemplos: doença de Alzheimer, demência com corpúsculo de Lewy (DCL), demência frontotemporal (DFT). Demências Secundárias ou não degenerativas: Tratam-se de sequelas de algum processo que levou a lesão cortical e podem ser responsivas ao tratamento. Exemplos: demência vascular (DV), neoplasia intracranianas, doenças carenciais, doenças infecciosas, hematoma subdural crônico. Causas Doença de Alzheimer É a Causa mais comum de demência. Acomete adultos a partir dos 60 anos. 40-50% relacionados a genética. Início precoce pode estar associado a genética. Acima dos 65 anos a maioria é esporádico. Compromete: intelecto, memória, raciocínio, aprendizado, comunicação e execução de tarefas. Há perda de neurônio nas regiões: Hipocampo: afetando a memória. Lobos frontal, parietal e temporal: agnosias, apraxias, afasias e distúrbios na execução de tarefa. Sistema límbico: influencia os instintos, impulsos e emoções (pacientes com Alzheimer costumam ter transtorno de ansiedade, apatia, tristeza). Núcleo basal de Meynert: rico em neurotransmissor acetilcolina. O principal neurotransmissor envolvido nos principais sintomas da doença é a acetilcolina – afetam a atenção, aprendizado e memória Outros neurotransmissores também são afetados: Serotonina: afeta humor e ansiedade. Glutamato: afeta o aprendizado e memória de longo prazo. Dopamina: afeta movimentos físicos. Classificação clinica Demências Primárias ou Degenerativas: Demências degenerativas corticais: Perda de todas a funções cognitivas (amnésia, afasia, agnosia e apraxia), mesmo em fases iniciais. Córtex cerebral que estará acometido (córtex atrofiado). Exemplos: Doença de Alzheimer. Demências degenerativas subcorticais: Lesões abaixo do córtex causando perda de conexão cortical. Pacientes apresentam: bradifrenia (lentidão anormal do pensamento), distúrbios de atenção e motivação. Exemplos: paralisia supranuclear progressiva (PSP), doença de parkinson, IDS, doença de Huntington. Evolução da demência O processo de envelhecimento normal, compromete algumas funções, pois há perda fisiológica de neurônios e atrofia de córtex cerebral ao longo do tempo (involução encefálica). Transtorno cognitivo leve ou comprometimento cognitivo leve. Em casos em que o paciente começa a apresentar queixas além do normal para a idade, em relação à memória e alteração subjetiva da mesma pode-se classificá-lo em comprometimento cognitivo leve. Onde as funções cognitivas gerais estão normais e atividades diárias preservadas, portanto, não preenche critérios para demência. 40-50% dos pacientes com transtorno cognitivo leve podem evoluir para demência. É importante diagnosticar o transtorno cognitivo leve para ajudar o paciente a manter suas atividades diárias. DADV DCL DFT Causas mais comuns de demência Doença de Alzheimer (60-80%) Demência Vascular (20-40%) Doença por Corpusculos de Lewy (5-20%) Demência Frontotemporal (5-20%) Lorena Loureiro Fisiopatologia A normalidade é que os neurônios se conectem uns aos outros através dos dendritos para que exista a neurotransmissão. No Alzheimer, as placas senis e novelos neurofibrilares levam a lesão tecidual e impedem a conexão entre os neurônios, perdendo a neurotransmissibilidade. Com a perda de conexão, há falha na transmissão cortical. Lembrando que o principal neurotransmissor envolvido nas sinapses neuronais é a acetilcolina que passa a ser depletada no SNC na doença de Alzheimer. Observa-se a atrofia cerebral no Alzheimer e os ventrículos “alargados” recebe o nome de hidrocefalia ex vácuo. Ocorre por que o parênquima cerebral atrofiou e compensatoriamente o ventrículo aumenta de tamanho. Lembrando que fisiologicamente a idade leva a atrofia. Porém, no Alzheimer, geralmente, o paciente tem uma atrofia desproporcional a idade. A atrofia no Alzheimer inicia-se no hipocampo e é desproporcional ao resto. Ou seja, inicia-se uma atrofia significativa no hipocampo e depois começa a atrofia em outras áreas. Epidemiologia (Brasil) Após os 65 anos de idade, a prevalência dobra a cada 5 anos de idade. Idade Prevalência de DA 65-69 0,3% 70-74 2,1% 75-79 5,6% 80-84 11,5% > 85 30,6%. A DA acomete 8-15% da população > 65 anos. Dr. Alois Alzheimer (1864-1915) Dr. Alois Alzheimer foi o primeiro a descrever a clínica e a patologia da doença de Alzheimer. Paciente, Sra August D. morreu aos 55 anos de demência progressiva, após evolução de 4,5 anos de doença. Patologia Os marcadores histopatológicos são: 1. Placas senis: lesões extracelulares – relacionada a anormalidade da proteína beta amiloide. 2. Novelos ou emaranhados neurofibrilares: lesões intraneurais – relaciona-se a anormalidade da proteína Tau. Observação: as placas e emaranhados foram observadas em pessoas sem DA, porém na DA elas são observadas em quantidades maiores. 1: neurônios normais 2: agrupamento de proteína beta amielóide anormal formando placas 3: proteína Tau intraneuronal anormal “matando” neurônios formando os novelos. 1 2 3 NEURÔNIO Lorena Loureiro Fatores protetores – sem comprovação Vitamina E, C e B12 Ácido fólico Sinvastatinas AINE Atividade física Atividade intelectual Reposição hormonal. Quadro clínico Presença dos os 4 A’s: Amnésia Afasia Apraxia Agnosia Fase inicial: 2 a 3 anos de doença Fase intermediária: 2 a 8 anos Fase avançada: acima de 8 anos Alterações cognitivas: 1. Alteração da memória principalmente a recente podendo ser visual ou verbal (87%). 2. Déficits de linguagem (72%): anomia, disnomia, afasia e disfasia. 3. Déficits visuoespaciais (44%). 4. Déficits de atenção (49%). 5. Disfunção executiva. O acometimento dessas múltiplas funções cognitivas na DA ocorre devido a multifocalidade de lesões neuroanatômicas progressivas. Alterações do comportamento (90%): Síndromes comportamentais 1. Síndrome de Kluver-Bucy, caracterizada por: o Hiperoralidade: hiperfagia e tendência compulsiva a levar objetos a boca. o Hipermetamorfose: compulsão em examinar objetos de um ambiente novo. o Hipersexualidade. 2. Síndrome de Othelo: ciúme patológico 3. Síndrome de Godot: ansiedade antecipatória patológica diante eventos/compromissos futuros. Genética 10% dos pacientes com DA tem início da doença pré-senil (<65 anos), destes 40% apresentam um padrão de herança familiar do tipo autossômica dominante (5% dos casos seria familiar). Na Doença de Alzheimer pré senil familiar foram identificadas mutações (localizadas nos cromossomos 21, 14 e 1). Estas mutações são reconhecidas como fatores de riscos genéticos para DA. Observação: a instalação na fase pré-senil, as alterações de linguagem são mais proeminentes e precoce. Senil: instalação da doença após os 65 anos. Causa quase sempre esporádica, sem relação familiar. Um gene defeituoso no cromossomo 19, chamado Apo-E, cuja função é secretar apolipoproteina-E, molécula que faz o transporte de colesterol no sangue. Existem três versões desse gene, denominadas: o Apo-E2: protege contra a doença de Alzheimer. o Apo-E3: fica em um estagio intermediário. Os pacientes as vezes ficam protegidos e as vezes, prejudicados. o Apo-E4: aumenta o risco da doença e faz os sintomas aparecerem bem antes da idade em que normalmente se manifestam (demência pré- senil). Fatores de risco Idade: Quanto mais velho, maior a chance. Sexo feminino: mulheres são mais longevas. Genético Escolaridade baixa: controverso – escolaridade baixa teriam menor reserva cerebral. Doença vascular Traumatismos cranianos Síndrome de Down Histórico familiar Níveis elevados de homocisteína no sangue HAS Hipercolesterolemia Diabetes. Depressão. Lorena Loureiro Diagnóstico é classificado e dividido em três graus: Vale lembrar que nunca é definitivo, pois, o diagnóstico é histopatológico. 1. DA possível: déficit cognitivo de evolução lenta e progressiva sem distúrbios da consciência e ausência de transtornos vasculares, metabólicos ou tóxicos do SNC. 2. DA provável: sintomas com piora da memória, antecedentes familiares de DA e de início entre 40-90 anos (frequentemente ao redor dos 60 anos). 3. DA definitiva: sintomas de DA provável e quando morre, a autopsia revela as características histopatológicas. Tratamento Não curativo, reduz apenas a progressão da doença. Farmacológico: Bloqueio da ação da enzima acetilcolinesterase, que decompõe a acetilcolina. o Rivastigmine o Galantamina o Donepezila Diminuir o nível de glutamato o Memantina Não farmacológico: Terapia de ocupação Terapia ocupacional Fisioterapia Fonoaudiologia Reabilitação cognitiva Visitas Lugares públicos Multiprofissional Paciência, amor e carinho Pode apresentar ainda: Sinal do espelho: não reconhece sua própria imagem refletida no espelho. Delírio de pobreza. Crença de que sua casa não é sua verdadeira casa. Hóspedes “fantasmas” Delírio de roubo Delírio de abandono Diagnóstico História clínica detalhada Exame físico geral e neurológico Avaliação do estado mental (mini exame do estado mental – MEEM). Avaliação neuropsicológica. Exames complementares: realizados, principalmente, para excluir outras patologias com déficit cognitivo. TC de crânio: observa-se atrofia cerebral e ventrículos aumentados – não é patognomônico da doença e nem faz diagnostico isoladamente. Ressonância magnética: observa-se hipocampo atrofiado de forma desproporcional. EEG SPECT Função tireoidiana, renal e hepática Glicemia Hemograma Dosagem de vit B12, ácido fólico HIV VDRL Lipidograma Caso não haja alterações significativas, torna mais provável o diagnóstico de Alzheimer. Quando avaliar o LCR nas demências? ( )– “ ” Lorena Loureiro Reversível e não é um quadro demencial. Quadro clinico: Flutuação de déficit cognitivo + incontinência urinária + ataxia de marcha. Diagnóstico: tap-test + LCR No Alzheimer não trata somente o paciente, trata também os familiares e acompanhantes devido ao desgaste emocional (apoio psicológico). Lembrando que infartos pequenos (mínimos) podem levar a demência vascular se atingir áreas especificas como: giro angular esquerdo, tálamo, núcleo caudado. Tratamento Controle dos fatores de risco Anti-hipertensivos Hipoglicemiantes Sinvastatinas Antiagregantes plaquetários Inibidores da colinesterase (galantamina, rivastigmine ou donepezila) Demência frontotemporal A DFT é essencialmente pré-senil, pois, atinge pacientes entre 45-60 anos e tem duração de cerca de 8 anos – progressão rápida. Apresenta-se com distúrbio comportamental e de personalidade importantes. Provoca disfunção nos lobos frontais e temporais, preservando as regiões posteriores do cérebro. A queixa de memória ocorre, mas não é tão importante quanto as alterações de comportamento. A evolução da doença é mais rápida do que a DA. 50% tem histórico familiar com herança autossômica dominante. A DFT se subdivide em quatro tipos: 1. Degeneração dos lobos frontais 2. Demência semântica: degenera lobo temporal apenas 3. Doença de Pick: degenera ambos os lobos 4. DFT associada ao comprometimento de neurônio motor – esclerose lateral amiotrófica. Demência vascular Segunda causa mais comum de demência, de início mais precoce que a DA e de maior prevalência em homens. Pode coexistir com a DA, formando a demência mista. Sendo clinicamente difícil distinguir. Vale lembrar que a lesão vascular contribui para a gravidade da DA. Clinicamente diferencia-se pela história clínica: Demência vascular: buscar pelo histórico de AVC e posteriormente uma demência. Doença não degenerativa. DA: paciente com quadro demencial sem histórico prévio e com piora lenta da demência. Fatores de risco Hipertensão. Aterosclerose/hipercolesterolemia Idade Diabetes. Tabagismo. Patologias cardíacas. Etilismo. A demência vascular é secundaria a vários agravos ao cérebro, entre eles: 1. Infarto único. 2. Infarto lacunares 3. Múltiplos infartos 4. Infartos fronteiros ou divisor de aguas 5. Encefalopatia aterosclerótica subcortical (doença de Binswangner). Lorena Loureiro Como saber que é demência mista? ( ) 2 Sensibilidade a neurolépticos agrava parkinsonismo sem melhorados sintomas psicóticos. Paciente também costuma ter quedas repetidas e síncope. Observação: Déficit de memória pode não existir nas fases iniciais. Déficit de atenção desorientação visoespacial. Tratamento Inibidores da acetilcolinesterase. Doença de Parkinson Doença neurodegenerativa com redução de neurônios dopaminérgicos caracterizada portremor de repouso assimétrico, rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. Geralmente entre 50-60 anos e de maior prevalência em homens. A demência do Parkinson se instala as fases mais tardias da doença em 25-30% dos casos. Tratamento Inibidores da colinesterase Demências relacionadas ao álcool A bebida em excesso e prolongada pode conduzir a uma forma de demência e causar ainda a síndrome de Korsakoff. Quadro clinico Insidioso e progressivo que altera comportamento, personalidade e linguagem. Isolamento social Apatia Impulsividade Hiperoralidade Descuido com a higiene Sintomas depressivos Exploração de objetos no ambiente Queixa leve de memória (não é o que chama atenção no quadro) Caso haja presença de paralisia bulbar (acinesia, fraqueza muscular e fasciculações) associar com ELA. Doença de Pick Doença degenerativa: Afeta os lobos frontal e temporal Alterações da personalidade Deterioração das habilidades sociais Embotamento emocional Desinibição comportamental Normalidade da linguagem OBS: Memória, Apraxia e outros aspectos da demência em geral ocorrem mais tarde no curso da doença. Tratamento Sintomático – tratar insônia, agressividade. Demência com corpos de Lewy Terceira causa de demência, mais comum em idosos e prevalente em sexo masculino. Tem evolução mais rápida que DA. Tríade clássica: parkinsonismo, alucinações, flutuação em déficits cognitivos. Flutuação na cognição: pode durar minutos ou horas (atenção e vigília). Alucinações: costumam ser visuais – claras e detalhadas Parkinsonismo: geralmente simétrica nos quatro membros, quase sem tremor e pobre resposta a levodopa. Lorena Loureiro
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