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Direitos Humanos: Conceito e História

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MATO GROSSO DO SUL
Unidade Universitária de Naviraí
Curso de Direito
DIREITOS HUMANOS
Prof. Me. Ricardo Guilherme S. Corrêa Silva
E-mail: prof.ricardoguilherme@gmail.com/ ricardoguilherme@uems.br
Bibliografia Básica:
1. Fábio Konder Comparato. A afirmação histórica dos direitos humanos. Editora Saraiva.
2. Manoel Gonçalves Ferreira Filho. Direitos humanos fundamentais. Editora Saraiva.
3. Flávia Piovesan. Direitos humanos e o Direito constitucional internacional. Editora Saraiva.
Bibliografia Complementar:
1. Alexandre de Moraes. Direitos Humanos Fundamentais – Teoria Geral. Editora Atlas.
2. Flávia Piovesan. Temas de Direitos Humanos. Editora Saraiva.
3. Carlos Weis. Direitos Humanos Contemporâneos. Editora Malheiros.
4. ALEXY, Robert. Teoría de los Derechos Fundamentales. Madrid: Centro de Estúdios Políticos Y Constitucionales, 2002. 
5. BARCELLOS, Ana Paula de. A Eficácia Jurídica dos Princípios Constitucionais:o princípio da dignidade da pessoa humana. Rio de Janeiro: Renovar. 
6. FERREIRA FILHO, Manoel Gonçalves.Direitos Humanos Fundamentais.10. ed. São Paulo: Saraiva. 
7. MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Conteúdo Jurídico do Princípio da Igualdade. 3ª ed. Malheiros Editores LTDA. São Paulo, 2005
1. Objetivos da disciplina:
O objetivo destas aulas é propor uma reflexão a respeito dos Direitos Humanos e seus desafios na ordem internacional e nacional contemporânea. 
Para tanto, preliminarmente, serão analisadas algumas noções introdutórias sobre a matéria, abordando-se o conceito de Direitos Humanos, seu histórico, fundamento, caraterísticas, classificações e princípios.
Posteriormente será enfocada a concepção contemporânea de direitos humanos à luz do sistema internacional de proteção, que tem permitido a internacionalização dos direitos humanos e a humanização do Direito Internacional contemporâneo, com a análise dos principais documentos internacionais de proteção dos Direitos Humanos.
O último tópico da matéria abordará os Direitos Humanos no Brasil, com enfoque na sua constitucionalização, análise dos direitos previstos na CF/88, estudo da incorporação dos tratados internacionais de direitos humanos no ordenamento jurídico pátrio, abordagem da federalização dos Direitos Humanos e exame de alguns casos contra o Estado brasileiro.
2. Conceito de Direitos Humanos
A expressão Direitos Humanos já diz, claramente, o que este significa. Direitos Humanos são os direitos do homem. São direitos que visam resguardar os valores mais preciosos da pessoa humana, ou seja, direitos que visam resguardar a solidariedade, a igualdade, a fraternidade, a liberdade, a dignidade da pessoa humana. No entanto, apesar de facilmente identificado, a construção de um conceito que o defina, não é uma tarefa fácil, em razão da amplitude do tema.
Entende-se por Direitos Humanos aqueles direitos inerentes à pessoa humana que visam resguardar a sua integridade física e psicológica perante seus semelhantes e perante o Estado em geral. De forma a limitar os poderes das autoridades, garantindo, assim, o bem estar social através da igualdade, fraternidade e da proibição de qualquer espécie de discriminação.
Direitos humanos são a soma de valores, atos e normas que permitiriam a todos uma vida digna.
Os direitos humanos não nascem todos de uma vez e nem de uma vez por todas, são construídos e estão em constante processo de construção e reconstrução, sendo um fruto da história. Compõem a nossa racionalidade de resistência, na medida em que traduzem processos que abrem e consolidam espaços de luta pela dignidade humana. tempo. 
Considerando a historicidade destes direitos, pode-se afirmar que a definição de direitos humanos aponta a uma pluralidade de significados. Tendo em vista tal pluralidade, destaca-se a chamada concepção contemporânea de direitos humanos, que veio a ser introduzida com o advento da Declaração Universal de1948 e reiterada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena de 1993.
Esta concepção é fruto do movimento de internacionalização dos direitos humanos, que constitui um movimento extremamente recente na história, surgindo, a partir do pós-guerra, como resposta às atrocidades e aos horrores cometidos durante o nazismo. Apresentando o Estado como o grande violador de direitos humanos, a era Hitler foi marcada pela lógica da destruição e descartabilidade da pessoa humana, que resultou no envio de 18 milhões de pessoas a campos de concentração, com a morte de 11 milhões, sendo 6 milhões de judeus, além de comunistas, homossexuais, ciganos. O legado do nazismo foi condicionar a titularidade de direitos, ou seja, a condição de sujeito de direitos, à pertinência a determinada raça - a raça pura ariana. 
É neste cenário que se desenha o esforço de reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional contemporânea. Ao cristalizar a lógica da barbárie, da destruição e da descartabilidade da pessoa humana, a Segunda Guerra Mundial simbolizou a ruptura com relação aos direitos humanos, significando o Pós Guerra a esperança de reconstrução destes mesmos direitos.
É neste cenário que se desenha o esforço de reconstrução dos direitos humanos, como paradigma e referencial ético a orientar a ordem internacional contemporânea. Houve grande crítica e repúdio à concepção positivista de um ordenamento jurídico indiferente a valores éticos, confinado à ótica meramente formal – tendo em vista que o nazismo e o fascismo ascenderam ao poder dentro do quadro da legalidade e promoveram a barbárie em nome da lei. 
Sob o prisma da reconstrução dos direitos humanos, no Pós Guerra, há, de um lado, a emergência do “Direito Internacional dos Direitos Humanos”, e, por outro, a nova feição do Direito Constitucional ocidental, aberto a princípios e a valores. 
No âmbito do Direito Internacional começa a ser delineado o sistema normativo internacional de proteção dos direitos humanos. É como se se projetasse a vertente de um constitucionalismo global, vocacionado a proteger direitos fundamentais e limitar o poder do Estado, mediante a criação de um aparato internacional de proteção de direitos. 
No âmbito do Direito Constitucional ocidental percebe-se a elaboração de textos constitucionais abertos a princípios, dotados de elevada carga axiológica (valores, particularmente valores morais), com destaque ao valor da dignidade humana. 
Daí a primazia ao valor da dignidade humana, como paradigma e referencial ético, verdadeiro superprincípio a orientar o constitucionalismo contemporâneo, nas esferas local, regional e global, dotando-lhes especial racionalidade, unidade e sentido. Fortalece-se a ideia de que a proteção dos direitos humanos não deve se reduzir ao domínio reservado do Estado, isto é, porque revela tema de legítimo interesse internacional. Por sua vez, esta concepção inovadora aponta a duas importantes consequências: 
A revisão da noção tradicional de soberania absoluta do Estado, que passa a sofrer um processo de relativização, na medida em que são admitidas intervenções no plano nacional em prol da proteção dos direitos humanos; isto é, transita-se de uma concepção de soberania centrada no Estado (Hobbes) para uma concepção de soberania centrada na cidadania universal (Kant);
A cristalização da ideia de que o indivíduo deve ter direitos protegidos na esfera internacional, na condição de sujeito de Direito. 
Prenuncia-se, deste modo, o fim da era em que a forma pela qual o Estado tratava seus nacionais era concebida como um problema de jurisdição doméstica, decorrência de sua soberania. O processo de universalização dos direitos humanos permitiu, por sua vez, a formação de um sistema normativo internacional de proteção destes direitos.
A Declaração Universal de 1948 adotada pela ONU, em resposta à barbárie da 2ª Guerra Mundial, inovou a gramática dos direitos humanos, ao introduzir a chamada concepção contemporânea de direitos humanos, marcada pela universalidade e pela indivisibilidade desses direitos.Universalidade, porque a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo para a titularidade de direitos, sendo a dignidade humana o fundamento dos direitos humanos. 
Indivisibilidade, porque, ineditamente, o catálogo dos direitos civis e políticos é conjugado ao catálogo dos direitos econômicos, sociais e culturais. Projeta-se, assim, uma visão integral dos direitos humanos, inspirada no ideário de que não há liberdade sem igualdade, nem tampouco igualdade sem liberdade. 
À universalidade e à indivisibilidade dos direitos humanos, soma-se o princípio da diversidade. Se a primeira fase de proteção dos direitos humanos foi marcada pela tônica da proteção geral, genérica e abstrata, com base na igualdade formal, na segunda fase surge a especificação do sujeito de direito, que passa a ser visto em suas peculiaridades e particularidades. 
Nesta ótica, determinados sujeitos de direitos, ou determinadas violações de direitos, exigem uma resposta específica e diferenciada. Ao lado do direito à igualdade surge, como direito fundamental, o direito à diferença. Com isso, há novos sujeitos de direitos e o direito ao reconhecimento de identidades próprias. Consolida-se o caráter bidimensional da justiça: enquanto redistribuição e enquanto reconhecimento de identidades. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza as desigualdades.
2.1. Princípio da dignidade da pessoa humana
A dignidade aparece como fundamento da República Federativa do Brasil (art. 1º, III, CF).
Dignidade da pessoa humana é um sobre princípio. Tem hierarquia supraconstitucional. É pré-constitucional, é um valor. Não é a CF que ofertou a dignidade ao cidadão, apenas a reconheceu, o que legitimou nossa CF.
Obs.: indivíduo é um fim em si mesmo, por isso possui dignidade; coisa é um meio para atingir um fim, por isso possui preço. Não se pode “coisificar” o indivíduo, ou seja, tratá-lo como coisa.
Dignidade da pessoa humana pode ser tratada sob dois aspectos:
Moral: direito de ter direitos.
Material: o cidadão tem o direito constitucional a um mínimo existencial (piso mínimo de dignidade).
Não existe um conceito apriorístico do princípio da dignidade, até porque dependerá de circunstâncias histórico-culturais (o que se entende por dignidade hoje pode não ter a mesma conotação do que se entendia por dignidade a décadas atrás ou por o que se entende em outros países).
Utiliza-se a concepção de Kant para determinar os elementos do princípio. Para Kant, a pessoa humana não tem preço, nem é substituível por equivalente. A pessoa não é coisa, nem meio, senão um fim em si mesma, pelo que ela tem dignidade. A coisa tem valor relativo, ou seja, preço. O ser humano tem valor íntimo, ou seja, dignidade (é uma qualidade intrínseca de qualquer pessoa).
Dürig, também na visão Kantiana, diz que a dignidade da pessoa humana pode ser considerada atingida sempre que a pessoa concreta (indivíduo) é rebaixada a objeto, a mero instrumento, tratada como coisa. Esta a concepção nuclear da dignidade.
O art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 da Assembléia Geral da ONU diz que todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos.[0: Art. 1º. Todos os homens nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. ]
Jorge Miranda (professor português) diz que a dignidade é a fonte ética dos direitos, liberdades e garantias. É um valor fundante. Núcleo do qual gravitam os direitos fundamentais. Dignidade é o valor maior, a referência ética, intrínseca a qualquer ser humano.
Isto justifica a dignidade prevista como fundamento da República Federativa do Brasil (a dignidade, por ser um núcleo no qual gravitam os direitos fundamentais, é prevista como fundamento e não foi elencada no rol do art. 5º).
Dignidade e o STF
→ 1º caso: HC 91161/BA e HC 95464/SP (este último julgado em fevereiro de 2009 e ambos pela 2ª Turma).[1: AÇÃO PENAL. Prisão preventiva. Excesso de prazo. Caracterização. Custódia que perdura por mais de um ano e dois meses depois de encerrada a instrução processual. Informações desencontradas do juízo sobre o estado da causa. Demora não imputável à defesa. Dilação não razoável. Constrangimento ilegal caracterizado. HC concedido. Aplicação do art. 5º, LXXVIII, da CF. Precedentes. A duração prolongada e abusiva da prisão cautelar, assim entendida a demora não razoável, sem culpa do réu, nem julgamento da causa, ofende o postulado da dignidade da pessoa humana e, como tal, consubstancia constrangimento ilegal, ainda que se trate da imputação de crime grave.][2: "HABEAS CORPUS" - PROCESSO PENAL - PRISÃO CAUTELAR - EXCESSO DE PRAZO - INADMISSIBILIDADE - OFENSA AO POSTULADO CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA (CF, ART. 1º, III) - TRANSGRESSÃO À GARANTIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5º, LIV) - CARÁTER EXTRAORDINÁRIO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE INDIVIDUAL - UTILIZAÇÃO, PELO MAGISTRADO, DE CRITÉRIOS INCOMPATÍVEIS COM A JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL - SITUAÇÃO DE INJUSTO CONSTRANGIMENTO CONFIGURADA - PEDIDO DEFERIDO. O EXCESSO DE PRAZO NÃO PODE SER TOLERADO, IMPONDO-SE, AO PODER JUDICIÁRIO, EM OBSÉQUIO AOS PRINCÍPIOS CONSAGRADOS NA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA, O IMEDIATO RELAXAMENTO DA PRISÃO CAUTELAR DO INDICIADO OU DO RÉU. - Nada pode justificar a permanência de uma pessoa na prisão, sem culpa formada, quando configurado excesso irrazoável no tempo de sua segregação cautelar (RTJ 137/287 - RTJ 157/633 - RTJ 180/262-264 - RTJ 187/933-934), considerada a excepcionalidade de que se reveste, em nosso sistema jurídico, a prisão meramente processual do indiciado ou do réu. - O excesso de prazo, quando exclusivamente imputável ao aparelho judiciário - não derivando, portanto, de qualquer fato procrastinatório causalmente atribuível ao réu - traduz situação anômala que compromete a efetividade do processo, pois, além de tornar evidente o desprezo estatal pela liberdade do cidadão, frustra um direito básico que assiste a qualquer pessoa: o direito à resolução do litígio, sem dilações indevidas (CF, art. 5º, LXXVIII) e com todas as garantias reconhecidas pelo ordenamento constitucional, inclusive a de não sofrer o arbítrio da coerção estatal representado pela privação cautelar da liberdade por tempo irrazoável ou superior àquele estabelecido em lei. - A duração prolongada, abusiva e irrazoável da prisão cautelar de alguém ofende, de modo frontal, o postulado da dignidade da pessoa humana, que representa - considerada a centralidade desse princípio essencial (CF, art. 1º, III) - significativo vetor interpretativo, verdadeiro valor-fonte que conforma e inspira todo o ordenamento constitucional vigente em nosso País e que traduz, de modo expressivo, um dos fundamentos em que se assenta, entre nós, a ordem republicana e democrática consagrada pelo sistema de direito constitucional positivo. Constituição Federal (Art. 5º, incisos LIV e LXXVIII). EC 45/2004. Convenção Americana sobre Direitos Humanos (Art. 7º, ns. 5 e 6). Doutrina. Jurisprudência. - O indiciado e o réu, quando configurado excesso irrazoável na duração de sua prisão cautelar, não podem permanecer expostos a tal situação de evidente abusividade, sob pena de o instrumento processual da tutela cautelar penal transmudar-se, mediante subversão dos fins que o legitimam, em inaceitável (e inconstitucional) meio de antecipação executória da própria sanção penal. Precedentes. A PRISÃO CAUTELAR CONSTITUI MEDIDA DE NATUREZA EXCEPCIONAL. - A privação cautelar da liberdade individual reveste-se de caráter excepcional, somente devendo ser decretada em situações de absoluta necessidade. A prisão decorrente de decisão de pronúncia, para legitimar-se em face de nosso sistema jurídico, impõe - além da satisfação dos pressupostos a que se refere o art. 312 do CPP (prova da existência material do crime e presença de indícios suficientes de autoria) - que se evidenciem, com fundamentoem base empírica idônea, razões justificadoras da imprescindibilidade dessa extraordinária medida cautelar de privação da liberdade do indiciado ou do réu. - A questão da decretabilidade da prisão cautelar. Possibilidade excepcional, desde que satisfeitos os requisitos mencionados no art. 312 do CPP. Necessidade da verificação concreta, em cada caso, da imprescindibilidade da adoção dessa medida extraordinária. Precedentes. A PRISÃO CAUTELAR NÃO PODE SER UTILIZADA COMO INSTRUMENTO DE PUNIÇÃO ANTECIPADA DO INDICIADO OU DO RÉU. - A prisão cautelar não pode - e não deve - ser utilizada, pelo Poder Público, como instrumento de punição antecipada daquele a quem se imputou a prática do delito, pois, no sistema jurídico brasileiro, fundado em bases democráticas, prevalece o princípio da liberdade, incompatível com punições sem processo e inconciliável com condenações sem defesa prévia. A prisão decorrente de decisão de pronúncia - que não deve ser confundida com a prisão penal - não objetiva infligir punição àquele que sofre a sua decretação, mas destina-se, considerada a função cautelar que lhe é inerente, a atuar em benefício da atividade estatal desenvolvida no processo penal. A GRAVIDADE EM ABSTRATO DO CRIME NÃO CONSTITUI FATOR DE LEGITIMAÇÃO DA PRIVAÇÃO CAUTELAR DA LIBERDADE. - A natureza da infração penal não constitui, só por si, fundamento justificador da decretação da prisão cautelar daquele que sofre a persecução criminal instaurada pelo Estado. Precedentes. AUSÊNCIA DE DEMONSTRAÇÃO, NO CASO, DA NECESSIDADE CONCRETA DE DECRETAR-SE A PRISÃO CAUTELAR DO PACIENTE. - Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão meramente processual. PRISÃO CAUTELAR E POSSIBILIDADE DE EVASÃO DO DISTRITO DA CULPA. - A mera possibilidade de evasão do distrito da culpa - seja para evitar a configuração do estado de flagrância, seja, ainda, para questionar a legalidade e/ou a validade da própria decisão de custódia cautelar - não basta, só por si, para justificar a decretação ou a manutenção da medida excepcional de privação cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. - A prisão cautelar - qualquer que seja a modalidade que ostente no ordenamento positivo brasileiro (prisão em flagrante, prisão temporária, prisão preventiva, prisão decorrente de decisão de pronúncia ou prisão motivada por condenação penal recorrível) -somente se legitima, se se comprovar, com apoio em base empírica idônea, a real necessidade da adoção, pelo Estado, dessa extraordinária medida de constrição do "status libertatis" do indiciado ou do réu. Precedentes.]
A duração prolongada e abusiva da prisão cautelar, assim entendida a demora não razoável sem culpa do réu, nem julgamento da causa, ofende o postulado da dignidade da pessoa humana e como tal consubstancia constrangimento ilegal, ainda que se trate de imputação de crime grave.
→ 2º caso: MS 24448/DF (Tribunal Pleno do STF)[3: MANDADO DE SEGURANÇA. SECRETÁRIO DE RECURSOS HUMANOS DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO. ILEGITIMIDADE PASSIVA. ATO DO TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. COMPETÊNCIA DO STF. PENSÕES CIVIL E MILITAR. MILITAR REFORMADO SOB A CF DE 1967. CUMULATIVIDADE. PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. GARANTIAS DO CONTRÁRIO E DA AMPLA DEFESA. 1. O Secretário de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão é parte ilegítima para figurar no pólo passivo da ação mandamental, dado que é mero executor da decisão emanada do Tribunal de Contas da União. 2. No julgamento do MS nº 25.113/DF, Rel. Min. Eros Grau, o Tribunal decidiu que, "reformado o militar instituidor da pensão sob a Constituição de 1967 e aposentado como servidor civil na vigência da Constituição de 1988, antes da edição da EC 20/98, não há falar-se em acumulação de proventos do art. 40 da CB/88, vedada pelo art. 11 da EC n. 20/98, mas a percepção de provento civil (art. 40 CB/88) cumulado com provento militar (art. 42 CB/88), situação não abarcada pela proibição da emenda". Precedentes citados: MS nº 25.090/DF, MS nº 24.997/DF e MS nº 24.742/DF. Tal acumulação, no entanto, deve observar o teto previsto no inciso XI do art. 37 da Constituição Federal. 3. A inércia da Corte de Contas, por sete anos, consolidou de forma positiva a expectativa da viúva, no tocante ao recebimento de verba de caráter alimentar. Este aspecto temporal diz intimamente com o princípio da segurança jurídica, projeção objetiva do princípio da dignidade da pessoa humana e elemento conceitual do Estado de Direito. 4. O prazo de cinco anos é de ser aplicado aos processos de contas que tenham por objeto o exame de legalidade dos atos concessivos de aposentadorias, reformas e pensões. Transcorrido in albis o interregno qüinqüenal, é de se convocar os particulares para participar do processo de seu interesse, a fim de desfrutar das garantias do contraditório e da ampla defesa (inciso LV do art. 5º). 5. Segurança concedida.]
A segurança jurídica é projeção objetiva da dignidade e elemento conceitual do estado de direito.
→ 3º caso: HC 89429/RO (julgado pela 1ª Turma em 2006)[4: HABEAS CORPUS. PENAL. USO DE ALGEMAS NO MOMENTO DA PRISÃO. AUSÊNCIA DE JUSTIFICATIVA EM FACE DA CONDUTA PASSIVA DO PACIENTE. CONSTRANGIMENTO ILEGAL. PRECEDENTES. 1. O uso legítimo de algemas não é arbitrário, sendo de natureza excepcional, a ser adotado nos casos e com as finalidades de impedir, prevenir ou dificultar a fuga ou reação indevida do preso, desde que haja fundada suspeita ou justificado receio de que tanto venha a ocorrer, e para evitar agressão do preso contra os próprios policiais, contra terceiros ou contra si mesmo. O emprego dessa medida tem como balizamento jurídico necessário os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade. Precedentes. 2. Habeas corpus concedido.]
Entendeu que o uso de algemas é de natureza excepcional, a ser adotado em casos específicos, sob pena de ofender o postulado da dignidade da pessoa humana.
3. Histórico
Em 1215, na Inglaterra, temos a Magna Carta, na qual o rei João Sem Terra foi forçado pelos Barões a assinar esta petição de direitos que abordou apenas estes mesmos Barões e o Clero.
Obs.: o rei João Sem Terra era irmão do rei Ricardo Coração de Leão, que era o verdadeiro rei da coroa inglesa. Este rei foi para as Cruzadas para defender o Cristianismo e lá ficou preso. Então, o rei João Sem Terra, por não ser um verdadeiro monarca e por não ter as terras, ficou muito enfraquecido e por isso foi obrigado a assinar uma carta (a Magna Carta), uma petição de direitos, diminuindo seus poderes absolutos. Este é o primeiro documento escrito na qual um monarca abre mão de seus poderes absolutos apenas para as classes dominantes da época.
Na verdade a Magna Carta não é um sinônimo de uma Constituição democrática, ou seja, não se refere à Constituição no sentido que temos hoje (de participação). Esta Magna Carta foi um instrumento de limitação de poder que beneficiou apenas as classes dominantes. Por isso a referência de Magna Carta como sendo Constituição é errada.
Esta Carta foi confirmada pelos sete sucessores do rei João Sem Terra.
Obs.: esta necessidade de confirmação se deve ao fato de que quando cada rei morria e seu filho assumia, a tendência deste era afirmar que não assinou nada e que pretende exercer seu poder sem limitação, mas como João Sem Terra tinha aberto este precedente, seus sucessores foram obrigados a exercer o poder dentro daqueles limites que ele havia concordado.
A Magna Carta é importante para os direitos humanos, pois apesar de não ser algo referente a todas as pessoas, mas sim a apenas uma classe dominante, foi o primeiro instrumento de limitação para o Estado. E quando se limita a atividade do Estado abre-se espaço para os indivíduos, para os seres humanos.
A seguir, em 1689, foi assinado o Bill of Rights, também na Inglaterra, que criouuma nova forma de organização do Estado com a função de proteger direitos fundamentais da pessoa humana. Este documento instituiu a separação de poderes, fortalecendo o júri e direitos fundamentais como direito de petição e a proibição de penas cruéis.
Em 1776 temos a Declaração de Independência Americana, também conhecida como Declaração de Virgínia, sendo que inicialmente os EUA foram Confederação e hoje são Federação.
Obs. esta transição de Confederação para Federação se consolidou com o assassinato de Lincoln, que gerou uma guerra civil americana. O assassinato de Lincoln completou 200 anos em 2008.
Esta declaração combinou representação popular com limitação de poderes, bem como o respeito a direitos humanos.
Em 1789, na França, temos a Revolução Francesa, da qual foi originária a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Esta revolução trouxe uma renovação completa de estruturas de governo, regime político e da sociedade.
A Revolução Francesa é de extrema importância para os ocidentais, porque inaugura o atual modelo de estado democrático em que vivemos. Esta revolução influencia, especialmente no caso brasileiro, todo ordenamento jurídico. Ela teve dupla dimensão: nacional e universal (nacional, porque resolveu um problema francês, pois o rei absolutista da época foi deposto pelo povo; e universal, porque influencia a organização dos Estados modernos até hoje).
Com a Revolução Francesa temos a chegada a burguesia no poder, o início do mercantilismo e a posterior evolução do capitalismo, que acabou por gerar a Revolução Russa.
Em 1917 temos a Revolução Russa, a partir da qual foi gerada a Declaração de Direitos do Povo Trabalhador e Explorado, na qual a doutrina marxista foi levada ao extremo por medidas sócio, econômico e políticas.
A Revolução Francesa gerou um capitalismo selvagem, o que levou à exploração do trabalho pelo capital. Nesta época do início do capitalismo, de início da industrialização, as pessoas trabalhavam sem direitos trabalhistas por mais de 18 horas e as crianças também trabalhavam. Isto gerou na Europa industrializada (Inglaterra, Alemanha) uma série de distúrbios sociais, de protestos. Marx, estudando este fenômeno do capitalismo da exploração do trabalho pelo capital, escreveu o livro “O Capital” pregando uma solução socialista-comunista para um problema que era da Alemanha e da Inglaterra.
No entanto, este livro foi utilizado em uma sociedade agrária, também de exploração, na Rússia (leste europeu). O livro foi deturpado para ser usado numa sociedade agrária, o que gerou para países como a Inglaterra e a Alemanha um grande medo de que este movimento socialista-comunista viesse da Rússia para a sociedade industrializada alemã e inglesa. Isto gerou a concessão de direitos sociais para os trabalhadores, o que também teve influência das Américas.
Contemporâneas são as Constituições mexicana de 1917 e alemã de 1919.
A Constituição mexicana ao instituir o Partido Revolucionário Institucional, chamado PRI, criou uma estrutura monocrática de poder e trouxe a primeira experiência de reforma agrária para as Américas (o PRI governou o México por mais de 70, tendo deixado o poder só na década de 90; não era uma ditadura, mas sim um sistema monocrático de governo).
Este movimento de reforma agrária teve como um de seus precursores Emiliano Zapata, que é um dos heróis da Revolução Mexicana. Hoje, estes ideais de reforma agrária desta época estão sendo retomados no México. Os zapatistas (os “sem terra” mexicanos) estão buscando a reforma agrária para os dias de hoje. 
A Constituição alemã de 1919, conhecida como Constituição de Weimar, é também para o mundo ocidental um marco na história do Direito, pois foi uma verdadeira resposta do mundo capitalista à revolução socialista-comunista através da concessão de direitos sociais.
A Constituição de Weimar aprimora os ideais da Revolução Francesa. Ela não extingue o capitalismo, mas sim ameniza, suaviza o capitalismo selvagem com a concessão de direitos sociais. A sua consequência é que o proletariado é “acalmado”.
Na Constituição alemã de Weimar a democracia social ficou melhor elaborada com uma melhor defesa da dignidade humana para o exercício de direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Teve estrutura dualista, separando a organização do Estado dos direitos fundamentais, aos quais acrescentou direitos sociais.
A CF/88 segue os ideais da Constituição de Weimar, pois é dividida em duas grandes partes: organização do Estado e os direitos dos chamados “sócios” deste contrato social, que são os direitos e garantias fundamentais (arts. 5º, 6º, 7º e 8º).
Filosoficamente esta divisão entre organização do Estado e direitos fundamentais traz as características do regime.
Ex.: na CF/67, com a EC 69, a organização do Estado vinha no início da Constituição e os direitos fundamentais estavam no fim (o Estado estava na frente do cidadão, era mais importante).
A atual CF é democrática, por isso os direitos fundamentais estão no começo. A cidadania se coloca na frente da existência do Estado (Constituição cidadã). O cidadão está colocado à frente do Estado, o cidadão existe por si só; o Estado está no plano secundário quando se olha para o cidadão (a CF se mostra democrática até na posição em que este dualismo está colocado).
Após, os direitos humanos entraram em uma grave crise que teve como ponto culminante a 2ª Guerra Mundial.
Obs.: a maioria da doutrina entende que o conflito mundial realmente aconteceu na 2ª Guerra. A 1ª e 2º Guerras seriam um evento só, com duas partes e um hiato no meio (um período de tempo no meio em que não houve guerra nenhuma). O 1º conflito chamado de Mundial aconteceu tão-somente na Europa e não se alastrou pelo mundo, ele teve dimensões mundiais na 2ª Guerra Mundial, onde aconteceram conflitos na Ásia, na África. Portanto, dimensão mundial aconteceu apenas na 2ª Guerra Mundial.
A 2ª Guerra Mundial é também um marco para os direitos humanos, pois a partir deste momento temos a internacionalização dos direitos humanos. Até este momento tínhamos apenas os direitos humanos sendo considerados internamente em cada Estado. Tanto que a justificativa dos nazistas, a defesa por eles utilizada no Tribunal de Nuremberg foi de que eles agiram conforme a Constituição alemã, não havia nada que proibia o que eles fizeram. Eles foram condenados devido à internacionalização dos direitos humanos, ou seja, foram punidos pela utilização das normas do direito internacional (se eles fossem julgados com base no direito nazista não haveria problema nenhum, seria estrito cumprimento de um dever legal).
A 2ª Guerra Mundial fez surgir a necessidade da universalização e reconstrução dos direitos humanos com uma sistematização internacional. Nesta oportunidade os direitos humanos foram concebidos unicamente como liberdades individuais.
Assim, surgem como propósitos e princípios o direito à autodeterminação dos povos e a tarefa de manter a paz e a segurança internacionais.
Iniciada esta fase de internacionalização temos como consequência as gerações de direitos. O próximo passo na história da humanidade foi uma abertura da visão do homem, que vai se preocupar com a defesa de interesses que são difusos, ou seja, interesses que são muito mais da sociedade do que individuais.
A partir daí o mundo passa a se preocupar com a proteção de grupos desfavorecidos e desprotegidos. Assim, surge a preocupação com a defesa dos direitos humanos das mulheres, cuja convenção recebeu o maior número de reservas ou objeções. Estas reservas concentram-se na cláusula de igualdade entre homens e mulheres na família por argumentos religiosos, culturais ou legais, havendo um espaço maior para o exercício de direitos em âmbito público.
Estas ressalvas acontecem basicamente em países de origem oriental, principalmente nos países que professam o Islamismo.
Obs.: direitos humanos respeitam o multiculturalismo. Exemplo de desrespeito foi dado pela França, que levou o laicismo ao extremo, impedindo qualquer manifestação religiosaem espaço público, determinando a retirada de todo crucifixo e proibindo a utilização de véu pelas mulheres islâmicas.
Direitos humanos também existem para as mulheres do ocidente. Exemplo disto é a Lei Maria da Penha, que traz as agressões do homem em relação à mulher; há também discriminação no mercado de trabalho (a mulher recebe 40% menos do que o homem). No entanto, esta questão cultural acontece hoje especificamente nas sociedades orientais de vocação muçulmana.
Nesta mesma linha, temos a Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial. Esta convenção tem como preocupação o neonazismo, o neofascismo, o antissemitismo e a prioridade para a erradicação do racismo.
Neonazismo e neofascismo são movimentos tipicamente europeus e representam a defesa das populações destes países contra os estrangeiros que vêem disputar mercado de trabalho (a questão é econômica). O racismo em si também está presente na África, onde há brigas tribais sangrentas em que a questão ética é levada ao extremo. Temos também a questão no oriente médio e no Brasil há um racismo que se mostra “obscuro”, a ponto de ser um crime inafiançável. Antissemita é o antijudeu (semita é o judeu).
Esta convenção combate a superioridade racial como falsa, moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa.
Por fim, se busca promover a proteção dos direitos humanos de grupos sociais vulneráveis, tais como homossexuais, idosos, indígenas, imigrantes, crianças e adolescentes etc. Esta proteção ocorre através da promoção social e da elevação do nível de vida destas pessoas.
4. Fundamentos dos direitos humanos com base no princípio da dignidade humana
O jus naturalismo de origem religiosa (Teocentrismo)
Já nos Evangelhos encontramos um inconformismo com a concepção nacionalista de religião.
Obs.: aí a grande identificação do Cristianismo com direitos humanos, porque o Cristianismo sempre pregou o universalismo, que é uma das grandes bandeiras dos direitos humanos. Quando surgiu o Cristianismo na Antiguidade, as religiões nacionais, de uma cidade ou, às vezes, de uma família.
Ex.: a religião judaica é para aqueles que são judeus.
O Cristianismo aceita todo mundo, por isto ele se mostrou universal, e é este caráter universal origem que é dito como uma origem para os direitos humanos.
Contudo, a igualdade universal dos filhos de Deus efetivamente só valia no plano sobrenatural, pois o Cristianismo continuou admitindo durante muitos séculos a legitimidade da escravidão, a inferioridade natural da mulher em relação ao homem, bem como a inferioridade dos povos americano, africano e asiático em relação aos colonizadores europeus.
Exemplo atual foi a manifestação pública do Papa pedindo desculpas ao continente africano pela omissão da Igreja em condenar a escravidão do povo africano, ou seja, pela Igreja Católica nunca ter se manifestado contra a escravidão.
Racionalismo (Egocentrismo)
É a passagem da Idade Média para a Idade Moderna.
Estabelece o princípio da igualdade essencial de todo o ser humano, independentemente de diferenças individuais ou grupais, biológicas ou culturais, formando o núcleo do conceito universal de direitos humanos.
Obs.: é a época da Revolução Francesa, cujos ideais foram igualdade, liberdade e fraternidade (a igualdade foi apenas do ponto de vista formal, do ponto de vista político; não se falava em igualdade econômica, pois se estava no início do capitalismo).
Adota-se a concepção do sujeito de direitos universais superior ao Estado, em que todo o ser racional existe como um fim em si mesmo.
Trata de direitos comuns a toda a espécie humana, resultantes de sua própria natureza e não de criações políticas. Isto é uma volta ao direito natural: o homem preexiste ao Estado (é mais ou menos a concepção da atual concepção, em que o cidadão vem antes da organização do Estado).
Crítica do conceito de direitos humanos pelas Teorias Utilitaristas, Positivistas, Socialistas e Comunistas
A crítica se dá ao capitalismo de produção, que transformou as pessoas em coisas com a personificação do capital, que é elevado à condição de sujeito de direitos, e com o rebaixamento do trabalhador à condição de mercadoria.
O trabalhador foi transformado em consumidor e eleitor e, consequentemente, em objeto de direito.
5. Características dos Direitos Humanos:
→Fundamentalidade: É a base axiológica da sociedade, ou seja, é a base de valores da sociedade. São fundamentais até porque estão localizados num plano normativo especial, ou seja, a Constituição.
→Historicidade: são produtos do desenvolvimento histórico, nascem de conquistas ao longo dos séculos, com papel importante do Cristianismo.
→Universalidade: eles valem em todos os lugares, em todos os tempos e são aplicáveis a todas as pessoas. Alcançam todos os seres humanos indistintamente, onde quer que se encontrem, daí o “Sistema Global de Proteção aos Direitos Humanos”. A abrangência desses direitos engloba todos os indivíduos, independentemente de sua nacionalidade, sexo, raça, credo ou convicção político-filosófica.
→Concorrência ou interdependência: eles podem ser exercidos cumulativamente, pois, embora autônomos, entrelaçam-se na tutela da dignidade humana. As várias previsões, apesar de autônomas, possuem diversas intersecções para atingirem suas finalidades. Assim, p. ex., a liberdade de locomoção está intimamente ligadas à garantia do habeas corpus, bem com previsão de prisão somente por flagrante delito ou por ordem de autoridade judicial competente.
→Limitabilidade: não há direito fundamental absoluto (posição do STF, conforme MS 23.452/RJ, Rel. Min. Celso de Mello). Exige-se, no entanto, a máxima observância e a mínima restrição do direito.[5: (...). OS DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS NÃO TÊM CARÁTER ABSOLUTO. Não há, no sistema constitucional brasileiro, direitos ou garantias que se revistam de caráter absoluto, mesmo porque razões de relevante interesse público ou exigências derivadas do princípio de convivência das liberdades legitimam, ainda que excepcionalmente, a adoção, por parte dos órgãos estatais, de medidas restritivas das prerrogativas individuais ou coletivas, desde que respeitados os termos estabelecidos pela própria Constituição. O estatuto constitucional das liberdades públicas, ao delinear o regime jurídico a que estas estão sujeitas - e considerado o substrato ético que as informa - permite que sobre elas incidam limitações de ordem jurídica, destinadas, de um lado, a proteger a integridade do interesse social e, de outro, a assegurar a coexistência harmoniosa das liberdades, pois nenhum direito ou garantia pode ser exercido em detrimento da ordem pública ou com desrespeito aos direitos e garantias de terceiros. (...).]
Não são absolutos, sofrendo limitações nos momentos constitucionais de crise e diante de interesses ou direitos que, acaso confrontados, sejam mais importantes, impondo-se o sacrifício de outros (princípio da ponderação).
→Imprescritibilidade: o exercício de um direito fundamental não pode ser atingido pela prescrição (os direitos fundamentais são imprescritíveis). Não se escoam com o decurso do tempo, sendo inerentes à pessoa humana.
→Irrenunciabilidade:mesmo que não exercido, não se pode concluir que houve renúncia ao direito fundamental. Ninguém pode abrir mão da própria natureza, mas reflexos são vistos na ordem jurídica, como aborto, eutanásia, suicídio etc.
→Inalienabilidade: são intransferíveis, inegociáveis e indisponíveis. São intransferíveis a qualquer título, embora razoável a sua relativização, pois a propriedade, p. ex., pode ser alienada por doação, venda etc.
→Inviolabilidade: não podem ser afrontados por leis infraconstitucionais nem por atos administrativos, sob pena de responsabilidade. Impossibilidade de desrespeito por determinações infraconstitucionais ou por atos das autoridades públicas, sob pena de responsabilização civil, administrativa e criminal.
→Efetividade: o Estado deve criar mecanismos coercitivos, aptos à efetivação dos direitos humanos,não bastando o reconhecimento abstrato na Constituição e em Pactos. A atuação do poder público deve ser no sentido de garantir a efetivação dos direitos e garantias previstos, com mecanismos coercitivos para tanto, uma vez que a CF não se satisfaz com o simples reconhecimento abstrato.
→Complementaridade: devem ser analisados de forma conjunta e interativa com as demais normas, princípios e outros objetivos da CF. Os direitos humanos não devem ser interpretados isoladamente, mas sim de forma conjunta com a finalidade de alcance dos objetivos.
6. Classificações
Para a teoria dualista só são direitos humanos aqueles incorporados ao legislativamente ordenamento jurídico, conforme posição do STF, aos arts. 5º, 6º, 7º e 8º da CF, que tratam dos direitos fundamentais (a teoria dualista trata como direitos humanos apenas os direitos fundamentais).
Com base na teoria dualista a primeira classificação é a classificação em gerações. Esta classificação é baseada na evolução histórica do ser humano em que as gerações vão se somando ou se sobrepondo.
A 1ª geração é a dos direitos individuais. Seu marco histórico é a Revolução Francesa e seu destaque é o forte individualismo, quando o homem deixa de ser servo para tornar-se cidadão com a chegada da burguesia ao poder.
Neste momento o ser humano vive o mercantilismo e o início da industrialização com o exercício de um capitalismo tido como “selvagem” ou “sem regras” (exploração do capital sobre o trabalho, o que gera revoltas sociais nos países industrializados por parte do proletariado, o que irá culminar na 2ª geração de direitos).
A 2ª geração é a dos direitos sociais. Seu marco histórico foi a Revolução russa de 1917 e seu destaque é o fato de que a burguesia ou o capitalista concede direitos sociais ao proletariado buscando a pacificação social (com medo de que a Revolução russa chegue aos países industrializados). Não houve o abandono do capitalismo, ele apenas foi flexibilizado com direitos sociais.
A 3ª geração é a dos direitos metaindividuais. Seu marco histórico são as décadas de 50 e 60 do século XX e seu destaque foi a preocupação com direitos difusos, como o meio ambiente (o homem passa a ter uma visão mais global).
Em relação a esta classificação dos direitos em gerações podem ser apontadas as seguintes características:
Historicidade: refletem a evolução histórica do ser humano em que as gerações vão se sobrepondo ou se somando enquanto acontecem na sua vida. Este estudo histórico é que traz exatamente a composição do que são hoje os direitos humanos
Inalienabilidade: os direitos humanos são intransferíveis e inegociáveis, porque não têm valor patrimonial, econômico.
Imprescritibilidade: em regra, a prescrição se refere a direitos patrimoniais.
Irrenunciabilidade: não se pode renunciar a direitos que são indisponíveis. Por isso que o ordenamento jurídico brasileiro não admite a eutanásia, porém apesar de não poder ser renunciado, pode deixar de ser exercido (ex.: o sujeito para de se alimentar e morre de inanição)
A segunda classificação é específica do Direito Internacional dos Direitos Humanos. Esta segunda classificação se divide em duas categorias:
1ª categoria: se subdivide em direitos civis e direitos políticos.
2ª categoria: se subdivide em direitos econômicos, direitos sociais e direitos culturais.
Os direitos civis correspondem aos direitos fundamentais do liberalismo. Quando é valorizada a expansão ou desenvolvimento do ser humano sem a interferência do Estado ou de outros seres humanos (é o individualismo puro, base do capitalismo “selvagem”). Também são chamados de liberdades-autonomia.
Os direitos políticos referem-se à prerrogativa do ser humano de tomar parte na vida política e na direção dos assuntos políticos do seu país. Trata-se do exercício do direito de sufrágio, que envolve o direito de votar (participação) e o direito de ser votado (direção). Também são chamados de liberdades-participação.
Os direitos econômicos referem-se ao poder estatal de regular o mercado com vistas ao interesse público (hoje o Estado não é intervencionista, ele é regulador, mas diante de interesse público ele intervém).
Os direitos sociais são prestações positivas proporcionadas pelo Estado, direta ou indiretamente, que possibilitam melhores condições de vida aos mais fracos, buscando igualar situações sociais desiguais. São aquelas medidas tomadas pelo Poder Público para aplicação do princípio da igualdade material, ou seja, tratar os desiguais na medida da sua desigualdade.
Os direitos culturais referem-se à identidade e memória da sociedade. São direitos que se referem ao patrimônio histórico-cultural, tanto físico, quanto intelectual (é protegido, portanto, o patrimônio físico e o patrimônio cultural).
São características comuns destas duas categorias:
Inerência: os direitos humanos são inerentes a toda pessoa humana pelo simples fato de existir com base no princípio da dignidade da pessoa humana. A existência do ser humano é livre, ou seja, antes da criação do Estado (são direitos naturais, que nascem com o ser humano).
Universalidade: os direitos humanos pertencem a todos indistintamente, ou seja, é a aplicação do princípio da igualdade universal entre todos os seres humanos.
Indivisibilidade/Interdependência: busca limitar a possibilidade de que os Estados construam interpretações restritivas dos direitos humanos alegando o cumprimento parcial das normas estabelecidas internacionalmente quanto à matéria.
Os direitos civis e políticos têm eficácia imediata. Já, para a doutrina, os direitos econômicos, sociais e culturais são normas programáticas (têm sua execução postergada no tempo).
4. Gerações ou dimensões de direitos
São expressões relacionadas com o desenvolvimento histórico dos direitos fundamentais.
Cuidado: existem críticos da expressão “geração de direitos”, porqueidentificaria a exclusão da geração precedente, diante da incidência denovos direitos, ou seja, de uma nova geração de direitos. Portanto, issonão ocorreria, porque novos direitos unem-se aos direitos já existentes(os direitos se acumulam no curso da História). Logo, seria mais corretoutilizar a expressão “dimensão de direitos” para justificar o seudesenvolvimento histórico (trata-se de mera discussão doutrinária). Geração dá sentido de superação, enquanto dimensão dá sentido de acumulação.
A antiguidade clássica vai até 467 d.C. (queda do Império Romano no ocidente). Antes de 467 d.C. não existia a noção de indivíduo.
Na antiguidade clássica liberdade significava participação política do homem na vida da polis. O cidadão era chamado de “livre” se participasse politicamente na organização da polis.
A partir de 476 d.C. surgiu a noção de indivíduo, passando a liberdade a significar autodeterminação (liberdade de escolher seu próprio destino). Esta diferenciação foi apontada por Benjamin Constant em 1810.
Com o fortalecimento do Cristianismo o homem passou a se considerado a imagem e semelhança de Deus, possuindo, portanto, direitos naturais, os quais têm origem divina (jus naturalismo de origem divina).
Direitos de 1ª geração ou de 1ª dimensão
Reconhecida com as declarações de direito do final do século XVIII.Foi a única que existiu durante o estado liberal.
São as chamadas liberdades públicas ou direitos individuais ou direitos de autonomia. Estes direitos impõem uma prestação negativa ao Estado, o dever de não agir, de não intervir, para o fortalecimento da liberdade individual.
Envolveodireito à liberdade. São resultantes do pensamento liberal burguês do século XVIII(. Correspondem às liberdades públicas dos franceses.
Sãoos direitos civis e políticos. Têm por finalidade dispensar a presença doEstado, daí falar em dimensão negativa (dispensa-se a presença do Estado em prol da liberdade da pessoa).
Em 1789 houve a Revolução Francesa (luto do indivíduo contra o absolutismo do Estado). Até a Revolução Francesa o indivíduo não tinha direito frente a quem exercia o poder.
Com a chegada da burguesia ao poder o cidadão passoua deter direito frente a quem exercia o poder (são direitos ligados ao ideal da liberdade).
Os direitos fundamentais de 1ª geração se materializam em uma inação, falta de ação do Estado, são os direitos do cidadão frente ao Estado (ex.: o Estado não está autorizado a prender sem mandado judicial). São direitos de um Estado garantidor.
Com a Revolução Francesa surge o que se denomina de Estado liberal (faceta política). A faceta jurídica é denominada de Estado de direito (governantes e governados devem obediência à lei). A faceta econômica é o liberalismo econômico (não intervenção do Estado nas relações individuais).
Direitos de 2ª geração ou de 2ª dimensão
Reconhecida no início do século XX, com aconsolidação do Estado social.
São os direitos sociais, econômicos eculturais que impõe ao Poder Público uma prestação positiva, o deverde intervir, de assegurar sua efetividade, por meio de serviços públicos.
Por isso são denominados “direitos de créditos”; a sociedade é credora e o Estado é devedor. O Estado passou a ser prestador de serviços (saúde, educação etc.) e a regular a economia.
O STF tem reiteradas vezes entendido que o dever do Estadode prestar serviços visando a efetividade desses direitos depende dareserva do possível, isto é, o mínimo existencial deve ser de imediatoassegurado e o restante depende de disponibilidade financeira doEstado.
A doutrina tem enaltecido a necessidade de observância doprincípio do não retrocesso social ou da não reversibilidade dos direitossociais. Isto significa que no campo dos direitos de 2ª geraçãoonúcleo desses direitos, já concretizado por meio de medidas legislativase governamentais, constitui ao mesmo tempo direito subjetivo egarantia. Consequentemente, não poderá ser eliminado pelo PoderPúblico sem a adoção de medidas compensatórias (é verdadeira cláusula pétrea social, intangível).
São vinculados à igualdade eenvolvem os direitos sociais, econômicos e culturais.
Floresceram no século XX e exigem a presença do Estado, daí falar em dimensãopositiva.
Em 1808 é editado o Código Civil Napoleônico que marca o nascimento do positivismo (direito = lei; obediência da lei; o contrato é lei entre as partes).
Em 1848 é escrito o Manifesto Comunista por Marx. Além de liberdade é preciso igualdade. Em razão do Estado liberal o capital começou a escravizar o trabalho.
Em 08 de março de 1857, 120 mulheres em Nova York começaram a fazer reivindicações e foram queimadas em uma fábrica (Dia Internacional da Mulher).
Em 1919 é editada a Constituição Alemã que marca o nascimento do Estado social (direitos fundamentais de 2ª geração). O Estado, além de garantidor, passa a ser prestador.
No Estado liberal há constituições jurídicas políticas (é Estado garantidor). A partir da Constituição Alemã surgiu o Estado social ou bem estar social; as constituições não são só jurídico políticas, mas também são econômicas sociais.
No Estado social o Estado é prestador, procura atingir igualdade, devendo para tanto desenvolver certas atividades (saúde, educação, trabalho, moradia).
A CF de 1934 foi a primeira no Brasil a tratar dos direitos social. 
Estes direitos de 2ª geração significam uma ação, uma prestação por parte do Estado.
Direitos de 3ª geração ou de 3ª dimensão
Reconhecida na segunda metade do século XX. São os direitos de fraternidade ou solidariedade, que visam a assegurar aqualidade de vida e o relacionamento fraterno entre os povos.
Ex: direitoao meio ambiente, direito ao desenvolvimento, direito ao patrimôniocomum da humanidade e direito à autodeterminação dos povos (autogoverno soberano).
São vinculados à idéia de fraternidadeou solidariedade.
Segundo o Min. Celso de Mello são poderes detitularidade coletiva atribuídos genericamente a todas as formaçõessociais. São direitos de 3ª geração: o direito ao desenvolvimento, aoprogresso, ao meio ambiente equilibrado, à autodeterminação dos povos (STF: MS 22.164/SP).[6: REFORMA AGRARIA - IMÓVEL RURAL SITUADO NO PANTANAL MATO-GROSSENSE - DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO (CF, ART. 184) - POSSIBILIDADE - FALTA DE NOTIFICAÇÃO PESSOAL E PREVIA DO PROPRIETARIO RURAL QUANTO A REALIZAÇÃO DA VISTORIA (LEI N. 8.629/93, ART. 2., PAR. 2.) - OFENSA AO POSTULADO DO DUE PROCESS OF LAW (CF, ART. 5., LIV) - NULIDADE RADICAL DA DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA - MANDADO DE SEGURANÇA DEFERIDO. REFORMA AGRARIA E DEVIDO PROCESSO LEGAL. - O POSTULADO CONSTITUCIONAL DO DUE PROCESS OF LAW, EM SUA DESTINAÇÃO JURÍDICA, TAMBÉM ESTA VOCACIONADO A PROTEÇÃO DA PROPRIEDADE. NINGUEM SERÁ PRIVADO DE SEUS BENS SEM O DEVIDO PROCESSO LEGAL (CF, ART. 5., LIV). A UNIÃO FEDERAL - MESMO TRATANDO-SE DE EXECUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA DE REFORMA AGRARIA - NÃO ESTA DISPENSADA DA OBRIGAÇÃO DE RESPEITAR, NO DESEMPENHO DE SUA ATIVIDADE DE EXPROPRIAÇÃO, POR INTERESSE SOCIAL, OS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS QUE, EM TEMA DE PROPRIEDADE, PROTEGEM AS PESSOAS CONTRA A EVENTUAL EXPANSAO ARBITRARIA DO PODER ESTATAL. A CLÁUSULA DE GARANTIA DOMINIAL QUE EMERGE DO SISTEMA CONSAGRADO PELA CONSTITUIÇÃO DA REPUBLICA TEM POR OBJETIVO IMPEDIR O INJUSTO SACRIFICIO DO DIREITO DE PROPRIEDADE. FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE E VISTORIA EFETUADA PELO INCRA. A VISTORIA EFETIVADA COM FUNDAMENTO NO ART. 2., PAR. 2. , DA LEI N. 8.629/93 TEM POR FINALIDADE ESPECIFICA VIABILIZAR O LEVANTAMENTO TECNICO DE DADOS E INFORMAÇÕES SOBRE O IMÓVEL RURAL, PERMITINDO A UNIÃO FEDERAL - QUE ATUA POR INTERMEDIO DO INCRA - CONSTATAR SE A PROPRIEDADE REALIZA, OU NÃO, A FUNÇÃO SOCIAL QUE LHE E INERENTE. O ORDENAMENTO POSITIVO DETERMINA QUE ESSA VISTORIA SEJA PRECEDIDA DE NOTIFICAÇÃO REGULAR AO PROPRIETARIO, EM FACE DA POSSIBILIDADE DE O IMÓVEL RURAL QUE LHE PERTENCE - QUANDO ESTE NÃO ESTIVER CUMPRINDO A SUA FUNÇÃO SOCIAL - VIR A CONSTITUIR OBJETO DE DECLARAÇÃO EXPROPRIAT ORIA, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. NOTIFICAÇÃO PREVIA E PESSOAL DA VISTORIA. A NOTIFICAÇÃO A QUE SE REFERE O ART. 2. , PAR. 2., DA LEI N. 8.629/93, PARA QUE SE REPUTE VALIDA E POSSA CONSEQUENTEMENTE LEGITIMA EVENTUAL DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA PARA FINS DE REFORMA AGRARIA, HÁ DE SER EFETIVADA EM MOMENTO ANTERIOR AO DA REALIZAÇÃO DA VISTORIA. ESSA NOTIFICAÇÃO PREVIA SOMENTE CONSIDERAR-SE-A REGULAR, QUANDO COMPROVADAMENTE REALIZADA NA PESSOA DO PROPRIETARIO DO IMÓVEL RURAL, OU QUANDO EFETIVADA MEDIANTE CARTA COM AVISO DE RECEPÇÃO FIRMADO POR SEU DESTINATARIO OU POR AQUELE QUE DISPONHA DE PODERES PARA RECEBER A COMUNICAÇÃO POSTAL EM NOME DO PROPRIETARIO RURAL, OU, AINDA, QUANDO PROCEDIDA NA PESSOA DE REPRESENTANTE LEGAL OU DE PROCURADOR REGULARMENTE CONSTITUIDO PELO DOMINUS. O DESCUMPRIMENTO DESSA FORMALIDADE ESSENCIAL, DITADA PELA NECESSIDADE DE GARANTIR AO PROPRIETARIO A OBSERVANCIA DA CLÁUSULA CONSTITUCIONAL DO DEVIDO PROCESSO LEGAL, IMPORTA EM VÍCIO RADICAL. QUE CONFIGURA DEFEITO INSUPERAVEL, APTO A PROJETAR-SE SOBRE TODAS AS FASES SUBSEQUENTES DO PROCEDIMENTO DE EXPROPRIAÇÃO, CONTAMINANDO-AS, POR EFEITO DE REPERCUSSAO CAUSAL, DE MANEIRA IRREMISSIVEL, GERANDO, EM CONSEQUENCIA, POR AUSÊNCIA DE BASE JURÍDICA IDONEA, A PROPRIA INVALIDAÇÃO DO DECRETO PRESIDENCIAL CONSUBSTANCIADOR DE DECLARAÇÃO EXPROPRIATORIA. PANTANAL MATO-GROSSENSE (CF, ART. 225, PAR. 4.) - POSSIBILIDADE JURÍDICA DE EXPROPRIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS NELE SITUADOS, PARA FINS DE REFORMA AGRARIA. - A NORMA INSCRITA NO ART. 225, PARAGRAFO 4., DA CONSTITUIÇÃO NÃO ATUA, EM TESE, COMO IMPEDIMENTO JURÍDICO A EFETIVAÇÃO, PELA UNIÃO FEDERAL, DE ATIVIDADE EXPROPRIATORIA DESTINADA A PROMOVER E A EXECUTAR PROJETOS DE REFORMA AGRARIA NAS AREAS REFERIDAS NESSE PRECEITO CONSTITUCIONAL, NOTADAMENTE NOS IMÓVEIS RURAIS SITUADOS NO PANTANAL MATO-GROSSENSE. A PROPRIA CONSTITU IÇÃO DA REPUBLICA, AO IMPOR AO PODER PUBLICOO DEVER DE FAZER RESPEITAR A INTEGRIDADE DO PATRIMÔNIO AMBIENTAL, NÃO O INIBE, QUANDO NECESSARIA A INTERVENÇÃO ESTATAL NA ESFERAL DOMINIAL PRIVADA, DE PROMOVER A DESAPROPRIAÇÃO DE IMÓVEIS RURAIS PARA FINS DE REFORMA AGRARIA, ESPECIALMENTE PORQUE UM DOS INSTRUMENTOS DE REALIZAÇÃO DA FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE CONSISTE, PRECISAMENTE, NA SUBMISSAO DO DOMÍNIO A NECESSIDADE DE O SEU TITULARUTILIZAR ADEQUADAMENTE OS RECURSOS NATURAIS DISPONIVEIS E DE FAZER PRESERVAR O EQUILIBRIO DO MEIO AMBIENTE (CF, ART. 186, II), SOB PENA DE, EM DESCUMPRINDO ESSES ENCARGOS, EXPOR-SE A DESAPROPRIAÇÃO-SANÇÃO AQUE SE REFERE O ART. 184 DA LEI FUNDAMENTAL. A QUESTÃO DO DIREITO AO MEIO AMBIENTE ECOLOGICAMENTE EQUILIBRADO - DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO - PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE. - O DIREITO A INTEGRIDADE DO MEIO AMBIENTE - TIPICO DIREITO DE TERCEIRA GERAÇÃO - CONSTITUI PRERROGATIVA JURÍDICA DE TITULARIDADE COLETIVA, REFLETINDO, DENTRO DO PROCESSO DE AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS, A EXPRESSAO SIGNIFICATIVA DE UM PODER ATRIBUIDO, NÃO AO INDIVIDUO IDENTIFICADO EM SUA SINGULARIDADE, MAS, NUM SENTIDO VERDADEIRAMENTE MAIS ABRANGENTE, A PROPRIA COLETIVIDADE SOCIAL. ENQUANTO OS DIREITOS DE PRIMEIRA GERAÇÃO (DIREITOS CIVIS E POLITICOS) - QUE COMPREENDEM AS LIBERDADES CLASSICAS, NEGATIVAS OU FORMAIS - REALCAM O PRINCÍPIO DA LIBERDADE E OS DIREITOS DE SEGUNDA GERAÇÃO (DIREITOS ECONOMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS) - QUE SE IDENTIFICA COM AS LIBERDADES POSITIVAS, REAIS OU CONCRETAS - ACENTUAM O PRINCÍPIO DA IGUALDADE, OS DIREITOS DE TERCEIRA GERAÇÃO, QUE MATERIALIZAM PODERES DE TITULARIDADE COLETIVA ATRIBUIDOS GENERICAMENTE A TODAS AS FORMAÇÕES SOCIAIS, CONSAGRAM O PRINCÍPIO DA SOLIDARIEDADE E CONSTITUEM UM MOMENTO IMPORTANTE NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO, EXPANSAO E RECONHECIMENTO DOS DIREITOS HUMANOS, CARACTERIZADOS, ENQUANTO VALORES FUNDAMENTAIS INDISPONIVEIS, PELA NOTA DE UMA ESSENCIAL INEXAURIBILIDADE. CONSIDERAÇÕES DOUTRINARIAS.]
Após a 2ª Guerra Mundial surgiram os direitos fundamentais de 3ª geração (direitos coletivos, metaindividuais). São direitos ligados ao ideal de fraternidade.
Direitos de 4ª geração ou de 4ª dimensão
A primeira posição é sustentada por NorbertoBobbio; para ele a 4ª geração compreenderia os direitosdecorrentes do avanço da engenharia genética.
A segunda posição é sustentada por Paulo Bonavides, queconsidera como direito de 4ª geração o direito à democracia direta,revitalizado pela tecnologia e tendo como direitos instrumentais odireito à informação e o direito ao pluralismo.
São defendidos pelo jurista NorbertoBobbio (livro: “A Era dos Direitos”).
São resultado da globalização dosdireitos fundamentais. Envolvem o direito à democracia, ao pluralismo eo direito à informação.
Direitos de 5ª geração ou de 5ª dimensão
É defendido pelo jurista Paulo Bonavides, que diz ser o direito à paz, que se projeta para o século XXI.
Obs.: no art. 5º da CF há direitos fundamentais de 1ª e 3ª geração; no art. 6º estão os direitos de 2ª geração. O art. 5º trata basicamente de cinco interesses: vida, liberdade, igualdade, segurança e propriedade.[7: Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.]
Nome:_____________________________________________RGM:___________
Direitos Humanos - disciplina EAD
Prof. Me. Ricardo Guilherme S. Corrêa Silva
Data da entrega: 20.05.2015.
Somente manuscrito nas páginas e nos espaços destinados para a resposta. Além do material fornecido utilizar a bibliografia indicada. Entregar para o representante de sala, e este deverá entregar para o professor nas dependências da UEMS na data ora indicada. A atividade valerá como presença de todo o período entre o início das aulas até o dia 20.05.2015. Além da presença será pontuado (até 2,0 pontos). A prova bimestral presencial ocorrerá no final do mês de maio em data a ser agendada e compreenderá esta apostila e terá o valor de 8,0 pontos. As atividades são individuais sendo que caso existam trabalhos iguais todos serão zerados. 
QUESTIONÁRIO APLICADO DA MATÉRIA
1. Qual a relação do cenário pós 2ª guerra mundial e o conceito de Direitos Humanos?
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3. Analise de forma fundamentada a questão das algemas à luz da dignidade da pessoa humana e dos Direitos Humanos.
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4. Qual característica dos Direitos Humanos se encaixa o princípio da igualdade (todos são iguais perante a lei)?
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5. Escolha uma das características dos Direitos Humanos e dê um exemplo de exercício na vida das pessoas. Fundamente.
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6. Explique os Direitos Humanos à luz das gerações ou dimensões de direitos.
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